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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Faculdade de Engenharia Química


Laboratório de Engenharia Química I - FEQUI31011

Experimento 5: Solubilidade do ácido benzóico e a entalpia de


fusão

Autores: Bruno Viana, Julia Paulino, Julia Fator, Maria Clara Giampietro e Matheus Alves.

Faculdade de Engenharia Química – Universidade.Federal de Uberlândia


Campus Santa Mônica - Bloco 1K, CEP: 00000-000, Uberlândia – MG - Brasil
Telefone: (34) 3230-9534
E-mail: bruno.coimbra@ufu.br, julia.paulino@ufu.br, julia.fator@ufu.br.
maria.giampietro@ufu.br, matheus.alves1@ufu.br.

RESUMO – Este relatório tem como objetivo estudar a solubilidade do ácido benzóico
(C6H5COOH), bem como determinar sua entalpia de fusão, usando medidas experimentais de
solubilidade em função de uma dada temperatura. Para preparar as soluções de ácido
benzóico, foi utilizado um banho termostático para manter a temperatura de estudo constante
e um agitador magnético. Em seguida, foi titulado, a cada mudança de temperatura,
utilizando solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,01M e 0,1M com fenolftaleína como
indicador para realizar a análise de solubilidade do ácido benzóico. Uma vez que os dados
estavam disponíveis, uma análise gráfica foi realizada com os dados da fração molar do ácido
benzóico em relação à temperatura para então obter a entalpia da reação de fusão.

PALAVRAS-CHAVE: solubilidade, ácido benzóico, entalpia de fusão.

Objetivos: Determinar a entalpia de fusão (∆𝐻f) do ácido benzóico.

Uberlândia, 27 de Setembro de 2023 Nota: data de correção:.../.....


1. INTRODUÇÃO
O ácido benzóico, C6H5COOH, é um composto formado por ácidos carboxílicos
aromáticos mais simples. Ele se apresenta na forma cristalina e incolor em condições normais
de temperatura e pressão. Este ácido e seus sais são utilizados como conservantes de
alimentos, síntese de corantes, fungicidas para inibir o crescimento de algumas bactérias e
antifúngicos farmacológicos (OLIVEIRA, 2004).

A solubilidade é a propriedade que a substância tem de se dissolver em um solvente.


Existe uma quantidade máxima que diz respeito a essa dissolução do soluto, sendo que alguns
fatores podem influenciar a determinação da solubilidade, como a agitação, temperatura, e a
polaridade. Sabe-se que compostos semelhantes possuem maior tendência de se dissolver,
portanto, pode-se concluir que compostos polares dissolvem polares e compostos apolares
dissolvem compostos apolares. (ANDRADE, 2004).

As moléculas dos compostos ficam unidas devido às interações intermoleculares. As


mudanças de fase em que as moléculas ficam mais separadas, como a fusão, requerem
energia para superar essas forças intermoleculares e são, portanto, endotérmicas. Quando as
transições de fase ocorrem em pressão constante, a transferência de calor que acompanha a
mudança de fase é igual à variação de entalpia da substância. A entalpia de fusão (ou calor de
fusão) é a quantidade mínima de energia necessária para que um mol de uma determinada
substância ou elemento químico passe do estado sólido para o estado líquido a pressão
constante. (ATKINS; JONES, 2012).

A entalpia de fusão pode ser calculada a partir da seguinte equação:


∆𝐻𝑓
𝑙𝑛 (𝑥𝑖) = ⎡ 1 − 1 ⎤ (1)
𝑅 ⎢ 𝑇𝑓 𝑇 ⎥
⎣ ⎦
Portanto, neste experimento estuda-se a dissociação do ácido benzóico, um composto
aromático, em água, observando a influência da queda de temperatura.

2. MATERIAIS UTILIZADOS
1- Água destilada

2- Solução de ácido benzóico

3- cronômetro

4- béquer encamisado

5- Erlenmeyers de 125 ml e 250 ml

6- Fenolftaleína com concentração 1%m

7- Pipeta

8- Bureta graduada
9-Agitador magnético

10- Termômetro de mercúrio

11- Banho termostatizado

12-Solução de hidróxido de sódio com concentração: 0,1M e 0,01M

13- Balança de precisão

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Para a realização do experimento, primeiramente, pesou-se na balança de precisão
150ml de água e 2g de ácido benzóico para que fossem misturados formando uma solução
dentro de uma béquer encamisado acoplado a um agitador magnético que foi ligado depois da
formação da solução. O banho termostato, então, foi ajustado para que a temperatura no
béquer ficasse a 50ºC e, com auxílio de um termômetro, observou-se o momento em que a
temperatura para de variar, assim retirou-se 10 ml como mostra nessa temperatura observada
transferindo-a para um béquer onde foi adicionado fenolftaleína como indicador ácido-base.
Para os processos de titulação foi usado a base NaOH com concentração de 0,1M e 0,01M
para todas as amostras nas temperaturas de 50ºC até 35ºC, com intervalos de 5ºC, assim
anotando o volume de base utilizada.

4. TRATAMENTO DOS DADOS


Observa-se nas tabelas abaixo os volumes de NaOH utilizados para titular quatro
amostras de uma solução de 100ml de água e 10ml de ácido benzoico 0,01M e 0,1M,
respectivamente, a diferentes temperaturas, utilizando a fenolftaleína, um indicador
ácido-base. Além disso, com os dados dos volumes obtidos, calculou-se os valores da
concentração (Ci) e fração molar (Xi).

Temperatura Volume da Volume de Ci (mol/L) Xi Temperatura


(°C) amostra (ml) .NaOH (ml) de equilíbrio
(°C)

50 10 49,4 0,0494 0,0008938 49,5

45 10 50,5 0,0505 0,0009138 44,5

40 10 53,0 0,053 0,0009593 42

35 10 52,3 0,0523 0,0009465 36

Tabela 01: dados experimentais de volume de NaOH, concentração e fração molar em amostras de
solução de ácido benzóico 0,01M.
Temperatura Volume da Volume de Ci (mol/L) Xi Temperatura
(°C) amostra (ml) NaOH (ml) de equilíbrio
(°C)

50 10 6,2 0,062 0,001123 49,5

45 10 6,8 0,068 0,001233 44,5

40 10 6,7 0,067 0,001214 42

35 10 6,4 0,064 0,001160 36

Tabela 01: dados experimentais de volume de NaOH, concentração e fração molar em amostras de
solução de ácido benzóico 0,1M.

Para calcular a concentração, bastou multiplicar o volume de NaOH com sua


concentração e, posteriormente, dividir esse valor pelo volume de ácido benzóico utilizado.
Já a fração molar, foi necessário calcular, a priori, a massa de ácido benzóico e a massa da
água e, a posteriori, os números de mol, para que assim, fosse possível calcular a fração
molar. Os cálculos para os valores da concentração e fração molar podem ser detalhadamente
explicados mais adiante.

E, para descobrir a quantidade de energia necessária para que um mol de ácido


benzóico deixe o estado sólido para o estado líquido, ou seja, sua entalpia de fusão (ΔHf), foi
calculado o inverso da temperatura em Kelvin e o logaritmo natural da fração molar do ácido
benzóico. Esses resultados foram plotados nos gráficos abaixo:

Gráfico 1: Comportamento da solubilidade do ácido benzóico 0,01M em função da


temperatura
Gráfico 2:Comportamento da solubilidade do ácido benzóico 0,1M em função da temperatura

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


A partir dos dados coletados, utilizou-se o Excel para realização dos ajustes lineares.
Observou-se que, ao desconsiderar a primeira amostra da solução de 0,1M e a terceira
amostra da solução de 0,01M de ácido benzóico, o coeficiente de determinação R2 se ajusta
bem, tendo como valores 0,9977 e 0,9992, respectivamente. Dessa forma, para calcular a
entalpia de fusão e seu desvio comparado aos valores tabelados na literatura (NIST), tem-se
nos gráficos plotados uma equação do tipo y = ax + b, que pode ser comparada a equação 1.

Utilizando o coeficiente angular da reta dos gráficos é possível calcular a entalpia de


fusão do ácido benzóico 0,01N (ΔH1f )e 0,1N (ΔH2f ).
−Δ𝐻
𝑡𝑔α = 𝑅
(2)

Sabendo que R=8,314 J/mol.K, calculou-se que a entalpia de fusão experimental foi
ΔH1f = -3506,59578 J/mol e ΔH2f = 5932,28842 J/mol.

Como o valor do coeficiente angular encontrado do ácido benzóico 0,01M foi


positivo, o coeficiente de fusão calculado deu um valor negativo, ΔH1f = -3506,59578 J/mol.
Dessa forma, desconsiderou-se esse valor para fins de comparação com a literatura. Sendo
assim, para obtermos o desvio entre o valor encontrado experimentalmente e a literatura
(NIST), onde ΔHf = 18.006 J/mol a 395,52 K:
|Δ𝐻𝑓𝑙𝑖𝑡𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎−Δ𝐻𝑓𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙|
𝐷𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜(%) = Δ𝑓𝑙𝑖𝑡𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎
. 100 (3)

Fazendo o cálculo chega-se a um valor de 67,05% de erro para a solução de 0,1M,


respectivamente. Como este resultado ficou distante do esperado, deve-se levar em conta as
fontes de erro desse experimento, por exemplo, volume de ácido benzóico e o ponto de
viragem, ambos da titulação.
6. CONCLUSÃO
Apesar do grande erro relativo de 67,05% encontrado entre os dados adquiridos
experimentalmente e àquela encontrada na literatura, pode-se dizer que a prática é válida,
pois foi possível compreender como são obtidas as curvas de solubilidade e a entalpia de
fusão de componentes químicos. Dessa forma, as fontes de erro do experimento devem ser
levadas em conta, como o volume de ácido benzóico e o ponto de viragem, ambos da
titulação. Ademais, constata-se que a temperatura influencia diretamente na solubilidade do
ácido benzóico, confirmando a teoria de seu impacto sobre a solubilidade de todas as
substâncias e sendo um dos fatores principais no processo de solubilização de uma dada
substância.

MEMÓRIA DE CÁLCULO
A fórmula utilizada para o cálculo das concentrações:

𝑉𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 . 𝐶á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧 = 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻 . 𝐶𝑁𝑎𝑂𝐻 (4)

Sendo:

𝑉𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎: Volume da amostra de ácido benzóico [ml];

𝐶á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧: concentração de ácido benzóico [mol/L];

𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻: volume de NaOH [ml];

𝐶𝑁𝑎𝑂𝐻: concentração de NaOH [mol/L].

Para calcular a fração molar, foi preciso calcular, primeiramente a massa de ácido
benzóico e da água:

𝑀á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧 = 𝐶 . 𝑀𝑀á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧 (5)


á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧

Sendo:

𝑀𝑀á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧: massa molar do ácido benzóico (122,12g);

Para o cálculo da massa da água, foi preciso levar em consideração a solubilidade de


1000g de sal/L. Dessa forma,

𝑀á𝑔𝑢𝑎 = 1000 − 𝑀á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧 (6)

E, a fim de calcular a fração molar, foi necessário encontrar o valor do número de


mols do ácido benzóico e da água:
𝑀á𝑔𝑢𝑎
𝑛á𝑔𝑢𝑎 = 𝑀𝑀á𝑔𝑢𝑎
(7)

Sendo:

𝑀𝑀á𝑔𝑢𝑎: massa molar da água (18g);

𝑀á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧
𝑛á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧 = 𝑀𝑀á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧
(8)

𝑛á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧
𝑋𝑖 = 𝑛á𝑔𝑢𝑎+𝑛á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧
(9)

REFERÊNCIAS
[1] OLIVEIRA, M. L. N. Desenvolvimento de um equipamento experimental para o estudo
do equilíbrio líquido-líquido. 2004. 69p. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Engenharia
Química, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2004.

[2] ANDRADE, J. B.; MARTINS, C. R.; SILVA, L. A. Por que todos os nitratos são
solúveis? Quim Nova, Vol.27, No. 6, 1016-1020, 2004.

[3] ATKIS, P.; JONES, L. Princípios de Química. Porto Alegre: Bookman, 5. ed., 2012.

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