Você está na página 1de 11

Bruno de Farias, Elisa Silveira Teixeira, Gutierre de Leon, Isabele Mackedanz, Júlio Antônio

de Matos Gemiaki, Lucas Lima, Marina Arias


Análise Instrumental II
Pedro José Sanches Filho

Quantificação de concentração de HCl a partir de análises


potenciométricas e condutométricas

Pelotas, 30 de novembro de 2022


1. INTRODUÇÃO

1.1. Potenciometria

O método potenciométrico de análise química se baseia na medida da diferença de


potencial entre dois eletrodos em contato com a solução do analíto, ou seja, fundamenta-se na
medida da diferença de potencial entre um eletrodo indicador e um eletrodo de referência
expostos à solução do analito. O funcionamento da célula consiste no fato de que o potencial
do eletrodo indicador varia com a concentração da espécie química de interesse, enquanto o
potencial do eletrodo de referência permanece constante.
O eletrodo de referência é um eletrodo cujo potencial é fixo e constante durante a análise,
ou seja, o potencial desse eletrodo não varia com a concentração da espécie química a ser
determinada. O eletrodo indicador é sensível à variação da espécie de interesse, que, por sua
vez, influencia o potencial.

1.2. Potenciometria direta

A potenciometria direta baseia-se na medida do potencial de um eletrodo indicador


para a determinação de uma espécie química em solução. Neste caso, sabe-se, por exemplo,
que quando um metal M é colocado em uma solução que contém seu íon Mn+, um potencial
de eletrodo, E, se estabelece. O valor do mesmo é dado pela seguinte equação, denominada
equação de Nernst:

E = E0 + (RT/nF) log[reduzido]/[oxidado], onde:

E0 : é o potencial padrão do eletrodo;


E: pode ser determinado ligando-se o eletrodo indicador a um eletrodo de referência e
medindo-se a voltagem da célula formada.
R: é a constante universal dos gases, cujo valor é 8,31 J*K-1*mol-1
T: é a temperatura da solução na escala Kelvin;
n: quantidade de matéria de elétrons envolvidos na semi-reação do eletrodo;
F: é a constante de Faraday, cujo valor é 96.485 C mol-1 ;
[reduzido]: concentração molar da espécie reduzida;
[oxidado]: concentração molar da espécie oxidada.

Substituindo-se os valores das grandezas acima na equação de Nernst é possível


calcular a concentração do íon de interesse.

1.3. Titulação potenciométrica

Titulação Potenciométrica é o processo de análise química em que a quantidade de


uma substância de dada amostra é determinada adicionando à amostra medida uma
quantidade exatamente conhecida de outra substância com a qual o constituinte desejado
reage em uma proporção definida e conhecida. O importante a ser analisado são as mudanças
do potencial do eletrodo indicador e não o valor exato do seu potencial. A aparelhagem
(eletrodo de referência, eletrodo indicador e potenciômetro) usada nesse tipo de análise é
simples e relativamente barata. Além disso, as titulações potenciométricas dispensam o uso
de indicadores, que podem não apresentar alteração de cor nítida ou detectável no ponto de
equivalência da titulação. Numa titulação potenciométrica, o ponto de equivalência pode ser
detectado a partir da curva de titulação. Quando a porção ascendente da curva é claramente
definida, pode-se estimar o ponto de equivalência como estando a meio caminho do
segmento ascendente, esse ponto é facilmente encontrado através de derivadas plotadas em
uma planilha eletrônica.

1.4. Condutometria

A condutometria é um método de análise que se fundamenta na medida da


condutividade elétrica de uma solução eletrolítica, através das soluções iônicas, devido à
migração de íons positivos e negativos com aplicação de um campo elétrico. Essa condutância
depende do número de íons presentes, das cargas, das mobilidades dos íons.
Íons → transportam carga → conduzem corrente na solução
Tipo de movimentos dos íons.
● Movimento Térmico: transporte aleatório em todas as direções, frequentes
mudanças de direção.
● Campo Elétrico: íons são atraídos e/ou repelidos pelo campo.

1.5. Condutometria direta

Correlaciona a condutância específica com a concentração de um eletrólito. Seu


campo de aplicação, em análise quantitativa, é muito limitado em virtude da falta de
especificidade da condutância.
A distância entre os eletrodos, área dos eletrodos, temperatura, viscosidade e
concentração dos íons Natureza dos íons são fatores que influenciam na condutometria
direta.
Pode-se utilizar esse método para verificar a pureza de um água destilada ou
deionizada, verificar variações nas concentrações das águas minerais, determinar o teor em
substâncias iônicas dissolvidas, por exemplo, a determinação da salinidade do mar em
trabalhos oceanográficos, determinar a concentração de eletrólitos de soluções simples e etc.

1.6. Titulação Condutimétrica

Se baseia na determinação do ponto de equivalência de uma titulação através de


variações da condutância da solução do analito pela adição do titulante,ou seja,a titulação
condutimétrica registra as variações da condutância devidas às variações das concentrações das
espécies iônicas que participam da reação envolvida.
A condutividade elétrica de uma substância ou solução é definida como a
capacidade desta em conduzir corrente elétrica. A condutância específica (κ) ou
condutividade da solução de um eletrólito é função da concentração deste.
● Eletrólito forte: κ aumenta muito com o aumento da concentração.
● Eletrólito fraco: κ aumenta muito gradualmente com o aumento da concentração.

2. OBJETIVO

Determinar a concentração de HCl em uma amostra através de titulação condutimétrica


e titulação potenciométrica.
3. METODOLOGIA

3.1. MATERIAIS

 Solução de NaOH 0,1 mol/L FC = 0,9018;

 Amostra de HCl;
 Água destilada;

 Buretas de 50 mL;
 Hastes;

 Garras;
 pHmêtro modelo Marte MB10;

 Condutivímetro modelo AKSO AK151;


 Pipeta volumétrica de 20 mL;

 Pêra;
 Papel absorvente;
 Béqueres de 100 mL.

3.2. MÉTODOS – Titulação potenciométrica

Ligou-se o pHmêtro modelo Marte MB10 e calibrou-se-o utilizando soluções tampão de


pH 7 e em sequência pH 4, limpando com água destilada entre as soluções e secando
gentilmente com papel.
Em seguida, montou-se o esquema para a titulação. Em um béquer de 100 mL, foi
pipetado, com uma pipeta volumétrica de 20 mL, 20 mL de solução de HCl com concentração
desconhecida. Em uma haste, anexou-se uma bureta de 50mL por uma garra. À bureta foi
adicionada, até seu menisco, uma solução de NaOH 0,1 molL-1 FC: 0,9018.
No béquer de 100 mL contendo a amostra foi adicionado o eletrodo em conjunto com o
sensor de temperatura do aparelho e foi realizada a primeira medida, sem adição alguma de
titulante. Após isso foram adicionados volumes previamente determinados de titulante e, entre
cada adição, mediu-se o pH da solução e lavou-se o eletrodo com água destilada, secando-se-o
gentilmente depois. A sequência de adição de volumes foi a seguinte (mL): 5, 5, 5, 1, 1, 1, 1, 1,
1, 5, 5, 5. Anotaram-se os valores obtidos e foram levados à discussão.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. RESULTADOS E DISCUSSÕES – Titulação potenciométrica

Os valores de pH referentes às diferentes adições de volume de NaOH foram plotados


em uma planilha eletrônica para a formação de gráficos com o objetivo de determinar o volume
exato do ponto de viragem da titulação potenciométrica.

A 1ª derivada é obtida através da razão entre a diferença de pH pela diferença do


1,32− 1,13
volume. No primeiro caso, por exemplo, calculou-se Δ= =0,038. E assim por
5−0
diante. A 2ª derivada é obtida através da razão entre a diferença da 1ª derivada pela diferença
0,038 −0,038
do volume: Δ= =0 . O uso dessas derivadas apresenta-se como um método
10 −5
simples para a determinação correta do volume necessário para o ponto de viragem da
titulação, dispensando a necessidade de cálculos mais extensos no gráfico de volume x pH.
Acima, gráfico de volume adicionado de NaOH (abscissas) por pH da solução
(ordenadas).

Acima, gráfico de volume adicionado (abscissas) por primeira derivada (ordenadas).


Acima, gráficos de volume adicionado (abscissas) por segunda derivada (ordenadas).

Através desses gráficos é possível obter com elevada precisão o volume de titulante
utilizado na titulação. Esse volume é representado pelo exato ponto no qual a curva do gráfico
cruza o eixo X. Portanto, nesse caso, obteve-se que o volume de NaOH necessários para
neutralizar a solução de HCl e, assim, alcançar o ponto de viragem, foi de aproximadamente
25,10 mL.
A concentração da solução de HCl pôde, enfim, ser obtida através do volume de NaOH
obtido no gráfico. Tem-se que a concentração de NaOH é de 0,1 mol/L e possui fator de
correção de 0,9018; portanto, a concntração real da solução se dá pela multiplicação desses
valores. Logo:

Creal = Crótulo x FC
0,1 mol/L x 0,9018 = 0,09018 mol/L

Com isso, pode-se relacionar o valor gasto de solução padrão com a concentração da
solução padrão de NaOH, assim:

0,09018 mol 1000 mL


x 25,1mL

x = 2,263518x10-3 mols de NaOH


Sabe-se que a estequiometria da reação de NaOH e HCl é na proporção de 1:1, pois:

1 NaOH + 1 HCl → 1 NaCl + H2O

Portanto, tem-se que 2,263518x10-3 mols de NaOH é igual a 2,263518x10-3 mols de


HCl. Logo, para descobrir a concentração de HCl em mol/L, faz-se a relação dos mols obtidos
com o volume de amostra utilizado:

2,263518x10-3 mols 20 mL
x 1000mL

x = 0,1131759 mol/L de HCl

O cálculo previamente apresentado também pode ser simplificado à seguinte equação,


dada a estequiometria da reação:
VHCl * MHCl = VNaOH * MNaOH * FC

20mL * MHCl = 25,10 mL * 0,1 mol/L * 0,9018

MHCl = 0,1131759 mol/L de HCl

Sendo assim, obteve-se como concentração de HCl na amostra analisada 0,1131759


mol/L.

3.3. MÉTODOS – Titulação condutométrica

Para dar início a prática, montou-se uma estrutura contendo uma haste e uma garra
acoplada nela, a seguir posicionou-se uma bureta de 100 mL na estrutura. Logo, ambientou-se a
bureta com uma solução de NaOH 0,1mol/L FC= 0,9018 e em seguida avolumou-se até o
menisco da mesma. Com o auxílio de uma pipeta volumétrica de 20 mL, transferiu-se 20 mL
de uma solução de HCl com concentração desconhecida, para um béquer de 100 mL.
Após a calibração do condutivímetro, mediu-se a condutância da amostra de HCl e
anotou-se o valor obtido. Então, deu-se início a titulação através de valores pré-estabelecidos
de solução de NaOH, sendo estes, respectivamente: 5mL; 2mL; 2mL; 2mL, 2mL, 2mL, 2mL,
2mL, 2mL, 2mL, 2mL, 2mL, 5mL, 5mL, 5 mL e, entre cada adição, a condutância foi medida e
o valor anotado, bem como lavou-se o bulbo com água destilada e secou-se-o gentilmente.

4.2. RESULTADOS E DISCUSSÕES – Titulação condutométrica

Os valores de condutância referentes a cada volume adicionado de NaOH foram


plotados em uma planilha eletrônica para a formação de um gráfico com o objetivo de
determinar o volume de NaOH que foi utilizado para alcançar o ponto de equivalência do
sistema.

Através da tabela acima, foi montado o seguinte gráfico:


O gráfico é formado por uma curva que é dividida em duas retas no ponto em que o
coeficiente angular da reta respectiva à curva altera seu sinal.
Ao igualar as equações obtidas de ambas retas, é possível calcular o volume (x)
referente ao ponto de equivalência do sistema. Ou seja, o ponto de equivalência é aquele no
qual as retas obtidas no gráfico coincidem em um mesmo ponto.
Dessa forma, calcula-se (x = Peq):

-1,2501Peq + 30,78553 = 0,26256Peq + 0,821394

1,51266Peq = 29,964136

Peq = 19,80890 mL

Assim, sabendo o volume de NaOH utilizado na titulação, é possível determinar a


concentração de HCl nos 20 mL da amostra a partir dos cálculos:

VHCl * MHCl = VNaOH * MNaOH * FC

20 mL * MHCl = 19,80890 mL * 0,1 mol/L * 0,9018

MHCl = 0,0893 mol/L

5. CONCLUSÃO

Concluiu-se que a concentração da amostra com ácido clorídrico é em torno de 0,1


mol/L. Além disso, foi possível compreender como os métodos eletroquímicos são aplicados na
análise quantitativa.

Você também pode gostar