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Gênero Poema
O que é poema?
O poema é um gênero textual que pode ser escrito conforme rígidas normas — os poemas de
forma fixa — ou em versos livres, nos quais mais valem as imagens do que a métrica.
O poema é um gênero textual relacionado com os gêneros literários. É impossível dissociar
o poema da literatura, arte que tem a palavra como matéria-prima. Na literatura não há compromisso
com a objetividade, tampouco com a sintaxe ou com a semântica. A palavra pode ser lapidada ,
dissecada, subvertida de acordo com as vontades de quem escreve o poema para assim atingir seu principal
fim: impressionar o leitor e nele despertar diferentes sensações.
Embora seja difícil conceituar a poesia, elemento da subjetividade presente nas mais variadas
manifestações artísticas, é possível estabelecer parâmetros que nos ajudem a compreender o poema
como gênero textual e suas características formais e estilísticas. Como gênero, o poema apresenta
algumas peculiaridades que o diferem dos demais gêneros, peculiaridades essas que facilitam sua
identificação. Mas se engana quem acredita que todo poema é composto por versos e estrofes: há
poemas em prosa, bem como poemas que aliam elementos visuais à linguagem verbal, contrariando
assim a ideia de que o poema deve prender-se a regras como métrica ou rimas.
Chão de outono
Ao longo das pedras irregulares do calçamento passam ventando umas pobres folhas amarelas em
pânico, perseguidas de perto por um convite-de enterro, sinistro, tatalando, aos pulos, cada vez mais
perto, as duas asas tarjadas de negro!
(Prosa poética de Mario Quintana, do livro “Sapato florido”)
Normal, do livro Palavra desordem, de Arnaldo Antunes. Arnaldo é um dos principais representantes da poesia concreta brasileira
amar é um elo
entre o azul
e o amarelo
(Haicai de Paulo Leminski)
A palavra poema deriva do verbo grego poein, que significa “fazer, criar, compor”. É
inquestionável a importância da literatura grega, bem como sua influência nas composições literárias
posteriores. Na Grécia Antiga, os gêneros literários – gêneros épico, lírico e dramático – eram todos
considerados poemas. Entre esses textos inaugurais estão os poemas de Homero nas obras Odisseia
e Ilíada, os primeiros grandes textos épicos da cultura ocidental. Na literatura contemporânea, os
poemas de formas fixas, como o soneto e a sextina, cederam espaço para formas menos convencionais
ou nada convencionais (vide os poemas concretos), que abandonaram a métrica e adotaram o verso
livre, nos quais a palavra e seus significados são o substrato do poema.
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
O poema é, portanto, um gênero textual que apresenta delimitações, tal qual os demais
gêneros do universo literário, como o conto e a crônica. Mas para a poesia (que pode estar contida ou
não no poema, haja vista que nem todo poema é dotado de lirismo e beleza) não existem limites, por
isso, faz-se importante salientar as diferenças entre o poema e a poesia. Em não raras situações um
texto poético esbarra na compreensão de seu leitor, que pode subaproveitar suas imagens, sua
musicalidade e suas metáforas. Por isso, a poesia depende da percepção de quem lê um poema, de
quem observa uma pintura, de quem ouve uma música ou assiste a uma peça de teatro ou a um filme.
Diferente do poema, que existe enquanto gênero textual, a poesia só existe se percebida – e sentida –
pelo receptor.
O que dizer de uma frase assim: a poesia existe para satisfazer a
necessidade de poesia dos poetas? Escândalo, loucura e anátema! […]
Poeta não é só quem faz poesia. É também quem tem sensibilidade para
entender e curtir poesia. Mesmo que nunca tenha arriscado um verso.
Quem não tem senso de humor, nunca vai entender a piada. E concluo:
– Tem que ter tanta poesia no receptor quanto no emissor. […] Saúde
a vocês que fazem, saúde a vocês que curtem, polos magnéticos por
onde passa a faísca da poesia.
Paulo Leminski
Exercícios
Clara passeava no jardim com as crianças. O céu era verde sobre o gramado, a água era
dourada sob as pontes, outros elementos eram azuis, róseos e alaranjados. O guarda-civil sorria,
passavam bicicletas,… A menina pisava a relva para pegar um pássaro… O mundo inteiro, a
Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara. As crianças olhavam o céu! Não era
proibido. A boca, o nariz, os olhos estavam abertos! Não havia perigos. Os perigos que Clara temia
eram a gripe, o calor, os insetos… Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas, esperava cartas
que custavam a chegar, Nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim pela manha!!!
Havia jardins, havia manhãs, naquele tempo!!!
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Lembranças do mundo antigo. In: ___ Sentimento do Mundo, 1940.)
3) A partir da descrição, no poema, de um mundo que ficou apenas na lembrança, como podemos
caracterizar o “novo” mundo marcado por diferentes transformações?
passeava era sorria pisava olhavam estavam temia tinha custavam havia
Em que tempo verbal eles foram empregados? Com qual objetivo?
Canção
Os gêneros textuais poema e canção são bastante semelhantes. Ambos têm como objetivo
fazer da língua o instrumento artístico capaz de tocar a sensibilidade do destinatário. São similares
também quanto ao formato, pois são constituídos de versos, agrupados em estrofes e se caracterizam
pelo ritmo.
Assim, ambos os gêneros textuais (poema e canção) trabalham com recursos expressivos, com
a linguagem poética, apoiam-se em métrica fixa ou não, em rimas regulares ou não, mas têm no ritmo
a sua marca essencial e visam a causar prazer estético.
No caso da canção, a combinação harmoniosa dos sons dos instrumentos é acrescida da
musicalidade das palavras. É no ritmo que a canção se distingue um pouco mais do poema, pois está
estreitamente vinculada ao ato de cantar. O ritmo é muito ligado à música, aos instrumentos, aos
arranjos etc. Muitas vezes, a nossa leitura "muda” quando ouvimos a música da canção que
analisamos em sala de aula.
Há canções populares ou folclóricas (dentre elas, a cantiga de ninar ou acalanto e as cantigas
de roda, e outras vertentes de canções populares originárias do samba, por exemplo); há também as
canções chamadas de eruditas (essa distinção entre o popular e o erudito deve ser considerada apenas
do ponto de vista do fazer poético, para que não haja desvalorização de uma em relação à outra).
Fonte: escolafilintobg.blogspot.com.
ASA BRANCA
COMPREENSÃO DE TEXTO
Fonte: www.acessaber.com.br
Semântica
A semântica, palavra derivada do grego, é o estudo do significado, do sentido e da
interpretação do significado de uma palavra, signo, frase ou de uma expressão. Neste campo de estudo
da Linguística, também são analisadas as mudanças de sentido que podem ocorrer nas formas
linguísticas devido a alguns fatores, como, por exemplo, o tempo e o espaço geográfico.
As atribuições da Semântica
Relação estabelecida entre duas ou mais palavras que apresentam significados iguais ou semelhantes,
ou seja, os sinônimos. Exemplos: bondoso – caridoso; distante – afastado; cômico – engraçado.
Antonímia
Relação estabelecida entre duas ou mais palavras que apresentam significados diferentes, contrários,
ou seja, os antônimos. Exemplos: bondoso – maldoso; bom – ruim; economizar – gastar.
Homonímia
Relação estabelecida entre duas ou mais palavras que, embora possuam significados diferentes,
apresentam a mesma estrutura fonológica, ou seja, os homônimos. Os homônimos subdividem-se em
palavras homógrafas, homófonas e perfeitas:
Homógrafas: São as palavras iguais na escrita, porém diferentes na pronúncia. Exemplos: gosto
(substantivo) – gosto (1ª pessoa do singular do presente indicativo) / conserto (substantivo) – conserto
(1ª pessoa do singular do presente indicativo);
Paronímia
Relação estabelecida entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, porém são
muito semelhantes na pronúncia e na escrita, ou seja, os parônimos. Exemplos: emigrar – imigrar;
cavaleiro – cavalheiro; comprimento – cumprimento.
Polissemia
A polissemia caracteriza-se pela propriedade que uma mesma palavra possui de apresentar vários
significados. Exemplos: Hidrate as suas mãos (parte do corpo humano) – Ele abriu mão dos seus
direitos (desistir).
Hiperônimo
É uma palavra pertencente ao mesmo campo semântico de outra, mas com o sentido mais abrangente.
Exemplo: A palavra “flor”, que está associada aos diversos tipos de flores, como rosa, violeta etc.
Hipônimo
O hipônimo é um vocábulo mais específico, possui o sentido mais restrito que os hiperônimos.
Exemplo: “Observar”, “olhar”, “enxergar” são hipônimos de “ver”.
Conotação e denotação
Na conotação, a palavra é empregada com um significado diferente do original, criado pelo contexto,
diferente do que está no dicionário da língua, utilizado no sentido figurado. Exemplo: Ela tem um
coração de pedra! Já na denotação, a palavra é empregada em seu sentido original, com o significado
que encontramos quando consultamos o dicionário, o sentido literal. Exemplo: O voo dos pássaros é
admirável.
Exercícios
Figuras de Linguagem
Figuras de Linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos usados para
dar maior ênfase à comunicação e torná-la mais bonita.
Figuras de Pensamento
Prosopopeia ou Personificação: atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres
animados.
Ex: O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
Figuras de palavras
Metáfora: empregar um termo diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o
sentido próprio e o sentido figurado.
Ex: Meu pensamento é um rio subterrâneo.
Metonímia: transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa
passa a ser usada com outro significado. A metonímia explora sempre alguma relação de lógica
entre os termos.
Ex: Não tinha teto em que se abrigasse ( teto em lugar de casa)
Catacrese: por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por
empréstimo.
Ex: O pé da mesa estava quebrado.
Antonomásia ou perífrase: substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade.
Ex: ... os quatro rapazes de Liverpool ( em vez de Os Beatles)
Sinestesia: mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Ex: A luz crua da madrugada invadia meu quarto.
Figuras de Construção
Elipse: omissão de um termo identificável pelo contexto.
Ex: Na sala, apenas quatro ou cinco convidados( omissão de havia).
Silepse: concordância não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está
implícito.
A silepse pode ser de:
Gênero: Vossa excelência está preocupado.
Número: Os Lusíadas glorificou nossa literatura.
Pessoa: " O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha
verde e mole que se derrete na boca."
Exercícios
01. Relacione as colunas de acordo com o tipo de figura de linguagem utilizado na construção de
sentido das frases a seguir:
a) Estou rindo para não chorar.
b) Eu nasci em Minas; meu irmão, em Goiás.
c) Não se deve faltar com a verdade.
d) Chorei rios de lágrimas.
e) Quem foi o educado que estacionou onde não devia?
f) Seus olhos são dois topázios.
g) O sol beijava o alto das montanhas.
h) “Sorri um sorriso pontual” - Chico Buarque
1. Eufemismo.
2. Prosopopeia.
3. Antítese.
4. Ironia.
5. Elipse.
6. Pleonasmo.
7. Hipérbole.
8. Metáfora.
02. Assinale a única alternativa que possui a figura de linguagem conhecida como metáfora:
a) ( ) Correu feito louco para não perder o ônibus.
b) ( ) Sua pele é um pêssego.
c) ( ) “Cabelos tão escuros como a asa da graúna” - José de Alencar.
d) ( ) Era delicada como uma flor.
O humor da tirinha foi conferido, sobretudo, pela não compreensão por parte da personagem Chico
Bento da figura de linguagem utilizada por seu interlocutor. A essa referida figura de linguagem dá-
se o nome de
a) anáfora
b) metonímia
c) perífrase
d) hipérbole
e) aliteração