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EREM JOAQUIM TÁVORA

DISCIPLINA: PORTUGUÊS (Modernismo _ 2ª geração)


PROFESSORA: SANDRA DATA: 07 / 07 / 2020 3º ANO

Primeiro livro: Alguma poesia (primeiro livro


MODERNISMO _ 2ª GERAÇÃO composto de micropoemas)
1930 – Alguma poesia (marco inicial da segunda
geração modernista).
1934 – Brejo das almas (características da primeira
geração).
1940 – Sentimento do mundo (tom mais pessimista
e introspectivo).
1942 – José.
1945 – A rosa do povo. Nessa obra e em José
captou e representou a atmosfera repressora e
sufocante de seu tempo.
➢ CONSOLIDAÇÃO DA LÍRICA MODERNA NO A partir dos anos 1950, a produção ficou mais
BRASIL reflexiva, crítica e, por vezes, metafísica.
• Entre as décadas de 1920 e 1930: Seus poemas abordam com frequência questões
quadro pessimista (guerras, Grande como o tempo e sua relação com a existência.
Depressão e quebra da bolsa de Nova 1970-1980 – Adotou em sua obras uma vertente
York). mais lírica, com mais
• 1930: no Brasil, revolução de 1930;
Getúlio Vargas chega ao poder. Cecília Meireles (1901-1964)
• 1937: no Brasil, fechamento do • Influenciada pelos ideais do Grupo da
Congresso Nacional. Instituição do Revista Festa.
Estado Novo, que permaneceu até • Incorpora um teor espiritualista, reflexivo e
1945, ano do término da Segunda intimista à sua poesia.
Guerra Mundial. • Romanceiro da Inconfidência, obra que
• Artistas tomaram posição e traça um panorama histórico de Minas
questionaram os acontecimentos e o Gerais do século XVIII e aborda temas
sentido de “estar no mundo”. concernentes à Inconfidência Mineira,
como idealismo, justiça e liberdade.
➢ O FAZER POÉTICO DA SEGUNDA GERAÇÃO
MODERNISTA Vinicius de Moraes (1913-1980)
O período da segunda geração • Apresentou, em um primeiro momento de
modernista compreende e 1930 (ano da publicação sua produção, uma forte marca religiosa e
de Alguma poesia, de Carlos Drummond de mística.
Andrade). A seguir algumas características desse • Sua obra adquiriu um caráter mais
período: materialista, em que o amor e o erotismo
• Incorporação das inovações da primeira são características mais evidentes.
geração. • Domínio das formas poéticas tradicionais,
• Incorporação de novos temas advindos do como o soneto, e destaque para a sua
contexto social e político. utilização ao tratar de temáticas do
• Aquisição, além de um caráter nacional, de cotidiano.
um caráter universal. • Nos anos 1950, conheceu Tom Jobim e
• Engajamento artístico que tinha como estabeleceu forte envolvimento com a
objetivo provocar reflexão. música brasileira compondo letras de
músicas com grande repercussão nacional
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e internacional.
1928 – Na Revista de Antropofagia, publicou o REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
poema “No meio do caminho”, um dos marcos da Ir além ENEM: resumos, 1ª edição, São Paulo, FTD,
poesia moderna brasileira. 2016.
compreensão do mundo, o autor modela sua
➢ ANÁLISE DE POEMAS própria concepção do tempo.

• MÃOS DADAS (Carlos Drummond de Fonte: https://homoliteratus.com/andemos-de-maos-


Andrade) dadas-com-drummond/

Não serei o poeta de um mundo caduco.


Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma


história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem
vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de • OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO
suicida, (C. D. Andrade)
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por
serafins. Chega um tempo em que não se diz mais: meu
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os Deus.
homens presentes, Tempo de absoluta depuração.
a vida presente. Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
O poema Mãos Dadas, de Carlos E os olhos não choram.
Drummond de Andrade, foi publicado no E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
livro Sentimento do Mundo (1940). Retratado no E o coração está seco.
contexto histórico de uma civilização desleal e
cada vez mais destruída pela busca do poder Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
político e econômico das duas grandes guerras Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
(1914-1918; 1939-1945), a obra é um alicerce mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
para entendimento e a crítica do sofrimento e És todo certeza, já não sabes sofrer.
desigualdade no mundo. E nada esperas de teus amigos.

Buscar o que parece ser melhor é típico da Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
vida de qualquer ser humano. Ao mesmo tempo, Teus ombros suportam o mundo
nos esquecemos facilmente da dignidade e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
humana, da valorização de nossos próprias As guerras, as fomes, as discussões dentro dos
capacidades e virtudes. Assim como na guerra edifícios
fria, não temos um combate armado direto entre provam apenas que a vida prossegue
as grandes potências, mas sim a autodestruição e nem todos se libertaram ainda.
dos mais fracos, fantoches de uma vida fadada Alguns, achando bárbaro o espetáculo
ao esquecimento e a exploração. prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Mãos dadas segue o curso natural entre a Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
necessidade de solidariedade e a esperança que A vida apenas, sem mistificação.
ainda é uma forte chama, e está acesa lá no fim
do túnel. A literatura é vista neste contexto, Publicado em 1940, na antologia Sentimento do
como algo verdadeiramente importante para a Mundo, este poema foi escrito no final da década de 1930,
durante a Segunda Guerra Mundial. É notória a temática
compreensão do mundo, um meio de comunicar social presente, retratando um mundo injusto e repleto de
pessoas e defender ideias. sofrimento.

A poesia de Drummond é construída O sujeito descreve a dureza da sua vida sem amor,
através de fragmentos de um problema humano: religião, amigos ou sequer emoções ("o coração está seco").
o afastamento da realidade, sendo ela social ou Em tempos tão cruéis, repletos de violência e morte, ele tem
que se tornar praticamente insensível para suportar tanto
emocional. Advertindo sobre a necessidade de sofrimento. Deste modo, sua preocupação é apenas trabalhar
permanecermos de mãos dadas diante dos e sobreviver, o que resulta numa solidão inevitável.
obstáculos, agarrando o concreto para a
Apesar do tom pessimista de toda a composição, Eu canto porque o instante existe
surge um laivo de esperança no futuro, simbolizada pela "mão e a minha vida está completa.
de uma criança". Aproximando as imagens da velhice e do
nascimento, faz referência ao ciclo da vida e à sua renovação. Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Nos versos finais, como se transmitisse uma lição
ou conclusão, afirma que "a vida é uma ordem" e deve ser Irmão das coisas fugidias,
vivida de forma simples, focada no momento presente. não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Fonte: https://www.culturagenial.com/poemas-de-
carlos-drummond-de-andrade/
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
• RETRATO (Cecília Meireles) — não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro, Sei que canto. E a canção é tudo.
Nem estes olhos tão vazios, Tem sangue eterno a asa ritmada.
Nem o lábio amargo. E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas; Motivo é o primeiro poema do livro Viagem,
Eu não tinha este coração publicado em 1939. A composição se trata de um
Que nem se mostra. metapoema, isto é, um texto que se volta sobre o seu
próprio processo de construção. A metalinguagem na
Eu não dei por esta mudança, poesia é relativamente frequente na lírica de Cecília
Meireles.
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face? A respeito do título, Motivo, convém dizer
que para Cecília escrever e viver eram verbos que se
O título do poema (Retrato) evoca uma misturavam: viver era ser poeta e ser poeta era viver.
imagem congelada, cristalizada, parada no tempo e no
espaço. Os versos se referem tanto à aparência física Escrever fazia parte da sua identidade e era
(as feições do rosto e do corpo), como também à uma condição essencial para a vida da escritora, é o
angústia existencial interior, motivada pela noção da que se constata especialmente no verso: "Não sou
passagem do tempo. alegre nem sou triste: sou poeta".

Observamos ao longo dos versos os O poema é existencialista e trata da


sentimentos de melancolia, angústia e solidão já transitoriedade da vida, muitas vezes com certo grau de
característicos da poética de Cecília. Vemos também a melancolia, apesar da extrema delicadeza. Os versos
tristeza manifestada pela consciência tardia da são construídos a partir de antíteses, ideias opostas
transitoriedade da vida ("Eu não me dei por essa (alegre e triste; noites e dias; desmorono e edifico;
mudança"). permaneço e desfaço; fico e passo).

A velhice se nota também a partir da Uma outra característica marcante é a


degeneração do corpo. O eu-lírico olha para si mesmo, musicalidade da escrita - a lírica contém rimas, mas não
para aspectos internos e externos. O movimento com o rigor da métrica como no parnasianismo (existe e
apresentado nos versos acompanha o decorrer dos triste; fugidias e dias; edifico e fico; tudo e mudo).
dias, no sentido da vida para a morte (a mão que perde
a força, se torna fria e morta).
É de se sublinhar também que praticamente
todos os verbos do poema estão no tempo presente do
O último verso, poderosíssimo, sintetiza uma indicativo, o que demonstra que Cecília pretendia
reflexão existencial profunda: onde foi que a essência evocar o aqui e o agora.
do eu-lírico se perdeu?

Fonte: https://www.culturagenial.com/poemas-
Fonte: https://www.culturagenial.com/poemas- cecilia-meireles/
cecilia-meireles/
• DESPEDIDA (Cecília Meireles)
• MOTIVO (Cecília Meireles)
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo: Embora tenha ficado mais conhecido pela sua
quero solidão. lírica amorosa, Vinicius de Moraes também cantou
versos dedicados a outros temas. A rosa de Hiroshima é
Meu caminho é sem marcos nem paisagens. um exemplo de poema engajado, profundamente
E como o conheces? - me perguntarão. preocupado com o futuro do mundo e da sociedade.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão. Vale lembrar que profissionalmente Vinicius
de Moraes atuou como diplomata, por isso estava a par
Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada. dos severos problemas políticos e sociais do seu tempo.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada. O poema, escrito em 1973, tece uma crítica
Levo o meu rumo na minha mão. grave a Segunda Guerra Mundial, especialmente as
explosões das bombas atômicas nas cidades de
A memória voou da minha fronte. Hiroshima e Nagasaki (no Japão).
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
• SONETO DE FIDELIDADE (Vinicius de
Memória, amor e o resto onde estarão?
Moraes)
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão! De tudo ao meu amor serei atento
Estandarte triste de uma estranha guerra...) Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Quero solidão. Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Despedida está presente no livro Flor de
poemas, publicado em 1972. Vemos nos versos Quero vivê-lo em cada vão momento
nitidamente a procura do locutor do poema pela solidão.
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
Essa busca pela solidão é um caminho, faz parte de um
processo. E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
O sentimento de solidão é uma paráfrase da
E assim, quando mais tarde me procure
vontade de morrer, que se expressará no final dos
versos quando o eu-lírico afirma "Deixo aqui meu corpo, Quem sabe a morte, angústia de quem vive
entre o sol e a terra." Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


A construção do poema é feita com base no
diálogo, com perguntas e respostas e um suposto Que não seja imortal, posto que é chama
interlocutor do outro lado com quem se estabelece uma Mas que seja infinito enquanto dure.
comunicação.
O poema de amor mais consagrado do
poetinha talvez seja o Soneto de fidelidade. Os versos
• A ROSA DE HIROSHIMA (Vinicius de foram organizados a partir de uma forma clássica - o
Moraes) soneto - que se organiza em quatro estrofes (as duas
primeiras com quatro versos e as duas últimas com três
versos). O tema abordado, o amor, é um assunto que
Pensem nas crianças
não perde a validade, nesse caso específico, Vinicius de
Mudas telepáticas Moraes compôs em homenagem a sua primeira mulher.
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres Ao contrário da maior parte dos poemas de
Rotas alteradas amor - que prometem amor eterno - nos versos acima
Pensem nas feridas vemos uma promessa de entrega total e absoluta
enquanto o sentimento durar.
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa Vinicius de Moraes reconhece a perenidade
Da rosa de Hiroxima do tempo e do afeto e o destino fracassado da maior
A rosa hereditária parte das relações e assume, diante da amada, que a
A rosa radioativa amará com toda a força enquanto o afeto existir.
Estúpida e inválida.
A rosa com cirrose Fonte: https://www.culturagenial.com/vinicius-de-
A antirrosa atômica moraes-melhores-poemas/
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

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