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T. T. C. Pereira et al.

/ Geonomos, 28(1), 1-14, 2020 1


www.igc.ufmg.br/geonomos

A MINERALOGIA DOS SOLOS TROPICAIS: ESTADO DA ARTE E


RELAÇÃO COM O USO E MANEJO
Thiago T. C. Pereira1*; Fábio S. Oliveira2; Diana F. Freitas3; Bruna D. Damasceno1; Adriana C. Dias4

1
Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Frutal. Av. Prof. Mário Palmério nº1000, Universitário. CEP: 38200-000 Frutal MG, Brasil.
thiago.pereira@uemg.br* (autor correspondente).
2
Ins tuto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Antônio Carlos nº 6627, Pampulha. CEP: 31270-901 Belo Horizonte MG, Brasil.
3
Universidade Federal do Ceará. Av. da Universidade nº2853, Benfica. CEP: 60020-181 Fortaleza CE.
4
Universidade Federal de Viçosa. Av. Peter Henry Rolfs s/n, Centro. CEP: 36570-900 Viçosa MG.
Recebido em 1 de setembro de 2019, aceito em 15 janeiro de 2020
Resumo: O estudo de mineralogia de solos tropicais possui grande amplitude cien fica e prá ca, Palavras-Chave: Latossolos; Óxidos de
considerando que boa parte de todo processo de sorção e nutrição das plantas está associado à matriz ferro; Gibbsita; Caulinita.
mineral dos solos. Assim, o obje vo deste estudo é apresentar uma revisão do estado da arte da
caracterização mineralógica dos solos tropicais brasileiros, de modo a fomentar informações sobre a gênese
dos solos nesses ambientes, bem como analisar a relação mineralogia x uso e manejo dos solos. Em uma
visão global, o entendimento da mineralogia se faz necessário nos sistemas tropicais devido à enorme
abrangência em termos quan ta vos, qualita vos e geográficos, dos minerais cons tuintes dos solos,
sobretudo nos Latossolos cauliní cos, oxídicos (Fe), e mesmo gibbsí cos, além daqueles con dos nos
Argissolos e Cambissolos, dentre outros. Neste caso, a magne ta e maghemita também poderiam ter uma
maior ponderação dentro da taxonomia devido à grande ocorrência em solos brasileiros e a relação existente
entre a suscep bilidade magné ca e algumas prá cas de manejo. Desta forma, sistemas de classificação são
preparados tendo como base os conhecimentos adquiridos e ordenamentos a par r dos estudos de solos,
incluindo a mineralogia, que repercutem diretamente no auxílio ao manejo das áreas.
Abstract: The mineralogy of the tropical soils: state-of-the-art linked with land use and management. Part of Keywords: Latosols (Oxisols); Iron
the whole sorp on and plant nutri on process are associated with the mineral matrix of soils. The goal of oxides; Gibbsite; Kaolinite.
this study is to present a review of state-of-the-art about mineralogical characteriza on in the Brazilian
tropical soils, in order to show details about soil genesis, as well as to analyze the mineralogy versus land use
and management. In general, the understanding of mineralogy is necessary in tropical systems due to
enormous quan ta ve, qualita ve and geographic coverage of minerals cons tu ng soils, especially in
kaolini c, oxydic (Fe) Latosols, and even gibbsites, besides those contained in Argisols and Cambisols, mainly.
Thus, magne te and maghemite could also have a greater a en on within soil classifica on system due to a
large occurrence in Brazilian soils and rela onship between magne c suscep bility and some management
prac ces. In this way, classifica on systems are prepared based on the knowledge and ordering from soil
studies, including mineralogy, that directly affect the management of agricultural areas, as well as those for
environmental recovery and conserva on.
cuja evolução química dos solos tende a uma parcial ou
INTRODUCÃO completa remoção de Si e bases, e acumulação de
elementos menos móveis, com tendência à permanência
O território brasileiro contém a maior porção de solos em de materiais aluminoférricos (Muggler et al., 2007).
clima tropical úmido do planeta, que têm sido O estudo de mineralogia de solos tropicais possui grande
associados, desde o início da colonização, a vários pos amplitude cien fica e prá ca, considerando que boa
de culturas agrícolas (Anjos et al., 2018). Segundo os parte de todo processo de sorção e nutrição das plantas
autores, foi somente a par r de 1950, porém, que houve está associado à matriz mineral dos solos. Além disso,
uma expansão sistemá ca de pesquisas sobre os solos fontes de reserva nutricional em solos também estão
brasileiros, garan ndo atualmente uma base e referência relacionadas aos minerais cons tuintes. Assim, o estudo
para tomadas de decisão. de mineralogia de solos em si tem uma grande
Nas regiões tropicais, os solos são mais desenvolvidos do importância ambiental e forte conotação com o uso e
que em ambientes frios, devido às altas temperaturas e manejo dos solos, além de ser um influenciador da sua
chuvas, que facilitam, principalmente, a hidrólise dos taxonomia.
silicatos (Silva et al., 2012). Os perfis de solos são mais O obje vo deste estudo é apresentar uma revisão do
profundos e apresentam mudanças relacionadas à estado da arte da caracterização mineralógica dos solos
neoformação de minerais de argila (sinte zados a par r tropicais brasileiros, de modo a fomentar informações
dos produtos iônicos ou coloidais oriundos da sobre a gênese dos solos nesses ambientes, bem como
intemperização). A caulinita é o mineral de argila analisar a relação mineralogia x uso e manejo dos solos
dominante (Silva et al., 2012), associada a grandes referenciada no 5º nível categórico do Sistema Brasileiro
concentrações de óxidos de Fe e Al em muitas situações, de Classificação de Solos (Embrapa, 2018). O foco está na
além das presenças de ilita e montmorilonita em alguns definição provisória do sub-item “mineralogia”, que trata
casos. dos aspectos relacionados à qualificação e quan ficação
Nas áreas geologicamente estáveis dos trópicos nas quais das frações areia, silte e argila. Sobretudo para as frações
Latossolos, Cambissolos e outros ocorrem, existe uma < 0,002 mm, foram considerados os qualifica vos
evolução histórica complexa causada por mudanças “cauliní cos, gibbsí cos e oxídicos” envolvendo
climá cas múl plas e ciclos geomórficos, Latossolos e, quando conveniente, Argissolos e
10.18285/geonomos.v28i1.29650 Cambissolos.

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MINERALOGIA DE ARGILAS EM AMBIENTES TROPICAIS Quanto às micas primárias presentes no solo, estas
cons tuem minerais filossilicatados, não hidratados,
Os minerais da fração argila formados nos ambientes com presença de cá ons entrecamadas balanceando
t ro p i ca i s co n s i ste m u s u a l m e nte d e ca u l i n i ta uma alta carga em suas camadas (Fanning et al., 1989).
(Al₂Si₂O₅(OH)₄), goethita (FeOOH), hema ta (Fe₂O₃) e Neste caso, maior atenção é dada aos minerais micáceos
gibbsita (Al(OH)₃) (Figura 1), cujas proporções variáveis com presença de K como cá on entrecamadas (K como
no solo dependem do material de origem, da intensidade cá on dominante em micas), desde que estes sejam
de intemperismo e das condições de drenagem (Muggler abundantes e importantes nos solos. Melo et al. (2009)
et al., 2007; Schaefer et al., 2008; Resende et al., 2014). apontam que solos jovens do Brasil, ricos em mica e
De acordo com Schaefer et al. (2008), todos os Latossolos feldspato, podem apresentar teores de K total em torno
brasileiros possuem caulinita e goethita na fração argila. de 35 g kg-¹, enquanto solos altamente intemperizados
De maneira menos comum, argilominerais 2:1 também são, de modo geral, pobres em K, apresentando reserva
são encontrados, usualmente como fases de limitada do nutriente. Os autores destacam o pouco
intemperismo transicional ou herdados do material de estudo realizado em solos desenvolvidos sob clima
origem. Assim, quan dades pequenas de vermiculita tropical úmido com o obje vo de relacionar a
com Al-hidróxi entrecamadas (VHE), ilita, anatásio, ru lo mineralogia de suas frações à reserva de K para as
(polimórfico do anatásio), maghemita (polimórfico da plantas.
hema ta) e mesmo haloisita (polimórfico da caulinita) O íon K liga-se por forças coulômbicas em coordenação
podem ser observados nestes solos (Resende et al., com as cargas nega vas geradas por subs tuição
2014), geralmente com menores proporções destes isomórfica, o que segundo Sparks (1987), corresponde a -
minerais nos Latossolos em relação aos Cambissolos. 1,0 por unidade de fórmula nas camadas de micas,
resultante de três mecanismos: subs tuição de Si⁴⁺ por
Minerais 2:1 R³⁺ (principalmente Al³⁺ e Fe³⁺) nas posições tetraédricas;
subs tuição de R²⁺ ou R³⁺ por R⁺ ou R²⁺ nas posições
Em muitos Latossolos do Brasil, pequenas quan dades octaédricas; ou posições octaedrais vazias.
de VHE têm sido detectadas na fração argila (Schaefer et A ligação do K é favorecida pelo seu raio iônico (1,33 Å),
al., 2008). Em alguns destes, foi relatado que a presença que se ajusta ao poro ditrigonal, e por sua baixa energia
de ilhas de Al-hidróxi foram capazes de bloquear sí os de de hidratação (0,337 kj mol-₁) (Sparks, 1987; Fanning et
troca, decrescendo bastante a CTC e promovendo o al., 1989). A liberação de K destes sí os é um processo
efeito an gibbsí co proposto por Jackson (1964). No muito lento, quando comparado com a mobilidade de K
entanto, Rodrigues Ne o (1996) detectou traços de VHE na solução do solo. Nos minerais micáceos, a liberação é
e ilita mesmo em Latossolos gibbsí cos profundamente consequência de dois processos (Sparks, 1987):
alterados e com valores de Ki muito baixos. transformação de micas com K entrecamadas para
Conforme Cunha et al. (2014), em solos ácidos de minerais 2:1 expansíveis, pela troca de K por cá ons
ambiente tropical contendo esmec tas, assim como em hidratados; e dissolução das micas, seguida pela
solos altamente tamponados de ambiente subtropical, formação dos produtos do intemperismo. A importância
contendo esmec ta com Al-hidroxi entrecamadas (EHE) rela va destes processos depende da estabilidade das
e /o u V H E , o s te o re s d e A l - KC l p o d e m s e r micas e da natureza do ambiente no qual está inserido o
excepcionalmente altos. Entretanto, em alguns casos, solo.
não se manifestam efeitos fitotóxicos do elemento nas Neste caso, o suprimento de K depende de uma
culturas. O Al trocável é tradicionalmente quan ficado considerável extensão de pos, quan dades e tamanhos
no extrato da solução de KCl 1 mol L-¹, mas nem sempre das par culas de micas, já que quanto menores, mais
esse elemento provém unicamente de formas trocáveis. rapidamente liberam K, em comparação com par culas
Conforme inves gado, o método de extração do Al³⁺ com maiores (Fanning et al., 1989). Sco (1968), estudando a
KCl 1 mol L-¹ pode superes mar as formas trocáveis de Al relação entre liberação de K e tamanho de micas, revelou
nos solos estudados (Cunha et al., 2014). Esse efeito que micas pequenas liberaram uma grande parte do K
decorre da alta concentração salina do sal u lizado, que presente nas entrecamadas, considerando que par culas
ao incrementar a hidrólise, pode dissolver uma parcela do tamanho de silte mostraram quase que nenhuma
de Al proveniente de compostos inorgânicos amorfos e Al liberação do K.
de compostos orgânicos. O K, que usualmente é o cá on não trocável presente nas
Quanto à fração grossa (silte e areia) dos solos de regiões entrecamadas que pode ser subs tuído por cá ons
tropicais, geralmente prevalece o quartzo, com traços de hidratados trocáveis, contribui para que micas
muscovita (Schaefer et al., 2008). Além destes, a funcionem como precursores de vermiculitas e
magne ta e ilmenita também podem ocorrer nesta esmec tas (Fanning et al., 1989; Pal et al., 2001).
fração, principalmente relacionada às rochas básicas, Neste caso, as micas podem estar, frequentemente,
sendo este primeiro mineral uma importante fonte de presentes em solos como componentes de par culas que
elementos-traço ao solo (Resende, 1976). têm sido parcialmente transformadas em minerais
expansíveis 2:1, de forma que haja uma
interestra ficação ou que ocorram pontuações de micas
cercadas por zonas expansíveis (Fanning et al., 1989).

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Figura 1 – Difratogramas de raio-X da fração argila natural de um Cambissolo Háplico Tb distrófico pico (P1) e um Latossolo Vermelho distrófico pico
(P8) desenvolvidos de rochas pelí cas do Grupo Bambuí, em ambiente de Cerrado, Curvelo - MG. VHE: vermiculita com hidroxi entrecamadas; Il: ilita; Ct:
caulinita; Gb: gibbsita; Gt: goethita; Hm: hema ta. Fonte: Pereira (2008).

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Quanto ao intemperismo dos minerais micáceos e Quanto à ilita, esta foi proposta com o nome de mica que
transformação para minerais 2:1, evidências de testes ocorre em sedimentos argilosos. Estes materiais foram
laboratoriais e observações de campo têm comprovado a idealizados como sendo similares a materiais chamados
maior capacidade da bio ta (trioctaedral) de alterar-se de sericita e hidromica e que eram diferenciados da
frente às mudanças ambientais, compara vamente à muscovita primária por serem pobremente cristalinos,
muscovita (dioctaedral) (Sparks, 1987). Tal observação com menor conteúdo de K₂O e maior conteúdo de H₂O
está relacionada principalmente à orientação da camada (Fanning et al., 1989). Ilitas representam minerais
OH, que tem grande influência na interação com os micáceos dioctaedrais, aluminosos e com presença de K,
cá ons presentes. Nas muscovitas, como há um espaço cujas camadas são consideradas não expansivas (Fanning
vazio a cada duas unidades OH, o H⁺ da hidroxila se volta et al., 1989). De acordo com Melo et al. (2005), a
para este espaço vazio, tendendo a não incidir abundância de K não trocável em Latossolos brasileiros é
diretamente sobre o K da entrecamada. Nas bio tas, não diretamente relacionada à presença de ilita e fragmentos
há espaços vazios na camada OH. Consequentemente, o de caulinita, bem como à pequena presença de minerais
H⁺ se direciona diretamente sobre o K da entrecamada, primários micáceos na fração silte e areia.
repercu ndo em uma menor energia de interação (em
comparação com a muscovita) e maior facilidade em Minerais 1:1 e óxidos
liberar o K via intemperismo.
No entanto, é apontado que os processos de alteração de A caulinita é considerada a fase rela vamente estável na
micas em minerais expansíveis 2:1 implicam em mais do maioria dos solos (Ker, 1998; Schaefer et al., 2008;
que um simples ponto de interação eletrostá ca entre K e Resende et al., 2014). É importante produto do
unidades cristalográficas (Sparks, 1987). Neste caso, não intemperismo em climas tropicais, sendo cons tuinte
ap en as a o rientação O H, mas s eq u ên cias d e comum dos saprolitos e o mais abundante argilomineral
empilhamento, distorção estrutural, distribuição das dos solos (Dixon, 1989), podendo ser relacionada à
cargas nas camadas e distribuição de sí os vazios maioria dos Latossolos brasileiros como o argilomineral
determinam a magnitude das forças de interação mais expressivo (Muggler et al., 2007; Schaefer et al.,
entrecamadas das micas e as consequentes resistências 2008). Origina-se da alteração de vários minerais
ao intemperismo (Sparks, 1987; Fanning et al., 1989). primários, especialmente feldspatos e micas, ou de
Estudos realizados por Pal et al. (2001) propuseram que o minerais secundários (dissolução-reprecipitação e
K liberado do intemperismo da bio ta pode inibir o transformação de minerais 2:1), em diferentes condições
intemperismo da muscovita, indicando que quan dades a m b i e n ta i s ( S c h a e fe r e t a l . , 2 0 0 8 ) . E m u m a
deste mineral não podem ser índices de reserva de K no transformação direta de muscovita para caulinita, as
solo quando as duas micas coexistem. Sendo assim, as lá ces da muscovita são destruídas, mas a caulinita
a vidades de K em solução serão superiores aos níveis formada pode ainda exibir uma relação morfológica do
crí cos da muscovita, já que para micas dioctaedrais tais mineral precursor (Nahon, 1991).
níveis são tão baixos que até mesmo contaminações por Os fatores que favorecem a formação de caulinita são
impurezas em testes laboratoriais realizados por Sco e aqueles relacionados a condições de clima quente e
Smith (1966) foram suficientes para prevenir a liberação úmido, com drenagem livre (mas sem uma lixiviação
de K. excessiva) e baixo pH (Resende et al., 2014). Estas
Sadeghian-Khalajabadi e Arias-Suárez (2018) destacam condições são comuns nos trópicos e contribuem para a
que no caso do K aplicado via fer lização, a lixiviação do grande abundância deste mineral na fração argila dos
elemento relaciona-se primeiramente com a mineralogia Latossolos (Schaefer et al., 2008). A formação de caulinita
e CTC, e posteriormente com a textura. Chaves et al. a par r da alteração de aluminossilicatos primários
(2015), a par r de estudos sobre a integração de caracteriza o processo de monossiali zação (Pedro,
métodos químicos de extração e difração de raios-X, 1964).
ampliaram o entendimento das formas de reserva de K Ainda que a alteração de minerais primários, como
nas frações de Argissolos subtropicais e o seu potencial feldspatos e micas, ou de minerais secundários, como
de liberação para as plantas. Os métodos usados foram argilominerais 2:1, expliquem a formação da maioria das
adequados para es mar a reserva mineral das frações caulinitas encontradas nos solos, estudos têm indicado
dos solos (extração de proporções variadas de K na fração que a transformação de gibbsitas em caulinitas pode
argila em relação aos teores totais: NaHSO₄ (cristais) > ocorrer a par r do processo de ressilicificação (Boulangé
ácido oxálico 0,01 mol L-¹ ~ NaOH 5 mol L-¹ > HNO₃ 1 mol e Carvalho, 1997; Lucas, 1997; Varajão et al., 1990; Horbe
L-¹). Assim, a argila pode ser considerada a principal e Costa, 1999; Furian et al., 2002; Oliveira et al., 2013;
fração no tamponamento de formas disponíveis de K nos Mateus et al., 2017). Trata-se de um processo pelo qual o
solos (Chaves et al., 2015). Além disso, na ciné ca de input de sílica através de oscilações no nível freá co ou
liberação de K, as plantas cul vadas estariam bem pela vegetação conduzem a desestabilização da gibbsita,
nutridas a par r de formas não trocáveis e estruturais de neoformando caulinitas que, eventualmente,
K no curto (primeira fase da argila), médio (demais fases apresentam defeitos estruturais e cons tuem cristais
da argila e presença residual de ilita e feldspato-K) e longo menores e sem hábito caracterís co.
prazo (silte e areia).

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Esses processos têm sido iden ficados em muitas áreas De acordo com Schaefer et al. (2008), Latossolos
de ocorrência de bauxitas e tem explicado porque muitas magné cos são associados a materiais parentais ricos em
vezes couraças aluminosas transformam-se em solos Fe, com magne zação alta da fração argila somente em
ricos em caulinita. solos derivados de rochas máficas, tu cas ou
Sobre os óxidos de Fe, termo genérico que inclui óxidos, itabirí cas. A fração grossa destes solos tem forte
hidróxidos e oxi-hidróxidos de Fe, estes ocorrem sob suscep bilidade magné ca relacionada à magne ta, e a
influência dos fatores de formação do solo comuns fração fina à maghemita, principalmente. Pseudomorfos
(temperatura, umidade, pH, Eh, etc.), e assim refletem as de magne ta alterada em seções delgadas foram
condições pedoambientais sob as quais foram originados reconhecidos como uma fase intermediária da oxidação,
(Schwertmann e Taylor, 1989; Kämpf e Curi, 2000; denominada mar ta (Varajão et al., 2002).
Resende et al., 2014). Uma vez formados, fases minerais, A formação dos óxidos de Fe pode estar relacionada à
composição e distribuição dos óxidos podem estar liberação de Fe cons tuinte de silicatos por meio da
sujeitos a modificações con nuas visando equilibrarem- protólise e oxidação, com tendência para a formação de
se com mudanças ambientais experimentadas pelo solo óxidos de baixa solubilidade em pH > 3 (Schwertmann e
(Kämpf e Curi, 2000). Taylor, 1989). Hema tas formam-se de ferridrita, que é
Até mesmo em baixas concentrações, os óxidos de Fe têm uma fase menos cristalina, a par r de agregação,
um alto poder pigmentante e imprimem cor a muitos desidratação e rearranjo estrutural, desde que as
solos, que são determinadas pelo po e distribuição ao condições solo-ambiente sejam favoráveis, como baixa
longo do perfil, contribuindo para explicar a pedogênese, a vidade de sílica em solução e pequenas quan dades
além de auxiliar nas taxonomias de solos (Schwertmann e de matéria orgânica, cujos resultados sejam a baixa
Taylor, 1989; Resende et al., 2014). complexação de Fe (Kämpf e Curi, 2000; Schaefer, 2008).
Nos sistemas tropicais e subtropicais, os óxidos de Fe Estas condições são picas de sistemas com drenagem
pedogené cos mais frequentes estão relacionados à livre caracterizados por alta temperatura, e contendo
goethita, considerada a forma mais estável e indicada água suficiente para causar grandes taxas de alteração e
pela coloração amarelada ou brunada, e hema ta, que lixiviação de sílica. Em contraste, temperaturas mais
imprime coloração avermelhada, até mesmo quando amenas, com alta a vidade de H₂O e altos conteúdos de
presente em menor quan dade. Para os Latossolos matéria orgânica, são fatores que favorecem a formação
brasileiros, Kämpf e Schwertmann (1983), Curi e de goethita. A ampla ocorrência de solos com horizontes
Franzmeier (1984) e Kämpf e Curi (2000) apontaram a cor superficiais amarelados acima de subsolos vermelhos
do solo como uma das mais dis ntas feições dos sugere que na presença de matéria orgânica a formação
ambientes tropicais, mostrando boa relação com a de goethita pode ser favorecida sobre a hema ta (Kämpf
natureza do componente oxídico. e Curi, 2000).
Nos Latossolos Vermelhos, a goethita tem sua coloração A adsorção específica de ânions pelos óxidos de Fe, como
mascarada pelo alto poder pigmentante da hema ta, a relacionada aos fosfatos, representam um dos grandes
sendo este úl mo geralmente desprezível ou ausente em e mais importantes fenômenos do complexo sor vo nos
solos amarelos, indiferentemente do teor total de Fe solos tropicais (Schwertmann e Taylor, 1989). Além dos
presente (Resende, 1976). óxidos de Fe, a adsorção de fosfato também é
A maghemita e magne ta são menos frequentes no solo, usualmente atribuída aos óxidos de Al, e caulinita, sendo
impõem coloração bruno-avermelhada e possuem este fato creditado à presença de grupos Fe-OH e Al-OH
propriedades magné cas. Parece que existem alguns na super cie do mineral (Fontes e Weed, 1996).
caminhos pelos quais pode ocorrer a formação de Especificamente para os óxidos de Fe, Curi e Franzmeier
maghemita nos solos: oxidação da magne ta, (1984) reportaram o alto e baixo poder adsor vo para
desidratação da lepidocrocita (polimórfico da goethita), e solos mais goethí cos e mais hema cos,
transformação de outros óxidos de Fe pedogené cos respec vamente, em uma mesma topossequência. Isto
pelo aquecimento entre 300 e 425 ºC na presença de reforça a ideia de alguns autores de que existe boa
componentes orgânicos, gerando uma condição relação entre cor do solo e adsorção de fosfatos (Fontes e
redutora (Schwertmann e Taylor, 1989). Weed, 1996).
A magne ta pode ser importante fonte de elementos Quanto à gibbsita, este é o mais comum polimorfo de
traço ao solo (Resende, 1976; Schaefer et al., 2008). Este Al(OH)₃ na natureza, que ocorre em solos ácidos e mais
mineral ocorre comumente como grãos escuros na intemperizados (Hsu, 1989). Embora a gibbsita seja um
fração mineral grossa de muitos solos, e é de origem óxido que comumente ocorre em vários solos sob
litogênica, já que magne ta pedogené ca ainda não foi diversas condições climá cas, este mineral tende a
detectada, embora grãos finos deste mineral possam ser ocorrer mais intensamente em Latossolos (Hsu, 1989;
facilmente sinte zados sob algumas condições Schaefer et al., 2008), nos quais os processos de
ambientais (Schwertmann e Taylor 1989). Em estudos intemperismo e lixiviação são mais atuantes, o que
sobre a ocorrência de concreções ferruginosas em repercute em alguns casos, na maior quan dade de
Latossolos Vermelhos, Viana et al. (2006) apontaram gibbsita em relação à caulinita (Schaefer et al., 2008). Em
para a presença de magne ta possivelmente contraste, segundo os autores, a gibbsita será ausente
pedogené ca nestes solos a par r de transformação em solos menos intemperizados, com Ki > 2,0.
induzida pelo fogo em óxidos de Fe pedogené cos.

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No entanto, em estudo sobre Cambissolos desenvolvidos A afinidade de íons pelo Al³⁺ é forte o bastante para
de rochas pelí cas, Almeida (1979) constatou a remover o OH- da super cie ou para liberar H⁺ do H₃PO₄,
ocorrência de gibbsita, mesmo com resultados de Ki > H₂PO₄-, HPO₄²- (Hsu, 1989). Não somente a gibbsita, mas
2,0. óxidos de Al amorfos são os mais prováveis relacionados
No Brasil, grandes quan dades de gibbsita são à adsorção de fosfato. De acordo com Schaefer et al.
encontradas em solos desenvolvidos de rochas ricas em (2004) e Schaefer et al. (2008), tais caracterís cas são
Fe (Resende, 1976). De acordo com o autor, esta importantes se tratando de Latossolos muito alterados.
tendência parece estar relacionada aos seguintes fatos: Tem sido muito difundido na literatura que a expressão
rochas ricas em Fe são originalmente pobres em sílica, o da estrutura granular é favorecida pela presença de
que favorece a formação de gibbsita ao invés da caulinita; gibbsita (Hsu, 1989; Resende et al., 2014), cuja influência
e óxidos de Fe livres adsorvem sílica, reduzindo a repercute também na microagregação (Schaefer, 2001 e
habilidade de complexar Al e formar caulinita. Schaefer et al. 2004) e estabilidade dos agregados do solo
A formação da gibbsita inicia com o deslocamento das (Hsu, 1989; Schaefer, 2001). No entanto, ainda faltam
bases pelo H⁺, cuja sequência é marcada pela quebra trabalhos que apontem para a quan dade de gibbsita
hidrolí ca da ligação Si-O-Al nos minerais primários, necessária para uma estruturação granular, já que solos
liberando Al³⁺ para a solução do solo. Entre os processos pouco estruturados, às vezes com aspecto maciço, como
de cristalização do Al(OH)₃, a neutralização do Al³⁺ com alguns Cambissolos Háplicos tropicais, possuem gibbsita,
uma base provavelmente é muito semelhante ao que é mas não são “granulares” (Pereira et al., 2010).
encontrado na natureza, cujo requerimento necessário Mesmo que ainda não esteja bem esclarecido na
para a estabilidade estrutural é que a repulsão entre Al³⁺ literatura, os mecanismos de agregação podem ser
seja balanceada pela ligação Al-OH-Al (Hsu, 1989). explicados de duas maneiras (Hsu, 1989): pequenos
Em geral, a gibbsita está comumente associada à polímeros Al-hidróxi, considerados fragmentos do
hema ta e goethita, que ocorrem mais facilmente nos Al(OH)₃ sólido, podem ser presos mais firmemente que
processos de gênese dos solos, já que muitos horizontes cá ons trocáveis nos espaços entrecamadas dos minerais
oxídicos contêm goethita e/ou hema ta sem gibbsita, argilosos expansíveis (Barnhisel e Bertsch, 1989). A
mas horizontes gibbsí cos puros são raros (Hsu, 1989). presença destes materiais pode reduzir a expansão das
Segundo o autor, mesmo materiais ricos em Al podem par culas de argila, mantendo juntas lâminas silicatadas
conter consideráveis quan dades de goethita e/ou e deslocando cá ons presentes nas entrecamadas que
hema ta. tenham alto poder de hidratação, como o Na⁺,
Alguns estudos têm sugerido que aluminossilicatos promovendo assim uma agregação. Hidróxidos de
primários podem se transformar diretamente para alumínio e polímeros Al-hidróxi também podem reagir
gibbsita (Hsu, 1989; Furian et al., 2002; Oliveira et al., com par culas de argila em suas super cies externas e
2011). Neste caso, ocorreria uma rápida dissolução no funcionar como um agente cimentante. As cargas
início da fase de intemperismo de aluminossilicatos posi vas dos Al(OH)₃ são distribuídas nas extremidades.
(principalmente feldspatos), em que a gibbsita pode ser Por causa da restrição espacial, é impossível que todas as
um dos primeiros produtos de neoformação, cargas posi vas de um polímero Al-hidróxi ou uma
caracterizando o processo de ali zação (Pedro, 1964). No unidade Al(OH)₃ sejam completamente sa sfeitas por
entanto, outras inves gações sugerem que a formação uma par cula de argila. Neste caso, quando uma unidade
de gibbsita a par r de aluminossilicatos passa por Al(OH)₃ é aproximada de uma par cula de argila, elas
minerais argilosos intermediários, incluindo progressiva tendem a se unir.
dissolução da caulinita (dessilicificação) (Millot, 1964).
Isto é reportado porque a proporção de caulinita e Relação mineralogia x uso e manejo dos solos
gibbsita é de modo geral inversamente relacionada, em
que a gibbsita representa o mineral dominante em solos A rela va simplicidade da composição mineralógica dos
muito alterados e depósitos de bauxita, e a caulinita é o Latossolos brasileiros permite que se tenham
mineral dominante nas zonas menos intemperizadas. informações bem detalhadas em nível de família, em
A formação direta da gibbsita a par r de minerais referência ao SiBCS, possibilitando, para alguns desses
micáceos não tem sido reportada. Isto sugere que micas solos, a sistema zação do conhecimento existente a
alteram-se seguindo uma sequência: vermiculita, respeito do manejo de solos e culturas, como no caso dos
esmec tas, esmec tas com Al-hidróxi entrecamadas, teores de P e respostas à adubação, por exemplo
caulinita e eventualmente gibbsita (Jackson, 1964). É (Resende et al., 2017).
entendido que a gibbsita não se formará até que todos os Vendrame et al. (2012) apontam que no Brasil, os
minerais argilosos expansíveis 2:1 sejam decompostos Latossolos ocupam cerca de 2,9 milhões de km² (1/3 do
(Hsu, 1989). No entanto, trabalhos desenvolvidos por território nacional), sendo a textura e mineralogia duas
Almeida (1979) e Pereira et al. (2010) demonstraram a propriedades diagnós cas muito usadas na classificação
coexistência de VHE e gibbsita na fração argila de solos destes solos. Assim, a mineralogia passa a ter grande
tropicais (Figura 1). valor quando se trata de observar o comportamento
Existe uma forte afinidade entre gibbsita e ânions, como sico e químico dos solos, capaz de auxiliar na completa
os fosfatos.

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iden ficação dos minerais primários e secundários É uma técnica rápida, barata, não destru va e de boa
presentes no perfil quando a produção vegetal é o reprodu bilidade, que pode ser u lizada como critério
obje vo final (Rea o et al., 1998). Seu uso como nos estudos pedogené cos em que os minerais
ferramenta para a avaliação das propriedades dos ferrimagné cos estão presentes (Silva et al., 2010).
minerais que compõem o solo é extremamente Destaque semelhante foi dado por Teixeira et al. (2018),
importante para o entendimento das diferentes relações uma vez que estudos sobre unidades de mapeamento de
químicas e sicas que ali ocorrem (Miguel et al., 2014). solos podem ser potencializadas por prá cas envolvendo
Donagemma et al. (2016), analisando solos de textura a suscep bilidade magné ca e teor de argila,
mais grosseira (6% do Brasil), incluindo a região Matopiba principalmente devido ao menor custo e rapidez dos
(Mato Grosso, Tocan ns, Piauí, Bahia), considerada a resultados. Como os mapeamentos de solos estão
nova fronteira agrícola do Brasil, apontam que a diretamente associados aos sistemas de classificação de
compreensão das funções do solo depende do solos, a proposta de discussão mais ampliada da
estabelecimento de critérios dis ntos para o presença de magne ta e maghemita nos solos
conhecimento e dinâmica da matéria orgânica, conteúdo brasileiros, além daquela já feita para solos cauliní cos e
e mineralogia da fração argila, conteúdo de areia grossa ox í d i c o s , d e v e s e r l e va d a e m c o n s i d e ra ç ã o,
em relação à areia fina, e capacidade de retenção de principalmente pela abrangência geográfica desses
água. Tais critérios podem contribuir para um sistema de minerais, além de suas correlações com o manejo dos
classificação mais detalhado do solo, para um solos.
zoneamento que estabeleça ações visando a Solos com mineralogia predominantemente cauliní ca
conservação e manejo da fer lidade dos solos, bem podem apresentar ajuste face a face, contribuindo para
como es ma vas de seus potenciais agrícolas um maior adensamento, devendo, nestes casos, ter
(Donagemma et al., 2016). atenção quanto ao manejo sico e necessidade de
Souza et al. (2010) apontam a necessidade de acúmulo de matéria orgânica (Lima Neto et al., 2010;
conhecimentos mineralógicos para a compreensão da Fernandes et al., 2016). Tais caracterís cas podem ser
gênese, habilidade e limitações de um solo. Montanari et observadas em estudos de solos dos Tabuleiros Costeiros
al. (2010) destacam a necessidade de um maior (Correa et al., 2008), nos quais descrevem que a gênese
aprofundamento no estudo da distribuição de atributos dos horizontes coesos são derivados da acumulação de
mineralógicos associados às pequenas variações do argila fina iluvial, com e sem microlamelações, moderada
relevo. a alta birrefringência e composição cauliní ca.
Pesquisas relacionadas aos Latossolos da região do Possiblidades de ajuste face a face da caulinita também
Cerrado (Vendrame et al., 2011), que espelham muito os foram apontados por Pereira et al. (2012) em
aspectos mineralógicos dos solos tropicais, revelam uma Cambissolos desenvolvidos de rochas pelí cas do Grupo
composição rela vamente simples da fração argila, Bambuí, contendo grandes quan dades desse
cons tuída principalmente por caulinita e óxidos de ferro argilomineral, além da ilita. Alterna vas de manejo,
e de alumínio. incluindo a subsolagem, tem possibilitado o uso tanto
Souza Junior et al. (2010) destacam que os solos tropicais dos solos dos Tabuleiros Costeiros, quanto dos
altamente intemperizados tendem a acumular Cambissolos descritos acima.
residualmente óxidos de ferro e alumínio. Entre os óxidos Na bacia amazônica, solos estudados por Garcia et al.
e hidróxidos de ferro presentes na fração argila, a (2013) contendo plin ta e petroplin ta evidenciam que a
goethita e a hema ta são os mais abundantes e mineralogia da fração argila é basicamente dominada por
estudados. No entanto, há poucos estudos acerca da caulinita na fração argila, seguida por goethita, gibbsita e
iden ficação e quan ficação da maghemita, um mineral anatásio, além de poucos minerais 2:1. Na fração areia, o
ferrimagné co que está na fração argila dos solos, domínio é do quartzo. Nos materiais ferruginosos,
principalmente naqueles desenvolvidos de rochas goethita e hema ta são os principais cons tuintes. A
máficas. A maghemita e a magne ta são responsáveis relação Feo/Fed revelou uma quan dade significa va de
pela magne zação espontânea dos solos e ocupam minerais amorfos.
percentagem expressiva dos solos brasileiros. Pesquisando Terras Pretas Arqueológicas-TPA na
Ambos minerais possuem alta relação com a Amazônia, Silva et al. (2012) observaram a semelhança
disponibilidade de cá ons metálicos e com a capacidade entre as caracterís cas morfológicas, mineralógicas e
do solo em adsorver ânions como o fosfato (Silva et al., químicas dos horizontes subsuperficiais da TPA e solos
2010). A determinação da susce bilidade magné ca por adjacentes, sugerindo o desenvolvimento a par r destes,
unidade de massa é o método mais simples de iden ficar com posterior transformação pedogené ca pela
a presença e quan ficar esses minerais nos solos. É uma introdução de materiais orgânicos e inorgânicos por
técnica rápida, barata, não destru va e de boa an gas colonizações humanas.
reprodu bilidade, que pode ser u lizada como critério Orrutéa et al. (2012) verificaram o predomínio da
nos estudos pedogené cos em que os minerais caulinita na fração argila e alta reserva mineral de K nos
ferrimagné cos estão presentes (Silva et al., 2010). A solos da floresta amazônica meridional, associada à
determinação da susce bilidade magné ca por unidade ocorrência de micas nas frações argila, silte e areia.
de massa é o método mais simples de iden ficar a
presença e quan ficar esses minerais nos solos.

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Os baixos teores de Fe relacionados a compostos Em adição à composição mineralógica dos solos, atenção
cristalinos na fração argila refle ram a reduzida tem sido dada à influência da matéria orgânica na
ocorrência de minerais ferromagnesianos, bio ta e redução da capacidade de adsorção de P e sua
anfibólios no material de origem dos solos estudados. disponibilidade para as plantas. Neste caso, ligantes
Neste caso, os diferentes manejos dos solos da floresta orgânicos na solução do solo competem com o P por
amazônica não afetaram os teores de Fe associados aos sí os de adsorção presentes na super cie do mineral, e
minerais com maior e menor grau de cristalinidade da assim, diminuem a adsorção de P pela fase mineral
fração argila. A maior relação goethita/hema ta no (Miku a et al., 2006). No entanto, Fink et al. (2014)
horizonte A para a mata na va indica a transformação mostraram que mesmo com o aumento do conteúdo de
parcial de goethita em hema ta em decorrência da matéria orgânica em solos sob plan o direto, não foi
queimada da floresta para a implantação dos manejos de observada alteração na CMAP, compara vamente ao
agricultura migratória (mata secundaria) e pastagem. sistema de preparo convencional.
Inda et al. (2014), analisando Latossolos de campos e Independentemente, o papel central da matéria orgânica
florestas na vas subtropicais, apontaram que teores de na determinação da fer lidade do solo tem sido
carbono orgânico (CO) são maiores no solo sob floresta e, reconhecido há séculos (Lal, 2008), sendo seu bene cio
possivelmente, influenciam nos processos dissolu vos especialmente importante em sistemas agrícolas
de óxidos de Fe cristalinos e na neoformação de pos tropicais, e diretamente associado à matriz mineral do
metaestáveis de baixa cristalinidade. Além disso, solo. Na aplicação de biomassa carbonizada (biochar),
conforme os autores, o incremento de CO no solo sob por exemplo, as variáveis mineralógicas, bem como a
floresta elevou expressivamente sua área superficial textura, possuem propriedades que podem influenciar
específica, mascarando o efeito geralmente posi vo dos sobremaneira as alterações do solo (Butnan et al., 2015).
óxidos de Fe sobre a caracterís ca sica. Neste caso, pesquisas tem demonstrado a capacidade do
De acordo com estudos sobre formas de Fe e Al em biochar para a redução da toxidez de Al em Latossolos e
Latossolos do Cerrado, Vendrame et al. (2011) Argissolos tropicais muito intemperizados, além de
apontaram que, independentemente da classe textural, terem um potencial para fornecer nutrientes, promover a
os óxidos de Fe de alto grau de cristalinidade calagem (por meio das cinzas) e aumentar a CTC.
representaram a principal forma de Fe e Conforme Bruun et al. (2010), o armazenamento e
correlacionaram-se posi vamente com os teores totais ciclagem do CO é influenciado pelas interações entre a
de Fe, enquanto os óxidos de Al apresentaram maior matéria orgânica e a fração mineral do solo. Porém, a
afinidade ao CO, em detrimento dos óxidos de Fe. influência do conteúdo de argila e po sobre as taxas de
Assim, a maioria do conteúdo de Fe em Latossolos ocorre ciclagem de CO ainda permanecem incertas,
na forma de oxi-hidróxidos pedogené cos de Fe de maior par cularmente relacionados aos solos tropicais sob
cristalinidade e baixa solubilidade. Porém, a maioria vegetação natural. A maioria das pesquisas sobre a
destes não está disponível para as plantas, como dinâmica do CO está relacionada às condições
micronutriente. Em contrapar da, o Fe associado ao temperadas, enquanto os mecanismos que controlam a
componente orgânico é a fração que mais contribui para ciclagem de CO em solos tropicais ainda são menos
a disponibilidade do elemento para as plantas, sendo que compreendidos (Wang e Hsieh, 2002).
as plantas com maior teor de Fe foliar produzem uma As reservas de CO estão relacionadas à quan dade e
maior quan dade de biomassa (Mielki et al., 2016). qualidade do carbono no solo e sua subsequente taxa de
Quanto à sorção de elementos químicos, o estudo mineralização, que pode ser reduzida pelos processos de
voltado para os solos é de fundamental importância para estabilização que protegem o CO contra eventuais
compreender as interações que ocorrem no sistema solo- decomposições. Interações entre os minerais do solo e o
água-planta, o qual define a capacidade do solo em CO podem levar à estabilização deste úl mo pelo
responder à adição desses elementos (Abreu et al., aprisionamento nos microporos (Baldock e Skjemstad,
2011). 2000), e por interações intermoleculares entre o CO a
A baixa disponibilidade de P em solos tropicais e super cie das par culas de argilominerais e de óxidos de
subtropicais do Brasil, normalmente relacionada à Fe e Al (Basile-Doelsch et al., 2007).
adsorção de fosfato pelas super cies minerais, é A importância dos diferentes minerais para a
considerada um dos principais fatores limitantes da estabilização do CO permanece em dúvida. O
produção agrícola (Novais e Smyth, 1999), que pode ser conhecimento atual é baseado em dados limitados e
atenuado pelo acúmulo de matéria orgânica. conflituosos, apesar de ser usual aceitar que a
Estudos realizados por Fink et al. (2014) obje varam capacidade de estabilidade do CO pelos minerais de
quan ficar a capacidade máxima de adsorção de fósforo argila diminui na seguinte ordem: alofana > esmec ta >
(CMAP) e as variáveis mineralógicas determinantes, bem ilita > caulinita (von Lützow et al., 2006). Dados
como verificar o efeito do plan o direto em mi gar a relacionados à clorita e vermiculita ainda não permitem
adsorção de fósforo nos solos. A CMAP apresentou um ranqueamento dos efeitos de estabilidade desses
relação com a concentração de óxidos de ferro, goethita e minerais.
ferridrita, com a razão gibbsita/(gibbsita+caulinita) e com Resultados do estudo elaborado por Bruun et al. (2010)
a área superficial específica do solo. demonstraram que os minerais de argila e conteúdo de

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óxidos de Al e Fe tem uma influência significa va na na iden ficação das fontes de produção de sedimentos e
estabilidade do CO. Correlação inversa entre o CO lábil e na avaliação da proporção de contribuição de cada uma
conteúdos de Fed e Ald em solos densos e de das fontes, aumentando assim a capacidade de
granulometria mais fina (< 250 nm) sugerem que es ma va do método fingerprint.
quan dades significa vas de CO são estabilizadas pela
interação entre os oxi-hidróxidos de Al e Fe mais Papel da mineralogia em solos contaminados
disponíveis.
Solos contaminados por compostos orgânicos não
Mineralogia e processos erosivos biodegradáveis são usualmente tratados a par r de
processos oxida vos avançados, sendo que fortes
Em estudos sobre o uso da mineralogia no controle da agentes oxidantes químicos são adicionados para
poluição por sedimentos em rios, Mello et al. (2016) colapsar essas substâncias (Sun e Yan, 2007; Siegrist et al.
indicaram ser importante um monitoramento a longo- 2011). Reagentes de Fenton são agentes químicos
prazo para testar a qualidade e quan dade de oxidantes comumente usados para remediação de solos
sedimentos transportados pelos rios. A prá ca pode contaminados (Leifeld e Kögel-Knabner, 2001; Sun e Yan,
gerar informações essenciais para o manejo dos corpos 2007). Esses processos são baseados na reação entre Fe²⁺
hídricos, especialmente com relação à dinâmica dos e H₂O₂ para produzir radicais hidroxílicos (OH)
sedimentos e eficiência do controle dos programas de intermediários altamente rea vos, os quais são capazes
combate à poluição de fontes difusas. de oxidar componentes orgânicos (Silva et al., 2012).
A u lização das propriedades mineralógicas na Sirguey et al. (2008) aplicaram reagente de Fenton em
iden ficação das fontes de sedimentos em suspensão Cambissolos e observaram uma diminuição significa va
pode ajudar a elucidar os fatores e processos que regem a do carbono orgânico e redução da CTC diretamente
transferência de sedimentos e poluentes dos sistemas relacionada à mineralização dessa MO. Em Argissolos
terrestres para os sistemas aquá cos. No entanto, não é cauliní cos, Silva et al. (2012) não observaram nenhuma
comum o uso da mineralogia aliada a modelos de alteração significa va na mineralogia da fração argila
predição de erosão do solo, tampouco na iden ficação de após este tratamento. No entanto, os autores mostraram
fontes de produção de sedimentos (Miguel et al., 2014). que o tratamento em Ver ssolos apresentou
Trabalhos encontrados na literatura têm usado alguns modificações importantes nas propriedades do solo,
minerais, principalmente óxidos de Fe, como marcadores relacionados ao conteúdo de matéria orgânica e
ou traçadores de erosão do solo. O magne smo de expansão de argilas devido à degradação da
alguns minerais faz com que esses possam ser usados montmorilonita. Tal modificação diminuiu dras camente
como traçadores (Guzmán et al., 2010). Também, a CTC e, consequentemente, provocou uma diminuição
caracterís cas muito úteis relacionadas à presença de da fer lidade do solo, por consequência da redução da
minerais dis ntos nos solos, como a cor, podem ser retenção de água e nutrientes pelos argilominerais (Silva
usadas para iden ficar os processos erosivos (Mar nez- et al., 2012).
Carreras et al., 2010) e a variabilidade espacial de Estudos conduzidos por Oliveira et al. (2016) apontaram
materiais de origem em uma mesma área (Kasanin- que desde o início dos anos 2000, o persulfato (S₂O₈²⁻)
Grubin, 2013). tem sido usado como um oxidante químico in situ ú l
Ainda há pouca difusão de trabalhos que busquem usar devido à maior persistência e capacidade de degradar um
variáveis mineralógicas quan ta vas em modelos de grande número de compostos orgânicos,
predição de erosão do solo ou iden ficar fontes de compara vamente a outros oxidantes químicos
produção de sedimentos (Miguel et al., 2014). Estudos convencionais.
que se apoiam em técnicas de análise de difratometria de Neste caso, foi demonstrado que a interação entre o
raios-X (DRX), análise térmica diferencial (ATD) e análise persulfato e óxidos de ferro é altamente dependente do
termogravimétrica (TG) têm demonstrado que é possível pH (Oliveira et al., 2016). Em condições alcalinas, a
a obtenção de variáveis mineralógicas quan ta vas que ferridrita foi o óxido de Fe mais rea vo, seguida pela
podem ser usadas em tais modelos (Kim et al., 2013). hema ta e goethita, enquanto em condições ácidas (pH 3
O método fingerprint para iden ficação de fontes de a 6), a ordem foi inver da (Ahmad et al. 2010). Além
sedimentos tem sido u lizado amplamente no mundo disso, o Fe amorfo foi mais rea vo do que os minerais
(Collins et al., 2012). No Brasil, os estudos de cristalinos e, portanto, foi associado a uma maior perda
iden ficação de fontes de produção de sedimentos ainda de massa de persulfato (Sra et al., 2010; Liu et al., 2014).
s e e n c o n t ra m e m c a rá t e r i n c i p i e n t e , s e n d o Desta forma, Oliveira et al. (2016) evidenciaram que, do
desenvolvidos em bacias hidrográficas de pequeno ponto de vista mineralógico, a presença de persulfato
porte, usando basicamente variáveis geoquímicas como repercute em diminuição do pH e dissolução de caulinita,
traçadores, sem testar variáveis mineralógicas (Miguel et gibbsita e óxidos de Fe amorfos. Os autores abordaram
al., 2014). que a degradação do persulfato foi altamente
Assim, estudos realizados por Miguel et al. (2014), dependente da liberação de metais para a solução, sendo
demonstraram que as variáveis mineralógicas, teor de as principais propriedades de controle do solo:
caulinita e goethita, apresentaram capacidade capacidade de tamponamento do solo, que geralmente é
discriminante e puderam ser usados como traçadores

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baixa em sistemas tropicais; susce bilidade dos minerais topossequência. Conteúdos de argila, matéria orgânica e
à dissolução, que depende do po de mineral e do grau nitrogênio total foram rela vamente bem indicados pela
de cristalinidade; e a presença de ferro em minerais e NIRS (Shepherd e Walsh, 2002; Viscarra Rossel et al.,
óxidos amorfos. 2006). Dema ê et al. (2006) mostraram o uso da NIRS
para iden ficar a mineralogia principal em solos
Mineralogia como apoio ao uso de novas tecnologias tropicais.
A mineralogia do solo fornece informações sobre a
Par ndo para o campo de estudo envolvendo novas natureza sico-química das super cies, enquanto a área
tecnologias, Dema ê et al. (2012) demonstraram a superficial específica (ASE) fornece informações sobre a
necessidade de entender melhor as relações entre quan dade de carga superficial, ou seja, quanto maior a
atributos do solo e dados espectrais, que possuem um ASE de um coloide, maior sua densidade de cargas
importante potencial na avaliação ambiental. (Minasny e Hartemink, 2011). Com a mineralogia
Nas úl mas décadas, as avaliações de solos por meio de quan ta va, super cie específica e análise química total,
técnicas de sensoriamento remoto ganharam destaque várias propriedades podem ser previstas, incluindo
(Dema ê et al., 2015), como no uso em levantamentos caracterís cas de carga superficial, CTC, reações de
de solos, na quan ficação mineralógica (Viscarra Rossel sorção, agregação e estabilidade de agregados,
et al., 2006), na avaliação da qualidade do solo (Vagen et distribuição de tamanho de poros e coeficientes de
al., 2006) e na agricultura de precisão (Stenberg et al., transporte de água e gases (Uehara, 2003). No entanto,
2010). Estudos feitos por Dema ê et al. (2015) indicaram medições mineralógicas detalhadas e área de super cie
diferenças nos dados espectrais de solos devido às e s p e c í fi c a s ã o c a r a s e r a r a m e n t e fe i t a s e m
alterações em suas propriedades ao longo da paisagem, levantamentos de solo. Através da espectroscopia de
tais como a mineralogia da fração argila, a textura, e infravermelho, algumas dessas informações poderiam
mesmo o índice Ki. Assim, foi observada uma sequência ser ob das (Minasny e Hartemink, 2011).
de absorção espectral em solos, sendo aqueles com De acordo com Minasny e Hartemink (2011), a
maior presença de Fe cristalino (hema ta e goethita) e espectroscopia no infravermelho médio (MIRS)
menor Ki, os que apresentaram uma maior absorção usualmente produz melhor predição do que a NIRS e vis-
espectral. NIR. MIRS é apresentada para predizer com precisão o
Em trabalho com solos do Estado de São Paulo, Dema ê CO, C total, N total, CTC, carbonatos, pH, argila e
et al. (2012) procuraram avaliar as relações entre energia conteúdo de areia. Propriedades químicas que são
eletromagné ca refle da com os atributos químicos, relacionadas aos componentes minerais e orgânicos
sicos e mineralógicos dos solos, verificando as variações podem ser preditos por causa da interação entre as
espectrais das amostras ao longo de perfis e suas propriedades do solo e os componentes a vos do solo:
relações com a classificação e discriminação dos solos. matéria orgânica, minerais de argila e óxidos.
Assim, conforme os autores, foi observado que solos Propriedades sicas do solo baseadas na composição
mais arenosos refle ram mais, com curvas espectrais de sólida e área superficial, conteúdo de argila e potencial
aspecto ascendente, ao contrário dos solos argilosos. Foi de expansão-contração podem ser bem indicados. Além
possível detectar a presença de caulinita, gibbsita e dos disso, os instrumentos de indução eletromagné ca e
óxidos de ferro (hema ta e goethita) presentes nos solos resis vidade do solo podem fornecer uma condu vidade
pelos aspectos descri vos das curvas, feições de elétrica do solo rápida e espacialmente referenciada, que
absorção e intensidade de reflectância; e que existe uma reflete uma combinação de mineralogia do solo, sais,
relação entre níveis de intemperismo e informações umidade e textura, e é uma medida composta das
espectrais. A avaliação dos dados espectrais de amostras propriedades do solo.
dos horizontes superficiais e subsuperficiais permi u Neste caso, os estudos de mineralogia de solos tropicais
caracterizar e discernir a variabilidade analí ca do perfil, são decisivos para o entendimento da gênese e
auxiliando na discriminação e classificação dos solos. classificação dos solos, que mesmo passando por
Au to res ap o ntaram q u e a esp ectro sco p ia n o momentos di ceis nas décadas de 1980 e 1990, vem
infravermelho próximo (NIRS) tem sido bem aceita como ganhando novamente interesse tanto no Brasil quanto
método para avaliar vários cons tuintes do solo, porém, em nível mundial (Embrapa, 2018), uma vez que se torna
poucos estudos têm usado a NIRS para predizer sobre a bastante claro nos dias atuais a estreita relação entre a
textura e mineralogia de solos tropicais (Shepherd e mineralogia dos solos e a produção de alimentos, fibras e
Walsh, 2002; Vendrame et al., 2012). Neste caso, para energia.
uma amostragem de solo correspondente a um mapa em
maior escala e levando em consideração a variabilidade Considerações finais
de Latossolos em uma região, a NIRS pode predizer com
precisão a maioria das propriedades mineralógicas dos O estudo de mineralogia talvez esteja no seu principal
Latossolos, em detrimento do pH e CTC, que requerem momento dentro da reflexão sobre os solos, já que é
mais atenção do ponto de vista das prá cas agrícolas. notória a relação entre matriz mineral dos solos com os
Awi et al. (2008) usaram a NIRS como ferramenta para seus componentes orgânicos, bem como sua relação com
avaliar o status da fer lidade do solo ao longo de uma os processos de adsorção, dessorção, agregação e
estruturação dos solos.

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Em uma visão global, o entendimento da mineralogia se Bruun T.B., Elberling B., Christensen B.T. 2010. Lability of
faz necessário nos sistemas tropicais devido à enorme soil organic carbon in tropical soils with different clay
abrangência em termos quan ta vos, qualita vos e minerals. Soil Biology & Biochemistry, 42:888-895.
geográficos, dos minerais cons tuintes dos solos, Butnan S., Deenik J.L., Toomsan B., Antal M.J., Vityakon P.
sobretudo nos Latossolos cauliní cos, oxídicos (Fe) e 2015. Biochar characteris cs and applica on rates
mesmo gibbsí cos, além daqueles con dos nos affec ng corn growth and proper es of soils
Argissolos e Cambissolos, dentre outros. Neste caso, a contras ng in texture and mineralogy. Geoderma,
magne ta e maghemita também poderiam ter uma 237-238:105-116.
maior ponderação dentro da taxonomia devido à grande Chaves E., Pedron F.A., Melo V.F., Dalmolin R.S.D. 2015.
ocorrência em solos brasileiros e a relação existente Reserva mineral de K por diferentes métodos em
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