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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Química
Departamento de Físico-Química
Laboratório de Graduação

CÉLULA
ELETROLÍTICA

Alunos:
Curso: Engenharia Química
Professor: Nídia Maria
Disciplina: Físico-Química Experimental II

09 de Novembro de 2004
1 – Objetivo
Determinar o número de Avogadro e discutir as leis de Faraday, utilizando-se uma célula
eletrolítica.

2 – Introdução
Uma célula eletroquímica é constituída por dois eletrodos, ou condutores metálicos, em contato
com um eletrólito, ou condutor iônico (que pode ser uma solução, um líquido ou um sólido). O eletrodo
metálico e o eletrólito que está em contato constituem o compartimento eletródico. Os dois eletrodos
podem compartilhar o mesmo compartimento ou estarem em compartimentos diferentes unidos por uma
ponte salina.
Uma célula eletrolítica é uma célula eletroquímica em que uma reação não-espontânea é
impelida por uma fonte externa de corrente. Os eletrodos (placas metálicas) são conectados
externamente a uma fonte elétrica de corrente contínua (por exemplo, uma bateria, ou um retificador, ou
ainda, um conjunto de pilhas).
A eletrodeposição de metais é o processo utilizado para se depositar uma fina camada metálica
na superfície de peças metálicas ou não por meio de eletrólise. Um exemplo simples de célula de
eletrodeposição consiste em dois eletrodos metálicos (por exemplo, duas placas de cobre) mergulhadas
numa solução aquosa de sulfato de cobre II (CuSO 4). O sulfato de cobre, quando dissolvido em água,
dissocia-se fornecendo os íons Cu2+ e SO42-. Quando os eletrodos (placas metálicas) são conectados à
fonte de energia elétrica, haverá o estabelecimento de uma diferença de potencial elétrico entre as
placas.
O eletrodo ligado no pólo negativo é chamado de catodo e o outro de anodo. Os íons de cobre
(positivos) mais perto do catodo serão atraídos em direção ao mesmo, pois este eletrodo apresenta um
potencial negativo.
Ao chegar ao catodo, os íons de cobre serão incorporados ao eletrodo, pois estes serão
reduzidos a cobre metálico, de acordo com a equação abaixo:
Cu2+(aq) + 2e- → Cu(s)
Teremos, portanto, a eletrodeposição de cobre no catodo.

A deposição de metais depende de alguns fatores:


- tipo de solução (que sal ou composto foi utilizado);
- concentração da solução (quanto de íons metálicos estão presentes na solução);
- corrente elétrica (dada pela fonte de energia – bateria ou pilhas – que permitirá uma
quantidade maior ou menor de metais depositados);
- potencial dos eletrodos;
- eficiência de corrente;
- agentes que favorecem a adesão dos metais;
- equação de Nernst (relacionando os potenciais de redução dos metais com
temperatura, potencial do eletrodo e atividades dos íons nas soluções);
- equação de Tafel (que relaciona as atividades dos íons à densidade de corrente) ;
- mobilidade dos íons na solução, e muitos outros.
A camada de metal formada pela eletrodeposição tem espessuras muito pequenas, variando
normalmente de 0,0005 a 0,05 milímetros.
As leis de Faraday (em homenagem a Michael Faraday) relacionam a quantidade (massa) de
material que pode ser depositado (sob condições ideais) com a passagem da corrente elétrica. Elas
podem ser enunciadas assim:
- Primeira: “a massa (m) de uma determinada substância depositada em um eletrodo é
diretamente proporcional à quantidade de carga (Q) que atravessou o eletrólito (em termos práticos, Q é
igual ao produto da corrente (i) pelo tempo (t))”:

onde k, a constante de proporcionalidade, é denominada equivalente eletroquímico. Seu valor é


expresso em gramas por coulombs
- Segunda: “uma mesma quantidade de carga que atravessa um eletrólito deposita
sempre o mesmo número de equivalentes-grama (Eq) de qualquer substância”.

onde Eq, expresso em mols, é dado por:

Combinando as duas expressões:

Nessas expressões:
- m é a massa de substância depositada
- z é a valência do íon;
- M [g/mol] é a massa molar do metal que está sendo depositado;
- F é a constante de Faraday: 96 485,3 [C/mol] = N (número de Avogadro) * q (carga
unitária) = 6,02214 X 1023 X 1,602177 X 10-19
- Q é igual ao produto da corrente (i) pelo tempo (t)
A equação, então, fica assim:
Equação 1

onde,
- E é o equivalente químico da substância depositada (massa atômica dividida pelo
número de cargas do íon);
- i é a intensidade média da corrente elétrica usada durante a eletrólise (em ampères);
- t é o tempo de processamento da eletrólise (em s);
- N é o número de Avogadro;
- q é a carga unitária (=1,602.10-19 C).
Portanto, se numa eletrólise, m, i e t são determinados para um cátion conhecido, podemos
calcular o número de Avogadro.

3 – Material Utilizado
- 1 bécher de 100 mL
- 20 g de sulfato de cobre pentahidratado
- 2 eletrodos de cobre de cerca de 5x100 mm
- 2 mL de ácido sulfúrico concentrado
- 1 cronômetro
- 1,0 g de uréia
- 1 pipeta de 25 mL
- álcool etílico
- 1 resistência variável 500 Ω e 75 W
- ácido nítrico 1:1
- 1 amperímetro 0-250 mA ou multímetro
- fonte de corrente contínua (bateria de 12 V)

4 – Procedimento Experimental
Os eletrodos de cobre foram lavados com ácido nítrico, água e depois com álcool etílico. Foram,
depois, levados à estufa para secar a 110oC.
Depois de retornarem a temperatura ambiente, foram pesados com precisão de ± 0,1 mg.
A seguinte solução aquosa já se encontrava preparada: mistura de 2,5 g de sulfato de cobre
pentahidratado, 1 mL de ácido nítrico 1:1, 4 mL de ácido sulfúrico concentrado e 1 g de uréia em 100 mL
de solução aquosa.
O circuito foi fechado, utilizando a chave de controle e a resistência ajustada de tal modo que 100
mA passassem pela solução e, no mesmo instante, foi acionado o cronômetro. A tensão foi
continuamente monitorada e ajustada de forma a manter a corrente constante. O sistema foi deixado
ligado exatamente 10 min.
Os eletrodos foram retirados da solução e lavados com água e álcool, secados em estufa a
o
110 C e pesados com precisão de ± 0,1 mg.
O processo foi repetido nas seguintes condições:
Experimento Tempo (min) Corrente (mA)
1 10 100
2 20 100
3 10 200

5 – Resultados e Cálculos
Foi determinada, por diferença, a massa depositada sobre o catodo e a massa perdida pelo
anodo de cobre após cada experimento. Os resultados encontram-se na tabela abaixo:
Experimento Massa depositada Massa consumida
(g) (g)
1 0,0234 0,0297
2 0,0466 0,490
3 0,0413 0,0131
Observa-se, nos experimentos 1 e 2, que as massas de cobre consumidas e depositadas são
bem parecidas; porém, no experimento 3, a diferença é significante, uma vez que deveriam ter sido
iguais. Este erro pode ter sido causado devido à fonte externa utilizada na geração de corrente elétrica,
que não estabilizou na amperagem requerida, variando desde 0 até 400 mA.
A partir da equação 1, pode-se calcular o número de Avogrado usando os diferentes tempos e as
diferentes correntes elétricas utilizadas no experimento e sabendo que a carga unitária do elétron é de
1,602x10-19 C e o equivalente químico do cobre é 31,773.
Catodo
Experimento Massa depositada (g) Tempo (s) Corrente elétrica (A) Número de Avogrado
1 0,0234 600 0,1 5,085E+23
2 0,0466 1200 0,1 5,107E+23
3 0,0413 600 0,2 5,762E+23
Anodo
Massa consumida (g)
1 0,0297 600 0,1 4,006E+23
2 0,0490 1200 0,1 4,857E+23
3 0,0131 600 0,2 1,817E+24

Pelo gráfico seguinte, é possível comparar os valores do número de Avogrado calculados pela
massa depositada (catodo) e pela massa consumida (anodo), nos diferentes experimentos e também
com o valor esperado. Observa-se que, excluindo o valor da massa consumida no experimento 3, os
valores calculados apresentam-se próximos uns dos outros. O erro apresentado pelo experimento 3 foi
discutido anteriormente.
Quando se comparam os valores calculados com o valor esperado, observa-se que existe um
erro sistemático que faz com que todos os valores calculados permaneçam abaixo do valor esperado e
este erro diminui quando o valor da corrente elétrica aumenta. Esta diminuição se deve, em parte, pelo
aumento da massa depositada, que acarreta em um menor erro na leitura desta massa na balança.

Determinação do número de Avogadro utilizando célula


eletrolítica
2,00E+24

1,60E+24
Número de Avogadro

1,20E+24

8,00E+23

4,00E+23

0,00E+00
1 2 3
Experim ento

Catodo Anodo Esperado

Erro (%)
Experimento Catodo Anodo
Catodo Anodo
1 5,08491E+23 4,00629E+23 15,56 33,47
2 5,10673E+23 4,85661E+23 15,20 19,35
3 5,76208E+23 1,81659E+24 4,32 201,65

5 – Conclusões
Conclui-se que o método da célula eletrolítica é um bom método para o cálculo do número de
Avogrado, desde que se tenha uma fonte de energia elétrica que seja precisa no que diz respeito à
corrente elétrica (amperagem) fornecida. Como pode ser observado, para maiores valores de corrente
elétrica, o erro diminui. Deveriam ser feitos mais experimentos utilizando corrente elétrica mais forte para
comprovar esta hipótese.
Com esta prática, é possível ainda estudar e comprovar os conhecimentos teóricos de eletrólise e
das leis de Faraday.
6 - Bibliografia
 ATKINS, Físico-Química, volumes 1e 3. Editora LTC, 6ª edição.
 CASTELLAN, Gilbert. Fundamentos de Físico-Quimica. LTC. Rio de Janeiro, 2001.

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