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Distribuição do pH em Solos Ácidos, Neutros e Alcalinos

Licenciatura em Geografia

Universidade-Save

Massinga

2023
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Distribuição do pH em Solos Ácidos, Neutros e Alcalinos

Licenciatura em Geografia

Trabalho de pesquisa da cadeira de Pedologia a


ser apresentado ao Departamento de Ciências da
Terra e Recursos Naturais para efeitos de
avaliação.

Docente: MSc. Orlando Bene

Universidade-Save

Massinga
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2023

Índice
CAPITULO I.................................................................................................................4

1.1.Introdução................................................................................................................4

1.2.Objectivos................................................................................................................4

1.2.1.Objectivo Geral.....................................................................................................4

1.2.2.Objectivos Específicos..........................................................................................4

1.3.Metodologia.............................................................................................................5

CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA............................................................6

2.1.Solo e sua constituição.............................................................................................6

2.2. Solos Ácidos...........................................................................................................6

2.3.Solos Neutros...........................................................................................................8

2.4.Solos Alcalinos........................................................................................................8

2.5.Caracterização das Plantas com pH nos solos.......................................................10

2.6.Correcção da Acidez dos Solos.............................................................................11

2.6.1.Calagem..............................................................................................................11

2.7.Distribuição dos Solos com pH Ácido, Alcalino e Neutro em Moçambique........12

2.7.1.Solos vermelhos sobre basaltos..........................................................................12

2.7.2.Solos pardos, pardo-avermelhados e pardos acinzentados das regiões áridas e


semi-áridas...................................................................................................................13

2.7.3.Solos calomórficos..............................................................................................14

2.8.Processo de Mutação das plantas em ambientes Ácidos para Alcalinos...............14

3.Conclusão..................................................................................................................16

4.Referências Bibliográficas........................................................................................17
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CAPITULO I

1.1.Introdução

O trabalho científico aborda sobre a composição dos solos com base no potencial de
hidrogénio a partir de solos ácidos, alcalinos e neutros, sendo distinto a cobertura da
superfície terreste pelo nível de fertilidade para o desenvolvimento de plantas em seus
ambientes de crescimento orgânico. Desta feita, a percepção parte da abrangência e
distribuição dos solos ácidos e alcalinos em Moçambique. O solo por si é de extrema
complexidade. Ele consiste de numerosos componentes sólidos (minerais e orgânicos)
arranjados em um padrão geométrico complexo, quase indefinível. Alguns dos materiais
sólidos consistem de partículas cristalinas, enquanto outros consistem de matéria amorfa
que ao revestir os cristais, modificam seus comportamentos.
Sendo assim, o solo é a base dos sistemas de produção agrícola, as alterações nas suas
propriedades afectam a sustentação do crescimento vegetal, e consequentemente o
rendimento das culturas, causando impactos directos para o produtor rural. Então, há
necessidade de buscar alternativas que sejam sustentáveis ao longo do tempo, de forma
que melhorem ou mantenham uma estrutura física capaz de exercer as suas funções para
o crescimento das raízes, bem como favorecer o suprimento de água, oxigénio e
nutrientes. A pesquisa aborda a descrição dos solos ácidos, alcalinos e neutros quanto a
composição do pH, ou potencial hidrogénico, seja útil ou não para o desenvolvimento
da agricultura.

1.2.Objectivos

1.2.1.Objectivo Geral

 Analisar o nivel de Potencial de Hidrogénio nos solos Ácidos, Alcalinos e


Neutros em Moçambique.

1.2.2.Objectivos Específicos

 Caracterizar a morfologia dos solos ácidos, alcalinos e neutros;


 Descrever o potencial de hidrogénio nos solos ácidos, alcalinos e neutros nas
plantas;
 Apresentar a distribuição dos solos ácidos, alcalinos e neutros em Moçambique.
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1.3.Metodologia

O trabalho recorreu-se a pesquisa bibliográfica para construção dos fundamentos sobre


solos com pH acido, neutro e alcalino, através de obras: artigos, livros escritos por
autores como Curi, (1993), Muchangos (1993) e Kampf, Schneider & Giasson. (1997).
Quanto ao aspecto de analise, organização e compilação do texto, foi com base nas
normas de publicação dos trabalhos científicos da Universidade Save.
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CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1.Solo e sua constituição

De acordo com Lima et al., (2007), o solo é um componente fundamental do


ecossistema terrestre, pois é o principal substrato utilizado pelas plantas para o seu
crescimento e disseminação. O solo fornece as raízes factores de crescimento como
suporte, água, oxigénio e nutrientes.

Os solos são constituídos de uma mistura de partículas sólidas de natureza mineral e


orgânica, também de ar e água, formando um sistema trifásico: sólido, gasoso e líquido.
As partículas da parte sólida variam em tamanho, forma e composição química, sendo
sua combinação o que forma a matriz do solo. A distribuição quantitativa das partículas
de areia, silte e argila, desta composição da matriz, formam a textura do solo, que é uma
das características físicas mais estáveis. Esta fase sólida mineral do solo, composta de
partículas de areia, silte e argila, normalmente, estão reunidas pela acção da cimentação,
formando as unidades estruturais do solo, sendo os principais os minerais de argila, a
matéria orgânica e os óxidos de ferro e alumínio (Camargo & Alleoni, 1997).

O potencial de hidrogénio (pH) indica a acidez ou a alcalinidade relativa de um


substrato. A escala de pH cobre uma faixa de zero a 14, em que 7.0 indica pH neutro,
valores abaixo de 7.0 acidez e acima de 7.0 alcalinidade (Lima, 2002). De acordo com
Troeh & Thompson (2007), a maioria dos solos apresentam um pH entre 4 a 8, quase
todos os solos com valores do pH abaixo de 4 possuem alta concentração do ácido
sulfúrico e solos com pH acima de 8 contem muitos iões de sódio (Na+). O pH do solo é
um importante indicador, pois possui capacidade de interferir na disposição de vários
elementos químicos essenciais ao desenvolvimento vegetal (Lima, 2002).

2.2. Solos Ácidos

A acidez é comum em todas as regiões onde a precipitação é suficientemente elevada


para lixiviar quantidades apreciáveis de bases permutáveis das camadas superficiais dos
solos (Neto, 2009). A acidez do solo é comum em todas as regiões onde a quantidade de
chuvas é suficientemente elevada para lixiviar teores apreciáveis de cátions básicos
(Ca+2, Mg+2, K+ e Na+), com consequente concentração dos cátions ácidos (H+ e
7

Al+3). A acidez do solo afecta as características químicas, físicas e biológicas do solo e


a nutrição das plantas (Júnior, 2019).

Dois cátions adsorvidos são principalmente responsáveis pela acidez do solo:


hidrogénio e alumínio. Os dois tipos de cargas negativas, permanente e dependente de
pH, exercem influência sobre a acidez do solo e sobre a associação do hidrogénio e do
alumínio com os colóides do solo. As cargas permanentes resultam da substituição
isomórfica (aquela em que um elemento químico é substituído por outro de tamanho
semelhante) nas argilas silicatadas tipo 2:1, de cátions de maior valência por outros de
menor valência; enquanto as cargas dependentes de pH se originam principalmente da
dissociação dos íons H+ dos grupos OH- em algumas argilas tipo 1:1; de matéria
orgânica; de hidróxidos de ferro e de alumínio; e de alguns materiais amorfos, como
alofânio (Al2O3.2SiO2.H2O). As cargas permanentes oferecem locais de permuta ao
longo de toda a faixa de pH. Em contraste, a magnitude da carga negativa e a permuta
de cátions, nos locais de carga variável, dependem do pH do solo (Neto, 2009).

O principal constituinte das rochas ígneas é o silício, e conforme o seu teor (expresso
como % SiO2), essas rochas são classificadas em: ácidas (> 65% SiO2), Em rochas
ígneas com mais de 60% de silício em peso, ocorre quartzo associado com feldspatos
alcalinos, com pequena quantidade de minerais ferro-magnesianos, essas rochas tem
coloração clara e são denominadas félsicas (Kampf, Schneider & Giasson, 1997).

Segundo Júnior (2019) a maioria dos solos em condições tropicais e subtropicais


húmidas, são ácidos (pH <7). Em solos tropicais ácidos, a matéria orgânica desempenha
um importante papel na disponibilidade de nutrientes, pois a maior parte da CTC destes
solos é devido aos colóides orgânicos. Além disso, a sua CTC é fortemente dependente
de pH. Adicionalmente, a absorção de nutrientes pelas plantas, é associada a actividade
de organismos no solo como (rhizobium e micorrizas) mostrando baixa actividade sob
alta acidez do solo (Castro Filho et al., 1998).

As consequências da acidez são: aumento do Al e Mn disponíveis (que podem ser


tóxicos aos vegetais em elevada concentração); redução da disponibilidade de P (que é
um nutriente essencial); redução da saturação de bases (V); e redução da decomposição
da matéria orgânica e da actividade microbiana do solo (Júnior, 2019).

Quando as plantas cultivadas apresentam restrição no crescimento devido à acidez (ou


suas consequências), a forma usual de aumentar o pH é a calagem, ou seja, a aplicação
8

ao solo de produtos que possam reagir com os H+ da solução do solo, neutralizando os


mesmos. O correctivo de acidez mais usado é a rocha calcário (moída na forma de pó).
Existem dois tipos de acidez do solo:

 Acidez activa: corresponde ao H+ presente na solução do solo (determinado


pela leitura do pH do solo). É a menor fracção da acidez do solo (Júnior, 2019);

 Acidez potencial: corresponde ao H+ não trocável (que pode ser liberado à


solução do solo se o pH tender a aumentar), e o Al+3 trocável (que pode se
hidrolisar na solução do solo acidificando o solo) (Júnior, 2019).

Figura 1: Solos Ácidos. Fonte: Autores, 2023.

2.3.Solos Neutros

A variação do pH se encontra entre 1 e 14, sendo 7 o valor para um solo neutro. O


principal constituinte das rochas ígneas é o silício, e conforme o seu teor (expresso
como % SiO2), essas rochas são classificadas em: intermediárias ou neutras (55 a 65%
SiO2). Em rochas ígneas com baixo conteúdo de silício são, geralmente abundantes,
minerais escuros contendo ferro e magnésio, como olivinas, piroxénios e anfibólios,
essas rochas são denominadas máficas (Kampf, Schneider & Giasson, 1997).
9

2.4.Solos Alcalinos

Quando existe grau comparativamente elevado de saturação de base, a presença de sais,


especialmente de carbonatos de cálcio, magnésio e sódio, estabelece a preponderância
dos íons hidroxilo sobre os íons hidrogénio na solução do solo. Neste caso, caracteriza-
se o solo alcalino (Neto, 2009).

O solo alcalino apresenta pH da solução do solo acima de 7,0. Em pH alcalino é


reduzida a disponibilidade de alguns nutrientes para a planta, como o P, Cu, Zn, Fe e
Mn. Os solos alcalinos muitas vezes apresentam elevada percentagem de sódio trocável
(PST), a qual corresponde à percentagem da CTC que é ocupada pelo cátion Na+
(Júnior, 2019).

O solo salino-alcalino (Curi et al., 1993) é aquele que apresenta uma combinação de
quantidades prejudiciais de sais, com uma alta alcalinidade ou com um alto conteúdo de
sódio trocável, ou com ambos, de tal modo que provoquem redução no crescimento da
maior parte das plantas cultivadas. Apresenta pH em torno de 8,5 ou menos, CE maior
que 4 dS/m e PST superior a 15%. Também é chamado de salino-sódico.

A salinidade e alcalinidade encontra-se com maior frequência, em regiões semiáridas ou


em regiões costeiras de influência marinha (manguezal, marisma, mangal). Excessiva
salinidade e alcalinidade são prejudiciais à maioria das plantas (Júnior, 2019).

Segundo Kiehl (1979), a alcalinidade ocorre quando, ao contrário, a pluviosidade é


baixa e acumulam-se sais de cálcio, magnésio, potássio e carbonato de sódio, saturando
o complexo coloidal. Para Brady (1989), o solo é alcalino, algumas vezes de maneira
pronunciada especialmente quando existe carbonato de sódio, não é raro o pH atingir 9
ou mesmo 10. Segundo Kiehl (1979), a alcalinidade ocorre quando a maior parte das
cargas negativas dependentes do pH estão saturadas por bases, as quais desalojam o
hidrogénio, que passará para a solução do solo. As bases predominarão na solução do
solo. Para Kiehl (1979), a reacção do solo é um importante factor na produção agrícola-
florestal, influindo na disponibilidade de nutrientes às raízes das plantas, propiciando
condições favoráveis ou de toxidez; concorre, igualmente, para favorecer o
desenvolvimento de microorganismos que operam transformações úteis para melhorar
as condições do solo, como também podem concorrer para dar meio propício a
microorganismos causadores de doenças às plantas.
10

Figura 2: Solos Alcalinos. Fonte: Autores, 2023.

2.5.Caracterização das Plantas com pH nos solos

As plantas podem se desenvolver no solo, desde que este consiga suprir os factores de
crescimento, que as mesmas necessitam encontrar em um substrato: a) suporte; b)
disponibilidade de água; c) disponibilidade de oxigénio; d) disponibilidade de nutrientes
essenciais. Os nutrientes essenciais que os vegetais necessitam são separados em
macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S) e micronutrientes (Cu, Fe, Zn, Mn, Ni, Mo, B,
Cl), sendo que todos são indispensáveis às plantas, embora os macronutrientes sejam
demandados em maior quantidade (Curi et al., 1993).

A maioria das espécies vegetais tem melhor desenvolvimento em condição


moderadamente ácida (pH entre 5,4 e 6,5), pois neste pH há maior disponibilidade da
maioria dos nutrientes essenciais. No entanto, existem espécies vegetais mais adaptadas
a solos mais ácidos ou mais alcalinos (Júnior, 2019).

Do ponto de vista da fertilidade química os melhores solos são os eutróficos, pois


apresentam maior proporção de nutrientes para as plantas (Ca+2, Mg+2, K+), e menor
proporção de cátions ácidos (Al+3 e H+) que podem ser tóxicos à planta (dependendo
da concentração e sensibilidade da espécie vegetal). No entanto, se o solo for eutrófico,
11

mas apresentar elevada concentração de Na+ não será favorável ao desenvolvimento da


maioria dos vegetais (Júnior, 2019).

2.6.Correcção da Acidez dos Solos

O pH é outra propriedade indicada por vários autores na classificação dos diversos tipos
de solos e na sua maior ou menor susceptibilidade aos processos erosivos. Allison
(1973), enfatiza que os solos ácidos, ou seja, deficientes em cálcio, que é um elemento
que contribui na retenção de carbono, formando agregados, combinando húmus e cálcio,
podem apresentar maior erodibilidade. No entanto, é preciso ter cuidado quando se está
trabalhando com solos agrícolas, pois podem apresentar um pH mais alto, devido ao
processo de cal agem, que é empregado para corrigir a acidez.

2.6.1.Calagem

A calagem é considerada a prática que mais contribui para supressão dos iões dos solos
e a disponibilização dos nutrientes para as plantas, contribuindo para rentabilidade das
culturas (Lopes et al., 1991).

Segundo Lopes (1989), a calagem corrige as condições indesejáveis de um solo ácido.


São utilizados correctivos. Os materiais mais comuns são o óxido de cálcio ou cal
virgem, hidróxido de cálcio ou cal extinta, escórias de siderurgia (silicatos de cálcio e
magnésio) e calcário (Coelho, 1973). O óxido de cálcio tem outras aplicações
comerciais, sendo pouco usado na agricultura como correctivo. Geralmente, é vendido
no comércio sob a forma de pó fino, sendo muito cáustico. Sua obtenção é a partir da
calcinação do calcário. O hidróxido de cálcio é produzido pela adição de água ao óxido
de cálcio. As escórias de siderurgia são resíduos da fabricação do aço, nos quais os
elementos activos de correcção de acidez se encontram em forma de silicato de cálcio e
de magnésio. Os calcários são os de uso mais difundido e obtidos através da moagem de
rochas calcárias constituídas principalmente de carbonatos de cálcio e magnésio
(Coelho, 1973).

Segundo Raij (1991), a calagem neutraliza o alumínio e o manganês. O fornecimento de


cálcio e magnésio como nutrientes é também relevante. A calagem aumenta a
disponibilidade do fósforo, favorece a nitrificação da matéria orgânica, e tem efeito
positivo na fixação simbiótica do nitrogénio. Ela aumenta a disponibilidade de
molibdénio, mas diminui a dos outros micronutrientes. As propriedades físicas são
favorecidas pela adição dos cátions floculantes aos colóides do solo, cálcio e magnésio.
12

Por estimular sistemas radiculares mais extensos, a calagem favorece um melhor


aproveitamento de água e nutrientes existentes no solo.

2.7.Distribuição dos Solos com pH Ácido, Alcalino e Neutro em Moçambique

De uma maneira geral na composição mineralógica dos solos Moçambicanos


predominam materiais ferruginosos e aluminosos, sendo por isso, considerados
pedalféricos ou feraliticos. Estas abundâncias de materiais ferruginosos e aluminosos, é
fruto da resistência destes elementos aos processos de desagregação das rochas-mãe em
condições climáticas de regime tropical. (Muchangos, 1999:70).

2.7.1.Solos vermelhos sobre basaltos

São solos de camada superficial, castanho-avermelhada, por vezes muito escura,


argilosa e de estrutura granulosa, apresenta espessura variando de 10 a 25 cm e bransita
gradualmente para terra vermelha cor de chocolate, argilosa forte, compacta a muito
compacto, fendilhada, de estrutura torronosa a prismática, com nódulos calcários e
geralmente muito espessa (65-90 cm). O pH cresce com a profundidade de 5,9 a 6,3. O
horizonte C é constituído por basalto em adiantado estado de Meteorização
(Muchangos, 1999).

Figura 3: Solo avermelhado, resultado de escavação de pedras. Fonte: Autores, 2023.


13

2.7.2.Solos pardos, pardo-avermelhados e pardos acinzentados das regiões áridas e


semi-áridas

Os solos apresentam um horizonte superficial com cerca de 30 cm de espessura, pardo-


acinzentado, franco-arenoso, friável, de pH 5,9, assentando sobre um outro pardo, de
tonalidade levemente avermelhada, argiloso, compacte, com muitas concreções
alcareas, de pH 7,6; segue-se finalmente uma camada parda, levemente mais clara que a
anterior, argilosa, muito rica em concreções calcarias e de pH 8,3 (Muchangos, 1999).

Estes solos devem formar-se a partir de materiais originários do Cretácico superior; os


calhaus rolados aparecem com frequência. Por exemplo no posto de Massingir é
frequente o aparecimento em pequenos plateaux de manchas de solos que designamos
por solos pardos (Muchangos, 1999).

Além de solos pardos, pardo-avermelhados e pardo-acidentados, ocorrem também solos


cinzentos pedálicos, manchas de solos arenosos amarelos das formações gregárias de
Androsttachys, solos halomórficos, solos hidromórficos, e terras aluvionares, solos
esqueléticos e mal desenvolvidos e, por ventura, outros solos (Muchangos, 1999).

O mesmo facto, o da ocorrência dos diversos tipos de solos mencionados, se dá em


relação as áreas dos postos de Funhalouro e Mabote, parece-me que predominam os
solos arenosos claros (Muchangos, 1999).
14

Figura 4 e 5: Solos pardos e acidentados. Fonte: Autores, 2023.

2.7.3.Solos calomórficos

São solos de cor vermelhos intensos, argilosos e compactos; a camada superficial, de


uma espessura que varia entre 15 e 30 cm, cinzento-avermelhada, castanho-
avermelhada, e geralmente argilo-arenosa. O pH varia ao longo do perfil de 6,3 a 8,1.
São em regra, espessos, começando no entanto a aparecer elementos grosseiros é
casoalho calcário a 60 cm de profundidade (Muchangos, 1999).

2.8.Processo de Mutação das plantas em ambientes Ácidos para Alcalinos

Os solos que apresentam reacção de neutra para alcalina não estão mais dominados
pelos íons hidrogénio ou alumínio. Os locais permanentes de permuta de cargas
encontram-se ocupados primordialmente por bases permutáveis, em que tanto os íons
hidrogénio como os íons hidróxido de alumínio foram substituídos, na sua maioria. Os
íons hidróxido de alumínio foram convertidos em gibsita (Al(OH)3). Nessa condição de
solos neutros e alcalinos, maior fracção das cargas dependentes do pH tornou-se
disponível para permuta catiónica, e o consequente hidrogénio liberado se desloca para
a solução do solo e reage com íons OH-, para formar água. Seu lugar no complexo
permutável é ocupado por cálcio, magnésio e outras bases (Neto, 2009).

A acidez do solo e as condições fisiológicas que a acompanham resultam duma


deficiência de cátions metálicos adsorvidos (especialmente cálcio, magnésio e potássio,
denominados bases) em relação ao hidrogénio. Para diminuir a acidez, hidrogénio e
alumínio deverão ser substituídos por cátions metálicos. Em geral, isso é conseguido
15

mediante adição de óxidos, hidróxidos ou carbonatos de cálcio e de magnésio. Existem


várias fontes de compostos de cálcio, das quais o calcário moído ou pulverizado é o
mais comum. Os dois componentes importantes existentes no calcário são calcita, que
são sobretudo um carbonato de cálcio (CaCO3) e dolomita, que é basicamente
carbonato de cálcio e de magnésio [CaMg(CO3)2] (Neto, 2009).

Em relação aos efeitos biológicos, a calagem estimula os organismos heterotróficos de


finalidades gerais. O estímulo favorece não só a formação do húmus, como auxilia
também na eliminação de certos produtos orgânicos intermediários que poderão atingir
quantidades tóxicas. Os organismos favoráveis do solo e também os desfavoráveis,
como, por exemplo, o que produz a sarna da batata, são favorecidos, na sua maioria,
pela calagem. A formação de nitratos e de sulfetos no solo é muito acelerada pela
elevação do pH. As bactérias fixadoras de nitrogênio do ar, tanto as não simbióticas
como as dos nódulos das leguminosas, são muito estimuladas pelas práticas de calagem
(Neto, 2009).
16

3.Conclusão

Uma das características fisiológicas mais notáveis do solo é a sua reacção; isto é, se
ácida, alcalina ou neutra. Como os microrganismos e os vegetais superiores são
demasiadamente sensíveis a seus ambientes químicos, há muito tempo se concede
grande realce à reacção do solo e aos factores ambientais, químicos e físicos associados.
A salinidade do solo refere-se ao teor de sais facilmente solúveis.

Solo é o corpo natural da superfície terrestre, constituído de materiais minerais e


orgânicos resultantes das interacções dos factores de formação (clima, organismos
vivos, material de origem e relevo) através do tempo, contendo matéria viva e em parte
modificado pela acção humana, capaz de sustentar plantas, de reter água, de armazenar
e transformar resíduos e suportar edificações. As características próprias de cada solo
podem ser analisadas e descritas no perfil do solo, que é a seção vertical que se estende
da superfície até o material que lhe deu origem e com dimensão lateral suficiente para
observar a variação das características.

Portanto, a maioria das espécies vegetais tem melhor desenvolvimento em condição


moderadamente ácida (pH entre 5,4 e 6,5), pois neste pH há maior disponibilidade da
maioria dos nutrientes essenciais. No entanto, existem espécies vegetais mais adaptadas
a solos mais ácidos ou mais alcalinos. Os solos com pH baixos são caracterizados como
solos ácidos, que varia a baixo de 5%, os neutros entre 6-7% e com pH elevado, os
considerados alcalinos. Sendo que os ácidos são localizados nas regiões tropicais,
húmidas, e os alcalinos em regiões semi-áridas e áridas como.
17

4.Referências Bibliográficas

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