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Licenciatura em Engenharia Química

Ano letivo 2021/2022


Labo III

Doseamento de cloretos em água do mar por potenciometria

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Sumário
O presente trabalho tem como principal objetivo a determinação do
cloreto em solução aquosa por potenciometria direta baseada em elétrodos
seletivos e explicitar o comportamento analítico típico destes sistemas de
medida em função da carga elétrica da espécie analisada.
Para a curva de calibração do cloreto, obteve-se a equação: E= -
24,309 log [Cl- ]+93,855 com um coeficiente de correlação de R= 0,9975.
Relativamente ao declive da reta de curva da calibração, obteve-se um
declive negativo para os cloretos tal como os declive teórico, embora os dois
declives tenham valores bastante distantes.
A concentração de cloreto presente na amostra foi de (0,223±0,012)
mol/L, sendo que o coeficiente de variação obtido foi de 5,15%, como é maior
que 5%, pode-se afirmar que este resultado é pouco preciso.
Relativamente à exatidão, esta não é possível avaliar, uma vez que não
se tem a informação do valor verdadeiro da concentração.

Índice
Sumário .............................................................................................................. 2
Índice .................................................................................................................. 3

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Introdução .......................................................................................................... 4
Parte Experimental ............................................................................................. 6
Resultados Experimentais .................................................................................. 7
Soluções padrão ............................................................................................. 7
Soluções amostra ........................................................................................... 7
Curva de calibração ........................................................................................ 8
Determinação da concentração de cloreto na amostra .................................. 8
Declives .......................................................................................................... 8
Discussão de Resultados ................................................................................... 9
Conclusão ........................................................................................................ 10
Bibliografia........................................................................................................ 11
Anexos ............................................................................................................. 12
Anexo 1......................................................................................................... 12
Anexo 2......................................................................................................... 12
Anexo 3......................................................................................................... 12
Anexo 4......................................................................................................... 13
Anexo 5......................................................................................................... 13
Anexo 6......................................................................................................... 13

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Introdução
Para a determinação da concentração de cloretos numa amostra,
recorreu-se a um método eletroanalítico denominado de potenciometria direta.
Os métodos eletroanalíticos podem ser definidos como sendo um
conjunto de métodos analíticos que se baseiam nas propriedades elétricas de
uma solução, quando esta faz parte de uma célula eletroquímica, apresentado
como vantagens o facto de: serem de fácil operação, grande sensibilidade,
seletividade à espécie iónica, os equipamentos que se utilização serem de
baixo custo e pela razão de poderem ser usados em casos cujo limite de
deteção é muito baixo.
A concentração do analito é determinada pelo efeito que:
• O analito exerce sobre a voltagem aplicada a um circuito
• O analito exerce sobre o elétrodo
• A passagem de corrente através da solução exerce no estado químico
do analito
A potenciometria é um método estático, que corresponde a medições de
potencial da célula eletroquímica em situações de ausência de corrente ou em
situações cuja corrente pode ser considerada desprezável, permitindo assim a
determinação da concentração de espécies em solução aquosa. Esta técnica
analítica baseia-se na medição da força eletromotriz entre um elétrodo de
referência e um elétrodo seletivo. A força eletromotriz é medida em volts (V) ou
milivolts (mV) e é resultado da equação 1 adaptada da equação de Nernst.
2,303𝑅𝑇
𝐸 =𝐿+ log 𝑎𝑖
𝑧𝐹
Onde:
L – Constante que depende do potencial normal do elétrodo e de outros
potenciais da célula potenciométrica;
T – Temperatura em Kelvin;
F – Constante de Faraday;
R – Constante dos gases perfeitos;
z – Número inteiro de sinal e magnitude de carga da espécie a dosear;
ai – atividade da espécie para o qual o elétrodo é seletivo.

O declive teórico da reta de calibração da forma eletromotriz (f.e.m) em


função do log (concentração) é dado pela seguinte equação:
2,303𝑅𝑇
𝑑𝑒𝑐𝑙𝑖𝑣𝑒 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 =
𝑧𝐹

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Onde:
m- declive teórico;
T – Temperatura em Kelvin;
F – Constante de Faraday;
R – Constante dos gases perfeitos;
z – Número inteiro de sinal e magnitude de carga da espécie a dosear.
Uma vez que não é possível medir a atividade da espécie a analisar,
torna-se necessário a adição de um ajustador da força iónica para que seja
possível proceder-se à medição, o nitrato de potássio. A partir de uma outra
equação de Nerst adaptada, o ajustador de força iónica permite a determinação
do quociente de reação e através desta permite o cálculo da concentração da
espécie em estudo, sendo que a equação adaptada de Nerst é dada por:
0,0592
E=L− logQ
𝑛
O ião cloreto, tal como já foi explicado anteriormente, é o ião alvo de
estudo neste trabalho, sendo que para se determinar a concentração de cloreto
é necessário ter-se conhecimento que este ião provém de uma reação de
dissociação de cloreto de sódio, a qual pode ser descrita por:
𝐍𝐚𝐂𝐥 → 𝐍𝐚+ + 𝐂𝐥-
Então é possível constatar que o cloreto deriva do cloreto de sódio,
estabelecendo-se uma relação estequiométrica de (1:1), o que é equivalente
afirmar que estes iões apresentam uma concentração molar igual.

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Parte Experimental

Reagentes:
• Solução Mãe de Cloreto de Sódio 1,00 mol/L
• Solução de nitrato de potássio 2,5 mol/L
• Água desionizada
• Água do mar (amostra)
Material e Equipamento:
• Potenciómetro Elétrodo (combinado) seletivo ao ião cloreto
• Balões Volumétricos de 100,0mL±0,10Ml
• Balão Volumétrico de 50,0mL±0,10mL
• Micropipetas
• Material corrente de laboratório
Procedimento:
Nesta experiência recorreu-se ao procedimento previamente fornecido no
manual da disciplina de laboratório III

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Resultados Experimentais

Soluções padrão

Na tabela 1 encontram-se representadas as concentrações, em mol/L, de


cloretos, assim como os volume de solução mãe (NaCl) e nitrato de potássio
(KNO3), em mL, adicionados a cada um dos 5 balões de 100,00 mL.
Encontram-se ainda registados os valores do log ([Cl- ]) e respetiva diferença
de potencial (E) obtida para as 5 soluções padrão.
Tabela1. Registo das concentrações de cloretos, dos volumes solução mãe e nitrato de
potássio, do logaritmo da concentração de cloretos e da diferença de potencial (E) de cada
solução padrão.

Padrão [Cl-] (mol/L) VNaCl (mL) VKNO3 (mL) Log([Cl- ]) E (mV)


P1 5,035E-4 0,05 -3,298 173
P2 1,007E-3 0,10 -2,997 168
P3 2,518E-3 0,25 10 -2,599 157
P4 5,035E-3 0,50 -2,298 150
P5 9,065E-3 0,90 -2,043 143

Soluções amostra

Na tabela 2 encontra-se representado o volume de amostra e de nitrato de


potássio adicionados, em mL, assim como o respetivo fator de diluição e
diferença de potencial (E) , em mV, obtidos para as 3 amostras.
Tabela2. Volumes adicionados de água do mar e de nitrato de potássio adicionados a cada
umas das 3 amostras. Registo do fator de diluição e da diferença de potencial (E) de cada
solução amostra.

Amostra VAmostra (mL) VKNO3 (mL) Fd E (mV)

AM1 159
AM2 1,00 10 100 158
AM3 158

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Curva de calibração

Na figura 1 a seguir representada, encontra-se a reta da curva de calibração da


diferença de potencial (E) em função do logaritmo de cloreto (log[Cl- ]).

Figura1. Curva de calibração: E vs log([Cl-])

Determinação da concentração de cloreto na amostra

Na tabela 3 encontram-se representadas as concentrações do ião cloreto


diluído, em mol/L e em g/L, as concentrações originais de cloreto, em mol/L e
em g/L, assim como as concentrações médias obtidas, em mol/L e em g/L,
obtidas para cada uma das amostras. Encontram-se ainda representados o
desvio padrão absoluto(S), em g/L, o coeficiente de variação(CV) em
percentagem e o erro percentual do resultado.
[Cl-]diluída [Cl-] [Cl-]média S CV
Amostra
(mol/L) (mol/L) (mol/L) (mol/L) (%)
AM1 2,09E-3 0,209
AM2 2,30E-3 0,230 0,223 0,012 5,15
AM3 2,30E-3 0,230
Tabela 3. Registo concentração de cloreto diluído e original de cloreto, em mol/L e em g/L, das
respetivas concentrações médias, em mol/L e em g/L e ainda o desvio padrão absoluto(S), em
g/L, o coeficiente de variação(CV) em percentagem e o erro percentual do resultado.

Declives
• Declive experimental: -24mV
• Declive teórico: -59mV

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Discussão de Resultados
A partir de uma análise da tabela 1 que relaciona a diferença de potencial
de cada solução em função do respetivo log ([Cl- ]) onde se usou um elétrodo
combinado de cloreto, pode constatar-se que à medida que a concentração de
coreto em cada solução padrão aumenta, assiste-se a um decréscimo da
diferença de potencial. Tal facto pode ser explicado pela equação adaptada de
0,0592
Nerst, a qual pode ser descrita por: E = L − 𝑛 logQ, onde n representa o
número de moles de eletrões transferidos. Desta forma pode dizer-se que,
quanto maior a concentração, maior é o número de moles de eletrões
transferidos e, consequentemente menor é a diferença de potencial. O mesmo
princípio se aplica às três amostras, o qual pode ser comprovado de acordo com
a tabela 2.
A reta da curva de calibração obtida para as soluções padrões foi de: E=
-24,309 log [Cl- ]+93,855, com um coeficiente de correlação associado R =
0,9975.
No que concerne o declive obtido para a reta da curva de calibração, pode
concluir-se com base na figura 1, que se obteve um declive negativo, isto porque
de acordo com a equação de Nerst, existe um parâmetro que se encontra
relacionado com a magnitude da carga da espécie a dosear e o número inteiro
do sinal. Uma vez que é esse o argumento o responsável por determinar se uma
reta adquire um declive positivo ou negativo, como a carga alvo de estudo possui
uma carga negativa (carga -1), a reta obtida possui um declive negativo tal como
seria de esperar.
O valor do declive teórico foi de -59mV no entanto, o declive obtido
experimentalmente tem um valor de -24mV. Os dois valores são bastante
distantes, sendo que esta diferença de valores pode estar associada a erros na
preparação dos padrões ou até mesmo a interferências no próprio equipamento.
A concentração de cloreto presente na amostra foi de (0,223±0,012)
mol/L.
Uma vez que o coeficiente de variação obtido foi de 5,15%, uma vez que
é maior que 5%, pode concluir-se que este resultado é pouco preciso.
Relativamente à exatidão, esta não é possível avaliar, uma vez que não
se tem a informação do valor verdadeiro da concentração.

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Conclusão
A partir dos resultados obtidos é possível deduzir que à medida que o
log ([Cl- ]) de cada solução padrão aumenta, a diferença de potencial diminui.
A reta da curva de calibração obtida para as soluções padrões foi de:
E= -24,309 log [Cl- ]+93,855 , com um coeficiente de correlação associado R
= 0,9975.
A concentração de cloreto presente na amostra foi de (0,223±0,012)
mol/L.
Uma vez que o coeficiente de variação obtido foi de 5,15%, uma vez que
é maior que 5%, pode concluir-se que este resultado é pouco preciso.
Relativamente à exatidão, esta não é possível avaliar, uma vez que não
se tem a informação do valor verdadeiro da concentração da amostra.

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Bibliografia
NOUWS, Hendrikus Petrus Antonius et al. Manual de LABO3, 2021
Wikipedia - https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua_do_mar [21/12/2021]

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Anexos

Anexo 1
Determinação da quantidade de massa a ser pesada para obtenção de uma
concentração de NaCl de 1,00 M.
𝑚𝑜𝑙 𝑔
𝑚(𝑁𝑎𝐶𝑙) = 50,00 × 10−3 (𝐿) × 1,00 ( ) × 58,44 ( ) = 2,922 𝑔
𝐿 𝑚𝑜𝑙
Determinação da concentração inicial (Ci) da solução mãe de NaCl, sabendo
que a massa pesada foi de 2,9434 g.
2,9434(𝑔)
𝑔
58,44 ( )
[𝑁𝑎𝐶𝑙] = 𝑚𝑜𝑙 = 1,007 𝑀
50,00 × 10−3 (𝐿)
Determinação da concentração de solução Mãe inicial na solução padrão 1:
𝐶𝑖 × 𝑉𝑖 1,007 × 0,05
𝐶𝑓 = = = 5,035 × 10−4 𝑚𝐿
𝑉𝑓 100,0

Anexo 2
Determinação da concentração de cloreto diluído da amostra 1, a partir da
substituição do valor da diferença de potencial (em cloreto) na equação da reta
da curva representada na figura 1.
∆𝐸1 = −24,309 log[𝐶𝑙 − ] + 93,855
↔ 159 = −24,309 log[𝐶𝑙 − ] + 93,855
↔ [𝐶𝑙 − ]𝑑𝑖𝑙𝑢𝑖𝑑𝑎 = 2,09 × 10−3 𝑚𝑜𝑙/𝐿

Anexo 3
A determinação de cloreto presente em cada amostra, obtém-se multiplicando
a concentração diluída de cloretos pelo seu fator de diluição. Assim para a
amostra 1, tem-se que:
[𝐶𝑙 − ] = [𝐶𝑙 − ]𝑑𝑖𝑙𝑢𝑖𝑑𝑎 × 𝑓𝑑 = 2,09 × 10−3 × 100 = 0,209 𝑚𝑜𝑙/𝐿
Determinação da média das concentrações de cloretos obtidas para as
amostras, em mol/L:
0,209 + 0,230 + 0,230
[𝐶𝑙 − ]𝑚é𝑑𝑖𝑎 = = 0,223 𝑚𝑜𝑙/𝐿
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Anexo 4
Determinação do desvio padrão do resultado:

(0,209 − 0,223)2 + (0,230 − 0,223)2 + (0,230 − 0,223)2


𝑠=√ = 0,012 𝑚𝑜𝑙/𝐿
3−1

Determinação do coeficiente de variação do resultado:


0,012
CV(%) = × 100 = 5,15%
0,223
Anexo 5
A equação de Nernst é dada pela seguinte fórmula:
2,303𝑅𝑇
𝐸 =𝐿+ log 𝑎𝑖
𝑧𝐹
Sendo que o declive é:
2,303𝑅𝑇
𝑑𝑒𝑐𝑙𝑖𝑣𝑒 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 =
𝑧𝐹
2,303 × 8314 × (25 + 273,15)
↔ 𝑑𝑒𝑐𝑙𝑖𝑣𝑒 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 = = −59 𝑚𝑉
(−1) × 96500

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