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Beatriz Pinho 12ºE

Maria Leonor 12ºE

“Aniversário”
Álvaro Campos
Índice:

01 02 03
» Álvaro Campos: » O poema: » Análise do poema:
Características; “Aniversário”

04
»Análise formal:
01
Álvaro de Campos
Características da sua poesia:
• traços modernistas;

• acentuada emoção;

• marcas futuristas;
• sensacionismo (valorização das
sensações)

• Presença do culto à máquina e à


velocidade

• linguagem agressiva

• Fases: 1º fase- decadentista


2ª fase- Sensacionismo/Futurismo
3ª fase- Intimismo/ Pessimismo
02 O poema:
“Aniversário”, de Álvaro de Campos
É terem morrido todos,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
Eu era feliz e ninguém estava morto. No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
qualquer. Por uma viagem metafísica e carnal,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Com uma dualidade de eu para mim...
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma, Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos
De ser inteligente para entre a família, dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
mais copos,
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra
Sim, o que fui de suposto a mim mesmo, debaixo do alçado —,
O que fui de coração e parentesco, As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
O que fui de serões de meia-província, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
O que fui de amarem-me e eu ser menino. Pára, meu coração!
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui... Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
A que distância!... Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
(Nem o acho...) Hoje já não faço anos.
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! Duro.
O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa, Somam-se-me dias.
Pondo grelado nas paredes... Serei velho quando o for.
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das Mais nada.
minhas lágrimas), Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
O que eu sou hoje é terem vendido a casa.
Análise do
poema: 03
O poema "Aniversário" enquadra-se precisamente na última fase do poeta, a fase dita "pessimista", em que os temas abordados
por Campos, baseiam-se na sua desilusão com a vida, com a amargura e a lembrança de um passado para onde nunca mais vai
poder regressar. Este poema é marcado por essa recordação da sua infância.
1ª e 2ª estrofes:
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, / Eu era feliz e ninguém estava morto“, nestes versos campos refere-se aos
anos de infância de Pessoa, em que os seus irmãos ainda estavam vivos e o seu pai ainda o acompanhava. Nesse tempo festejar o
seu aniversário ainda era uma época inocente e feliz. Mas é simultaneamente, um tempo perdido pois as crianças só se apercebem
o quanto foram felizes quando recordam esses momentos. Em suma, as razões dessa felicidade passam pelo facto de se encontrar
rodeado da sua família, conviver com rotinas que lhe davam segurança e certezas de que todos estevam alegres.
3ª estrofe:
A 3ª estrofe levanta a questão: o que foi o sujeito poético, à qual ele responde que foi aquilo que ele mesmo supunha ser e foi
amado (vv.11 a 14). Na expressão " o que eu fui " está em contraste com a anáfora " o que eu sou hoje " quarta estrofe - marca a
antítese passado/presente.
4ª estrofe:
Na quarta estrofe o eu poético caracteriza o seu presente como um tempo degradado, de ausência, perda, vazio e solidão, um
tempo sem sentido .
5ª estrofe:
Na quinta estrofe o poeta expressa um desejo impossível que era poder voltar ao passado. No verso 3 existe uma relação com a
quarta estrofe:
- Na infância o sujeito poético era feliz, mas nao sabia que o era, pois era uma criança e nao tinha a noção do que se passava a sua
volta. Só no presente, em que já perdeu essa felecidade inocente da infância é que sabe que foi feliz.
-O valor expressivo do Pretérito Perfeito na estrofe 3 afirma o passado completamente concluído, morto ;
5ª estrofe:
Na quinta estrofe o poeta expressa um desejo impossível que era poder voltar ao passado. No verso 3 existe uma relação com a
quarta estrofe:
- Na infância o sujeito poético era feliz, mas nao sabia que o era, pois era uma criança e nao tinha a noção do que
se passava a sua volta. Só no presente, em que já perdeu essa felecidade inocente da infância é que sabe que foi feliz.
-O valor expressivo do Pretérito Perfeito na estrofe 3 afirma o passado completamente concluído, morto ;
6ª estrofe:
Na sexta estrofe a memória do passado sobrepõe-se ao presente. A expressão " vejo tudo outra vez " inicia a presentificação do
passado que, assim, substituiu o presente. À euforia dessa presentificação do passado segue a disforía da tomada de consciência:
- -Tomada de consciência de que é possível recuperar a felecidade perdida da infância e de que o presente vazio é a única
possibilidade.
A ultima estrofe do poema- um monóstico exclamativo- coloca-nos perante um sujeito poético marcado pela nostalgia marcado
pela nostalgia, pela saudade e pela tristeza, em forma de lamento pela perda

Valor anafórico e semântico das repetições mais significativas :


● " No tempo eu que festejavam o dia dos meus anos"- marca a tentativa repetida de reviver o passado e estabelecer uma
espécie de circularidade.

Nesta estrofe o poeta toma consciência de que é impossível recuperar a felecidade de que o presente vazio é a única
possibilidade. Do confronto entre o passado e o presente, o que sobra para o futuro é a velhice.
7ª estrofe:
Na sétima estrofe na expressão " Ò meu Deus, meu Deus, meu Deus ! " - verso dramaticamente repetitivo e desesperado . Para
além dos valores semânticos apontados, as repetições têm valor fónico, na medida em que conferem musicalidade ao poema,
cadência.
04
Análise formal
Análise formal
A não distribuição uniforme dos versos e a despreocupação com a distribuição ritmica dão ao poema um tom confessional,
aproximando o de um texto em prosa.

Recursos expressivos:

• Metáforas/Comparações:
"Como a humidade no corredor e no fim da casa", "Como um fósforo frio"
Anáfora:
"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos" - marca a tentativa repetida de viver o passado"
"O que eu fui"- 3º estrofe- marca a antítese passado/presente.
" O meu deus, meu deus, meu deus"- verso dramaticamente repetitivo e desesperado.

Divisão do poema:
O poema divide-se em duas partes principais.
● O passado:
"eu era feliz"; "e a alegria de todos"; "eu tinha grande saúde"
● O presente:
● "quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida"

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