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Agrupamento de Escolas de Santiago da Cacém- ESMF

Biologia e Geologia – 11º Ano

Geologia – Unidade 3 – Capítulo 2.4 - Rochas Magmáticas

Magmatismo – Rochas Magmáticas

As rochas magmáticas ou ígneas estão bem representadas em Portugal. Em Portugal


continental, são sobretudo os granitos que afloram em extensas áreas localizadas,
essencialmente, a norte do rio Tejo. Os basaltos são as rochas que mais abundam nos
arquipélagos dos Açores e da Madeira. As restantes rochas magmáticas aparecem em
pequenos afloramentos dispersos pelo país.

Figura 1: A – Paisagem granítica – Monsanto; B – Paisagem basáltica – Madeira

Granitos e basaltos imprimem à paisagem aspetos muito característicos que influenciam a


flora, a fauna e, consequentemente, condicionam a fixação e o desenvolvimento das diversas
atividades humanas.

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Fonte: Manual da Porto Editora e manual Areal Editoes
 Diversidade de magmas

O magma é uma substância líquida, constituída, essencialmente, por uma mistura de rochas
num estado de fusão com percentagem variável de gases. Este “líquido rochoso” ocorre a
temperaturas muito elevadas, que rondam valores compreendidos entre os 800 ºC e 1500 ºC.
Por vezes, os magmas possuem algumas substâncias sólidas, cuja presença é explicada
pelas diferentes temperaturas de fusão dos componentes da mistura, isto é, estes materiais
sólidos possuem pontos de fusão mais elevados do que a temperatura a que se encontra o
magma.
 A formação de rochas magmáticas está, em grande parte, relacionada com a
mobilidade da litosfera e ocorre, em regra, nos limites convergentes e divergentes das
placas litosféricas. Estes limites correspondem a regiões onde as condições de
pressão e de temperatura permitem a fusão parcial das rochas da crusta e do manto
superior, originando magmas. Por consolidação desses magmas, são geradas rochas
intrusivas, ou plutónicas, e rochas extrusivas, ou vulcânicas, conforme o magma
consolida, respetivamente, em profundidade ou à superfície.
 A compreensão da génese das rochas magmáticas é apoiada em estudos de campo e
laboratoriais relativos ao contexto de ocorrência das rochas e à caracterização da sua
composição mineralógica e textural.

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Fonte: Manual da Porto Editora e manual Areal Editoes
Figura 2
Em regiões tectonicamente e vulcanicamente ativas, o aumento da temperatura com a
profundidade é muito rápido, podendo existir temperaturas da ordem dos 1000 ºC a 40 km de
profundidade, isto é, na base da crusta terrestre. Além das temperaturas elevadas, outras
condições podem contribuir para a fusão dos materiais constituintes do manto e crusta, como
a diminuição da pressão e a hidratação desses materiais.

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Fonte: Manual da Porto Editora e manual Areal Editoes
Figura 3 – Os gráficos evidenciam as condições em que se formam magmas nos ríftes e nas zonas de
subducção, respetivamente. Os pontos 1 e 2 referem-se a materiais mantélicos em diferentes condições.

A - I - Quer a diminuição de pressão resultante do movimento divergente das placas que


ocorre nas zonas de rífte quer da diminuição de pressão que se verifica nas plumas térmicas,
ao atingirem níveis mais superficiais, conduzem à fusão das rochas, originando magmas.
No caso da fusão por hidratação, a temperatura de fusão da rocha baixa devido à presença
de água, apesar de os materiais constituintes do manto permanecerem à mesma temperatura
e profundidade. No ponto 1, os materiais mantélicos estão no estado sólido. Ao ascenderem,
devido ao abaixamento de pressão, começam a passar ao estado líquido gerando-se uma
mistura de cristais e de líquido.
B- 2 - A junção de água aos materiais mantélicos desloca o ponto de fusão para temperaturas
mais baixas. Assim, o material começa a fundir a uma temperatura inferior àquela em que
fundiria na ausência de água. Este processo pode ocorrer nos limites convergentes das
placas. Aqui, a água é conduzida juntamente com os sedimentos da placa subductada. O
material fundido, por ser menos denso do que as rochas envolventes, ascende. Pode
ascender até à superfície e originar rochas extrusivas ou pode cristalizar em profundidade e

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gerar rochas intrusivas. No ponto 2, aproximadamente à mesma temperatura do ponto1, e na
presença de água contida nos sedimentos, existe já uma mistura de cristais e de líquido. Se
não existir água a essa profundidade os materiais mantém-se sólidos, ou seja, na presença
de água formam-se magmas mais cedo (temperaturas mais baixas)

Tipos de Magmas
Há diferentes tipos de rochas magmáticas. Os nomes dessas rochas baseia-se na textura e
na composição que apresentam. Estas propriedades refletem o modo como se formaram; no
entanto, todas elas provêm de três tipos fundamentais de magmas: basáltico, andesítico
e riolítico.

Figura 4 – Diferentes tipos de magmas

Os três tipos de magmas considerados formam-se em quantidades diversas. Cerca de 80%


de todos os magmas emitidos pelos vulcões são de natureza basáltica, apenas 10% são de
natureza andesítica e outros 10% de natureza riolítica. São os magmas basálticos que, por
consolidação, constituem grande parte das rochas dos fundos oceânicos.

Magmas basálticos – estes magmas são expelidos, principalmente, ao longo dos ríftes e dos
pontos quentes, tendo-se originado a partir de rochas do manto. Admite-se que o magma
basáltico resulta da fusão parcial de uma rocha constituinte do manto, o peridotito. Este tem
uma composição próxima da do basalto, mas mais rica em minerais ferromagnesianos.

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Figura 5 – Formação de magmas basálticos (segundo Skinner, B. J., e outros, Physical Geology)

Nos pontos quentes, situados nos oceanos, por vezes, fluem grandes quantidades de magma
basáltico, constituindo ilhas como as do Hawai. Nestas zonas ascendem plumas quentes
oriundas do manto profundo, talvez mesmo da zona de separação entre o manto e o núcleo
terrestre, que ao subirem devido a descompressão podem originar magma que atravessa a
placa litosférica, alimentando vulcões dos pontos quentes.
A viscosidade do magma depende da densidade, da riqueza em sílica, da temperatura e da
quantidade de fluidos que contém.
Em muitos casos, porém, o magma proveniente do manto acumula-se em câmaras
magmáticas a uma profundidade de 10 km a 30 km, permitindo a génese de rochas
plutónicas chamadas gabros.
Quando a velocidade de ascensão do magma é superior à de arrefecimento, o magma pode
chegar à superfície sem ter consolidado e, neste caso, verificam-se erupções de lava que, por
solidificação, originam rochas vulcânicas. Muitas vezes, essas rochas são basaltos cuja
textura revela duas faces de formação: uma durante a ascensão, que possibilita a génese de
cristais em desenvolvimento, e outra mais rápida, já à superfície ou próximo dela, conducente
à formação de cristais microscópicos e, por vezes, mesmo de algum material não cristalizado.

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Magmas andesíticos – formam-se, em especial, nas zonas de subducção e relacionam-se
com zonas vulcânicas, tais como os Andes, na América do sul, e as ilhas Aleutas, no Alasca.
A designação de andesíticos para estes magmas advém do facto de serem característicos
das cadeias montanhosas dos Andes. Os magmas andesíticos têm, e, geral, uma origem
muito complexa ainda não bem esclarecida.

Figura 6 – Importância da presença de água na formação de magmas andesíticos nas zonas de subducção.

A composição dos magmas andesíticos depende da quantidade e da qualidade do material


do fundo oceânico subductado. Este material inclui água, sedimentos e uma mistura de
material com origem quer da crusta oceânica, quer da crusta continental. Os sedimentos têm
água retida nos poros e são ricos em minerais de argila que contêm água na sua estrutura
cristalina. Estes sedimentos aprofundam com a subducção.
Para profundidades moderadas, cerca de 5 km, a água, em regra, é aquecida a cerca de 150
ºC, mas ela pode ser transportada para profundidades de 10 km a 20 km ou mais. A água a
temperaturas elevadas e sob pressões variáveis facilita a fusão dos materiais, originando
magmas andesíticos com composições diversas.
As rochas magmáticas destas zonas de subducção são, geralmente, mais ricas em sílica do
que os basaltos das dorsais oceânicas e incluem um mineral do grupo das plagióclases, a
andesina.

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Se os magmas andesíticos consolidarem em profundidade, originam rochas chamadas
dioritos. Se a consolidação ocorre à superfície ou próximo dela, formam-se rochas que se
designam por andesitos.

Magmas riolíticos – admite-se que os magmas riolíticos se originam a partir da fusão das
rochas constituintes da crusta continental. Estes magmas tendem a ser muito ricos em gases,
porque resultam da fusão das rochas da crusta continental, ricas em água e dióxido de
carbono.

Figura 7 – Formação de magmas em contextos de colisão de placas litosféricas.

Durante a fusão das rochas continentais, os gases concentram-se no magma. As zonas da


Terra onde parecem existir as condições de pressão, de temperatura e de percentagem de
água adequadas à génese de magmas riolíticos situam-se na crusta em locais onde se
verifica o choque de placas dando origem a cadeias montanhosas. Nessas regiões, a crusta
deforma-se devido à ação de tensões tectónicas, aumentando de espessura com
consequente aumento de pressão e de temperatura, criando as condições necessárias ao
metamorfismo e, muitas vezes, também à fusão parcial das rochas da crusta. Parece ser esta
a origem dos magmas riolíticos.
O magma riolítico, caracterizado pela sua grande viscosidade, ao ascender, atinge, a
determinada altura, condições incompatíveis com o estado de fusão. Admite-se que seja a
partir de magmas riolíticos que, por consolidação em profundidade, se formam granitos que
mais tarde, por erosão das rochas suprajacentes, podem ser postos a descoberto.

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 Consolidação de magmas

Numa rocha magmática, a génese dos diferentes minerais que a constituem não é
simultânea, porque os diferentes minerais têm diferentes temperaturas de cristalização.
Os magmas são misturas de líquidos, gases e minerais no estado sólido. Durante a
consolidação do magma, verificam-se fenómenos de cristalização de certos componentes
magmáticos, originando minerais, sublimação de vapores ou ainda fenómenos de
vaporização de fluidos com deposição de substâncias dissolvidas, de acordo com as
mudanças de pressão e de temperatura que vão decorrendo durante o processo.

 Formação de minerais

A formação e o desenvolvimento de cristais implicam determinadas condições do meio. Os


movimentos das partículas no espaço dependem não só das condições internas inerentes à
própria natureza das substâncias que cristalizam mas também de fatores externos. Os
principais fatores externos que condicionam a formação de cristais são: a agitação do meio
em que se formam; o tempo; o espaço disponível; e a temperatura. Quanto mais calmo
estiver o meio, quanto mais lento for o processo e quanto maior for o espaço disponível, mais
desenvolvidos e perfeitos são os cristais obtidos. As partículas vão-se organizando
ordenadamente nas diferentes direções do espaço, o que determina um crescimento
harmónico. Pode acontecer que os fatores condicionantes não afetem a cristalização do
mesmo modo em todas as direções e o cristal não tenha a mesma facilidade de se
desenvolver nas diferentes direções, ficando o seu crescimento condicionado pelo
crescimento dos outros cristais que o rodeiam.
A forma dos cristais é dependente das condições envolventes, mas a estrutura cristalina é
constante e independente dessas condições.

Figura 8 – Malha elementar

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Figura 9 – Rede tridimensional ou sistema reticular

A estrutura cristalina implica, pois, uma disposição ordenada dos átomos ou iões, que formam
uma rede tridimensional que segue um modelo geométrico regular e característico de cada
espécie mineral.
Nos cristais, cada partícula é um átomo ou ião que ocupa uma posição de modo a ordenar-se
no espaço segundo uma rede própria, ficando depois a oscilar em torno da sua posição de
equilíbrio.
Propriedades como a clivagem, condutibilidade calorífica e mesmo as diferenças de dureza
verificadas em diferentes direções numa mesma face de um cristal são facilmente explicadas
à luz da teoria reticular. Essas propriedades dependem das forças que ligam as partículas
entre si.

Figura 10 – Diferentes aspetos de cristais de pirite.

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O estado cristalino constitui a organização normal de todos os corpos sólidos desde que as
condições ambientais o propiciem. Por vezes, as partículas não chegam a atingir o estado
cristalino. A estrutura fica desordenada, como a dos líquidos, embora apresente a rigidez e a
baixa compressibilidade dos sólidos. A matéria nestas condições tem estrutura amorfa ou
vítrea.( obsidiana; opala…)
Em condições de formação ideais, a organização interna manifesta-se na sua forma exterior,
formando minerais delimitados por superfícies planas. Na situação oposta, formam-se
minerais sem superfícies planas.
Desta forma, definem-se três tipos de cristais:
 cristal euédrico, se o mineral é totalmente limitado por faces bem desenvolvidas;
 cristal subédrico, se o mineral apresenta faces parcialmente bem desenvolvidas;
 cristal anédrico, se o mineral não apresenta qualquer tipo de faces.

 Silicatos – principais constituintes das rochas

Aproximadamente 95% da massa e do volume da crusta terrestre são formados por minerais
pertencentes ao grupo dos silicatos.
A estrutura mais comum de todos os silicatos é o ião (SiO 4)4-.

Figura 11 – Estrutura do quartzo.

Os tetraedros de (SiO4)4-, geralmente, têm tendência para se polimerizar, isto é, para se ligar
uns aos outros de modo a formarem conjuntos complexos. Os diferentes tipos de
polimerização caracterizam diferentes tipos de silicatos. A natureza das partículas e a forma

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como se ligam determinam as propriedades dos minerais formados. Principais silicatos
ocorrentes nas rochas magmáticas: olivina, horneblenda, augite, quartzo, albite (plagioclase
sódica), moscovite, biotite, ortóclase, anortite (plagióclase cálcica).

 Isomorfismo e polimorfismo

Isomorfismo – minerais que, embora quimicamente diferentes, apresentam a estrutura


interna idêntica e formas externas semelhantes, designando-se esses minerais por
substâncias isomorfas.
Em certos casos de substâncias isomorfas, pode ocorrer a substituição, na rede estrutural, de
um tipo de ião por outro ião diferente. Esta substituição é possível se houver afinidade
química entre essas partículas e se os raios dos iões intersubstituíveis forem semelhantes. Se
se substituir um tipo de ião por outro diferente mas de igual carga elétrica, a rede permanece
estável ou as distorções são pequenas, se os raios diferirem pouco. É mesmo possível que
um ião seja substituído por outro em qualquer proporção, existindo combinações intermédias.
É o caso, por exemplo, de um grupo de feldspatos designados por plagioclases, que são
silicatos em que o Na+ e o Ca2+ se podem intersubstituir.

Figura 12 – Plagioclases – misturas de albite (plagioclase sódica) e anortite (plagioclase cálcica).

A um conjunto de minerais como estes, que, mantendo constante a sua estrutura interna,
variam de composição química, chama-se série isomorfa ou solução sólida, e os cristais
constituídos designam-se por cristais de mistura, misturas sólidas ou misturas isomorfas.
Na substituição do Na+ por Ca2+, os iões permutados têm volume idêntico e carga elétrica
diferente. A geometria do conjunto mantém-se, mas não a neutralidade elétrica. Como a
neutralidade é uma condição indispensável, quando tal acontece substitui-se ao mesmo
tempo outro tipo de ião da rede cristalina, de modo que a dupla substituição respeite essa
neutralidade elétrica. Assim, na rede o Na + é substituído por Ca 2+, de tamanho semelhante, e,

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simultaneamente, o Si4+ pode ser substituído por Al3+. Outra série isomorfa é a das olivinas,
na qual o Mg2+ e Fe2+ se substituem mutuamente: Forsterite (Mg SiO 4) ; Faialite (Fe SiO4).

A elevação da temperatura, fazendo aumentar a amplitude das oscilações das partículas,


pode ocasionar uma maior flexibilidade estrutural do cristal, facilitando as intersubstituições
de partículas consideravelmente diferentes.

Polimorfismo – podem ainda ocorrer na Natureza minerais que apesar de terem a mesma
composição química apresentam redes cristalinas diferentes. Este fenómeno é designado por
polimorfismo. O carbonato de cálcio (CaCO 3), por exemplo, pode formar dois minerais
diferentes, a calcite e a aragonite.
Também o carbono pode cristalizar, originando dois minerais diferentes, o diamante e a
grafite, com arranjos diferentes dos átomos de carbono que os constituem.

Figura 13 – Condições de formação do diamante e da grafite. O segmento representado pela cor vermelha
marca os limites de estabilidade entre a grafite e o diamante, nas condições indicadas no gráfico.

A influência de dois fatores ambientais, a temperatura e a pressão, fazem com que o carbono
possa originar dois minerais diferentes. Para baixas pressões, o carbono cristaliza com uma
estrutura estável originando grafite. O termo estável significa que o mineral está em equilíbrio
com o ambiente, não tendendo a modificar a sua composição ou a sua estrutura. A altas

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pressões é o diamante que se forma. Tipicamente, a estrutura é mais densa. O diamante
apresenta um arranjo dos átomos de carbono mais “empacotado” e estável para
profundidades superiores a 150 km, esta estrutura confere ao mineral maior densidade e
dureza.

 Diversidade de rochas magmáticas

As rochas magmáticas são agregados naturais, coerentes, de vários minerais, os quais


conservam individualmente as suas propriedades, e que resultam do arrefecimento e da
solidificação de magmas. Se essa consolidação ocorre no interior da Terra, a grande
profundidade, as rochas que se formam designam-se rochas plutónicas ou intrusivas. Se o
magma ascender do interior da Terra e consolidar à superfície, ou perto dela, as rochas
resultantes designam-se rochas vulcânicas ou extrusivas.
As rochas magmáticas podem apresentar grande diversidade de aspetos em consequência
de diferentes condições de génese e também da diversidade de magmas que as originaram.
A classificação das rochas magmáticas tem como base fundamental dois critérios: a
composição mineralógica e a textura.

Composição mineralógica – dos minerais que constituem as rochas magmáticas destacam-


se os silicatos. Por tradição, e porque o oxigénio é o elemento mais abundante, é usual
exprimirem-se as variações dos componentes em termos óxidos. O óxido mais abundante é o
dióxido de silício, SiO2 – sílica, sendo ele que condiciona, fundamentalmente, o tipo de rocha
magmática. Assim, consideram-se quatro grandes tipos de rochas, de acordo com a
percentagem de sílica.
Tabela I – Rochas Magmáticas

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Dos minerais que constituem as rochas magmáticas, fazem parte dois grandes grupos:
 Minerais essenciais – minerais cuja presença permite caracterizar a rocha e
determina a sua designação. Deste grupo, os minerais mais citados são o quartzo, o
feldspato, a moscovite, a biotite, a piroxena, a anfíbola e a olivina.
 Minerais acessórios – minerais que não são importantes para designar a rocha e que
ocorrem em quantidades diminutas, só visíveis, por vezes, ao microscópio. Podem, no
entanto, ser importantes na caracterização e descrição mais aprofundada da rocha.
Como exemplo, destacamos a magnetite, o zircão, a apatite, o rútilo e a turmalina.

Uma das propriedades que permitem dar ideia da composição mineralógica das rochas é a
tonalidade geral que apresentam. Minerais como o quartzo, feldspatos (ortóclase e
plagióclases) e moscovite são minerais de cores claras e pouco densos, chamando-se
minerais félsicos (feldspato + sílica). A biotite, as piroxenas, as anfíbolas e a olivina, pelo
facto de serem ricas em ferro e em magnésio, apresentam cores escuras e são designadas
por minerais máficos (magnésio + ferro).
Conforme o predomínio de um ou de outro grupo de minerais, as rochas apresentam
tonalidades diferentes.
Quando os minerais predominantes são félsicos, como no caso das rochas ácidas, essas
rochas são claras e designam-se leucocratas. Se os minerais predominantes são máficos, o
que acontece nas rochas básicas, as rochas resultantes designam-se por melanocratas. Se
as rochas apresentam coloração intermédia, designam-se mesocratas.
Quando são constituídas exclusivamente por minerais félsicos ou por minerais máficos, as
rochas designam-se hololeucocratas e holomelanocratas, respetivamente.

Textura – é o aspeto geral, microscópico ou macroscópico, da rocha resultante das


dimensões, da forma e do arranjo dos minerais constituintes. A viscosidade e o tempo de
arrefecimento dos magmas são fatores que interferem no tamanho dos cristais que as rochas
apresentam.
Nas rochas magmáticas consideram-se dois grandes grupos de texturas: textura fanerítica
(granular) e textura afanítica (agranular).

Rocha com textura fanerítica – rocha formada por cristais relativamente desenvolvidos e
visíveis a olho nu. Este tipo de textura é característico das rochas intrusivas/plutónicas e pode
apresentar aspetos variados.

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Rocha com textura afanítica – rocha em que os minerais podem apresentar-se todos
cristalizados, mas de pequeníssimas dimensões, ou pode mesmo formar-se uma pequena
porção de matéria não cristalizada. Neste caso, o aspeto macroscópico da rocha é mais ou
menos homogéneo. A textura afanítica é característica das rochas resultantes de magmas
que sofreram um arrefecimento mais ou menos rápido. Há casos em que existem alguns
cristais visíveis à vista desarmada. Este tipo de textura reflete, muitas vezes, dois tempos de
cristalização. Alguns minerais individualizam-se num primeiro tempo e apresentam-se mais
desenvolvidos, enquanto os restantes formam uma massa microcristalina ou mesmo vítrea
em quantidades reduzidas (Ex. Basalto com cristais de olivina)

Figura 14 – Classificação de algumas rochas magmáticas em função da textura, da percentagem de sílica, da


cor e da composição mineralógica.

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Alguns exemplos de rochas magmáticas

 Riolito e Granito

Quando ocorre o choque entre duas placas continentais com consequente formação
de cadeias montanhosas, o forte atrito que se verifica nas zonas profundas da região
vai produzir um aumento de pressão e de temperatura, que irá provocar a fusão das
rochas constituintes da crusta. Desta forma, o magma resultante será muito rico em
sílica. Neste ambiente geodinâmico formam-se dois tipos mais comuns de rochas
magmáticas ácidas, o granito e o riolito.

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 Basalto e Gabro

Uma grande parte do manto superior é constituída, essencialmente, por peridotito, uma
rocha holomelanocrata, rica em minerais máficos, como a olivina e a piroxena. Quando
uma porção de peridotito se desloca na astenosfera, com um sentido ascendente, a
diminuição de pressão provoca a fusão de minerais ferromagnesianos, possibilitando
assim a formação de um magma de composição basáltica. As duas principais rochas
geradas a partir deste tipo de magma são os basaltos e os gabros.

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 Andesito e Diorito

Em locais de colisão de uma placa continental com uma placa oceânica, com
subducção desta última, o magma resultante provem da fusão parcial de partes do
manto e da crusta sob condições especiais de temperatura e pressão. Estas condições
são o resultado da forte fricção que ocorre durante o movimento mergulhante da crusta
oceânica sob a crusta continental. A acrescentar a este mecanismo, a água contida
nos sedimentos que fazem parte da placa oceânica contribui para a formação de uma
região aquosa. Deste modo, o magma tem tendência para adquirir composição
química intermédia, designando-se por magma andesítico. As rochas que,
geralmente, se formam a partir deste magma são o andesito e o diorito.

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 Diferenciação magmática

Embora existam apenas três tipos fundamentais de magmas, podem encontrar-se diversas
famílias de rochas magmáticas. Um só magma pode originar diferentes tipos de rochas, visto
ser constituído por uma mistura complexa que, ao solidificar, forma diferentes associações de
minerais. Como a cristalização desses minerais ocorre a temperaturas diferentes
(formação sequencial de minerais), formam-se durante o processo diferentes associações
de cristais e um magma residual (magma que não cristalizou). A composição do líquido
residual vai-se modificando conforme a temperatura vai baixando, podendo originar-se rochas
diferentes a partir do magma original. Pode, então, afirmar-se que existe uma diferenciação
magmática por cristalização fracionada, isto é, realizada em tempos diferentes.

Figura 14 – Cristalização fracionada.

O cientista que primeiro compreendeu a importância da diferenciação magmática foi Bowen


(1887-1956), nos princípios do século XX. Bowen investigou a formação dos cristais e, em
especial, a ordem pela qual eles cristalizam em magmas em arrefecimento, que, devido a
essa cristalização, vão variando de composição. Em trabalhos laboratoriais, estabeleceu a
sequência de reações que ocorrem no magma durante a diferenciação. Este processo
designa-se cristalização fracionada e é um dos processos responsáveis pela diferenciação
magmática.

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Figura 15 – Série Reacional de Bowen.

Segundo Bowen, existem duas séries de reações que se designam, respetivamente, por
série dos minerais ferromagnesianos ou série descontínua e série das plagioclases ou
série contínua. Estas séries refletem fenómenos que ocorrem simultaneamente à medida
que a temperatura do magma vai baixando.

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Durante o arrefecimento do magma na série descontínua, primeiro formam-se as olivinas,
cujo ponto de fusão é mais elevado. Posteriormente cristalizam as piroxenas, depois as
anfíbolas e, por fim, a biotite.
Simultaneamente, com a cristalização da olivina forma-se anortite da série contínua. À
medida que a temperatura vai diminuindo na rede cristalina da anortite, o cálcio pode ser
progressivamente substituído por sódio em todas as proporções, originando a série das
plagióclases sucessivamente mais ricas em sódio. Essa substituição faz-se de forma
contínua, dependendo da composição do magma inicial.
A temperaturas mais baixas, o magma residual formará feldspato potássico, moscovite e,
finalmente, quartzo, que cristaliza nos espaços existentes entre os cristais já formados.

Supondo que os cristais de olivina, piroxenas e algumas plagióclases calcossódicas se


separam do restante magma, forma-se uma rocha – o gabro. O magma residual fica então
relativamente enriquecido em sílica, alumínio e potássio, porque a maior parte do cálcio, ferro
e magnésio já se esgotou. Este magma residual pode migrar para um contexto físico diferente
daquele em que se geraram os primeiros cristais de olivina, piroxenas e plagióclases
calcossódicas. O resultado pode ser a formação de uma rocha como o granito, composto
essencialmente por quartzo, moscovite e feldspato potássico. Nesta situação, o magma que
originou o granito foi o resultado final da diferenciação magmática operada num magma de
natureza basáltica.

Pela análise atenta da Série Reacional de Bowen, é possível compreender:


 quais os minerais que, tipicamente, estão associados às diferentes rochas
magmáticas;
 que a associação, numa mesma rocha, de olivina e de quartzo é altamente improvável,
ou, pelo menos, a sua ocorrência simultânea é muito limitada;
 que os minerais formados a altas temperaturas são menos estáveis quando
submetidos às condições de meteorização que ocorrem na superfície terrestre. As
olivinas e as piroxenas alteram-se mais rapidamente, ao contrário do quartzo, que é
mais resistente.

 As últimas frações do magma, constituídas por água com voláteis e outras substâncias
em solução, como sílica, a plagióclase sódica e o feldspato potássico, que constituem
as soluções hidrotermais, podem preencher fendas das rochas, onde os materiais
remanescentes cristalizam, formando estruturas chamadas filões. Os filões podem ser
constituídos por um só mineral ou por vários minerais associados.

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Segundo Bowen, é possível que um magma basáltico possa produzir magmas diversificados,
nomeadamente magmas riolíticos:
 No entanto, nem grandes volumes de magma riolítico nem grandes corpos graníticos
se podem formar por cristalização fracionada.
 Somente 10% de um magma com a composição do magma basáltico pode diferenciar-
se em magma riolítico.
 Ora, como sabemos, os maciços graníticos atingem grandes volumes na crusta
continental. Além disso, os granitos ocorrem sempre na crusta continental e, portanto,
se a sua génese se relacionasse apenas com magma basálticos, seria de esperar
encontra-los na crusta oceânica, onde os basaltos são mais comuns. Parece ser, pois,
de aceitar para a génese da maioria dos granitos a ideia de que grande parte resulta
de magmas riolíticos provenientes da fusão parcial das rochas da crusta continental.

Atualmente, pensa-se que o processo de diferenciação é bem mais complexo do que


anteriormente se admitia:
 Os magmas não arrefecem uniformemente. Podem existir transitoriamente diferenças
de temperatura dentro da câmara magmática, podendo causar variações locais da
composição do magma.
 Alguns magmas são imiscíveis, isto é, não se misturam com outros. Quando tais
magmas coexistem na mesma câmara magmática, cada um forma os seus cristais.
 Magmas imiscíveis podem dar origem a cristais diferentes daqueles que dariam
isoladamente.
 Os magmas, ao consolidarem, podem assimilar materiais das rochas encaixantes que
modificam a sua composição.

2.4 Rochas Magmáticas 23


Fonte: Manual da Porto Editora e manual Areal Editoes
Figura 16 – Processos que podem ocorrer numa câmara magmática.

2.4 Rochas Magmáticas 24


Fonte: Manual da Porto Editora e manual Areal Editoes

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