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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA – DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL


ENG01008 – AERODINÂMICA DAS CONSTRUÇÕES

João Paulo Mérico – 00229952

DETERMINAÇÃO DA FORÇA RESULTANTE DA AÇÃO DO VENTO SOBRE UMA TORRE ESTAIADA

1. Descrição da estrutura
A estrutura é formada por uma torre de 301,25 m, treliçada com banzos constituídos por tubos
metálicos tipo coroa circular com 100 mm de diâmetro externo, bielas e montantes formado
por barras cilíndricas de 30 mm de diâmetro externo, conforme figura 1. Os banzos formam a
seção principal da torre, constituindo um triangulo equilátero com 2,40 m entre os pontos
externos dos banzos. A vista frontal detalhada pode ser observada na figura 2. A finalidade da
estrutura é a sustentação das antenas de comunicação.

Figura 1 - Vista frontal da torre e estais e


Figura 2 - Vista frontal da torre.
seção da torre.
O estaiamento é constituído de três planos idênticos de cabos, cada plano possuindo 6 cabos
de diferentes comprimentos entre si. Os diâmetros dos cabos também é variado. Os planos de
estaiamento partem das extremidades do triângulo equilátero, conforme pode-se ver na figura
1. O detalhamento do plano de estaiamento típico pode ser observado na figura 3.
A partir da cota 210 m a torre possui uma proteção metálica lisa, em forma de cilindro de
diâmetro 5,00 m que vai até a cota 301,25 m. A partir desta cota até a cota 321,10 m há uma
haste de 20,00 m e diâmetro 0,5 m. Estes detalhes também podem ser observados na figura 3.
O cabo utilizado para o estaiamento é o de classe 6x36, que atende a todos os diâmetros
especificados, possui alma de aço e é denominado Warrington-Seale, conforme o catálogo da
empresa Cimaf®. A sua seção transversal pode ser vista na figura 4.

Figura 3 - Detalhe do plano de estaiamento, da proteção para as antenas e da haste superior.

Figura 4 - Seção transversal típica dos cabos para o estaiamento. Fonte: Catálogo Cimaf®.
2. Definição dos parâmetros de cálculo e resultados
Para o cálculo da força resultante foi utilizada a NBR 6123:88. Considerou-se que a torre
localiza-se na cidade de Porto Alegre, em região plana e em classe III de rugosidade. O
parâmetro S2(função da cota z) foi calculado para o tempo de 45 s, conforme anexo A presente
na norma supracitada, devido à dimensão da estrutura. O parâmetro S3 foi considerado como
1,1 devido à finalidade da estrutura, orientado segundo a mesma norma. Com isso pode-se
definir a velocidade característica, VK(z), e consequentemente a pressão dinâmica, q(z),
conforme a seção 4.2 da NBR 6123:88. Esses parâmetros podem ser observados na tabela 1.

S1 S3 S2 (45s) Vo(m/s)
1 1,1 b 0,9 45
p 0,145
Fr 0,84
Tabela 1 - Parâmetros para o cálculo da pressão dinâmica.

Para o cálculo da força resultante fez-se a divisão da estrutura ao longo da cota z. Esta divisão
é de 10 m para a torre treliçada e para os cabos de estaiamento, e 5,0 m para a proteção das
antenas e para a haste superior. Para cada divisão realizada foi encontrada uma resultante da
força de arrasto, como mostrado nas tabelas seguintes.

O cálculo da torre treliçada foi realizado até a cota 210,0 m. Foi realizado segundo o item 7.7
da NBR 6123:88 e utilizando a figura 12 da mesma norma para a determinação dos
coeficientes de arrasto. Os resultados são apresentados na tabela 2.

Ae (m²) Af (m²) ø
2,84 24 0,118333
z (m) S2 Vk (m/s) q (N/m²) Re Ca Fa (N)
5 0,68 33,84 702,13 2,37E+05 1,05 2093,74
15 0,80 39,69 965,56 2,78E+05 0,85 2330,87
25 0,86 42,74 1119,74 2,99E+05 0,85 2709,41
35 0,91 44,88 1234,51 3,14E+05 0,85 2994,13
45 0,94 46,54 1327,84 3,26E+05 0,86 3228,03
55 0,97 47,92 1407,41 3,35E+05 0,86 3429,46
65 0,99 49,09 1477,27 3,44E+05 0,86 3608,08
75 1,01 50,12 1539,86 3,51E+05 0,86 3769,71
85 1,03 51,04 1596,78 3,57E+05 0,86 3918,12
95 1,05 51,87 1649,13 3,63E+05 0,87 4055,93
105 1,06 52,63 1697,69 3,68E+05 0,87 4185,02
115 1,08 53,32 1743,08 3,73E+05 0,87 4306,80
125 1,09 53,97 1785,74 3,78E+05 0,87 4422,35
135 1,10 54,58 1826,04 3,82E+05 0,87 4532,53
145 1,11 55,15 1864,28 3,86E+05 0,88 4638,03
155 1,12 55,68 1900,69 3,90E+05 0,88 4739,40
165 1,14 56,19 1935,46 3,93E+05 0,88 4837,11
175 1,14 56,67 1968,77 3,97E+05 0,88 4931,54
185 1,15 57,13 2000,76 4,00E+05 0,88 5023,02
195 1,16 57,57 2031,54 4,03E+05 0,89 5111,83
205 1,17 57,99 2061,21 4,06E+05 0,89 5198,22
Tabela 2 - Força de arrasto sobre a torre estaiada.
Para o cálculo da força sobre o cilindro de proteção das antenas, considerado de superfície
lisa, foi utilizado item 6.3 e a tabela 10 na NBR 6123:88. O mesmo item foi utilizado para o
cálculo da haste superior, considerando também a sua superfície como lisa. Os resultados são
apresentados nas tabelas 3 e 4.

l1(m) h(m) h/l1


5 45,625 9,125
z (m) S2 Vk (m/s) q (N/m²) Re(liso) Ca Ae (m²) Fa (N)
212,5 1,18 58,29 2082,80 2,04E+07 0,5 25 26035,06
217,5 1,18 58,49 2096,90 2,05E+07 0,5 25 26211,25
222,5 1,19 58,68 2110,77 2,05E+07 0,5 25 26384,58
227,5 1,19 58,87 2124,41 2,06E+07 0,5 25 26555,17
232,5 1,19 59,06 2137,85 2,07E+07 0,5 25 26723,12
237,5 1,20 59,24 2151,08 2,07E+07 0,5 25 26888,52
242,5 1,20 59,42 2164,12 2,08E+07 0,5 25 27051,47
247,5 1,20 59,59 2176,96 2,09E+07 0,5 25 27212,05
252,5 1,21 59,77 2189,63 2,09E+07 0,5 25 27370,35
257,5 1,21 59,94 2202,11 2,10E+07 0,5 25 27526,43
262,5 1,21 60,10 2214,43 2,10E+07 0,5 25 27680,38
267,5 1,22 60,27 2226,58 2,11E+07 0,5 25 27832,25
272,5 1,22 60,43 2238,57 2,12E+07 0,5 25 27982,13
277,5 1,22 60,59 2250,41 2,12E+07 0,5 25 28130,07
282,5 1,23 60,75 2262,09 2,13E+07 0,5 25 28276,12
287,5 1,23 60,90 2273,63 2,13E+07 0,5 25 28420,35
292,5 1,23 61,05 2285,03 2,14E+07 0,5 25 28562,81
298,125 1,24 61,22 2297,68 2,14E+07 0,5 31,25 35901,29
Tabela 3 - Força de arrasto sobre o cilindro de proteção das antenas.

l1(m) h(m) h/l1


0,5 20 40
z (m) S2 Vk (m/s) q (N/m²) Re(liso) Ca Ae (m²) Fa (N)
303,5 1,24 61,38 2309,62 2,15E+06 0,6 2,5 3464,43
308,5 1,24 61,53 2320,59 2,15E+06 0,6 2,5 3480,89
313,5 1,25 61,67 2331,44 2,16E+06 0,6 2,5 3497,15
318,5 1,25 61,81 2342,16 2,16E+06 0,6 2,5 3513,24
Tabela 4 - Força de arras sobre a haste superior.

Para o cálculo da força sobre o estaiamento considerou-se o pior caso de ocorrência do vento.
Foi analisado duas direções consideradas críticas, ambas com somente um plano de estais
atuante para sustentação da estrutura. As direções críticas consideradas são mostradas na
figura 5. Conforme os cálculos realizados, mostrados na tabela 5, o vento na direção 2 foi
considerado o pior caso de incidência.
Vento 1
Vento2

Figura 5 - Direções de incidência do vento.

Vk q Área total Força de arrasto (N)


z (m) S2 Ca
(m/s) (N/m²) (m²) cada plano pior caso 1 pior caso 2
5 0,68 33,84 702,13 0,9 4,04 2554,85 1936,78 6387,13
15 0,80 39,69 965,56 0,9 4,04 3513,43 2663,45 8783,57
25 0,86 42,74 1119,7 0,9 4,04 4074,43 3088,74 10186,08
35 0,91 44,88 1234,5 0,9 4,04 4492,05 3405,32 11230,12
45 0,94 46,54 1327,8 0,9 4,04 4831,66 3662,77 12079,14
55 0,97 47,92 1407,4 0,9 4,04 5121,18 3882,25 12802,94
65 0,99 49,09 1477,3 0,9 3,02 4011,22 3040,82 10028,05
75 1,01 50,12 1539,9 0,9 3,02 4181,18 3169,66 10452,96
85 1,03 51,04 1596,8 0,9 3,02 4335,74 3286,83 10839,34
95 1,05 51,87 1649,1 0,9 3,02 4477,87 3394,57 11194,67
105 1,06 52,63 1697,7 0,9 2,67 4087,12 3098,36 10217,80
115 1,08 53,32 1743,1 0,9 2,33 3659,79 2774,41 9149,48
125 1,09 53,97 1785,7 0,9 2,33 3749,37 2842,31 9373,42
135 1,10 54,58 1826 0,9 2,33 3833,99 2906,46 9584,98
145 1,11 55,15 1864,3 0,9 2,33 3914,27 2967,32 9785,68
155 1,12 55,68 1900,7 0,9 2,33 3990,71 3025,27 9976,78
165 1,14 56,19 1935,5 0,9 1,74 3024,78 2293,02 7561,95
175 1,14 56,67 1968,8 0,9 1,74 3076,84 2332,48 7692,10
185 1,15 57,13 2000,8 0,9 1,74 3126,82 2370,38 7817,06
195 1,16 57,57 2031,5 0,9 1,74 3174,93 2406,84 7937,32
205 1,17 57,99 2061,2 0,9 1,74 3221,31 2442,00 8053,27
215 1,18 58,39 2089,9 0,9 1,13 2118,06 1605,66 5295,16
225 1,19 58,78 2117,6 0,9 1,13 2146,17 1626,97 5365,44
235 1,19 59,15 2144,5 0,9 1,13 2173,41 1647,61 5433,53
245 1,20 59,51 2170,6 0,9 1,13 2199,84 1667,65 5499,59
255 1,21 59,85 2195,9 0,9 1,13 2225,51 1687,11 5563,76
265 1,22 60,19 2220,5 0,9 0,64 1279,14 969,69 3197,85
275 1,22 60,51 2244,5 0,9 0,48 965,68 732,06 2414,20
285 1,23 60,82 2267,9 0,9 0,48 975,73 739,68 2439,34
295,6 1,24 61,15 2292,1 0,9 0,48 986,15 747,58 2465,37
Tabela 5 - Força de arrasto sobre o estaiamento.
É necessário também realizar a verificação sobre os efeitos dinâmicos ocasionados pelo
desprendimento de vórtices na estrutura do cilindro que protege as antenas, pois é um
estrutura de grandes dimensões com a forma cilíndrica. Esta análise é realizada conforme o
anexo H da NBR 6123:88, no item H.1. Para esta estrutura em questão, a velocidade média, ,
é de 45 m/s, e assim resultando em um número de Strouhal de 0,28. Sabendo
que a frequência natural da estrutura é de 0,3 Hz, pode-se calcular a velocidade crítica.
Utilizando a equação presente no item H.1 da norma supracitada encontra-se a velocidade
crítica de 5,35 m/s. Portanto podem ocorrer problemas de efeitos dinâmicos quando a
velocidade é igual ou menor que 5,35 m/s, possível valor para a cidade de Porto Alegre.

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