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Vulcanologia

A vulcanologia é o ramo da Geologia que estuda a formação, a distribuição e a classificação dos


fenómenos vulcânicos.
O estudo dos fenómenos vulcânicos é importante porque:

 O vulcanismo é um processo fundamental, para a formação de crusta terrestre;

 As erupções vulcânicas constituem riscos naturais para a sociedade humana;

 Os materiais que são libertados durante os fenómenos eruptivos fornecem aos investigadores
informações sobre os processos físicos e químicos que ocorrem no interior da geosfera.

Acredita-se que a astenosfera é uma das principais fontes de magma.

 Designa-se por lava a mesma rocha fundida que irrompe pela superfície terreste e que, num
processo de desgaseificação.

 Como os magmas são líquidos, podem atingir altas temperaturas, possuem menor densidade e
ascendem á litosfera. Este material quente, ao abrir caminho por entre as rochas da litosfera, pode
fundir com outras preexistentes e abrir caminho, em zonas de franqueza, através de fraturas.

Distinguem-se dois tipos de manifestações vulcânicas: as primárias e as secundárias ou residuais.

Vulcanismo
Manifestações primárias

As manifestações primárias de vulcanismo caracterizam-se pela ocorrência de erupções vulcânicas.


Durantes uma erupção são emitidos, para o exterior, materiais vulcânicos.
As estruturas naturais que são responsáveis que permitem a emanação destes materiais do interior do
nosso planeta designam-se aparelhos vulcânicos.
As manifestações primárias de vulcanismo podem ser, essencialmente, de dois tipos: vulcanismo central e
vulcanismo fissural.

Tipo Central:
No vulcanismo de tipo central, o aparelho vulcânico designa-se vulcão.
Um vulcão é uma estrutura complexa, resultante da acumulação de lavas e de outros materiais eruptivos.

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Morfologia de um vulcão

Chaminés
secundárias

1. Câmara magmática: local situado no interior da Terra, onde se acumula o magma.


2. Chaminé vulcânica: local de passagem de produtos vulcânicos.
3. Cratera vulcânica: abertura do cone vulcânico que se localiza no topo da chaminé.
4. Cone vulcânico: estrutura em forma de cone vulcânico resultante da acumulação dos produtos vulcânicos.

Magma: material resultante da fusão das rochas composto por produtos no estado sólido, líquido e
gasoso.

O esvaziamento, total ou parcial, da câmara magmática torna o aparelho vulcânico instável por falta de
apoio de sustentação do cone, o que pode conduzir ao seu abatimento. Neste caso, formam-se caldeiras
vulcânicas, as quais, por definição, têm de possui, no mínimo, 1km de diâmetro. A retenção de água

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pluviais nestas depressões origina lagoas, como é o caso das lagoas das Sete Cidades, das Furnas de Fogo,
na ilha de S. Miguel, Açores.

Tipo fissural:

No vulcanismo de tipo fissural, as erupções ocorrem ao longo das fraturas da superfície terrestre. Os
materiais expelidos acabando por preencher vales preencher vales profundo ou de relevo muito
acidentado, acabando por formar vastos planaltos de acumulação vulcânica, por vezes com centenas de
milhar de quilómetros quadrados e com espessuras que podem exceder 1km.

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Materiais libertados nas erupções

Durante as erupções vulcânicas, são libertados diversos tipos de produtos, nomeadamente: piroclastos,
lava e gases.

 Gases: CO2, vapor de H2O e outros.

Básica: <50% sílica (SiO2)

 Lava Intermédia: entre 50% e 70% de sílica

Ácidas: > 70% sílica

 Piroclastos: são produtos sólidos resultantes da fragmentação da lava durante as explosões.


Podem classificar-se, de acordo com a dimensão, em:

 Poeiras e cinzas: inferiores a 2mm

 Lapili (ou Bagacina): entre 2mm e 64mm

 Bombas e blocos: são superiores a 64mm

Um critério de classificação das lavas é a viscosidade, isto é, a sua resistência ao escoamento. Os


parâmetros de que depende a viscosidade são:

 A temperatura da lava relativamente á sua temperatura de solidificação;

 A quantidade de sílica;

 A sua capacidade de retenção dos gases;

 O teor em gases.

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A conjugação destas quatro variáveis define uma variedade de lavas com diferentes graus de viscosidade.

As lavas podem apresentar características que refletem a temperatura a que solidificam e a forma como
libertaram os gases. Podem, por exemplo, ter uma textura vítrea como a obsidiana, em resultado de um
arrefecimento muito rápido.

Tipos de erupção

Erupções efusivas Erupções explosivas

Características do Características da Características do Características da


magma erupção magma erupção

-Magma viscoso (baixas


-Magma fluído (altas -Formam-se rios de lava - Não se formam
temperaturas)
temperaturas) escoadas lávicas
-Os cones vulcânicos são - Alto teor em sílica
- Baixo teor em sílica baixos (em forma de -Cones vulcânicos
(superior a 70%)
(inferior a 50%) escudo) elevados
-Os gases libertam-se c/
-Os gases libertam-se c/ -Não há emissão de -Há emissão de
dificuldade
facilidade piroclastos piroclastos.

A solidificação das lavas pode assumir diferentes aspetos em função da sua viscosidade:

Tipos de solidificação de lavas pouco viscosas

 Lavas encordoadas ou Pahoehoe:


São lavas muito pouco viscosas, que se deslocam com grande facilidade, formando escoadas muito longas.
Após a sua solidificação, originam superfícies lisas ou com aspeto muito semelhantes a cordas.

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 Lavas escoriáceas ou AA:
São lavas fluidas (menos que as pahoehoe), que se deslocam lentamente. Dão origem a superfícies ásperas
resultantes da perda rápida de gases.

 Lavas em almofada ou Pillow lavas:


Lavas fluidas (pouco viscosas) que arrefecem dentro de água, ficando com aspeto de travesseiros
sobrepostos uns em cima dos outros.

Tipos de solidificação de lavas muito viscosas e fenómenos associados

 Agulhas vulcânicas:
Forma-se quando a lava, de elevada viscosidade acaba por solidificar na chaminé, funcionando como uma
perigosa “rolha gigante”.

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 Domos ou cúpulas:
A lava solidifica sobre a abertura vulcânica, obstruindo a cratera.

 Nuvens ardentes ou escoadas piroclásticas


São massas densas de cinzas e gases incandescentes, libertadas de modo explosivo e dotadas de grande
mobilidade, com velocidade que pode atingir dezenas de quilómetros por hora. A sua capacidade
destrutiva é enorme devido á sua elevada densidade, energia cinética e energia calorifica. Por vexes, os
gases expelidos combinam-se entre si e a água, formando ácidos tóxicos.

Tipos de erupção e forma de relevo associadas


Os cones vulcânicos
apresentam vertentes
suaves, com uma
inclinação próxima dos
Vulcões em escudo ou de 2 e resultam da
tipo havaiano acumulação de
sucessivas escoadas
lávicas, geralmente
lavas pouco viscosas.

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Os cones vulcânicos são
altos e apresentam
declive acentuado
Vulcões compósitos ou (por vezes, superior a
estratovulcões 45). Resultam da
acumulação de camadas
em torno da cratera
principal ou de crateras
adventícias.
Não possuem um cone
vulcânico.
São aparelhos constituídos
Vulcões fissurais ou do tipo por extensas fraturas, que
islândico alternam entre a emissão de
lavas pouco viscosas e a
projeção de quantidades
enormes de piroclastos.

Vulcanismo
Manifestações secundárias ou residuais
Por vezes, a atividade vulcânica de uma região manifesta-se de um modo menos espetacular e violento,
nomeadamente através da libertação e/ou água a temperatura elevadas. Estas manifestações de
vulcanismo constituem fenómenos secundários ou residuais, como, por exemplo, a algumas nascentes
termais, as fumarolas e géiseres.

 Fumarolas: emissões de gases vulcânicos por fendas no solo.

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 Nascentes termais: nascentes de águas quentes devido ao calor interno da Terra, ricas em
minerais e que podem ter utilidade medicinal.

 Géiseres: emissões intermitentes de água e vapor a elevadas temperaturas.

Vulcões
e placas tectónicas

Os fenómenos vulcânicos ocorrem quer nas zonas de fronteira entre placas tectónicas- zonas
tectonicamente ativas- quer no interior das placas, zonas tectonicamente estáveis.

Vulcanismo de subducção
A convergência de duas placas obriga o mergulho da placa mais densa, originando-se uma zona de
subducção. A partir de certa temperatura induzem a fusão da placa em subducção, dos sedimentos e de
parte do manto, formando-se, desta forma, magma. Este tipo de magma, de origem pouco profunda,
origina, geralmente, erupções do tipo explosivo ou misto.

Oceano- Oceano: A convergência de duas placas oceânicas forma arcos de ilhas vulcânicas (ex.: Alasca,
Indonésia, Filipinas…)

*afunda a mais densa que é a mais antiga porque é mais fria


ver imagem 1 da pág. 117

Oceano- Continente: A colisão de uma placa oceânica com uma continental origina cadeias montanhosas
costeiras com atividade vulcânica (ex.: Andes)
ver imagem 2 da pág. 117

Vulcanismo de vale de rifte


O afastamento de placas tectónicas origina sistemas de fissuras na crusta, com milhares de quilómetros de
comprimento, através dos quais o magma ascende á superfície.
Estes magmas, muitos deles com formação pouco profunda, originam, geralmente, erupções de tipo não
explosivo (efusiva e/ou mista). 3 6

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Vulcanismo intraplaca
Este tipo de vulcanismo explica a existência de ilhas no interior de placas oceânicas e de alguns vulcões
isolados no interior dos continentes. Neste caso, os magmas, cuja origem se pressupõe em zonas mais
profundas no manto, desencadeiam, geralmente, erupções de tipo não explosivo (efusiva e/ou mista).
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Os pontos quentes correspondem aos locais da superfície terrestre por onde o magma proveniente do
manto ascendente. Podem localizar-se em zonas vulcânicas, como é o caso do Hawai, ou em zonas
continentais, como é o caso do Yellowstone, os EUA.
Pág.119!!

Distribuição geográfica
dos vulcões
As zonas do globo onde ocorre atividade vulcânica coincidem, de um modo geral, com as zonas de elevada
sismicidade. Grande parte desta atividade ocorre na fronteira de Placas do Pacifico com outras placas
continentais ou oceânicas. Por isso, esta fronteira é dignada “Anel de Fogo”

Riscos vulcânicos

A definição das áreas de maior perigosidade vulcânica- zonas de riscos vulcânico- resulta de um
levantamento dos perigos e ameaças associadas aos fenómenos eruptivos.

Perigos associados a erupções vulcânicas:

 Escoadas de lava;

 Projeção de piroclastos;

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 Libertação de gases;

 Sismos de origem vulcânica;

 Tsunamis...

Classificação
do estado eruptivo dos vulcões

Desta forma, é possível classificar o seu estado eruptivo em ativo, adormecido, extinto.

ATIVO ADORMECIDO INATIVO OU EXTINTO


Um vulcão ativo é aquele que se Um vulcão adormecido não se Um vulcão é considerado extinto ou
encontra ou que tem potencial para encontra atualmente em atividade, inativo se não possui registros da
entrar em erupção (11700). mas poderá mostrar sinais atividade nos últimos 11700 anos e
precursores e entrar de novo em se apresenta fortes sinais de erosão.
erupção.

Importância da atividade vulcânica na história da terra


Os diferentes estudos científicos parecem demostrar que a atividade vulcânica foi importante para:

 Potenciar a origem na Terra, através da libertação de calor, vapor de água e compostos essenciais
para a síntese orgânica;

 A criação da atmosfera primitiva rica em O2 e o surgimento do efeito estufa,

 As alterações dos mecanismos climáticos, nomeadamente da temperatura do ar e do ciclo


hidrológico, tornando, por vezes, as chuvas ácidas;

 Momentos de extinção em massa de organismo terrestres e marinhos

 A modelação do relevo continental e oceânico.

Benefícios da atividade vulcânica


1. Os solos são férteis devido ás cinzas e produtos vulcânicos;
2. Utilização das rochas e minerais para diversos fins;
3. Interesse turístico das paisagens vulcânicas;
4. Exploração da Energia Geotérmica;
5. As nascentes termais permitem tratamentos medicinais.

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Sismologia

A Sismologia é o ramo da Geofísica que estuda os sismos causados pela propagação de ondas sísmicas,
geradas natural e artificialmente.

Sismos: movimento vibratório da geosfera provocado pela súbita libertação de energia.

Principais causas dos sismos


 Tectónicas com origem na deformação das rochas (ex.: falhas) resultantes das tensões geradas pelos
movimentos tectónicos.
Como vimos, e de acordo com a Teoria da Tectónicas das Placas, a litosfera encontra-se fraturada- placas
tectónicas ou litosféricas- que podem convergir ou divergir ou deslocar-se horizontalmente, estando as
rochas que as compõem sujeitas a fortes estados de tensão. Estes estados de tensão permitem a
acumulação de energia, cuja libertação é responsável pela vibração sísmica.

 Vulcânico com origem no movimento do magma.

 Abatimento de grutas e cavernas.

O comportamento das rochas sujeitas a estados de tensão permite a sua classificação em rochas de
comportamento elástico, de comportamento frágil (rígido) e de comportamento dúctil (maleável).

Comportamento Comportamento Comportamento


elástico frágil dúctil

Dentro do seu limite de Atingindo o limite de elasticidade e Em condições de elevada


elasticidade, a rocha em condições de baixa temperatura e temperatura e pressão, a
recupera a sua forma pressão, a rocha sofre alteração rocha sofre alteração
inicial após a cessação irreversível, fraturando. Formam-se irreversível, sem sofrer
do estado de tensão. falhas geológicas (deformação fratura.
descontínua.

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 O comportamento frágil ou dúctil depende de vários fatores como o estado de tensão, a composição
da rocha e as condições termodinâmicas a que está sujeita.

 Os sismos formam-se quando as rochas têm comportamento frágil e atingem o seu limite de
elasticidade. Neste ponto limite, as rochas fraturam libertando instantaneamente grande parte da
energia elástica acumulada; devido ás propriedades elásticas da geosfera, os dois lados da fratura
sofrem um deslocamento que se designa ressalto elástico e é um movimento brusco.

Teoria do ressalto elástico


A teoria do ressalto elástico,

 Nos limites tectónicos, ocorre a acumulação de energia nas rochas, atingindo o limite de resistência (de
elasticidade/deformação) e ocorre rotura da rocha;

 A rotura leva a uma rápida libertação da energia acumulada, conduzindo ao ressalto dos blocos e á
vibração sob forma de ondas sísmicas da energia elástica acumulada.

Por vezes, a libertação de energia sísmica é tal que faz vibrar todo o planeta; neste caso, os ismo designa-
se de terramoto, sendo precedido e sucedido por sismos menores aos quais se dá o nome,
respetivamente, de abalos premonitórios e de réplicas.

 Os terramotos são uma consequência da formação de falhas, que podem permanecer ativas, isto é,
que podem gerar novos sismos, caso a tensão tectónica continue a atuar.

 Uma falha é a superfície de fratura, ao longo da qual ocorreu um movimento relativo entre dois blocos
que separa.

 Os sismos secundários resultam de acontecimentos geológicos locais, como, por exemplo, o


abatimento de grutas e o deslizamento de terrenos.

Parâmetros de caracterização sísmica


O local da litosfera onde ocorre a libertação da energia sísmica designa-se por foco ou hipocentro. O local
á superfície da Terra, situado na vertical do foco, chama-se epicentro. A distância entre o foco e o
epicentro designa-se por profundidade ou distância focal.

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