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Química Analítica Experimental

Determinação da Alcalinidade e acidez em Amostras de Água


Antônio Augusto Soares Paulino
Universidade Federal de Pernambuco – Departamento de Química Fundamental – Recife – PE – Brasil
Tel: (81) 21267444; Email: antonioasp_@hotmail.com

Data do experimento: 23/04/2010


Data de entrega: 28/06/2010

Resumo: A técnica de volumetria de neutralização, com detecção potenciométrica, foi usada nesta pratica na determinação
das concentrações das espécies alcalinas presentes na água. Para este estudo de volumetria foram analisadas águas de vários
lugares do DQF, e tendo como objetivo secundário aferir se as amostras são compatíveis com a sua utilização.

Palavras-chave: Alcalinidade e volumetria de neutralização

1.0 - Introdução chegasse ao valor igual a 7,0, e anotou-se esse volume gasto
(V3).
Alcalinidade é a medida total das substâncias presentes numa
água, capazes de neutralizarem ácidos1 . Em outras palavras, é
a quantidade de substâncias presentes numa água e que atuam
como tampão. Se numa água quimicamente pura (pH=7) for
adicionada pequena quantidade de um ácido fraco seu pH
mudará instantaneamente. Numa água com certa alcalinidade
a adição de uma pequena quantidade de ácido fraco não
provocará um abaixamento de seu pH, porque os íons
presentes irão neutralizar o ácido. Os valores da alcalinidade
são usados na interpretação e controle dos processos de
tratamento de água e efluentes1. Em muitas águas superficiais
a alcalinidade é função dos carbonatos, bicarbonatos e
hidróxidos, por isso ela pode ser tomada como uma indicação
da concentração destes constituintes. (2)
Realizou-se nesta prática a determinação da alcalinidade da
água em três amostras de água colhidas no Departamento de
Química Fundamental da Universidade Federal de
Pernambuco.

2.0 - Procedimento Experimental


Figura 01: Titulação com pH-metro
Foram recolhidas em erlenmeyers distintos, três amostras de
água: (1) água mineral, (2) banheiro do prédio antigo e (3)
Água da copa do prédio novo.
Para as três amostras procedeu-se da seguinte forma: 3.0 - Resultados e Discussão
Transferiu-se 50 mL da amostra a ser analisada para um
béquer de 200 mL com uma barra magnética para agitação.
Em seguida lavou-se o eletrodo, que estava conectado a um Como alcalinidade das amostras é devido as espécies de
pHmetro, com água destilada e o mesmo foi seco com papel hidróxidos (HO-), de carbonatos (CO32- ) e de bicarbonatos
absorvente. Depois, introduziu-se o eletrodo no béquer (HCO3-) devemos saber como estas reagem em presença de
contendo a amostra, este sistema foi montado de acordo com ácidos, estas reações estão descritas pelas equações 1,2 e 3
a figura 1. Ligou-se o agitador magnético, e mediu-se o pH respectivamente. Mas, devemos saber que os carbonatos
inicial da amostra. Posteriormente, preencheu-se uma bureta podem estar presentes juntamente com os hidróxidos ou com
de 50 mL com uma solução padronizada de ácido sulfúrico os bicarbonatos, porém os hidróxidos e bicarbonatos não
(0,02M). Em seguida, procedeu-se a titulação da amostra até podem estar presentes ao mesmo tempo numa mesma
o pHmetro marcar um pH igual a 5,75. Anotou-se o volume amostra1.
de solução de H2SO4 gasto (V1). Continuou-se a titulação até
um pH final de 4,3. Anotou-se o volume gasto (V 2). Depois, HO- + H3O+ → 2H2O Eq. 1
continuou-se a adição até um valor de pH menor que 3,0. CO 32- + H3O+ → HCO3- + H2O Eq.2
Posteriormente, adicionaram-se pérolas de vidro ao béquer e HCO 3- + H3O+ → H2CO3 + H2O Eq.3
aqueceu-se a amostra numa chapa elétrica. Quando a amostra
começou a ferver, deixou-se a mesma aquecendo por mais 3 A alcalinidade total de uma amostra é composta por dois
minutos. Em seguida, preencheu-se outra bureta de 50 mL tipos diferentes de bases:
com solução de NaOH (0,01M), e após a amostra ter sido
resfriada, titulou-se a mesma com essa solução para corrigir o Alcalinidade parcial (5,75 < pH < 8,00) – ânions de ácidos
pH até 4,0. Depois, continuou-se a adição até que o pH fracos (bicarbonato, borato, silicato e fosfato)
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Alcalinidade intermediária (4,30 < pH < 5,75) – ânions de


ácidos orgânicos (ácido húmico, acético, propiônico, etc) A.t - CaCO3(mg.L- )= (V1+ V2) x M x 100 000 Eq.8
V(amostra)
Quando se adiciona um ácido ate que o pH atinja um valor de
4,5 com o objetivo de determinar a alcalinidade total da Onde:
amostra, acontecem as seguintes reações: V 2=Volume (mL) de ácido gasto na titulação até pH 4,3
M =Molaridade do ácido empregado(M=0,05M)
2HCO3- + H2SO4 → H2CO3 + SO42- + H2O Eq. 4
2CH3COO- + H2SO4 → 2 CH3COOH + SO42- Eq. 5 Com os dados das tabelas 1 e 3 calculamos as A.t das três
2H2PO4- + H 2SO4 → 2 H3PO4 + SO42- Eq. 6 amostras a partir da eq. 8 com um V(amostra)= 50,0mL, os
resultados estao dispostos na tabela 4.

As amostras de água analisadas foram: Tabela 4 : Alcalinidade total das amostras


Amostra Alcalinidade total (mg/L)
1-Água mineral 1 20,0
2-Banheiro do prédio antigo 2 80,0
3-Água da copa do prédio novo 3 125,0

Os volumes V1 gastos de solução de H2SO4 0,02M estão A acidificação das amostras até pH menor que 3,0 é feita para
dispostos na tabela 1. que ocorra remoção por completa dos íons bicarbonatos de
acordo com eq.4.
O aquecimento das amostras é feito para que seja
Tabela 1: Volume gasto na 1º titulação removido por completo e mais rapidamente o gás carbônico
Amostra Volume de H2SO4 (mL) da solução (eq. 9), o qual é um dos produtos da reação do
1 0,1 bicarbonato, e ácidos voláteis presentes nas amostras.
2 0,7
3 0,8 H 2CO3 
∆
→ ↗
CO 2 + H2O Eq. 9
A alcalinidade parcial das amostras pode ser calculada
levando-se em conta os carbonatos e bicarbonatos na solução, Os volumes de solução de NaOH 0,01M que foram
esse calculo pode ser realizado usando a equação 7. adicionados nas amostras estao dispostos na tabela 5.
A.p CaCO3(mg.L- )= V1 x M (mol/L) x100000 Eq.7 Tabela 5: Volume de NaOH usado na 3º titulação
V(amostra)
Amostra Volume (ml)
1 0,9
Onde:
2 2,6
V1=Volume (mL) de ácido gasto na titulação até pH 5,75
M = Molaridade do ácido empregado(0,05M) 3 1,2

Os resultados das alcalinidade parcial (A.p) das amostras


obtidos a partir da eq. 7 com V(amostra) de 50,0 ml estão O cálculo da concentração de ácidos voláteis presentes nas
dispostos na tabela 2 amostras pode ser feito a partir da seguinte relação:

Tabela 2: Alcalinidade parcial das amostras HAc (mg/L) = V x M x 60.000 Eq. 10


. Va
Amostra Alcalinidade (mg/L)
1 10,0
Onde:
2 70,0
V= Volume de solução de NaOH gasto na titulação
3 100,0
de pH 4,0 até 7,0
M = Molaridade do NaOH ( 0,01M )
Va = Volume(mL) da amostra (50,0 ml)
Adição do ácido continuou com o objetivo de neutralizar os Os dados obtidos da eq. 10 usando os dados da tabela 5 se
ânions de ácidos orgânicos de acordo com a eq.5, os quais encontram na tabela 6.
influenciam na alcalinidade de uma solução, os valores dos
volumes adicionados estão dispostos na tabela 3 Tabela 6: Concentrações dos ácidos voláteis
Amostra Concentração (mg/L)
Tabela 3: Volume gasto na 2º titulação
1 10,8
Amostra Volume de H2SO4 (mL)
2 31,2
1 0,1
3 14,4
2 2,6
3 0,25
A análise da acidez e da alcalinidade da água é
Adicionando o ácido ate que a solução atinja um pH de 4,5 imprescindível, já que a água é vital para o ser humano. Por
podemos calcular a alcalinidade total (A.t) da amostra isso, é muito importante controlar a existência de íons em
utilizando a equação 8. concentrações indesejáveis para o consumo.
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Em relação aos valores de alcalinidade temos que 5.0 - Questões


de acordo com Portaria MS n º 518, de 25 de março de 2004
3
: 1. Como podem estar presentes em uma amostra de
água as diferentes formas de alcalinidade?
Alcalinidade de hidróxidos: zero.
Alcalinidade de carbonatos: até 120 mg/L em CaCO3 R: A alcalinidade da água natural é, tipicamente, uma
Alcalinidade de bicarbonatos:até 250 mg/L em CaCO3 combinação de íons bicarbonato (HCO3-), íons carbonato
(CO3 2-) e hidroxilas (OH- ). É determinada por titulação com
Como Podemos observar nas tabelas mostradas ácido forte em presença de fenolftaleína e alaranjado de
anteriormente, todos os valores de alcalinidade estão abaixo metila.
dos valores recomendados na portaria acima, indicando que
podem ser utilizadas.
Ainda assim precisamos salientar algo importante,
se observarmos a concentração de ácidos presentes na água
mineral, banheiro do prédio antigo e da copa do prédio novo,
poderíamos dizer que a água mineral está em piores
condições de uso do que as outras. Os motivos dessa
discrepância devem ser diversos e de natureza desconhecida,
pois precisaria de análises mais aprofundadas para
descobrirmos os reais motivos da concentração de ácido
encontrado na água do bebedouro.

Tabela 7: Dados obtidos pelas duplas


Conc.
Alcal. Alcal. Alcal.
Ác.
Dupla* Amostra Parcial Total HO-
Voláteis
(mg/L) (mg/L) (mg/L)
(mg/L)
1 1 10 20 0 9,6
1 2 70 100 0 30
1 3 80 110 0 15,6
2 1 10 30 0 10,8
2 2 70 100 0 31,2
2 3 100 25 0 14,4
*: Dupla 1 (Eivson/Lívia), dupla 2 (Antônio/Emmanuel)

Se comparamos os resultados obtidos pelas duplas


– tabela 7 – podemos dizer que ambas tiveram resultados
semelhantes exceto para a terceira amostra, essa discrepância
pode ser explicada por algum erro cometido pela dupla 2,
pois esse valor deveria dá parecido com o da amostra 2 por
serem de fontes semelhantes.

4.0 - Conclusão
De acordo com os valores acima, pode-se observar
que todos os resultados obtidos estão abaixo dos valores
estabelecidos pelas leis federais.
Este experimento se mostrou bem eficaz e de
simples realização, assim tivemos a oportunidade de
conhecer uma técnica analítica para a avaliação da
constituição da água, tendo em vista que essa substancia é a
mais importante para a manutenção da vida.

5.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- Apostila de Química Analítica Experimental. UFPE –


2010.1. p.24.
2-SKOOG, D. A., WEST, D. M., HOLLER, F. J.,
Fundamentos de Química Analítica. 8° ed – São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006. p. 170-186 Cap.8
3-http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/1469_00.htm

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