Você está na página 1de 3

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


CENTRO ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO EM
TEMPO INTEGRAL DANIEL COMBONI
SRE – Barra de São Francisco- ES
Avaliação de LÍNGUA PORTUGUESA – Fascículo 7 – Prova A Ensino Médio
Aluno: Data: ___/____/___
Nº Matrícula : Pontuação obtida
Professor Hilton Reis da Silva

A Questão é Começar
Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre
conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde,
como vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de
futebol. No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa
vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da
conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio,
mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para
pensar, uma outra forma de conversar.
Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais. Fomos induzidos a, desde o início, escrever
bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso
estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor)
conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não
apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do
próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe
respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por perto, espiando o que escrevo. Não me deixe
falando sozinho.”
Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais
apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar
conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus
onde.
(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).

1- Qual o assunto do texto?


___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________

2- Segundo o texto, o que estragava a escrita de textos?


___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________

3- Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: “Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa
tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de
futebol.” Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”. Indique a alternativa que
explicita essa função.
a) Função emotiva
b) Função referencial
c) Função fática
d) Função conativa
e) Função poética
4- O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel?
Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
(ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.)
Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, predomina no texto a função
a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.

5- Goza, goza da flor da mocidade,


Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda flor sua pisada.
Oh, não aguardes, que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
(Gregório de Matos)
Os tercetos acima ilustram:
a) caráter de jogo verbal próprio da poesia lírica do séc. XVI, sustentando uma crítica à preocupação
feminina com a beleza.
b) jogo metafórico do Barroco, a respeito da fugacidade da vida, exaltando gozo do momento.
c) estilo pedagógico da poesia neoclássica, ratificando as reflexões do poeta sobre as mulheres
maduras.
d) as características de um romântico, porque fala de flores, terra, sombras.
e) uma poesia que fala de uma existência mais materialista do que espiritual, própria da visão de mundo
nostálgico-cultista.

CANÇÃO DO EXÍLIO

Minha terra tem palmeiras


Onde canta o Sabiá, Nosso céu tem mais estrelas,
As aves, que aqui gorjeiam, Nossas várzeas têm mais flores,
Não gorjeiam como lá.
Nossos bosques têm mais vida, Minha terra tem palmeiras,
Nossa vida mais amores. Onde canta o Sabiá.

Em cismar, sozinho, à noite, Não permita Deus que eu morra,


Mais prazer encontro eu lá; Sem que eu volte para lá;
Minha terra tem palmeiras, Sem que desfrute os primores
Onde canta o Sabiá. Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Minha terra tem primores, Onde canta o Sabiá.
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite – Antônio Gonçalves Dias (1823-1864)
Mais prazer encontro eu lá;

6. O tema geral do poema está relacionado com:


a) a morte.
b) a saudade.
c) a prisão.
d) a gratidão. 

7. Exílio significa:
a) saída da pessoa do lugar onde vive.
b) prisão de alguém no seu próprio lugar.
c) saudade profunda do lugar de nascimento.
d) ser retirado do país onde cometeu crime.

8. No poema, o eu lírico incorpora um sentimento:


a) capitalista.
b) ambientalista.
c) nacionalista.
d) socialista.
9. No verso: “Sem que desfrute os primores”, a palavra destacada sugere:
a) perfeição.
b) jovialidade.
c) divertimento.
d) folia.

10. A expressão “qu’inda” é considerada:


a) um neologismo.
b) um estrangeirismo.
c) um pleonasmo.
d) uma abreviação.

Você também pode gostar