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Atividade de Língua Portuguesa – 9º ano

Prof. Elaine, Lauro e Francisco

Atividade diagnóstica de interpretação textual

Habilidade: EF89LP33 - Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando


procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em
conta características dos gêneros e suportes

Esta atividade será publicada no CMSP (Centro de Mídias de São Paulo), sendo utilizada
como complemento às aulas e compondo a nota do aluno.

Aniversário

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos, É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um
Eu era feliz e ninguém estava morto. fósforo frio...
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição
de há séculos, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
uma religião qualquer. Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos, Com uma dualidade de eu para mim...
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa Comer o passado como pão de fome, sem tempo de
nenhuma, manteiga nos dentes!
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega
mim. para o que há aqui...
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter A mesa posta com mais lugares, com melhores
esperanças. desenhos na loiça, com mais       copos,
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da O aparador com muitas coisas — doces, frutas o
vida. resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo, minha causa, 
O que fui de coração e parentesco. No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino, Pára, meu coração!
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
fui... Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
A que distância!... Hoje já não faço anos.
(Nem o acho...) Duro.
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do Mais nada.
fim da casa, Raiva de não ter trazido o passado roubado na
Pondo grelado nas paredes... algibeira!...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram
treme através das minhas O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa, Fernando Pessoa
É terem morrido todos,
(Álvaro de Campos)
Exercícios

1- No poema de Fernando Pessoa, percebe-se a imagem de um homem lembrando com saudade de quem havia sido
quando criança. Ele sente que perdeu alguma coisa. O que foi?
2- Em relação ao passado, o autor expressa raiva na seguinte frase: “Raiva de não ter trazido o passado roubado na
algibeira!...”. O que você imagina que o autor gostaria de ter trazido do passado na algibeira?
3- Segundo o poema, o que o autor sente sobre aquilo que foi e o que se tornou com a passagem do tempo?
4- Escreva sobre lugares de sua infância dos quais você se lembra com saudades. Não se esqueça dos detalhes, como
no poema, por exemplo: “A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na louça, com mais copos; o
aparador com muitas coisas – doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado; as tias velhas, os primos
diferentes, e tudo era por minha causa”.
5- Como você sente as transformações em sua vida? O que mudou dentro de você desde sua infância? É melhor
agora?
6- O que causa a mudança dentro das pessoas? Somente elas? Os acontecimentos? As pessoas em volta?
Exemplifique.
7- Faça uma redação sobre si mesmo. Nessa redação, considere os espaços e as temporalidades.

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