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ESCOAMENTO BIFÁSICO
2007
1-1
Sensor
Tempo
1
< > n
Dn
[Dn ]
dD Média relativa à mistura (1.2)
1
< >n =
Dkn
[Dkn ]
dD Média característica da fase k (1.3)
Exemplos
Rk1 = Lk / L
k > n Rk2 = A k / A
Rkn <X (1.4)
R = /
k3 k
n̂z
Vazão volumétrica instantânea da fase k, QK
Vk
Qk = Vk n Z dA = Vkz dA =
A A
T mistura
Tk fase k
1
t [ t]
f fK dt < > n (1.8)
1
f
tk
[ tk ]
fk dt < >n (1.9)
1-3
Exemplo
= k (1.12)
K 1
1 1
< fk > n [
t [ t] Dn f dD] dt=
Dn
k
1 1
Dn [ t f dt ] dD = <f >
[Dn ] [ t]
k k
k > n = <f
<f k >
ou ainda
Exemplo
Rkn = < k > n . Quando k designa a fase gás, o parâmetro acima se denomina
Fração de Vazio e é representado por “ ”. Assim, a fração volumétrica média, QK
será dada por:
mk
Gk (1.14)
A
Nessas condições, para um escoamento líquido-gás, eliminando as barras
para designar as médias,
m m1 m2 [kg / s]
Q = Q1 + Q2 [m3 /s] Mistura 1-líquido
2-gás
G = G1 + G2 [kg/s.m2 ]
● OUTROS PARÂMETROS
Fração volumétrica,
QG QG
= = (1.15)
QG QL Q
Título, x
mG mG
x= = (1.16)
mG mL m
1-5
de modo que j = j
k
k (1.18)
Qk
Jk < k Vkz > 2 Rk2 <Vkz >2 (1.19)
A
Em geral, define-se Jk = Qk /A
J = J1 + J2 (1.20)
Lembre-se que
onde é a “fração de vazio” e < VLZ > 2 é a velocidade média da fase líquido, que
não deve ser confundida com a velocidade superficial, que se refere ao domínio da
mistura. Neste caso fez-se < > = < >< > ou, em outras palavras, a
velocidade média local do líquido foi admitida constante. Nas relações a seguir,
serão feitas hipóteses semelhantes.
JG VG QG / A
JG Q V
= G =( G)( )
JL QL VL 1
GG x
=
GL 1 x
mL G VA Q V 1
= L L L L L L ( L )( L )( )
mG GG G VG A G GQG G VG
1 x V 1
( L )( L )( ) (1.21)
x G VG
1-6
A relação acima era muito utilizada na literatura da década de (60), uma vez
que ela caracterizava (?) o movimento relativo entre as fases através do parâmetro
VG/VL, denominado de Razão de Deslizamento (“Slip Ratio”). Outro modo de
caracterizar esse movimento relativo é apresentado a seguir:
Velocidade Relativa
Velocidade de Deslizamento
VGJ VG J
(1.23)
VLJ VL J
Fluxo de Deslizamento
JGJ VGJ VG J
(1.24)
JLJ 1 VLJ 1 VL J
JMSJ 2-1
2 PADRÕES DE ESCOAMENTO
A interface líquido-gás de um escoamento bifásico pode apresentar topologia
diversificada, dependendo da aplicação. Uma classificação geral dessa topologia
poderia ser caracterizada por três padrões distintos:
(I) Padrão de Fase Dispersa, como o que ocorre quando bolhas ou névoa
aparecem no escoamento. As aplicações são as mais variadas.
(II) Padrão de Fases Separadas, como o que se dá em escoamento
estratificado, ondulado, anular, etc., com uma gama de aplicações
bastante diversificada.
(III) Padrão de Escoamento Misto, onde aparecem os dois padrões acima
mencionados. Tal é o caso do padrão pistonado, que veremos mais
adiante
Gotas em um
ESCOAMENTO núcleo gasoso, Geradores de
ANULAR filem líquido na vapor.
DISPERSO parede.
Figura 2.1 Classificação da interface líquido-gás de acordo com sua topologia, Ishii.
● Pistonado (“Slug”)
Este escoamento corresponde ao regime misto a que nos referimos
anteriormente. Nele, bolhas de dimenões comparáveis ao diâmetro do conduto,
denominadas de Bolhas de Taylor, escoam de modo intermitente, com frequência
regular. Entre duas bolhas consecutivas, escoa um pistão de líquido em cujo interior
podem ser encontradas bolhas.
● Agitante (“Churn”)
Neste caso, a “ponte” de líquido com bolhas entre os pistões é rompida, por
ação hidrodinâmica, formando-se um escoamento com as fases separadas e
interface irregular.
● Anular (“Annular”)
Um filme de líquido escoa em toda a periferia do conduto, com a fase gasosa
escoando na região central. Em escoamentos com transferência de calor em que o
fluxo de calor é elevado, pode ocorrer a formação de uma região periférica de vapor,
com o líquido escoando na região central.
● Névoa (“Misty”)
Neste caso, a fase líquida se encontra dispersa no gás, na forma de gotículas
de tamanho reduzido.
Outras nomenclaturas podem ser encontradas na literatura, cada uma
obedecendo a critérios subjetivos dos seus proponentes. A proposta nos parágrafos
anteriores parece ser a de maior aceitação na comunidade técnica.
● Estratificado (“Stratified”)
O líquido se posiciona na região inferior do conduto e o gás escoa pela região
superior, com a interface de separação relativamente lisa. Esta situação somente é
possível desde que a velocidade relativa entre as fases seja pequena, o que
somente se verifica para velocidades mássicas relativamente baixas.
Bolhas
Pistonado
(“plug”)
Estratificado
Ondulado
Anular
● Ondulado (“Wavy”)
É uma variante do estratificado, em que, por ação de arrasto do gás, a
interface apresenta ondulações (ondas). Dependendo da velocidade do gás, as
ondas podem crescer em tamanho, atingindo a região superior do conduto.
● Anular (“Annular”)
A exemplo do anular vertical, um filme de líquido escoa junto à superfície do
conduto, com gás escoando na região central. A espessura do filme de líquido é
maior na região central. A espessura do filme de líquido é maior na região inferior do
conduto pela ação da gravidade.
JMSJ 2-5
CRITÉRIOS DE TRANSIÇÃO
A transição entre regimes de escoamento é um aspecto importante do estudo
do escoamento bifásico, uma vez que a interação térmica ou mecânica entre as
fases depende significativamente da topologia da interface. Deve se reconhecer,
entretanto, que diversos procedimentos de avaliação da perda de carga, por
exemplo, não fazem referência explícita ao regime de escoamento, inferindo-se daí
a sua possível validade sob distintos regimes de escoamento. Tal procedimento,
entretanto, é de utilização duvidosa e deve ser questionado. Essa é a razão pela
qual o estabelecimento de correlações que caracterizam a transição entre regimes
de escoamento tem sido intensivamente perseguido nos últimos 30 anos. Assim,
mapas dos regimes de escoamento foam desenvolvidos. Esses mapas se
caracterizam por dois parâmetros de entrada (bidimensionais). A escolha desses
parâmetros tem sido absolutamente arbitrária. De uma maneira geral, de acordo
com Dukler, os mapas dos regimes de escoamento podem ser agrupados em dois
tipos principais:
(a) Aqueles que apresentam coordenadas dimensionais, tais como JG vs JL ou
L JL2 vs G JG2 . Tais mapas carecem de generalidade, sendo sua validade
extensiva às condições experimentais (pressão, temperatura, fluidos, diâmetro
do conduto, etc.,) em que foram levantados.
(b) Aqueles que aparecem com coordenadas adimensionais, envolvendo
parâmetros operacionais e propriedades dos fluidos. Estes, supostamente
aplicáveis a múltiplas situações, carecem também de generalidade dado o
caráter arbitrário com que os parâmetros adimensionais são normalmente
escolhidos. Um exemplo típico é o clássico mapa de Baker, do qual se tratará
mais adiante.
Esforços têm sido encetados por alguns pesquisadores, contando-se entre
eles Dukler e Ishii, no sentido de desenvolver critérios de transição através de
modelos matemáticos que representem o comportamento físico da transição. Tais
modelos permitem o estabelecimento de mapas de coordenadas adimensionais,
com aplicação a distintas condições de operação e diversos fluidos.
GJG2
Anular
Anular agitado
(“wispy”)
Agitante
Bolhas
Pistonado
L JL 2
G2 (1 x)2
L JL2 = (2.1)
L
G2 x 2
G JG2 = (2.2)
G
O título das equações acima deve ser aquele de equilíbrio à pressão
correspondente.
[g(L G )]1/ 4
JL / JG = 2,34 - 1,07 (2.3)
JG1/L 2
A configuração gráfica da correlação acima é mostrada na Fig.2.6, dada em termos
dos adimensionais: JL / JG e JG1/L 2 [g(L G )]1/ 4 . Observe-se que a relação entre
esses adimensionais é linear e que o gráfico apresentado é monologarítmico.
Figura 2.7 Transição entre os padrões pistonado e agitante de acordo com o modelo
de Taitel&Dukler.
Figura 2.8 Transição entre os padrões pistonado (agitante) e anular de acordo com
o modelo de Taitel&Dukler.
JMSJ 2-9
Co 1,2 0,2 G / L
1/ 2
dutos circulares
Co 1,35 0,35 G / L
1/ 2
dutos retangulares
● Pistonado - Agitante
Neste caso, uma abordagem algo diferente daquela de Taitel & Dukler permitiu
aos autores obter o critério de transição entre os regimes acima mencionados, o
qual pode ser expresso pela seguinte equação:
1/ 2
2(L G )gLb ]1/ 4
1/ 2
gD(L G ) gD (L G )
3
1/18
J + 0,75 (2.6)
L L L L
2
● Agitante – Anular
As condições físicas para esta transição têm por base as seguintes condições:
1/ 2
( G )gD
JG ( L )( 0,11) (2.7)
G
onde deve obedecer à seguinte condição:
3/ 4
(Co 1)J 0,35[(L G )gD / L ]1/ 2
1 0,813 2 1/ 8
(2.8)
J 0,75[g(L G )D / L ] [(L G )gD / L L ]
1/ 2 3
1/ 4
g(L G )
JG NL0,2 (2.9)
G2
onde
L
NL 1/ 2
(2.10)
1/ 2
L
g L G
D
/ L G g NL 0,4 (2.11)
[(1 0,11Co ) / Co ] 2
(2) Que critério utilizar – É muito difícil decidir qual dos critérios é mais
adequado. Entretanto, os de Taitel & Dukler, pela sua simplicidade e pela sua
razoável correlação de inúmeros resultados experimentais, parecem ser
satisfatórios para uma aplicação genérica.
(1) Baker
O mapa de Baker adquire importância histórica, por ter sido ele o primeiro a
ser publicado. A Fig. 2.9 mostra o referido mapa, o qual é apresentado em termos de
dois parâmetros dimensionais:
GG / kgm2 s1
GG kgm2 s1
1/ 2
( G )( L ) (2.12)
A W
1/ 3
WA L W 2
( ) ( )( ) (2.13)
W L
Névoa
Anular
GG /
Ondualdo
Estratificado
Pistonado (“plug”)
GL
1/ 4
G JG
F (2.14)
L G Dgcos
1/ 2
1/ 2
(dp / dz)L
X (2.15)
(dp / dz)L
1/ 2
GJG2 JL
K (2.16)
L G gL cos
1/ 2
(dp / dz)L
T (2.17)
(L G )gcos
em que, para as distintas transições, os seguintes adimensionais devem ser
utilizados:
Anular Bolhas
T ou F
Ondulado
K
Intermitente
Estratificado
X
Curva (a)+(b) (c) (d)
Coordenada F K T
8D3 / 6
0,52
(2D)3 6
Assim, a coalescência se dá antes que uma situação como a indicada acima
ocorra.
(2) A velocidade relativa entre as fases é dada pela velocidade terminal de uma
bolha em regime de partícula deformada em um meio infinito (líquido). Tal
velocidade terminal foi sugerida por Harmathy, sendo dada pela seguinte
expressão:
1/ 4
g( )
V 1,53 L G
(2.18)
L2
Nessas condições,
JG J
Vr V VG VL L
1
1 T
JG 1,53(1 T ) g(L G ) Transição
1/ 4
JL
T
T corresponde à transição 0,3
JMSJ 2-14
g
1/ 4
JL
(1/ T 1) 1,53(1 T ) (2.19)
JG JG1/L 2
g
1/ 4
JL
2,33 1,071 (2.20)
JG JG1/L 2
1/ F
3 / 5 -2/5
dmáx K( ) (2.22)
L
dp Vm
(2.23)
dz m
e
dp
(2f / D)m Vm2 (2.24)
dz
Introduzindo Eqs. (2.23) e (2.24) na Eq.(2.22), resulta o valor de dmáx.
1/ 2
0,4
dcrit (2.25)
(L G )g
De acordo com a expressão (2.25), a coalescência pode ocorrer se as bolhas
tiverem diâmetro superior ao crítico, dcrit. Caso contrário, a coalescência entre bolhas
é retardada até que seja da ordem de 0,52. Nessas condições, se para uma dada
intensidade de turbulência, o diâmetro de bolha é superior ao crítico, Eq. (2.25), a
coalescência deve ocorrer, aplicando-se o critério expresso pela Eq. (2.21). Caso
contrário, a coalescência é retardada. Resumindo:
JMSJ 2-15
n
V D
f= C m (2.26)
L
com C = 0,046 e n = 0,2, combinando as Eqs. (2.22) a (2.26), resulta uma expressão
que caracteriza a condição para dispersão por efeito de turbulência:
D
0,429
( / L )0,089 g(L G )
0,446
J=JG +JL = 4,0 (2.27)
0,072
L L
Assim, se as condições operacionais forem conhecidas, bem como a
geometria do tubo (D), então, da Eq.(2.27) obtém-se o valor limite de J, acima do
qual ocorre dispersão por efeito de turbulência e, portanto, não ocorre a
coalescência das bolhas.
NOMENCLATURA
– fração de vazio
– Diferença entre as massas específicas das fases, G L [kg/m3]
– intensidade de turbulência, modelo de Tautel&Dukler [m2s-3]
– parâmetro definido no mapa de Baker [Wkg-1]
– viscosidade dinâmica [Pa.s]
– viscosidade cinemática [m2/s]
– massa específica [kg/m3]
– ângulo de orientação do tubo
– tensão superficial [N/m]
– parâmetro definido no mapa de Baker [kgm-2s-1]
JMSJ 2-16
Índices
crit – valor crítico
G – gás
k – fase líquido ou gás
L – líquido
m – valor médio
máx – valor máximo
W – se refere à água, mapa de Baker
WA – se refere à interface ar-água, mapa de Baker
JMSJ 3-1
d
dt (t )
d ndS
ˆ d (3.1)
S(t ) (t )
n SISTEMA
d
dt t
d
J.ndS
ˆ
S t Volume, t d
t
S(t)
d
dt (t )
d ( )d V ndS
ˆ (3.2)
(t )
S(t )
V VSC Vr (3.3)
Velocidade de
V SC deformação da SC
n V Velocidade da
partícula
VC V SC Vr
SC
V
Sistema
VC
Sistema e VC no instante t
Figura 3.2 Esquema de um sistema passando por um VC num dado instante.
t ()dV V
V S
SC
ˆ
ndS Vr ndS
S
ˆ - ndS
S
ˆ dV
V
(3.4)
Como o VC não é um sistema, uma vez que massa pode cruzar a sua
“fronteira”, o teorema de Leibniz do cálculo permite que escrevamos:
JMSJ 3-3
d
dt VC(t )
dV ( )dV V VC ndS
VC(t )
SC(t )
ˆ (3.5)
d
) dV SC(t ) Vr ndS
dt VC(t
ˆ ndS
SC(t )
ˆ dV
VC(t )
(3.6)
d
dt dV 0 (3.7)
V(t)
d
) dV SC Vr ndS
dt VC(t
ˆ 0 (3.8)
n̂ n̂
Seção de saida
2
2 n̂2 V2
Seção de entrada
1
1
n̂ VC
n̂1 V2 n̂2 0
Escoamento
V1
V1 n̂1 0
VC(t )
dV= massa instantânea no VC = M
ˆ
Vr ndS ˆ
V ndS m1 (veja Fig. 3.3)
SC1 SC1
SC é fixa V r V
ˆ
Vr ndS ˆ
V ndS m2
SC2 SC2
d
M m2 m1 0 (3.9)
dt
Se o regime de escoamento for permanente, o que implica em propriedades
constantes com o tempo (podem variar no espaço), então:
dM
0 m1 m2 ,
dt
isto é, a região do espaço escolhido como VC não armazena massa e toda massa
que entra é igual à que deixa o VC.
d
) VdV Fext
dt V(t
(3.10)
Taxa de variação da
quantidade de movimento
De contato
d
VdV
dt VC( t )
De contato
Gravitacionais
d
) VdV SC(t ) VVr ndS
ˆ Fext (3.11)
dt V(t
p2
pL V2
n̂2
2 g
● Seção transversal
constante;
● m é a massa contida
1 no VC.
p1 VC
n̂1
V1
mg
V2V
2
dS V
2
1V dS FCV mg p1 p2 A sen
SC2 SC1
(3.12)
V2H
2
dS V1H
2
dS FCH p1 p2 A cos
SC2 SC1
Ft p1 p2 A V22dS V dS
1
2
(3.13)
SC2 SC1
onde Ft é a força tangencial com que a parede do tubo atua sobre o fluido,
associada ao atrito viscoso. No caso em que o perfil de velocidade nas seções
pudesse ser admitido uniforme e o fluido fosse incompressível ( constante), a Eq.
(3.13) se transformaria na seguinte expressão:
d
) edV W Q
dt V(t
(3.14)
V2
eu
2
onde W potência das forças externas
Q = taxa de transferência de calor
u = energia interna específica (por unidade de massa)
d
) edV +VC eVr ndS
dt VC(t
ˆ W QVC (3.15)
d V2 V2
)
dt VC(t
u
2
gz dV
SC(t )
i
2
ˆ
gz V r • ndS WM p V SC ndS
SC(t )
ˆ Q VC
Se os termos WM e ˆ
Vr ndS forem incorporados a um termo de potência
SC(t)
d
dt [ ] dV = 0 Regime permanente
VC(t)
m1 V
SC1
r ˆ
ndS m2
SC2
ˆ
V r ndS m (3.18)
V2 V2
SC2
i
2
gz r
V ˆ
ndS m
i
2
gzLC
Vejamos o que significa cada um dos termos acima:
● mi i Vr ndS
ˆ = fluxo médio de entalpia na seção
SC
onde i é a entalpia média de mistura na seção. Normalmente escreve-se
simplesmente i, o que só seria correto se a entalpia fosse uniforme na
seção.
JMSJ 3-8
● m ( V ) =
2
V2
2
SC
2
ˆ
V r ndS fluxo médio de energia cinética na seção , onde
V2 V2
m i2 2 gz2 i1 1 gz1 QVC (3.19)
2 2
g
G L
dz
z+
Direção do
escoamento
z
onde mGL corresponde à taxa de líquido que se evaporou (ou gás que
condensou). Desenvolvendo em série de Taylor o primeiro termo da equação acima,
resulta:
d mG
(mG )z dz (mG )z dz + (infinitésimos de ordem superior)
dz z
Introduzindo o desenvolvimento acima na Eq.(3.20), resulta:
d mG
dz dz + mGL 0 ou
d mG mGL (3.21)
● Fase Líquido
do que resulta:
d mL mGL (3.23)
d (mG mL ) 0 mG mL m constante
JMSJ 3-10
Isto é, a vazão total permanece constante ao longo do duto, como seria de esperar.
pP
pz+dz
F PG FI
L
G
pI
pz Direção do
dMgg escoamento
Figura 3.7 Volume de controle elementar envolvendo a fase gás. Forças atuantes.
As forças que agem no VC que envolve a fase gás são ilustradas na Fig.3.7.
A Equação da Conservação da Quantidade de Movimento na direção do eixo do
duto ficará:
F ext pAG z FPG FI pA G zdz pI A G z A G z dz (dMG )gsen (3.24)
pz+dz
pI
FI
G L
FPL
pz pPL
Direção do
escoamento
dMLg
G
ˆ
VG ndS G VG2 A z dz G z dz A
G VG2
z G z mGL VL
SC
mG z dz VG z dz mG z VG z mGL VL
G
ˆ
VG ndS mG z dz VG z dz mG z VG z mGL VL (3.27)
SC
[
SC
] ds = mGdVG mGL VG VL mGL (3.28)
V V • ndS
L
ˆ
L m
r L z dz VL zdz mL z VL z mGL VL
SC
como mL zdz mL z mGL , a equação acima pode ser simplificada, resultando:
JMSJ 3-12
[ ] ds = mL dVL (3.29)
SC
Líquido:
d pAL pdAL FPL FI dML gsen mL dVL (3.30)
Gás:
d pA G pdAG FPG FI dMG gsen mGdVG mGL VG mGL VL (3.31)
dp dp dp dp
(3.33)
dz dz atrito dz gravidade dz aceleração
onde
JMSJ 3-13
dp
dz relacionado com FPL e FPG (3.34)
atrito
dp AG AL
dx G G gsen (3.35)
gravidade A A
AG
= = fração de vazio
A
AL
=1-
A
Além disso, é comum referir-se à densidade da mistura, m, como sendo
dada por:
m G 1 L (3.36)
dp
dz G 1 L gsen mgsen (3.37)
gravidade
Finalmente,
dp d
dz mL VL mG VG (3.38)
aceleração dz
A contribuição do atrito à perda de pressão total é a que tem exigido maior
atenção e investigação por parte dos especialistas. Mais adiante, a avaliação dessa
parcela será abordada.
Q VC
y
Direção do
escoamento
yz+dz
g
yz
dz
z
V2 V2
m iz dz gy z dz
z
i gy z QVC
2 z dz 2 z
ou ainda
V2
m di d gdy QVC (3.39)
2
V2
di d gdy q (3.40)
2
onde q QVC / m . A Eq. (3.40) pode ser ainda transformada, como indicado a
seguir. Para tanto, duas relações clássicas de Termodinâmica poderão ser
utilizadas:
e
Tds di vdp (3.42)
V2
w p vdp d gdy ou, (3.43a)
2
dp V2
wp d gdy (3.43b)
2
As Eqs. (3.43) acima são muito conhecidas dos hidráulicos e podem ser
ainda transformadas para utilização em escoamento bifásico, se considerarmos o
seguinte:
(1) Considerando que o líquido e o vapor estejam em equilíbrio termodinâmico,
o volume específico de mistura, v m , é dado pela conhecida relação:
vm 1 x vL xv V onde x é o título do vapor na mistura.
(2) Se multiplicarmos a Eq. (3.43a) por m , o termo m d V 2 / 2 poderá ser
escrito como:
V2 V2
d x G 1 x L
2 2
(4) “dy” é a diferença de cota entre os centros de massa das duas seções
adjacentes, tal que dy dz sen
JMSJ 3-15
w p dp d VG2 VL2
G v x 1 x v
L x 1 x gsen
dz dz dz 2 2
ou ainda,
dp w p d VG2 V2
x v G 1 x vL x 1 x L gsen (3.44)
dz dz dz 2 2
Como no caso da Eq. (3.33), a Eq. (3.44) indica que a perda de pressão ao
longo do duto se deve a três fatores: às irreversibilidades (perda de carga), à
aceleração e à gravidade. As irreversibilidades estão associadas, de uma maneira
geral, à dissipação viscosa no escoamento.
Exemplo 3.1
Considere-se o caso de um evaporador vertical em que se aplica um fluxo de
calor uniforme, , a partir de z=0, seção onde x=0 (somente líquido saturado), como
indicado na Fig. 3.10. Admitindo-se equilíbrio termodinâmico, para um duto de
diâmetro D e uma altura “L” a partir da seção de entrada podemos escrever:
(DL) = mxilv
Em outras palavras, todo calor adicionado no trecho ( DL) foi utilizado na
evaporação de líquido. Nessas condições,
D
x= L = L
milv
onde,
D
= = constante
milv
L x
x
W / m
2
cons tan te
z
D
z=0 0 x=0 arctg
mhlv
Escoamento L
p aceleração 0
L dp
dz
dz aceleração
x2 1 x
2
dp d 2 d
dz mL VL mG VG G
aceleração dz dz G L 1
Logo,
d x2 1 x
2
L
( p)aceleração G 2
dz
0
dz G L 1
x2 1 1 xL
2
L
p aceleração G 2
1
L 1 L
G L
onde o índice L de “x” e “ ” se refere à altura L.
(b) A parcela resultante do efeito das forças de gravidade pode ser calculada como:
p gravidade 0
L dp
dz
dz gravidade
dp
dz G 1 L g 90o e, portanto, sen 1.
gravidade
Como x L (ver acima), então
dx
dL =
de modo que o efeito da gravidade pode ser determinado como:
(c) Resta avaliar, finalmente, a parcela correspondente ao atrito, p atrito , que será
objeto de uma análise detalhada mais adiante.
JMSJ 3-17
Exemplo 3.2
Uma bomba “air-lift”, assim denominada em virtude de utilizar o ar como impulsor de
um líquido, como regra geral água, cujo nível se deseja elevar, está ilustrada na Fig.
3.11. Pede-se determinar uma expressão para vazão de líquido envolvendo as
propriedades dos fluidos e a vazão de ar.
pA
H
pA
Ar h
comprimido, p
● Regime permanente
● Líquido incompressível
● Expansão isotérmica do ar
● Despreza-se a mudança de fase no processo
● Desprezam-se as “perdas” no “T” de admissão do ar
● O ar se comporta como um gás perfeito.
Conservação da Massa
s m
m e m
JMSJ 3-18
Conservação da Energia
V2 V2
QVC m is s gzs ie e gze WVC
2 2
2º Princípio
Q / dA
m(ss se ) dA Sger
SC T
V2
q d i gz w (A)
2
q
ds sger (B)
T
Nas expressões acima, q e w são o calor e o trabalho por unidade de
massa num volume elementar do VC original. Se o fluido que escoa pelo VC for do
tipo simples/compressível, vale a seguinte relação entre propriedades:
Combinando as Eqs. (A), (B) e (C) para eliminar (ds), (di) e (q), e lembrando
que os termos por unidade de massa são representados por letras minúsculas, “q”,
“w” e “sger”, resulta:
V2
w vdp d gz sger
2
Alguns autores denominam a “geração de entropia” de “trabalho perdido”, o que não
deixa de ser adequado, pois as irreversibilidades do processo, às quais está
associada sger , implicam numa “perda” ou redução no potencial de realizar
trabalho. Integrando a equação acima entre a entrada e saída do VC,
s
Vs2 Ve 2
w vdp g zs ze sger (D)
e
2
A Eq. (D) permite avaliar o trabalho por unidade de massa que escoa pelo
VC, “w”, sem o cálculo prévio da transferência de calor. A aparente simplicidade
esconde o fato de que, para avaliar o trabalho, é necessário determinar a geração
de entropia por unidade de massa, sger , associada às irreversibilidades do processo.
Se o processo for reversível, sger 0 , resultando:
s
Vs Ve
2 2
w vdp gzs ze
e
2
JMSJ 3-19
(a) Sistema: ar
No caso, por se tratar de um gás, se desprezam os efeitos gravitacionais. As
variações de energia cinética são igualmente desprezadas. Nessas condições, a Eq.
(D) assume a seguinte expressão:
s
w ar vdp sger
e
pv cons tan te RT
O trabalho por unidade de massa associado ao escoamento do ar, entre a
seção de entrada no conduto de líquido e a do nível superior, resulta igual a:
s dps p
w ar vdp C RT ln A
e p e
p
A potência que o ar transfere à água será igual a:
p
War mar w ar marRT ln A (E)
p
w L vL pA pA g H h sger
w L g H h sger
WL mL g H h mL sger mL g H h SL
ger
(F)
A Eq. (F) expressão a potência transferida à água pelo ar (daí o fato de ser
negativa). O trabalho realizado pelo sistema ar é o que “recebe” o sistema água, de
forma que:
JMSJ 3-20
War WL
p
marRT ln A
p
mL g H h SL ger
RT
SL
mL mar ln p / p A
ger
(G)
g(H h) g(H h)
NOMENCLATURA
W – potência [W]
Q – taxa de transferência de calor [W]
m – vazão [kg/s]
A – área [m2]
e – energia específica, e u V 2 / 2 [J/kg]
F – módulo de força [N]
F – vetor força [N]
g – aceleração da gravidade [m/s2]
i – entalpia específica [J/kg]
L – comprimento [m]
M – massa [kg]
p – pressão [Pa]
q – calor trocado por unidade de massa [J/kg]
SC – superfície de controle
t – tempo [s]
u – energia interna específica [J/kg]
V – velocidade [m/s]
V – vetor velocidade [m/s]
v – volume específico [m3/kg]
VC – volume de controle
w – trabalho por unidade de massa [J/kg]
wp – trabalho perdido associado às irreversibilidades [J/kg]
x – título
z – coordenada ao longo do duto [m]
Índices
ext – referido aos efeitos externos na equação da 2ª Lei de Newton
G – gás
GL – referido à interface líquido-gás
I – referido à interface líquido-gás
L – líquido
lv – referido à mudança de fase
m – média
PG – referido à parede do tubo do lado do gás
PL – referido à parede do tubo do lado do líquido
r – referido à velocidade relativa
SC – referido à velocidade de deformação da superfície de controle.
v – vapor
JMSJ 5-1
5 MULTIPLICADORES BIFÁSICOS
ESCOAMENTO MONOFÁSICO
No escoamento de um fluido monofásico obtém-se a avaliação do efeito do
atrito através da definição de um Coeficiente de Atrito. Se a tentativa de caracterizar
esse coeficiente de atrito for feita através da Análise Dimensional, para escoamento
no interior de dutos de secção transversal circular, obtém-se o denominado
coeficiente de atrito de Darcy, geralmente representado por f. O diagrama de Moody
é apresentado em termos de f. Fanning propôs uma definição alternativa para o
coeficiente dada pela seguinte expressão:
p
Cf (5.1)
1 2
Vm
2
onde p é o arrasto na parede do tubo e Vm é a velocidade média do escoamento. Cf
é denominado de Coeficiente de Atrito de Fanning. Observe que Cf está intimamente
associado ao Número de Reynolds do escoamento, uma vez que relaciona os
efeitos viscosos, através de sua manifestação na parede (p), e os de inércia
2
(1/ 2 Vm ) . Evidentemente, os dois coeficientes acima definidos guardam uma
relação fixa entre eles, dada por:
f 4Cf (5.2)
Como exemplo do procedimento de avaliação (analítico) do coeficiente de
atrito, consideremos o Escoamento Laminar de um fluido incompressível de
propriedades constantes, no interior de um tubo de seção circular. O perfil de
velocidades na secção é parabólico, dado pela seguinte expressão:
r2
V Vc (1 ) (5.3)
R2
onde Vc é a velocidade no eixo do tubo e R é o raio da secção. Como a velocidade
média do escoamento para um fluido incompressível é definida como:
R
1
R2 0
Vm V(2r)r (5.4)
Vc 2Vm (5.5)
p
Parábola
R
D
r
p
Vm Vc
V r
p 2Vc 2
r r R R r R
2Vc 4Vm
(5.6)
R R
Nestas condições,
4Vm 8
Cf
1 VmR
RVm2
2
Como o Número de Reynolds, Re, do escoamento é definido como:
VmD 2VmR
Re
resulta,
16
Cf (5.7)
Re
64
f (5.8)
Re
O coeficiente de atrito para escoamento laminar em tubos, apresentado no
diagrama de Moody, geralmente obedece à Eq. (5.8). Para escoamento turbulento, o
coeficiente de atrito não é função exclusiva do Re, mas depende da rugosidade da
parede do tubo, isto é:
Cf Cf Re, / D (5.9)
Cf K Ren (5.10)
Transición
Flujo laminar Flujo turbulento
Rugosidad relativa, / D
Cf
umD
ReD
Figura 5.2 Diagrama de Moody em termos do coeficiente de atrito de Fanning.
- Colebrook
1
9,3
f 1,14 2 ln(D / ) 2 ln 1+
2
(5.11a)
Re(/D)f
Na Eq.(5.11) o coeficiente de atrito de Darcy, f, aparece em ambos os
membros, formando uma Equação Transcendente. A Eq.(5.11a) representa
perfeitamente as curvas do diagrama de Moody. Uma expressão de uso mais
simples que a de Colebrook pois o coeficiente de atrito é expresso explicitamente,
apresentando precisão comparável, é a proposta por Haaland:
1 6,9 / D 1,11
1,8log10 (5.11b)
4Cf
1/ 2
Re 3,7
p
pz pz+dz
p
dz
z z+dz
Figura 5.3 Forças que atuam no VC elementar formado por um trecho de tubo.
JMSJ 5-4
pz A pzdz A p Ddz =0
dp
pz dz pz dz
dz z
Desprezando os infinitésimos de ordem superior e eliminando o índice “z” da
pressão, resulta:
dp p D
dz A
como
V 2
p Cf m e
2
A = D / 4
2
obtem-se:
dp Vm2
dz = 2 Cf D (5.12)
Os coeficientes de atrito foram definidos considerando dutos de seção
circular. Cabe, então, especular sobre sua validade em condutos não circulares.
Para tanto, consideremos o exemplo ilustrado na Fig. 5.3, mas para um caso em que
a secção não seja circular, apresentando perímetro P e área de seção transversal A.
Nessas condições, o balanço de forças resultaria na seguinte expressão:
dp p
dz (A / P)
Se a seção fosse circular, A/P = D/4, de modo que:
dp 4p
dz D (5.13)
Nessas condições, para uma secção não circular, a fim de obter uma expressão
semelhante à Eq. (5.13), define-se a dimensão denominada de Diâmetro
Hidráulico, DH, como:
4A
DH
P
de modo que
dp 4p
dz D (5.14)
H
JMSJ 5-5
VmDH
Re = (5.15)
Entretanto, a relação entre o coeficiente de atrito e o Número de Reynolds, definido
de acordo com a Eq. (5.15), não é a mesma que para um duto circular. Para
exemplificar, considere-se o escoamento laminar de um fluido incompressível entre
duas placas planas paralelas, como ilustrado na Fig.5.4. Pode ser facilmente
demonstrado que o perfil de velocidades é parabólico. O diâmetro hidráulico, neste
caso, é dado pela equação:
b
y
h
Figura 5.4 Escoamento laminar de fluido incompressível entre duas placas planas
paralelas
4hb
DH = lim 2h
b 2b 2h
de modo que o coeficiente de atrito de Fanning resulta igual a:
24
Cf =
Re
Para dutos circulares verificamos que Cf era dado por 16/Re, observando-se
um erro de 33%, caso fosse adotada esta última expressão com Re referido ao
diâmetro hidráulico. No caso de escoamentos turbulentos, o erro tende a diminuir.
Nessas condições, é comum adotarem-se expressões válidas para dutos circulares,
com Re referido ao diâmetro hidráulico do escoamento. Outro modo de abordar o
problema, seria assumir a expressão de dutos circulares e determinar o diâmetro
equivalente, denominado de Diâmetro Efetivo, adequado a cada situação. Alguns
exemplos são apresentados a seguir:
f 64 / Re
JMSJ 5-6
b/a Def/DH
0 1,0
0,01 0,799
0,05 0,742
0,10 0,716
0,60 0,670
1,00 0,667
OS MULTIPLICADORES BIFÁSICOS
A análise do escoamento bifásico tem sido tradicionalmente referida ao
escoamento monofásico. O efeito do atrito não fugiu à regra; aliás, foi o esforço para
sua determinação que desencadeou a pesquisa experimental acompanhada de
análise em escoamento bifásico, através dos trabalhos de Martinelli e
colaboradores, até hoje adotados em muitos trabalhos sérios. A introdução dos
multiplicadores bifásicos é uma tentativa de determinar o efeito do atrito em
escoamento bifásico a partir do escoamento monofásico. Assim, definem-se os
seguintes multiplicadores:
dp / dz B dp / dz B
G2 L2 (5.16)
dp / dz G dp / dz L
onde (dp/dz)B é o gradiente de pressão no escoamento, resultando do efeito de
atrito. (dp/dz)G e (dp/dz)L são os gradientes que se verificariam caso o gás ou o
líquido presente no escoamento bifásico escoassem isoladamente no mesmo
conduto. Analogamente, multiplicadores bifásicos referidos à mistura bifásica
poderiam ser definidos.
dp / dz B dp / dz B
GO
2
LO
2
(5.17)
dp / dz GO dp / dz LO
onde (dp/dz)GO e (dp/dz)LO se referem aos gradientes de pressão que ocorreriam
caso a mistura bifásica escoasse como gás ou como líquido no mesmo conduto. O
nome Multiplicadores Bifásicos resulta do fato de o efeito de atrito no escoamento
bifásico ser obtido pelo produto entre o multiplicador e um efeito correpondente em
escoamento monofásico. A relação entre os dois tipos de multiplicadores pode ser
facilmente obtida. Consideremos inicialmente uma expressão para o gradiente de
pressão a partir de uma relação do tipo de Blausius para o coeficiente de atrito,
Eq.(5.10).
dp Vm2 -n Vm
2
V D
dz 2Cf ( D ) 2K Re 2K( m )n ( )Vm2
D D
dp 2K G2-n
dz = Dn+1 n (5.18)
Nessas condições,
JMSJ 5-7
GO
2
dp / dz G GG 2 n
G dp / dz GO
2
GGO
Na expressão acima foi admitido que o mesmo regime de escoamento (laminar ou
turbulento) deve ocorrer em ambas as situações: a correspondente a GO e aquela
que se refere a G. Como:
GG = mg /A e GGO = m/A,
então
GG /GGO x título
Assim,
GO
2
/G2 = x2-n (5.19a)
Analogamente
1-x
2-n
LO
2
/L2 (5.19b)
G2 dp/dz L
X2 (5.20)
L2 dp/dz G
o qual representa a importância relativa do líquido na mistura bifásica, de modo que,
se a quantidade de gás na mistura for ínfima, X. O parâmetro X, conhecido como
parâmetro de Martinelli, deve depender dos regimes de escoamento quando as
fases, líquido e gás, escoam isoladamente no duto. Assim, Martinelli definiu quatro
parâmetros, designados distintamente pelos seus índices:
2 n n
G2 GL L L
X2tt =
L2 GG G G
como
GL 1 x
e n 0,25
GG x
0,5 0,125
G L
0,875
1 x
Xtt = (5.21a)
x L G
JMSJ 5-8
0,5 0,1
G L
0,9
1 x
Xtt = (5.21b)
x L G
MULTIPLICADORES BIFÁSICOS
Escoamento Homogêneo
No modelo Homogêneo de escoamento bifásico tudo se passa como se a
mistura bifásica fosse um fluido homogêneo de propriedades intermediárias entre
aquelas do gás e as do líquido. Nessas condições, aplicando a equação de definição
de LO juntamente com a Eq. (5.18), resulta:
dp / dz B L L
n
v
n
2
( B ) L (5.22)
LO
dp / dz LO B B vL B
vB vL xvlv vL x v V vL (5.23)
O Modelo de Lockhart-Martinelli
O modelo de Lockhart-Martinelli tem por base as seguintes hipóteses:
(1) Escoamento horizontal, para o qual os efeitos gravitacionais são nulos.
(2) Não ocorre mudança de fase, do que se pode concluir que os efeitos de
aceleração são nulos.
JMSJ 5-9
(3) A pressão estática da fase gás é igual à pressão estática do líquido em cada
secção.
(4) A soma dos volumes das fases em cada instante é igual ao volume total.
Excluem-se, com isso, escoamentos intermitentes do tipo escoamento
pistonado.
Gás, AG
L
D
G
D
Líquido, AL
A G DG2 / 4 A L DL 2 / 4
A=AG+AL
dp 2K GL2-n
-Para o líquido escoando no duto de diâmetro D
dz
L L D L
n+1 -n
*
Lembre-se que GG = mG /A e GL = mL /A. Logo, nos tubos individuais, as velocidades
mássicas correspondentes serão, respectivamente, iguais a: GG A/A G e GL A/AL .
JMSJ 5-10
dp / dz B
2 n n 1
A D
2
, como
G
dp / dz G AG DG
DG2 D2 A
AG e A e G , então
4 4 A
2
D
= G e a expressão para G2 ficará :
D
G2 = n-2 -(n+1)/2
1/m
1 1
ou = 2
5-n /2
(5.25)
G
2
G
onde m = (5-n)/2
dp / dz B A
2 n
D
n 1
2
, dado que
L
dp / dz L AL DL
2
D
1- = A L /A 1- = L , de modo que
D
L2 = 1- 1-
n-2 -(n+1)/2
1
1
(5 n)/ 2
ou 1- = 1/L2
1/ m
(5.26)
L
2
1/ m 1/ m
1 1
=1 (5.27)
2 2
G L
Na análise precedente admitiu-se que o regime de escoamento nos dutos
individuais era o mesmo (laminar ou turbulento) de modo que o expoente “n” do
número de Reynolds da relação de Blausius é idêntico para ambos os dutos. Os
valores de “m” apresentam os seguintes valores:
1/m
G2 G2
1+ 2 = G2/m , mas, = X2 , logo,
L L2
L2 2
G 2
G 2
G
X
[Eq.(5.28), m = 2,375] [Eq.(5.28), m = 4]
0,01 16380 1,64 1,05 1,46
0,04 1482 2,37 1,17 2,07
0,10 342,3 3,42 1,38 3,00
0,40 49,70 8,01 2,47 7,10
1,00 17,64 17,64 5,19 16,00
4 5,66 90,3 30,4 81,00
10 3,06 306,3 137,6 300,1
40 1,66 2652 1775 2878
100 1,23 12.320 10.498 14.641
G2 = 1 + CX + X2 (5.29)
C 1
L2 = 1 + (5.30)
X X2
onde a constante C assume os seguintes valores indicados na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 Valores da constante C das Eqs. (5.29) e (5.30) para os distintos regimes
de escoamento das fases.
-1/2
1-α = X X2 +20X + 1 (5.31)
JMSJ 5-12
1,0 1,0
1
1
0,1 0,1
100 100
Ltt Gtt
Lvt Gtv
Ltv Gvt
Lvv Gvv
10 10
1 1
0,01 0,1 1 10 100
X
tt Xtt
2 / 2 n
(5.32)
de modo que
1/(2 n) n /(2 n)
1 L
tt 1 G (5.33)
x L G
Como, para o escoamento turbulento, n = 0,25, então
0,57 0,143
1 L
tt 1 G
x L G
(3) Admitiu-se equilíbrio termodinâmico, de modo que “x” pudesse ser obtido
diretamente de um balanço de energia. Posteriormente, o fluxo de calor foi
admitido constante, de forma que “x” depende linearmente da cota da seção.
Com isso, o valor de tt é conhecido ao longo do evaporador.
dp / dz B dp / dz LO dp / dz GO
2
1 x 1 x
2 n 1,75
LO2
L
logo,
1/ 2
1 1
L (5.34)
1 x 1 x
1,75 0,875
1
tt 1 (5.35)
x
0,875
1
L tt (5.36)
tt
L 1 x
1,75
LO
2
Lembre-se LO se refere à mistura bifásica escoando como líquido no duto. No estado
* 2
1000 p (bar)
1,01
6,89
100
LO 2
34,4
68,9
10 103
138
172
207
221,2
1
o 20 40 60 80 100
Título, x (%)
1
Pressão (bar)
Fração de vazio,
1,01
0,8
6,89
0,6
34,4
68,9
0,4
103
138
0,2
172
207
221,2
0
0,001 0,01 0,1 1
Título, x
Figura 5.9 Curvas de em função do título para distintas pressões, de acordo com
Martinelli – Nelson.
p Atrito 0
L dp L dp
dz L0 2
dz
dz B 0
dz L0
p atrito
dp L
L0
2
dz
dz L0 0
p atrito
dp L xL
L0
2
dx (5.37)
dz L0 xL 0
1 xL
L0
2
dx = r3
xL 0
de modo que,
p atrito L
dp
r3
dz L0
ou ainda, como
dp 2CfL 0 G2
dz D
L0 L
onde CfL 0 é o coeficiente de atrito do líquido escoando pelo tubo com a vazão da
mistura bifásica,
2LCfL 0 G2
p atrito r3 (5.38)
DL
Voltando ao caso do evaporador, tivemos também oportunidade de mostrar
que, no trecho de comprimento L, os efeitos de aceleração eram dados pela
expressão:
xL
2
1 1 xL
2
p aceleração G 2
1 (5.39)
L 1 L
G L
Dado que a relação entre e x foi estabelecida, Martinelli-Nelson não
tiveram dificuldades em avaliar o parâmetro no interior da chave da Eq.(5.39), que
designaram por r2.
JMSJ 5-17
L 1 xL
2
x2
r2 L 1 (5.40)
L G 1 L
de modo que
G2
p aceleração r2 (5.41)
L
80
70 uniforme.
2
60
50
40
xL
30
20
10
10
5
1
1
1 2 5 10 20 50 100 200 Bar
Pressão
1000
Figura 5.11 Curvas de r2 vs pressão
100% Título saída para distintos títulos na
90
80
saída de um evaporador
70
60
de água.
50
100 40
x 2 v 1 x 2
1
30
20
1
10
5
L
r2 G
1
v
10
0,1
1 2 5 10 20 50 100 200 Bar
Pressão
JMSJ 5-18
Outros Modelos
● Thom
v 0,5
v
0,5
C 1,1 G L 0,2 (5.42)
vL vG
x
1 2
x 0
Tabela 5.3 Valores de LO
2
, L0 dx , e r2 propostos por Thom.
Pressão [bar]
X
[%] 17,2 41,3 86,1 145 207
LO
2 x
1 2 LO
2
1 2
x
LO
2 x
1 2 LO
2 x
1 2 LO
2
1 2
x
x 0 x 0 x 0 x 0 x 0
L0dx L0dx L0dx L0dx L0dx
r2 r2 r2 r2 r2
1 0,288 0,4125 0,168 0,2007 0,090 0,0955 0,0476 0,0431 0,0213 0,0132
5 0,678 2,169 0,512 1,040 0,340 0,4892 0,207 0,2182 0,102 0,0657
10 0,816 4,320 0,696 2,165 0,521 1,001 0,355 0,4431 0,193 0,1319
20 0,910 10,39 0,833 4,678 0,710 2,100 0,553 0,9139 0,350 0,2676
30 0,945 17,30 0,895 7,539 0,808 3,292 0,679 1,412 0,480 0,4067
40 0,964 25,37 0,930 10,75 0,866 4,584 0,767 1,937 0,589 0,5495
50 0,975 34,58 0,952 14,30 0,908 5,958 0,832 2,490 0,682 0,6957
60 0,984 44,93 0,967 18,21 0,936 4,448 0,881 3,070 0,763 0,8455
70 0,990 56,44 0,979 22,46 0,959 9,030 0,920 3,678 0,834 0,9988
80 0,994 69,09 0,988 27,06 0,976 10,79 0,952 4,512 0,895 1,156
90 0,997 82,90 0,995 32,01 0,989 12,48 0,978 5,067 0,951 1,316
100 1 98,10 1 37,30 1 14,34 1 5,664 1 1,480
● Baroczi
Na discussão que acompanha o artigo original de Lockhart-Martinelli,
argumenta-se que G (ou L ) não é uma função exclusiva do parâmetro de
Martinelli, mas deveria depender também da vazão. Evidências experimentais se
acumularam ao longo dos anos, indicando um significativo efeito da vazão sobre o
valor de G . Uma argumentação relativamente simples poderia ser utilizada para
demonstrar tal dependência. Consideremos para tanto o modelo de Zuber-Findlay,
segundo o qual
VGJ
Co
J
dp / dz GO v
n
r2 G G (5.43)
dp / dz LO L vL
Baroczi adotou n = 0,2. A Fig.5.12 mostra as curvas levantadas por Baroczi,
em que LO2
aparece em função de 1/r2, com o título como parâmetro. As curvas da
Fig. 5.12 foram levantadas para G = 1.356 kg/(s.m2). Para vazões distintas, Baroczi
propôs a aplicação de um fator de correção, cujo valor pode ser obtido das curvas
da Fig.5.13
104
Título (%)
100
Multiplicador bifásico, LO 2
Valores para
80
103 60 G=1.356 kg/m2s
40
30
20
15
2
10 10
7,5
5
3,5
2
10
0,5
0,1
1
10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 1
Índice de propriedades, r2
Sódio (°C) R-22 (°C)
650 760 870 980 1.093 4 15 27 38 60 82 97
Potássio (°C)
540 650 760 870 980 1.093
Rubídio (°C)
540 650 760 870 980
Mercúrio (°C)
315 426 540 650 760
Água (°C)
100 150 200 250 300 350 374
1,4 10
1 Título (%)
5, 40
10
0,1
1,2 40
20 60
60
G=678 80 5
80
100
1,0
0,1
80 1
0,8 G=4.068 60
0,1 40 5
20 10 80
0,6
Fator de correção
5 10 20
1 40 a 50
0,4
● Armand – Treshev
(a) 0,9
1 x
1,75
0,5 2
(5.44)
1
LO 1,2
0,45 x
1,75
0,5 2
(5.45)
1
LO n
(b) 0,9
0,0025p 0,055
1 x
1,75
LO
2
(5.46)
1
1,75
JMSJ 5-22
COMENTÁRIOS FINAIS
O material apresentado neste capítulo teve por objetivo introduzir os
conceitos fundamentais do procedimento de avaliação da perda de carga em
escoamentos bifásicos do tipo líquido-gás. Por se tratarem de notas introdutórias ao
assunto, deu-se preferência aos modelos de Martinelli e colaboradores, os quais
foram os precursores de modelos ainda em uso generalizado. O conceito dos
multiplicadores bifásicos, introduzido por Martinelli, não encontrou substituto
adequado, sendo por isso mantido como meio de correlacionar os efeitos de atrito.
A maioria dos resultados encontrados na literatura envolve o efeito do atrito
para misturas água-vapor, devido à aplicação que essas misturas encontram tanto
na indústria como na área nuclear. Para outros fluidos, podem ser consultadas
referências associadas a cada aplicação específica. Assim, por exemplo, na
Indústria de Refrigeração são bem conhecidos os trabalhos de Bo-Pierre com
misturas refrigerantes halogenados-óleo, importantes na avaliação da perda de
carga em evaporadores frigoríficos. O mesmo poderia se dizer na Indústria do Papel,
onde um problema importante é o dos evaporadores concentradores de lixívia.
Literatura especializada pode ser encontrada para esse problema específico.
Entretanto, na maioria dos casos, os resultados são correlacionados em termos dos
parâmetros de Martinelli, o que demonstra a importância dos conceitos
fundamentais, razão pela qual eles foram apresentados com realce neste capítulo.
A seguir é apresentado um exemplo numérico de aplicação, envolvendo a
evaporação da água em um tubo vertical. O exemplo é importante por apresentar
resultados obtidos de diversos modelos e correlações, além de desenvolver o
procedimento de cálculo da perda de pressão em um evaporador.
Solução
LSR iL iLe
, onde iLe = entalpia da água na entrada.
L i
iL 1.260 kJ / kg (p 58,9bar, líquido saturado)
iLe 872 kJ / kg (p 68,9bar, T 204C)
1,26 0,872
LSR 3,66x 1,54m
0,925
is il
x
ilv
2,132 1,26
x 0,356
1,51
Cf 0,079Re0,25
V2 2Cf G2 v L
( p)atrito 2Cf L m LSR LSR
D D
2
2x0,0045x1335 x1,255x10 3 x1,54
( p)atrito 3,06 kPa
10,16x103
O efeito da aceleração (lembre-se, houve uma variação da densidade não
desprezível) pode ser avaliado como:
m m m m2
( p)aceleração ( V) (v) G2 ( v)
A A A A 2
2
( p)aceleração 1335 x103 (1,35 1,165) 0,330 kPa
9,81x1,58
( p)gravidade gLSR / vL 12,05 kPa
1,255x103
O volume específico médio foi adotado na expressão acima.
dp 2C G2 v
( )atrito f
dz D
2
L 2C G
( p)atrito f
vdz
LSR D
Admitindo que Cf seja constante e dado por uma expressão do tipo Blausius,
0,25
0,25 GD
Cf K Re K ; K=0,079
B
B
JMSJ 5-25
l 0,972x104 Pa.s
1 x 1 x
(2) v 1,89x105 Pa.s
B v l
B 3,953x105 Pa.s (x 0,356)
v v lv 2,65x102 m3 / kg (T=285oC)
(4) B l 1 lv x
vl B 7,73x104 Pa.s (x=0,356)
B v (1 )l
(5) QV QV / v V v V v V mV
v m
Q Q / v v
v l 1,35x10 3 m3 / kg
xv v
v lv 2,65x10 2 m3 / kg
v l xv lv
v v 2,785x10 2 m3 / kg
0,356x2,785x102
0,919
1,35x103 0,356x2,65x10 2
2Cf G2 L
( p)atrito
D LSR
v dz
2Cf G2 v x
( p)atrito v l (L LSR ) 1 lv l
D vl 2
Cf [Cf (x xL ) Cf (x 0)] / 2
0,25
GD
Cf (x 0) 0,079 0,0041
L
O efeito da aceleração pode ser determinado pela seguinte expressão:
( p)aceleração G2 v G2 [v l xl v lv v l ] G2 t lv lv
( p)aceleração 13352 x0,356x2,65x102 16,7 kPa
L xL dx
( p)gravidade [V (1 )L ]gdz gC
LSR 0 v l xv lv
g(L LSR ) v
( p)gravidade ln 1 lv xl
v lv xl vl
9,8x2,12 2,65x102
( p)gravidade ln 1 0,356x
2,65x102 x0,356 1,35x103
1 xL
r3 LO
2
dx
xL 0
Da Fig. 5.10, para p = 68,9 bar e xL= 0,356, podemos obter LO
2
7,0 , de modo que,
2CfLOG2
( p)atrito v L (L LSR )r3
D
2x0,0041x13352
3
x1,35x103 x7,0x2,12
10,16x10
JMSJ 5-27
( p)aceleração G2 vLr2
L
( p)gravidade [V (1 )L ]g dz
LSR
g(L LSR ) xL vL
v L xL 0
[(1-)+(
vV
)]dx
1 xL vL x x x
x
[(1 ) ( )]dx 0,38
xL 0 vV
9,8x2,12x0,38
(p)gravidade 5,85 kPa
1,35x103
2CfLOG2 v L (L LSR )
( p)atrito r3
D
2x0,0041x13352 x1,35x10 3 x2,12
( p)atrito x4,5
10,16x103
( p)atrito 18,5 kPa
1 xL vL
xL
0
[(1 ) (
vV
)]dx
Mx
onde M = 12,2 para p = 68,9 bar
1 x M 1
9,8x2,12x0,37
(p)gravidade
1,35x103
(p)gravidade 5,69 kPa
0,2 0,2
1 L vL 0,972x104 1,35x103
5 2
0,0673
r 2 V v V 1,89x10 2,785x10
O procedimento consiste em levantar os valores de LO
2
correspondentes a
1 xL
LO dx r3 possa ser avaliada. O procedimento
2
cada x, de modo que a integral
xL 0
L0
2
x4
x3
xL
2
x2 L0 dx
0
x1
0.0673 r2 x1 x2 xL x
xL
1
r3
2
L0 dx
xL 0
1
Fator de correção 1.356 dx
xL
r3 2
LO
xL 0
Nessas condições,
0,833 0,05lnp
0,833 0,05ln69,9 1,045
Por outro lado,
x vv x
v l xv lv v v
( l ) x( lv )
vv vv
1,045x x
4,847x10 0,952 4,638x10-2
-2
0,911
x
O problema, no caso do efeito do atrito é o de avaliar o parâmetro r3, como
nos modelos precedentes.
1 xL
r3 LO
2
dx
xL 0
Como nos casos anteriores, adotaremos a integração numérica, a qual pode ser
facilmente realizada levantando a tabela abaixo.
x LO
2
LO
2
x Observações
0 0 0 1 0,0500 Eq.(5.45) (n=2,0)
0,05 0,544 0,520 1,978 0,0989 “
0,10 0,727 0,696 5,021 0,0251 “
0,15 0,820 0,784 10,45 0,5225 “
0,20 0,875 0,837 19,49 0,9745 “
0,25 0,912 0,873 35,12 1,7560 “
0,30 0,938 0,898 6,846 0,3423 Eq.(5.46)
0,35 0,956 0,917 8,331 0,050 Eq.(5.46); x = 0,006
0,356 0,960 0,919 8,555 Eq.(5.46)
3,819
JMSJ 5-30
3,819
r3
0,356
O valor obtido para o efeito do atrito é algo elevado em relação aos demais
modelos. Dois fatores podem ter contribuído para tanto: o procedimento de
integração numérico adotado e o fato da Eq. (5.45) proporcionar valore de LO 2
relativamente elevados no seu limite de aplicação, 0,9 .
No caso dos efeitos de aceleração, a seguinte expressão poderá ser
utilizada:
x 2 v 1 x 2
p aceleração G v V
2 L
1
v L 1
g L LSR 1 xL vL
p gravidade 1 dx
vL x 0 vV
Como nos casos anteriores, a integração da equação será numérica, de
forma que é necessário desenvolver a tabela abaixo.
x vL x
1
vV
0 0 1 0,05
0,05 0,544 0,4823 0,02412
0,10 0,727 0,3082 0,01541
0,15 0,820 0,2197 0,01099
0,20 0,875 0,1674 0,08637
0,25 0,912 0,1322 0,00661
0,30 0,938 0,1075 0,00538
0,35 0,956 0,09034 0,000542
0,356 0,960 0,08654 0,1214
1
xL
vL 0,1214
xL 1 v dx
V 0,356
0,341
0
p gravidade 5,25 kPa
Os resultados para os distintos modelos podem ser resumidos na tabela
abaixo. Verifica-se que o modelo de Armand-Treshev proporciona valores elevados
para os efeitos de atrito e aceleração. Tais valores estão relacionados com altos
valores de na saída do evaporador resultantes do modelo. Assim, enquanto o
JMSJ 5-31
Modelo Homogêneo
(1) (2) (3) (4) (5) M-N T B A-T
p atrito 18,45 16,65 17,55 24,75 15,75 28,8 18,5 23,7 44,1
[kPa]
p aceleração 16,70 16,70 16,70 16,70 16,70 10,83 13,24 10,83 29,1
[kPa]
p gravidade 4,58 4,58 4,58 4,58 4,58 5,85 5,69 5,85 5,25
[kPa]
p bifásico 39,7 37,9 38,8 46,0 37,0 45,5 37,4 40,4 78,5
[kPa]
p total 55,1 56,6 54,2 61,4 52,4 60,9 52,8 55,8 93,9
[kPa]
M-N:Martinelli-Nelson; T: Thom; B: Baroczi; A-T: Armand-Treshev
JMSJ 5-32
EXEMPLO 2
Refrigerante R-134a escoa no interior de um tubo horizontal de 10 mm de diâmetro e
comprimento de 2 m. O refrigerante entra no tubo em estado saturado de título 20%
e temperatura de 5°C. A velocidade mássica do refrigerante é de 300 kg/sm 2 e o
fluxo de calor é uniforme e igual a 10 kW/m2, por tratar-se de aquecimento
proporcionado por uma resistência elétrica uniformemente distribuída pela superfície
exterior do tubo. Pede-se fazer uma análise da perda de carga do refrigerante no
seu escoamento pelo tubo.
Refrigerante
D=10 mm
R-134a
L=2000 mm
Solução
As propriedades de transporte do refrigerante serão avaliadas à temperatura
de saturação da entrada, i. e., Tsat 5C . Uma solução mais realista seria
determiná-las a uma temperatura média na seção. É importante lembrar que,
embora o problema trate da mudança de fase do refrigerante R-134a, a temperatura
do refrigerante não se manterá constante na seção em virtude da perda de carga.
Esta, entretanto, será admitida de uma ordem tal que não afete significativamente as
propriedades. A rigor, o problema deveria ser resolvido utilizando inicialmente a
temperatura da entrada e uma vez a perda de carga tendo sido determinada, as
propriedades seriam re-avaliadas à temperatura média na seção, procedendo-se a
determinar a perda de carga resultante das propriedades corrigidas. A convergência
do processo é rápida, de modo que, no máximo, são necessárias 2 iterações. O
valor das propriedades de transporte é o seguinte:
v h
kg / m
3
m / kg
3
Pa.s kJ / kg
Líquido 1278 7,823X10−4 2,494X10−4 58,59
Vapor 17,12 0,0584 1,111X10−5 253,4
onde m G D2 / 4 e o fluxo de calor específico (kW/m2). Como se admite que
haja equilíbrio termodinâmico, ou, em outras palavras, que o calor transferido ao
refrigerante seja integralmente convertido na mudança de fase, as entalpias do
JMSJ 5-33
is il xsilv
ie il xeilv
onde os índices “s” e “e” se referem às seções de saída e entrada, o índice “l” ao
estado de líquido saturado e “lv” á entalpia de vaporização ou de mudança de fase.
Substituindo as expressões das entalpias na Eq. (A) e rearranjando os termos,
resulta:
4L
xs xe (B)
GDilv
4X10X2
x s 0,20 0,3369
300X0,01X194,8
x2 1 x s x e2
2
1 xe
2
s
p aceleração G 2
(C)
l 1 s v e l 1 e
v s
Percebe-se que a o efeito da aceleração depende da fração de vazio nas
seções de entrada e saída, razão pela qual uma expressão que relacione o título
com a fração de vazio é necessária. Neste exemplo serão consideradas as
seguintes expressões:
1
(D)
1 x
1 v S
l x
1
2/3
Correlação de Zivi (E)
1 x
1 v x
l
“S” é a denominada “razão de deslizamento”, dada pela relação entre as velocidades
da fase vapor (gás) e da fase líquido. Observe-se que o modelo homogêneo
corresponde a S=1 na Eq. (D). Introduzindo os valores dos parâmetros nas
respectivas equações, resultam os seguintes valores para a fração de vazio:
S= 1 2 3 4 5
Eq. (D)/entrada 0,9491 0,9032 0,8615 0,8235 0,7887
Eq. (E)/entrada 0,8159 0,8159 0,8159 0,8159 0,8159
Eq. (D)/saída 0,9743 0,9499 0,9267 0,9046 0,8835
Eq. (E)/saída 0,9001 0,9001 0,9001 0,9001 0,9001
JMSJ 5-34
p
aceleração Eq.(D) 709,9 Pa
p
aceleração Zivi 470,1 Pa
A fração de vazio exerce uma significativa influência sobre os efeitos da
aceleração, como se observa nos resultados acima. O modelo de Zivi proporciona
valores inferiores em virtude de proporcionar frações de vazio inferiores, embora a
variação da fração de vazio ao longo do tubo seja algo superior àquela da Eq. (D).
dp 2 dp
dz L0 dz
atrito monofásico
Introduzindo a Eq. (5.18) para o escoamento monofásico, resulta:
dp 2 2K G
2-n
L0 n+1 n
dz atrito l D l
2K G2-n L 2
p atrito n+1 n L0dz (F)
l D l 0
Como o fluxo de calor específico é constante ao longo do tubo, a coordenada “z” se
relaciona linearmente com o título, “x”, como se demonstra a seguir:
D dz milv dx
dz milv dz L
cosn tan te Integrando
dx D dx x s x e
JMSJ 5-35
2K G2-n L L 2
p atrito
n+1 n L0 dx (G)
l D l x s x e 0
L0
2
depende do título, de forma que a Eq. (G) deveria ser integrada ao longo da
faixa de títulos que se verificam no escoamento do refrigerante pelo tubo. Como o
título varia pouco no presente problema, para efeito de simplificação do
procedimento, poderia ser admitida uma variação linear do multiplicador bifásico,
como ilustrado na Fig. 5.16. Nessas condições, a Eq. (G) pode ser simplificada
resultando:
2K G2-nL 2
p atrito p
n+1 n L0
2
l D l
m monofásico L0 m
(H)
2K G2-nL
p monofásico n+1 n
l D l
2
onde L0
m
é o valor do multiplicador bifásico correspondente ao título médio no
tubo, isto é, xm 0,5 xe xs 0,2684 .
Para a determinação do multiplicador bifásico serão considerados dois
modelos: o homogêneo e o de Lockhart e Martinelli. O expoente “n” e a constante
“K” da Eq. (H) serão admitidos como sendo aqueles da correlação de Blasius:
n 0,25; K 0,079 , de forma que a componente monofásica da Eq. (H) pode ser
calculada, resultando:
2K G2-nL
monofásico n+1 n
p 212,4 Pa
l D l
n
2
LO m
v
( B ) L
vL B
(I)
vB vl xmvlv 0,01625 m3 / kg
JMSJ 5-36
L0
2
2
L0 s
2
L0 m
2
L0 e
xe xm xs x
1
B 3,693X105 Pa.s modelo homogêneo 1
xm 1 xm
v l
B xmv 1 xm l 1,855X104 Pa.s modelo homogêneo 2
2
LO m 12,89 modelo homogêneo 1
2
LO m 19,29 modelo homogêneo 2
2
L m 1
C 1
X X2
O valor de C depende dos regimes das fases vapor e líquido escoando isoladamente
no tubo.
JMSJ 5-37
GD G 1 xm D
Rel l
8799 turbulento
l l
GvD GxmD
Rev 72437 turbulento
v v
0,9 0,5 0,1
1 x m v l
X Xtt 0,3894
Eq.(6.21b)
xm l v
L2 1
m
C 1
2 1
Xtt Xtt
20
0,3894 0,38942
1
58,95
2
L0 m
Eq.(5.19b)
1 x
2
L m m
2 n
34,11
patrito p
monofásico
2
L0 m 212,4X34,11 7247 Pa
p atrito
[Pa]
LM H1 H2
7247 2737 4098
p aceleração
[Pa]
Eq. (D) 709,9 709,9 709,9
Zivi 470,1 470,1 470,1
Totais
[Pa]
Eq. (D) 7957 3447 4808
Zivi 7718 3208 4568
JMSJ 4-1
4 MODELOS CINEMÁTICOS
Os modelos cinemáticos resultam de esforços de modelagem do escoamento
bifásico, tendo aparecido na década de 60. São denominados de cinemáticos
porque relacionam as velocidades das fases, sem introduzir qualquer relação
dinâmica. Na realidade, eles resolvem o problema do movimento relativo. Alguns
dependem da obtenção de resultados experimentais. A utilidade deles foi
extraordinária, uma vez que permitiram a abordagem de problemas bifásicos de uma
maneira relativamente simples, sem necessidade de resolver ou lidar com equações
de campo complexas. Se, juntamente com o modelo cinemático, for proposto um
modelo térmico, como, por exemplo, a hipótese de equilíbrio termodinâmico segundo
a qual Tv = Tl = TSAT, então o problema bifásico está resolvido. Acontece que, em
determinados problemas, como por exemplo durante um acidente tipo LOCA em um
reator nuclear, a interação entre fases é de tal ordem que os modelos cinemáticos
não são mais válidos. Daí a necessidade de operar com as equações de campo
associadas a relações topológicas (das quais tivemos oportunidade de falar
brevemente durante a introdução).
No desenvolvimento dos modelos cinemáticos seguiremos a ordem sugerida
por Delhaye.
O MODELO HOMOGÊNEO
É o modelo mais simples, de acordo com o qual a mistura se comporta como
um pseudofluido. Como ilustrado na Fig. 4.1, admite-se, sem maiores explicações,
que:
QG ARG VG A G VG > 2
(4.3)
A VG G > 2 A VG
As duas barras sobre as velocidades podem ser eliminadas, de modo que,
JMSJ 4-2
QG AVG (4.4)
QL 1 AVL (4.5)
QG AVG
=
QG QL AVG AVL 1
(4.6)
Posteriormente veremos que a relação (4.6) não se verifica
experimentalmente (como seria de esperar!). A relação, entretanto, é importante,
uma vez que relaciona “ ” com um parâmetro mensurável, “β”. Por outro lado, a
relação entre “ ” e “x”, também muito importante, resulta imediatamente.
GG GQG G Q
x
G GQG L QL G Q L (1 )Q
G 1
x (4.7)
G L (1 ) 1 (L / G ) (1/ 1)
1
x (4.8)
1 (L / G ) (1/ 1)
V V p P
V g . nZ - p (4.9)
t Z Z A
onde P é o perímetro e A a área da seção transversal.
A Equação do 1º. Princípio poderia ser facilmente obtida através de um
“balanço” em um trecho elementar de duto, como indicado na Fig. 4.2, desprezando
a energia cinética.
W / m2
d
h h dh
V V dV
dz
Figura 4.2 Volume de controle elementar para a equação da conservação da
energia.
Pdz ( d)(h dh)(V dV) Vh A, onde “”, “V” e “h” variam ao longo
do duto e A é admitida constante. Desprezando infinitésimos de ordem superior:
JMSJ 4-3
P
dZ = Vh Vdh Vhd hdV Vh d(Vh)
A
d
(Vh) P / A (4.10)
dz
se refere à mistura, assim como h. Se, ainda, admitirmos que ocorre equilíbrio
térmico,
p
Cf (4.12)
V 2 / 2
O coeficiente assim definido denomina-se de Coeficiente de Atrito de Fanning.
Nessas condições,
P V P dp
2
p .
A 2 A dz atrito
Se o duto for de seção circular,
dp
dz
atrito
D
2Cf
V 2 (4.13)
Cf CReDn (4.14)
O problema agora é a determinação do Reynolds da mistura, isto é
VD
ReD (4.15)
onde e se referem à mistura. Já tínhamos visto anteriormente que:
1 x 1 x
(4.17)
G L
JMSJ 4-4
1 L G (4.18)
1/ m
y
(1) VG VL Vc (4.20)
R
G
1/ n
y
(2) = (4.21)
G c R
Observe que “y” é a coordenada a partir da parede do tubo, cujo raio é R. Os
parâmetros com índice “c” se referem à condição no eixo do tubo. Os perfis de
velocidade e de frações locais são admitidos simétricos em relação ao eixo do tubo.
A configuração abaixo ilustra o modelo.
VG VL
R
QG A G VG A
G VGdA G (r)VG (r)2rdr
0
2Vc (G )c R2
QG (4.22)
(1/ n 1/ m 1)(1/ n 1/ m 2)
1 (G )c
QL 2VcR2 (4.23)
(1/ m 1)(1/ m 2) (1/ m 1/ n 1)(1/ m 1/ n 2)
De modo que a fração volumétrica pode ser determinada
A relação (4.24) para o cálculo de pode ser ainda relacionada com fração
de vazio G 2 , de acordo com o seguinte procedimento:
1/ n
1 1 y
2 R y dy
R
G 2
A A
GdA
R2 0
(G )c
R
2(G )c
G 2 RG (4.25)
(1/ n 1)(1/ n 2)
Assim,
K (4.26)
onde
2(m+n+mn)(m+n+2mn)
K= (4.27)
(m+1)(2m+1)(n+1)(2n+1)
Verifica-se, portanto, que “ ”, depende de “ ” através de uma relação
simples, Eq. (4.26), onde K depende da forma das distribuições de velocidade e de
frações locais. O parâmetro K varia de 0,6 a 1 para m entre 2 e 7 e de n entre 0,1 e
0,7. Em outras palavras, K não é muito sensível às distribuições de VG e G . O tipo
de relação representado pela Eq.(4.26) foi também observado por outros autores,
principalmente os russos. Eles, a exemplo de Bankoff, propuseram relações do tipo
Eq. (4.26), mas com coeficiente K sendo uma função exclusiva da pressão. Algumas
relações da literatura são:
QG mG / G x mG / G
QG QL mG / G mL / L x mG / G (1 x) mL / L
VG constante na seção
VL constante na seção
de modo que o escoamento tenha a configuração indicada na Fig. 4.4.
VG
VL
QG A G VG 2 AVG
QL A L VL 2 A 1 VL
JGJ 1 VGL VG J
1 VGL VG J
JMSJ 4-7
QG Q J
VG (4.32)
A A
Introduzindo a Eq.(4.32) na Eq. (4.31), resulta
J
(1 )VGL J
= (4.33)
1+
1- VGL
J
onde VGL VG VL velocidade relativa.
Nesta altura, seria interessante verificar como evoluiu a relação entre “ ”e
“ ”.
Modelo Hom ogêneo
K Modelo de Bankoff, K K p
= Modelo de Wallis
(1-)VGL
1+
J
Neste último, observa-se que o movimento relativo entre as fases passa a
ser importante. Entretanto, continua havendo o problema da determinação de VGL .
Wallis resolveu esse problema admitindo um escoamento em que os efeitos
gravitacionais fossem preponderantes, sem a ocorrência de mudança de fase.
Nessas condições, desde que se desprezem os efeitos de atrito com a parede do
tubo, verifica-se que as forças de interação entre as fases dependem
exclusivamente de , L , G e g . Logo, o movimento relativo entre as fases deve ser
função daqueles parâmetros. Nessas condições
0 JGJ 0
1 JGJ 0
Logo, é razoável admitir que JGJ aumente até um valor máximo a partir de
0 , para novamente diminuir até 0, para 1 . A curva da Fig. 4.5 ilustra uma
possível variação de JGJ , correspondente à Eq. (4.34)
JMSJ 4-8
JGJ
Eq. (4.34)
1
Figura 4.5 Curva característica da variação de JGJ com .
Eq. (4.34)
JGJ Ponto de
operação Eq. (4.35)
J
JGJ operação
G
O
1
operação
JL
Região sem
solução
JL 4 JL*
Tangente
JGJ
JG O3
Eq. (4.34)
O2
O’3
JL 3
O1
1
JL 2
JL 1
(JGJ / V ) 1
n
(4.36)
VGL V 1 (4.37)
JMSJ 4-10
GF 2 GF
F (4.38)
G 2 RG
onde o índice 2 fica suprimido no que segue, uma vez que fica subentendido a
média referida à seção. F é uma propriedade local.
Zuber e Findlay definiram ainda o “parâmetro de distribuição”, Co, como
sendo dado pela seguinte expressão:
G j 2 G j
Co (4.39)
G 2 j 2 RG J
j jG jL
De forma geral, “j” é um vetor, que, no caso presente, somente se considera a sua
componente na direção do escoamento em virtude de tratar-se de escoamento em
dutos.
G VGj G VG G j (4.41)
G VGj G VG G j
G VGj jG Co G j
JG J
Logo,
JG
G
Co J VGj
(4.42)
Co VGj / J
VGj VLj J VG VL
● Modelo de Bankoff
● Modelo de Wallis
VG constante na seção, VG VL
VL e VL constante na seção
G constante na seção
G j
Co 1
G j
que é a expressão obtida por Wallis.
1 (1 )VGL / J
Zuber e Findlay sugeriram correlacionar os resultados experimentais em
gráficos do tipo:
JG / f J
JMSJ 4-12
Mas, JG / = VGj Co J
JG G VG
VG
G JG /
tan C0
J
Figura 4.8 Relação entre JG / e J, ilustrando Co como coeficiente angular.
Pontos
experimentais
Coeficiente angular Co
VGj
extrapolado
J
Figura 4.9 Procedimento gráfico para a determinação de velocidade de
deslizamento média.
JMSJ 4-13
m
j r
1 e
jc R
G GP
n
r
1
GC GP R
onde GP é fração local instantânea do gás junto à parede
GC é a fração local instantânea do gás no eixo do tubo
jc é o fluxo volumétrico na direção do escoamento no eixo do tubo
2 GP
Co 1 1 ou
mn2 G
m 2 GC n
Co 1
m n 2 m 2
Gás
● d Ap G pdA G FPG FI dMGgsen mGdVG mGL VG mGL VL (4.43)
Líquido
● d(pAL ) pdAL FPL FI (dML )gsen mLdVL (4.44)
JMSJ 4-14
dML dMG
FPL FI / A L gsen gsen FPG FI / A G
AL AL
1
mL dVL / A L mGdVG dmG VG dmL VL
AG
dp
Se (FPL FI ) / AL dz efeito do atrito no líquido
dz atritoL
dp
(FPG FI ) / A G dz efeito do atrito no gás
dz atritoG
Se fizermos:
d dp
dz dz L gsen
L atritoL
d dp
dz dz Ggsen
G atritoG
Quanto ao 2º membro
1
mL dVL / AL mL dVL / A G mGdVG VGdmG VL dmL mL dV
somado
A G subtraído
A AG 1
mL dVL L mG VG mL VL
AL A G A G
1 AmL
dVL d(mG VG mL VL )
A G AL
1 G 1 x
dVL d xGVG 1 x GVL
1
AG / A
1 x mL
G mG mL
d d x 1 x
1 L AL
G A G L AL
1 x 1 1 x
G2 x2 1 x
2
1 L 1 G L 1
d d
G2
1 1 x x2 1 x
2 2
d d
2L 1
G L 1
G2 1 1 x 1 x
2 2
x2
d
2L 1 G L 1
Assim,
G2 d 1 1 x
2 2
d d 1 x x2
dz dz
1 1 (4.45)
L G dz 2L
G L
JMSJ 4-15
d 1 1 x 1 x
2 2
x2
0
dz 2L 1 G L 1
ou
1 x
2 2
1 1 x x2
1 1 cons tan te
2L G L
1
Como para 0 x 0 constante
2L
NOMENCLATURA
A − área [m2]
Cf − coeficiente de atrito de Fanning
Co − parâmetro de distribuição de Zuber e Findlay
D − diâmetro do duto [m]
g − aceleração da gravidade [m/s2]
G − velocidade mássica [kg/m2.s]
h − entalpia específica [J/kg]
jG − fluxo volumétrico local da fase gás [m/s]
JG − velocidade superficial do gás [m/s]
JGJ − fluxo de deslizamento da fase gás [m/s]
jL − fluxo volumétrico local da fase líquida [m/s]
JL − velocidade superficial do líquido [m/s]
K − fator na relação entre e , K
m ou m − vazão ou vazão média [kg/s]
m − expoente nos modelos de Bankoff ou de Zuber e Findlay
n − expoente nos modelos de Bankoff ou de Zuber e Findlay
P − perímetro da seção transversal [m]
p − pressão [Pa]
Q − vazão volumétrica [m3/s]
r − coordenada radial
R − raio do duto [m]
ReD − número de Reynolds referido ao diâmetro do duto
RG − fração espacial instantânea da fase gás
V − velocidade terminal de uma bolha em meio infinito [m/s]
VG − velocidade da fase gás em geral [m/s]
JMSJ 4-16
− fração de vazio
G − fração local da fase gás
L − fração local da fase líquida
− fração volumétrica da fase gás
− viscosidade dinâmica em geral ou da mistura [Pa.s]
G − viscosidade dinâmica da fase gás [Pa.s]
L − viscosidade dinâmica da fase líquida [Pa.s]
p − tensão de cisalhamento n parede do duto [Pa]
− parâmetro definido no modelo de Levy relacionado à perda de pressão e a
efeitos gravitacionais [Pa]
REFERÊNCIAS
6 EBULIÇÃO NUCLEADA
PARTE I − INTRODUÇÃO À NUCLEAÇÃO HOMOGÊNEA
Quando o problema da mudança de fase é abordado em cursos elementares
de termodinâmica, considera-se que esta tenha início em um estado como o B da
Fig. 6.1 (a). Se, por exemplo, calor for adicionado ao sistema, uma sucessão de
estados de equilíbrio entre B e C ocorrerá, até que todo o líquido tenha sido
totalmente evaporado e o sistema se encontre no estado C.
T constante
PC
Curva binodal
p constante
PC
T [°C]
p [kPa]
A B
A B
3
s [kJ/kg.K] v [m /kg]
(a) (b)
T constante
PC
Curva binodal
p [kPa]
A B
C Curva espinodal
3
v [m /kg]
a
p Tn v 2 v b RT (6.1)
onde “R” é a constante de gás e “v” o volume específico. As constantes “a” e “b”
podem ser determinadas através do estado crítico, para o qual:
p 2p
v 2 0
T v T
A Eq.(6.1) pode ser escrita como:
3 1 8
n 2
3 3
p
v 0 condição de ponto extremo, mínimo ou máximo
T
Nessas condições
3 1
2
n 1
(6.2)
43
E
n=0,5
Berthelot
n=1
Resultados experimentais
NUCLEAÇÃO HOMOGÊNEA
A nucleação homogênea se dá no seio do líquido (ou do vapor) na ausência
de materiais estranhos. Ela ocorre por flutuações energéticas do líquido (ou vapor).
Estatisticamente é possível que grupos de moléculas de elevada energia se
acumulem para formar um embrião de vapor. É claro que a formação de um único
núcleo energético, por exemplo, em uma hora, não acarretaria uma mudança de
fase. Por outro lado, a formação de 1020 núcleos/s cm3 implicaria em uma formação
explosiva de vapor. Assim, um aspecto importante na mudança de fase por
nucleação homogênea é a cinética de formação de núcleos energéticos (embriões
ou pequenas bolhas de vapor). Mas, antes de atacar a cinética, seria interessante
investigar as condições de equilíbrio.
Considere-se um meio líquido infinito num estado caracterizado pela
temperatura e pressão, respectivamente, iguais a TL e pL. Se um núcleo de vapor se
fizer presente nesse líquido, define-se “Energia de Formação” desse núcleo ao
trabalho reversível e isotérmico necessário para sua formação, em outras palavras,
ao aumento da disponibilidade (propriedade termodiâmica) do sistema. A
disponibilidade do sistema nas condições da Fig. 6.4 é dada pela seguinte
expressão, dado que a disponibilidade é uma propriedade extensiva:
A A L A G AI
Líquido
pL, TL
pG, TG
r
Núcleo
AL mL uL T0sL p0 vL
T0 TL e p0 pL
Logo,
AL mL gL
A 4r 2 u TL s
A 4r 2
A mgL mG mL gL
Logo,
JMSJ 6-5
● TG TL (6.4a)
2
● pG pL (6.4b)
r
que corresponde à condição mecânica de equilíbrio, equação de Laplace.
dA 0
As Eqs. (6.4a), (6.4b) e (6.4c) representam as condições de equilíbrio líquido-vapor.
Observe-se que, à medida que se eleva o raio de curvatura, pG pL . Assim, para
uma interface plana
formação, considerada como o máximo da curva A = f(r), diminui. Por outro lado, à
medida que nos afastamos daquele limite, a energia de formação aumenta até se
atingir o estado B, de equilíbrio estável. Acima desse ponto (um estado de líquido
comprimido ou subresfriado) a energia de formação seria infinita, o que fisicamente
equivale à não possibilidade de equilíbrio entre as fases vapor e líquido. O gráfico da
Fig. 6.6 ilustra essa tendência.
A
pressão
r
Figura 6.6 Variação da curva A f r para distintas pressões.
pG pG
psat
dgG vdp
psat
Admitindo (o que normalmente é verdade) que pG não seja muito diferente de pSAT,
de modo que vG possa ser admitido constante, resulta:
do que resulta:
Para o líquido
2 / r *
pL psat (6.11)
1 vL / v G
dp iLV iLV dT
dT Tv dp= (6.12)
sat LV vLV T
A Eq.(6.12), de Clapeyron, indica quanto deve variar a temperatura de saturação
para um dado aumento da pressão. Admitindo que a variação da pressão não seja
significativa, iLV e vLV podem ser admitidos constantes. Assim, integrando, resulta:
iLV T2
p2 p1 ln
vLV T1
Expansão em série
T T
ln 2 ln 1 1 2 1 T2 / T1 1 T2 / T1 ...
2
T1 T1
JMSJ 6-8
T2 T1 iLV
p2 p1
T1 vLV
vLV
T T1 p (6.13)
iLV
pG psat T G
2 / r * vL (6.14)
iLV / TL
pL psat T L
2 / r * v G (6.15)
iLV / TL
Observa-se que:
L V
p p
Limite de existência
Curva de equilíbrio estável da fase vapor Curva de equilíbrio estável
(interface plana)
psat Limite de existência
Estado do vapor L da fase líquido
L V
pL Estado do líquido
V
(a) (b)
Figura 6.8 (a) Estados do líquido e do vapor; (b) curvas de limite de existência das
fases.
2 1,182x105 3
J 3,73x1035 L3 exp (6.16)
M B T( p)2
onde: J = [núcleos/s.cm3]
T = Temperatura do meio líquido [K]
p = pv – pL (atm)
M = massa molecular [kg/kgmol]
ΡL = densidade do líquido [g/cm3]
= tensão superficial [erg/cm2]
B = constante 2/3
É interessante observar neste ponto que J representa a formação de núcleos
energéticos viáveis. Resta agora a interpretação da Eq.(6.16), ou em outras
palavras, conhecer o procedimento de utilização daquela equação. Considere-se o
caso em que a temperatura da fase metaestável (o líquido) é conhecida. Nessas
condições, o procedimento é o seguinte:
L
V
(a) (b)
V
L
L V
(c) (d)
S V S L
cos (6.17)
L V
JMSJ 6-12
r L V
r-h
V S V
S L
B A
r1
Figura 6.10 Uma bolha esférica numa parede e as forças de tensão superficial
resultantes dos contatos S-L, L-V e S-V.
onde
WE v pL pv (6.21)
1 3
V r (1 cos )2 (2 cos )
3
então, o trabalho de expansão será dado por
1 3
WE r (1 cos )2 (2 cos )(pL p V )
3
Como a superfície da bolha é admitida esférica e tratamos de um núcleo de vapor
crítico (em equilíbrio):
2
pL pV
r
de modo que,
JMSJ 6-13
2
WE r 2 (1 cos )2 (2 cos ) (6.22)
3
Logo, a “energia de formação” de um núcleo crítico junto a uma parede, W * , será
dada por:
r 2
W* W WE (1 cos )2 (2 cos ) ou
3
163
W* () WH* () (6.23)
3(pV pL )2
onde
0 1 50 0,916 120 0,156
10 0,999 60 0,844 140 0,0379
20 0,997 70 0,747 160 0,0030
30 0,987 80 0,629 180 0
40 0,962 90 0,500
1 vapor
() (1 cos )2 (2 cos )
4 esfera
pode se afirmar que:
L
L L
V
V V
Figura 6.11 Núcleos esféricos de vapor sobre uma superfície plana, côncava e
convexa.
2
pG pL (6.24)
r
que é a chamada Equação de Laplace, anteriormente abordada. Neste caso,
entretanto, a pressão do gás contido no interior da bolha, pG, é resultante da ação do
gás não condensável e do próprio vapor do líquido contido no reservatório. Em
outras palavras, se nos lembrarmos da Lei de Dalton para os gases perfeitos, a
seguinte relação é evidente:
pG pgnc pv
2
pv pL pgnc (6.25)
r
Observa-se que, quanto maior a presença de gás não condensável na bolha,
maior será o valor de pgnc e, como resultado, menor será o valor de p v e, portanto,
mais fácil será a formação de um núcleo crítico (capaz de nuclear a formação de
uma bolha). Quando a superfície é aquecida, alguns graus acima da temperatura de
saturação são suficientes para ativar aquele bolsão de gás, o qual começa a crescer
tornando-se cada vez maior até o ponto de atingir um tamanho tal que as forças de
empuxo, por exemplo, o destacam da superfície. Entretanto, quando a bolha deixa a
superfície, a cavidade permanece ocupada por gases, resultando a formação de
uma nova bolha, repetindo-se o processo. É interessante observar que, à medida
que mais e mais bolhas são formadas, o gás não condensável que ocupava a
cavidade vai sendo removido até o ponto de não restar traços do mesmo.
Entretanto, a cavidade continuará ativa pela presença do vapor.
A questão que resta resolver é a da temperatura da parede necessária para
a formação de bolhas. Ou, em outras palavras, a temperatura da superfície que
ativará as cavidades. Para responder a esta pergunta, Griffith e Wallis
desenvolveram ensaios em superfícies onde as cavidades tinham tamanhos
conhecidos. Inicialmente trabalharam com líquido à temperatura uniforme, isto é, a
superfície não era aquecida, mas produziam-se bolhas por redução de pressão.
Além disso, garantiu-se que as cavidades fossem preenchidas por vapor do líquido,
não contendo gases incondensáveis, o que foi conseguido por ebulição continuada
da superfície, como sugerido anteriormente. Nessas condições, eles imaginaram
que a situação crítica, isto é, aquela que exigiria um superaquecimento maior, seria
aquela em que o núcleo de vapor se apresentaria como uma superfície esférica de
raio igual ao raio da cavidade, a qual foi admitida como tendo uma forma cônica,
como ilustrado na Fig. 6.12. Nessas condições, pela Equação de Laplace:
TP
V
rc
TP=TL
2
pV pL
rc
(2 / rc )Tsat
Tsat (6.26)
V iLV
JMSJ 6-16
- Cavidade de 10 m
- Pressão atmosférica Tsat 373 K
- Propriedades Termodinâmicas
v V 1,673 m3 / kg
58,78X103 N/ m
iLV 2,2569X106 J / kg
Distribuição de
temperatura no líquido
Superfície
aquecida
Tp
Hsu e Graham, que trabalhavam para a NASA naquela ocasião, foram os primeiros
a propor um modelo de ativação dos núcleos de vapor junto à parede aquecida.
Para isso, eles descreveram um “ciclo de vida” da bolha junto à parede, dividido em
três fases: espera, crescimento e despreendimento. Esse ciclo foi proposto com
base em observações experimentais. Quando da partida de uma bolha “gigante” da
parede, um pequeno núcleo protuberante é deixado junto à cavidade ativa. Esse
JMSJ 6-17
núcleo não começa a crescer imediatamente em virtude do afluxo de líquido frio das
regiões afastadas para a região da parede. Esse líquido faz com que a região que
envolve o pequeno núcleo de vapor não apresente condições para o seu
crescimento. Assim, como a parede aquece continuamente o líquido, a sua
temperatura tende a aumentar até que condições favoráveis sejam atingidas para o
desenvolvimento do bolsão de vapor. O intervalo de tempo para que aquelas
condições sejam atingidas é denominado de “tempo de espera”. A Fig. 6.14 ilustra
o “ciclo de vida” da bolha. Uma vez iniciado, o crescimento da bolha se dará até que
as forças que tendem a removê-la da superfície (arrasto, empuxo, por exemplo)
superem aquelas que a retêm, isto é, as forças de tensão superficial. Quando essa
condição é atingida, a bolha se desprende da parede, dando por encerrado o ciclo.
Bolha
despreendida
Líquido frio L
V
Líquido se
aquece
Calor
Núcleo de vapor Calor
Isotérmicas T∞
Núcleo
Tp
1/ 2
6,4A
rc 1 sat (1 sat )2 (6.27)
4
(Tp T )
onde
Tsat T
sat
Tp T
2Tsat
A
V iLV
JMSJ 6-19
y T T
y
Tp T
t
2
1,0
Eq. (6.26) B Distribuição de
temperatura no líquido em
instantes diversos
A
cresce
(rc)m ax
rc [ m]
(rc)m in =(rc)m ax
(rc)m in
(Tp-T )
TL Tp y (6.28)
kL
onde
Tp – temperatura da superfície
– fluxo de calor
k L – condutividade térmica do líquido.
Na Fig. 6.18 observa-se que, para um dado fluxo de calor, 1, um número
significativo de cavidades será ativado – lembre-se que essas cavidades estão
presentes na superfície. A condição limite ocorreria quando a curva de distribuição
de temperatura do líquido tangenciasse a curva da Eq.(6.26), como se ilustra por
linha tracejada para o fluxo 2. Essa condição corresponde à ativação de uma só
cavidade, como indicado. Essa cavidade está presente na superfície, de modo que a
condição pode ser considerada como necessária. A condição limite pode ser obtida
impondo:
Eq. (6.26)-
T crescimento da bolha
Distribuição de
temperaturas no líquido Tp 2 condição limite
1
y
rc
2 Tsat
T sat
Faixa de
rc iLV v V y
cavidades ativas
rc y condição de crescimento
dTL dT
[Eq.(6.28)] L [Eq.(6.26)]y rc
dy dy
do que resulta
JMSJ 6-21
i k
LV L Tp Tsat
2
ou
8v v Tsat
T Condição para
crescimento da bolha
Tp
Temperatura
do líquido
3
2
1
Faixa de y
cavidades ativas
p
[bar]
T
p Tsat rc
[K] [m]
1,01325 4,37 14,85
4,7597 2,11 7,254
15,550 1,19 3,945
39,776 0,721 2,219
85,917 0,433 1,173
VI
E
Escala logarítmica
D G
Banho de líquido
IV V saturado
III
C Superfície
II aquecida
I B
A
Escala logarítmica
T
p Tsat
Figura 6.20 Curva de Ebulição de um líquido de uma substância pura.
JMSJ 6-23
M ─ início da formação
de bolhas
BN ─ curva normal de
ebulição
N M
B
A
Tp Tsat
(2) A Curva de Ebulição apresenta uma leve histerese na região III, na medida
em que a curva de aumento de fluxo de calor difere daquela de redução.
(3) O fluxo de calor correspondente à região do ponto E é denominado de “Fluxo
Crítico de Calor”. É muito comum na literatura em inglês o uso do termo
“burnout” para se referir a essa região. Esse nome está relacionado ao fato
que, nessa condição, a temperatura superficial sofre uma elevação
significativa, podendo causar-lhe danos irreparáveis, como fusão local do
material. Na realidade, tal fenômeno está associado à fonte de aquecimento.
No caso do aquecimento elétrico (ou por reação nuclear), quando a região do
Fluxo Crítico de Calor é atingida, uma elevação do fluxo de calor (por menor
que seja) pode promover a formação de um “bolsão” de vapor junto à
superfície. Esse “bolsão” isola termicamente aquela região. Como o fluxo se
mantem, o único meio de remover o calor gerado na superfície é o aumento
da temperatura. Essa é a razão pela qual a temperatura superficial dá um
salto no ponto E, indicado por uma linha tracejada, até o ponto G na Fig.
6.20. No caso da água à pressão atmosférica, o Fluxo Crítico de Calor é da
ordem de 1 MW/m2. Se o parâmetro de controle for a temperatura superficial,
como ocorreria com aquecimento por vapor, por exemplo, o cenário ilustrado
acima não se verifica, sendo possível adentrar a região de transição, região
IV.
(4) Se o líquido no banho estiver subresfriado, ao invés de saturado, como
admitido, o efeito resultante é ilustrado na Fig. 6.23 (a). Observe-se que o
eixo das abscissas continua sendo em termos de Tp Tsat .
JMSJ 6-25
Sentido de elevação
da pressão
Subresfriado
Saturado
T
p Tsat Tp Tsat
(a) (b)
Sentido de crescimento
Sentido de da rugosidade superficial
crescimento de θ
T
p Tsat T p Tsat
(c) (d)
Sentido de
crescimento de θ
T p Tsat
(e)
Figura 6.23 Efeitos sobre a Curva de Ebulição: (a) do estado do banho, sub-
resfriado ou saturado; (b) da pressão; (c) do ângulo de contato; (d) da
rugosidade superficial; (e) do tamanho das cavidades.
onde
h(DC)
Nu = Número de Nusselt =
kL
gL T(DC)3
Gr = Número de Grashoff =
L2
gL T(DC)3
Ra = Número de Rayleigh = Gr.Pr =
L L
Diâmetro de Desprendimento
Embora alguns autores tenham feito uma análise exaustiva das forças que
agem sobre uma bolha no instante do desprendimento (vide Cole, R. “Boiling
Phenomena”, Vol. I), duas forças têm papel importante, especialmente em ebulição
em piscina:
Bolha em vias de se
desprender
R
\
Superfície
aquecida
1/ 2
2
DB 0,0148 ( em graus) (6.32)
L V g
Cole corrigiu essa expressão para considerar os efeitos de inércia devido ao
movimento de expansão:
JMSJ 6-28
1/ 2
2 dD
3/2
com dD / dt em mm/s.
Por outro lado, Fritz e Emde concluíram que o produto da freqüência de
bolhas pelo seu diâmetro de desprendimento é constante, isto é,
g L V
1/ 4
V C (6.35)
L2
com os distintos autores discordando a respeito da constante C:
g L V
1/ 4
DB
V 1,18
c L2
onde c = tempo de crescimento da bolha.
Considerando uma coluna de bolhas proveniente de uma cavidade ativa,
como na Fig. 6.25, pode-se escrever:
L
Figura 6.25 Coluna de bolhas com origem numa cavidade ativa em uma parede
aquecida.
L D
V B
t c
onde t = tempo total de permanencia da bolha junto à parede. Por outro lado,
f 1/ t , logo:
JMSJ 6-29
V
L DB . t
f c
t g L V
1/ 4
DB f V t ou DB f C( c ) (6.36)
c t t L2
Jakob & Linke tinham também observado que o tempo de espera da bolha era igual
ao de crescimento, uma conclusão que posteriormente não foi confirmada por
experimentos cuidadosos levados a cabo por Hsu, como se observou anteriormente.
Nessas condições:
c / t 0,5
Assim,
g L V
1/ 4
DB f 0,5C (6.37)
L2
No caso de Zuber: 0,5C 0,59 . Por outro lado, se considerarmos que:
1/ 2
2
DB 0,0148 e L V
g L V
1/ 2 1/ 4
1/ 2
DB DB
ou
0,0209 gL 0,0209 gL
Se comparada com a equação para fDB, Eq. (6.36),
t
1/ 2
DB 1 1
1/ 2
0,0209 fDB t
Cg t c
t
Cg1/ 2 c 0,0209
1/ 2
fD1/B 2 (6.38)
t t
Se
(1) c / t 1 (fluxo de calor muito elevado
(2) 45o fDB 1,217g
1/ 2 1/ 2
(6.39)
(3) C 1,18
No caso de c / t 0,5 fD1/B 2 0,603g1/ 2 (6.40)
Crescimento da bolha
A literatura relativa ao crescimento de bolhas é extensa, cobrindo diversos
aspectos. Para não deixar passar em branco esse tópico no presente contexto, o
tema será tratado de forma sumária. O leitor pode se referir ao Apêndice do
presente capítulo para uma análise mais detalhada sobre o crescimento de bolhas.
Na análise que segue, se admitirá que a bolha cresce em um meio líquido infinito e
superaquecido a temperatura uniforme, o que não representa exatamente o
crescimento junto a uma parede aquecida, onde o líquido apresenta significativos
gradientes de temperatura.
JMSJ 6-30
pV Estado do
vapor
L
Estado do
pL líquido
V
Tsat TL T
Tempo
pV
Estado do vapor
TV Tsat na região de
crescimento por
“difusão”
p V pL
pL
Tsat TL T
Fica implícito que o raio da bolha para essa solução assintótica deve ser
“muito grande” de modo que os efeitos de tensão superficial sejam desprezíveis, de
forma que pV pL .
À medida que a bolha cresce a partir da condição de equilíbrio em que o
núcleo de vapor apresenta um diâmetro reduzido, a evaporação de líquido na
interface da bolha reduz a temperatura na região. Assim, à medida que a condição
de crescimento assintótico se aproxima, desenvolve-se um gradiente de temperatura
no líquido junto à interface da bolha. Durante o crescimento por difusão a bolha
cresce pela evaporação de líquido junto à interface como resultado da transferência
de calor do seio do líquido superaquecido para a interface, que se encontra no
estado saturado.
Solução de Bonsjăkovic
Para um volume de controle em torno da bolha, envolvendo o líquido junto à
interface, como ilustrado na Fig. 6.29, a Conservação da Energia pode ser escrita
como:
Transferência
de calor
SC
Líquido
d d
QVC (muV ) mi L pv
dt dt
Como o estado do vapor não se altera, uv permanece constante. Lembrando que
(dm / dt m) , obtem-se:
JMSJ 6-32
dm dm dm
QVC uV iL p V v V
dt dt dt
dm dm dm
(uV p V v V ) iL (iLV )
dt dt dt
dR
QVC 4R2ViLV (6.41)
dt
Bonsjăkovic admitiu que a região onde ocorre o gradiente de temperatura no líquido
apresenta uma espessura reduzida e, portanto, constitui uma espécie de “camada
limite” de temperatura em torno da bolha. No caso de um sólido semi-infinito, a
espessura da “camada limite”, , é dada por:
4t
onde é a difusividade térmica do meio. Como se trata de uma superfície esférica,
o coeficiente numérico (“4”) é substituído por “ ”. Nessas condições, utilizando
como referência a representação esquemática da Fig. 6.30,
TL
TV Tsat
Interface
Vapor
Líquido
TL TV
Q VC k L
. 4R 2
onde
L t
4R2 TL Tsat dR
QVC k L 4R2LiLV
L t dt
dR TL Tsat k L
Tsat TL Tsat superaquecimento do líquido.
dt LiLV L t
2TsatkL 2 V CL Tsat
R t1/ 2 L t
V iLV L V iLV
2
Ja L t
1/ 2
R (6.42)
Outros modelos mais precisos para o crescimento por difusão apresentam
expressões semelhantes, diferindo somente no coeficiente numérico, que, no caso,
é igual a 2 / .
CORRELAÇÕES TIPO I
Duas situações
distintas
Região de
convecção natural
DB
DI
Região de
influência da bolha
Figura 6.31 Áreas de influência da bolha e região de convecção natural sobre uma
superfície aquecida em ebulição nucleada.
(1) O líquido frio junto à parede aquecida é admitido como sendo um sólido
semi-infinito cuja temperatura superficial é Tp e a temperatura inicial e ao
longe é Tsat , como indicado na Fig. 6.32. O meio infinito corresponde ao
banho de líquido, admitido no estado saturado e em repouso durante o
tempo de espera. Assim, a taxa instantânea de transferência de calor por
unidade de área (fluxo específico de calor) junto à parede é dada pela
seguinte expressão:
y Tsat
y
Sólido semi-
infinito
Tp
k L Tp Tsat
B (6.43)
L t
1/ 2
1/ f
kLLcL Tp Tsat f 1/ 2
2
B f B dt
1/ 2
(6.44)
0
JMSJ 6-35
kL
L
L c L
D2
QB I n B
4
m
i
n C1 rs f1 , L LV T Tsat
m m
(6.46)
2Tsat
p
1/ 2
Jam
5/4
DB C2 (6.47)
g L V
(6) A freqüência das bolhas foi relacionada pelo modelo de Zuber, Eq. (6.37):
g L V
1/ 4
DB f C3 (6.37)
L2
onde C3 0,59
QB / A t E 21m 1/ 2C1C32 / 2C1/3 2 [rs f , ]m Ck L
1/ 2
X
g 1/ 8 15 / 8 L iLV
m
m 1
(6.48)
X L V
Ja T T
L2 Tsat
m p sat
t A CN A CN QB ou
A
t CN CN QB /A t
At
do que resulta finalmente:
A
t CN CN E (6.49)
At
onde CN é o fluxo de calor por unidade de área na região externa à de influência
das bolhas, A CN é a área correspondente àquela região e At é a área total da
superfície. O fluxo específico de calor para convecção natural, CN , é dado em
termos do Número de Rayleigh, como anteriormente observado.
Nu C1 Rem Pr n (6.50)
característica da convecção forçada. É evidente que o número de Prandtl se refere
ao líquido, uma vez que as bolhas são simples agentes que promovem o movimento
de líquido, segundo esse modelo. Resta, entretanto, caracterizar os números de
Nusselt e de Reynolds. Para o Re, admite-se como dimensão característica o
diâmetro da bolha em crescimento, ao passo que a velocidade característica do
líquido é admitida como a de crescimento da bolha (em outras palavras, a
velocidade de sua interface). Assim,
Re
DC dR / dt DC R (6.51)
L L
onde DC é uma dimensão característica. Por outro lado, a velocidade de
crescimento, R , foi obtida de um modelo proposto pelos próprios autores, cujo
resultado é semelhante ao de Bonsjăkovic, referido anteriormente. Assim,
JMSJ 6-37
R Ja L t
1/ 2
(6.52)
e
1/ 2
R Ja (6.53)
4t
O número de Nusselt é definido da forma convencional:
h(DC)
Nu
kL
ou, como
h
Tp TL
(DC)
Nu (6.54)
kL (Tp TL )
1/ 4
RR 2
DC Ro
L
(6.55)
2Ro
onde Ro é o raio de uma bolha, dado pela Equação de Laplace:
2
Ro
pV pL
1/ 2 1/ 4
2 L
DC Ja L
1/ 2
(6.56)
pV pL pV pL
onde pL é a pressão do sistema e p V é a pressão de vapor em equilíbrio à
temperatura da superfície. A diferença entre pressões, pV pL , é normalmente
representada por psat . Foster e Zuber admitiram os seguintes valores para os
parâmetros da Eq. (6.50):
C1 0,0015
m 0,62
n 0,33
É comum o modelo de Forster e Zuber ser expresso pela seguinte equação
para ebulição em líquido saturado:
kL0,79cL0,45L0,49
h 0,00122 0,5 0,29 0,24 0,24 Tsat psat
0,24 0,75
(6.57)
L iLV V
JMSJ 6-38
CORRELAÇÕES TIPO II
Rohsenow
O mecanismo de transferência de calor admitido por Rohsenow é aquele
resultante da agitação do líquido promovido pelo movimento das bolhas associado
ao desprendimento das mesmas da parede aquecida. Desde que o mecanismo
físico dominante é a convecção simples, da análise dimensional, resulta:
Nu F1 Re,Pr (6.58)
DBGB
ReB
L
(6.59)
ReB : Reynolds referido ao diâmetro de desprendimento das bolhas
GB : vazão específica de vapor
1/ 2
2
DB C (6.60)
g L V
D3
GB v B fn (6.46)
6
onde
f = freqüencia das bolhas em uma cavidade ativa
n = número de cavidades ativas por unidade de área.
Por outro lado, como observado anteriormente, de acordo com o modelo de Fritz e
Emde,
DB3
latente v iLV nf latente (6.62)
6
Entretanto, Rohsenow & Clark provaram que esse efeito era pequeno. Por
outro lado, experimentalmente verificou-se que:
D3
C2 latente C2 B v iLV nf
6
JMSJ 6-39
nf GB (6.64)
D
3
C2iLV
C2 B v iLV
6
Introduzindo as Eqs (6.60) e (6.64) na Eq. (6.59), resulta:
1/ 2
C
ReB 2 (6.65)
C2 iLV L g L v
1/ 2
hDB h 2 C
NuB (6.66)
kL kL g L V
Pr L / L
h (6.67)
TP Tsat
de modo que,
1/ 2
hDB C 2
NuB
kL kL TP Tsat g L v
NuB NuB
StB (6.68)
PeB ReB PrL
iLV
StB C2 (6.70)
cPL TP Tsat
m
n
cPL (TP Tsat ) L c PL
m
C 2C
3 (6.71)
hLV C2 Cc iLV L
g L V
k L
Csf
● Stefan-Abdelsalam
A correlação (talvez fosse melhor referir-se às “correlações”) proposta por
Stefan e Abdelsalam resulta de uma análise dimensional seguida de ajustes
adequados de resultados experimentais de distintas fontes, num total de 5.000
pontos, envolvendo diferentes fluidos, geometria (planas, cilindros e tubos e cabos),
e materiais. Os parâmetros adimensionais resultantes são os seguintes:
L 2 Rp ck s c s V
X6 PrL ; X7 ; X8 ; X9 ; X11 ; X11 ; X13 L
db3 g db L cpLkL L L L
hd db
Y b Número de Nusselt
kL
Tp Tsat kL
onde db é o diâmetro de desprendimento das bolhas, dado pela Eq. (6.72):
1/ 2
2
dB 0,0148 (6.72)
g L V
É interessante notar que a Eq. (6.72) está afetada de um erro no artigo
original de Stefan e Abdelsalam. Os índices “c” e “s” se referem ao sólido em contato
direto com o líquido e aquele sob a superfície aquecida, respectivamente. Os
autores observam que o parâmetro X13 reproduz melhor o efeito da pressão que o
correspondente X5, tendo, em conseqüência, adotado aquele parâmetro (X13) nas
correlações.
Stefan e Abdelsalam dividiram os resultados experimentais de modo a
ajustar curvas em função do fluido em virtude de diferenças entre os distintos grupos
de fluidos nos resultados relativos á transferência de calor. Verificaram, além disso,
que os parâmetros adimensionais dominantes variavam com o grupo de fluidos. As
correlações resultantes em função do grupo de fluidos estão representadas na
Tabela 6.7.
JMSJ 6-41
Grupo de
fluidos Correlação* Condições
104 p / pc 0,886
Água
Nu 0,246X107 X10,673 X31,26 X4 1,58 X135,22 45
(6.73) Erro médio absoluto: 11,3%
5,7X103 p / pc 0,9
Hidrocarbonetos
0,67
Nu 0,0546 X50,5 X1 X40,248 X13 4,33 35
(6.74) Erro médio absoluto: 12,2%
4X104 p / pc 0,97
0,329
Fluidos Nu 4,82X 1
0,624
X3 0,374
X4 X5 0,257
X9 0,117
1
criogênicos (6.75) Erro médio absoluto: 14,3%
3X103 p / pc 0,78
Refrigerantes Nu 207X 1
0,745
X5 0,581
X6 0,533
35
(6.76) Erro médio absoluto: 10,57%
104 p / pc 0,97
1,73
Todos os fluidos Nu 0,23X 1
0,674
X2 0,35
X4 0,371
X5 0,297
X13 Erro médio absoluto: 22,3%
(6.77)
* Nu hdb / kL
h
Cons tan te i Pr opriedade i i
(6.78)
m
l lv
k1,7 0,33
h
Csf1 g0,165 (6.79)
0,67 hlv0,77 c pl0,7 1,37
l 0,165
A Eq. (6.79) apresenta a forma geral da Eq. (6.78) desde que se omita o
termo da aceleração da gravidade que pode ser incorporado à constante. Como no
caso da correlação de Rohsenow, as expressões da literatura podem ser reduzidas
a um produto de propriedades de transporte do líquido, a tensão superficial, a
densidade do vapor e/ou a diferença entra as densidades das fases. Por outro lado,
Cooper utilizando argumentos extraídos da Lei dos Estados Correspondentes da
Termodinâmica, sugeriu que as propriedades de transporte podem ser avaliadas,
com razoável precisão, por expressões do tipo:
JMSJ 6-42
h
Cons tan te prA log10 pr
B
(6.82)
m
h
logpr
0,12 0,2logRp 0,55
55 pr M0,5 (6.83)
0,67
● Ribatski
Ribatski desenvolveu uma correlação com base no procedimento sugerido
por Cooper, tendo ajustado os coeficientes a partir de um banco de dados
constituído de refrigerantes halogenados em ebulição sobre superfícies cilíndricas
de cobre, latão e aço inoxidável. A expressão resultante é a seguinte:
h 0,8
fp pr0,45 log pr Ra0,2 M0,5 (6.84)
m
Aço
Material Cobre Latão inoxidável
fp 100 110 85
● Literatura alemã
A maioria das correlações para a transferência de calor na Ebulição
Nucleada não considera o efeito da pressão. Algumas foram desenvolvidas para
pressões próximas à atmosférica. Uma expressão generalizada para o coeficiente
de transferência de calor pode ser escrita como:
h Cn (6.85)
Como a taxa de transferência de calor, como deve ter ficado claro, depende
da pressão, o fator C da Eq. (6.85) deve ser uma função da pressão que pode ser
escrita como:
C C0 f p
h C0 f p n (6.86)
h0 C0 0n (6.86a)
n
h
f p
h0 0
Como a expressão acima é adimensional, seria interessante que a função
f p viesse dada em termos de uma pressão adimensional, no caso, a pressão
reduzida, pr p / pc , onde pc é a pressão crítica do particular fluido. Assim,
n
h
f pr (6.87)
h0 0
A função deve ser tal que f pr0 1. Alguns autores levantaram valores ou
expressões para a função f pr . Na literatura alemã, as expressões levantadas por
Gorenflo e colaboradores são de uso geral, tendo as mesmas a seguinte forma,
dependente do fluido:
JMSJ 6-44
1,8
f pr 2,10pr 0,27 4,4 pr fluidos orgânicos e amônia
1 pr
(6.88)
1,0
f pr 2,55pr 0,27 9 p 2 água e líquidos criogênicos
2 r
1 p r
100
80
40
20
Água
0,001
0,2 0,4 0,6 0,8 1
pr
2 2 2
Fluido h0 (W/m .K) Fluido h0 (W/m .K) Fluido h0 (W/m .K)
R-11 R-227 tolueno
1584 2150 1646
R-12 RC-318 difenil
2263 2376 1148
R-13 R-502 metanol
2206 1867 1567
R-13B1 água 3790 etanol
1980 2087
R-22 metano n-propanol
2206 4559 1793
R-23 etano isopropanol
2489 2947 1652
R-113 propano n-butanol
1499 2263 1556
R-114 n-butano isobutanol
2150 1867 1663
amônia n-pentano acetona
3960 1737 1850
R-115 isopentano clorometano
2376 1663 2710
R-123 n-hexano CCl4
1471 1607 1312
R-134a n-heptano CF4
2546 1369 2546
R-152a ciclohexano
2263 1369
R-226 benzeno
2093 1544
h Rp0,133 (6.90)
Nessas condições, a expressão geral para o coeficiente de transferência de
calor assumiria a seguinte forma:
m
Rp
n n
h h
f pr FpFR (6.91)
h0 Rp0 0 h0 0
O Modelo de Jens-Lottes
A Ebulição Nucleada não ocorre somente em superfícies convenientemente
aquecidas e imersas em um banho de líquido (piscina). Ela também se dá em
sistemas envolvendo o aquecimento de fluidos que escoem no interior de um duto
(ou exteriormente). Como se verá mais adiante, a Ebulição Nucleada naqueles
casos está geralmente associada à formação de bolhas junto a paredes aquecidas,
em regiões onde o líquido que escoa pela região central do tubo se encontra
subresfriado. Essas situações estão associadas a uma condição em que se diz não
ocorrer equilíbrio termodinâmico: ocorre ebulição, embora o líquido, em média, não
esteja saturado. Diz-se que ocorre ebulição local. Nessas condições, a formação
JMSJ 6-46
intensa de bolhas junto à parede do tubo faz com que o líquido que escoa afastado
da superfície não afete significativamente o processo que lá ocorre. Os modelos até
aqui apresentados poderiam ser aplicados a essa situação. Entretanto, em
aplicações com água, alguns modelos empíricos foram desenvolvidos, tais como o
de Jens-Lottes, proposto no início da década de 60. A sua forma geral pode ser
escrita como:
L V g
1/ 4
0,6
V
crit 0,143 iLV V L (6.95a)
V
sendo o coeficiente numérico em pés/h.
0,6
V
crit 0,0119 iLV V L (6.95b)
V
com o coeficiente em m/s.
A Tabela 6.9 apresenta uma comparação entre os fluxos críticos
proporcionados pelas expressões sugeridas acima para a água.
Tabela 6.9 Fluxo crítico de calor para a água de acordo com distintas expressões.
ρL ρV X10
3
p iLV Zuber(1) Zuber(2) Rohsenow
3 3 2 2 2
(bar) (kg/m ) (kg/m ) (kJ/kg) (N/m) kW/m kW/m kW/m
1,0135 958,3 0,5977 2256,9 58,78 1.107,8 1.522,0 1.344,0
15,550 864,7 7,862 1940,6 37,81 3.499,3 4.808,2 3.030,0
39,776 799,2 19,98 1715,2 26,19 4.013,0 5.514,0 3.674,0
85,917 712,5 46,20 1404,0 14,39 3.892,0 5.348,0 3.828,0
*Zuber 1; Constante = 0,131
Zuber 2; Constante = 0,180
Líquido
Vapor
1/ 4
g L V
min C iLV V (6.96)
L V
2
C 0,177 Zuber(1959)
C 0,130 Zuber(1958)
C 0,090 Berenson (1961)
JMSJ 6-48
Laboratório de Refrigeração
Departamento de Engenharia Mecânica
Escola de Engenharia de São Carlos
Universidade de São Paulo
Avenida Trabalhador Sãocarlense, 400 Centro
13566-590 São Carlos, SP
Artigo publicado no
Journal of the Brazilian Society of Mechanical Sciences and Engineering,
Vol. XXVI, pp 218 a 230, 2004.
JMSJ 6-50
Abstract
This paper reports results from an investigation on the performance of the Rohsenow’s type of
correlation when applied to the nucleate boiling of halocarbon refrigerants over cylindrical surfaces of
different material. Experimental data for refrigerants R-11, R-123, R-12, and R-134a have been raised
and fitted according to two different procedures. It has been determined that exponents m and n are
weakly affected by the refrigerant, and surface material and finishing. Liquid/surface combinations and
surface roughness affect the coefficient Csf. A correlation has been developed for Csf in terms of the
liquid/surface combination and surface roughness. The resulting correlation has been evaluated through
the experimental data used in the fitting process and results obtained elsewhere. Deviations of
correlation with respect to the experimental heat transfer coefficient are within acceptable ranges.
1. Introduction
Nucleate boiling has been under intense scrutiny since the early thirties, when pioneering research
studies came to light. Ribatski (2002) rightly points out that the number of publications has grown
steadily since that time. This interest is justified by the heat transfer enhancement that this mechanism
promotes on heated surfaces. Generally speaking, nucleate boiling research has been traditionally
focused into the investigation of the physical mechanism and the development of general correlations
for the heat transfer coefficient. Physical models tend to reproduce the particular mechanism that
prevails under specific operational conditions of the boiling surface such as pressure, liquid subcooling,
liquid/surface combination, and geometry. As a result, most of the semi-empirical correlations are
strongly dependent upon operational conditions not being amenable to generalizations. The
Rohsenow’s correlation is one of them, having endure up to present days. Based upon straightforward
arguments, Rohsenow (1952) suggested that the heat transfer enhancement under boiling conditions is
the result of local liquid circulation in the region close to the heating surface promoted by successive
bubble detachments. Given this physical scenario, a locally defined Stanton number could be written in
terms of an equally local Reynolds number and the liquid Prandtl number. The local Stanton number
was referred to the mass velocity of vapor leaving the surface whereas the Reynolds number was
JMSJ 6-51
written in terms of the same mass velocity and a characteristic dimension proportional to the bubble
m
1
2 n
c pl T q" c pl l
C sf
hlg hlg l
g l g
kl
(1)
St * C sf Re bm Prln
(2)
The left hand side of Eq. (1) corresponds to the inverse of Stanton number, St*, whereas the first term
of the right hand side could be considered a Reynolds number referred to the bubble departure
diameter. Values of exponents m and n were found to be equal to 0.33 and 1.7 by curve fitting
experimental results obtained elsewhere for liquids other than water. Rohsenow suggested to change
the exponent of the Prandtl number to 1.0 for water. Furthermore, according to Rohsenow, whereas m
is not affected, n might depend upon the surface finishing, attaining values in the range between 0.8
and 2.0. The numerical coefficient, Csf, was related to the effect of liquid/surface combination through
the contact angle, . Thus for water boiling on a smooth copper surface, Rohsenow determined the
value of Csf to be equal to 0.013. Later on Vachon et al. (1968) performed extensive experiments
involving several liquid/surface combinations to obtain the associated values of Csf and n. Neither
Rohsenow nor Vachon and coworkers performed experiments involving halocarbon refrigerants boiling
on cylindrical surfaces which are the main objective of present study. Noteworthy are studies by Sauer
et al. (1975), Saiz Jabardo and Silva (1991) and more recently Pioro (1999) who fitted data from
experiments involving a limited number of halocarbon refrigerants. Their data shed some light over the
behavior of the Rohsenow correlation with respect to the aforementioned refrigerants. Table 1 presents
a summary of studies carried out in relation with the Rohsenow correlation. The table includes
information regarding the fluid(s), surface material, operational conditions such as the ranges of pool
JMSJ 6-52
pressures and heat fluxes, and the values of Csf, m, and n each study has come up with by fitting
experimental results. Interesting to note in this table is that the few studies that have dealt with
halocarbon refrigerants did it with the low pressure ones, such as R-11 and R-113, both of them of the
Present study has been set forth to experimentally investigate nucleate boiling on cylindrical copper,
brass and stainless steel surfaces of both low and high pressure halocarbon refrigerants R-11 (CFC), R-
123 (HCFC), R-12 (CFC), and R-134a (HFC). Constant parameters of the Rohsenow correlation are
evaluated and analyzed based upon data involving this set of refrigerants and an extensive range of
reduced pressures and heat fluxes along with different surface conditions.
2. Experimental set up
The experimental set up comprises the refrigerant and cooling circuits, as shown in Fig. 1. The charge
of refrigerant is basically contained in the boiler in which the liquid is kept at a reasonable level above
the test surface (tube) so that the column head does not affect significantly the equilibrium saturation
temperature. The cooling circuit is intended to control the equilibrium pressure in the boiler by
condensing the refrigerant boiled in the heating surface. The condensing effect is obtained by a 60%
solution of ethylene glycol/water that operates as intermediate fluid between the condenser and the
cooling system not shown in Fig. 1. The ethylene glycol/water solution is cooled by either a
refrigeration circuit or water from a cooling tower, depending upon the operating pressure. This
The boiler is a 40 liters carbon steel container with two lateral circular windows for visualization. It
contains the boiling surface in addition to a 1500W/220V electrical heater, installed at the bottom, and
two sheathed type T thermocouples. The boiler is also fitted with openings for connections to a
pressure transducer, a safety valve, and vapor and liquid return copper lines, as shown in Fig. 1. The
sheathed thermocouples are installed in such a way to measure and monitor the temperature of the
liquid pool and the vapor in equilibrium with it. Under normal operating conditions these
thermocouples indicate temperatures which are very close to each other and to the saturation
The test (boiling) surface is placed in the middle of the boiler so that the boiling mechanism can easily
be visualized through the glass windows. It is made up of a 19.0 mm diameter and 3.1 mm thick copper
tube, a cut way view of it is shown in Fig 2. The test tube is supported by a brass piece which is thread
attached to the flanged cover of the boiler. The boiling surface is heated by a 12.6 mm diameter and
210 mm long cartridge electrical heater. The electrical power to the boiling surface is controlled by a
manually operated voltage converter and measured by a power transducer. Surface temperature is
measured through eight 30 AWG type T thermocouples installed in grooves carved by an electro
erosion process in locations indicated in Fig. 2. Thermocouples are kept in place by a thermal
JMSJ 6-54
conductive epoxy resin. Electrical signals from the transducers are processed by a data acquisition
system which includes two 12 bit A/D converter boards with 16 channels each, and three connection
aqueous solution
Condenser of ethylene glycol
pressure
transducer power supply
test section
glass window draining and
charging line
Figure 1. A schematic diagram of the experimental set up showing the main components and
equipment.
1.2 3.1
2.3
Figure 2. Longitudinal and transversal cut view of the test section showing the location of the surface
thermocouples.
3. Experimental procedure
The boiling surface used to be treated prior to the beginning of the tests. Sandpaper scales with mesh
size varying in the range from 220 to 1,200 were used to obtain the final surface roughness and applied
JMSJ 6-55
through a regular late machine run at 1,200 rpm. Experiments were also conducted with a polished
surface, which required a special treatment, and a sand blast surface. After treatment, the boiling
surface used to be thoroughly cleaned with a solvent (normally refrigerant R-11) and the roughness
measured at 10 randomly selected regions before attaching it to the boiler. After testing the boiling
surface, 10 randomly selected regions were again taken for roughness measurement so that conditions
of the surface before and after the tests could be compared. The roughness was measured in terms of
the CLA arithmetic average, Ra. The treatment suggested above allowed experiments to be run in the
range of surface roughness, Ra, between 0.020.01 m and 3.3 0.4 m.
The internal surface of the boiler used to be cleaned and kept under a vacuum of less than 2 kPa during
a period of 12 hours before the attachment of the boiling surface and the introduction of the test
refrigerant. Tests were conducted under saturated conditions of the refrigerant. This condition was
continuously monitored and adjusted as needed. The datum point would only be logged if the readings
of the sheathed thermocouples were close enough (within 0.2 K) to each other and to the saturation
temperature inside the boiler obtained from the pressure transducer reading. For analysis purposes, the
saturation temperature of the pool was determined as the average of the readings of the sheathed
thermocouples. Tests were conducted by gradually increasing the heat flux up to its predicted
maximum. Once the maximum was attained, the heat flux was gradually reduced down to zero. Only
downward heat flux data were considered for analysis purposes. Several procedures were tried to check
for possible effects on the results. Two of such procedures consisted in keeping the boiling surface
active for some time before logging data and starting directly from the maximum heat flux.
In measuring the surface temperature care was exercised in evaluating the thermal resistance of the
copper wall between the couple location and the actual boiling surface. In addition, axially located
thermocouples helped in evaluating axial heat conduction. It has been determined that in the location
corresponding to section 2 of the test tube, Fig. 2, the axial heat flux was negligibly small. A thorough
discussion of surface temperature measurement can be found in Ribatski (2002). The temperature
considered for analysis purposes was the one from the thermocouple located midway between those at
top and bottom of the heating surface at section 2 (Fig. 2). The temperature indicated by this
thermocouple is equivalent to the average of the readings of the three section 2 thermocouples.
Instruments were calibrated and the uncertainty of measured parameters evaluated according to the
procedure suggested by Abernethy and Thompson (1973) with results summarized in Table 2.
JMSJ 6-56
Tests conducted under the investigation reported herein have raised information regarding the effects
on boiling heat transfer caused by the change in refrigerant, pressure and surface material and finishing
condition. Though the main objective of the paper is to correlate results according to the form proposed
by Rohsenow, a summarized analysis of the obtained data will be presented in such a way to clear up
some important effects related the main physical parameters investigated in present research. These
effects can clearly be seen in the boiling curves of Figures 3 to 5. Close examination of these figures
Parameter Uncertainty
minimum heat flux, q”=0.60 kW/m2 1.8%
maximum heat flux, q”=120 kW/m2 0.3%
heat transfer area 0.3%
wall temperature 0.2K
saturation temperature 0.2K
superheat temperature 0.,3K
2
heat tranfer coefficient, h= 2.27 kW/ (m .K)
R-123, pr=0.011, Ra=0.16m, copper, q”=114 kW/m2 1.3%
heat tranfer coefficient, h= 4.2 kW/ (m2.K)
R-134a, pr=0.260, Ra=2.5m, copper, q”=2.27 kW/m2 19.5%
(1) The slopes of boiling curves vary from values close to zero at the incipience of boiling up to an
asymptotic level in the high heat flux range. The effect of pressure on the asymptotic slope seems
(2) The region of the boiling curve where significant variations of the slope occur corresponds to the
one known as Partial Nucleate Boiling, Collier and Thome (1996). The extent of this region
depends upon the boiling liquid, pressure, and surface roughness. For conditions considered in
present study, heat fluxes corresponding to the Partial Nucleate Boiling region are limited to a
maximum of 30 kW/m2.
JMSJ 6-57
(3) Pressure affects positively the heat transfer, and so does roughness as the displacement of the
boiling curves to the left suggests. This should be an expected result considering effects of both the
surface tension and the range of cavity size, which are respectively associated to boiling incipience
and density of active cavities. Refrigerants are affected differently by the pressure and especially
by the surface roughness. In fact, as shown in Fig. 4(a), the displacement of the boiling curve to
the left with Ra is more significant for R-11 than for R-123. For the case of medium pressure
refrigerants, Fig. 4 (b), R-12 is affected more by surface roughness than R-134a.
(4) Effects of pressure and roughness on the boiling curve are more effective at lower pressures as can
clearly be seen in Figs. 3 and 4. This trend confirms a suggestion previously made by Cooper
(1984).
(5) Another important nucleate boiling parameter is the heating surface material. As previously
suggested, present research involved tests with three materials: copper, brass and stainless steel.
Figure 5 shows boiling curves of refrigerants R-123 and R-134a on surfaces made up of the
aforementioned materials. The effect of the heating surface material over the boiling curve is
strikingly significant, the extent depending upon the particular fluid. It can be noted in Fig. 5(a) for
refrigerant R-123 that differences between boiling curves for copper and brass surfaces are
minimal as compared to that for stainless steel. On the other hand, in the case of refrigerant R-
134a, Fig. 5 (b), boiling curves corresponding to different materials present comparable differences
between each other, with copper presenting better performance and stainless the least.
(6) Results from part 5 suggest the influence of a combined surface/liquid effect instead of an isolated
surface material effect, as suggested by some authors. In fact, if this were the case, boiling curves
from Fig. 5(a) for copper and brass would present comparable differences between each other as
those from Fig. 5(b), opposite to what actually is observed in these figures. This conclusion is in
accordance with the proposed Rohsenow surface/liquid effect, characterized through the Csf
numerical coefficient.
5. Correlation of results
Boiling curves as the ones shown in Figs. 3 to 5 include the following three regions with increasing
heat flux: (1) natural convection; (2) partial nucleate boiling; and (3) fully developed nucleate boiling.
Data considered for correlation purposes should be only those corresponding to fully developed
JMSJ 6-58
nucleate boiling. However, in some previous studies experimental data for correlation purposes have
been chosen by arbitrarily selecting a minimum heat flux. This heat flux would be one that would
guarantee theoccurrence of nucleate boiling and, as a result, the elimination of natural convection data.
Thus, by adopting this procedure, data for both partial and fully developed nucleate boiling would be
included in the set chosen for the fitting procedure. A more rigorous procedure would involve the
determination of
(a) (b)
Figure 3. Boiling curves at different reduced pressures. (a) Low pressure refrigerants R-11 and R-123
for an average roughness, Ra=0.16 m; (b) high pressure refrigerants R-12 and R-134a for
an average roughness, Ra=0.07 m. Copper surface. Filled symbols stand for R-123 and the
blank ones for R-11.
JMSJ 6-59
120
120
100
100
80
80
q " (kW / m )
2
q" ( kW / m )
2
60 R-11 0.17 m
60
R-11 0.45 m R-12 0.06 m
40 R-11 2.30 m R-12 0.51 m
40
R-123 0.16 m
R-134a 0.07 m
20 R-123 0.47 m
20 R-134a 0.50 m
R-123 3.30 m
R-134a 2.50 m
0
0
0 5 10 15 20 25 30
0 5 10 15 20
T (K)
T (K)
(a) (b)
Figure 4. The effect of surface roughness on the boiling curve. (a) Low pressure refrigerants R-11 and
R-123 for reduced pressure of 0.011, filled symbols stand for R-123 and the blank ones for
R-11; (b) high pressure refrigerants R-12 and R-134a for reduced pressure of 0.120, filled
symbols stand for R-12 and the blank ones for R-134a. Copper surface.
120 120
Copper
100 100 Copper
Stainless steel
Stainless steel
Brass
80 80 Brass
q" (kW / m )
q" (kW / m )
2
60 60
40 40
20 20
0 0
5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
T (K) T (K)
(a) (b)
Figure 5. The effect of surface material on the boiling curve. (a) Low pressure refrigerant R-123 for
reduced pressure of 0.064 and average roughness of 0.16 m; (b) high pressure refrigerant
R-134a for reduced pressure of 0.064 and average roughness of 0.07 m.
the onset of fully developed nucleate boiling in such a way that only experimental conditions
corresponding to this boiling regime would be considered for fitting purposes. However, it must be
JMSJ 6-60
recognized that the onset of this regime is not very well established since it depends upon parameters
such as surface material and roughness as well as the particular boiling liquid, as clearly displayed in
Figs. 3 to 5. Both procedures have been followed in this paper in order to compare results from each
one regarding the level of correlation of experimental data. Thus, in the first case, a minimum heat flux
was chosen in an “ad hoc” manner so that natural convection related data were not included in the set
used for fitting purposes. A preliminary analysis of data allowed us to choose the aforementioned
minimum heat flux as being equal to 5 kW/m2. The second procedure involved a preliminary
examination of experimental data along with the proposition of a criterion for the onset of fully
developed nucleate boiling, related to the maximum value of the derivative of the boiling curve (q” vs.
T). Initially, the variation of the derivative, dq”/d(T), of the boiling curves was raised followed by
the determination of the onset heat flux and the selection of data points corresponding to fully
developed nucleate boiling. The heat flux at the onset of fully developed nucleate boiling varied
between 3 and 30 kW/m2, depending upon the refrigerant, pressure and surface material and roughness.
Curve fitting of experimental results was performed according to the following procedures: (1) by
keeping the original values of m and n proposed by Rohsenow, i. e. 0.33 and 1.7, and determining the
coefficient Csf for each refrigerant/surface material and roughness combination; (2) by letting Csf, m,
and n free.
In this case, fitting consisted in determining the coefficient Csf for the refrigerant/surface material and
roughness combinations considered in present study. Results are summarized in Table 3 for both
(q”)min5 kW/m2 and fully developed nucleate boiling data sets. The following general conclusions can
Table 3. Values of Csf for different refrigerant/surface material and roughness; m=0.33, n=1.7.
JMSJ 6-61
(1) Csf values are not significantly affected by the data set considered in the fitting procedure.
However the absolute average deviation is generally higher for the (q”)min5 kW/m2 correlation
with respect to its corresponding data set than that for the fully developed nucleate boiling one
(2) The effect of the liquid/surface material combination over Csf, previously suggested by Rohsenow
and others, can clearly be noted. Unfortunately data from other sources are scarce. Thus a detailed
comparison with present results is rather questionable since surface material and roughness, and
A significant effect of the surface roughness (Ra) over Csf can be noted in the table, a trend which had
not been previously observed. As a general rule, Csf diminishes with the roughness of the surface, a
result which is consistent with the observed trends in the boiling curves. It must be noted that the
originally proposed dependency upon the surface/liquid combination by the part of Csf is related to the
wetting level of the liquid with respect to the heating surface. Thus Csf must keep a closed relationship
with the contact angle, which in turn depends upon the surface roughness, as suggested elsewhere,
A second and more general fitting procedure has been pursued consisting in the determination of three
parameters of the Rohsenow’s correlation: m, n and Csf. The adopted procedure has been performed
m determination
Initially all data points were plotted in terms of curves St* vs. Reb. Values of m for each
refrigerant/surface combination have been determined with most of the results varying in a relatively
narrow range. This is a clear indication that the refrigerant, surface material and roughness, and
pressure do not affect significantly the value of m. The plot of Fig. 6 of all fully developed nucleate
boiling data points in terms of St* vs. Reb seems to confirm this trend. It can be noted that the cloud of
data points is characterized by a common general slope, related to the m value of Eq. (2). It must be
stressed that, by doing so, individual trends involving different refrigerants, pressures, and surface
material and condition are overviewed. According to Fig. 6, the resultant value of m is 0.21, whereas
for data corresponding to (q”)min5 kW/m2, m is equal to 0.18. These results allow one to conclude that
the inclusion of partial nucleate boiling data do not affect significantly the value of m.
The characteristic value of n has been determined by plotting data in terms of (St*/Rebm) vs Prl, as
shown
in Fig. 7 for the fully developed data set. It can be noted that, despite significant dispersion, plotted data
follow a common trend characterized by a single slope, illustrated by the superposed straight line in the
plot. Given that n is related to this slope, one can immediately conclude that, as a first approximation,
its value is not significantly affected either by the refrigerant, surface condition and material or
pressure. The resulting value of n is 1.03, for fully developed nucleate boiling data, and 1.15, for data
corresponding to (q”)min5 kW/m2. Similarly to m, differences in the value of n associated to the data
0.2
0.1
0.05
*
St
0.02
* 0.21
St =0.0492·Reb
0.01
0.1 1 10 15
Reb
Figure 6. Experimental data in terms of St* vs. Reb for the fully developed nucleate boiling set.
0.2
* 0.21 1.03
St /Reb =0.0152 Pr
l
0.1
0.21
St /Reb
*
0.05
0.02
2 5 7
Prl
Figure 7. Fully developed nucleate pool boiling data in terms of St* / Reb0.21 vs. Prl.
It is interesting to note at this point that the liquid Prandtl number for refrigerant R-12 presents an odd
behavior compared to that of the other three refrigerants in the range of pressures considered in present
study, as shown in Fig. 8. It can be noted that whereas Prl diminishes with pressure for refrigerants R-
11, R-123, and R134a, for refrigerant R-12, Prl presents a minimum value at a reduced pressure of the
JMSJ 6-64
order of 0.1. In addition, the relative variation of liquid refrigerant R-12 Prandtl number in the
experimental pressure range ( 10%) is much smaller than that for the other refrigerants (higher than
25%). Thus, the inclusion of R-12 experimental data in Fig. 7 affects the value of n due to the
aforementioned shift in the slope with the reduced pressure though the relative variation of Prl for this
refrigerant is of limited extent. As an example of this effect, the value of n changes from 1.15 to 1.55
when R-12 data are removed from a plot similar to that of Fig. 7 for the (q”)min5 kW/m2 data set. In
present study the value of n was obtained including R-12 data for the sake of generality.
6.5
5.5
5
Prandtl
4.5 R-123
R-134a
4
R-11
3.5
3
R-12
2.5
0 0.04 0.08 0.12 0.16 0.2
pr
Figure 8. Variation of the liquid Prandtl number with reduced pressure for different refrigerants.
The coefficient Csf of the Rohsenow’s correlation has been obtained as the value where the (St*/Rebm)
vs Prl curve crosses the vertical axis. The dispersion of data in the plot of Fig. 7 is a clear indication
that Csf is affected not only by the liquid/surface combination, as previously suggested by Rohsenow
and succeeding researchers, but also by the surface roughness, Ra, as pointed out in Section 5.1. As a
result, data points of the plot of Fig. 7 must be sorted so that the effects of the aforementioned
parameters over Csf can quantitatively be determined. An example of the kind of results obtained by
this procedure can be seen in Fig. 9, where the variation of C sf with the reduced pressure for different
surface conditions and refrigerants R-123 and R-134a boiling over copper surfaces is shown. It can be
noted that, as a rule, Csf diminishes with both the reduced pressure and surface roughness. In addition,
the higher the roughness of the surface the lesser the effect of pressure.
JMSJ 6-65
0.025 0.025
0.020 0.020
0.015 0.015
Csf
Csf
0.010 0.010
Ra = 0.16 m Ra = 0.17 m
0.005 Ra = 0.47 m 0.005
Ra = 0.45 m
Ra = 3.30 m Ra = 2.40 m
0.000 0.000
0.00 0.05 0.10 0.15 0.00 0.05 0.10 0.15
pr pr
Figure 9. Variation of Csf with reduced pressure for different surface roughness for refrigerants boiling
over a copper surface. (a) R-123; (b) R-134a.
Individual Csf curves for each refrigerant and surface material similar to those of Fig. 9 have been
obtained. These results have been fitted by a correlation with the following general form:
(3)
valid for the refrigerants and refrigerant/surface combinations considered in this paper. Individual
values of coefficients a to d have been obtained, requiring the use of one equation for each refrigerant.
The procedure could be simplified by fitting data extensive to all the refrigerants with a single equation
of the same general form as Eq. (3). Results form this general equation correlate data with adequate
precision though not being as accurate as the particular ones as should be expected. The general
equation has been adopted in this paper, according to it the coefficients a to d are constant and the
refrigerant/surface material combinations are taken by the coefficient C. Table 4 presents values of the
obtained coefficients from the data sets corresponding to fully developed nucleate boiling and (q”)min5
kW/m2.
Table 4 indicates that differences between the values of Csf resulting from both data sets are minimal.
Considering that the differences between exponents m and n are also small, as previously noted, one
can conclude that the proposed correlations are very close to each other as the plots in Figs. 10 (a), (b)
clearly display. The correlations are represented in terms of the heat transfer coefficient, h, versus the
heat flux, q”, in these figures. The heat transfer coefficient is determined as
q" q"
h
Tw Tsat T
(4)
The maximum deviation between results from both correlations is of the order of 6.0% for case (a) of
Fig. 10, for refrigerant R-11 and low reduced pressure and roughness, pr=0.023 and 0.1 m. The case
of Fig. 10 (b), for the same refrigerant as in case (a), and pr=0.1 and Ra=2.5 m, presents a maximum
deviation of the order of 11.0%. As expected, differences are minimal between the proposed
correlations, a result that could explain why some of the literature correlations developed from data sets
5 18
4 15
12
3
h (kW/m K)
h (kW/m K)
2
2
9
2
2 6
(q")min = 5 kW/m 2
1 (q")min = 5 kW/m
Fully developed 3
Fully developed
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
2 2
q" (kW/m ) q" (kW/m )
Figure 10. Heat transfer coefficient vs. heat flux according to correlations for fully developed and (q”)min5
kW/m2 nucleate boiling. (a) R-11, pr=0.023 ; Ra=0.1 m; (b) R-11, pr=0.1 ; Ra=2.5 m.
In the previous section the procedure for fitting data was explained in detail leading to a general
Rohsenow’s correlation. The next step is to evaluate the proposed correlation with respect not only to
data obtained as part of the research reported in this paper but also to data raised elsewhere.
In order to evaluate the performance of the proposed correlations with respect to experimental data, the
relative deviation between the correlation and the experimental heat transfer coefficients is plotted
against the corresponding heat flux. This plot is shown in Figs. 11 (a), (b), respectively for the fully
developed nucleate boiling and (q”)min5 kW/m2 data sets. It can be noted that most of the plotted data
points fall within the 20% range, especially for the fully developed nucleate boiling data. Most of the
data outside this range though of limited extent correspond to refrigerants R-123 and R-134a. It can
also be noted that, as general rule, in the range of reduced heat fluxes the correlation tends to under
predict the heat transfer coefficient, showing the opposite trend for higher heat fluxes. These trends are
also discernible in the plots of Figs.12 (a), (b), where the correlation heat transfer coefficient, hcorr, is
plotted against the experimental, hexp. The absolute average deviation of results from the fully
developed nucleate boiling correlation with respect to their experimental counterparts is of the order of
10.1% whereas that relative to the (q”)min5 kW/m2 data set is of the order of 11.2%. These results are
clearly noticeable in both figures, Figs. 11 and 12. Results displayed in these figures demonstrate the
JMSJ 6-68
adequacy of Rohsenow’s type of correlation in fitting nucleate boiling of halocarbon refrigerants over
cylindrical surfaces.
50 50
25 25
(hcorr - hexp) / hexp (%)
0 0
-20% -20%
-25 R-11 -25 R-11
R-123 R-123
R-134a R-134a
R-12 R-12
-50 -50
0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120
2 2
q" (kW/m ) q" (kW/m )
Figure 11. Relative deviation of the correlation with respect to the experimental heat transfer
coefficient. (a) fully developed nucleate boiling; (b) (q”)min5 kW/m2 data set.
25 25
20 % 20%
20 20
-20%
- 20%
hcorr (kW/m K)
hcorr (kW/m K)
15 15
2
10 10
R-11 R-11
R-123 R-123
5 R-12 5 R-134a
R-134a R-12
0 0
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
2 2
hexp (kW/m K) hexp (kW/m K)
Figure 12. Correlation versus experimental heat transfer coefficient. (a) fully developed nucleate
boiling; (b) (q”)min5 kW/m2 data set.
JMSJ 6-69
Data from independent sources have been used in the evaluation of the proposed correlation. For
refrigerant R-11 boiling on a brass surface, data from Silva (1989) have been used. Data from Webb
and Pais (1992) for the same refrigerants considered in present paper boiling over copper surfaces have
also been used for comparison purposes with the correlation for (q”)min5 kW/m2. An average
roughness, Ra, of 0.6 m has been assumed for the surfaces since the authors only informed that the
working surface was a commercial one. The comparison can be seen in Figs. 13 (a) and (b) in hcorr vs
hexp plots. It can be noted that the proposed correlation fits very well data from both studies, with
deviations being well within the 20% range, a result that can be considered adequate since the only
adjustment made in the application of the proposed correlation was the assumption of the surface
roughness.
7 12
20 % 20%
6 10
-20% -20%
5
hcorr (KW/m K)
8
hcorr (kW/m K)
2
4
6
3
4 R-11
2 R-123
2 R-12
1
R-134a
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 0 2 4 6 8 10 12
2 2
hexp(KW/m K) hexp (kW/m K)
Figure 13. Comparison of the (q”)min5 kW/m2 correlation heat transfer coefficient with experimental
data from (a) Silva (1989) for R-11; and (b) Webb and Pais (1992) for refrigerants R-11,
R-123, R-12, and R-134a.
Data from Silva (1989), for refrigerant R-113 and a brass surface, and from Jensen (1985), for the same
refrigerant and a stainless steel surface, have been fitted using the correlations proposed in the present
investigation. The resulting values of the coefficient C, Eq. (3), are the following: 0.9 for brass, and
1.5, for stainless steel. The average roughness, Ra, of both surfaces has been assumed as being equal to
0.6 m. Given the uncertainty of the experimental data regarding the roughness of the surfaces, the
JMSJ 6-70
plots of Figs. 14 (a), (b), in terms of hcorr vs hexp, display reasonable results from the correlation. Results
from Silva (1989) for a brass surface, Fig,. 14 (a), are not as well correlated as the ones from Jensen
(1985), Fig. 14 (b), for a stainless steel surface. In fact, the absolute average deviation of correlation
heat transfer coefficient with respect to the experimental ones from Silva (1989) is of the order of 27%
8 8
20% 10%
6 6 -10%
-20%
hcorr(kW/m K)
hcorr (kW/m K)
2
2
4 4
2 2
0 0
0 2 4 2
6 8 0 2 4 2
6 8
hexp(kW/m K) hexp(kW/m K)
Figure 14. hcorr, (q”)min5 kW/m2, versus hexp. Refrigerant R-113, data from (a) Silva (1989), brass
surface; and (b) Jensen (1985), stainless steel surface.
7. Conclusions
The research reported herein has been set forth in order to investigate the performance of the
Rohsenow’s type of correlation when applied to nucleate boiling of halocarbon refrigerants over
cylindrical surfaces of different material. Two fitting procedures have been tried, including one
consisting in keeping the exponents originally proposed by Rohsenow and adjusting the coefficient, Csf.
The other procedure, considered as general, fitted the exponents as well as the coefficient. It has been
determined that exponents m and n are weakly affected by the refrigerant, and surface material and
finishing. Liquid/surface combinations and surface finishing affect the coefficient Csf. A correlation has
been developed for Csf in terms of the liquid/surface combination and surface roughness. For the
purpose of curve fitting, two data sets have been considered: one arbitrarily chosen to include data
corresponding to heat fluxes higher than 5 kW/m2 whereas the other involved only fully developed
JMSJ 6-71
nucleate boiling conditions. Though slightly different values of Csf, m and n have resulted from both
data sets, differences in results could be considered minimal for all practical purposes. The correlations
have been evaluated through the experimental results used in the fitting process and results obtained
elsewhere. Deviations between the correlation and the experimental heat transfer coefficient are within
acceptable ranges.
8. Acknowledgements
The authors gratefully acknowledge the support given to the reported research by the Fundação de
Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brazil. The technical support given to this investigation by Mr.
Nomenclature
Csf = surface/liquid parameter of the Rohsenow correlation
cpl = specific heat of the liquid
g = gravitational acceleration
h = heat transfer coefficient
hcorr = correlation heat transfer coefficient
hexp = experimental heat transfer coefficient
hlg = latent heat of evaporation
kl = thermal conductivity of liquid
m,n = exponents of Rohsenow correlation
pr = reduced pressure
Prl = Prandtl number of the liquid
q" = specific heat flux
Ra = roughness arithmetic average (m)
Reb = Reynolds number referred to the bubble diameter
Rq = roughness root mean square (m)
St* = inverse of the Stanton number
Tsat = saturation temperature
Tw = wall temperature
Greek Symbols
T = surface superheat (Tw-Tsat)
l = dynamic viscosity of the liquid
= contact angle
g = vapor density
JMSJ 6-72
l = liquid density
= surface tension
References
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JMSJ 6-73
Gherhardt Ribatski
e
J. M. Sáiz Jabardo
Laboratório de Refrigeração
Departamento de Engenharia Mecânica
Escola de Engenharia de São Carlos
Universidade de São Paulo
Avenida Trabalhador Sãocarlense, 400 Centro
13566-590 São Carlos, SP
Artigo publicado no
International Journal of Heat and Mass Transfer,
Vol. 46, pp 4439-4451, 2003.
MUDANÇA DE FASE CONVECTIVA
INTRODUÇÃO
m im iV ndA
ˆ (7.1)
A
onde
m vazão mássica A
V ndA
ˆ (7.2)
i = entalpia local do fluido na seção, de modo que im é a entalpia média. Como as
propriedades do líquido são admitidas constantes, então
im V ndA
ˆ iV ndA
ˆ im i V ndA
ˆ cp Tm T V ndA
ˆ
A A A A
Tp
(a) (b)
de referência. Normalmente não se trabalha com valores locais, de modo que, para
efeito de simplicidade, a referência à temperatura do líquido (ou do fluido) na seção,
equivale a designar a temperatura média, Tm . Assim, o índice “m” será eliminado no
presente texto, a menos que haja possibilidade de ocorrência de ambiguidades. A
transferência de calor na seção é dada pela Lei do Resfriamento de Newton, em
termos da temperatura média:
i(z) iL
x(z) (7.5)
iLV
ou ainda,
m i(z) iL Dz
D
x z z (7.6)
miLV
A descrição sumária feita nos pragráfos precedentes dos processos que ocorrem em
um evaporador vertical, com fluxo de calor constante na parede, corresponde a uma
adição moderada de calor. Mas, o que aconteceria com o aumento do fluxo de
calor? A Fig. 7.3, extraída do livro de J.G. Collier e J. Thome, Convective Boiling and
Condensation, ilustra o efeito do fluxo de calor no coeficiente de transferência de
calor. A curva (i) corresponde ao evaporador anteriormente analisado: as distintas
regiões poderão ser reconhecidas pela variação do coeficiente de transferência de
calor. A curva (ii) corresponde a um fluxo de calor superior. Dois aspectos a
diferenciam da anterior: o início da Ebulição se dá antes, do que resulta uma
elevação mais precoce do coeficiente de transferência de calor, e o ponto de “dry
out” se dá numa região à montante da região em relação àquela do caso anterior.
De resto, as curvas são semelhantes. Uma elevação adicional do fluxo de calor
implica num deslocamento para a curva (iii), a qual apresenta uma significativa
diferença em relação às duas anteriores. Essa diferença está relacionada com a
remoção de líquido da parede.
(1) Comparando as curvas (i) e (ii), na região que corresponderia ao padrão anular,
sem formação de bolhas na parede, verifica-se que o coeficiente de
transferência de calor é praticamente o mesmo, indicando um efeito nulo do fluxo
de calor. Essa região é denominada de “mudança de fase convectiva”.
(2) Por outro lado, a região de Ebulição Nucleada apresenta diferenças significativas
no coeficiente de transferência de calor, indicando um pronunciado efeito do
fluxo de calor no mecanismo de transferência de calor. Tal comportamento pode
ser facilmente inferido dos modelos apresentados no capítulo anterior.
Fluxo de calor
SUBRESFRIADO SATURADO SUPERAQUECIDO
DNB
subresfriado
DNB saturado
v
Região B
Ebullición Região G
subresfriado Deficiente de líquido
iv
“Dryout”
Regiões C e D
iii Ebulição nucleada
saturado
ii Região A
Regiões E e F
Transferência de calor
monofásica Mudança de fase
líquido Convectiva
i
Figura 7.4 Mapa dos distintos padrões e o efeito do fluxo de calor específico.
REGIÃO DE SUBRESFRIAMENTO
Ao contrário de certas análises, a seção onde a entalpia média do fluido (líquido-
vapor) atinge a de líquido saturado à pressão reinante, iL , não é aquela em que tem
origem a mudança de fase. Esse aspecto já deve ter ficado claro a esta altura. O
que se pretende desenvolver nesta seção é uma análise da região que antecede a
seção onde i iL . Essa região envolve o escoamento monofásico, do qual não se
tratará em profundidade, e o escoamento com mudança de fase, mas com líquido
subresfriado. Pode-se dizer que o fluido na seção, caracterizado por sua entalpia
média, se encontra subresfriado se i iL .
A Fig. 7.5 ilustra o comportamento das temperaturas da superfície e do fluido nessa
região. Nessa figura, observa-se, como observado anteriormente, que na região
monofásica as temperaturas superficiais e do líquido crescem paralelamente,
REGIÃO A REGIÃO B REGIÃO C
Flujo
TL z
zsat
zENPD
zIEN ENPD Temperatura da parede
IEN
Tsat IEN Tsat Tsat
Tsub
Tsub e
Temperatura
media do líquido
Figura 7.6
INSERIR DESENHO
INSERIR DESENHO
apresenta uma população esparsa de bolhas. A fração de vazio e o título (real) são
reduzidos e crescem lentamente. Tal situação perdura até a seção que se
convencionou chamar de “Início de Formação Líquida de Vapor”, IFLV. Essa seção,
a maioria dos autores concorda, corresponde à existência de condições junto à
parede para que as bolhas se desprendam e caminhem junto com o líquido
subresfriado sem colapsarem. Daí o nome Formação Líquida de Vapor. A partir
dessa seção, a fração de vazio experimenta um crescimento significativo como
ilustrado na figura, na qual é mostrado também, em linha tracejada, a curva que
seria obtida para a fração de vazio em análises que desprezam a ebulição com
líquido subresfriado, segundo as quais, a formação de vapor só tem início quando a
entalpia média do fluido na seção é igual à entalpia do líquido saturado, iL. A seção
onde tal ocorre foi designada por “Início da Ebulição Saturada”, IES. É interessante
insistir neste ponto: no caso real, essa seção apresenta formação de vapor e o
líquido presente se encontra na sua quase totalidade, subresfriado.
A seção de IFLV é confundida em muitas análises com o início da ENPD. Na
realidade, as duas situações se correspondem fisicamente. Entretanto, é comum
determinar-se a seção de IFLV através de critérios que avaliam as condições de
desprendimento das bolhas na parede. A totalidade dos modelos admite que α seja
nulo até a seção de IFLV. Um dos modelos mais recentes e que melhor tem
correlacionado os resultados experimentais deisponíveis é o de Saha-Zuber. Esse
modelo estabelece condições de desprendimento das bolhas através de dois
regimes distintos:
h*D
Nu
kL
como h* resulta
Tsat TIFLV
D
Nu (11)
kL (Tp TIFLV )
onde TIFLV é a temperatura média na seção onde se dá o IFLV.
Nu
St (12)
Re.Pr .
onde Re.Pr = Pe, número de Peclet. O St pode então ser escrito como:
St (13)
GCL (TSAT TIFLV )
GDCL
Pe
kL
D
Pe 70.000 Tsat TIFLV 0,0022( ) (14)
kL
INSERIR DESENHO
Pe > 70.000 Tsat TIFLV 153,8 ( ) (15)
GCL
(b) Das relações (14) ou (15) a temperatura média do fluido na seção de IFLV
pode ser determinada, para um evaporador de duto de seção circular e fluxo
de calor na parede, constante. Com o valor de TIFLV , a coordenada da seção
pode ser determinada pela aplicação do 1º. Princípio da Termodinâmica a
uma região limitada pelas seções de entrada e de IFLV, resultando:
mCL
ZIFLV (TIFLV TE ) (17)
D
onde o calor específico do fluido foi admitido igual ao do líquido, o qual para
todos os efeitos pode ser admitido incompressível (CpL = CVL = CL).
A região à jusante da seção de IFLV é geralmente identificada com a
região de ENPD. Nessa região, é possível determinar a entalpia média na
seção (ou uma temperatura média do fluido) através de um simples balanço
de energia. Como nessa região a presença de vapor é significativa, embora
o líquido esteja subresfriado, é comum definir-se um título de equilíbrio como
na Eq.(5):
i(Z) iL
t(Z) (5)
iLV
como i(Z) < iL, t(Z) será negativo. É evidente que esse não é o título real. Na
seção de IFLV, o título será dado por:
Uma pergunta que deve ter surgido naturalmente ao leitor seria: -e o título
real, como determiná-lo? A resposta pode ser encontrada nos diversos modelos que
foram propostos para avaliá-lo. Essa análise transcende ao objetivo destas notas.
Aqueles modelos tratam de avaliar a temperatura do líquido em cada seção.
Admitindo que o vapor presente esteja saturado, o título real pode ser determinado.
Com o valor do título real, a fração de vazio pode também ser determinada por uma
das correlações apresentadas anteriormente, como aquela do modelo de
Deslizamento (Drift-Flux), para a qual, estimativas do parâmetro de distribuição, Co,
e da velocidade de deslizamento, VGJ, devem se feitas
Exemplo:
Um duto vertical de seção circular é instalado em um circuito experimental
que opera com água a alta pressão. O diâmetro do tubo é de 10,16 mm e seu
comprimento é de 3,66m. O duto é aquecido uniformemente ao longo do seu
comprimento. Deseja-se uma estimativa da variação da temperatura superficial para
uma vazão de água da ordem de 0,432 kg/s. Sabe-se que a água entra a uma
temperatura de 203º.C e que o fluxo de calor total na parede e a pressão do sistema
são respectivamente iguais a 200 kW e 64,2 bar.
Solução
Admitiremos que a perda de pressão seja desprezível, de modo que esta se
mantém constante e igual a 68,9 bar. A variação de entalpia da água no trecho em
questão pode ser determinada pela aplicação do 1º. Princípio da Termodinâmica.
DESENHO
QC 200
QC mi i i 462,5kJ / kg
m 0,432
QC 200
= 3
1713kW / m2
DL 3,14x10,16x10 x3,66
i k
C = LV L
8v Tsat
CL = 5,307 kJ/kgo.C
k L = 0,574 W/mK
PrL = 0,902
1,5432x106 x0,574 W
C 3
3,488x105 2 2
8x0,0301x553x19,07x10 mK
1,713x106
2
Logo (Tp -Tsat )IE 4,91
3,488x105
kL
h 0,023ReIE
0,8
PrL0,4 (
)
D
VD mv LD Gv LD
ReL
L A1 L
m m 4x0,432 kg
G 3 2
5,331x103
A D / 4 3,14x(10,16x10 )
2
s.m2
5,331x1033 x1,3321x103 x10,16x103
ReL 5,550x106
0,130x10 6
0,574 W
h 0,023x( 3
)(5,550x106 )0,8 x(0,902)0,4 4,912x10 4 2
10,16x10 mK
Temperatura média do líquido na seção de IE, TIE
h(Tp T)IE TIE =TPIE
h
1,713x106
TIE 282,2 247,3
4,912x10 4
mCL 0,432x5,307
ZIE (TIE TE ) (247,3 203) 1,86m
D 1713x3,14x10,16x103
onde
0,33
CL (Tp Tsat )
1/ 2
Cf PrL1,7 (20)
iLV i g(L V )
L LV
Determinação de !
0,33
5,307x(2,2)
! 19,07x103
1/ 3
0,020 6 6 3 x0,902
1543,2 (97,5x10 x1,5432x10 ) 9,8(1/1,3321x10 )
! = 7,635 x 103 W/m2
ENPD[kW/m ] M[kW/m ]
2 2
Tp Tp Z Observações
o o
( .C) Eq.(20) Eq.(19) ( .C) (m)
mCL
Z (T TE )
D
Gráfico
REGIÃO DE SATURAÇÃO