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primeira fase
1922-1930
Profª. Daniella Oliveira
Contexto histórico
As oligarquias de SP, MG e RS dominavam o cenário político.
Crescimento urbano e desenvolvimento do operariado (muitos
estrangeiros).
Período de greves.
Surgimento do Partido Comunista do Brasil (considerado ilegal por
quase toda sua existência por causa da repressão).
Formação da Aliança Liberal: movimento que
representava os interesses das classes
dominantes regionais, afastadas da
cafeicultura, defendia também, entre outros
tópicos, algumas leis de proteção aos
trabalhadores e a reforma política visando
garantir a transparência do processo eleitoral.
Crise de 1929, com a
queda da Bolsa de Valores
de Nova York.
Queda do preço do café no
mercado internacional.
Getúlio Vargas assume a
presidência do país, selando o
fim da Primeira República.
Iniciava-se um novo governo,
voltado para o
desenvolvimento industrial e
apoiado pelo Exército.
Nesse cenário de contradições
sociais e políticas, surgiu o
nosso Modernismo, propondo
uma reflexão da realidade
brasileira para, a partir dela,
renovar a cultura do país.
A Semana: três dias bem agitados
Cinco moças de
Guaratinguetá, 1930.
13 – Pintura e escultura
15 – Poesia
Cartaz feito por
17 Literatura e música
Di Cavalcanti
“Marco” do Modernismo brasileiro:
Semana de Arte Moderna, evento
realizado em SP, de 13 a 17 de fevereiro
de 1922.
No Brasil, o movimento foi chamado,
inicialmente, e por vezes de maneira
pejorativa, de “futurismo paulista”, por
causa de um grupo de artistas
simpatizantes sobretudo dos conceitos de
valorização da metrópole, da máquina e
da velocidade, propostos no “Manifesto
do Futurismo”, de Marinetti.
Russolo, 1926.
Aproveitando o cenário da Independência do Brasil (1822), inspirando-
se no festival de música, pintura, literatura e moda realizado
anualmente em Deauville, na França, Mário de Andrade, Oswald de
Andrade e outros artistas organizaram uma semana de artes no Teatro
Municipal de São Paulo.
Entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, o público pôde visitar uma
exposição com aproximadamente cem obras plásticas organizadas no
saguão do teatro, além de ouvir música, discursos e trechos de obras
modernistas.
A Semana foi uma espécie de síntese do espírito de ruptura e
questionamento que já começava a dominar a arte brasileira desde os
primeiros anos do século XX e que seria responsável pelo
desenvolvimento do movimento modernista entre nós.
A plateia – composta predominantemente pela elite paulistana e por
autores (ou admiradores) de uma arte ainda ligada aos preceitos
realista-naturalistas e parnasianos – recebeu com perplexidade o
evento.
Ironicamente, o evento organizado para “chocar a
burguesia” não teria ocorrido sem o apoio financeiro
dessa classe social.
Momentos do Modernismo brasileiro
Da esquerda para a direita: Pagu, Elsie Lessa, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Eugência Álvaro Moreyra.
1ª. Fase (1922-1930) – chamada de “fase heroica”, propõe a ruptura com
os movimentos literários anteriores ao Modernismo, a releitura do
passado brasileiro e inovações radicais na prosa e na poesia.
2ª. Fase (1930-1945) – consolida as propostas estéticas dos primeiros
modernistas. Na poesia, abordam-se, principalmente, temas metafísicos
e sociais, associando o uso de versos livres à retomada de formas
tradicionais. Na prosa, há romances regionalistas (mais críticos) e
urbanos (mais introspectivos).
Entre os anos de 1945 e 1960, escritores de tendências diversas
dedicaram-se a uma imensa experimentação estética. Para alguns, esta
teria sido a terceira fase do Modernismo.
Mário de Andrade: o “escritor-síntese”
(1893-1945)
Considerado pela crítica figura fundamental
na defesa das novas propostas artísticas
formuladas no início do século XX no Brasil.
Um homem plural: diplomou-se pelo
Conservatório Dramático e Musical, escreveu
crítica literária, poemas, romances, contos,
artigos jornalísticos e textos teóricos
essenciais para a compreensão do
Modernismo no Brasil. Além disso,
mergulhou nos estudos sobre o folclore
brasileiro, exerceu cargos públicos ligados à
arte e à educação e foi professor de Estética
na Universidade do Distrito Federal (RJ).
Em 1924, realizou uma viagem
histórica em companhia de
Oswald de Andrade, Tarsila do
Amaral e do francês Blaise
Cendrars, na qual travou contato
com a cultura de pequenas
povoações e das cidades
históricas de MG. Preocupado
com a identidade nacional, Mário
defendia que era preciso voltar-se
para a variada tradição brasileira
antes de incorporar uma cultura
alheia a essa tradição, trazida do
exterior pelos portugueses. Olívia Guedes Penteado, Blaise Cendrars, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade Filho e
Oswald de Andrade na Fazenda Santo Antônio, em Araras, São Paulo, 1924.
Algumas obras de
Mário de Andrade
Macunaíma: obra central da fase heroica
“Macunaíma, o herói sem nenhum caráter”,
a principal obra de Mário de Andrade,
aproxima-se muito das epopeias medievais
porque apresenta ao leitor um herói
popular, aventureiro, excepcional, sobre-
humano, mas contraditório, que atua num
espaço e tempo indefinidos, falando uma
língua que mescla o português do Rio
Grande do Sul aos regionalismos do
Nordeste, do Centro-Oeste e da Amazônia.
O protagonista criado por Mário não é um herói como os outros: é
covarde, individualista, vaidoso, busca o lucro fácil, desrespeita os
valores morais e éticos (algo impensável para um herói tradicional) e
desvia-se facilmente de sua missão.
Nessa rapsódia (tipo de composição que reúne grandes variedades de
melodias populares e/ou folclóricas), o índio Tapanhumas Macunaíma
nasce na selva amazônica, “preto retinto”, torna-se o Imperador do
Mato-Virgem e impõe-se uma missão, um ideal: resgatar o
muiraquitã, roubado pelo mascate peruano Venceslau Pietro Pietra
(na verdade, um gigante comedor de gente, o Piaimã).
O herói viaja para SP, onde mora Pietro Pietra e apela para a
macumba para vencer o gigante estrangeiro; empreende uma viagem
pelo Brasil para fugir do minhocão Oibê e, ao retornar a sua terra de
origem, transforma-se numa estrela da Constelação Ursa Maior.
Como se fosse uma coletânea de “causos” inventados pelo povo,
“Macunaíma” apresenta, em cada capítulo, um “conto” sobre as
andanças de um personagem que, para Mário de Andrade, condensa
muitas características do povo brasileiro. Daí ser possível entender o
subtítulo “o herói sem nenhum caráter” como uma referência à
impossibilidade de se traçar um caráter único para representar um
país tão diverso.
Oswald de Andrade: polemista
(1890-1954)
Advindo de família muito rica e formado em
Direito.
Em 1911, fundou o semanário “O Pirralho”,
uma revista predominantemente literária e
política, que tinha como objetivo questionar e
repensar a arte brasileira.
Depois de viajar à Europa, tendo contato com
as vanguardas, retornou ao Brasil e atuou
como um agitador cultural e preparador da
Semana de 22.
Aliou-se a figuras como Mário de Andrade, Anita Malfatti, Di
Cavalcanti, Guilherme de Almeida e Victor Brecheret, responsáveis pelo
espírito iconoclasta que levaria à criação de um novo movimento.
Produção literária mais
revolucionária 1923 – 1930
Intenso e contraditório, Oswald fez
parte da alta burguesia paulistana,
ingressou no Partido Comunista e
criticou o capitalismo.
Casou-se com a pintora Tarsila do
Amaral e, depois, com a líder política
Patrícia Galvão (Pagu).
Escreveu teatro, poesia, romance,
crítica literária e conquistou
inúmeros desafetos em razão de sua
postura radical.
1924 Manifesto da Poesia Pau
Brasil (movimento de cunho
nativista e crítico)
1925 Coletânea de poemas
intitulada Pau Brasil (reinterpretação
da história do país em poemas
curtos, reduzidos ao essencial)
Ousadia: para um país que elegia
como príncipes os poetas
parnasianos, propor uma poesia
baseada na síntese, na invenção, na
trivialidade, na surpresa.
Uma poesia ready-made
Os selvagens
Desalento X esperança
Finitude X perpetuação
Inocência X malícia
Felicidade X melancolia
O poeta de Recife
conseguiu como
ninguém conciliar sua
herança clássica,
advinda da tradição
literária, com a
liberdade proposta
pelos artistas de 22.
Transitou por temas
como infância,
amizades, amores,
paixões, morte e solidão.