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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MODELOS PARA SIMULAÇÃO


NUMÉRICA DE REFRIGERADORES DOMÉSTICOS E SEUS COMPONENTES

Autor: Matheus dos Santos Guzella


Orientador: Luben Cabezas-Gómez, D.Sc.

Belo Horizonte
2013
Matheus dos Santos Guzella

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MODELOS PARA SIMULAÇÃO


NUMÉRICA DE REFRIGERADORES DOMÉSTICOS E SEUS COMPONENTES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Mecânica da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Mecânica

Orientador: Luben Cabezas-Gómez, D.Sc.

Belo Horizonte
2013
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Guzella, Matheus dos Santos


G993d Desenvolvimento e aplicação de modelos para simulação numérica de
refrigeradores domésticos e seus componentes / Matheus dos Santos Guzella.
Belo Horizonte, 2013.
147f.: il.

Orientador: Luben Cabezas Gomez


Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica.

1. Refrigeradores. 2. Simulação por computador. I. Cabezas Gomez, Luben.


II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Mecânica. III. Título.

CDU: 621.565.92
Matheus dos Santos Guzella

DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MODELOS PARA SIMULAÇÃO


NUMÉRICA DE REFRIGERADORES DOMÉSTICOS E SEUS COMPONENTES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Mecânica da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Mecânica

____________________________________________________________
Luben Cabezas-Gómez, D.Sc. (Orientador) – UFSJ/PUC MINAS

____________________________________________________________
Luiz Machado, PhD. (Examinador externo) – UFMG

____________________________________________________________
Paulo Eduardo Lopes Barbieri, D.Sc. (Examinador externo) – CEFET-MG

____________________________________________________________
Cristiana Brasil Maia, D.Sc. (Examinadora interna) – PUC MINAS

Belo Horizonte, 06 de dezembro de 2013


AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, José Fernando e Neusa e irmãos Thiago, Marcelo e Rodrigo;
À todos os brasileiros, que por meio da CAPES financiaram meus estudos de mestrado
na PUC MINAS de março de 2012 a dezembro de 2013;
À Aninha por todo o carinho, paciência e incentivos;
À Carol pela amizade e companheirismo;
À Valéria pela amizade e carinho;
Ao Departamento de Informática, especialmente ao Jomar pelo auxílio técnico;
Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da PUC-MINAS,
especialmente a Pedro, Adriano, Janaína, André, Cleide, Mara, Larissa, Suelen, Ana, e Matheus
Donizete pela convivência;
Ao colega Luiz Gustavo pelas inúmeras discussões e companheirismo ao longo da
realização deste trabalho;
Ao Prof. Dr. Luben Cabezas-Gómez, pela dedicação e orientação dada desde a
graduação, pelos conhecimentos e conselhos passados, pelas inúmeras sugestões e pela
preocupação com a consolidação do conhecimento;
À Profa. Dra. Cristiana Brasil Maia, por ter despertado em mim o interesse pela pesquisa,
por toda orientação dada desde a graduação, pelos conhecimentos passados e pelas
contribuições dadas nas bancas de avaliação deste trabalho;
Ao Prof. Dr. Sérgio de Morais Hanriot por toda orientação dada desde a graduação,
pelos conhecimentos passados e pelas contribuições dadas na banca de qualificação;
Ao Prof. Dr. José Maria Saiz Jabardo pela disposição em rever o material deste trabalho;
Ao Prof. Dr. Luiz Machado e Prof. Dr. Paulo Eduardo Lopes Barbieri por aceitarem o
convite para participarem da banca de avaliação deste trabalho e pelas contribuições feitas para
o trabalho;
Special thanks to Mr. Jon Zenker and Mr. Dan Marsh for helping with all issues during
the development of the numerical model in GT-SUITE®;
RESUMO

A caracterização do comportamento de refrigeradores domésticos tem sido alvo de extensivos


estudos e pesquisas, tanto acadêmicas quanto industriais, pelo grande número de equipamentos
atualmente em operação. Este trabalho consistiu no desenvolvimento de modelos para
simulação numérica e análise do comportamento termofluidodinâmico de refrigeradores
domésticos operando nos regimes transiente e permanente com o refrigerante R134a. Embora
tenha-se optado pela utilização de um refrigerador específico, os modelos empregados podem
ser adaptados para outros tipos de refrigeradores. Um modelo para simulação global deste
equipamento em regime transiente foi elaborado no software GT-SUITE® através da definição
de modelos para os componentes do sistema de refrigeração e acoplamento com o gabinete
refrigerado. Este modelo foi baseado na solução das equações governantes da massa,
quantidade de movimento e energia segundo uma formulação distribuída espacialmente e a
partir de uma formulação implícita no tempo. Um modelo para simulação do sistema em regime
permanente foi desenvolvido no software EES®, a partir da elaboração de programas modulares
para cada componente do refrigerador. Para os trocadores de calor (condensador e evaporador)
dois modelos foram desenvolvidos, sendo um distribuído e outro por zonas. Para o trocador de
calor tubo-capilar-linha-de-sucção empregou-se uma solução aproximada baseada em dois sub-
modelos: um fluidodinâmico e outro térmico. O modelo para o compressor foi do tipo global,
a partir de parâmetros obtidos experimentalmente em um trabalho disponível na literatura.
Correlações empíricas para os coeficientes de transferência de calor por convecção do lado do
refrigerante e do ar e para o fator de atrito do lado do refrigerante foram utilizadas. O modelo
de simulação em regime transiente foi utilizado para caracterizar o comportamento do
refrigerador durante os transientes de partida e cíclico, possibilitando avaliar o comportamento
global do sistema assim como o comportamento individual de cada componente. O modelo de
simulação em regime permanente permite a análise e avaliação do comportamento do
equipamento para variadas condições, além da possibilidade de utilização dos modelos de cada
componente para investigação do seu comportamento separadamente.

Palavras-chave: Refrigerador doméstico. Simulação numérica transiente. Simulação


numérica permanente. GT-SUITE®. EES®.
ABSTRACT

The characterization of the behavior of domestic refrigerators has been target of extensive
studies and research, both academicals and industrials, given the large number of equipments
in operation nowadays. This work consisted on the development of models to perform
numerical simulations and analysis of the thermal-fluid behavior of domestic refrigerators
operating under transient and stationary conditions with R134a as working fluid. Although a
specific refrigerator is used, models can be adapted to other types of refrigerators. A global
simulation model on transient regime was developed on GT-SUITE® by the definition of
models to the components of the refrigeration system and coupling with the refrigerated
chamber. This model was based on the solution of governing equations of mass, momentum
and energy followed by a distributed formulation spatially and an implicit formulation in time.
A model to perform simulations under steady state conditions was developed in EES®, by the
definition of modular simulation programs for each refrigerator component. For the heat
exchangers (condenser and evaporator) two models were developed, distributed and zonal. For
the suction-line-capillary-tube heat exchanger an approximate analytical solution was applied
based on two sub-models: fluid-dynamic and thermal. The compressor model was global, using
parameters obtained experimentally in a work available on the literature. Empirical correlations
for refrigerant and air sides convection heat transfer coefficients and friction factor on the
refrigerant side was used. The transient simulation model was applied to characterize transient
start-up and cycling operations, allowing evaluation of the global behavior of the system as well
as the behavior of each component of the system. The simulation model in steady state condition
allows the analysis and evaluation of the behavior of the equipment under different conditions
and also the use of each component model separately to analyze its behavior.

Keywords: Domestic refrigerator. Transient numerical simulation. Steady state


numerical simulation. GT-SUITE®. EES®.
LISTA DE SIGLAS

CFD – Computacional Fluid Dynamics


LISTA DE SÍMBOLOS

Ai : área da seção transversal interna do tubo [m2]


As ,i : área superficial interna do tubo [m2]
Bo : parâmetro evaporativo [adimensional]
 : fração de espaço nocivo [adimensional]
dP : incremento infinitesimal de pressão [Pa]
dt : incremento infinitesimal de tempo [s]
z : comprimento infinitesimal do volume de controle [m]
cp : calor específico a pressão constante [J/kg K]

C f : coeficiente de atrito [adimensional]

C p : coeficiente de perda de pressão [adimensional]

Da : diâmetro da aleta do condensador [m]


De : diâmetro externo do tubo [m]
Di : diâmetro interno do tubo [m]
Deq : diâmetro externo equivalente do tubo [m]
f : fator de atrito de Darcy [adimensional]

Fr : número de Froude [adimensional]


g : aceleração da gravidade [m/s2]
G : velocidade mássica [kg/m2 s]
h : entalpia específica do refrigerante [J/kg]
H : altura [m]
k : condutividade térmica [W/m K]
K H : parâmetro de Hughmark [adimensional]

La : comprimento da aleta do condensador [m]


Lc : comprimento total do condensador [m]
Ldes : comprimento da linha de descarga do condensador [m]
m : massa de refrigerante no volume de controle [kg]
 : vazão mássica de refrigerante [kg/s]
m
m comp : vazão mássica de refrigerante deslocada pelo compressor [kg/s]

N a : número de aletas no condensador [adimensional]


nnom : rotação nominal do compressor [rpm]
P : pressão [Pa]
Pr : número de Prandtl [adimensional]
Ra : número de Rayleigh [adimensional]
Re : número de Reynolds [adimensional]
sa : espaçamento normalizado das aletas do condensador [adimensional]

st : espaçamento normalizado dos tubos do condensador [adimensional]

T : temperatura [°C]
T : temperatura média [°C]
u : velocidade média na seção transversal [m/s]
U A : coeficiente global de transferência de calor multiplicado pela área [W/K]
V : volume do volume de controle [m3]
VD : deslocamento do cilindro do compressor [m3]

Qi'' : fluxo de calor médio do lado interno do tubo [W/m2]

Qe'' : fluxo de calor médio do lado externo do tubo [W/m2]


Q evap : taxa de transferência de calor removida do ar no interior do gabinete [W]
We : número de Weber [adimensional]
W com p : potência de compressão [W]
x : título de refrigerante [adimensional]
Xtt : parâmetro de Lockhart-Martinelli [adimensional]
z : coordenada horizontal referente ao índice nodal k [adimensional]
Z H : parâmetro do modelo de Hughmark [adimensional]

Símbolos gregos
 : fração de vazio (-)
 : eficiência (-)
 : massa específica (kg/m3)
t : rugosidade interna do tubo (m)
 : emissividade (adimensional)
 : tensão de cisalhamento (Pa)
 : operador de variação (adimensional)
 : coeficiente de transferência de calor por convecção (W/m2 K)
 : viscosidade dinâmica (Pa.s)
 : parâmetro para cálculo do fator multiplicativo para o escoamento bifásico
[adimensional]

 s : tensão superficial (N/m)

Sobrescritos e subscritos:

1: seção transversal 1 do volume de controle


2: seção transversal 2 do volume de controle
amb: ambiente
ar: ar
c: condensador
cap: capilar
e: externo
et: externo total
entrada: entrada
ent: entrada
est: estimado
gab: gabinete
gax: gaxeta
int: interno
iso: isentrópico
k: índice nodal do volume de controle
l: líquido
noc: espaço nocivo
p: parede
r: refrigerante
red: reduzida
saida: saída
suc: sucção
v: vapor
vol: volumétrica
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
1.1 Histórico dos refrigeradores domésticos ........................................................................ 14
1.2 Justificativa ....................................................................................................................... 15
1.3 Objetivos ........................................................................................................................... 16
1.4 Estrutura da dissertação ................................................................................................. 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 18


2.1 Sistemas de refrigeração .................................................................................................. 18

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................... 22
3.1 Refrigeradores domésticos .............................................................................................. 22
3.1.1 Estudos sobre modelagem de componentes de sistemas de refrigeração ..................... 23
3.1.1.1 Compressor ................................................................................................................. 23
3.1.1.2 Trocadores de calor ................................................................................................... 24
3.1.1.3 Dispositivo de expansão ............................................................................................. 25
3.1.2 Estudos sobre refrigeradores domésticos ...................................................................... 26
3.1.3 Comportamento transiente de refrigeradores domésticos ............................................ 35
3.2 Síntese da revisão bibliográfica ...................................................................................... 37
3 MODELAGEM MATEMÁTICA ..................................................................................... 39
3.1 Modelo para simulação em regime permanente ........................................................... 39
3.1.1 Modelos para o condensador ......................................................................................... 39
3.1.1.1 Modelo distribuído ..................................................................................................... 41
3.1.1.2 Modelo por zonas ....................................................................................................... 50
3.1.2 Modelos para o evaporador e gabinete ................................Erro! Indicador não definido.
3.1.2.1 Modelo distribuído ..................................................................................................... 54
3.1.2.2 Modelo por zonas ....................................................................................................... 58
3.1.3 Modelo para o trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucçãoErro! Indicador não
definido.
3.1.4 Modelo para o compressor ...................................................Erro! Indicador não definido.
3.2 Modelo para simulação em regime transiente ............................................................... 76
3.2.1 Modelo para o compressor ............................................................................................. 79
3.2.2 Modelos para os trocadores de calor e gabinete refrigerado........................................ 80
4 METODOLOGIA NUMÉRICA ........................................................................................ 83
4.1 Metodologia para simulação em regime permanente ................................................... 83
4.1.1 Metodologia para o condensador .................................................................................. 83
4.1.1.1 Modelo distribuído ..................................................................................................... 83
4.1.1.2 Modelo por zonas ........................................................................................................ 86
4.1.2 Metodologia para o evaporador e gabinete ................................................................... 88
4.1.2.1 Modelo distribuído ..................................................................................................... 88
4.1.2.2 Modelo por zonas ........................................................................................................ 89
4.1.3 Metodologia para o trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção ........................... 91
4.1.4 Metodologia para o compressor ..................................................................................... 92
4.1.5 Acoplamento entre os modelos dos componentes .......................................................... 93
4.2 Metodologia para simulação em regime transiente ....................................................... 95
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 96
5.1 Resultados da simulação em regime transiente ............................................................. 96
5.1.1 Simulação de testes de abaixamento de temperatura .................................................... 96
5.1.2 Simulação do comportamento cíclico .......................................................................... 103
5.1.3 Influência da carga de refrigerante ............................................................................. 108
5.1.4 Influência da rotação do compressor .......................................................................... 111
5.2 Resultados da simulação em regime permanente ........................................................ 113
5.2.1 Resultados dos modelos do condensador ..................................................................... 114
5.2.2 Resultados dos modelos do evaporador e gabinete...................................................... 116
5.2.3 Resultados do modelo do trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção ................ 117
5.2.4 Resultados do modelo do compressor .......................................................................... 119
5.2.5 Simulação global em regime permanente e comparações .......................................... 120
6 CONCLUSÕES.................................................................................................................. 124
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................... 126
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 128
APÊNDICE A – CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DO REFRIGERADOR
DOMÉSTICO SLIM 230L .................................................................................................. 140
APÊNDICE B – CORRELAÇÕES PARA COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE
CALOR POR CONVECÇÃO PARA ESCOAMENTO BIFÁSICO NOS TROCADORES
DE CALOR ........................................................................................................................... 145
14

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo serão apresentadas informações de cunho histórico dos refrigeradores


domésticos e fluidos refrigerantes, além da justificativa e objetivos do presente trabalho.

1.1 Histórico dos refrigeradores domésticos

As informações históricas apresentadas a seguir foram extraídas dos trabalhos de


Jakobsen (1995), Hermes (2000) e Hermes (2006).
O primeiro equipamento a operar segundo o ciclo de refrigeração por compressão de
vapor foi desenvolvido por Jacob Perkins em 1834. Em 1856, James Harrison viabilizou e
patenteou o invento de Jacob Perkins, que foi produzido por Daniel Siebe em 1862.
O responsável pela criação da primeira unidade de refrigeração com acionamento
elétrico foi Willian F. Singer em 1897 e o primeiro equipamento foi construído e
comercializado por Fred W. Wolf. A unidade de refrigeração foi chamada de DOMELRE e
utilizava o éter como fluido refrigerante. Em 1911, a companhia General Electric produziu o
refrigerador AUDIFFREN, projetado por Abbe Marcel Audiffren em 1884, e utilizava o
dióxido de enxofre como fluido refrigerante. Em 1918, a companhia Kelvinator apresentou ao
mercado um refrigerador que utilizava um termostato para controlar a capacidade de
refrigeração. Em 1925, a General Electric incorporou aos refrigeradores a unidade selada.
Finalmente na década de 1930 houve uma padronização dos refrigeradores: o sistema tornou-
se hermeticamente selado, a alimentação passou a ser elétrica e o dispositivo de expansão
adotado foi o tubo capilar.
O desenvolvimento de fluidos refrigerantes acompanhou o desenvolvimento dos
refrigeradores: os primeiros equipamentos utilizavam o éter, que possui uma elevada
temperatura de ebulição, implicando em pressões de evaporação inferiores à atmosférica,
tornando o equipamento susceptível a infiltrações de ar. Foram introduzidos posteriormente o
dimetil-éter, o dióxido de enxofre e o dióxido de carbono em 1864, 1874 e 1886
respectivamente. O último destes apresentava elevada pressão de condensação, necessitando de
um condensador estruturalmente mais robusto que os anteriores. Em 1870 foi introduzida a
amônia como refrigerante, tornando-se o principal refrigerante para sistemas de refrigeração de
grande porte.
O surgimento dos clorofluorcarbonos (CFCs) revolucionou a indústria da refrigeração,
apresentados como solução aos fluidos utilizados anteriormente que eram extremamente
15

tóxicos. A partir disso, foi possível a utilização de materiais não-ferrosos para construção dos
refrigeradores. Adicionalmente houve a padronização do tipo de compressor utilizado nos
refrigeradores (hermético alternativo).
Contudo, Molina et al. (1974) demostraram que os CFCs e HCFCs (clorofluorcarbonos
e hidroclorofluorcarbonos respectivamente) poderiam contribuir para a degradação da camada
de ozônio. Esta degradação tornou-se um problema ambiental global, resultando em dois
tratados globais: protocolos de Montreal e Kyoto, em 1987 e 1997 respectivamente. O primeiro
regulamentou a produção e o segundo regulamentou a utilização de substâncias agressivas a
camada de ozônio e intensificadoras do efeito estufa.

1.2 Justificativa

A pesquisa em refrigeração doméstica pode ter enfoque, basicamente, no


desenvolvimento de novos refrigerantes ou de novos equipamentos. Para o segundo caso
existem duas possibilidades: caracterização via ensaios experimentais ou aplicação de modelos
numéricos para avaliar o comportamento de refrigeradores domésticos.
A caracterização e avaliação do desempenho de um refrigerador doméstico é
tradicionalmente realizada pela realização de testes experimentais conhecidos como testes de
abaixamento de temperatura (testes de pull-down), realizados em uma câmara climatizada em
que a umidade e temperatura do ar são controladas. O tempo para realização deste teste
experimental é de cerca de 24 horas, considerando-se apenas o tempo necessário para
estabilização do sistema e para a realização do ensaio.
A elevação substancial da capacidade de processamento dos computadores digitais
ocorrida nos últimos anos possibilitou a utilização destes para realização de simulações
numéricas, a partir da solução das equações governantes dos fenômenos físicos que ocorrem
nestes equipamentos. Para o caso da simulação numérica de refrigeradores domésticos podem
ser citados, como ferramentas de simulação, softwares comerciais, incluindo os baseados na
técnica de Dinâmica dos Fluidos Computacional (DFC) e softwares não-comerciais, sendo estes
normalmente desenvolvidos em trabalhos acadêmicos em cooperação com a indústria. Para o
primeiro citam-se suas consolidadas confiabilidade e estabilidade do ponto de vista numérico.
Como desvantagem tem-se a necessidade de alto investimento na aquisição dos mesmos. Para
o segundo tem-se a possibilidade de acesso e alteração do código implementado, mas
normalmente são menos sofisticados que os códigos comerciais.
16

1.3 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é o desenvolvimento e aplicação de modelos para


simulação numérica do comportamento termofluidodinâmico de um refrigerador nos regimes
transiente e permanente utilizando um código de natureza comercial e um código desenvolvido
pelo autor, respectivamente. Embora tenha-se optado por utilizar um refrigerador específico, os
modelos propostos neste trabalho podem ser adaptados para outros tipos de refrigeradores.
Os objetivos específicos são:

 Desenvolver um modelo capaz de representar o comportamento transiente de um


refrigerador doméstico utilizando a arquitetura do software GT-SUITE®;
 Desenvolver um modelo para simulação do refrigerador doméstico em regime
permanente a partir da definição de programas modulares para os componentes de um
refrigerador doméstico no software EES® e posterior integração dos mesmos por meio
de um módulo de gerenciamento;
 Utilizar o modelo em regime transiente para avaliar o comportamento do
refrigerador como um todo e dos seus componentes, desde a partida até a condição de
regime permanente e também para o comportamento cíclico;
 Utilizar o modelo em regime transiente para avaliar o comportamento do
refrigerador para diferentes cargas de refrigerante, temperatura ambiente e rotação do
compressor;
 Utilizar o modelo em regime permanente para avaliar a influência da carga de
refrigerante no comportamento global do sistema de refrigeração;
 Comparar os resultados dos modelos individuais dos componentes com
resultados de outros modelos existentes na literatura e comparar resultados do modelo
transiente e permanente;

1.4 Estrutura da dissertação

Este trabalho foi estruturado da seguinte forma:

 O capítulo 2 apresenta a teoria de refrigeração, especialmente sobre refrigeração


por compressão de vapor;
17

 O capítulo 3 apresenta uma revisão bibliográfica referente a estudos sobre


modelagem de componentes de sistemas de refrigeração e sobre refrigeradores
domésticos;
 O capítulo 4 apresenta os modelos matemáticos empregados neste trabalho, tanto
para a simulação em regime transiente quanto em regime permanente;
 O capítulo 5 apresenta as metodologias numéricas dos modelos utilizados;
 O capítulo 6 apresenta os resultados obtidos e discussões;
 O capítulo 7 apresenta as conclusões baseadas nos resultados obtidos com os
modelos empregados;
 O capítulo 8 apresenta as sugestões para os trabalhos futuros.
18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo serão apresentadas informações sobre teoria de refrigeração,


especialmente sobre refrigeração por compressão de vapor.

2.1 Sistemas de refrigeração

De acordo com Wang (2001), a refrigeração é definida como o processo de remoção e


transferência de calor de uma fonte térmica, substância ou meio a ser resfriado a uma dada
temperatura a um reservatório a maior temperatura a partir de um gasto energético para
realização deste processo. Através da refrigeração é possível manter a temperatura de um
reservatório em um valor inferior à das vizinhanças.
Wang (2001) define um sistema de refrigeração como a combinação de componentes e
equipamentos conectados em uma ordem sequencial para produzir o efeito de refrigeração.
Basicamente, os sistemas de refrigeração podem ser classificados em:

 Sistemas de refrigeração por compressão de vapor;


 Sistemas de refrigeração por absorção;
 Sistemas de refrigeração por expansão de gases.

Para um sistema de refrigeração que opera por compressão de vapor, o refrigerante é


comprimido a um estado de alta pressão e consequentemente alta temperatura pelo compressor.
Posteriormente, no condensador, o refrigerante rejeita calor para a fonte térmica quente, no
dispositivo de expansão sofre um processo de expansão, convertendo-se a um estado de baixa
pressão e temperatura. O efeito de refrigeração se dá pela passagem do refrigerante no
evaporador, em que o refrigerante retira calor da fonte térmica a baixa temperatura a partir da
evaporação.
A Figura 1 apresenta esquematicamente o ciclo e os processos termodinâmicos em um
diagrama T-s (temperatura versus entropia) que caracterizam o sistema de refrigeração por
compressão de vapor ideal, obtido a partir do ciclo de refrigeração ideal de Carnot pela
substituição da turbina por um dispositivo de expansão (STOECKER E JONES, 1985):

 Processo 1-2: compressão isentrópica;


19

 Processo 2-3: rejeição de calor a pressão constante no condensador;


 Processo 3-4: expansão isentálpica no dispositivo de expansão;
 Processo 4-1: absorção de calor a pressão constante no evaporador;

Figura 1 - Esquema do sistema de refrigeração e diagrama temperatura-entropia


para o ciclo ideal

Fonte: Adaptado de Çengel e Boles (2006)

Apesar de ser denominado como ciclo ideal, o processo 3-4 é irreversível. Em um ciclo
real, além do processo de expansão, outras fontes de irreversibilidades estão presentes, como
nos processos de compressão e transferência de calor. A primeira está relacionada ao fato da
compressão real não ser isentrópica, devido ao atrito e outras perdas no compressor e a segunda
está ligada a perdas de carga nos trocadores de calor, o que resulta na necessidade de uma maior
potência de compressão no processo 1-2.
Além disso, aspectos de natureza prática sugerem alterações no ciclo ideal. De acordo
com Stoecker e Jones (1985), no ciclo ideal normalmente admite-se que, na entrada do
compressor, o refrigerante está na condição de vapor saturado. Entretanto, em situações
práticas, é difícil controlar a condição do refrigerante na saída do evaporador. Assim, é prática
comum o projeto do sistema de refrigeração em que na saída do evaporador tenha-se a condição
de vapor superaquecido. Dessa forma garante-se que não exista líquido na entrada do
compressor o que poderia danificar o equipamento. Além disso, é desejável que na saída do
condensador tenha-se líquido sub-resfriado, pois, dessa forma, o fluido na saída do dispositivo
de expansão terá menor entalpia, o que aumenta a capacidade de refrigeração do sistema, já que
20

o fluido absorverá maior quantidade de energia ao passar pelo evaporador, e ainda previne a
cavitação no dispositivo de expansão.
Um diagrama do ciclo real de compressão do vapor (considerando as irreversibilidades
e os aspectos de natureza prática citados anteriormente) é mostrado na Figura 2 e a descrição
dos processos é mostrada a seguir:

 Processo 1-2: compressão irreversível;


 Processo 2-3: perda de carga e transferência de calor na tubulação;
 Processo 3-4: rejeição de calor com variação da pressão no condensador;
 Processo 4-5: perda de carga e transferência de calor na tubulação;
 Processo 5-6: expansão do fluido refrigerante;
 Processo 6-7: perda de carga e transferência de calor na tubulação;
 Processo 7-8: absorção de calor com variação da pressão no evaporador;
 Processo 8-1: perda de carga e transferência de calor na tubulação.

Figura 2 - Diagrama do sistema de refrigeração e diagrama temperatura-


entropia para o ciclo real

Fonte: Adaptado de Çengel e Boles (2006)

O coeficiente de performance do sistema de refrigeração é calculado pela razão entre a


taxa de transferência de calor removida da fonte fria, que no caso de um refrigerador doméstico
corresponde ao interior do refrigerador, e a potência consumida pelo compressor, sendo dado
pela Equação 1 (BEJAN, 2006):
21

Q evap
COP  (1)
W comp

Onde:
COP : coeficiente de performance [adimensional]
Q evap : taxa de transferência de calor removida do ar no interior do gabinete [W]

W com p : potência consumida pelo compressor [W]


22

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo será apresentada a revisão bibliográfica referente a estudos sobre


modelagem de componentes de sistemas de refrigeração e sobre refrigeradores domésticos.

3.1 Refrigeradores domésticos

Um refrigerador doméstico é um equipamento cuja função é a conservação de alimentos,


mantendo-os a uma temperatura inferior ao ambiente. Este equipamento é constituído
basicamente por um sistema de refrigeração e um gabinete termicamente isolado. A maioria
dos refrigeradores domésticos utilizados no Brasil utilizam o sistema de refrigeração por
compressão de vapor (HERMES, 2006), sendo este composto pelos seguintes componentes:
compressor, trocadores de calor (evaporador e condensador) e dispositivo de expansão, sendo
que este é um tubo capilar, que, juntamente com a linha de sucção, forma um trocador de calor
(trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção).
Os refrigeradores domésticos existentes no mercado diferenciam-se principalmente pelo
tipo de evaporador utilizado: os frost-free ou no-frost utilizam um evaporador do tipo tubo-
aletado submetido a convecção forçada de ar e os convencionais ou estáticos utilizam um
evaporador do tipo roll-bond e a transferência de calor do lado externo é governada pela
convecção natural.
O refrigerador Consul SLIM 230L (Figura 3), utilizado nos trabalhos de Klein (1998) e
Hermes (2000), foi escolhido como produto a ser estudado neste trabalho, dada a variedade de
informações nos trabalhos destes autores. Este refrigerador doméstico é do tipo convencional e
caracteriza-se por apresentar apenas um compartimento refrigerado, ou seja, não possui freezer.
O sistema de refrigeração é formado por um compressor hermético alternativo, um condensador
arame-tubo, um evaporador do tipo roll-bond e um trocador de calor tubo-capilar-linha-de-
sucção do tipo concêntrico. O fluido refrigerante é o R134a e o lubrificante é o óleo poliolester
α22. As características geométricas e outras informações relevantes sobre o refrigerador e seus
componentes são apresentadas no Apêndice A, obtidas do trabalho de Hermes (2000).
23

Figura 3 - Refrigerador Consul SLIM 230L

Fonte: Adaptado de Hermes, 2000

A temperatura interna do refrigerador SLIM 230L é controlada por um termostato, que


desliga o compressor quando a temperatura do compartimento atinge um determinado valor e
religa o compressor quando a temperatura se eleva até um outro determinado valor. Dessa
forma, a operação do termostato será traduzida para o sistema de refrigeração e para o ar no
gabinete refrigerado em um comportamento transiente e cíclico.

3.1.1 Estudos sobre modelagem de componentes de sistemas de refrigeração

Na modelagem de sistemas de refrigeração, diferentes estratégias para concepção de


modelos individuais podem ser consideradas para os componentes. A seguir serão descritas
estas possíveis estratégias, baseadas em Quiao et al. (2010).

3.1.1.1 Compressor

De acordo com Zhao et al. (2009), para o compressor os modelos de simulação podem
ser divididos em três categorias: modelos por mapas ou caixa-preta, modelos baseados em
eficiências e modelos detalhados ou caixa-branca.
Os modelos por mapas ou caixa-preta, como em Shao et al. (2004), Chu et al. (2004),
Chu et al. (2012) e Li (2012), são baseados em mapas das grandezas de performance obtidos
experimentalmente. Nestes modelos não são considerados diretamente os parâmetros físicos e
geométricos do compressor e por isso são normalmente aplicados na simulação do
comportamento global do sistema. Como característica vantajosas destes modelos citam-se a
24

precisão na determinação da vazão mássica, potência consumida e temperatura de descarga,


entretanto são válidos somente para a faixa de operação dos testes experimentais e portanto
extrapolações podem não gerar resultados confiáveis.
Os modelos baseados em eficiências, como em Jabardo et al. (2002) e Yang et al. (2009),
baseiam-se na hipótese de que o processo de compressão é ideal e aplicam conceitos de
eficiências volumétrica e isentrópica via expressões empíricas para predizer a performance do
compressor. Já que nestes modelos aplicam-se equações de conservação eles possuem maior
capacidade de simular o comportamento dos compressores para diferentes condições de
operação, sendo, deste ponto de vista, mais sofisticados que os modelos baseados em mapas.
Por fim, os modelos detalhados, como em Chen et al. (2002), Chen et al. (2004), Rigola
et al. (2005) e Mathison et al. (2008), são baseados na aplicação das equações governantes e
utilizam variados parâmetros do compressor, já que utilizam modelos para o processo de
compressão, transferência de calor entre o refrigerante e as partes do compressor, vazamento
de refrigerante, interação entre óleo e refrigerante. Estes modelos são intensamente aplicados
em projetos de compressores e normalmente apresentam custo computacional proibitivo do
ponto de vista de simulação global de um sistema de refrigeração.

3.1.1.2 Trocadores de calor

Os modelos existentes para simulação de trocadores de calor podem ser divididos em


quatro categorias: modelos globais ou lumped, modelos por zonas ou fronteira móvel, modelos
distribuídos ou baseados no método dos volumes finitos e modelos tubo-tubo.
Os modelos globais ou lumped, como em Yao et al. (2013), consideram o trocador de
calor como um único volume de controle e utilizam um valor global para o coeficiente de
transferência de calor para cálculo da performance deste equipamento associados ao método da
diferença de temperatura média logarítmica ou efetividade, descritos em Shah e Sekulíc (2003).
Estes modelos não consideram variações locais das propriedades e mudança de fase de modo
que sua precisão não pode ser garantida, sendo principalmente aplicados para avaliações
qualitativas.
Os modelos por zonas ou fronteira móvel, como em Guzella et al. (2013), dividem o
trocador de calor em zonas baseadas nos locais onde a mudança de fase ocorre, dando origem
a três regiões: superaquecimento, saturação e sub-resfriamento. A modelagem para cada região
é do tipo global ou lumped sendo que coeficientes de transferências de calor e temperaturas
25

médias são consideradas para cada região. Estes modelos oferecem maior precisão quando
comparados aos modelos global e ainda baixo custo computacional.
Nos modelos distribuídos ou baseados no método dos volumes finitos, como em García-
Cascales et al. (2010) e Guzella et al. (2013), o trocador de calor é dividido em vários volumes
de controle e os pontos de mudança de fase e as propriedades são avaliados localmente em cada
nó. O aumento do número de volumes de controle aumenta a resolução da análise e também o
custo computacional. Entretanto, sabe-se que a partir de determinado ponto, o aumento do
número de volumes de controle não influencia de maneira significativa os resultados. Assim,
deve-se encontrar um balanço entre o número volumes de controle a ser empregado de modo a
não aumentar demasiadamente o custo computacional.
Por fim, os modelos tubo-tubo, como em Domanski (2003), Jiang et al. (2006) e Singh
et al. (2008), simulam o comportamento do trocador de calor a partir de uma detalhada
metodologia numérica, que leva em consideração o arranjo dos tubos e aletas, além de levar em
consideração a distribuição não uniforme do ar (quando este é o fluido externo) ao longo dos
tubos. Este modelo é o mais sofisticado e apresenta maior precisão que os citados anteriormente,
mas apresenta maior custo computacional que os demais.

3.1.1.3 Dispositivo de expansão

Para os dispositivos de expansão três estratégias de modelagem são apresentadas na


literatura: modelos baseados em correlações empíricas, soluções aproximadas e modelos
distribuídos ou baseados no modelo dos volumes finitos.
Os modelos baseados em correlações empíricas, como em Li et al. (2004) e Park et al.
(2007), calculam a vazão mássica através do dispositivo de expansão por meio das condições
na entrada e saída. Esses modelos empregam correlações oriundas normalmente de regressões
obtidas a partir de dados experimentais. Por este motivo apresentam uma pequena faixa de
aplicação além de serem dependentes do fluido de trabalho empregado.
Os modelos baseados em soluções aproximadas, como em Zhang e Ding (2001),
consistem na solução aproximada das equações governantes a partir de uma série de
simplificações que dependem do tipo de dispositivo de expansão empregado. Para dispositivos
de expansão do tipo tubo capilar é usual a consideração de escoamento isentálpico. A principais
vantagens destes modelos são o baixo custo computacional, a ausência de problemas de
convergência e a simplicidade da formulação.
26

Os modelos distribuídos ou baseados no método dos volumes finitos (YANG E ZHANG


,2005) são semelhantes aos apresentados para os trocadores de calor. Estes modelos são
frequentemente empregados quando o foco do estudo é somente o dispositivo de expansão, não
sendo normalmente aplicados para simulação global de sistemas de refrigeração pelo seu
elevado custo computacional e possibilidade de não convergência do sistema de equações.

3.1.2 Estudos sobre refrigeradores domésticos

Neste item serão apresentados alguns estudos realizados de forma global em


refrigeradores domésticos por métodos experimentais e/ou simulação numérica nos regimes
transiente e permanente.
Melo et al. (1988) desenvolveram um dos primeiros modelos de simulação numérica de
refrigeradores domésticos, baseado no modelo proposto por Dhar (1978) para uma unidade de
condicionamento de ar. O modelo foi desenvolvido para simular o comportamento de um
refrigerador de duas portas operando com o fluido refrigerante R12 durante o transiente de
partida. Nos trocadores de calor a transferência de calor ocorria por convecção forçada e seus
modelos foram considerados nodais, assim como os modelos para os compartimentos
refrigerados. Para o compressor considerou-se processo politrópico e o tubo capilar foi
considerado adiabático. A integração temporal das equações governantes foi realizada
explicitamente, utilizando o método de Euler. O modelo desenvolvido foi capaz de reproduzir
as temperaturas do ar no interior do gabinete até que o sistema atingisse regime permanente,
apresentando boa concordância quando comparado com os dados experimentais.
O modelo de Melo et al. (1988) foi adaptado por Lunardi (1991) para um refrigerador
doméstico com um condensador com movimentação natural de ar. Os modelos para os
trocadores de calor foram zonais e cada região foi modelada por um único ponto nodal. Para o
compressor considerou-se compressão politrópica e o tubo capilar foi também considerado
adiabático. Para integral temporal das equações diferenciais foi implementado o método de
Runge-Kutta de 4ª ordem, que permitia a utilização de incrementos de tempo maiores. O
modelo foi utilizado para reproduzir um teste de abaixamento de temperatura, também
conhecido como teste de pull-down, mas nenhuma das correlações para transferência de calor
do lado do ar por convecção natural produziu resultados adequados. O autor finaliza seu
trabalho afirmando que existe a necessidade de estudos experimentais mais detalhados acerca
do comportamento de condensadores arame-tubo e tubos capilares não-adiabáticos.
27

Jakobsen (1995) desenvolveu três modelos de simulação para um refrigerador


doméstico com um compartimento refrigerado. Todos os modelos desenvolvidos para os
componentes foram nodais. O primeiro modelo caracterizava o refrigerador em regime
permanente, o segundo e o terceiro (denominados DynTherm e DynFlo, respectivamente)
caracterizavam o refrigerador em regime transiente, sendo que o modelo DynTherm não levava
em consideração a distribuição de refrigerante nos trocadores de calor e no tubo capilar e o
modelo DynFlo considerava. O processo de compressão foi considerado isentrópico e era
corrigido por correlações empíricas obtidas experimentalmente. Os modelos dos trocadores de
calor foram do tipo globais. O tubo capilar foi modelado a partir de um modelo adiabático
corrigido por um fator multiplicativo determinado via correlação empírica. Os resultados dos
modelos foram confrontados com resultados experimentais e tiveram pouca concordância,
principalmente nos instantes iniciais do transiente de partida. O autor realizou um estudo do
comportamento cíclico do refrigerador, comparando resultados do consumo de energia elétrica
para operação cíclica e contínua e concluiu que a operação contínua resulta em um maior
coeficiente de performance. As grandes contribuições deste trabalho foram a descrição do
comportamento transiente de refrigeradores domésticos, apesar da mesma ser qualitativa, além
do estudo do comportamento cíclico do refrigerador.
Klein (1998) desenvolveu um modelo matemático para simulação em regime
permanente de um refrigerador doméstico com um único compartimento refrigerado. O
trabalho deste autor é particularmente relevante por ter analisado o mesmo refrigerador
analisado no presente trabalho. Dois modelos foram desenvolvidos para o compressor
hermético: um totalmente empírico e outro baseado em um processo politrópico de compressão.
O modelo empírico apresentou melhores concordâncias com resultados experimentais, de
acordo com o autor. Com o objetivo de investigar a influência do aquecimento do refrigerante
na linha de sucção no comportamento do refrigerador foi desenvolvido um modelo aproximado
para caracterizar a transferência de calor nesta região. Para o modelo do condensador foi
utilizado um modelo de regiões e correlações empíricas foram utilizadas para cálculo dos
coeficientes de transferência de calor do lado do refrigerante e do lado do ar. Para o modelo do
evaporador roll-bond foram consideradas as hipóteses de placa isotérmica e condição de vapor
saturado na saída do mesmo. Para o cálculo do coeficiente de transferência de calor do ar no
interior do gabinete foi também empregada uma correlação empírica. As trocas radiativas no
interior do gabinete foram consideradas através de um modelo simplificado, baseado nos fatores
de forma. A transferência de calor do lado externo para o gabinete foi realizada utilizando-se
dois modelos: um empírico e outro através do balanço térmico nas paredes. O trocador de calor
28

tubo-capilar-linha-de-sucção foi baseado em equações obtidas via regressão de dados obtidos


do trabalho de Mezavila (1995). O modelo foi aplicado para diversas condições de operação e
os resultados apresentaram boa concordância com resultados experimentais.
Hermes (2000) desenvolveu modelos matemáticos para simulação transiente dos
componentes do mesmo refrigerador doméstico analisado por Klein (1998). Os modelos
desenvolvidos para os trocadores de calor e tubo capilar foram baseados nas leis de conservação
da massa, quantidade de movimento e energia e as equações resultantes foram integradas
segundo o método dos volumes finitos, seguindo uma formulação totalmente implícita. A
abordagem implícita empregada pelo autor permitiu a análise dos componentes nos regimes
permanente e transiente e a formulação distribuída permitiu a determinação da variação das
propriedades do refrigerante e parâmetros em cada ponto do domínio. O modelo do compressor
foi baseado em uma abordagem semi-empírica e foi dividido em dois sub-modelos: câmara de
compressão e carcaça do compressor. No primeiro sub-modelo foi considerado processo de
compressão politrópica e no segundo foram consideradas as trocas térmicas, interação entre
óleo e o refrigerante, bem como as perdas de carga nas regiões de sucção e descarga. A obtenção
dos parâmetros relativos ao compressor foi realizada a partir de procedimentos experimentais
em um calorímetro de ciclo quente. Um modelo nodal foi desenvolvido para o gabinete,
considerando influências dos revestimentos interno e externo, do isolamento térmico e da
gaxeta na carga térmica do refrigerador. As trocas radiativas internas foram consideradas
utilizando um modelo que considera o efeito direcional das trocas radiativas entre as superfícies
internas e entre estas e o evaporador. O método de substituições sucessivas foi utilizado para a
solução das equações a partir de um procedimento em marcha, proposto por MacArthur e Grald
(1989). O intuito inicial do autor era desenvolver um modelo para simulação global do
refrigerador doméstico para reprodução dos ensaios de pull-down e consumo de energia.
Entretanto problemas relacionados a não-convergência numérica da solução devido a
descontinuidade dos parâmetros e propriedades do fluido na transição do escoamento
monofásica e bifásica impossibilitaram que este objetivo fosse alcançado. Dessa forma, o autor
optou por explorar os modelos individuais desenvolvidos e compará-los com resultados
provenientes de outros trabalhos que estudaram o mesmo refrigerador: Klein (1998) e
componentes de refrigeradores domésticos: Mezavila (1995), apresentando bons resultados.
Uma análise qualitativa dos resultados provenientes das simulações dos componentes operando
em regime transiente foi também realizada, em que os modelos foram calibrados a partir de
dados obtidos experimentalmente.
29

Gonçalves e Melo (2004) apresentaram um estudo do comportamento de um


refrigerador de dois compartimentos através de uma abordagem semi-empírica para
caracterização e previsão da performance de cada um dos componentes do refrigerador. Através
dos ensaios experimentais foram determinados parâmetros relevantes das operações dos
componentes que foram posteriormente inseridos nos modelos. Os modelos matemáticos foram
baseados nas equações da massa, quantidade de movimento e energia. A solução do conjunto
de equações governantes foi realizada no software EES® (Klein, 2004) e as predições do modelo
para capacidade de refrigeração e consumo de energia elétrica foram comparadas com dados
experimentais, apresentando boa concordância. Por fim, os autores utilizaram o modelo para
investigar a influência de determinados parâmetros no consumo de energia elétrica do sistema,
para uma dada temperatura interna do ar no gabinete: o aumento da condutância térmica do
gabinete promoveu aumento do consumo de energia, ao passo que o aumento das áreas de
transferência de calor dos trocadores de calor (condensador e evaporador) resultou em
diminuição do consumo de energia.
O trabalho desenvolvido por Hermes (2006) formalizou uma metodologia para
simulação computacional do comportamento transiente de refrigeradores domésticos. A
metodologia proposta foi aplicada a um refrigerador 440 litros com dois compartimentos
refrigerados, caracterizado pela movimentação forçada de ar nos compartimentos pela atuação
de um ventilador. No condensador a transferência de calor do lado do ar ocorria por convecção
natural. A temperatura do congelador era controlada simultaneamente pelo acionamento e
desligamento do compressor e ventilador e a temperatura do refrigerador era mantida pela
atuação de um damper termostático que variava a vazão de ar admitida neste compartimento.
Os modelos dos trocadores de calor foram formulados a partir das leis conservação da massa e
energia e integradas segundo o método dos volumes finitos. A integração temporal foi realizada
a partir de uma formulação totalmente explícita, a partir de um método preditor-corretor de
ordem variável e passo de integração auto-adaptativo. Novas correlações para transferência de
calor do lado do ar foram propostas tanto para o evaporador quanto para o condensador. O
modelo do compressor foi baseado na formulação de dois sub-modelos: um para a carcaça e
outro para o cilindro, levando em consideração a interação entre o óleo e o refrigerante. Dados
experimentais foram utilizados para calibrar o modelo do compressor. Resultados
experimentais para o transiente de partida e comportamento cíclico foram utilizados para
validar o modelo computacional desenvolvido mostrando boa adequação. O autor realizou
também uma análise de sensibilidade de alguns parâmetros do refrigerador. Por fim, o autor
mostrou que a inércia térmica do gabinete é muito maior que a do sistema de refrigeração.
30

Gupta et al. (2007) apresentaram um modelo que representa o comportamento


termofluidodinâmico para um refrigerador doméstico frost-free com ventilação forçada, com
objetivo de aumentar o coeficiente de performance do sistema. As equações governantes foram
resolvidas segundo a técnica DFC (Dinâmica dos Fluidos Computacional) em uma malha
tridimensional não-estruturada a partir da imposição de condições de contorno adequadas. Os
resultados obtidos via simulação numérica foram confrontados com resultados experimentais,
em que discrepâncias foram observadas para a temperatura do ar no compartimento do freezer,
onde as temperaturas obtidas numericamente foram superiores às obtidas experimentalmente.
Para a temperatura do ar no compartimento refrigerado observou-se um comportamento oposto.
Essas diferenças foram atribuídas a falta de precisão nas vazões de ar e transferências de calor
pela gaxeta e compressor. Variações das dimensões internas e parâmetros de operação do
refrigerador foram investigadas e baseado nos resultados obtidos os autores sugeriram
modificações no projeto: aumento do espaçamento entre a parede traseira e a prateleira do
congelador para homogeneizar a circulação do ar e aumento da vazão de ar para o refrigerador
pela entrada frontal, reduzindo a temperatura nesta região. Laguerre et al. (2007) também
utilizaram a mesma técnica para estudar a transferência de calor por convecção natural em
refrigeradores domésticos sem ventilação, em que o compartimento refrigerado foi analisado
para condições diferentes de carga térmica: refrigerador vazio e carregado. Análises numéricas
e experimentais foram realizadas e os resultados apresentaram boa concordância somente
quando a transferência de calor por radiação foi considerada no modelo.
Rangel (2007) empregou o modelo de simulação do refrigerador doméstico em regime
transiente DynTherm desenvolvido por Jakobsen (1995) para analisar parametricamente as
influências da carga térmica, coeficiente global de transferência de calor do condensador e da
característica do compressor sobre o coeficiente de performance (COP) do sistema de
refrigeração. O autor observou que tanto para aumento da carga térmica quanto para diminuição
do coeficiente global de transferência de calor, o COP do sistema diminuía e as
irreversibilidades no condensador aumentavam. A diminuição do deslocamento do compressor
também provocou diminuição no COP do sistema mas não afetou de maneira significativa a
distribuição das irreversibilidades entre os componentes do sistema de refrigeração analisado.
Pereira (2009) desenvolveu um modelo de simulação semi-empírico de um refrigerador
doméstico. Nesta estratégia de modelagem, o circuito de refrigeração foi considerado operar
em regime permanente, baseado no modelo de Gonçalves e Melo (2004), e o gabinete
refrigerado foi considerado em regime transiente. De acordo com o autor, essa formulação
permite obter um comportamento próximo ao real com baixo custo computacional e baixa
31

complexidade em termos da formulação quando comparado ao modelo de Hermes (2006). O


programa computacional desenvolvido foi baseado nas leis de conservação da massa,
quantidade de movimento e energia com acréscimo de parâmetros empíricos derivados de
experimentos, o que reduziu a complexidade do modelo e permitiu prever o comportamento do
refrigerador tanto em regime permanente como transiente cíclico. Entretanto, a introdução de
parâmetros empíricos limitaram o modelo a prever o comportamento somente do refrigerador
estudado. Os resultados mostraram que o modelo era capaz de reproduzir o consumo de energia
do refrigerador com uma margem de erro de 10%. Ao final foi realizada uma análise do impacto
de alguns parâmetros de projeto sobre o desempenho do sistema e uma análise de sensibilidade
que mostrou que o consumo de energia pelo refrigerador poderia ser reduzido em 18,7%, pelo
aumento da área de transferência de calor do condensador, diminuição da eficiência volumétrica
e o deslocamento do compressor e aumento da eficiência global do mesmo.
Laguerre et al. (2010) realizaram simulações numéricas de transferência de calor e
massa em um refrigerador doméstico com movimentação natural de ar utilizando via técnica
CFD para investigação dos fenômenos de evaporação e condensação por convecção natural. O
modelo numérico foi resolvido considerando regime permanente, escoamento laminar para o ar
e transferência de calor por condução, convecção e radiação. Experimentos foram realizados
em trabalhos anteriores (Laguerre et al., 2009a e Laguerre et al, 2009b) em que foram inseridos
cilindros úmidos no refrigerador e utilizados para validação das simulações. A comparação
entre resultados numéricos e experimentais mostraram bons resultados para a posição no
interior onde ocorria a condensação e evaporação. Entretanto as temperaturas de condensação
e evaporação obtidas numericamente foram inferiores às obtidas experimentalmente.
Posteriormente o modelo numérico foi aplicado a um refrigerador com alimentos
desempacotados (susceptíveis a desidratação) presentes no seu interior. Fenômenos de
condensação foram observados nos produtos localizados nas proximidades do evaporador e
desidratação dos produtos localizados próximos a porta e topo do refrigerador, nas mesmas
posições que foram descritas em Laguerre et al. (2009a) e Laguerre et al. (2009b), independente
das dimensões do produto. De acordo com os autores, estes fenômenos foram causados
principalmente pela transferência de calor por radiação e por isso sugeriram a utilização de
materiais com baixa emissividade para a parede do evaporador, limitando assim a condensação
e consequentemente o crescimento de bactérias.
Tulapurkar et al. (2010) apresentaram uma modelo numérico capaz de predizer o
comportamento transiente de um refrigerador doméstico. Baseada em modelos nodais, a
metodologia proposta foi capaz de predizer a temperatura no evaporador, a interação entre os
32

componentes do sistema de refrigeração e o gabinete. De acordo com os autores, o modelo se


mostrou robusto e computacionalmente rápido, proporcionando diminuição significativa do
tempo gasto no projeto do sistema de refrigeração. Nos modelos dos trocadores de calor foram
incorporados parâmetros obtidos em outros trabalhos dos autores. Uma simplificação foi
adotada para o sistema de controle do refrigerador: o acionamento e desligamento do
compressor foi baseado na temperatura do freezer, ignorando a ação do damper termostático e
ventilador. Predições relativas a umidade do ar no interior não foram realizadas. O modelo
permitiu ainda predizer o consumo de energia do compressor durante o período cíclico.
Comparações com resultados experimentais não foram realizadas e foram sugeridas para
trabalhos futuros.
Yang et al. (2010) apresentaram um modelo numérico baseado na técnica CFD para
simulação da performance de um refrigerador doméstico aliados a ensaios experimentais para
validação dos resultados numéricos. A partir dos resultados obtidos observou-se boa acordância
entre os dados numéricos e experimentais para a variação da temperatura no freezer e no
compartimento refrigerado, mas para o compartimento de vegetais discrepâncias foram
observadas. Os resultados obtidos sugeriram que o projeto de um duto de ar e sua posição no
compartimento influenciam a uniformidade da temperatura do ar no interior, ainda que o
escoamento de ar seja fortemente influenciado pela gravidade. Uma nova configuração para os
dutos de ar no interior dos compartimentos do freezer e refrigerador foi proposta de modo a
melhorar a uniformidade da temperatura de ar no interior. A partir desta nova configuração
observou-se redução de 50% na diferença entre a temperatura máxima e a média nos
compartimentos.
Björk et al. (2010) realizaram um estudo termográfico durante o regime cíclico de um
refrigerador doméstico com um único compartimento refrigerado. De acordo com os autores
esta técnica consiste em uma metodologia experimental alternativa à tradicional, que emprega
termopares distribuídos no sistema de refrigeração, já que permite observar de forma global a
distribuição da carga de refrigerante no sistema durante a operação transiente cíclica. A partir
da técnica termográfica combinada com a utilização de termopares foram identificadas quatro
fontes de perda de energia: processo de ativação do evaporador na partida (compreende o tempo
anterior ao evaporador ser totalmente ocupado com refrigerante superaquecido), fronteiras do
evaporador subutilizadas para evaporação durante operação em regime permanente, evaporação
no filtro secador durante o período em que o sistema está desligado e presença de líquido na
saída do evaporador na partida do compressor. Sugestões de melhorias em características do
refrigerador são sugeridas com base nas fontes de perda de energia: rearranjo do
33

posicionamento dos canais do evaporador e diminuição do diâmetro da saída do evaporador,


aproximação dos canais do evaporador em relação as arestas da placa evaporadora, possível
remoção do filtro secador (apesar de ser citada a necessidade deste componente). Para a última
fonte de perda de energia, que corresponde a presença de líquido na saída do evaporador na
partida do compressor, os autores observaram que grande parte do líquido evapora na linha de
sucção devido a presença do trocador de calor.
Borges et al. (2011) apresentaram um modelo semelhante ao desenvolvido por Pereira
(2009). Entretanto o modelo foi utilizado apenas para predição do seu comportamento cíclico
e posteriormente avaliação do consumo de energia do mesmo. Os resultados de consumo de
energia elétrica e temperatura do ar no gabinete obtidos com o modelo foram confrontados
contra dados experimentais apresentando ótima acordância, com erros de ± 2% para o consumo
de energia e 0,4 °C para temperatura do ar no gabinete. Uma análise de sensibilidade foi
realizada variando-se a temperatura ambiente e conforme esperado, o consumo de energia foi
inferior para a menor temperatura ambiente analisada.
Lin et al. (2011) apresentaram um modelo dinâmico para simulação transiente de um
refrigerador doméstico com vários compartimentos submetidos a resfriamento indireto do ar.
O resfriamento indireto é obtido pela presença de canais para movimentação do ar nos
compartimentos refrigerados e freezer, aumentando a performance do sistema e a economia de
energia devido a homogeneização da temperatura do ar no interior. Para os modelos dos
componentes considerou-se um processo politrópico para o compressor, modelos por zonas
para os trocadores de calor. Para o tubo capilar foi utilizada uma solução analítica aproximada
obtida pela transformação do tubo capilar não-adiabático em um adiabático equivalente,
evitando as instabilidades numéricas típicas de modelos distribuídos, conforme descrito por
Negrão e Melo (1999). Os compartimentos foram modelados como um conjunto de elementos
normalizados em série e paralelo e um modelo baseado na transformada Z foi aplicado para
predizer a temperatura média de ar no interior. A integração temporal das equações diferenciais
foi realizada explicitamente e algoritmos de predição-correção e incremento de tempo
adaptativo foram implementados. A função do algoritmo de predição-correção é desacoplar
parâmetros dos modelos dos componentes do refrigerador e simular o comportamento global
do mesmo, a do algoritmo de incremento de tempo adaptativo é selecionar um incremento de
tempo ótimo para o sistema de refrigeração e aumentar as eficiência de processamento. Os
resultados numéricos foram comparados com resultados experimentais, com desvios máximos
de 2°C para temperatura do compartimento de ar e temperaturas de condensação e evaporação.
Desvios de 10% entre resultados numéricos e experimentais foram observados para o consumo
34

de energia. De acordo com os autores, o modelo consegue representar o funcionamento de um


refrigerador por 24 horas com tempo de processamento de 178,3 segundos.
Negrão et al. (2011) apresentaram uma abordagem por simulação numérica para
economia de energia e redução de custos em refrigeradores domésticos. Modelos matemáticos
para cada componente do sistema foram desenvolvidos e computacionalmente acoplados. O
modelo de simulação desenvolvido foi validado com dados experimentais obtidos para um
refrigerador de 300 litros. Os resultados numéricos de consumo de energia, capacidade de
refrigeração e razão entre o tempo em que o sistema permaneceu ligado e o tempo total de
operação apresentaram erro máximo de 10%. Adicionalmente, um algoritmo de otimização foi
desenvolvido no modelo de simulação com o objetivo de dimensionar as áreas de transferência
de calor do condensador e evaporador e a espessura de isolamento do gabinete, de modo a
minimizar o custo total do sistema de refrigeração para um determinado valor de consumo de
energia. Uma relação para custo mínimo e consumo de energia mínimo foi obtido a partir dos
resultados obtidos. O efeito do volume do cilindro e da eficiência do compressor no custo
mínimo do refrigerador foi também analisado e a partir dos resultados foi observado que o custo
reduz nos casos em que compressores de elevada eficiência são aplicados em refrigeradores
domésticos de baixo consumo de energia.
Jaramillo et al. (2012) realizaram um estudo da movimentação e distribuição de
temperaturas do ar no interior do compartimento refrigerado de um refrigerador doméstico, com
o objetivo de avaliar a influência da localização de entradas de ar frio no gabinete na
homogeneização da circulação e distribuição de ar, semelhante ao realizado por Lin et al.
(2011). O estudo foi baseado em simulações numéricas utilizando a técnica CFD para solução
das equações governantes em três dimensões em regime transiente. A turbulência foi modelada
via simulação LES (large eddy simulation), utilizando o modelo de Smagorinsky (BLAZEK,
2001). Resultados iniciais após quinzes segundos de simulação para um configuração com seis
aberturas de ar nas três prateleiras superiores mostraram que temperatura do ar no
compartimento não sofreu alterações significativas. Duas aberturas adicionais na parte inferior
foram feitas posteriormente resultando em diminuição da temperatura nas prateleiras
superiores. Para ambos casos a temperatura dentro do compartimento da região inferior não foi
alterada significativamente e temperaturas inferiores foram observadas nas proximidades das
paredes do refrigerador, sendo que para seis aberturas foi observada uma distribuição de
temperaturas mais homogênea nas direções horizontal e vertical. Os autores concluíram que
técnicas de simulação da distribuição do ar constituem um método de razoável custo
computacional e fornecem informações relevantes. Para a configuração das entradas de ar, os
35

autores concluíram que a abertura de entradas de ar em um refrigerador constitui um método


que proporciona aumento da performance do sistema, com economia do consumo de energia.
Boeng et al. (2013) apresentaram um estudo experimental do mapeamento do consumo
de energia de um refrigerador doméstico variando-se a carga de refrigerante no sistema e a
restrição do dispositivo de expansão. Várias combinações destes parâmetros foram utilizados e
foi possível a identificação de uma região em que o consumo de energia é mínimo para pares
destas grandezas. Os autores observaram que o aumento da restrição no dispositivo de expansão
acarretava aumento da potência de compressão e diminuição da vazão mássica no sistema. A
diminuição da vazão mássica estava associado a diminuição da pressão de evaporação e
aumenta o grau de superaquecimento na saída do evaporador, já que nesta situação o
refrigerante tende a se concentrar no condensador. Dessa forma, o volume específico do
refrigerante na entrada do compressor aumenta o que causa diminuição da vazão mássica. O
aumento da potência de compressão estava associado ao aumento da razão de compressão pela
diminuição da pressão de evaporação. A medida que a carga de refrigerante aumentava, a
quantidade de refrigerante nos trocadores de calor aumentava, o que resultava em aumento das
pressões de condensação e evaporação e diminuição do superaquecimento do refrigerante na
saída do evaporador. Estes efeitos combinados diminuem o volume específico do refrigerante
na sucção, de modo que a vazão mássica tende a aumentar. A partir dos resultados obtidos foi
possível determinar que para determinadas combinações dos parâmetros avaliados (restrição do
dispositivo de expansão e carga de refrigerante), o aumento do consumo de energia poderia
chegar a 30%.

3.1.3 Comportamento transiente de refrigeradores domésticos

De acordo com Hermes (2006) são identificadas duas escalas de tempo no transiente de
partida de um refrigerador doméstico: transientes rápidos, associados a redistribuição de
refrigerante e transientes lentos associados a transferência de calor e a inércia térmica dos
compartimentos refrigerados. Os transientes rápidos são responsáveis pelas variações de
pressões nos instantes iniciais após a partida do compressor e os transientes lentos são
associados as trocas térmicas nos trocadores de calor, afetando o tempo de preenchimento do
evaporador e os picos de pressões.
O transiente de partida de um refrigerador doméstico compreende a descrição da
variação das propriedades do refrigerante e sua distribuição em massa em cada componente no
momento da partida do compressor, considerando que este ficou desligado por um determinado
36

período de tempo. Durante os primeiros instantes após a partida do compressor, o


comportamento do sistema de refrigeração é intensamente transiente (JAKOBSEN, 1995).
Inicialmente a temperatura do ar no interior do gabinete encontra-se próxima ao valor
setado no termostato. O condensador encontra-se preenchido por vapor superaquecido, como
resultado da movimentação do refrigerante do tubo capilar (devido a redução da pressão pelo
escoamento) para o evaporador. A pressão em todos os componentes é a mesma,
correspondendo a pressão de saturação do refrigerante correspondente à temperatura da
superfície do evaporador. A maior parte do refrigerante está situada no evaporador na forma
livre, já que este componente está a menor temperatura, ou dissolvida no óleo do compressor
devido ao aumento da pressão e redução da temperatura no interior da carcaça.
Após o acionamento do compressor pelo termostato, o fluxo de massa deslocado
aumenta abruptamente o que causa aumento da pressão no condensador até a pressão de
condensação correspondente a temperatura da superfície externa do condensador. Com o início
da condensação, o aumento de pressão se dá a uma taxa menor que a do momento de partida.
Para o tubo capilar, o aumento do fluxo de massa deslocado pelo compressor é traduzido em
aumento do fluxo de massa do condensador para o capilar mas no início, o primeiro é superior
ao segundo. Após algum tempo, grande parte da massa no interior do condensador se encontra
no estado líquido e tem-se aumento do sub-resfriamento na saída do condensador o que
juntamente com o aumento da pressão resultará em aumento do fluxo de massa no tubo capilar.
Ao mesmo tempo, a diminuição da pressão de sucção e aumento da pressão de condensação
aliada ao aumento do superaquecimento do vapor no cilindro do compressor resultarão em
diminuição do fluxo de massa na saída do compressor.
O evaporador, logo após a partida do compressor, tem sua pressão praticamente
constante devido a evaporação do líquido presente no mesmo e desprendimento do refrigerante
antes misturado com o óleo do compressor. A pressão no evaporador passa a diminuir
rapidamente, já que que todo o refrigerante se desloca para o condensador o que,
consequentemente ocasionará aumento do grau de superaquecimento na saída do evaporador.
Após um certo tempo, que é função do tempo em que o fluxo de massa ao longo do tubo capilar
aumenta, o evaporador é gradualmente preenchido com refrigerante e uma condição quase-
estacionária é atingida nos trocadores de calor. Assim, a distribuição de refrigerante no sistema
não será alterada significativamente após algum tempo, com a equalização do fluxo de massa
na saída do compressor e ao longo do tubo capilar. O sistema de refrigeração entra então em
regime permanente.
37

Para o comportamento do ar no interior do gabinete, mesmo com a diminuição da


temperatura de evaporação, a temperatura do ar inicialmente aumenta quando o compressor é
ligado. Isso se deve ao fato da temperatura da superfície do evaporador ainda ser superior ao
valor da temperatura de evaporação. A transferência de calor do ar para o evaporador se dá a
medida que a evaporação se inicia. O ar no interior do gabinete possui elevada inércia térmica,
de modo que a temperatura deste permanece inalterada nos primeiros instantes. Com o passar
do tempo ocorrerá a diminuição da temperatura do ar até que seja atingida o valor setado no
termostato, desligando o compressor e interrompendo imediatamente o fluxo de massa na saída
deste componente.
No transiente cíclico, mesmo após o desligamento do compressor ainda existirá fluxo
de massa no tubo capilar devido ao diferencial de pressão existente entre o condensador e o
evaporador. O condensador é drenado de líquido e parte dele evapora, devido a brusca
diminuição da pressão de condensação. A temperatura da superfície do evaporador aumenta,
tendendo a igualar-se a temperatura do ar no interior do gabinete o que resulta em aumento da
pressão de evaporação.
A temperatura do ar no interior do gabinete passa a aumentar com o passar do tempo e,
quando atingir o valor setado no termostato, o compressor é ligado e inicia-se o transiente de
partida, entretanto com diferentes condições iniciais tanto para o ar quanto para o refrigerante.
Em regime permanente, o fluxo de massa do refrigerante é constante em todo o sistema
e consequentemente a temperatura do ar no interior do gabinete também não varia
significativamente. Nos ensaios experimentais realizados por Hermes (2000), o refrigerador
não atingiu a condição de regime permanente durante a operação cíclica para a temperatura
ambiente considerada, de modo que o comportamento transiente caracterizou o mesmo durante
a operação.

3.2 Síntese da revisão bibliográfica

A partir dos trabalhos citados na revisão bibliográfica, especificamente os que


investigaram refrigeradores domésticos por meio de simulações numéricas, percebe-se que a
utilização de softwares comerciais para simulação do sistema em regime transiente se restringe
ao emprego de técnicas CFD para análise da movimentação do ar gabinete refrigerado. Dessa
forma, pretende-se contribuir com um modelo em regime transiente que possibilite a avaliação
do comportamento sistema do sistema de refrigeração a partir da utilização de uma ferramenta
computacional de natureza comercial.
38

Para simulação em regime permanente, os modelos disponíveis normalmente


consideram como fixa a condição de saída do evaporador, de modo que a distribuição de carga
de refrigerante no sistema não é considerada. Neste contexto espera-se contribuir com um
modelo de simulação em regime permanente que consiga prever o comportamento do sistema
de forma global para variadas cargas de refrigerante, mesmo que para uma faixa de operação
reduzida. Adicionalmente a formulação de programas modulares permite também o estudo de
cada componente separadamente e, especificamente para o condensador e evaporador, por
diferentes modelos matemáticos.
39

4 MODELAGEM MATEMÁTICA

Neste capítulo serão descritos os modelos de simulação em regime permanente no


software EES® e em regime transiente no software GT-SUITE®.

4.1 Modelo para simulação em regime permanente

Um modelo matemático para simulação em regime permanente foi elaborado utilizando


o software EES®, desenvolvido por Klein (2004). Nos próximos itens serão descritos os
modelos matemáticos para cada componente que integrados posteriormente permitirão a
simulação do comportamento do refrigerador doméstico operando em regime permanente. A
grande vantagem da formulação dos modelos através de módulos é a possibilidade de analisar
o comportamento de cada componente do sistema de refrigeração separadamente.

4.1.1 Modelos para o condensador

O condensador tem a função de rejeitar para o ambiente externo a energia absorvida


pelo refrigerante durante a evaporação e a energia absorvida pelo refrigerante no processo de
compressão (STOECKER E JONES, 1985). Condensadores empregados em refrigeradores
domésticos são normalmente do tipo arame-tubo e formados por um único tubo, geralmente de
aço ou cobre, disposto na forma de uma serpentina com vários passes (Figura 4). As aletas são
também tubos cilíndricos (arames) e são soldadas na direção normal do tubo.

Figura 4 - Condensador arame-tubo

Fonte: Adaptado de Lima, 2008


40

Escoando no interior dos tubos, o refrigerante inicia o processo de transferência de calor


para o ar externo na linha de descarga, que consiste em uma tubulação vertical localizada
posteriormente ao compressor (Figura 4). Inicialmente, o estado do refrigerante é vapor
superaquecido e o mesmo é resfriado até a estado de saturação onde inicia-se a condensação
com mudança de fase podendo ou não ocorrer o sub-resfriamento do líquido. Assim, ao longo
do condensador, é possível identificar no máximo três regiões distintas: superaquecimento,
saturação e sub-resfriamento.
As seguintes considerações foram empregadas:

 O escoamento do refrigerante é considerado em regime permanente;


 A difusão de calor nas paredes do condensador foi desprezada, já que as transferências
de calor por convecção tendem a ser dominantes (HERMES, 2006);
 Foram desprezadas as curvaturas dos tubos que formam a serpentina e da linha de
descarga, sendo o condensador modelado como um tubo horizontal com seção
transversal constante (HERMES, 2006);
 Os arames (aletas) foram considerados uniformemente distribuídos espacialmente;
 O escoamento e a transferência de calor foram considerados unidimensionais,
justificado pelo valor reduzido do número de Biot;
 O refrigerante R134a foi considerado como fluido Newtoniano e o escoamento como
completamente desenvolvido;
 As variações de energia potencial e a dissipação viscosa foram desprezadas, esta última
devido aos elevados valores do número de Reynolds;
 Efeitos de difusão de calor no fluido foram desprezados em virtude dos elevados valores
do número de Peclet;
 Os coeficientes de transferência de calor por convecção tanto para o escoamento interno
quanto para o escoamento externo e fator de atrito do lado interno foram calculados a
partir de correlações empíricas;
 Para o escoamento externo considerou-se que a temperatura do ar é constante.

Para o condensador foram desenvolvidos dois modelos matemáticos sendo um


distribuído e outro por zonas.
41

4.1.1.1 Modelo distribuído

Em regime permanente a velocidade mássica de refrigerante no interior dos tubos é


constante e pode ser dada pelo produto da velocidade média pela massa específica, dada pela
Equação 2:

G  u (2)
Onde:
G : velocidade mássica do fluido ou da mistura líquido-vapor [kg/m2s]
 : massa específica do fluido ou da mistura líquido-vapor [kg/m3]
u : velocidade média do fluido ou da mistura líquido-vapor [m/s]

Relaciona-se a velocidade mássica com a vazão mássica de refrigerante pela Equação


3:
m
G (3)
Ai
Onde:
 : vazão mássica de refrigerante [kg/s]
m
Ai : área da seção transversal interna do tubo [m2]

A partir do balanço de forças no volume de controle da Figura 5 obtém-se uma equação


para a conservação da quantidade de movimento, dada pela Equação 4:

Figura 5 - Conservação da quantidade de movimento em um volume de controle


do condensador

Fonte: Elaborado pelo autor

Pk 1 Ai  GAi uk 1  Pk Ai  GAi uk   pDi z  0 (4)


42

Onde:
P : pressão média do refrigerante na seção reta do volume de controle [Pa]
Di : diâmetro interno do tubo [m]

 p : tensão de cisalhamento média na parede [Pa]


z : comprimento do volume de controle [m]

Para a tensão de cisalhamento média na parede utilizou-se a expressão clássica em


termos do fator de atrito de Darcy e da pressão dinâmica, dada pela Equação 5 (WHITE, 1986):

f Gu
p  (5)
2 4
Onde:
f : fator de atrito de Darcy [adimensional]

Para o cálculo do fator de atrito de Darcy foi empregada a correlação de Churchill


(1977), válida para regimes laminar, transição e turbulento, dada pela Equação 6:

1
  12
 
 
 12
 
8 1
f  8    (6)
 Re Di 
  16
16 
1, 5

  7 0,9
 
 

    37530   

  0,27 t    

 2,457 ln  Re  Di    Re D   

  Di    i  
 
Onde:
Re Di : número de Reynolds calculado com base no diâmetro interno [adimensional]

 t : rugosidade superficial interna do tubo [m]

O número de Reynolds para escoamento monofásico é calculado por:

GDi
Re Di  (7)

Onde:
43

 : viscosidade dinâmica do fluido [kg/m.s]

Para escoamento bifásico, o fator de atrito é calculado também pela correlação de


Churchill (1977), dada pela Equação 6, considerando-se a viscosidade da fase líquida para o
cálculo do número de Reynolds. O fator de atrito é calculado em cada nó do volume de controle.
Aplicando-se o balanço de energia no volume de controle mostrado na Figura 6, tanto
para o escoamento interno e parede do condensador, quanto para a transferência de calor da
parede para o ambiente externo, são obtidas as Equações 8 e 9:

Figura 6 - Conservação da energia em um volume de controle do condensador

Fonte: Elaborado pelo autor

GAi u k21 GAi u k2


GAi hk 1   GAi hk   Qi ''Di z  0 (8)
2 2

Qi ''Di z  Qe''De z (9)


Onde:
h : entalpia específica do refrigerante ou da mistura líquido-vapor [J/kg]
Qi'' : fluxo de calor do lado interno [W/m2]

Qe'' : fluxo de calor do lado externo [W/m2]

Os fluxos de calor referentes ao escoamento interno e externo são dados pela lei do
resfriamento de Newton de acordo com as Equações 10 e 11:

Qi ''   i Tr  Tc  (10)


44

Qe''   et Tc  Tamb  (11)


Onde:

 i : coeficiente de transferência de calor por convecção do lado interno [W/m2K]


 et : coeficiente de transferência de calor total do lado externo [W/m2K]
Tr : temperatura do refrigerante [°C]

Tc : temperatura da parede do condensador [°C]


Tamb : temperatura do ar ambiente [°C]

O coeficiente de transferência de calor total do lado do ar é dado pela soma das parcelas
devido a convecção e a radiação, de acordo com a Equação 12:


 et   e   Tc2  Tamb
2

Tc  Tamb  (12)

O coeficiente de transferência de calor por convecção tanto do lado do refrigerante


quanto do lado do ar foi calculado em cada nó dos volumes de controle.
Para condição de escoamento monofásico, para o cálculo do coeficiente de transferência
de calor por convecção do lado do refrigerante estão disponíveis na literatura algumas
correlações empíricas, dentre as quais citam-se: Dittus e Boelter (1930), Petukhov e Kirilov
(1958), Petukhov e Popov (1963) e Gnielinski (1976). Das correlações citadas, optou-se pela
correlação de Dittus e Boelter (1930) pois apresentou resultados mais próximos aos obtidos por
Hermes (2000), que também empregou esta correlação. Lima (2007), que implementou o
mesmo modelo proposto por Hermes (2000) para o condensador arame-tubo, tanto em regime
permanente quanto em regime transiente, optou por utilizar a correlação de Gnielinsk (1976).

k
 i  0,023 Re 0D,i8 Pr 0,3 (13)
Di
Onde:
k : condutividade térmica do fluido [W/mK]
Pr : número de Prandtl [adimensional]
45

Para o escoamento bifásico estão disponíveis algumas correlações para o coeficiente de


transferência de calor por convecção, dentre elas citam-se de Shah (1979), Shao e Granryd
(1995) e Dobson et al. (1998). Optou-se por utilizar a correlação de Shao e Granryd (1995)
utilizada também nos trabalhos de Hermes (2000) e Lima (2007):

  1 
1

 kl  h  h  6
0 , 67 
0,084 Prl   Re v , Re v  24000
3 v l
 Di
   cp l Tr  Tc  
i   (14)
k  1  hv  hl  6 0,15 
1

 l 15,9 Prl   Re v , Re v  24000
3

 Di   cp T  T   

l r c

Onde:

k l : condutividade térmica da fase líquida [W/m K]


Prl : número de Prandtl para a fase líquida [adimensional]

Re v : número de Reynolds para a fase vapor [adimensional]

cp l : calor específico a pressão constante para a fase líquida [J/kg K]

hv : entalpia específica do refrigerante para a condição de vapor saturado [J/kg]


hl : entalpia específica do refrigerante para a condição de líquido saturado [J/kg]

A expressão para o número de Reynolds para a fase de vapor na Equação 15 é mostrada


a seguir:

0,5
xGDi  l 
Re v    (15)
l  v 
Onde:
x : título de refrigerante [adimensional]
 l : viscosidade da fase líquida [kg/m s]
 l : massa específica da fase líquida [kg/m3]
 v : massa específica da fase de vapor [kg/m3]
46

Para a região aletada do condensador, o diâmetro externo equivalente foi calculado de


acordo com a Equação 16, a partir dos parâmetros geométricos do condensador e das aletas
(HERMES, 2000):

N a La Da
Deq  De  (16)
Lc  Ldes
Onde:
Deq : diâmetro externo equivalente do tubo do condensador [m]

Da : diâmetro das aletas [m]


La : comprimento das aletas [m]
N a : número de aletas [adimensional]
Lc : comprimento total da serpentina do condensador [m]
Ldes : comprimento da linha de descarga do compressor [m]

A transferência de calor do lado do ar se dá por convecção natural. Estão disponíveis na


literatura algumas correlações para convecção natural em condensadores arame-sobre-tubo,
dentre as quais citam-se: Cyphers et al. (1958), Papanek (1958), Tanda e Tagliafico (1997) e
mais recentemente Melo et al. (2009). Das correlações citadas anteriormente, a correlação de
Tanda e Tagliafico (1997) apresentou resultados mais próximos aos obtidos por Hermes (2000)
e por isso foi empregada.
A correlação de Tanda e Tagliafico (1997) trata o tubo e a aleta de forma conjunta sendo
dada em função de parâmetros geométricos do condensador e das aletas:

 H 
0 , 25
  D 
0 , 25
  sa 
1  1  0,45 e e Z 
k
 e  0,66 ar  RaH c c  H  (17)
Hc  De     c  
 
 
Onde:
k ar : condutividade térmica do ar [W/m K]

H c : altura do condensador [m]

RaH c : número de Rayleigh calculado com base na altura do condensador


[adimensional]
47

s a : espaçamento normalizado das aletas [adimensional]

O número de Rayleigh é calculado pela expressão:

g ar Tc  Tamb H c3
RaH c  (18)
 ar ar
Onde:
g : aceleração da gravidade [m/s2]
 ar : coeficiente de expansão térmica do ar [K-1]
 ar : viscosidade cinemática do ar [m2/s]

 ar : difusividade térmica do ar [m2/s]

O coeficiente de expansão térmica do ar é calculado com base na hipótese de gás ideal.


O espaçamento normalizado das aletas e o parâmetro Z são dados a seguir:

 a  Da
sa  (19)
Da

0, 4 0 ,8
 28,2   s a0,9   28,2   264  1,5 0,5
Z          s a st (20)
 c 
H  t   c 
s H T 
 c amb 
T
Onde:
 a : espaçamento das aletas [m]

s a : espaçamento normalizado das aletas [adimensional]


s t : espaçamento normalizado dos tubos do condensador [adimensional]

A expressão para o cálculo do espaçamento normalizado dos tubos do condensador é


mostrada a seguir:

 t  Dt
st  (21)
Dt
Onde:
48

t : espaçamento dos tubos do condensador [m]

Para a linha de descarga do compressor, que compreende um trecho do condensador em


que o tubo é vertical, foi utilizada a correlação de Lefevre e Ede (1956) para convecção natural
turbulenta em tubos verticais, dada pela Equação 22:

 272  315 Pr  L  
1
4
k 4 4 7 Ra Pr 
 e  ar  
L ar
  
ar des des
(22)
Ldes  35 64  63 Prar  De 3  520  21 Prar  

Onde:
RaLdes : número de Rayleigh baseado no comprimento da linha de descarga
[adimensional]
Prar : número de Prandtl do ar [adimensional]

A modelagem matemática do escoamento bifásico representa uma etapa complexa pela


presença simultânea das duas fases além da interface que as separa. A modelagem matemática
de escoamentos multifásicos é descrita em Ishii e Hibiki (2011), em que são citados os modelos
de dois fluidos e modelos de mistura. A formulação para o primeiro modelo considera cada fase
separadamente e assim, o modelo matemático é expressado na forma de dois conjuntos de
equações governantes para massa, quantidade de movimento e energia para cada fase. Nesta
estratégia de modelagem faz-se necessário também um modelo para a interface entre as fases,
de modo a considerar as interações entre os campos de escoamento. Apesar do custo
computacional elevado o modelo de dois fluidos prediz com maior detalhamento os fenômenos
característicos do escoamento para cada fase, além das interações entre as mesmas. O segundo
modelo, chamado de modelo de mistura, simplifica a modelagem matemática do escoamento
bifásico pela consideração de que as fases se apresentam como uma mistura e portanto
propriedades médias podem ser consideradas. Tong e Tang (1997) e Ishii e Hibiki (2011)
afirmam que as simplificações utilizadas nos modelos de mistura, apesar de resultarem em
perdas de importantes características do escoamento bifásico, tornam estes modelos muito úteis
para aplicações em engenharia, uma vez que nestes casos a informação requerida diz respeito
ao comportamento global da mistura das fases e não de cada fase separadamente.
Uma vez que nas simulações tanto global quanto dos componentes de um refrigerador
doméstico tem-se interesse no comportamento do escoamento bifásico é justificada a utilização
49

de modelos de mistura para sua caracterização. Para os modelos de mistura ressalta-se ainda a
utilização de modelos que permitem o cálculo da fração de vazio por meio de correlações
empíricas ou teóricas. Rice (1987) apresenta uma caracterização de alguns modelos disponíveis
na literatura na forma de correlações, dentre elas citam-se: Levy (1960), Hughmark (1962), Zivi
(1964), Thom (1964), Smith (1969), Premoli et al. (1971), e Tandon et al. (1985).
Para o modelo do condensador optou-se pela utilização do modelo de fração de vazio
proposto por Hughmark (1962). Este autor propôs uma correlação empírica baseada no trabalho
de Bankoff (1960), que considerou o escoamento bifásico como uma mistura de bolhas no
líquido, com concentração de bolhas máxima no centro do tubo e decrescente monotonicamente
na direção radial. O modelo proposto permite o cálculo da fração de vazio a partir da solução
implícita das Equações 23, 24 e 25 (HERMES, 2000):

1
  1  x  l 
  K H 1     (23)
  x  v 

1
  
2
 8

   
1  
 GDi   1
6  xG  
ZH       (24)
  l    v   l   gDi   1  x  v   
1 1
  1  x  v   
   v 1     1  1      
    x   l      x  l   
 
 

 1,3740408  1,436221Z H
KH  (25)
1  1,5816751 Z H  0.0009872092 6Z H2
Onde:
 : fração de vazio [adimensional]
K H : parâmetro de Hughmark [adimensional]
hv : entalpia do refrigerante para a condição de vapor saturado [J/kg]

Z H : parâmetro adimensional [adimensional]

Os valores que correlacionam o parâmetro de Hughmark e o parâmetro adimensional


são mostrados na Tabela 1, sendo que Equação 25 obtida por meio de correlação entre estes
valores (HERMES, 2000).
50

Tabela 1 – Relação entre parâmetros do modelo de Hughmark (1962)


KH ZH
1,3 0,185
1,5 0,225
2,0 0,325
3,0 0,490
4,0 0,605
5,0 0,675
6,0 0,720
8,0 0,767
10,0 0,780
15,0 0,808
20,0 0,830
40,0 0,880
70,0 0,930
130,0 0,980
Fonte: Adaptado Hermes (2000)

A partir da fração de vazio e das massas específicas das fases de vapor e líquido, a massa
específica da mistura é determinada através da Equação 26:

  v  1    l (26)

4.1.1.2 Modelo por zonas

O modelo por zonas é na realidade uma simplificação do modelo distribuído. Nesta


estratégia de modelagem o condensador é dividido em, no máximo, três regiões:
superaquecimento, saturação e sub-resfriamento, de acordo com a Figura 7 (GUZELLA E
OUTROS, 2013):
51

Figura 7 – Modelo por zonas para o condensador

Fonte: Elaborado pelo autor

A formulação por zonas baseia-se na aplicação de diferentes expressões para a taxa de


transferência de calor para o escoamentos interno e externo e pelas grandezas na entrada e saída
em cada região do condensador. Estas expressões são posteriormente rearranjadas e um
algoritmo de predição-correção é elaborado até que ocorra a convergência de todas as variáveis
envolvidas.
Para a região de superaquecimento, a taxa de transferência de calor pode ser calculada
a partir das Equações 27, 28 e 29:

Q sup   i Di Lsup Tr ,sup  Tc ,sup  (27)

Q sup   et De Lsup Tc ,sup  Tamb  (28)

Q sup  m cpsup Tr ,entrada  Tr ,saida  (29)

Analogamente para a região de saturação, as relações para o cálculo da taxa de


transferência de calor são dadas por:

Q sat   i Di Lsat Tr , sat  Tc , sat  (30)

Q sat   et De Lsat Tc , sat  Tamb  (31)

Q sat  m hentrada  hsaida  (32)


52

Finalmente, caso exista, as equações para a região de sub-resfriamento podem ser


calculadas por:

Q sub   i Di Lsub Tr ,sub  Tc ,sub  (33)

Q sub   et De Lsub Tc , sub  Tamb  (34)

Q sub  m cp sub Tr ,entrada  Tr ,saida  (35)

Para as três regiões o cálculo da queda de pressão por atrito é baseada na expressão
(WHITE, 1986):

f L 2
P  G (36)
2  Di

Os coeficientes de transferência de calor tanto do lado do refrigerante quanto do lado do


ar são calculados pelas mesmas correlações apresentadas no modelo distribuído. Os
coeficientes de transferência de calor convectivos do lado do refrigerante foram calculados
considerando as médias entre as temperaturas de entrada e saída do fluido em cada região.
O modelo de fração de vazio empregado foi o modelo de Hughmark (1962). Para as três
regiões do modelo por zonas considerou-se que o título varia linearmente com o comprimento
da região e assim calculou-se a massa de refrigerante em cada região (RICE, 1987).
As propriedades termodinâmicas do fluido refrigerante e do ar foram calculadas a partir
das bibliotecas do software EES®.
Tanto para o modelo distribuído quanto para o modelo por zonas, as condições de
contorno necessárias são: pressão e temperatura do refrigerante na entrada da linha de descarga,
vazão mássica de refrigerante e temperatura do ar externo ao condensador.

4.1.2 Modelos para o evaporador e gabinete

O evaporador é o componente responsável pelo efeito de refrigeração, pela evaporação


do refrigerante que escoa no interior dos tubos a partir da remoção de calor do ar no interior do
53

gabinete. O evaporador roll-bond (Figura 7) é fabricado por um processo de caldeamento


através da justaposição de duas placas de alumínio.

Figura 7 - Evaporador roll-bond

Adaptado de Suguimoto (2011)

Observa-se pela Figura 7 a proximidade das regiões de entrada e saída do refrigerante


nos canais resulta em elevada troca térmica, o que altera a condição na entrada do trocador de
calor tubo-capilar-linha-de-sução. Esta troca térmica é mais intensa durante o período
transiente, quando o fluxo de massa é baixo e grande parte do evaporador está preenchido com
vapor superaquecido. Durante a condição de regime permanente os gradientes de temperatura
na placa onde os canais estão localizados não são significativos, já que grande parte do
evaporador está preenchida com líquido, de modo que uma condição de placa isotérmica pode
ser considerada. Contudo, de acordo com Hermes (2000) e Suguimoto (2011) nas regiões onde
não existem canais os gradientes de temperatura ainda são significativos.
De maneira similar ao modelo do condensador foram adotadas as seguintes
considerações foram adotadas:

 O escoamento do refrigerante é considerado em regime permanente;


 A difusão de calor nas paredes do evaporador foi desprezada, considerando a placa
isotérmica (KLEIN, 1998);
 Foram desprezadas as curvaturas dos tubos e o relevo do canal, sendo este considerado
como um tubo horizontal com seção transversal constante (HERMES, 2000;
SUGUIMOTO, 2011)
54

 O escoamento e a transferência de calor foram considerados unidimensionais;


 O refrigerante R134a foi considerado como fluido newtoniano e o escoamento como
completamente desenvolvido;
 As variações de energia potencial e a dissipação viscosa foram desprezadas;

4.1.2.1 Modelo distribuído

As equações da conservação da massa (Equações 2 e 3) para o modelo do evaporador são


idênticas às mostradas no modelo do condensador, assim como a equação da conservação da
quantidade de movimento (Equação 4). A equação da energia (Equação 37) é obtida a partir
da Figura 8:

Figura 8 - Conservação da energia em um volume de controle do evaporador

Fonte: Elaborado pelo autor

GAi u k21 GAi u k2


GAi hk 1   GAi hk   Qi ''Di z  0 (37)
2 2

O fluxo de calor interno, a exemplo do condensador, foi também calculado pela lei do
resfriamento de Newton. O termo do coeficiente de transferência de calor por radiação foi
incorporado ao coeficiente convectivo do ar, da mesma forma que foi feito para o modelo do
condensador.
O coeficiente de transferência de calor convectivo do lado do refrigerante para
escoamento monofásico foi calculado pela correlação de Dittus e Boelter (1930):
55

k
 i  0,023 Re0D,i8 Pr 0, 4 (38)
Di

Para escoamento bifásico estão disponíveis na literatura as correlações de Kandlikar


(1991) e Jabardo et al. (1999) dentre outras, sendo que esta última foi empregada a exemplo de
Hermes (2000) e Suguimoto (2011), dada pela Equação 39:

 kl

0,023 D Re Di Pr 1  125 Xtt
0 ,8 0, 4  0, 65

Bo 0,3 Fr 0,5 , Fr  0,1

i  
i
(39)
 
0,023 k l Re 0,8 Pr 0, 4 1  40 Xtt 0, 65 Bo 0,3 , Fr  0,1
 Di
 Di
Onde:
Xtt : parâmetro de Lockhard-Martinelli [adimensional]
Bo : parâmetro evaporativo [adimensional]
Fr : número de Froude [adimensional]

Para o cálculo do fator de atrito foi considerada a correlação de Churchill (1977) dada
pela Equação 6. Empregou-se o modelo de fração de vazio de Hughmark (1962) para o cálculo
da massa específica para o escoamento bifásico.
O refrigerador SLIM 230L conforme dito anteriormente, apresenta apenas um
compartimento refrigerado. O modelo para simulação do gabinete foi proposto de maneira
simples, considerando informações obtidas por Klein (1998) e implementado no EES® a partir
de uma expressão que leva em consideração a transferência de calor total do ambiente externo
para o gabinete refrigerado, que é composta pelas parcelas de transferência de calor
unidimensional através das paredes e porta do refrigerador e transferência de calor através da
região da borracha de vedação (gaxeta).
A expressão foi obtida por Klein (1998) através de testes experimentais (denominados
testes de UA) realizados no refrigerador SLIM 230L, com o sistema desligado e com a inserção
de resistências elétricas no interior do gabinete. Os ensaios foram realizados para temperaturas
ambiente de 18°C, 25°C e 32°C. Em regime permanente tem-se que a potência transmitida ao
ar externo é igual a potência dissipada pelas resistências. Assim, a taxa de transferência total de
calor do ambiente externo para o interior do gabinete refrigerado é dada pela Equação 40:
56

Q total  U Agab Tamb  Tgab  (40)

Onde:
U Agab : coeficiente global de transferência de calor multiplicado pela área [W/K]

T gab : temperatura do ar no interior do gabinete [°C]

O coeficiente global de transferência de calor multiplicado pela área é dado pela


Equação 41 (KLEIN, 1998):

U Agab  1,55  0,011.Tamb (41)

O modelo para o gabinete refrigerado não leva em consideração a desumidificação do


ar no interior do gabinete durante o processo de remoção do calor, sendo o ar considerado seco.
Os cálculos do coeficientes de transferência de calor por convecção entre o ar e as
superfícies verticais internas do refrigerador e entre o ar e a placa evaporadora foram realizados
a partir da correção de Churchill e Chu (1975), válida para qualquer valor do número de
Rayleigh. Para a transferência de calor entre o ar e a placa evaporadora, o comprimento
característico considerado é a altura da placa evaporadora e nos outros casos emprega-se a altura
das superfícies verticais:

2
 
 
 
k ar  0,387 RaH 
e  0,825  8 / 27  (42)
H    
9
16  
 1   0,492   
   Prar   
   
Onde:
H : altura da placa evaporadora ou da superfície vertical interna [m]

RaH : número de Rayleigh com base na altura da placa evaporadora ou da superfície


vertical interna [adimensional]

Os coeficientes de transferência de calor por convecção para superfície interna


horizontal inferior e o ar foram calculadas pelas expressões de McAdams (1954):
57

k ar
 e  0,54 RaH0, 25 ,10 4  RaH  10 7 (43)
H

k ar
 e  0,15 RaH0,33 ,10 7  RaH  1011 (44)
H

O coeficiente de transferência de calor por convecção entre a superfície interna


horizontal superior e o ar foram calculadas pelas expressões de McAdams (1954):

k ar
 e  0,27 RaH0, 25 ,10 5  RaH  1010 (45)
H

De acordo com Hermes (2000) as trocas radiativas entre as superfícies internas do


gabinete e a placa evaporadora são significativas no cálculo da carga de refrigeração e por isso
não podem ser desprezadas. A taxa de transferência de calor por radiação pode ser calculado
por (KLEIN, 1998):

 
6
Q rad  Aplaca  F j Tsup, j  Tevap
4 4
(46)
j 1

Os fatores de forma associados a cada superfície interna do refrigerador foram obtidas


de Suguimoto (2011) e seus valores são mostrados na Tabela 2. A identificação de cada parede
é mostrada na Figura 9, obtida de Hermes (2000)
58

Tabela 2 – Fatores de forma para as superfícies do gabinete


Fator de forma
Parede
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 0 0,0987 0,2617 0,2230 0,0322 0,2230 0 0 0,1253
2 0,0983 0 0,2613 0,2230 0,25 0,2230 0 0 0,0069
3 0,0777 0,0778 0 0,2352 0,2354 0,2353 0 0 0,0835
4 0,0788 0,0791 0,2799 0 0,1467 0,8862 0 0 0,0504
5 0,0156 0,1215 0,3842 0,2011 0 0,1467 0 0 0
6 0,0788 0,0791 0,2799 0,8862 0,1070 0 0 0 0,0671
7 0 0 0 0 0 0 0 1 0
8 0 0 0 0 0 0 1 0 0
9 0,1651 0,0092 0,3709 0,1880 0 0,2504 0 0 0
Fonte: Adaptado Suguimoto (2011)

Figura 9 – Esquema das superfícies do gabinete

Fonte: Hermes (2000)

4.1.2.2 Modelo por zonas

De maneira análoga ao modelo por zonas apresentado para o condensador, o canal do


evaporador é dividido em, no máximo, duas regiões: saturação e superaquecimento.
59

Figura 10 – Modelo por zonas para o evaporador

Fonte: Elaborado pelo autor

Para a região de saturação as relações para o cálculo da taxa de transferência de calor


são dadas pelas Equações 47, 48 e 49:

Q sat   i Di Lsat Tevap  Tr , sat  7)

Q sat   et De Lsat Tgab  Tevap  (48)

Q sat  m hsaida  hentrada  (49)

Para a região de superaquecimento, a taxa de transferência de calor pode ser calculada


a partir das Equações 50, 51 e 52:

Q sup   i Di Lsup Tevap  Tr ,sup  (50)

Q sup   etDe Lsup Tgab  Tevap  (51)

Q sup  m cpsup Tr , saida  Tr ,entrada  (52)

Os coeficientes de transferência de calor convectivos, tanto do lado do refrigerante


quanto do lado do ar, são calculados pelas mesmas correlações apresentadas no modelo
60

distribuído. O cálculo da queda de pressão é feito em cada região pela Equação 36. O modelo
para o cálculo da fração de vazio empregado foi o de Hughmark (1962).
As equações do modelo para o gabinete, utilizadas para quantificação da taxa de
transferência de calor por convecção e radiação no interior do mesmo, são idênticas às
apresentadas anteriormente no modelo distribuído.
As condições de contorno necessárias para simulação do modelo do evaporador, tanto
distribuído quanto por zonas, são: pressão e título (ou entalpia específica) do refrigerante na
entrada do evaporador, além da vazão mássica de refrigerante e temperatura ambiente.

4.1.3 Modelo para o trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção

De acordo com Stoecker e Jones (1985), tubos capilares são tubos longos (de 1 m a 6
m) com diâmetros reduzidos (de 0,5 mm a 2 mm), localizados entre o condensador e o
evaporador, utilizados em sistemas de refrigeração de pequeno porte (consumo de energia da
ordem de 10 kW) como dispositivos de expansão. Apesar da nomenclatura, não ocorre efeito
capilar, uma vez que o diâmetro é elevado para produzir esse efeito. Hermes (2006) afirma que,
em aplicações práticas, tubos capilares com diâmetros inferior a 0,6 mm não são recomendados
pelo elevado risco de entupimento.
Como componente do sistema de refrigeração, o tubo capilar tem duas finalidades: a
primeira está associada a redução da pressão do refrigerante líquido advindo do condensador,
que ocorre em virtude do atrito com as paredes do tubo e aceleração do escoamento e a segunda
está relacionada à regulação da vazão de refrigerante que entra no evaporador.
O escoamento no interior de tubos capilares envolve fenômenos complexos: mudança
de fase, metaestabilidade, efeitos de viscosidade e compressibilidade e possibilidade de
condição crítica na saída. De acordo com Mezavila (1995) e Hermes (2000), um tubo capilar
adiabático pode ser dividido em quatro regiões: região de entrada, região de líquido, região
bifásica e região de saída.
Na primeira região, tem-se uma contração abrupta do escoamento em virtude da redução
de diâmetro, que resulta em uma perda de carga localizada. Na região de líquido, a perda de
carga sofrida pelo fluido ocorre por atrito com as paredes do tubo. No início da mudança de
fase do refrigerante (região bifásica), a aceleração do escoamento contribui também para a
perda de carga. A condição crítica do escoamento, caso seja atingida, ocorrerá na seção de área
mínima do tubo capilar, ou seja, na saída do mesmo. Nesta condição, o escoamento não é mais
afetado pela pressão a jusante do escoamento (WHITE, 1986).
61

A metaestabilidade é um fenômeno característico do escoamento no interior de tubos


capilares, são estados de não-equilíbrio termodinâmico e portanto instáveis, podendo retornar
à condição de estabilidade por uma pequena perturbação do sistema. A condição de
metaestabilidade em tubos capilares ocorre em trechos das regiões líquida e bifásica. Na
primeira tem-se a presença de líquido superaquecido, em que a pressão do fluido se torna igual
à pressão de saturação mas a temperatura é superior a de condição de saturação. Na região
bifásica, ocorre início da formação de vapor, entretanto o par pressão-temperatura não
corresponde aos valores de saturação, caracterizando uma mistura bifásica metaestável.
A possibilidade de escoamento bloqueado na saída do tubo capilar resulta em duas
possibilidades para o cálculo da variação de pressão na região de saída. Para o caso de
escoamento bloqueado, a expansão na região de saída reduz a pressão crítica para a pressão de
evaporação, o que altera a condição do refrigerante na entrada do evaporador. Para a situação
de escoamento subsônico, tem-se aumento da pressão na saída do tubo capilar, em virtude do
aumento da área da seção transversal.
O trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção é formado pelo tubo capilar e pela
linha de sucção do compressor, sendo que a última consiste em um tubulação horizontal. As
funções deste trocador de calor são a redução do título na entrada do evaporador, que aumenta
a capacidade de refrigeração do sistema e aquecimento do refrigerante antes que o mesmo seja
admitido no compressor, impedindo admissão de líquido.
Duas possíveis configurações para o trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção são
encontradas: concêntrica e lateral. Na configuração lateral o tubo capilar é soldado na lateral da
linha de sucção e para a configuração concêntrica o tubo capilar se localiza no interior da linha
de sucção, dando origem a um trocador de calor concêntrico (Figura 11).
62

Figura 11 – Configurações para o trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção

Fonte: Adaptado de Hermes et al. (2010b)

Uma possível estratégia para modelagem matemática do escoamento no interior do tubo


capilar pode ser feita de modo semelhante ao modelo distribuído desenvolvido para o
condensador: solução das equações de conservação da massa, quantidade de movimento e
energia para cada volume de controle. Esta estratégia, adotada por Mezavilla (1995), Hermes
(2000) e Navas (2004), além de complexa pode apresentar problemas de convergência
numérica, necessitando de volumes de controle de dimensão muito reduzida, acarretando em
um elevado custo computacional (NEGRÃO E MELO, 1999).
Como estratégia de modelagem alternativa optou-se por utilizar uma solução analítica
aproximada, em que o modelo do trocador de calor é dividido em um sub-modelo
fluidodinâmico, no qual considera-se que o tubo capilar é adiabático e um sub-modelo térmico
na qual as trocas de calor são calculadas a partir do conceito de efetividade (INCROPERA E
OUTROS, 2008). Esta estratégia tem sido cada vez mais adotada na literatura, como em Hermes
(2006), Pereira (2009), Hermes et al. (2010a) e Hermes et al. (2010b), em virtude da sua
simplicidade e resultados satisfatórios, quando comparados a modelos baseados na solução das
equações governantes segundo uma formulação espacialmente distribuída.
As hipóteses simplificadoras mostradas abaixo compõem o sub-modelo fluidodinâmico:

 Escoamento em regime permanente e compressível;


 A difusão de calor nas paredes do tubo capilar e a metaestabilidade foram desprezadas;
 O escoamento e a transferência de calor foram considerados unidimensionais;
63

 O refrigerante R134a foi considerado como fluido newtoniano e o escoamento como


completamente desenvolvido;
 As variações de energia potencial e a dissipação viscosa foram desprezadas;
 As quedas de pressão nas regiões de entrada e saída foram desprezadas, conforme
sugerido por Melo et al. (1999);

O sub-modelo fluidodinâmico foi baseado na formulação desenvolvida por Yilmaz e


Ünal (1996) e posteriormente modificada por Zhang e Ding (2001), que consiste em assumir
escoamento isentálpico e calcular o comprimento das regiões de líquido (caso exista) e bifásica.
A equação da conservação da quantidade de movimento linear na forma diferencial é dada por:

 v 
1  G 2  
 p  h
dz   dp (53)
2 v
G f
2 Dcap,int

Onde:
v : volume específico [kg/m3]
Dcap,int : diâmetro interno do tubo capilar [m]

O comprimento da região de líquido é calculado a partir da integração da Equação 54,


considerando que o volume específico não varia com a pressão, desde a entrada até o ponto de
flash (formação de vapor):

f
1 2 Dcap,int Pe  Pf 
Lliq   dp  (54)
2 v G 2 vliq f liq
e fG
2 Dcap,int
Onde:
Lliq : comprimento da região de líquido [m]

Pe : pressão na entrada do tubo capilar [Pa]


Pf : pressão do ponto de flash [Pa]
64

vliq : volume específico para região de líquido [kg/m3]

f liq : fator de atrito para região de líquido [adimensional]

Para o cálculo do fator de atrito a correlação de Churchil (1977) foi empregada, dada
pela Equação 6. A viscosidade para região de líquido é calculado por uma média entre as
grandezas na entrada e no ponto de flash:

e   f
liq  (55)
2

Para a região bifásica, Yilmaz e Unal (1996) propuseram uma expressão para a variação
do volume específico com a pressão, para condição de escoamento isentálpico:

x2
v  x1  (56)
P

Onde os parâmetros x1 e x2 são dados grandezas referentes ao ponto de flash:

x1  v f 1    (57)

x2  v f Pf  (58)

  1,63.10 5 Pf0,72 (59)

Onde:

vf : volume específico para condição de flash [m3/kg]

Assim o comprimento da região bifásica é dado pela integração da equação de


conservação da quantidade de movimento linear desde o ponto de flash até a saída do tubo
capilar, dada por:
65

2  v 
  
 Pf  Ps  x 2  v s Ps
1 G
s
 p  h 2 Dcap,int   
Lbif   dp    2 ln    G 2 ln  v s  (60)
f G2
v f bif G 2  x x1  v f Pf 

v
 f


f 1
2 Dcap,int

Onde:
Lbif : comprimento da região bifásica [m]

f bif : fator de atrito para região bifásica [adimensional]

Ps : pressão na saída do tubo capilar [Pa]

Uma vez que não existe uma expressão explícita para o cálculo do fluxo de massa no
tubo capilar, faz-se necessário um procedimento iterativo para sua determinação, em que um
valor é estimado e calcula-se o comprimento do tubo capilar correspondente ao fluxo de massa
estimado. Posteriormente corrige-se o fluxo de massa através da Equação 61, proposta por Melo
(1992) apud Hermes (2006):

 L 
Gcor  0,5Gest 1  est 
 L  (61)
 cap 

Onde:

Gcor : velocidade mássica corrigida [kg/s2 m]


Gest : velocidade mássica estimada [kg/s2 m]
Lest : comprimento do tubo capilar calculado com base na vazão mássica estimada [m]
Lcap : comprimento real do tubo capilar [m]

Dada a possibilidade de blocagem do escoamento na saída do tubo capilar deve-se


aplicar um modelo para cálculo da pressão na saída. A exemplo de Mezavila (1995), Hermes
(2000), Hermes (2006) e Pereira (2009) foi utilizado o critério de Fauske (1962) que prescreve
um gradiente de pressão infinito na saída do tubo capilar.
O critério de Fauske (1962) pode ser dado matematicamente pela Equação 62:
66

dz
0 (62)
dp

A aplicação do critério de Fauske (1962) na equação de conservação da quantidade de


movimento linear resulta em:

Pcrit  G v f Pf  (63)

Onde:

Pcrit : pressão crítica [Pa]

A verificação da blocagem do escoamento é feita comparando-se o valor da pressão


crítica com a pressão de evaporação. Caso não ocorra blocagem do escoamento, a pressão
crítica calculada pela Equação 63 será inferior à pressão de evaporação e assim, a pressão na
saída do tubo capilar é dada por:

Ps  max Pcrit , Pevap  (64)

Onde:
Pevap : pressão de evaporação [Pa]

Para o fator de atrito, ao contrário de Mezavila (1995) e Hermes (2000) que utilizaram
a correlação de Erth (1970) optou-se pela correlação de Churchill (1977), a exemplo de Hermes
(2006) dada pela Equação 6.
Para a região bifásica a viscosidade é calculada por (PEREIRA, 2009):

  78 
1   Ps  
8   Pf  
bif  f   (65)
7  Ps 
1
 Pf 
 

Para o sub-modelo térmico, que corresponde ao modelo para o trocador de calor tubo-
capilar-linha-de-sucção do tipo concêntrico, foi feito de modo semelhante ao desenvolvido por
67

Hermes (2006) e Pereira (2009) A entalpia do refrigerante na saída do tubo capilar foi calculada
a partir do balanço de energia no trocador de calor:

Q tcls
hcap,s  hcap,e  (66)
m
Onde:
hcap,s : entalpia específica do refrigerante na saída do tubo capilar [J/kg]

hcap,e : entalpia específica do refrigerante na entrada do tubo capilar [J/kg]

Q tcls : taxa de transferência de calor no trocador de calor [W]

A taxa de transferência de calor é calculada a partir da efetividade do trocador de calor:

Q tcls   tcls m cp suc Tcap,e  Tsuc,e  (67)

Onde:

 tcls : efetividade do trocador de calor [adimensional]

Tcap,e : temperatura do refrigerante na entrada do tubo capilar [°C]

Tsuc,e : temperatura do refrigerante na entrada da linha de sucção [°C]

Para o cálculo da efetividade do trocador de calor pode-se utilizar expressões teóricas


ou expressões obtidas experimentalmente. Para trocadores de calor do tipo concêntrico, a
efetividade pode ser calculada por (INCROPERA E OUTROS, 2008):

NUT
 tcls  (68)
NUT  1

Onde NUT (número de unidades de transferência) é dado por:

U tcls Atcls
NUT  (69)
m cp suc
Onde:

U tcls : coeficiente global de transferência de calor [W/m2 K]


68

Atcls : área de transferência de calor [m2]

O coeficiente global de transferência de calor é dado em termos do coeficiente de


transferência de calor no tubo capilar e na linha de sucção, dado por:

1
 Dcap,ext 
   suc 
1 1
U tcls   cap (70)
 Dsuc,int 
Onde:
 cap : coeficiente de transferência de calor por convecção no tubo capilar [W/m2 K]

 suc : coeficiente de transferência de calor por convecção na linha de sucção [W/m2 K]


Dcap,ext : diâmetro externo do tubo capilar [m]

Hermes (2006), a partir de uma análise de escalas, observou que o segundo termo da
Equação 70 é cerca de 50 vezes maior que o primeiro nos casos em que há líquido sub-resfriado
escoando no tubo capilar e cerca de 1000 vezes maior se há mudança de fase no interior do tubo
capilar. Assim, a Equação 70 pode ser simplificada e dada por:

1
 Dcap,ext 
   suc 
1
U tcls (71)
 Dsuc,int 

Para presença de escoamento bifásico na linha de sucção, o coeficiente convectivo de


transferência de calor por convecção foi calculado pela correlação de Pate (1982), a exemplo
de Hermes (2000) e Navas (2004):

 
 
 kl  0,3  1  x 
 suc   0,023 Rel Prl
0 ,8
(72)
 Db    
1 x 
 v 

Para escoamento de vapor superaquecido na linha de sucção, o coeficiente de


transferência de calor por convecção foi calculado pela correlação de Gnielinski (1976) a
exemplo de Mezavilla (1995), Hermes (2000), Navas (2004) e Hermes (2006), dada por:
69

 f suc 

 k  8 

 Re Db  1000 Prsuc 
 suc    (73)

 Db  1  12,7 f suc  Pr 2 3  1
 8 
suc 
Onde:

f suc : fator de atrito na linha de sucção [adimensional]


Db : diâmetro equivalente para tubos anulares [m]

Re Db : número de Reynolds calculado com base no diâmetro equivalente para tubos


anulares [adimensional]
Prsuc : número de Prandtl [adimensional]

O fator de atrito na linha de sucção foi calculado pela correlação de Churchil (1977),
dada pela Equação 6. O diâmetro equivalente para tubos anulares foi calculado pela Equação
74 (KAKAÇ E OUTROS, 1987):

 D  2

D  Dcap,ext 1  
cap,ext



  Dsuc,int 
suc ,int
  
Db  (74)
 
 
 D 
2
1 
1   cap,ext   
  Dsuc,int 
  D  
2

 ln   
cap,ext

  Dsuc,int  
   

Alternativamente, o número de unidade de transferência pode ser calculado através de


uma correlação empírica. Em um estudo recente, Hermes et al. (2010b) correlacionaram o
número de unidades de transferência em função de grandezas geométricas da linha de sucção e
de propriedades do refrigerante R134a:

 m 0,57 Lsuc  


2
kv 3 
NUT  1,9 
 0,097 2 3
(75)
 Dsuc,int   v 
cp v 
Onde:
70

Lsuc : comprimento da linha de sucção [m]


k v : condutividade térmica da fase de vapor [W/m K]
 v : viscosidade da fase de vapor [W/m K]
cp v : calor específico a pressão constante da fase de vapor [W/m K]

Expressões empíricas para a efetividade do trocador de calor também podem ser


empregadas. Hermes (2006) obteve uma correlação empírica ajustada a partir de dados
experimentais de Zangari (1998) para escoamento de R134a em trocadores de calor do tipo
concêntricos:

 tcls  0,729  0,172 Ltc  27,6Dsuc,int  111,0m (76)

Onde:

Ltc : comprimento do trocador de calor [m]


 : vazão mássica de refrigerante [kg/h]
m

A linha de sucção foi considerada isolada em sua superfície externa (HERMES, 2006).

4.1.4 Modelo para o compressor

De acordo com Dinçer (2003), o compressor tem duas funções em um sistema de


refrigeração: mover o vapor advindo do evaporador para o condensador, mantendo a
temperatura e pressão no evaporador e aumentar a pressão do refrigerante através do processo
de compressão e consequentemente aumentar sua temperatura.
Os compressores são classificados em duas categorias principais: deslocamento positivo
e dinâmicos. Podem ainda ser herméticos, semi-herméticos ou do tipo aberto. No sistema de
refrigeração de um refrigerador doméstico emprega-se um compressor hermético alternativo
(Figura 12), no qual o processo de compressão se dá por um êmbolo movendo-se
alternadamente no interior de um cilindro. As válvulas de aspiração e descarga são dispostas de
forma a permitir a compressão do gás (DINÇER, 2003).
71

Figura 12 - Compressor hermético alternativo

Fonte: Hermes (2006)

De acordo com Stoecker e Jones (1985), durante a operação de um sistema de


refrigeração, para o compressor já em rotação constante, a capacidade de refrigeração do
evaporador e a potência do compressor são controladas pelas pressões de aspiração e descarga.
Os compressores herméticos alternativos são dimensionados para aplicações em faixas
de temperaturas menores quando comparados aos outros tipos de compressores, podendo ser
utilizados por longos períodos de tempo sem a necessidade de manutenção. Além disso são
equipamentos de custo reduzido e estruturalmente, não existindo separação física entre o motor
e o compressor. A grande desvantagem destes equipamentos está na sua sensibilidade a
flutuações de tensão, que podem prejudicar o motor.
O modelo do compressor para a simulação em regime permanente foi desenvolvido de
forma global baseado em informações de caráter experimental obtidas por Hermes (2000).
Durante o processo de compressão uma pequena parte do volume do cilindro não é
empregada para a compressão do fluido. Esta porção é chamada volume morto e é levada em
consideração a partir do conceito de eficiência volumétrica, dada em função das pressões de
descarga e sucção e do expoente politrópico:

1
 P  np
 vol  1      des  (77)
 Psuc 
72

Onde:

 vol : eficiência volumétrica [adimensional]


 : fração de espaço morto [adimensional]
Pdes : pressão de descarga do compressor [Pa]
Psuc : pressão de sucção do compressor [Pa]
n p : expoente politrópico [adimensional]

A fração de espaço morto é dada por:

Vmorto
 (78)
VD
Onde:

Vmorto : volume morto [m3]


VD : deslocamento do cilindro do compressor [m3]

A partir da eficiência volumétrica e de outros parâmetros do compressor, pode-se


determinar a vazão mássica de refrigerante na saída do compressor, dada pela Equação 79
(STOECKER E JONES, 1985):

 vol  sucVD nnom


 comp 
m (79)
60
Onde:
 comp : vazão mássica na saída do compressor [kg/s]
m

 suc : massa específica do refrigerante na entrada do compressor [kg/m3]

nnom : rotação nominal do compressor [rpm]

Antes de efetivamente adentrar ao compressor, o refrigerante passa por uma tubulação


horizontal denominada trecho adjacente ao compressor. Neste trecho o tubo passa por um
processo de aquecimento e para levar isto em consideração um modelo simplificado foi
empregado para o trecho adjacente ao compressor, em que a temperatura da superfície do tubo
73

é constante e igual a temperatura ambiente. Dessa forma, a entalpia do refrigerante na saída


deste trecho é calculada a partir de um balanço de energia no trecho adjacente:

Di Ltrecho,adj i Tamb  Tr 


hs.trecho,adj  he.trecho,adj  (80)
m
Onde:
hs,trecho,adj : entalpia específica do refrigerante na saída do trecho adjacente do compressor
[J/kg]
he,trecho,adj : entalpia específica do refrigerante na entrada do trecho adjacente do
compressor [J/kg]
Ltrecho,adj : comprimento do trecho adjacente do compressor [m]

Tr : temperatura média do refrigerante no trecho adjacente do compressor [°C]

O coeficiente de transferência de calor por convecção do lado do refrigerante é calculado


pela correlação de Dittus e Boelter (1930), dada pela Equação 38.
Considerando processo de compressão politrópico, a temperatura na descarga do
compressor pode ser calculada por:

1 n p
P 
Ts.comp  0,5Ts ,trecho,adj  Tcomp  suc 
np
(81)
 Pdes 
Onde:
Ts ,comp : temperatura do refrigerante na descarga do compressor [K]
Tcomp : temperatura média do corpo do compressor [K]

Na Equação 81 foi levada em consideração a média entre as temperaturas da superfície


do compressor e do refrigerante na saída do trecho adjacente ao invés de somente esta última
de modo a levar em consideração o processo de aquecimento do refrigerante na tubulação de
descarga (JAKOBSEN, 1995).
A taxa de transferência de calor perdida para o ambiente pode ser calculada pela
expressão:
74

Q comp  U Acomp Tcomp  Tamb  (82)

Onde:
Q com p : taxa de transferência de calor perdida para o ambiente [W]

U Acom p : coeficiente global de transferência de calor multiplicado pela área do


compressor [W/K]

A potência consumida pelo compressor pode ser calculada a partir da eficiência global,
da entalpia na descarga para processo isentrópico, da entalpia na sucção do compressor e da
vazão mássica (STOECKER E JONES, 1985):

 hdes,iso  hs ,trecho,adj 
W comp  m comp  (83)
  
 g 
Onde:
W com p : potência consumida pelo compressor [W]

hdes,iso : entalpia específica do refrigerante na saída do compressor para condição


isentrópica [J/kg]
 g : eficiência global do compressor [adimensional]

Finalmente a partir de um balanço de energia global no compressor a seguinte relação


foi obtida:

W comp  Q comp  m comp hs ,comp  hs ,trecho,adj  (84)

A partir de ensaios experimentais em um calorímetro, Hermes (2000) obteve relações


para o cálculo da eficiência global do compressor, do expoente politrópico e do coeficiente
global de transferência de calor multiplicado pela área, dados em função das pressões de sucção
e descarga.
Estes parâmetros mencionados anteriormente podem ser representados de maneira
genérica pela relação:
75

  a  bPsuc  cPsuc
2
d  ePdes  fPdes2 1   2 333T,comp
15 [ K ]


 (85)
 

Onde a temperatura média do corpo do compressor deve ser dada na escala absoluta. Os
valores das constantes para os parâmetros utilizados no modelo são mostrados na Tabela 2:

Tabela 2 – Constantes para cálculo dos parâmetros do compressor

Constante g np U Acom p
a -0,00305 -0.00033 -0.00079
b -3,2.10-5 -8.1.10-8 -1,4.10-6
c 4,97.10-8 1.13.10-10 1,73.10-9
d -5964,99 -3128,15 -4278.27
e -0,1676 0,1434 1,4920
f 4,15.10-5 -1,7.10-5 -5,1.10-4
1 -0,23842 1 6,94184
2 1,23479 0 -6,02145
Fonte: Hermes (2000)

Por fim deve-se levar em consideração o armazenamento de refrigerante no interior do


compressor pela presença do óleo, importante no cálculo da massa de refrigerante no sistema
de refrigeração. Este procedimento foi realizado a partir de dados empíricos obtidos por Klein
(1998). A massa específica da mistura óleo e refrigerante é dada pela Equação 86:

 mist  958,36  2,05 yr  0,66Tamb (86)


Onde:

 mist : massa específica da mistura óleo-refrigerante [kg/m3]


y r : solubilidade do refrigerante no óleo [%]

A fração mássica de refrigerante no óleo foi calculada pela expressão abaixo (KLEIN,
1998):

  
yr  exp 4,1358  0,9101P  0,04069 P 2   0,8249  0,1019 P  0,002656 P 2 ln Tamb   
(87)
Onde:
P : pressão média da mistura óleo-refrigerante [kgf/cm2]
76

A massa de refrigerante dissolvida no óleo pode ser calculada pela Equação 88:

yr
m r  mo (88)
1  yr
Onde:
mr : massa de refrigerante dissolvida no óleo [kg]
mo : massa de óleo no sistema [kg]

4.2 Modelo para simulação em regime transiente

O software GT-SUITE® é uma ferramenta computacional amplamente utilizada na


indústria automotiva para modelagem de sistemas automotivos e de ar condicionado, como
apresentado em Sekaran et al. (2011) e Nessim et al. (2012). Apesar da elevada versatilidade
do software em integrar sistemas, percebe-se a existência de poucos artigos científicos
disponíveis na literatura, principalmente por sua aplicação. Além disso, não foi encontrada na
literatura aplicação deste software para simulação do sistema de refrigeração de um refrigerador
doméstico.
O modelo matemático para simulação global do refrigerador doméstico foi elaborado
no ambiente do software e baseia-se na solução das equações de Navier-Stokes (equações da
continuidade e quantidade de movimento) e energia na forma unidimensional. O sistema a ser
modelado é dividido em volumes de controle e as variáveis escalares (pressão, temperatura,
massa específica, energia interna específica, entalpia específica, etc.) são assumidas como
uniformes nestes volumes. As variáveis vetoriais (fluxo de massa, velocidade, etc.) são
calculadas para a entrada e a saída do volume de controle, como mostrado na Figura 13.

Figura 13 - Discretização espacial do domínio físico no GT-SUITE®


77

Fonte: Adaptado de GT-SUITE (2012)

As equações da continuidade e quantidade de movimento para qualquer componente,


considerando a formulação do software GT-SUITE®, são baseadas nas Equações 89 e 90,
respectivamente:
dm
  m (89)
dt contornos

u u Ai dz  u u 
Ai dP   m u   4C f 2 Di
 C p   Ai

dm

contornos  2 
(90)
dt dz
Onde:
m : massa de refrigerante no volume de controle [kg]
C f : coeficiente de atrito [adimensional]

C p : coeficiente de perda de pressão [adimensional]


z : comprimento infinitesimal do volume de controle [m]
dP : variação de pressão infinitesimal ao longo do volume de controle [Pa]

O coeficiente de atrito foi calculado a partir da Equação 91, proposta por Serghides
(1984):

 16 
 Re , Re Di  2000 
 Di 
Cf   2  (91)
 1   A  4,781 
2
 
 4  4,781  B  2 A  4,781  , Re Di  4000 
   

Os parâmetros A e B são dados pelas Equações 92 e 93:

 t 
 
A  2,0 log 10  i  
D 12
 3,7 Re  (92)
 Di

 
78

 t 
 
B  2,0 log 10  Di 2,51A 

 3,7 Re  (93)
 Di

 

Para a região de transição (2000 < Re Di < 4000) o cálculo do coeficiente de atrito foi

realizado a partir da interpolação linear utilizando as expressões para escoamento laminar e


turbulento.
O coeficiente de perda de pressão foi calculado a partir da expressão (GT-SUITE, 2012):

P1  P2
Cp  (94)
1
1u12
2
Onde:
P1 : pressão a montante do volume de controle [Pa]

P2 : pressão a jusante do volume de controle [Pa]

 1 : massa específica a montante do volume de controle [kg/m ]


3

u1 : velocidade média a montante do volume de controle [m/s]

Para a equação da energia foi utilizada uma formulação implícita no tempo, conforme
sugerido em GT-SUITE® (2012) para simulação de sistemas de refrigeração. Nesta formulação
a equação da energia é resolvida a partir da vazão mássica, pressão e entalpia específica. A
equação da energia é dada por:

d hV 
  m h  V   i As ,i Tr  Tp 
dP
(95)
dt contornos dt
Onde:
V : volume [m3]
As ,i : área superficial interna do tubo [m2]

T p : temperatura média da parede do tubo [°C]


79

O modelo para simulação global do refrigerador doméstico em regime transiente


desenvolvido no software GT-SUITE® é mostrado na Figura 14:

Figura 14 - Modelo para simulação global do refrigerador doméstico no GT-


SUITE®

Fonte: Elaborado pelo autor


Para simulação global do sistema são necessários, além dos parâmetros geométricos dos
componentes do sistema de refrigeração e gabinete, os valores da temperatura ambiente e da
carga de refrigerante total. Estes parâmetros foram obtidos de Hermes (2000).
Nos próximos itens serão mostrados detalhes referentes aos modelos utilizados no GT-
SUITE®.

4.2.1 Modelo para o compressor


80

O modelo do compressor utilizado no GT-SUITE® é um modelo simplificado, em que


são necessários como dados de entrada os valores das eficiências global e volumétrica
(constantes), além do deslocamento do cilindro do compressor.
O valor da eficiência global média do compressor foi retirado do trabalho de Hermes
(2000), sendo esta igual a 43,3%. Para a eficiência volumétrica considerou-se um valor igual a
85%.
A vazão mássica deslocada pelo compressor é dada pela Equação 79 e a potência
consumida é dada pela Equação 83, mostradas no modelo para o compressor no EES®.

4.2.2 Modelos para os trocadores de calor e gabinete refrigerado

Os parâmetros geométricos dos trocadores de calor retirados do trabalho de Hermes


(2000) foram utilizados para construção dos modelos no ambiente do software.
Adicionalmente, na presença de escoamento bifásico é sempre utilizado o modelo homogêneo,
sendo a fração de vazio calculada pela expressão a seguir (RICE, 1987):

1
  1  x  v 
  1     (96)
  x  l 

Conforme dito anteriormente o software GT-SUITE® utiliza uma formulação


espacialmente distribuída. Para os trocadores de calor foram considerados 20 volumes de
controle (GT-SUITE, 2012). Os coeficientes de transferência de calor por convecção e fatores
de atrito foram calculados por correções empíricas já existentes no software ou foram
implementadas.
Para escoamento bifásico no condensador, o coeficiente de transferência de calor por
convecção pode ser calculado pelas seguintes correlações disponíveis no software: Shah (1979),
Cavallini et al. (1974), Dobson e Chato (1998) e Tang et al. (2000). No evaporador, o
coeficiente de transferência de calor por convecção durante a evaporação pode ser calculado
pelas seguintes correlações, já implementadas no software: Gungor e Winterton (1987),
Klimenko (1990) e Kandlikar (1991). Estas correlações são mostradas no Apêndice B. A fim
de explorar a influência das correlações nos resultados de simulação global do refrigerador,
todas as correlações disponíveis no software foram testadas.
81

Para o cálculo do coeficiente de atrito para o escoamento bifásico foi utilizada a


correlação de Friedel (1979), dada a partir de um fator multiplicativo para o coeficiente de
atrito:

3,24 F
2  E  (97)
Frh0,045Weh0,035

Os parâmetros E, F e κ são dados pelas expressões:

0, 25
  Re 
E  1  x   x l  v 
2 2
(98)
v  Rel 

F  x 0,78 1  x
0, 224
(99)

0, 91 0,19 0, 7
   v   v 
   l    1   (100)
 v   l   l 

Os números de Weber e Froude são calculados considerando a massa específica da


mistura das fases líquida e vapor, uma vez que o escoamento bifásico é modelado como
homogêneo:

G 2 Di
Weh  (101)
 s

G2
Frh  (102)
gDi  2

Para a transferência de calor por convecção entre a parede do condensador e o ar


ambiente foi empregada a correlação de Tanda e Tagliafico (1997), dada pela Equação 17.
Para modelar o gabinete do refrigerador foram utilizados um modelo do próprio GT-
SUITE®. Valores constantes para os coeficientes de transferência de calor entre as superfícies
externas e internas do gabinete e o ar externo e interno foram considerados iguais a 7 e 5 W/m2-
82

K respectivamente, dada a impossibilidade de se inserir expressões de correlações empíricas


para o cálculo destas grandezas. Adicionalmente, de modo a tornar o modelo mais real utilizou-
se uma expressão obtida por Klein (1998) para levar em consideração a transferência de calor
pela borracha de vedação (gaxeta) do refrigerador doméstico. Para isso fez-se a consideração
de regime quase-estático, de modo que a expressão a seguir pôde ser empregada:

Q gax  U Agax Tamb  Tgab  (103)

O coeficiente global de transferência de calor multiplicado pela área é dado pela


Equação 104 (KLEIN, 1998):

U Agax  0,011039 Tamb  Tgab   0,196766 (104)

Para o cálculo do coeficiente de transferência de calor por convecção entre a placa


evaporadora e o ar foi empregada a correlação de Churchil e Chu (1975), dada pela Equação
42. Os fatores de forma mostrados na Tabela 1 foram utilizados para que a taxa de transferência
de calor por radiação entre as superfícies pudesse ser calculada. O acoplamento entre o gabinete
refrigerado e o evaporador foi realizado automaticamente pelo software.
Para o modelo do trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção, o cálculo dos
coeficientes de transferência de calor por convecção foi realizado utilizando-se as mesmas
correlações empregadas nos modelos do condensador e evaporador. Na presença de escoamento
bifásico a correlação de Friedel (1979), dada pela Equação 97, foi empregada.
83

5 METODOLOGIA NUMÉRICA

Nesta seção serão apresentadas a metodologia numérica utilizada pelo software GT-
SUITE® e as metodologias referentes aos modelos matemáticos dos componentes do
refrigerador doméstico e para a simulação global em regime permanente desenvolvidos no
software EES®

5.1 Metodologia para simulação em regime permanente

As metodologias numéricas consideradas para a simulação individual dos modelos dos


componentes do refrigerador doméstico e também do modelo global em regime permanente
serão apresentadas a seguir.

5.1.1 Metodologia para o condensador

Neste item serão apresentadas as metodologias referentes aos modelos distribuído e


zonal desenvolvidos para o condensador arame-tubo. As metodologias empregadas para a
solução das equações para estes modelos é idêntica a apresentada em Guzella et al. (2013).

5.1.1.1 Modelo distribuído

O modelo do condensador desenvolvido neste trabalho assemelha-se com os modelos


de Hermes (2000) e Lima (2007), entretanto ressaltam-se algumas diferenças:

 Hermes (2000) e Lima (2007) optaram por uma variação do método dos volumes finitos
descrito em MacArthur e Grald (1989). O presente trabalho utiliza o mesmo método na
sua formulação clássica como em Patankar (1980).
 A solução do sistema de equações, adotado por Hermes (2000) e Lima (2007), foi por
substituições sucessivas (STOECKER, 1989) em todo o domínio enquanto o presente
trabalho utiliza a solução iterativa em cada volume de controle.
 Hermes (2000) e Lima (2007) implementaram os modelos na linguagem de
programação FORTRAN e o presente trabalho utilizou o software EES® (KLEIN,
2004).
84

A equação da conservação da massa na forma discretizada é dada por:

G  uk  k (105)

Para a equação de conservação da quantidade de movimento isola-se o termo para


cálculo da pressão a jusante do volume de controle, considerando uma aproximação de 2ª ordem
para a tensão de cisalhamento (média entre os nós do volume de controle), sendo dada pela
Equação 106:

Di z
Pk  Pk 1  Guk  uk 1   G f k uk  f k 1uk 1  (106)
16 Ai

Analogamente para a equação da energia, o termo da entalpia a jusante do volume de


controle é isolado e considera-se uma aproximação de 2ª ordem para o termo de transferência
de calor (média entre os nós do volume de controle), sendo dada pela Equação 105:

1 Di z
hk  hk 1 
2

1 2 2
u k  u k 1  
2 GAi
 i,k 1 Tr ,k 1  Tc,k 1    i,k Tr ,k  Tc,k  (107)

Para a transferência de calor entre a parede do condensador e o ar ambiente, obtém-se


uma expressão para a temperatura da parede, também considerando uma aproximação de 2ª
ordem para o termo de transferência de calor (média entre os nós do volume de controle), dada
pela Equação 106:

Di  i ,k 1Tr ,k 1   i ,k Tr ,k   Deq  et ,k 1   et ,k Tamb  Deq  et ,k 1  Di  i ,k 1 Tc , k 1


Tc ,k  (108)
Deq  et ,k  Di  i ,k

As aproximações de 2ª ordem tanto para a tensão de cisalhamento quanto para os termos


de transferência de calor, sugeridas por Hermes (2000) e Hermes (2006) têm o objetivo de
atenuar os efeitos das descontinuidades nas transições do escoamento monofásico para o
escoamento bifásico, que podem gerar problemas de convergência numérica típicos da
formulação distribuídas para trocadores de calor, conforme reportado por Jansen et al. (1988) e
Hermes (2000).
85

Do ponto de vista da implementação numérica as Equações 103, 104, 105 e 106 são
resolvidas a partir de um procedimento iterativo realizado separadamente em cada volume de
controle, de acordo com o fluxograma mostrado na Figura 15:

Figura 15 - Fluxograma do modelo distribuído para o condensador arame-tubo


no EES®

Fonte: Elaborado pelo autor


86

5.1.1.2 Modelo por zonas

As equações para cálculo da taxa de transferência de calor para as regiões de


superaquecimento, saturação e sub-resfriamento são rearranjadas e de forma semelhante ao
modelo distribuído, um processo iterativo é empregado. O fluxograma mostrado na Figura 16
representa a metodologia aplicada para o modelo por zonas:
87

Figura 16 - Fluxograma do modelo por zonas para o condensador arame-tubo no


EES®

Fonte: Elaborado pelo autor


88

5.1.2 Metodologia para o evaporador e gabinete

Conforme dito anteriormente o refrigerador SLIM 230L apresenta apenas um


compartimento refrigerado. Dessa forma, seguindo a metodologia descrita por Hermes (2000)
a solução das equações dos modelos do evaporador e gabinete refrigerado devem ser feitas em
conjunto, uma vez que existe uma interdependência entre as variáveis de saída dos mesmos
(temperatura da placa evaporadora e temperatura do ar no interior do gabinete refrigerado)

5.1.2.1 Modelo distribuído

O cálculo da pressão a jusante do volume de controle do evaporador é dada pela Equação


106. Para a equação da energia, procede-se de maneira similar ao que foi feito para o
condensador, isolando-se o termo da entalpia a jusante do volume de controle, considerando
uma aproximação de 2ª ordem para a transferência de calor, dada pela Equação 109:

1 Di z
hk  hk 1  
1 2
2

u k  u k21 
2 GAi
 
 i ,k 1 Tevap  Tr ,k 1    i ,k Tevap  Tr ,k  (109)

As condições de contorno para solução do sistema de equações são dadas pelas


propriedades do refrigerante na entrada do evaporador. A exemplo do modelo do condensador
arame-tubo, as equações governantes para o evaporador roll-bond são resolvidas a partir de um
procedimento iterativo de solução, realizado em separadamente em cada volume de controle,
de acordo com o fluxograma mostrado a seguir (Figura 17):
89

Figura 17 - Fluxograma do modelo distribuído para o evaporador e gabinete no


EES®

Fonte: Elaborado pelo autor

5.1.2.2 Modelo por zonas

Similarmente à metodologia empregada para o modelo por zonas para o condensador,


as equações para cálculo da taxa de transferência de calor para as regiões de superaquecimento,
saturação e sub-resfriamento são rearranjadas e de forma semelhante ao modelo distribuído, um
processo iterativo é empregado (Figura 18).
90

Figura 18 - Fluxograma do modelo por zonas para o evaporador e gabinete no


EES®

Fonte: Elaborado pelo autor


91

5.1.3 Metodologia para o trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção

O fluxograma que representa o modelo de simulação do trocador de calor tubo-capilar-


linha-de-sucção é mostrado na Figura 19:

Figura 19 - Fluxograma para o modelo do trocador de calor tubo capilar-linha de


sucção

Fonte: Elaborado pelo autor


92

5.1.4 Metodologia para o compressor

A partir das equações apresentadas e, novamente, a partir de um algoritmo de predição-


correção o comportamento do compressor pode ser determinado a partir do fluxograma a seguir
(Figura 20):

Figura 20 - Fluxograma para o modelo do compressor

Fonte: Elaborado pelo autor


93

5.1.5 Acoplamento entre os modelos dos componentes

A partir da definição dos modelos individuais para cada componente do sistema de


refrigeração e de modo a desenvolver um modelo capaz de simular o comportamento deste
refrigerador em regime permanente, foi criado um módulo adicional cuja função é gerenciar os
programas modulares dos componentes.
A rotina empregada para solução das equações é semelhante às propostas por Klein
(1998) e Gonçalves e Melo (2004), embora a primeira tenha utilizado uma condição fixa do
refrigerante na saída do evaporador e a segunda tenha utilizado informações de natureza
empírica do sistema.
Como dados de entrada para o modelo global são necessários os parâmetros geométricos
dos componentes do sistema, as condições do ar ambiente e a carga total de refrigerante no
sistema.
Para a convergência das grandezas envolvidas em cada programa modular de cada
componente considerou-se um resíduo de convergência relativo igual a 10-4. Para as correções
das pressões de sucção e descarga empregou-se o método das secantes, descrito em Press e
outros (1995), e um resíduo de convergência relativo igual 10-4 foi também considerado.
Para carga de refrigerante considerou-se um resíduo absoluto de 10-3, que corresponde
a uma variação absoluta de 1g de carga de refrigerante. Este critério foi também adotado por
Hermes (2006).
A Figura 21 apresenta o fluxograma para o modelo de simulação numérica em regime
permanente do refrigerador doméstico em estudo neste trabalho:
94

Figura 21 - Acoplamento dos modelos dos componentes para simulação em regime


permanente

Fonte: Elaborado pelo autor


95

5.2 Metodologia para simulação em regime transiente

A metodologia numérica para solução do sistema de equações não-lineares formado


pelas equações governantes para cada componentes no GT-SUITE® é realizada segundo uma
formulação totalmente implícita no tempo.
O incremento de tempo foi considerado igual a 0,1 s, conforme sugerido em GT-SUITE
(2012) e um critério de convergência igual a 10-4 foi considerado para todas as variáveis
envolvidas. Por se tratar de um código de natureza comercial, outros detalhes relativos a
implementação numérica não estão disponíveis e por isso não foram apresentados.
96

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados resultados da simulação transiente do refrigerador


doméstico utilizando o GT-SUITE®, da simulação dos modelos individuais dos componentes e
da simulação global do refrigerador em regime permanente utilizando o EES®.

6.1 Resultados da simulação em regime transiente

O modelo global desenvolvido no software GT-SUITE® foi empregado para simular o


comportamento do refrigerador durante o transiente de partida até que o mesmo atinja a
condição de regime permanente e também para caracterizar o comportamento cíclico pela
atuação do termostato. Para simulação de testes de abaixamento de temperatura, o modelo
transiente é capaz de simular 6 horas de teste em cerca de 1 hora e, para simulação do
comportamento cíclico, são necessárias cerca de 2,5 horas para simulação do comportamento
do sistema.
Para os itens 6.1.1 e 6.1.2, a carga de refrigerante adotada para o sistema de refrigeração
foi de 80,94g, valor este obtido experimentalmente por Hermes (2000) como a melhor condição
segundo a norma NTB0048 (1992) apud Hermes (2000) para operação do refrigerador
doméstico CONSUL SLIM 230L. Posteriormente será feita uma análise da influência da carga
de refrigerante e da rotação do compressor no comportamento do sistema.

6.1.1 Simulação de testes de abaixamento de temperatura

Hermes (2000) realizou ensaios experimentais para duas condições de temperatura


ambiente: 32°C e 43°C. O tempo de pull-down corresponde ao período necessário para que a
temperatura média do ar no gabinete atinja 7°C e 5°C, para temperaturas ambiente de 43°C
(classe T) e 32°C (classe N) respectivamente, de acordo com a norma NTB0048 (1992) apud
Hermes (2000). Apesar do refrigerador estudado por Hermes (2000) pertencer à classe T, o
autor optou por realizar ensaios experimentais para ambas condições.
A Tabela 3 apresenta uma comparação entre os tempos de pull-down e temperatura
média do ar no interior do gabinete, após o sistema atingir a condição de regime permanente,
obtidos por simulações numéricas e pelos ensaios experimentais realizados por Hermes (2000).
Nesta tabela são mostrados também os erros absolutos para estas duas grandezas, calculados
com base nos resultados experimentais apresentados por Hermes (2000). Para os resultados
97

obtidos pelas simulações no GT-SUITE® foram empregadas combinações das correlações para
o cálculo do coeficiente de transferência de calor por convecção para condição de escoamento
bifásico tanto no condensador quanto no evaporador.

Tabela 3 – Resultados do tempo de pull-down e da temperatura média do ar no


gabinete
Temperatura ambiente [°C]
Resultados numéricos
32 43
Tempo de Tempo de
Temperatura Temperatura
pull-down pull-down
Correlação Correlação do ar no do ar no
[min] / [min] /
para para gabinete [°C] gabinete [°C]
Desvio Desvio
evaporação condensação / Desvio / Desvio
absoluto absoluto
absoluto [°C] absoluto [°C]
[min] [min]
Cavallini et
0,6 -2 54 27 8,7 -2,2 - -
al. (1974)
Dobson et al.
-3,5 2,1 72 9 5,2 1,3 110 82
Gungor et (1998)
al. (1986) Shah
0,7 -2,1 54 27 8,6 -2,1 - -
(1979)
Tang et al.
-3,1 1,7 70 11 5,6 0,9 110 82
(2000)
Cavallini et
1,0 -2,4 55 26 9,2 -2,7 - -
al. (1974)
Dobson et al.
-2,9 1,5 72 9 5,8 0,7 119 73
Klimenko (1998)
(1990) Shah
1,1 -2,5 55 26 9,1 -2,6 - -
(1979)
Tang et al.
-3,6 2,2 70 11 6,2 0,3 118 74
(2000)
Resultados experimentais
-1,4 - 81 - 6,5 192 -
(HERMES, 2000)
Fonte: Elaborado pelo autor

A partir dos resultados obtidos pode-se observar que, para a temperatura de 32 °C, o
modelo foi capaz de reproduzir os resultados experimentais com razoável nível de acordância
quando as correlações de Klimenko (1990) e Dobson et al. (1998) foram empregadas para o
cálculo do coeficiente convectivo para evaporação e condensação, respectivamente. Entretanto,
para temperatura de 43 °C, não foram obtidos bons resultados para o tempo de pull-down que
ficou muito inferior ao obtido experimentalmente por Hermes (2000). A temperatura do ar no
interior do gabinete para esta condição foi mais próxima ao valor experimental quando as
correlações de Klimenko (1990) e Dobson et al. (1998) foram empregadas. Quando as
98

correlações para condensação de Cavallini et al. (1974) e Shah (1979) foram empregadas a
temperatura do ar no interior do gabinete não atingiu o valor de 7°C, de modo que o tempo de
pull-down não pôde ser definido. A correlação de Kandlikar (1991) não foi empregada pois
resultou em erros inesperados nas simulações, ainda sem explicação.
A partir destes resultados pode-se afirmar que, para as correlações citadas
anteriormente, o modelo no GT-SUITE® não foi capaz de reproduzir corretamente o tempo de
pull-down na condição de temperatura ambiente igual a 43°C. Uma possível explicação para
estes resultados discrepantes estaria relacionado a capacidade de refrigeração do evaporador
durante o período transiente, grandeza esta que será mostrada posteriormente.
Os resultados para simulações transiente no GT-SUITE® mostrados nos próximos itens
foram obtidos considerando as correlações de Klimenko (1990) e Dobson et al. (1998), para o
cálculo dos coeficientes de transferência de calor por convecção para escoamento bifásico no
evaporador e condensador, respectivamente.
Para investigar o comportamento do refrigerador para diferentes cargas térmicas foram
realizadas simulações para diferentes valores de temperatura ambiente: 21 °C, 32 °C, 43 °C e
54 °C. A Figura 22 apresenta a variação da temperatura do ar no interior do gabinete durante a
o teste de pull-down:

Figura 22 – Temperaturas do ar em função do tempo para temperaturas


ambiente de 21 °C, 32°C, 43°C e 54°C

Fonte: Elaborado pelo autor


99

A partir da Figura 22 pode-se observar a elevada inércia térmica associada ao ar no


interior do gabinete, já que a taxa em que a temperatura diminui é baixa. Observa-se que, com
o aumento da temperatura ambiente, a temperatura do ar no gabinete se estabelece em um
patamar superior. Este comportamento está associado ao aumento da carga térmica, que cresce
com o aumento da temperatura ambiente.
Na Figura 23 mostra-se a variação da potência consumida pelo compressor em função
do tempo para diferentes temperaturas ambiente. Observa-se a existência de dois picos de
potência: o primeiro está associado à partida do compressor, em que sua rotação varia de zero
a rotação nominal rapidamente após à partida. O segundo está associado as variações das
grandezas na sucção e descarga. Adicionalmente observa-se a existência de uma região
transiente com comprimento variável em função da temperatura ambiente, sendo que
posteriormente o sistema atinge regime permanente. A presença da região transiente foi obtida
também para os outros resultados, conforme esperado, que serão mostrados a seguir.

Figura 23 – Potência consumida pelo compressor em função do tempo para


temperaturas ambiente de 21 °C, 32 °C, 43 °C e 54 °C

Fonte: Elaborado pelo autor

As Figuras 24 e 25 mostram a variação das pressões de sucção e descarga durante o


tempo para as temperaturas de 32 °C e 43 °C. Estes resultados estão diretamente relacionados
a potência do compressor, em que elevadas variações das pressões nos instantes iniciais estão
associadas a partida do compressor. Para a temperatura ambiente de 32 °C, conforme esperado,
100

observa-se níveis de pressões inferiores aos apresentados para temperatura de 43 °C. Para as
temperaturas ambiente de 21 °C e 54 °C comportamentos semelhantes foram observados.

Figura 24 – Pressões de descarga e sucção em função do tempo para


temperaturas ambiente de 32 °C

Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 25 – Pressão de descarga e sucção em função do tempo para temperatura


ambiente de 43 °C

Fonte: Elaborado pelo autor

A capacidade de refrigeração e a carga térmica do refrigerador doméstico em função do


tempo para as temperaturas ambiente de 32 °C e 43 °C são mostradas nas Figuras 26 e 27. A
101

capacidade de refrigeração apresentou pequenas oscilações durante o início do teste de


abaixamento de temperatura, provavelmente associados a elevada inércia térmica do ar no
interior do gabinete. Observa-se que a capacidade de refrigeração é máxima após a partida do
compressor, seguindo posteriormente um comportamento aproximadamente linear.
Posteriormente observa-se um discreto aumento e posteriormente a capacidade de refrigeração
volta a diminuir até que se iguala ao valor da carga térmica do refrigerador. Observa-se também
que, conforme esperado, tanto a capacidade de refrigeração quanto a carga térmica aumentam
com o aumento da temperatura ambiente.

Figura 26 – Capacidade de refrigeração e da carga térmica em função do tempo


para temperatura ambiente de 32 °C

Fonte: Elaborado pelo autor


102

Figura 27 – Capacidade de refrigeração e da carga térmica em função do tempo


para temperatura ambiente de 43 °C

Fonte: Elaborado pelo autor

Para temperatura ambiente de 43°C, o comportamento da capacidade de refrigeração


apresentado pelo modelo no GT-SUITE® prevê um pico inicial muito superior ao obtido pelo
modelo de simulação transiente para o mesmo evaporador e gabinete apresentado por Hermes
(2000) que obteve um pico em torno de 80W. O modelo de simulação do evaporador e gabinete
em regime transiente proposto por Hermes (2000) foi desenvolvido a partir do método dos
volumes finitos (PATANKAR, 1980) e a partir da utilização de condições de contorno fictícias
obtidas a partir de dados experimentais para simular o acoplamento dos outros componentes do
refrigerador doméstico com o evaporador para temperatura ambiente de 43°C. Já os resultados
apresentados neste trabalho foram obtidos a partir do modelo de simulação do próprio GT-
SUITE®, que foi acoplado a partir da metodologia do próprio software. Esta poderia ser uma
possível explicação para a discrepância observada. Por fim especula-se que esta discrepância
ocorrerá também para as temperaturas ambiente de 21°C, 32°C e 54°C. Esta afirmação não
pode ser comprovada, já que Hermes (2000) realizou o teste de pull-down apenas para a
temperatura ambiente de 43°C e por isso o modelo transiente desenvolvido foi calibrado
somente para esta condição.
O comportamento apresentado para a capacidade de refrigeração, com valores
superiores aos observados por Hermes (2000), poderia ser uma explicação para os resultados
discrepantes apresentados no início desta seção para o tempo de pull-down.
103

6.1.2 Simulação do comportamento cíclico

O modelo para simulação do refrigerador doméstico em regime transiente foi utilizado


para caracterizar o comportamento cíclico do equipamento pela atuação do termostato, que
desliga o compressor quando uma determinada temperatura do ar no interior do gabinete é
atingida. O valor da temperatura de set-point, isto é, a temperatura na qual o termostato desliga
o compressor foi considerada igual a 5°C e um aumento de temperatura de 2°C foi considerado
para que o compressor seja religado, ou seja, o compressor é religado quando a temperatura do
ar no interior do gabinete atingir 7°C. A temperatura ambiente foi considerada igual a 32 °C.
O comportamento cíclico da potência do compressor em função do tempo é mostrado
na Figura 28. Observa-se que o primeiro ciclo de potência do compressor possui maior período
que os demais, uma vez que, partindo da condição inicial, a temperatura do ar no interior do
gabinete leva maior tempo para atingir o valor setado no termostato. Após o primeiro ciclo,
observa-se o comportamento cíclico do compressor. Entretanto, os picos de potência após a
partida do compressor apresentaram algumas variações significativas de um ciclo para outro.
Figura 28 – Comportamento da potência do compressor durante o transiente
cíclico

Fonte: Elaborado pelo autor

Os picos de potência associados a partida do compressor não atingem o mesmo nível


durante a ciclagem. Esse comportamento inesperado pode estar associado à não-convergência
do sistema de equações governantes para determinados instantes de tempo, principalmente
quando o compressor se encontra desligado. A não-convergência do sistema de equações foi
104

reportada através de mensagens no GT-SUITE®. Essa não-uniformidade nos picos de potência


durante a partida foi também observada para outras grandezas, conforme será apresentado
posteriormente.
A Figura 29 mostra o comportamento das pressões de sucção e descarga durante o
regime cíclico. Conforme dito anteriormente para a potência do compressor, o primeiro ciclo é
mais longo e semelhante ao comportamento apresentado durante a simulação do teste de
abaixamento de temperatura. Com a atuação do termostato observa-se um comportamento
cíclico para as pressões de sucção e descarga, com pequenas variações dos picos de pressão na
partida do compressor, conforme explicado anteriormente.

Figura 29 – Comportamento cíclico das pressões de sucção e descarga do


compressor

Fonte: Elaborado pelo autor

A Figura 30 apresenta a variação da temperatura do ar no interior do gabinete durante o


transiente cíclico. Observa-se a após a atuação do termostato a temperatura do ar passa a
aumentar, já que o compressor está desligado e a carga térmica aumenta.
105

Figura 30 – Comportamento cíclico da temperatura do ar

Fonte: Elaborado pelo autor

O modelo em regime transiente desenvolvido no GT-SUITE® possui a capacidade de


avaliar a massa de refrigerante em cada componente do sistema, exceto no compressor, já que
este modelo é do tipo quase-estático. O emprego deste modelo para o compressor representa
uma limitação deste trabalho já que, em compressores de refrigeradores domésticos a interação
entre o óleo e o refrigerante é importante, além do armazenamento de massa no compressor
devido a presença do óleo. Entretanto, devido a inexistência de um modelo adequado para
representar estas características no software, empregou-se o modelo quase-estático.
A massa de refrigerante presente no condensador e evaporador durante um determinado
intervalo de tempo que, compreende 4 ciclos normalizados, é mostradas na Figura 31. Os ciclos
normalizados foram obtidos a partir da divisão de cada tempo pelo comprimento total do
período considerado. Pode-se observar que, quando o compressor é acionado, o evaporador é
drenado de líquido e a maior parte do refrigerante se desloca para o condensador.
Posteriormente, após um determinado intervalo de tempo, o compressor é desligado e percebe-
se claramente a migração de massa do condensador para o evaporador, uma vez que este é o
componente que está à temperatura mais baixa.
106

Figura 31 – Massa de refrigerante no condensador e evaporador durante o


transiente cíclico

Fonte: Elaborado pelo autor

A Figura 32 mostra a massa de refrigerante presente no tubo capilar. Percebem-se


pequenos picos de massa na partida e na parada do compressor. Apesar destes percebe-se que
a massa de refrigerante presente no capilar é pequena e pouco significativa quando comparada
a massa total de refrigerante empregada nas simulações, cujo valor foi de 80,94g. Dessa forma,
pode-se assumir que a quantidade de massa no tubo capilar é praticamente constante durante o
período transiente, de modo que um modelo para o escoamento no seu interior pode ser
considerado em regime permanente, hipótese comumente empregada em modelos de simulação
global de refrigeradores domésticos (HERMES, 2006).
107

Figura 32 – Massa de refrigerante no tubo capilar durante o transiente cíclico

Fonte: Elaborado pelo autor

Na linha de sucção observa-se que logo após o compressor ser ligado ocorrem picos
significativos de massa de refrigerante (Figura 33), associados às bruscas variações das pressões
de descarga e sucção. Estes picos de massa não são iguais, provavelmente devido às diferenças
nos picos de pressão durante a partida.

Figura 33 – Massa de refrigerante na linha de sucção durante o transiente cíclico

Fonte: Elaborado pelo autor


108

6.1.3 Influência da carga de refrigerante

Hermes (2000) realizou experimentos no refrigerador CONSUL SLIM 230L variando-


se a carga de refrigerante de 55g a 95g para temperatura ambiente de 43°C, conforme a norma
NTB00048 (1992) apud Hermes (2000) para sistemas que pertencem a classe T. A partir de
resultados experimentais, Hermes (2000) observou que para a carga de 80,94g a temperatura
do ar no interior do gabinete é mínima e o consumo de potência pelo compressor ainda é baixo,
dessa forma esta carga de refrigerante foi selecionada.
Com o objetivo de investigar o comportamento do sistema para variações da carga de
refrigerante, o modelo transiente desenvolvido no GT-SUITE® foi empregado considerando um
intervalo de carga de refrigerante de 55g a 100g com incrementos de 5g. A temperatura
ambiente considerada foi 43 °C.
As Figuras 34 e 35 apresentam o comportamento das pressões de sucção e descarga para
as cargas de refrigerante mencionadas anteriormente.

Figura 34 – Variação da pressão de sucção em função da carga de refrigerante no


sistema

Fonte: Elaborado pelo autor


109

Figura 35 – Variação da pressão de descarga em função da carga de refrigerante


no sistema

Fonte: Elaborado pelo autor

A partir dos resultados observa-se que as pressões de sucção e descarga apresentam um


comportamento crescente com a carga de refrigerante no sistema, conforme esperado. O
comportamento destas grandezas influencia outras grandezas do sistema, como a relação de
compressão e o fluxo de massa do sistema, mostrados na Figura 36.

Figura 36 – Variação da relação de compressão e do fluxo de massa em função da


carga de refrigerante no sistema

Fonte: Elaborado pelo autor


110

Para a relação de compressão, Hermes (2000) observou experimentalmente que esta


grandeza apresentava um comportamento decrescente com o aumento da carga de refrigerante
no sistema. Para o modelo transiente empregado neste trabalho, a relação de compressão
apresentou um comportamento distinto com a variação da carga de refrigerante no sistema,
sendo ora decrescente ora crescente. Adicionalmente observa-se que o fluxo de massa aumenta
com o aumento da carga de refrigerante, já que a pressão de sucção aumenta. O efeito
combinado da relação de compressão e do fluxo de massa refletem no aumento da potência de
compressão e consequentemente da potência consumida pelo compressor, conforme mostrado
na Figura 37.

Figura 37 – Variação da potência consumida e da temperatura do ar em função


da carga de refrigerante no sistema

Fonte: Elaborado pelo autor

Ainda a partir da Figura 37 observa-se que, ao contrário do que foi observado por
Hermes (2000), a mínima temperatura média do ar no interior do gabinete foi obtida para a
carga de 60g de refrigerante, o que configura um elevado erro na predição da carga de
refrigerante que resulta em melhor comportamento do refrigerador. Esta discrepância pode estar
relacionada novamente ao modelo empregado para o compressor, que não considera
armazenamento de massa neste componente. Dessa forma, uma maior quantidade de massa
deverá ser distribuída no sistema o que afeta de forma global o comportamento do refrigerador
doméstico.
111

Adicionalmente, os valores de potência consumida pelo compressor obtidos via


simulação numérica estão superiores aos obtidos por Hermes (2000), que obteve um intervalo
de cerca de 75W a 105W para variação da carga de refrigerante de 55g a 95g. Isso
provavelmente está associado ao fato da eficiência global do compressor ter sido considerada
constante dada a limitação do modelo empregado.

6.1.4 Influência da rotação do compressor

Neste item o modelo transiente desenvolvido no GT-SUITE® foi utilizado para avaliar
o comportamento do refrigerador doméstico para um intervalo de rotação do compressor de
2000 rpm a 5000 rpm com passo de 1000 rpm, para temperatura ambiente de 32°C. A exemplo
de Hermes (2006) foi assumido que a eficiência global do compressor não varia com a rotação,
de modo que o valor de 43,3% foi considerado. Adicionalmente, assumiu-se que a eficiência
volumétrica foi também considerada constante. A temperatura ambiente considerada foi de
32 °C.
A Figura 38 apresenta a variação da potência consumida e da temperatura média do ar
no gabinete em função da rotação do compressor:

Figura 38 – Variação da potência consumida e da temperatura do ar em função


da rotação do compressor

Fonte: Elaborado pelo autor


112

A partir dos dados fornecidos por Hermes (2000) sabe-se que a rotação nominal do
compressor é 3500 rpm. A partir da Figura 37 observa-se que a medida que a rotação do
compressor aumenta, menor é a temperatura do ar no interior do gabinete para condição de
regime permanente e maior é o consumo de potência. Ainda pela Figura 38, observa-se a
existência de um ponto ideal de operação do compressor, que estaria em torno da rotação
nominal, dada por um consumo de potência ainda baixo e uma baixa temperatura do ar no
interior do gabinete. Conforme dito anteriormente, esses resultados possibilitam conclusões
limitadas, já que as eficiências do compressor foram mantidas constantes.
As variações das pressões e temperaturas de sucção e descarga em função da rotação do
compressor são mostradas nas Figuras 39 e 40, respectivamente:

Figura 39 – Variação da pressão e temperatura de sucção em função da rotação


do compressor

Fonte: Elaborado pelo autor


113

Figura 40 – Variação da pressão e temperatura de descarga em função da


rotação do compressor

Fonte: Elaborado pelo autor

A partir das Figuras 39 e 40 observa-se que, conforme esperado, a pressão de sucção


diminui e a pressão de descarga aumenta com o aumento da rotação do compressor. Isso se
deve a um maior diferencial de pressão criado pelo equipamento quando este opera a rotações
maiores, havendo um reflexo no consumo de potência.
Para o comportamento das temperaturas de sucção e descarga, a partir das Figuras 39 e
40, observa-se a temperatura de sucção diminui à medida que a rotação aumenta devido ao
aumento da capacidade de refrigeração do sistema. A temperatura de descarga aumenta com o
aumento da rotação devido ao aumento do potência de compressão, que aumenta com o
aumento da rotação do compressor.

6.2 Resultados da simulação em regime permanente

Neste item os modelos para os componentes desenvolvidos no EES® serão comparados


com resultados de outros modelos disponíveis na literatura. Os modelos desenvolvidos por
Hermes (2000) para o condensador e evaporador serão utilizados para comparação dos
resultados dos modelos desenvolvidos para estes componentes. Para o trocador de calor tubo-
capilar-linha-de-sucção, os modelos de Mezavilla (1995) e Hermes (2000) serão utilizados para
comparações. Por fim, para o modelo do compressor, os modelos de Klein (1998) e Hermes
(2000) serão empregados para comparações.
114

6.2.1 Resultados dos modelos do condensador

A partir do trabalho de Hermes (2000), considerou-se três casos com distintas condições
de contorno, mostrados na Tabela 4:

Tabela 4 – Condições de contorno para simulação do condensador arame-tubo


Condição de
Caso 1 Caso 2 Caso 3
contorno
Temperatura
32,0 43,0 54,0
ambiente (°C)
Fluxo mássico (kg/h) 1,46 1,78 2,21
Pressão na entrada
11,80 15,53 20,05
(bar)
Temperatura na
74,9 89,7 102,6
entrada (°C)
Fonte: Hermes (2000)

Os resultados mostrados na Tabela 5 foram obtidos a partir da utilização de uma malha


com 300 volumes de controle e resíduo para convergência de 10-4 que correspondem aos
mesmos parâmetros utilizados por Hermes (2000).

Tabela 5 – Comparação dos resultados de simulação do condensador arame-tubo


Grandeza Resultado Caso 1 Caso 2 Caso 3
Taxa de rejeição de calor Modelo distribuído 79,6 88,9 97,0
(W) Modelo por zonas 80,5 91,1 99,3
Hermes (2000) 79,0 88,8 98,3
Temperatura na saída do Modelo distribuído 41,2 56,6 67,5
condensador (°C) Modelo por zonas 39,4 55,4 67,0
Hermes (2000) 42,6 56,6 67,6
Título na saída do Modelo distribuído 4,4 °C 2,3% 12,2%
condensador (%) / Grau de Modelo por zonas 6,0 °C 0,9 °C 8,9%
sub-resfriamento (°C) Hermes (2000) 3 °C 3,3% 11,8%
Fonte: Elaborado pelo autor

Observa-se que os resultados obtidos pelos modelos propostos apresentaram relativa


concordância com o modelo de Hermes (2000). O modelo por zonas apresentou um sub-
resfriamento superior para o caso 1 quando comparado ao modelo distribuído e o modelo de
Hermes (2000). Consequentemente percebe-se que o modelo por zonas apresentou resultados
maiores para a taxa de rejeição de calor para os três casos considerados.
115

A Figura 41 apresenta o perfil espacial das temperaturas do refrigerante e da parede do


tubo para os casos 1, 2 e 3, para o modelo distribuído:

Figura 41 – Variação espacial das temperaturas do refrigerante e tubo no


condensador para o modelo distribuído

Fonte: Elaborado pelo autor

Verifica-se para os três casos a ocorrência de uma inflexão em torno do valor de 0,16
para o comprimento normalizado, que pode ser explicada pela troca de correlação para cálculo
do coeficiente de transferência de calor do lado do ar, representando o final da linha de descarga,
para a qual foi empregada a correlação de Lefreve e Ede (1956) e início da serpentina, para a
qual foi utilizada a correlação de Tanda e Tagliafico (1997). Hermes (2000) observou perfis de
temperaturas semelhantes aos apresentados na Figura 41.
Observa-se também uma segunda inflexão para os três casos,posterior ao valor de 0,2
para o comprimento normalizado indicando o início da região de saturação do refrigerante. Na
região de saturação o coeficiente de transferência de calor do lado do refrigerante aumenta
bruscamente resultando em elevada troca térmica entre o refrigerante e o tubo do condensador,
caracterizando o salto apresentado para a temperatura do tubo, que se aproxima do valor da
temperatura do refrigerante. Este comportamento está associado ao comportamento local das
grandezas e propriedades e provavelmente não corresponde ao comportamento real durante a
mudança de fase, já que o ponto exato em que a mudança de fase ocorre é difícil de ser
estabelecido.
116

6.2.2 Resultados dos modelos do evaporador e gabinete

De modo análogo ao que foi feito anteriormente para o condensador, Hermes (2000)
utilizou condições de operação obtidas do trabalho de Klein (1998) para comparação de
resultados do modelo desenvolvido para o evaporador roll-bond e gabinete refrigerado.
Ressalta-se as seguintes considerações adotadas por Klein (1998) na elaboração do modelo para
o evaporador roll-bond: placa isotérmica e condição de vapor saturado na saída do evaporador.
A Tabela 6 sumariza os três casos considerados para validação:

Tabela 6 – Condições de contorno para simulação do evaporador e gabinete


Condição de
Caso 1 Caso 2 Caso 3
contorno
Temperatura
32,0 43,0 54,0
ambiente (°C)
Fluxo mássico (kg/h) 1,46 1,78 2,21
Pressão na entrada
1,00 1,29 1,65
(bar)
Título na entrada (-) 0,27 0,31 0,36
Fonte: Hermes (2000)

Os resultados mostrados na Tabela 7 foram obtidos a partir da utilização de uma malha


com 300 volumes de controle e resíduo para convergência de 10-4, correspondendo aos mesmos
parâmetros considerados por Hermes (2000).

Tabela 7 – Comparação dos resultados de simulação do evaporador e gabinete


Grandeza Resultado Caso 1 Caso 2 Caso 3
Capacidade de Modelo distribuído 62,7 70,9 79,5
refrigeração (W) Modelo por zonas 61,4 70,8 80,6
Hermes (2000) 59,7 69,6 80,0
Temperatura média do Modelo distribuído -1,0 8,0 17,0
gabinete (°C) Modelo por zonas -0,3 8,0 16,4
Hermes (2000) -0,6 7,9 16,6
Temperatura média da Modelo distribuído -25,7 -20,0 -14,3
placa evaporadora (°C) Modelo por zonas -25,7 -20,1 -14,3
Hermes (2000) -24,4 -18,6 -12,6
Título na saída do Modelo distribuído 98,3% 98,2% 97,8%
evaporador (%) / Grau de Modelo por zonas 96,7% 98,7% 98,7%
superaquecimento (°C) Hermes (2000) 95,4% 97,4% 98,6%
Fonte: Elaborado pelo autor
117

Observa-se que os resultados obtidos pelos modelos propostos, apesar da simplicidade


dos mesmos, apresentaram boa concordância com o modelo de Hermes (2000). O modelo
distribuído tende a apresentar valores um pouco maiores que o modelo por zonas e o modelo
de Hermes (2000) para os casos 1 e 2. As diferenças entre os resultados podem ser atribuídas a
maior complexidade do modelo desenvolvido por Hermes (2000), que levou em consideração
a difusão do calor na placa evaporadora e a proximidade da entrada e saída do canal.

6.2.3 Resultados do modelo do trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção

Os resultados do trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção foram comparados com


os resultados dos modelos de Mezavilla (1995) e Hermes (2000), considerando três casos de
condições de contorno, mostrados na Tabela 8 (HERMES, 2000):

Tabela 8 – Condições de contorno para simulação do trocador de calor tubo-capilar-


linha-de-sucção
Condição de contorno Caso 1 Caso 2 Caso 3
Pressão de condensação [bar] 15,53
Pressão de evaporação [bar] 1,29
Título na entrada do tubo capilar [%]
5,1% 0% 2,64 °C
/ Grau de sub-resfriamento [°C]
Fonte: Hermes (2000)

A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos considerando diferentes formulações para o


sub-modelo térmico. Foram consideradas a expressão de efetividade teórica baseadas nas
correlações de Dittus e Boelter (1930) e Gnielinski (1976), efetividades experimentais obtidas
por Hermes (2006) e Hermes et al. (2010):

Tabela 9 – Comparação dos resultados de simulação do trocador de calor tubo-capilar-


linha-de-sucção
Sub-modelo fluidodinâmico
Grandeza Resultado Caso 1 Caso 2 Caso 3
Modelo proposto 1,791 2,349 2,596
Fluxo de massa [kg/h] Mezavilla (1995) 1,805 2,183 2,649
Hermes (2000) 1,865 2,241 2,514
Modelo proposto 1,62 1,66 1,81
Pressão crítica [bar] Mezavilla (1995) 1,45 1,62 1,78
Hermes (2000) 1,28 1,45 1,64
118

Sub-modelo térmico
Cálculo da efetividade
Resultado Caso 1 Caso 2 Caso 3
do trocador de calor
Dittus e Boelter (1930) 51,1 51,1 49,9
Temperatura na saída
Modelo Gnielinski (1976) 51,1 51,1 50,0
da linha de sucção
proposto Hermes (2006) 42,2 41,0 39,5
[°C]
Hermes et al. (2010) 39,6 38,1 36,5
Mezavilla (1995) 37,3 37,4 37,8
Hermes (2000) 36,7 37,8 37,8
Fonte: Elaborado pelo autor

Pelos resultados apresentados na Tabela 9 observa-se que o modelo utilizado neste


trabalho tende a superestimar a pressão crítica na saída do tubo capilar para todos os casos
considerados. O caso 1 apresentou maior discrepância tanto para o modelo de Mezavilla (1995)
quanto para o modelo de Hermes (2000) sendo que para o modelo deste autor não houve
blocagem do escoamento na saída do tubo capilar, uma vez que a pressão crítica foi inferior a
pressão de evaporação. Para os casos 2 e 3 a pressão crítica aproximou-se mais dos resultados
obtidos por Mezavilla (1995) do que os de Hermes (2000). Para o comportamento da vazão
mássica observa-se boa adequação dos resultados obtidos pelo modelo proposto, sendo que a
maior discrepância obtida foi para o caso 2.
Na análise do sub-modelo térmico permite observa-se que melhores resultados foram
obtidos utilizando-se a correlação empírica proposta por Hermes et al. (2010) seguida pela
correlação proposta por Hermes (2006). Discrepâncias elevadas foram observadas pela
utilização das correlações de Gnielinski (1976) e Dittus e Boelter (1930) para o cálculo do
coeficiente global de transferência de calor, que superestimaram a temperatura na saída da linha
de sucção.
Considerando a simplicidade do modelo utilizado e a comparação com os resultados
obtidos por modelos sofisticados baseados no método dos volumes finitos de Mezavilla (1995)
e Hermes (2000), percebe-se que o modelo proposto pode ser utilizado para caracterizar tanto
o escoamento quanto a transferência de calor no trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção
de modo satisfatório. A aplicação deste modelo se justifica principalmente pela convergência
incondicional e baixo custo computacional já que para os casos testados a convergência foi
obtida em não mais que 6 iterações.
119

6.2.4 Resultados do modelo do compressor

Por fim, o modelo proposto para o compressor é comparado com os modelos de Klein
(1998) e Hermes (2000) a partir das condições de contorno mostradas na Tabela 10 (HERMES,
2000):

Tabela 10 – Condições de contorno para simulação do compressor


Condição de
Caso 1 Caso 2 Caso 3
contorno
Temperatura
32,0 43,0 54,0
ambiente (°C)
Pressão de sucção
1,00 1,28 1,64
(bar)
Pressão de descarga
11,80 15,53 20,05
(bar)
Temperatura na
entrada do 23,6 34,3 45,8
compressor (°C)
Fonte: Hermes (2000)

A Tabela 11 apresenta os resultados obtidos pelo modelo do compressor e o modelo


desenvolvido por Klein (1998) e Hermes (2000).

Tabela 11 – Comparação dos resultados de simulação do compressor


Grandeza Resultado Caso 1 Caso 2 Caso 3
Potência consumida (W) Modelo proposto 70,0 89,9 115,1
Klein (1998) 69,7 77,6 81,5
Hermes (2000) 77,8 84,4 93,2
Fluxo de massa (kg/h) Modelo proposto 1,68 2,06 2,55
Klein (1998) 1,46 1,78 2,21
Hermes (2000) 1,56 1,89 2,36
Temperatura do Modelo proposto 29,6 40,3 51,3
refrigerante no passador de Klein (1998) 45,2 56,0 66,1
sucção (°C) Hermes (2000) 33,0 43,1 53,8
Temperatura na descarga Modelo proposto 73,7 87,1 108,1
do compressor (°C) Klein (1998) 74,9 89,7 99,2
Hermes (2000) 86,1 98,8 102,7
Fonte: Elaborado pelo autor
A partir dos resultados obtidos, observa-se boa acordância entre os resultados do modelo
proposto e os modelos de Klein (1998) e Hermes (2000), exceto para o caso 3 onde elevadas
discrepância foram observadas.
120

6.2.5 Simulação global em regime permanente e comparações

Neste item serão explorados alguns resultados referentes ao modelo de simulação em


regime permanente desenvolvido neste trabalho pelo acoplamento entre os modelos de
simulação de cada componente a partir de um módulo de gerenciamento.
Inicialmente considerou-se para os trocadores de calor (condensador e evaporador) os
modelos distribuídos, de modo a avaliar espacialmente a variação das propriedades do
refrigerante e dos trocadores de calor. Entretanto, durante a simulação foram observados
problemas de convergência do sistema de equações nestes dois componentes, devido a
descontinuidade existente da região de saturação para a região de sub-resfriamento no caso do
condensador e da região de saturação para a região de superaquecimento no evaporador. Estes
problemas foram também reportados por Jansen et al. (1988) e Hermes (2000) e são típicos da
formulação distribuída para trocadores de calor.
Uma alternativa aos problemas observados consistiu na utilização dos modelos por
zonas para os trocadores de calor que além de apresentarem menor custo computacional, não
apresentaram qualquer problema de convergência do sistema de equações, já que nestes
modelos as fronteiras das regiões são bem definidas.
Ao contrário do que foi observado para os modelos de simulação em regime permanente
disponíveis na literatura optou-se neste trabalho por avaliar o comportamento do modelo
proposto para diferentes cargas de refrigerante e temperaturas ambiente. Frequentemente nos
modelos de simulação a condição de entrada de carga de refrigerante é substituída pela
imposição do superaquecimento na saída do evaporador. Dos modelos de fração de vazio
citados em Rice (1987) e apresentados anteriormente optou-se pelo modelo de Hughmark
(1962).
Inicialmente tentou-se empregar o modelo em regime permanente para prever o
comportamento do sistema para uma faixa de carga de refrigerante de 55g a 100g com passo de
5g para temperaturas ambiente de 21°C, 32°C, 43°C e 54°C. Entretanto observou-se
convergência de todo o sistema de equações apenas para uma pequena faixa de carga de
refrigerante, de 70g a 90g e para as temperaturas ambiente de 32°C e 43°C. Problemas de
convergência do sistema de equações associados a elevados erros absolutos no cálculo da carga
de refrigerante total impossibilitaram a análise do comportamento do sistema para outras
condições. Vale a pena ressaltar que o critério de convergência para a carga de refrigerante foi
igual a 10-3, que corresponde a 1g em valores absolutos.
121

Mesmo dadas estas limitações serão mostrados resultados referentes ao comportamento


do modelo para diferentes cargas de refrigerante e comparações serão realizadas com os
resultados obtidos pelo modelo transiente para temperatura ambiente de 43°C. Importante
ressaltar que os resultados do modelo transiente utilizados nas comparações se referem ao valor
das grandezas já em regime permanente.
As Figuras 42 e 43 apresentam as pressões de descarga e sucção em função da carga de
refrigerante no sistema para os modelos desenvolvidos no EES® e no GT-SUITE®.

Figura 42 – Comparação das pressões de descarga em função da carga de


refrigerante para os modelos permanente e transiente

Fonte: Elaborado pelo autor


122

Figura 43 – Comparação das pressões de sucção em função da carga de


refrigerante para os modelos permanente e transiente

Fonte: Elaborado pelo autor

Observa-se a existência de uma discrepância entre os resultados dos modelos


empregados neste trabalho. O modelo desenvolvido no GT-SUITE® apresenta menores taxas
de aumento das pressões de descarga e sucção com o aumento da carga de refrigerante, o que
foi também observado por Hermes (2000). O modelo permanente tende a superestimar as
variações de pressões com aumento da carga de refrigerante, sendo que isto poderia estar
relacionado ao modelo de fração de vazio empregado para o modelo em regime permanente,
que foi o de Hughmark (1962). O modelo homogêneo utilizado no GT-SUITE® tende a
subestimar a carga de refrigerante de modo que o incremento das pressões tende a ser menor.

A Figura 44 apresenta a comparação dos fluxos de massa previstos pelos dois modelos.
123

Figura 44 – Comparação dos fluxos de massa em função da carga de refrigerante


para os modelos permanente e transiente

Fonte: Elaborado pelo autor

Observa-se novamente uma notável diferença entre os valores previstos pelos dois
modelos, sendo que o modelo transiente apresenta valores elevados desde a carga inicial. A
medida que a carga de refrigerante aumenta essa discrepância tende a diminuir tornando-se
pequena para carga de 90g. Esta discrepância poderia estar associada às diferentes metodologias
dos modelos considerados, já que o modelo desenvolvido no EES® simula o comportamento do
refrigerador em regime permanente e o software GT-SUITE® simula o comportamento
transiente do refrigerador desde a partida até a condição de regime permanente.
Adicionalmente, o caráter comercial deste último dificulta a análise dos resultados, já que, não
é descrita com clareza a metodologia numérica deste.
124

7 CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos pela simulação do comportamento do refrigerador com


os modelos empregados neste trabalho apresentam-se as seguintes conclusões e críticas
(separadamente para cada modelo de simulação):
Sobre o modelo transiente:

 O modelo desenvolvido no software GT-SUITE® apresentou resultados


razoáveis para a temperatura do ar no interior do gabinete para condição de regime permanente
próximos aos obtidos por Hermes (2000), entretanto falhou em representar corretamente a
inércia térmica do gabinete refrigerado para temperatura de 43°C;
 Para uma análise qualitativa, o modelo transiente apresenta como características
a possibilidade de avaliar o comportamento de cada componente do sistema, incluindo
grandezas difíceis de serem medidas experimentalmente, como a massa de refrigerante em cada
componente e a capacidade de refrigeração durante o regime transiente;
 Uma forte limitação do modelo apresentado está relacionado ao compressor, em
que foi empregado um modelo do tipo quase-estático. Este modelo não permite representar
corretamente o comportamento de compressores típicos dos empregados em sistemas de
refrigeração. Dessa forma a massa de refrigerante que estaria no compressor foi adicionada a
carga de refrigerante no condensador, o que não representa o comportamento real do sistema;
 Quando comparado com modelos transientes na literatura, os tempos necessários
para que a simulação transiente finalize são elevados, sendo necessária cerca de 1 hora para que
o sistema atinja o regime permanente para testes de pull-down e cerca de 2,5 horas para
simulação do comportamento cíclico. As simulações foram realizadas em um computador
INTEL® XEON CPU com 12Gb de memória RAM, entretanto não foi possível empregar
processamento paralelo;
 Para variação da carga de refrigerante o modelo conseguiu, ao menos
qualitativamente, prever o comportamento do sistema de maneira correta. Entretanto o ponto
ideal de operação foi obtido para uma carga de refrigerante bastante inferior à obtida por
Hermes (2000).
 Para a variação da rotação do compressor, ao menos qualitativamente, os
resultados apresentaram boa consistência. Uma limitação desta análise foi considerar que as
eficiências volumétrica e global se mantiveram constantes, o que não representa o
125

comportamento real do compressor para variadas rotações. Entretanto essa análise foi realizada
de modo a avaliar o comportamento qualitativo do compressor para diferentes condições de
operação;

Sobre os modelos dos componentes e o modelo de simulação em regime permanente:

 Para a modelagem do condensador e evaporador foram desenvolvidos dois


modelos, sendo um distribuído e outro por zonas. A comparação dos resultados obtidos por
estes modelos com o modelo de Hermes (2000) apresentam boa acordância, embora, dada a
pouca quantidade de dados experimentais, uma análise detalhada dos resultados fica limitada;
 Para a modelagem do trocador de calor tubo-capilar-linha-de-sucção empregou-
se uma solução aproximada, dando origem a dois sub-modelos: fluidodinâmico e térmico. Essa
formulação foi escolhida de modo a contornar os problemas de convergência numérica
associada a formulação distribuída. Os resultados obtidos foram também comparados com
outros modelos disponíveis na literatura. Como grande vantagem do modelo cita-se a
simplicidade da implementação e a ausência de problemas de convergência;
 Para o compressor optou-se por um modelo global e simples. A comparação com
modelos disponíveis na literatura apresentou resultados razoáveis exceto para a situação
extrema de condição ambiente de 54°C, em que desvios elevados foram observados;
 A simulação global do refrigerador doméstico operando em regime permanente
foi realizada a partir do acoplamento dos modelos a partir de um módulo de gerenciamento.
Para análises envolvendo a carga de refrigerante conclui-se que o modelo desenvolvido limita-
se a uma pequena faixa de carga de refrigerante e condição ambiente, dada a falta de precisão
no cálculo da massa de refrigerante pelo modelo de fração de vazio considerado.
126

8 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

De maneira a dar continuidade aos modelos empregados neste trabalho sugere-se


investigações futuras, tanto para o modelo em regime transiente quanto para o modelo em
regime permanente.
Para o modelo transiente desenvolvido no GT-SUITE® sugere-se as seguintes melhorias
no software:
1) Implementação de um modelo transiente para o compressor que possibilite a
interação entre o óleo e refrigerante, eficiências volumétrica e global variáveis,
típicos de compressores empregados em refrigeradores domésticos;
2) Implementação de outras correlações para cálculo do coeficiente de transferência de
calor por convecção tanto para escoamento monofásico quanto para escoamento
bifásico;
3) Implementação de correlações para cálculo do coeficiente de transferência de calor
por convecção adequadas para o tubo capilar, como a da Pate (1982);
4) Implementação de outros modelos de fração de vazio, já que o modelo homogêneo
tende a gerar elevadas subestimativas da carga de refrigerante no evaporador. De
acordo com Rice (1987), um modelo tão simples do ponto de vista de implementação
quanto o homogêneo mas com resultados mais realistas seria o de Zivi (1964);
5) Definição de modelos específicos para gabinetes de refrigeradores domésticos,
possibilitando a modelagem de fenômenos específicos destes sistemas;

Para o modelo permanente desenvolvido no EES®, assim como para os modelos


individuais desenvolvidos para cada componente:

1) Avaliar o comportamento do sistema para outras correlações de transferência de


calor por convecção dos lados do refrigerante e do ar para os componentes;
2) Implementar modelos individuais em regime transiente para os trocadores de calor
(evaporador e condensador) e compressor, o que representa uma evolução natural
dos modelos desenvolvidos;
3) Implementar um modelo distribuído para o trocador de calor tubo-capilar-linha-de-
sucção e investigar os problemas de convergência associados a estes modelos
(NEGRÃO E MELO, 1999);
127

4) Desenvolver modelos simplificados para avaliação e estudo do comportamento de


refrigeradores, através da imposição da condição do refrigerante nas saídas dos
trocadores de calor (condensador e evaporador);
5) Propor modelos de simulação quase-transiente para o refrigerador doméstico;
6) Propor modelos de simulação em regime transiente para o refrigerador doméstico;

Adicionalmente ressalta-se a importância da realização de ensaios experimentais de


modo a validar resultados obtidos por simulações numéricas. Neste trabalho dada a ausência de
dados experimentais específicos para os componentes, utilizou-se resultados de modelos de
simulação disponíveis na literatura para fins de comparação. Isso, sem dúvida, representa uma
forte limitação do presente trabalho, impossibilitando uma maior análise dos resultados obtidos.
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APÊNDICE A – CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DO REFRIGERADOR
DOMÉSTICO SLIM 230L

Os dados apresentados a seguir foram retirados do trabalho de Hermes (2000):

REFRIGERADOR
Modelo: Consul SLIM 230 L
Tipo: All-Refrigerator
Fabricante: Multibrás Eletrodomésticos S/A
Refrigerante: HFC-134a
Carga de refrigerante: 80,94 g
Óleo: Freol α22
Volume de óleo: 265 ml
Volume interno do gabinete: 230 L
Volume interno da unidade selada: 2,3 L

CONDENSADOR
Tipo: Arame-tubo
Material: Aço

Dimensões
Comprimento da linha de descarga: 1,5 m
Comprimento da região aletada: 7,5 m
Altura do condensador: 84 cm
Largura do condensador: 47 cm
Diâmetro interno: 3,34 mm

Diâmetro externo: 4,76 mm


Número de passes da serpentina: 15
Espaçamento entre tubos: 56 mm
Número de aletas: 104
Diâmetro das aletas: 1,5 mm
Comprimento das aletas: 85,5 cm
Volume do filtro secador: 0,011 L
Propriedades termofísicas
Massa específica: 7850 kg/m3
Calor específico: 477 J/kg.K
Condutividade térmica: 50 W/m.K
Emissividade: 0,92

EVAPORADOR
Tipo: Roll-bond
Material: Alumínio
Dimensões
Altura do evaporador: 48 cm
Largura do evaporador: 30 cm
Espessura: 1,5 mm
Volume interno: 0,14 L
Comprimento do canal: 4,568 m
Propriedades termofísicas
Massa específica: 2700 kg/m3
Calor específico: 879 J/kg.K
Condutividade térmica: 229 W/m.K
Emissividade: 0,90

GABINETE
Dimensões
Altura externa: 1,435 m
Altura interna: 1,343 m
Largura externa: 0,510 m
Largura interna: 0,476 m
Profundidade externa: 0,473 m
Profundidade interna: 0,400 m
Espessura do revestimento externo: 0,6 mm
Espessura média do isolamento:
Região superior: 37,4 mm
Região lateral: 36,4 mm
Região posterior: 47,0 mm
Região inferior: 39,0 mm
Região da porta: 47,0 mm
Espessura do revestimento interno: 4,0 mm
Comprimento da gaxeta: 3,44 m
Distância do evaporador a superfície lateral esquerda: 50,0 mm
Distância do evaporador a superfície superior: 40,0 mm
Propriedades termofísicas
Revestimento externo (aço carbono):
Massa específica: 7850 kg/m3
Calor específico: 477 J/kg.K
Condutividade térmica: 50 W/m.K
Emissividade: 0,90
Isolamento (poliuretano expandido):
Massa específica: 29,4 kg/m3
Calor específico: 1200 J/kg.K
Condutividade térmica:
Região superior: 0,020 W/m.K
Região lateral: 0,020 W/m.K
Região posterior: 0,020 W/m.K
Região inferior: 0,020 W/m.K
Região da porta: 0,021 W/m.K
Revestimento interno (poliestireno alto impacto):
Massa específica: 1050 kg/m3
Calor específico: 1350 J/kg.K
Condutividade térmica: 0,16 W/m.K
Emissividade: 0,90

TUBO CAPILAR
Dimensões
Tipo: Tubo de seção circular
Material: Cobre
Dimensões
Comprimento do tubo capilar: 4,5 m
Comprimento do trocador de calor: 1,945 m
Comprimento da região de entrada: 2,555 m
Diâmetro interno do tubo capilar: 0,674 mm
Diâmetro externo do tubo capilar: 2,10 mm
Rugosidade do tubo capilar: 0,7 µm
Propriedades termofísicas
Massa específica: 8930 kg/m3
Calor específico: 379 J/kg.K
Condutividade térmica: 332 W/m.K
Emissividade: 0,95

LINHA DE SUCÇÃO
Tipo: tubo de seção circular
Material da linha de sucção: alumínio
Material do trecho da linha de sucção adjacente ao compressor: cobre
Dimensões
Comprimento total da linha de sucção: 2,235 m
Comprimento do trecho adjacente ao compressor: 29,0 cm
Diâmetro interno: 4,80 mm
Diâmetro externo: 6,12 mm
Propriedades termofísicas do alumínio:
Massa específica: 2700 kg/m3
Calor específico: 879 J/kg.K
Condutividade térmica: 229 W/m.K
Emissividade: 0,90
Propriedades termofísicas do cobre:
Massa específica: 8930 kg/m3
Calor específico: 379 J/kg.K
Condutividade térmica: 332 W/m.K
Emissividade: 0,92

COMPRESSOR
Modelo: EM30HNR
Tipo: Hermético alternativo
Fabricante: EMBRACO S/A
Tensão/Frequência: 220V/60Hz’
Rotação nominal: 3500 rpm
Dimensões
Volume do cilindro: 3,01 cm3
Volume morto: 95 mm3
Volume interno: 2,0 L
Volume de óleo: 265 cm3
Massa de óleo: 207,6 g
Massa do compressor com óleo: 7097,5 g
APÊNDICE B – CORRELAÇÕES PARA COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE
CALOR POR CONVECÇÃO PARA ESCOAMENTO BIFÁSICO NOS
TROCADORES DE CALOR

Para a condição de escoamento bifásico no condensador, o software GT-SUITE® possui


as seguintes correlações já implementadas: Shah (1979), Cavallini et al. (1974), Dobson e Chato
(1998) e Tang et al. (2000).
A correlação de Shah (1979) é dada por:

 
 
 0, 4  0 ,8  k l   3,8 x
 i   0,023 Rel Prl 1  x    
kl 0 ,8
0 , 76
1  x 
0 , 04
(109)
0 , 38 
 Di   Di    P  
 
  Pcrit  
 

A correlação de Cavallini et al. (1974) é dada por:

k   l 
0 ,82

 i  0,0344 l Rel0,83 Prl0,35 1  x  1  (110)
Di 
  v  

A correlação de Dobson e Chato (1998) é dada por:

kl  2,22 
 i  0,023 Rel0,8 Prl0, 4 1 
 Xtt 
0,89 (111)
Di

A correlação de Tang et al. (2000) é dada por:

k    P  x  
0 ,836

 i  0,023 l Rel0,8 Prl0, 4 1  4,863  ln      (112)
Di 
   Pcrit  1  x   

Para a condição de escoamento bifásico no evaporador, o software GT-SUITE® possui


as seguintes correlações já implementadas: Gungor e Winterton (1987), Klimenko (1990) e
Kandlikar (1991).
A correlação de Gungor e Winterton (1987) é dada por:

 kl 0 ,8
0,023 D Rel Prl Frl
0, 4

0 ,1 2 Frl
 Frl0,5 , Frl  0,05 

i  
i
(113)
0,046 k l Re0,8 Pr 0, 4 , Fr  0,05
 Di
l l l

A correlação de Klimenko (1990) é dada por:

0, 6
    
   
   g  l   v  
0, 2 0 , 09
 V    1    kp   kl 
 i  0,087  1  x  1  

l
 Prl 6  v      (114)
  l   v    l   l   kl  
    
   g     
 l v 

A correlação de Kandlikar (1991) é dada por:

 i  max  i ,en ,  i ,ec  (115)

Onde o coeficiente de transferência de calor considerando domínio da ebulição nucleada


é dado por:

  
0 ,1
 0,16 
 f  0,6683 l
  
 x 1  x 0,64 25 Frl0,3  1724 ,54 Bo0,7 1  x 0,8 , Frl  0,04
   v  

 i ,en  (116)
  
0 ,1
 l 
 f  0,6683  x 0,16 1  x   1724 ,54 Bo0,7 1  x  , Frl  0,04
0 , 64 0 ,8

   v  

Para domínio da ebulição convectiva:

   
0 , 45

 f 1,136 l  x 0,72 1  x 0,08 25 Frl 0,3  1080 ,201Bo0,7 1  x 0,8 , Frl  0,04
    
 v 
 i ,ec  (117)
  
0 , 45
 l  0 ,8 
 f 1,136  x 1  x   1080 ,201Bo 1  x  , Frl  0,04
0 , 72 0 , 08 0, 7

   v  
Onde:
  1,58 ln Rel   3,28 2  k l 
 Rel Prl   
 D 
  2  i  , Rel  10 4

1,07  12,7 Pr 2 3  1  1,58 ln Rel   3,28  
2 0 , 5


l 
l
2 
  
f 
  1,58 ln Rel   3,28 2  k l  (118)
 Re l  1000  Pr 
l
 
 D 
  2  i  , Re  10 4
  1,58 ln Rel   3,28 2 
0,5 l


 1  12,7 Prl  1 l 
23



  2 

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