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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE


NÚCLEO DE FORMAÇÃO DOCENTE
CURSO DE QUÍMICA-LICENCIATURA
LABORATÓRIO DE FÍSICO-QUÍMICA

EXPERIMENTO Nº 3

DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE AVOGADRO: UMA APLICAÇÃO DAS LEIS DE


FARADAY

3.1 – INTRODUÇÃO

Do ponto de vista físico-químico, os condutores mais importantes são aqueles do tipo


eletrolítico (sais fundidos e soluções), que se distinguem dos condutores metálicos pelo fato de a
passagem de uma corrente elétrica vir acompanhada de transporte de matéria. Os que
primeiramente observaram este fenômeno foram Nicholsen e Carlisle em 1800, colocando dois
fios de cobre ligados aos polos de uma bateria mergulhada numa solução aquosa diluída de ácido
sulfúrico. Eles observaram que bolhas de hidrogênio (H2) se desprendiam num dos polos, e bolhas
de oxigênio (O2) no outro. Estava assim ocorrendo algum processo de decomposição, causado
pela corrente elétrica.
Posteriormente, foram observados efeitos semelhantes em outros sistemas, tais como a
decomposição de material sobre os fios imersos na solução e ainda a dissolução dos próprios fios.
Todas essas situações são exemplos de fenômenos denominados eletrolíticos. Os primeiros
estudos quantitativos sobre a eletrólise foram efetuados por Faraday em 1833. A partir de seus
estudos, ele desenvolveu uma maneira de calcular a massa de um dado elemento que era
depositado no cátodo (Eq.1).

M  t i
m= Z N  e
Equação 1

Na qual, m = massa do elemento depositado (ou dissolvido);


M = massa atômica do elemento depositado (g/mol);
t = tempo de processamento da eletrólise (s);
i = intensidade da corrente (Ampère);
Z = carga nominal do íon;
N = número de Avogadro
e = carga do elétron.

Portanto, se numa eletrólise m, i e t são determinados para um cátion conhecido, a equação


1 permite calcular o número de Avogadro (N).
O objetivo deste experimento é determinar o número de Avogadro e aplicar as Leis de
Faraday a partir da massa de cobre depositada num dos eletrodos pelo efeito da eletrólise numa
solução contendo sulfato de cobre.
3.2 – MATERIAIS E REAGENTES

3 béqueres de 100 mL H2SO4 concentrado


1 bastão de vidro Álcool etílico comercial
1 pipeta de 1 mL Papel toalha
1 pipeta de 5 mL Cronômetro
1 placa de Petri Balança analítica
2 eletrodos de cobre Estufa
CuSO4.5H2O Multímetro ou amperímetro 0 – 250 mA
Uréia Fonte de corrente contínua (12V)
HNO3 concentrado

3.3 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Mergulhe os eletrodos de cobre poucos segundos em ácido nítrico concentrado contido


numa placa de Petri (faça isto impreterivelmente na Capela e use uma pinça para manipular os
eletrodos). Depois mergulhe-os imediatamente num béquer de água e finalmente em um
contendo álcool etílico a fim de completar a lavagem prévia. (Posteriormente, os béqueres de água
e etanol podem ser utilizados na bancada para lavagens ao longo da prática). Enxugue os eletrodos
cuidadosamente pressionando-os entre folhas de papel absorvente (tomando cuidado de não
“arrancar” pequenos pedaços dos eletrodos) e seque-os numa estufa a  80°C. Deixe esfriar e pese
os eletrodos com precisão de 0,1 mg.
Num béquer de 100 mL prepare a seguinte solução aquosa: 2,50 g de CuSO4.5H2O e 1,00 g
de uréia dissolvidas em 75 mL de água destilada. Acrescente 1 mL de HNO3 concentrado e 4 mL
de H2SO4 concentrado. Mexa com um bastão de vidro para homogeneizar.

3.3.1 - Coulometria 1

Monte o sistema apresentado na Figura 1, tomando cuidado de notar qual eletrodo está ligado
em cada um dos dois polos. Ligue a corrente e ajuste-a para 100,0 mA através da variação na
resistência. Talvez demore alguns minutos até achar a posição correta. Desligue. Lave (apenas
nos béqueres de água e etanol), enxugue, seque e pese novamente os eletrodos. Mediante os
valores obtidos (e também pela aparência física dos eletrodos) decida qual agiu como cátodo e
qual como ânodo. Feito isto, fixe os eletrodos nos mesmos polos de antes, coloque-os na solução
e, simultaneamente, acione o cronômetro e a corrente. Deixe o sistema ligado por 15 minutos.
Faça anotações sobre o que acontece na superfície dos eletrodos durante a passagem da corrente.
Retire apenas o cátodo, lave-o, enxugue-o, seque-o, esfrie-o e pese-o novamente com exatidão de
0,1 mg.
Figura 1 - Montagem do circuito para determinação do Número de Avogadro

Repita o processo nas seguintes condições:

Tabela (Condições para Coulometria 1)


Tempo (min.) Intensidade da
corrente (mA)
15 200,0
15 50,0

3.3.2 - Coulometria 2

Fixe o valor do circuito em 50,0 mA e varie os tempos de deposição de 10 em 10 minutos


até o final da aula, obtendo a massa depositada no cátodo em cada intervalo.

3.4 – DESCARTE DOS REJEITOS DO EXPERIMENTO

Neste experimento, a solução gerada como rejeito será descartada em um recipiente


identificado, o qual será encaminhado para o Químico responsável pelo tratamento de resíduos do
Laboratório de Química.

3.5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apresente, na forma de tabela, os valores da massa depositada no eletrodo por cada intervalo
de eletrólise. Coulometria-1 se referirá à deposição em função da corrente e Coulometria-2 à
deposição em função do tempo de eletrólise em segundos. Anote suas observações sobre o que
acontece com a solução durante o processo da eletrólise.
Calcule o número de Avogadro para cada uma das medidas em função da corrente
(Coulometria-1). Leve em consideração as fontes de erro na corrente (observando a flutuação do
valor da corrente no multímetro) na massa depositada e na determinação do tempo (estimando o
erro envolvido nos dois apertos do cronômetro no início e no fim da contagem).
Mostre, através de um gráfico, a massa acumulada depositada em função do tempo de
deposição (Coulometria-2) e calcule a partir deste gráfico o número de Avogadro usando a
Equação 1.
Faça uma breve explanação dos fenômenos químicos e elétricos que se processam nas várias
partes do sistema. Explique o mecanismo de condução elétrica na solução e qual o papel da ureia
e dos ácidos adicionados na solução.
A partir dos valores obtidos para o número de Avogadro, indique qual a melhor corrente para
determinar o valor de N em função da massa e explique por quê. Faça uma comparação dos
valores do número de Avogadro obtidos com o tabelado e discuta qual deles seria o melhor
resultado.
Explique onde estão os fatores que limitam a exatidão deste experimento e dê ideias de como
melhorá-la.

3.6 – QUESTÕES

Questões para o Pré-Relatório

1. Supondo que num dos eletrodos desta eletrólise, cobre metálico será depositado, indique em
qual deles isto ocorrerá (cátodo ou ânodo), que tipo de reação está envolvida e escreva a semi-
reação apropriada. O que acontece no outro eletrodo? Com estes dados explique a relação entre
a massa de cobre depositada num dos eletrodos e a massa perdida no outro.

2. Na execução de cada eletrólise as seguintes etapas deverão ser obedecidas:

1) montar o sistema com os eletrodos previamente lavados, secados e pesados,


2) ligar a corrente,
3) ajustar esta para o valor desejado (100 mA p. ex. na Coulometria 1) através da resistência
variável,
4) desligar corrente, lavar, secar e pesar os eletrodos novamente,
5) só agora começar a eletrólise propriamente dita pelo tempo determinado na apostila.

Explique o porquê deste procedimento de lavar, secar e pesar os eletrodos após cada aferição
da corrente.

3. (a) Baseado nas explicações para 3., explique porque é mais prático executar as eletrólises na
ordem (por exemplo):

100 mA/15 min → 200 mA/15 min → 50 mA/15 min → n x 50 mA/10 min,
Coulometria 1 Coulometria 2

do que na ordem:

100 mA/15 min → 50 mA/15 min → 200 mA/15 min → n x 50 mA/10 min.
Coulometria 1 Coulometria 2
3. (b) Se você executasse as primeiras eletrólises (Coulometria 1) na ordem:

100 mA/15 min → 50 mA/15 min → 200 mA/15 min,

qual seria a corrente que você usaria para as eletrólises subsequentes (Coulometria 2), a fim

de economizar seu tempo? Se você usar a mesma corrente na terceira eletrólise da

Coulometria-1 e na primeira eletrólise da Coulometria-2, você pode usar os dados daquele

resultado como o primeiro ponto no gráfico para Coulometria-2. Porque?

Questões para o Relatório

1) Por que é necessário usar uma fonte de energia com corrente contínua?
2) Qual a diferença entre uma cela eletrolítica e uma galvânica?
3) Ocorre variação na concentração da solução no Becker? Justifique sua resposta.

Referências

W. Bueno e L. Degreve, Manual de Laboratório de Físico–Química, McGraw-Hill, 1980.


A. R. Denaro, Fundamentos de Eletroquímica, Edgard Blücher, 1974.

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