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Construção de Edifícios I

Prof. Douglas Prado


8º Período de Engenharia Civil

1º Semestre/2012

Glayson Barbosa Sampaio


Fundações
Profundas
Hélice Continua x Estaca Franki
INTRODUÇÃO

Fundação é o elemento estrutural, base


natural ou preparada, destinada a suportar
estruturas de qualquer tipo, ou sejam: edifícios,
barragens, pontes, tanques de armazenamento
de líquidos, etc..

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É evidente a importância de uma
fundação, indispensável à própria existência
de qualquer tipo de obra de engenharia, como
também responsável pela garantia de suas
condições de estabilidade, da conservação de
sua estética, como até da manutenção de sua
funcionalidade.

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São quatro os requisitos básicos a serem
satisfeitos por uma fundação:
- apresentar segurança à ruptura suficiente,
seja do terreno sobre o qual se apoia a
superestrutura, como também do material que
constitui o elemento de fundação.
- conduzir a valores de deformações
(recalques ou mesmo deslocamentos horizontais)
compatíveis à superestrutura projetada.
- não oferecer riscos de segurança às
fundações de estruturas vizinhas.
- atender aos aspectos econômicos.
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CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS FUNDAÇÕES
As fundações, de um modo geral, são
classificadas em três grandes grupos
- Superficiais, ou Diretas, ou Rasas
- Profundas
- Especiais
Obs.: no presente trabalho vamos focar nas
fundações profundas, tipo estacas (Franki e
Hélice continua).

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FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Os principais tipos de fundações
profundas são:
- estacas
- tubulões
- caixões
Caracterizam-se por transmitirem os
esforços que suportam às camadas mais
profundas e resistentes dos terrenos.
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ESTACAS
As estacas são peças alongadas de
pequena seção transversal em relação ao seu
comprimento, tendo essencialmente a função
de transmitir as cargas que suportam para
camadas profundas de solo de alta capacidade
de suporte e baixa compressibilidade.

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A extremidade inferior de uma estaca
denomina-se "ponta", a superior "cabeça",
enquanto o corpo da estaca em si é chamado
comumente por "fuste".

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A transmissão de carga de uma
estaca para o terreno pode ser feita de três
modos:
- pela ponta
- pelo atrito
- pela ponta e atrito

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Estaca de ponta é a que transmite toda a
carga que suporta através de sua extremidade
inferior (ponta). É o caso que ocorre quando a
estaca atravessa terreno pouco resistente e se
apoia em solo muito resistente ou em rocha.

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Estaca de atrito ou estaca flutuante é
aquela que transfere a carga que recebe para
o terreno, praticamente, somente pelo atrito
lateral.

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Este caso ocorre quando uma estaca é
cravada em solo homogêneo e de grande
espessura podendo desprezar a resistência de
ponta em função da contribuição do atrito
lateral.

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Estaca de ponta e atrito, que é o caso
mais geral, é aquela que transfere a carga que
recebe tanto pelo atrito lateral como pela
ponta.

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É importante notar que a contribuição do
atrito lateral, dependendo das condições do
terreno, poderá ser nos dois sentidos.

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Quando as estacas atravessam terrenos
em fase de consolidação ou aterros sobre
bases fracas, o atrito lateral age em sentido
contrario, denominado nesses casos "atrito
negativo", reduzindo, portanto, a capacidade
de carga da estaca, pois será necessário que
ela resista além da carga Q, também, da
parcela por atrito negativo.

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Estacas Tipo Franki
Tipo de estaca
caracterizada por ter
uma base alargada,
obtida introduzindo-
se no terreno uma
certa quantidade de
material granular ou
concreto, por meio
de golpes de um
pilão.
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As estacas tipo Franki são executadas
enchendo-se de concreto perfurações
previamente executadas no terreno, através
da cravação de tubo de ponta fechada,
recuperado e possuindo base largada. Este
fechamento pode ser feito no início da
cravação do tubo ou em etapa intermediária,
por meio de material granular ou peça pré-
fabricada de aço ou concreto.

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Na cravação à percussão por queda livre, as
relações entre o diâmetro da estaca, a massa e o
diâmetro do pilão devem atender aos valores
mínimos indicados na Tabela:
Características dos pilões para execução de
estacas tipo Franki

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As massas acima são mínimas aceitáveis.
No caso de estacas de comprimento acima de
15m, a massa mínima deve ser aumentada.
A execução desse tipo de estaca é feita
do seguinte modo:

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Processo Executivo

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a) posiciona-se o molde de revestimento
e coloca-se no seu interior uma certa
quantidade (cerca de 1m) de concreto seco,
ou areia e pedras, e apiloam-se de encontro
ao terreno para constituir uma bucha
estanque.

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b) sendo a quantidade de material que
constitui a bucha suficiente, a partir de
determinada altura de material apiloado, no
interior do molde, o atrito entre ele e o molde
é capaz de cravar o molde arrastando-o para
dentro do solo à medida em que o pilão atua
sobre a bucha.

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c) prossegue-se assim a cravação até
atingir a profundidade desejada quando o
molde é preso à torre do bate-estacas. Coloca-
se mais concreto no interior do molde e com o
pilão caindo de altura suficiente provoca-se a
expulsão da bucha tendo o cuidado de manter
no molde uma pequena altura de concreto
para garantir a sua estanqueidade. Em seguida
coloca-se mais concreto no interior do tubo
apiloando-o com grande energia a fim de
formar a base alargada (cebolão).
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Na confecção da base alargada, é
necessário que nos últimos 0,15 m3 de
concreto sejam introduzidos com uma energia
mínima de 2,5 MNm, para as estacas de
diâmetro inferior ou igual a 450 mm, e 5
MNm, para as estacas de diâmetro superior a
450 mm. No caso do uso de volume diferente,
a energia deve ser proporcional ao volume.

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A energia é obtida pelo produto do peso
do pilão e a altura de queda (constante entre
5m e 8m) e pelo número de golpes,
controlando-se o volume injetado pela marca
do cabo do pilão em relação ao topo do tubo.

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d) preparada a base, coloca-se a
armação e concreta-se a estaca em pequenos
trechos, cada um dos quais é fortemente
apiloado, retirando-se concomitantemente o
molde, até que toda a estaca esteja
concretada. O consumo mínimo de cimento
deve ser de 350 kg/m3

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O comprimento máximo normal da estaca
Franki é da ordem de 50 vezes o seu diâmetro,
podendo todavia alcançar, excepcionalmente,
maiores profundidades. As cargas de trabalho
são calculadas na base da taxa de 6 Mpa
aplicada ao concreto. As cargas usuais são:

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Como principais vantagens desse tipo de
estaca pode-se citar:
a) Cargas elevadas.
b) Comprimento estritamente necessário
(comum a todas as estacas moldadas in loco).
c) Melhor possibilidade de controle da
execução

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O uso de armação, com espiras pouco
espaçadas e os equipamentos utilizados
reduzem os perigos de um eventual
estrangulamento, seccionamento do fuste,
além de fornecer indicação de defeitos na
execução da estaca quando a armação sofre
deslocamento.

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Na figura a seguir tem-se,
esquematicamente, detalhes do controle para
verificar casos de deslocamento da armação.

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d) Melhor distribuição das pressões,
devido à base alargada. Grande aderência ao
solo, devido a rugosidade do fuste.

Essa vantagem, entretanto, pode tornar-se


desvantagem quando há possibilidade de
ocorrência de atrito negativo.
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Como principais desvantagens, pode-se citar:
a) Transmissão de elevadas vibrações Esse
problema obriga muitas vezes a executar a
estaca pré-escavando até determinada
profundidade e somente após, prosseguindo
como Franki normal.

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Para evitar esse problema existem
outras variantes de execução além da indicada,
devendo, entretanto, considerar o acréscimo de
custo correspondente.

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b) Possibilidade de levantamento
Consideremos uma estaca cravada
próximo a outra, em terreno onde existe uma
camada de argila média ou rija para ser
atravessada.

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Quando se crava o molde para execução
da nova estaca o terreno ao ser deslocado
tende a levantar a estaca já executada. Sendo
grande a base, pode se dar ruptura da estaca
no ponto mais fraco, isto é, na união da base
com o fuste, já que a armadura não penetra na
base . A solução geralmente utilizada tem sido
atravessar a camada de argila, pré-escavando e
prosseguindo normalmente após isso.

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c) Qualidade do concreto (comum a
estacas moldadas in loco).
d) Possibilidade de deslocamento.

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Em solos de argila mole, ao se cravar
uma estaca próxima a outra recentemente
concluída, é possível ocorrer deslocamento
dessa última em função do deslocamento da
argila mole.

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Hélice Continua

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A estaca hélice contínua é uma estaca
moldada no local após a introdução no terreno
de um trado contínuo, por rotação, até a
profundidade estabelecida pelo projeto e
injeção de concreto através da haste central
do trado simultaneamente com a sua retirada
do furo.
Os diâmetros usuais vão de 25cm a 100
cm e com cargas de trabalho de 250 KN até
3.900 KN.

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Execução
As fases de execução desta estaca são:
perfuração, concretagem simultânea à extração
da hélice e colocação da armação conforme
abaixo:

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A perfuração consiste em cravar a hélice
no terreno por meio de torque apropriado para
vencer a sua resistência.

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A haste de perfuração é composta por uma
hélice espiral solidarizada a um tubo central,
equipada com dentes na extremidade inferior
que possibilitam a sua penetração no terreno.

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A metodologia de perfuração permite a
sua execução em terrenos coesivos e arenosos,
na presença ou não do lençol freático e
atravessa camadas resistentes com índices SPT’s
de 30 a mais de 50 dependendo do
equipamento utilizado, podendo ser produzidos
250m de estaca por dia.

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A entrada de terra no tubo central é
impedida por uma tampa de proteção
colocada na sua extremidade.

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A concretagem é feita através de
concreto bombeado pelo tubo central,
preenchendo simultaneamente a cavidade
deixada pela hélice, que é extraída do terreno
sem girar ou girada lentamente no mesmo
sentido da perfuração.

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Para a fixação da carga estrutural
admissível, não pode ser adotado fck maior do
que 20 Mpa, adotando-se um fator de redução
de resistência gc = l,8, tendo em vista as
condições de concretagem.

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A armadura neste tipo de estaca só pode
ser instalada depois da concretagem. A
armação, em forma de gaiola, é introduzida na
estaca por gravidade ou com auxilio de um
pilão de pequena carga ou vibrador

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As principais vantagens deste tipo de
estaca são :
Elevada produtividade.
Pode ser utilizada na maioria dos
terrenos, exceto na presença de matacões e
rochas.
Não produzem vibrações típicas dos
equipamentos de cravação nem causam
descompressão do terreno.

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As principais desvantagens são :
Em função do porte dos equipamentos,
necessitam de áreas de trabalho planas e de
fácil movimentação.
Necessário um número grande de
estacas a serem executadas para
compatibilizar os custos elevados de
mobilização dos equipamentos.
Limitação nos comprimentos da estaca e
armação.

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Comparativo
A Seguir será feito um pequeno
comparativo entre a Estaca Franki e a Estaca
Hélice Continua.

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Indicação
Hélice Continua Franki
Obras que demandam Recomendadas quando a
rapidez, ausência de barulho camada resistente localiza-
e de vibrações prejudiciais a se em camadas variadas.
prédios da vizinhança. Também no caso de
Podem ser executadas em terrenos com pedregulhos
terrenos coesivos e ou pequenos matacões
arenosos, na presença ou relativamente dispersos.
não de lençol freático e
atravessam camadas de solo
resistente.

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Indicação
Hélice Continua Franki
Também oferece uma solução A forma rugosa do
técnica e economicamente fuste garante boa
interessante em obras onde aderência ao solo
há um grande número de (resistência por atrito).
estacas sem variações de
diâmetros, pela produtividade
alcançada.

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Limitação
Hélice Continua Franki
Em função do porte do Seus maiores
equipamento, as áreas de inconvenientes dizem
trabalho devem ser planas e respeito à vibração
de fácil movimentação. do solo durante a
Exige-se central de concreto execução.
nas proximidades do local Demanda área para o
de trabalho. É necessário bate-estaca.
um número mínimo de
estacas compatíveis com os
custos de mobilização dos
equipamentos envolvidos.

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Limitação
Hélice Continua Franki
Os equipamentos disponíveis Há possibilidade de
permitem executar estacas alterações do concreto do
de no máximo 32 m de fuste por deficiência do
profundidade e inclinação de controle.
até 1:4 (H:V).

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Produtividade
Hélice Continua Franki
150 a 400 metros por dia 40 metros diários.
dependendo da profundidade
da estaca do diâmetro da
hélice, do tipo e resistência
do terreno e do torque do
equipamento.

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Capacidade de Carga
Hélice Continua Franki
25 a 390 tf 60 a 400 tf

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Análise de custo das fundações profundas
Considerando uma escala relativa de custos da
utilização de fundações profundas, podemos, de um
modo genérico, afirmar que:
A estaca tipo hélice já foi considerada de custo
elevado porém, devido a sua alta produtividade e ao
aumento da demanda, houve uma progressiva
redução de custos ao longo dos anos;
A estaca Franki é considerada mais custosa
que as estacas anteriores (pré-moldada e hélice),
porém de custo inferior a estaca raiz;
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Nota
Devemos salientar que o custo de um
tipo de fundação envolve variáveis
importantes, tais como, o prazo de execução e
os parâmetros técnicos que determinam ou
limitam a escolha da fundação. Dessa forma,
afirmar que um tipo de fundação é mais
econômico que outro depende de cada
projeto.

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Conclusão
O melhor tipo de fundação é aquela que
suporta as cargas da estrutura com segurança e se
adéqua aos fatores topográficos, maciço de solos,
aspectos técnicos e econômicos, sem afetar a
integridade das construções vizinhas.
É importante a união entre os projetos
estrutural e o projeto de fundações num grande e
único projeto, uma vez que mudanças em um
provocam reações imediatas no outro, resultando
obras mais seguras e otimizadas.

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