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EFEITO ESTUFA: CAUSAS ANTROPOGÊNICAS

Technical Report · January 2012

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Susan Bruna Carneiro Aragão Mendes

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE QUÍMICA

QFL 5700 - QUÍMICA ATMOSFÉRICA E MUDANÇAS GLOBAIS


Profa. Pérola de Castro Vasconcellos

EFEITO ESTUFA: CAUSAS ANTROPOGÊNICAS

Leila Inês Follmann Freire n° USP: 7837490


Luciane Fernandes de Goes n° USP: 5638122
Susan Bruna Carneiro Aragão n° USP: 291356

São Paulo
2012
Sumário

1. Introdução ...................................................................................................................................................................................2
1.1. Balanço Energético da Terra ..............................................................................................................................................2
1.2. Quais são os gases estufa? ..................................................................................................................................................4
1.3. Forçante Radiativa .............................................................................................................................................................5
1.4. Potencial de Aquecimento Global ......................................................................................................................................6
1.5. Dióxido de Carbono Equivalente .......................................................................................................................................7
2. Efeito Estufa: Causas antropogênicas e consequências ..............................................................................................................8
2.1. Causas Antropogênicas ......................................................................................................................................................9
2.2. Principais Gases Estufas ..................................................................................................................................................10
2.2.1. Gás Carbônico (CO2) ................................................................................................................ 12
2.2.2. CFCs ........................................................................................................................................... 14
2.2.3. Metano (CH4) ............................................................................................................................. 15
2.2.4. Óxido Nitroso (N2O) .................................................................................................................. 16
2.3. Consequências ..................................................................................................................................................................17
2.3.1. Ecossistemas ............................................................................................................................... 20
2.3.2. Alimentos ................................................................................................................................... 21
2.3.3. Costas ......................................................................................................................................... 22
2.3.4. Indústria, assentamentos humanos e sociedade .......................................................................... 23
2.3.5. Saúde .......................................................................................................................................... 24
2.3.6. Recursos hídricos e sua gestão ................................................................................................... 25
3. Possibilidades para o futuro ......................................................................................................................................................26
3.1. Adaptação às mudanças climáticas ..................................................................................................................................26
3.2. Mitigação da Mudança do Clima .....................................................................................................................................27
3.3. Convenção de Viena e Protocolo de Montreal .................................................................................................................29
3.4. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) ...............................................................30
3.5. O Protocolo de Quioto .....................................................................................................................................................31
3.6. Política Nacional sobre Mudança do Clima no Brasil ......................................................................................................31
3.7. O Programa Nacional de Mudanças Climáticos no MCT ................................................................................................33
4. Conclusões ................................................................................................................................................................................34
5. Referências Bibliográficas ........................................................................................................................................................36

1
1. Introdução

A atmosfera terrestre é um sistema dinâmico que sofre mudanças contínuas quando


submetida aos processos físicos e químicos. Ela é composta pelos gases nitrogênio (78%),
oxigênio (21%), argônio (0,9%) e dióxido de carbono (0,03%). Outras substâncias podem
estar presentes, como metano, ozônio, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio,
clorofluorcarbonos (CFCs), aerossóis, entre outros. O vapor de água encontra-se nas camadas
mais baixas da atmosfera. Apesar de a atmosfera ter sido constituída há 3,5 milhões de anos,
as principais substâncias químicas presentes em sua composição são produzidas através de
atividades biológicas ou são afetadas por elas (BAIRD, 2002).
Um dos fenômenos naturais que ocorre na atmosfera é o Efeito Estufa. Ele é causado
pela absorção da radiação solar emitida pela superfície aquecida da Terra pelos gases
constituintes da atmosfera, aumentando a temperatura do planeta, o que chamamos de
Aquecimento Global. O Aquecimento Global pode ser definido como um fenômeno natural,
intensificado pela ação humana, em que há um aumento na temperatura global da atmosfera
na superfície próxima da Terra. Esse aquecimento é determinado por quatro fatores: a
quantidade de luz recebida pela Terra; a quantidade de luz refletida pela Terra; a retenção de
calor pela atmosfera e evaporação e condensação de água (BOTKIN e KELLER, 2011).

1.1. Balanço Energético da Terra

A radiação solar é um dos principais fatores que assegura a vida na Terra. O Sol emite
a energia, radiação eletromagnética, necessária para que a vida exista. Quando a radiação
solar atinge a Terra, ela pode ser refletida, espalhada ou absorvida. Por isso, chamamos de
Balanço Energético da Terra a diferença entre a entrada e a saída de energia, ou seja, como a
energia é distribuída no planeta. A energia emitida pelo Sol na forma de radiação
eletromagnética mantém aquecidas a atmosfera e a superfície terrestre. Essa radiação
compreende diferentes comprimentos de onda, constituindo um espectro eletromagnético.
Este espectro pode ser dividido em algumas regiões, por exemplo, a luz visível está
compreendida entre 400 a 750nm, acima de 750nm encontra-se os raios ultravioleta e abaixo
de 400nm o infravermelho, conforme a figura a seguir:

2
Figura 1: Espectro Eletromagnético (Disponível em: http://www.vision.ime.usp.br/~ronaldo/mac0417-
03/aula_02.html. Acesso em: 20 set 2012)

Cerca 30% da radiação solar que chega na Terra é refletida de volta ao espaço pelas
nuvens, gelo, neve, areia e outros corpos refletores, sem que ocorra qualquer absorção, 45%
da radiação incidente é absorvida pela superfície da Terra, e outros 25% são absorvidos por
gases que são chamados Gases Efeito Estufa (GEE) como o CO2, CH4, O3, NOx e vapor de
água. Porém, além de absorverem, esses gases reemitem a radiação na forma de raios
infravermelhos aquecendo a atmosfera. Por isso, a temperatura da superfície da Terra é cerca
de +15°C, em vez de -15°C (BAIRD, 2002).

Figura 2: Balanço Energético Terrestre (SOLOMON et al., 2007)

3
1.2. Quais são os gases estufa?
Existem alguns gases que chamamos de Gases Efeito Estufa (GEE), eles são os
responsáveis pelo aquecimento da temperatura global terrestre. Em porcentagem são eles:
60% vapor de água, 25% dióxido de carbono, 8% ozônio e o restante provêm de gases como
o metano e óxidos de nitrogênio (KARL E TRENBERTH, 2003).
Esses gases são chamados de Gases Efeito Estufa (GEE), pois conseguem absorver a
radiação infravermelha aumentando o estiramento das ligações dos átomos que os
constituem. Na molécula de CO2, essa absorção acontece no estiramento assimétrico das
ligações podendo absorver metade da luz infravermelha térmica refletida que possuem
comprimentos de onda na região entre 14-16μm.

Figura 3: Molécula de CO2 (Disponível em: http://www.shutterstock.com/pic-90941642/stock-photo-


molecule-of-carbon-dioxide.html?src=c30a7f1ebf57463ace31783813caef55-1-13. Acesso em: 15/09/2012)

De maneira análoga, cada gás estufa absorve radiação em um determinado


comprimento de onda, de acordo com a figura 3 (BAIRD, 2002).

Figura 4: Intensidade de luz infravermelha térmica (linha contínua) medida experimentalmente, que
deixa a superfície da Terra (acima do deserto do Saara), comparada com a intensidade teórica que seria esperada
sem a absorção pelos gases indutores do efeito estufa (linha tracejada). As regiões de comprimento de onda de

4
maior absorção pelos gases encontram-se indicadas (BAIRD, 2002).

Assim, a absorção da luz pelas moléculas é mais eficiente quando as frequências da


luz e das vibrações moleculares quase se igualam.
É importante ressaltar que o Efeito Estufa é um fenômeno natural e que o vapor de
água é o principal gás responsável por esse efeito, cerca de 60% (KARL E TRENBERTH,
2003). Entretanto, com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e seu uso intensificado,
influencia na composição da atmosfera se tornou um novo fator contribuindo para a
intensificação desse efeito.
Os principais fatores antropogênicos para a intensificação desse fenômeno são: a
queima de combustíveis fósseis e o desmatamento, contribuindo para o aumento das
concentrações de CO2 na atmosfera e outras atividades humanas como a emissão dos
chamados CFCs (clorofluorcarbonos), que são atóxicos para os seres vivos, porém,
contribuem para a intensificação do Efeito Estufa, além de outros gases como o ozônio, o
etano e os óxidos de nitrogênio provenientes da decomposição da matéria orgânica.

1.3. Forçante Radiativa


Também conhecido como forçamento radiativo, esse indicador vem sendo utilizado
pelo próprio Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) para contabilizar o conjunto
dos efeitos que alteram o clima de nosso planeta. O Quarto Relatório de Avaliação do IPCC
(SOLOMON et al., 2007) define o conceito de forçante radiativa (FR) como a diferença em
irradiância líquida na tropopausa, em unidades de wm-2, entre um estado de referência e um
estado perturbado. A perturbação ocorre pela ação de um agente forçante enquanto as
temperaturas de superfície e da troposfera são mantidas fixas, mas permitindo-se que a
estratosfera atinja o equilíbrio radiativo (FORSTER et al.., 2007). Assim, a influência de um
fator que pode contribuir para a mudança do clima, como um gás de efeito estufa, é
normalmente avaliada em termos de sua forçante radiativa.
A forçante radiativa capacita os cientistas para que avaliem se a tendência global é de
aquecimento ou de esfriamento, a partir da totalização dos valores encontrados para as
variações específicas de cada um dos fatores atuantes num dado período. Uma forçante
radiativa positiva significa que um agente tende a aquecer o planeta, ao passo que valores
negativos indicam uma tendência de resfriamento.

5
Nesse campo, os cientistas do clima têm alguns desafios importantes. Por exemplo,
eles devem identificar:
a) Cada um dos fatores que afetam o clima
b) Os mecanismos por intermédio dos quais tais fatores exercem um forçamento
c) Quantidade de forçamento radiativo de cada fator
d) O forçamento radiativo total de um grupo de fatores
Calcular a forçante radiativa de um agente climático é como definir uma escala
padrão, que permite a possibilidade de se estimar a intensidade de sua perturbação sobre o
clima, para algum local ou região do globo.
Os gases de efeito estufa exercem um forçamento radiativo de forma direta e de forma
indireta. A forma direta ocorre quando o próprio gás é um gás de efeito estufa, ou seja, a
seção de choque da molécula do gás interage fortemente com a radiação térmica. A forma
indireta de forçamento radiativo ocorre quando há transformações químicas no gás original
que produz outro gás ou gases que apresentam propriedades de alta interação com a faixa
térmica de radiação do espectro eletromagnético.

1.4. Potencial de Aquecimento Global


O volume das emissões é apenas um indicador quantitativo da presença dos gases na
atmosfera, pois a contribuição efetiva de cada substância ao aquecimento global deve ser
ponderada pelo peso molecular e pelo tempo de permanência médio na atmosfera e pelo
efeito de aquecimento cumulativo de cada gás. A ponderação de todos estes fatores vai
fornecer o Poder de Aquecimento Global, do inglês, Global Warming Potential (GWP),
calculado pelo IPCC.
Este índice foi criado de forma a instrumentar a esfera de tomada de decisão quanto
ao efeito relativo dos gases causadores do aquecimento global entre o presente e outro
intervalo de tempo escolhido (IPCC,1995).
O GWP é expresso como a integração no tempo do forçamento radiativo de uma
emissão instantânea de 1 kg de um dado gás traço relativo a 1 kg de um gás tomado como
referência (IPCC,1992):

Onde: TH é o horizonte de tempo no qual o cálculo é considerado; ax é o forçamento


radiativo relacionado à mudança do clima do incremento de uma unidade do gás em questão
6
na concentração atmosférica; [x(t)] é o decaimento da concentração ao longo do tempo de um
pulso de gás injetado na atmosfera. As mesmas definições correspondentes ao gás de
referência estão no denominador. O gás de referência geralmente adotado pelo IPCC é o CO2
por ser o gás dominante na emissão por fontes antropogênicas, sendo desta forma o de maior
interesse para considerações de políticas.
O Potencial de Aquecimento Global é calculado sobre um intervalo de tempo
específico, o qual deve ser declarado juntamente com o valor de GWP. Como exemplo, o
potencial de aquecimento global do gás metano em 100 anos é 21 vezes maior do que o
potencial do CO2, o que significa que uma tonelada de metano absorve 21 vezes mais
radiação do que uma tonelada de CO2. Interessante observar que o GWP do óxido nitroso
(N2O) é 310.
A tabela 1, a seguir, mostra o valor do GWP nos relatórios científicos do IPCC:

Tabela 1 – GWP dos Gases de Efeito Estufa (IPCC,1992)

Potencial de aquecimento global


Fórmula Tempo de vida (horizonte de tempo)
Espécies
química (anos)
20 anos 100 anos 500 anos
Dióxido de
CO2 Variável 1 1 1
Carbono
Metano CH4 12 62 23 7
Óxido Nitroso N2 O 114 275 296 156

Vale ressaltar que, apesar do GWP de todos os gases serem maiores que o GWP do
CO2, está em maior quantidade que os demais, tendo, portanto, maior representatividade no
efeito estufa.

1.5. Dióxido de Carbono Equivalente


A emissão de CO2-equivalente é a quantidade de emissões de CO2 que resultaria, para
um dado tempo, a mesma forçante radiativa integrada ao longo do tempo que uma quantidade
emitida de gases de efeito estufa de longa permanência ou uma mistura de GEE. Para um gás
de efeito estufa, as emissões de CO2-equivalente são obtidas pela multiplicação da quantidade
de GEE emitida pelo seu potencial de aquecimento global (GWP) para um determinado
tempo. Para uma mistura de GEE, obtém-se o valor total somando os valores individuais de

7
CO2-equivalente de cada um dos gases. As emissões de CO2-equivalente constituem um valor
de referência e uma métrica útil para comparar as emissões de GEE diferentes, mas não
implicam respostas idênticas às alterações climáticas.

2. Efeito Estufa: Causas antropogênicas e consequências

Na história do planeta Terra, é possível perceber que o meio ambiente sempre passou
por mudanças. Grande parte delas foram e continuam sendo devido às causas naturais, sobre
as quais temos pouco (ou nenhum) controle como, por exemplo, as erupções vulcânicas, os
terremotos, furacões, inundações, entre outros. Não há dúvida de que tudo isso traz
consequências para o meio ambiente. Por outro lado, ocorrem mudanças que são causadas
pela ação humana, consideradas antropogênicas. Essas mudanças eram pouco significativas
no passado, mas a partir da revolução industrial passaram a ter muita importância,
principalmente, devido ao aumento da população e do consumo de bens e serviços que
demandam mais energia e a utilização dos diferentes espaços do planeta de formas diversas.
O quarto relatório do IPCC (PACHAURI e REISINGER, 2007) classifica como
“muito provável” (até 90% de chance) que, desde meados do século XX, as atividades
humanas estejam contribuindo para o aumento da temperatura da atmosfera, principalmente
devido à queima de combustíveis fósseis. No relatório de 2001 essa questão era tida apenas
como “provável” (66% de chances ou mais).
O problema ambiental mais discutido pela mídia1, nas instituições educativas e de
pesquisa, desde os relatórios do IPCC, principalmente o segundo (SAR2) e o terceiro (TAR3),
é o aquecimento global, decorrente das emissões dos gases de efeito estufa provenientes da
intensificação das atividades humanas. O SAR (IPCC, 1995) aponta que o aumento da
concentração de gases de efeito estufa, desde a época pré-industrial, levou a uma forçante
radiativa positiva do clima, o que tende a aquecer a superfície do planeta e gerar outras
mudanças climáticas. Em função da presença de alguns gases (CO2 e N2O, por exemplo) na
atmosfera ser longa, a forçante radiativa desses GEE afetará por muito tempo a
potencialização do efeito estufa (IPCC, 1995).

1
A título de exemplo, no período entre fevereiro de 2000 e agosto de 2001, nos sites da Internet dos jornais
Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo e das revistas Veja, Época, Super Interessante e Galileu, foram
publicados 26 textos referentes ao efeito estufa. Para maiores informações consultar: Xavier e Ker (2004).
2
IPCC Second Assessment Report: Climate Change 1995 (SAR)
3
IPCC Third Assessment Report: Climate Change 2001 (TAR)
8
Um exemplo da interferência humana é o uso dos combustíveis fósseis, que liberam
entre outros compostos, o gás carbônico, que gera uma forçante radiativa positiva. Mas o
próprio uso desses combustíveis também contribui na formação de partículas que espalham a
radiação solar, caracterizando uma forçante negativa. A fuligem, por sua vez, tem uma alta
eficiência na absorção da radiação e por isso é forçante positiva. O aquecimento e o
resfriamento do planeta se devem a diferentes efeitos. O efeito albedo (BAIRD, 2002), por
exemplo, ajuda a resfriar o planeta, uma vez que reflete a radiação que chega até a atmosfera;
esse efeito pode ser intensificado pelo aumento na quantidade de aerossóis.
Um aumento na concentração de gases de efeito estufa tende a
aquecer o planeta, ao passo que os aerossóis têm um efeito de
resfriamento. O clima regional e global pode mudar com o
desmatamento e outras atividades associadas ao uso da terra, como a
agricultura e a construção de grandes cidades. (MARENGO e
VALVERDE, 2007:6)

2.1. Causas Antropogênicas

As emissões globais de gases de efeito estufa devido às atividades humanas têm


crescido desde a era pré-industrial, com um aumento de 70% entre 1970 e 2004 (Figura 4 a),
sendo que, a taxa de crescimento das emissões de CO2-eq foi muito maior nos últimos 10
anos (1995-2004) do que durante o período anterior (1970-1994).
Esse aumento relativamente maior nos últimos anos das emissões de gases de efeito
estufa advém do fornecimento de energia, do transporte e da indústria, enquanto que
atividades ligadas à residências e edifícios comerciais, florestas (incluindo o desmatamento) e
agricultura têm tido taxas de crescimento menor.

9
Figura 4. (a) Emissão global anual antropogênica de GEE entre 1970 a 2004. (b) Parcela de diferentes GEE
antropogênicos nas emissões totais em 2004 em termos de CO 2-eq. (c) Parcela de diversos setores no total das
emissões antropogênicas de GEE em 2004 em termos de CO 2-eq. (Florestal – Forestry – inclui desmatamento.)
Extraído do relatório do IPCC (PACHAURI e REISINGER, 2007:36).

Na Figura 4.c são apresentadas as parcelas relativas à quantidade de carbono


equivalente (CO2-eq) a cada setor emissor de GEE sendo o setor de fornecimento de energia
o maior emissor com 25,9% das emissões, seguido da indústria com 19,4%, do setor florestal
(que inclui o desmatamento) com 17,4%, do setor agrícola (13,5%), de transportes (13,1%),
depois o setor de edifícios residenciais e comerciais com 7,9% e, por fim, os resíduos e
efluentes com 2,8% das emissões.

2.2. Principais Gases Estufas

Os Gases de Efeito Estufa (GEE), como anteriormente dito, são responsáveis por reter
o calor na atmosfera de modo que a temperatura permaneça dentro de uma faixa de valores
apropriada à sobrevivência dos seres vivos e dos ecossistemas. Os gases de efeito estufa
podem ser classificados de origem natural ou de origem antropogênica.
O gás de efeito estufa mais abundante é o vapor de água (60%) (KARL E
TRENBERTH, 2003). Entretanto, ele não contribui para o aumento desse efeito. Isso porque,
embora suas moléculas tenham um alto poder de refletir as ondas longas, a quantidade desse
vapor na atmosfera se mantém constante. Até mesmo quando a temperatura aumenta, o
equilíbrio desses vapores é mantido em um controle natural dos processos de condensação e
evaporação. Diante disso, na prática, não há interferência desse fator no incremento da
retenção do calor. Além do mais, não há impacto humano direto nos níveis de vapor d’água.
Por outro lado, outros gases intensificados pelas atividades humanas contribuem para
o aumento do efeito estufa e consequentemente para o aquecimento do planeta. Os principais
gases causadores desse fenômeno são os:
a) Dióxido de Carbono (CO2)
b) Clorofluorcarbonos (CFCs)
c) Metano (CH4)
d) Óxidos de nitrogênio (NOx)
A soma do impacto desses gases no efeito estufa resulta em um total de 99,8%,
restando apenas 0,2% para todos os outros gases que também acabam por contribuir para o
fenômeno.
10
As principais fontes antropogênicas dos gases estufa são provenientes do setor de:
- Energia: todas as emissões antrópicas devido à produção, a transformação e ao
consumo de energia. Inclui tanto as emissões resultantes da queima de combustíveis quanto
às emissões resultantes de fugas na cadeia de produção, transformação, distribuição e
consumo de energia.
- Processos Industriais: emissões antrópicas resultantes dos processos produtivos nas
indústrias e que não são resultado da queima de combustíveis, pois essas últimas são
relatadas no setor Energia. Foram considerados os subsetores de produtos minerais, química,
metalurgia, papel e celulose, alimentos e bebidas, e produção e utilização de HFC e SF6.
(BRASIL, 2009)
- Agropecuária: fermentação entérica, manejo de dejetos de animais, cultivo de arroz,
queima de resíduos agrícolas.
- Mudança no uso de terras e florestas: conversão de florestas, abandono de terras
manejadas, mudança no carbono de solos.
- Tratamento de resíduos: disposição de resíduos sólidos e tratamento de esgotos.
Na figura 5 podemos comparar a evolução das fontes antropogênicas de gases estufas
ao longo de 34 anos. Relacionado a figura 5, as outras fontes de N2O incluem processos
industriais, desflorestamento, queima de florestas, águas residuais e incineração de resíduos.
As outras fontes de emissão de CH4 são devido a processos industriais e queima de florestas.
Em relação a fonte de metano proveniente da energia, também levou-se em consideração as
emissões provenientes da produção e uso da bioenergia.

Figura 5. Fontes antropogênicas de gases estufas, 1970-2004. Adaptado do relatório do IPCC (METZ
et al., 2007)

11
Cada fonte tem seus pontos fortes e fracos e incertezas. Pode-se inferir que o aumento
da combustão e da utilização de combustíveis fósseis, as emissões agrícolas mantiveram-se
praticamente estável devido a quedas de compensação e aumentos de produção de arroz e
pecuária, respectivamente. As emissões de N2O aumentaram, principalmente devido ao
aumento do uso de fertilizantes e do crescimento agregado da agricultura.

2.2.1. Gás Carbônico (CO2)

O gás carbônico é um gás que ocorre naturalmente, adicionado a atmosfera


principalmente através das explosões vulcânicas e por processos de respiração celular de
organismos vivos. Também é um subproduto da queima de combustíveis fósseis a partir de
depósitos de carbono fósseis, como petróleo, gás e carvão, da queima de biomassa e de
mudanças de uso da terra e de outros processos industriais.
Na figura 6, pode-se verificar que ao longo de quinze anos as fontes de emissão desse
gás no Brasil não se modificaram, sendo as mudanças no uso da terra e florestas a principal
fonte de emissão de gás carbônico.

Figura 6: Evolução das fontes de emissões de gás carbônico no Brasil (BRASIL, 2009)
O CO2 é o principal gás de efeito estufa que afeta o equilíbrio radiativo da Terra.
Também é o gás de referência contra o qual outros gases-estufa são medidos e, portanto, tem
um potencial de aquecimento global (PAG) de 1. Atualmente, como dito anteriormente, o
dióxido de carbono contribui com 25% do efeito estufa no planeta.
O CO2 possui uma meia vida atmosférica variável, pois depende do local, da
temperatura e das emissões. (IPCC, 2001). A meia vida é o tempo necessário para que a
massa de determinada substância presente na natureza caia à metade do que existia
originalmente. As emissões de hoje têm efeitos de larga duração, podendo resultar em
impactos no regime climático ao longo de vários séculos.

12
A concentração desse gás na atmosfera vem aumentando nos últimos 650.000 anos,
de 180 ppm para 300 ppm, respectivamente. Entretanto houve um aumento mais pronunciado
desde a era pré-industrial, passando de 280 ppm para 379 ppm em 2005, sendo que na última
década, entre 1995 e 2005, houve a maior taxa de aumento. (METZ, 2009)
A concentração de CO2 na atmosfera começou a aumentar no final do século XVIII,
quando se iniciou a revolução industrial, a qual demandou a utilização de grandes
quantidades de carvão mineral e petróleo como fontes de energia. Desde então, a
concentração atmosférica de CO2 passou de 280 ppm no ano de 1750 para 389,6 ppm em
2010 (METZ, 2007), representando um incremento de aproximadamente 39% (Figura 7).
Este acréscimo na concentração de CO2 implica no aumento da capacidade da atmosfera em
reter calor e, consequentemente, no aumento da temperatura do planeta.
As emissões de CO2 continuam a crescer e sua concentração na atmosfera até 2100
pode alcançar valores de 540 a 970 ppm, isto é, 90 a 250% acima do nível de 1750. (NASA,
s.d.) A concentração de CO2 deve ser mantida abaixo de 400 ppm para que o aumento da
temperatura global não ultrapasse os 2ºC (em relação aos níveis do período pré-industrial)
evitando, assim, uma interferência perigosa no clima. Esta previsão de 540 a 970 ppm
representa um cenário futuro muito preocupante para todos os seres vivos que habitam o
planeta.

Figura 7. Evolução na concentração de CO2 (Disponível em: http://www.ipam.org.br/saiba-


mais/abc/mudancaspergunta/Quais-sao-as-principais-fontes-de-gases-de-efeito-estufa-decorrentes-das-
atividades-humanas-/11/3. Acesso em: 20 set 2012.)

13
De acordo com a figura 8, podemos perceber a relação entre o aumento da
temperatura global com o aumento da concentração de CO2. O aquecimento da superfície
global aumenta a medida que a concentração do dióxido de carbono aumenta. Muitos outros
fatores (como os efeitos das erupções vulcânicas e mudanças de irradiância solar) também
são importantes (BOTKIN e KELLER, 2003).

Figura 8: Relação entre a temperatura global média anual (barras) e a concentração de dióxido de carbono em
ppmv (linha contínua). (BOTKIN e KELLER, 2003)

2.2.2. CFCs

A expressão CFCs representa um termo coletivo para o grupo de espécies orgânicas


parcialmente halogenadas. São os clorofluorcarbonos (CFCs), hidroclorofluorcarbonos
(HCFCs) e hidrofluorcarbonetos (HFCs), bromofluorcarbonetos (halônios). No contexto do
efeito estufa são gases sintéticos em que todas as ligações do átomo de carbono já estão
associadas a outros elementos, como cloro, flúor ou bromo. A maioria desses gases
aumentou de um nível próximo de zero no período pré-industrial para concentrações bem
maiores, devido às atividades humanas (IPCC, 2001).
Os principais halocarbonos são os clorofluorcarbonos (CFCs), gases inventados e
fabricados pelo homem, que contribuem com aproximadamente, 12% do efeito estufa. (IPCC,
2001) Antes de se constatar que sua presença na atmosfera provocava a destruição da camada
de ozônio, ele era utilizado na produção de geladeiras, sprays, e outros processos industriais.
O problema foi amplamente debatido nas últimas décadas e a concentração dos CFCs está
14
diminuindo consideravelmente como resultado de regulamentações internacionais voltadas
para a proteção da camada de ozônio.
O acordo internacional mais conhecido para reduzir as emissões de CFCs é o
Protocolo de Montreal4, que foi aberto para adesões a partir de 16 de setembro de 1987 e
entrou em vigor em 1° de janeiro de 1989. Seu objetivo era eliminar o uso daqueles gases até
2010. Em comemoração, a ONU declarou a data de 16 de setembro como o Dia Internacional
para a Preservação da Camada de Ozônio.
Ainda assim, como vimos, os CFCs são responsáveis por 12% do efeito estufa. Essa
participação relativamente alta para o aquecimento global acontece por duas razões: a
primeira é que, embora não se fabriquem mais refrigeradores com esse tipo de gás, ainda há
um número grande de geladeiras antigas e outros equipamentos (como aparelhos de ar-
condicionado) antigos em atividade, ou seja, o processo de substituição não se completou.
Não podemos esquecer, tampouco, que a própria destruição dos aparelhos antigos gera a
liberação do gás.
Além disso, os CFCs vêm sendo substituídos pelo hidroclorofluorcabonos (HCFCs) e
hidrofluorcarbonos (HFCs), também halocarbonos produzidos pelo ser humano. Os HFCs
não são controlados pelo Protocolo de Montreal, porque não destroem a camada de ozônio.
Os HCFCs têm uso controlado, uma vez que continuam a gerar esse tipo de impacto
negativo. Por outro lado, ambos os gases estão listados na Convenção do Clima5, pois se
descobriu que apresentam um grande potencial para o aquecimento global (com poder de
aquecimento global de até 14000 vezes maior do que o do CO2) (IPCC,1992).

2.2.3. Metano (CH4)

O metano é um dos seis gases de efeito estufa a ser mitigado no âmbito do Protocolo
de Quioto6 e é o principal componente do gás natural associado com todos os combustíveis
de hidrocarbonetos, pecuária e agricultura. O metano também é o gás encontrado em camadas
de carvão.
Entre as fontes de metano temos os processos naturais (em torno de 40%, sendo
resultado de emissões em áreas alagadas e cupins) e as fontes antropogênicas (60%). É

4
Maiores informações sobre o Protocolo de Montreal serão abordadas no item 3.3. deste texto.
5
Maiores informações sobre a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima serão abordadas
no item 3.4. deste texto.
6
Maiores informações sobre o Protocolo de Quioto serão abordadas no item 3.5. deste texto.
15
produzido através de processos de decomposição anaeróbica ou por combustão incompleta,
mudanças no uso do solo (cultivo de arroz em áreas alagadas, queima de biomassa - florestal
e resíduos agrícolas - inundação de áreas florestadas em reservatórios) e áreas naturais
pantanosas; criação de animais ruminantes (dejetos e criação), utilização energética
(produção, armazenagem, queima de carvão mineral e produção e transporte de gás natural)
(ALVALÁ, KIRCHHOFF e PAVÃO, 1999).
De acordo com a figura 9, pode-se observar que houve uma leve modificação no perfil
das fontes emissoras de metano no Brasil ao longo de quinze anos, sendo que a contribuição
proveniente da fermentação entérica diminuiu e houve um aumento nas emissões devido a
mudança de uso de terras e florestas.
A concentração do gás metano passou de 700 ppb na era pré-industrial para 1.750
recentemente (IPCC, 2001). É muito provável que o aumento da concentração do metano na
atmosfera seja devido às atividades antrópicas, principalmente à agricultura e ao uso de
combustíveis fósseis. Sua taxa de crescimento declinou na última década, mantendo-se
praticamente constante até 2005.
Responsável por cerca de 18,6% do efeito estufa, (IPCC, 2001) é o segundo gás em
importância. Como visto anteriormente, ele apresenta meia vida atmosférica de doze anos. A
quantidade de metano emitida para a atmosfera é bem menor, mas seu potencial de
aquecimento global é cerca de 20 vezes superior ao do CO2 (IPCC, 1992).

Figura 9: Evolução das fontes de emissões de gás metano (BRASIL, 2009)

2.2.4. Óxido Nitroso (N2O)

Também está presente na lista do Protocolo de Quioto. É responsável por


aproximadamente 6,2% do efeito estufa (IPCC, 2001). A principal fonte antropogênica de
óxido nitroso é a agricultura (solo e manejo de dejetos de animais), mas as contribuições
importantes também vêm de tratamento de esgoto, a combustão de combustíveis fósseis e
processos químicos industriais. Assim como as emissões dos outros gases, as emissões de
16
óxido nitroso também são geradas por processos naturais que ocorrem em solos e nos
oceanos.
Entre 1990 e 2005, no Brasil, observa-se que houve uma redução na emissão de óxido
nitroso provenientes de animais em pastagem e aumentou a emissão devido a utilização de
fertilizantes sintéticos e decorrente da fixação biológica.

Figura 10: Evolução das fontes de emissões de óxido nitroso no Brasil (Inventário brasileiro das emissões e
remoções antrópicas de gases de efeito estufa, 2009)

O óxido nitroso, que também teve aumento em sua concentração na atmosfera,


principalmente devido à agricultura, passou de 270 ppb na era pré-industrial para 322 nos
dias atuais (IPCC, 2001).
A concentração do N2O na atmosfera é ainda menor do que ocorre com o gás
carbônico e o metano. No entanto, como visto na tabela 1, o potencial de aquecimento global
desse gás é 300 vezes maior do que aquele do CO2.

2.3. Consequências

As consequências que a intensificação do efeito estufa trará, de modo geral, se


relacionam às consequências que a elevação da temperatura traz aos diferentes ecossistemas.
Entre elas estão alterações no regime de precipitações, no ciclo da água, alterações de
ecossistemas aquáticos e terrestres, derretimento de geleiras, inundação de costas e
consequente emigração de pessoas e redução de áreas de cultivo. De modo geral, estas
consequências estão relacionadas às mudanças climáticas. Por isso, as discussões
apresentadas na sequência se referem mais diretamente às mudanças climáticas e ao

17
aquecimento global do que as implicações diretas do efeito estufa intensificado, embora a
intensificação deste efeito seja responsável, em partes pelo aquecimento do planeta nos
últimos anos.
O aumento observado na temperatura média mundial, desde meados
do século XX, deve-se, em sua maior parte, muito provavelmente,
ao aumento observado das concentrações de gases de efeito estufa
antropogênicos. Esta conclusão representa um avanço, já que o
Terceiro Relatório de Avaliação indicava que a maior parte do
aquecimento observado nos últimos cinquenta anos se devia,
provavelmente7, ao aumento das concentrações de GEE.
(PACHAURI e REISINGER, 2007: 39) (tradução nossa).
Esse aumento nas temperaturas superficiais quer seja verificado ou projetado é o que a
figura 11 apresenta.
É muito improvável que o aquecimento da atmosfera e dos oceanos e o derretimento
de gelo nos pólos sejam devido a causas naturais conhecidas. Por outro lado, é mais provável
que estejam ocorrendo por forçantes externas, já que, nos últimos 50 anos a soma de
forçantes solares e vulcânicas, provavelmente teria produzido um resfriamento ao invés do
aquecimento.
O aquecimento na superfície dos continentes e oceanos (até uma centena de metros de
profundidade) e na atmosfera vem acompanhado de um resfriamento estratosférico que é bem
provável que se deva ao aumento dos GEE e à diminuição do ozônio na estratosfera
(SANTER et al., 2004). Também, é provável que o aumento das concentrações dos GEE
tenha causado por si só um aquecimento maior do que o observado, já que os aerossóis
vulcânicos e antropogênicos tem compensado parte do aquecimento que, de outro modo, teria
acontecido (SOLOMON et al., 2007).

7
Os intervalos de probabilidade que são utilizadas para expressar a probabilidade de ocorrência de
determinada situação avaliada são: Praticamente certo > 99% de probabilidade de ocorrer; Muito
provável, entre 90 a 99%;
Provável entre 66 a 90% de probabilidade; Mais provável do que não, probabilidade de 33 a 66%;
Improvável, faixa entre 10 a 33% de probabilidade; Muito improvável, quando a probabilidade varia
de 1 a 10%; Excepcionalmente improvável < 1% de probabilidade. Informações do relatório do IPCC
(PACHAURI e REISINGER, 2007).
18
Figura 11. Comparação entre as mudanças em escala continental e mundial observadas na temperatura
superficial e os resultados simulados por modelos climáticos que utilizam forçantes naturais e antropogênicas.
Tem-se indicado as médias decenais das observações correspondentes ao período de 1906-2005 (linha preta) a
respeito da data central do decênio e a respeito da média correspondente ao período de 1906-1950. A linha
tracejada denota uma cobertura espacial inferior a 50%. As listras sombreadas em azul correspondem a 19
simulações obtidas de cinco modelos climáticos que utilizam unicamente as forçantes naturais vinculadas a
atividade solar e aos vulcões. As listras sombreadas em vermelho correspondem a 58 simulações obtidas de 14
modelos climáticos que utilizam forçantes naturais e antropogênicas. [Extraído do relatório do IPCC:
SOLOMON et al., 2007].

De acordo com o relatório de Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade do Grupo II do


Terceiro Relatório de Avaliação (TAR) do IPCC (IPCC, 2001), os efeitos sobre e
vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos serão sentidos em sete grandes áreas: 1)
Hidrologia e Recursos Hídricos; 2) Agricultura e Segurança Alimentar; 3) Ecossistemas
Terrestres e de água doce; 4) Zonas Costeiras e Ecossistemas Marinhos; 5) Saúde Humana; 6)
Assentamentos Humanos, Energia e Indústria; e 7) Seguros e outros serviços financeiros.

19
Estes impactos, considerados no relatório de 2001, foram revistos e organizados de
maneira diferente no relatório de Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade do Grupo II do
IPCC, de 2007 (PARRY et al., 2007) no qual, os efeitos sobre a vulnerabilidade dos sistemas
naturais e humanos serão sentidos em seis grandes áreas.

2.3.1. Ecossistemas

A resiliência de muitos ecossistemas provavelmente será superada neste século


por uma combinação sem precedentes de mudanças climáticas, perturbações associadas
(por exemplo, inundações, secas, incêndios incontrolados, insetos, acidificação do
oceano) e outros condicionantes da mudança mundial (por exemplo, mudanças no uso da
terra, poluição, fragmentação dos sistemas naturais, exploração demasiada de recursos).
Neste século, de acordo com simulações demonstradas na figura 12, a
incorporação líquida de carbono aos ecossistemas terrestres provavelmente alcançará um
máximo antes da metade do século e depois diminuirá, aumentando assim as mudanças
climáticas.

Figura 12. Troca líquida de carbono de todos os ecossistemas terrestres simulado pelo DGVM LPJ (SITCH
et al., 2003; GERTEN et al., 2004) para diferentes cenários, em que valores negativos significam um
sumidouro de carbono, enquanto valores positivos remontam a perdas de carbono para a atmosfera. Dados
do século passado são baseados em observações e dados de modelos climáticos que foram normalizados
para estar de acordo com estas observações para os dados de 1961-1990 (PARRY et al., 2007).
Se a temperatura média do planeta aumentar entre 1,5 e 2,5°C, aproximadamente
20 a 30% das espécies vegetais e animais conhecidas estarão expostas a um risco maior
de extinção. E se a temperatura aumentar mais do que 2,5ºC mantendo a concentração de
20
CO2 correspondente, as projeções indicam importantes mudanças na estrutura e função
dos ecossistemas, nas interações ecológicas e deslocamento geográfico das espécies, com
consequências negativas para a biodiversidade e para os bens e serviços ecossistêmicos,
como o fornecimento de água e alimentos (PARRY et al., 2007).
A acidificação progressiva dos oceanos decorrente do aumento do dióxido de
carbono na atmosfera deve ter impactos negativos nos organismos marinhos formadores
de conchas (por exemplo, os corais) e as espécies que deles dependem.

2.3.2. Alimentos

Da extensão de terras do planeta usadas atualmente, 38% são dedicadas à


agricultura a nível mundial, enquanto, nos EUA esse percentual está em torno de 30% e
45% na Europa (FAOSTAT, 1999 apud FUHRER, 2003).
As diferentes culturas cultivadas na agricultura e com fins alimentícios podem
sofrer alterações em sua produtividade em função das mudanças climáticas, podendo ser
positivas ou negativas, dependendo da espécie, das características do solo, pragas e
patógenos, efeitos diretos de dióxido de carbono nas plantas, da temperatura do ar,
estresse hídrico, nutrição mineral, qualidade do ar e as respostas à adaptação.
De acordo com as projeções do IPCC, se a temperatura tiver um aumento médio
entre 1 e 3ºC, a produtividade aumentará em latitudes médias e altas em função do tipo de
cultivo, para depois diminuir abaixo deste nível em algumas regiões. Em latitudes baixas,
especialmente em regiões secas e tropicais, a produtividade das culturas diminuiria com
um aumento ainda menor da temperatura local (entre 1 e 2°C), o que potencializaria o
risco de fome (PARRY et al., 2007).
A nível mundial, o potencial de produção de alimentos aumentaria se temperatura
média local aumentasse entre 1 e 3°C, embora, acima destes níveis diminuísse (PARRY
et al., 2007).
As secas e as inundações devem afetar a produção agrícola em nível local,
principalmente nos setores de subsistência nas latitudes baixas. Devem ocorrer mudanças
regionais na distribuição e produção de determinadas espécies de peixes em função do
aquecimento aumentado do planeta.
Fuhrer (2003), em um artigo sobre as respostas do agroecossistema para
combinações da elevação de CO2, ozônio e as mudanças climáticas globais, apresenta
21
dados que sugerem que a elevação da concentração de CO2 pode ter muitos efeitos
positivos, como o aumento de rendimento, a eficiência de utilização dos recursos, a
competição com mais sucesso das culturas com as ervas daninhas, a redução da
toxicidade do ozônio e, em alguns casos, uma maior resistência a doenças e pragas.
Porém, muitos destes efeitos benéficos podem ser, em parte, perdidos num clima mais
quente. O aquecimento acelera o desenvolvimento da planta e reduz o preenchimento do
grão, reduz a eficiência no uso de nutrientes, aumenta o consumo de água, favorece o
desenvolvimento das ervas daninhas sobre as culturas e aumenta a taxa de
desenvolvimento dos insetos. O autor diz que, embora as previsões sejam difíceis de fazer
por conta da quantidade de interações possíveis, parece razoável supor que as respostas
do agroecossistema serão dominadas por aqueles fatores causados direta ou indiretamente
por mudanças no clima, associada a padrões climáticos alterados, e não pela elevação do
CO2 por si só.
É importante ressaltar que a pesquisa sobre os efeitos combinados entre a elevação
da concentração de CO2 e as mudanças climáticas sobre as pragas, plantas daninhas e
doenças ainda é insuficiente, apesar de redes de pesquisa terem se interessado por isso,
até agora poucos estudos têm sido publicados (CHAKRABORTY e DATTA, 2003;
RUNION, 2003; SALINARI et al.., 2006). Já, os impactos das mudanças climáticas
sozinhas na atividade das pragas, estão sendo bastante analisados (BALE et al., 2002;.
TODD et al., 2002;. RAFOSS e SAETHRE, 2003; COCU et al., 2005;.. SALINARI et
al., 2006). A verdadeira força do efeito de elevação da concentração do CO2 sobre o
rendimento das culturas no campo, com escalas regionais, as suas interações com
temperaturas mais elevadas e os regimes de precipitação modificados, bem como os
níveis de CO2 a partir do qual pode ocorrer a saturação, permanecem desconhecidos.

2.3.3. Costas

Nas costas poderia haver um maior risco de erosão, os manguezais e a pântanos


salgados seriam restringidos de suprimentos por conta das mudanças climáticas e do
aumento do nível do mar em função do aumento da temperatura do planeta. Com
aumentos na temperatura da superfície do mar de cerca de 1 a 3°C e devido à
vulnerabilidade dos corais ao estresse térmico e sua baixa capacidade de adaptação, os

22
fenômenos de branqueamento de corais e sua mortalidade se intensificarão (PARRY et
al., 2007).
De hoje até a década de 2080 aconteceriam inundações todos os anos (ERICSON
et al., 2006), por conta da elevação do nível do mar, o que afetaria milhões de pessoas
que hoje não são afetadas. Ásia e África seriam muito afetadas, como pode ser visto na
Figura 13, devido à baixa altitude de suas terras continentais e pela grande quantidade de
população nas regiões costeiras. Também, as pequenas ilhas ficariam mais vulneráveis.

Figura 13. Vulnerabilidade relativa dos deltas costeiros, como mostrado pelo indicativo de potencial
deslocamento da população pelas atuais tendências do nível do mar até 2050 (Diferentes níveis foram
usados para distinção entre quantidade de pessoas afetadas. Extremo => 1 milhão; Alta = 1 milhão para
50.000; Médio = 50.000 para 5.000) (PARRY et al., 2007).

2.3.4. Indústria, assentamentos humanos e sociedade

As indústrias, assentamentos humanos e sociedades que estariam mais vulneráveis são


aquelas situadas em regiões costeiras, planícies passíveis de aumentos fluviais muito grandes
e aquelas cuja economia está estreitamente vinculada a recursos sensíveis ao clima ou situada
em regiões propensas a fenômenos meteorológicos extremos. As comunidades pobres, que se
concentram em áreas de alto risco também poderiam ser consideradas especialmente
vulneráveis (PARRY et al., 2007).
Os impactos do clima na indústria, nos assentamentos e na sociedade podem ser
diretos ou indiretos. Por exemplo, o aumento da temperatura do ar pode afetar a concentração
de poluentes em áreas urbanas, que, com a exposição prolongada pode aumentar a incidência
de problemas respiratórios na população, que vão impactar saúde e os próprios sistemas

23
coletivos de saúde. As tempestades tropicais podem afetar o modo de vida e as economias das
comunidades costeiras através dos efeitos sobre os recifes de corais, mangues e outros
ecossistemas costeiros (ADGER et al., 2005).

2.3.5. Saúde

A situação sanitária de milhões de pessoas seria afetada, desnutrição e mortes


aumentariam, enfermidades e lesões causadas por fenômenos meteorológicos extremos,
diarreias, enfermidades cardiorrespiratórias devido ao aumento das concentrações de
ozônio em áreas urbanas e a distribuição espacial das infecções também se alteraria.
Em algumas áreas temperadas diminuiriam as mortes por exposição ao frio e
também haveriam alterações geográficas e do potencial de transmissão da malária na
África. Porém, poderiam acontecer problemas para a saúde por conta do aumento das
temperaturas, especialmente em países em desenvolvimento.
Um exemplo de problemas que o aumento da temperatura da atmosfera pode
trazer para a saúde das pessoas foi a onda de calor que afligiu a Europa em 2003,
contribuindo na elevação do número de mortes. A figura 14 traz um panorama do
aumento de mortes durante o período da onda de calor na França. Como resposta, em
2004, as autoridades francesas implementaram planos de ação locais e nacionais que
incluíram sistemas de alerta do calor à saúde, vigilância ambiental e de saúde, re-
avaliação de cuidados com os idosos e melhorias estruturais para as instituições de
acolhimento (como adicionar uma sala fria, por exemplo). Em toda a Europa, muitos
outros governos (locais e nacionais) têm implementado planos de prevenção dos efeitos
do calor à saúde de (MICHELOZZI et al., 2005; Escritório Regional da OMS para a
Europa, 2006 apud PARRY et al., 2007).
O artigo Hidden Health Benefits of Greenhouse Gas Mitigation (CIFUENTES et
al.., 2001) estima que cerca de 700 mil mortes anuais são relacionadas à poluição
atmosférica, sendo a maior parte acoplada aos processos que geram gases estufa. O
trabalho aponta, ainda, outros benefícios adicionais à saúde que o controle da emissão de
gases estufa traria.
Fatores como a educação, a atenção sanitária, iniciativas de saúde pública e
infraestrutura e o desenvolvimento econômico auxiliaram na manutenção da saúde da
população.
24
Figura 14. Aumento da mortalidade diária em Paris, durante a onda de calor no início de agosto de 2003
(VANDENTORREN e EMPEREUR-BISSONNET, 2005 in PARRY et al., 2007).

2.3.6. Recursos hídricos e sua gestão

Em meados do século 21, a disponibilidade média anual de escoamento superficial


de rios e águas de modo geral estão projetados para aumentar de 10 a 40% nas altas
latitudes e em algumas áreas úmidas tropicais e diminuir entre 10 e 30% em algumas
regiões secas nas latitudes médias e em regiões secas dos trópicos, algumas áreas que
hoje passam por um estresse hídrico (PARRY et al., 2007).
Provavelmente aumentarão em extensão as áreas afetadas pela seca. É muito
provável que aumente a frequência de eventos de precipitação forte, o que vai aumentar o
risco de inundação.
No decorrer do século, o abastecimento de água armazenada nas geleiras e a
cobertura de neve devem diminuir, reduzindo a disponibilidade de água em regiões

25
fornecidos pela água de degelo de grandes cadeias de montanhas, onde mais de um sexto
da população mundial vive atualmente (PARRY et al., 2007).
O impacto das mudanças climáticas deverá ser diferente nas diversas regiões do
planeta. Por exemplo, no Ártico, sistemas naturais e comunidades humanas sentiriam os
efeitos de uma alta taxa de aquecimento; já na África, os impactos seriam sentidos muito
mais devido à baixa capacidade adaptativa da população; enquanto que nas pequenas
ilhas a população e a infraestrutura estariam muito expostas aos impactos das mudanças
climáticas; e nas grandes planícies da Ásia e da África, onde existem grandes massas de
população e são muito suscetíveis ao aumento de nível do mar, as grandes tempestades e
as inundações seriam os maiores problemas.

3. Possibilidades para o futuro

Todos estes impactos possíveis de ocorrer, nos diversos setores da sociedade, podem
ser atenuados se algumas medidas forem tomadas. Algumas são propostas de acordos
internacionais, criação de mecanismos de acompanhamento, ações da sociedade civil e dos
próprios governos. Essas possibilidades contemplam situações de adaptação e situações de
atenuação daquilo que já ocorreu.

3.1. Adaptação às mudanças climáticas

A capacidade de adaptação faz parte de todo ser vivo, que ao ser exposto a qualquer
mudança cria/utiliza uma estratégia de resposta a situação adversa. Isso ocorre na tentativa de
prevenir-se contra danos decorrentes das mudanças e aprender a explorar os benefícios que
ela pode causar. Os benefícios de qualquer adaptação ao clima podem ser de curto ou longo
prazo, local, regional ou global.
Medidas de adaptação podem ser planejadas ou não. Pesquisa de Berrang-Ford, Ford
e Paterson (2011) sobre a adaptação às mudanças climáticas mostrou que as ações dos
governos antecedem às mudanças, enquanto as ações individuais ocorrem como reação a
alguma mudança. A distribuição global da adaptação às mudanças é desigual, ocorre em
diferentes localidades e em diferentes tipos de população. Em países de baixa renda, as
medidas de adaptação são reativas e de curto prazo, enquanto em países mais ricos são
antecipatórias e de longo prazo.
26
Normalmente, no Brasil, as medidas de adaptação a mudanças do clima ocorrem
como resposta a eventos extremos que já ocorreram, sejam eles naturais ou não. Como um
país em desenvolvimento, o Brasil se encaixa no perfil traçado por Berrang-Ford, Ford e
Paterson (2011) que apontam que nesses países a adaptação normalmente ocorre depois do
evento extremo e não como prevenção a ele. Embora atualmente, o Ministério do Meio
Ambiente (MMA) brasileiro, conforme divulgado em sua página oficial8 venha investindo em
medidas de adaptação, como:
(...) o fortalecimento dos sistemas e órgãos de defesa civil; a
conservação de ecossistemas; o gerenciamento de zonas costeiras,
vedando o estabelecimento de novas zonas residenciais em áreas
sujeitas ao aumento do nível do mar; o gerenciamento de riscos na
agricultura e pesquisas com grãos mais resistentes ao aumento da
temperatura; sistemas de vigilância para o avanço de doenças
causadas por vetores que são beneficiados pelo aumento médio da
temperatura como a dengue; e a construção de diques, considerando o
provável aumento do nível do mar em cerca de 50 cm até o final do
século, segundo o 4º Relatório do Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas (IPCC). (BRASIL, MMA, s.d.)

3.2. Mitigação da Mudança do Clima

Na página eletrônica do Ministério do Meio Ambiente encontramos a definição para a


palavra Mitigação, tão comum quando se abordam as questões relativas às mudanças
climáticas. Mitigação é “... a intervenção humana para reduzir as emissões por fontes de
gases de efeito estufa e fortalecer as remoções por sumidouros de carbono, tais como
florestas e oceanos” (BRASIL, MMA, s.d.).
A adaptação é uma estratégia de resposta às mudanças climáticas locais e de curto
prazo, enquanto que a mitigação é uma estratégia de resposta à mudança do clima global e de
longo prazo, através da redução de emissões de GEE, principalmente àqueles relacionados ao
uso de combustíveis fósseis para suprimento de calor, geração de eletricidade e transporte
(METZ et al., 2007).
8
Site oficial do Ministério do Meio Ambiente: http://www.mma.gov.br, traz informações sobre diversos
programas relacionados ao meio ambiente desenvolvidos pelo governo federal, documentos e legislação
ambiental e informações sobre tratados e convenções mundiais da área.
27
Segundo o MMA, a redução de emissões de gases de efeito estufa relacionadas à
distribuição e utilização de energia vem sendo concretizada a partir de diferentes políticas
governamentais, por meio de: 1) instrumentos econômicos (subsídios, taxas, isenção de taxas
e crédito); 2) instrumentos regulatórios (padrões de desempenho mínimo, controle de emissão
veicular); e 3) processos políticos (acordos voluntários, disseminação da informação,
planejamento estratégico).
Em diferentes setores da sociedade a mitigação de gases de efeito estufa se dá de
formas diferentes. No setor de transportes, ela diz respeito a ações de escolha de combustíveis
alternativos, mas principalmente, a uma melhoria na eficiência energética dos combustíveis e
automóveis. Por exemplo, “(...) as emissões de dióxido de carbono nos ‘novos’ veículos leves
podem ser reduzidas em até 50% em 2030 comparadas aos modelos atualmente produzidos,
assumindo avanços tecnológicos persistentes” (BRASIL, MMA, s.d.).
A utilização de práticas de plantio direto, que evita o revolvimento da terra e,
consequentemente, a liberação de CO2 do solo é uma estratégia a ser usada no setor da
Agricultura. Além da diminuição de liberação de gás carbônico, o uso de fertilizantes
nitrogenados, que emitem óxido nitroso, também será menor.
No relatório do IPCC de 2007, do Grupo de Trabalho III, sobre Mitigação da
Mudança do Clima, são apresentadas possibilidades de tecnologias e práticas disponíveis
atualmente ou até 2030, que auxiliam na redução da emissão de GEE, contribuindo para a
atenuação das mudanças climáticas. Na tabela 2 são apresentadas essas possibilidades.

Tabela 2- Principais tecnologias e práticas de mitigação por setor.


Setor Principais tecnologias e práticas de Principais tecnologias e práticas de mitigação
mitigação disponíveis comercialmente na projetadas para serem comercializadas antes
atualidade. de 2030.
Oferta de Melhoria da eficiência da oferta e da Captação e armazenamento de carbono para
energia distribuição; troca de combustível: carvão usinas geradoras de eletricidade a base de gás,
mineral por gás; energia nuclear; calor e biomassa e carvão mineral; energia nuclear
energia renováveis (hidrelétrica, energia solar, avançada; energia renovável avançada, inclusive
eólica, geotérmica e bioenergia); calor e energia de ondas e marés, solar concentrada e
energia combinados; aplicações antecipadas solar fotovoltaica.
de captação e armazenamento de carbono (por
exemplo, armazenamento do CO2 removido
do gás natural).
Transporte Veículos com combustíveis mais eficientes; Biocombustíveis de segunda geração; aeronaves
veículos híbridos; veículos a diesel mais mais eficientes; veículos elétricos e híbridos
limpos; biocombustíveis; mudança do avançados com baterias mais potentes e
transporte rodoviário para o ferroviário e confiáveis.
sistemas de transporte público; transporte não-
motorizado
(andar de bicicleta, caminhar); planejamento
do uso da terra e do transporte.
Edificações Iluminação mais eficiente, inclusive durante o Planejamento integrado de edificações

28
dia; aparelhos elétricos e de aquecimento e comerciais, inclusive com tecnologias, como
refrigeração mais eficientes; melhoria de medidores inteligentes que forneçam
fogões e da insulação; energia solar passiva e informações e controle; energia solar
ativa para aquecimento e refrigeração; fluidos fotovoltaica integrada nas edificações.
alternativos de refrigeração, recuperação e
reciclagem de gases fluorados.
Indústria Equipamento elétrico mais eficiente de uso Eficiência energética avançada; captação e
final; recuperação de calor e energia; armazenamento de carbono na fabricação de
reciclagem e substituição de material; controle cimento, amônia e ferro; eletrodos inertes na
das emissões de gases não-CO2; e uma ampla fabricação de alumínio.
faixa de tecnologias específicas de processos.
Agricultura Melhoria do manejo do solo na agropecuária Melhorias das safras.
de modo a aumentar o armazenamento de
carbono no solo; recuperação de solos turfosos
cultivados e terras degradadas; melhoria das
técnicas de cultivo de arroz e manejo da
pecuária e do esterco para reduzir as emissões
de CH4; melhoria das técnicas de aplicação de
fertilizante nitrogenado para reduzir as
emissões de N2O; culturas com fins
exclusivamente energéticos para substituir o
uso de combustíveis fósseis; melhoria da
eficiência energética.
Florestamento Florestamento; reflorestamento; manejo Melhoria das espécies de árvore para aumentar a
florestal; redução do desflorestamento; manejo produtividade da biomassa e o sequestro de
da exploração de produtos madeireiros; uso de carbono. Melhoria das tecnologias de
produtos florestais para a geração de sensoriamento remoto para análise do potencial
bioenergia em substituição ao uso de de sequestro de carbono da vegetação/solo e
combustíveis fósseis. mapeamento da mudança no uso da terra
Resíduos Recuperação de metano dos aterros sanitários; Biocoberturas e biofiltros para otimizar a
incineração de resíduos com recuperação oxidação do CH4.
energética; compostagem dos resíduos
orgânicos; tratamento controlado das águas
residuárias; reciclagem e minimização dos
resíduos.
(IPCC, 2007, p.16-17)

3.3. Convenção de Viena e Protocolo de Montreal

Diante do problema da destruição da Camada de Ozônio, apontado em maio de 1985


na revista Nature, várias nações se mobilizaram. Em 1985, vários países assinaram a
Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, entre eles o Brasil. Dois anos
depois, foi estabelecido o Protocolo de Montreal sobre as Substâncias Destruidoras da
Camada de Ozônio (SDO), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). O texto obriga
seus signatários a trabalhar para eliminar a produção e o consumo de SDOs. Atualmente, 193
países participam do Protocolo e da Convenção.
A partir dos acordos, o comércio de SDOs foi reduzido em todo o mundo, ao mesmo
tempo em que foram sendo desenvolvidas tecnologias para reduzir ou eliminar os riscos à
camada de ozônio. Revisões periódicas trazendo mais rigidez às determinações do Protocolo
vêm sendo acatadas pelas Partes.

29
As substâncias controladas pelo Protocolo de Montreal compreendem os halocarbonos
(compostos formados por carbono, hidrogênio e halogênios – F, Cl, Br).

3.4. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima


(UNFCCC)

Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a RIO-


92, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992, foi criada a Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (UNFCCC) que surgiu devido à preocupação dos cientistas com as
variações dos dados de temperatura registrados no decorrer de algumas décadas, os quais
apontavam uma tendência de aquecimento global por influência de ações antropogênicas.
A convenção se formou baseada no princípio da precaução, buscando ‘proteger o
sistema climático’ para aquela geração e para as futuras. As responsabilidades assumidas
pelos signatários foram diferenciadas, em função das necessidades dos diferentes países,
principalmente os mais vulneráveis.
O principal objetivo estabelecido pela convenção foi o de estabilizar as concentrações
de GEE na atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica significativa no
clima.
Todos os países assumiram compromissos e obrigações, dos quais se podem destacar
(BRASIL, MMA, s.d.):
Compromissos assumidos por todas as Partes (países desenvolvidos e emergentes)
- elaborar inventários nacionais de emissões de gases de efeito estufa;
- implementar programas nacionais e/ou regionais com medidas para mitigar a
mudança do clima e se adaptar a ela;
- promover o desenvolvimento, a aplicação e a difusão de tecnologias, práticas e
processos que controlem, reduzam ou previnam as emissões antrópicas de gases de efeito
estufa;
- promover e cooperar em pesquisas científicas, tecnológicas, técnicas,
socioeconômicas e outras, em observações sistemáticas e no desenvolvimento de bancos de
dados relativos ao sistema do clima;
- promover e cooperar na educação, treinamento e conscientização pública em relação
à mudança do clima.

30
Compromissos assumidos somente pelos países desenvolvidos (que se somam aos
compromissos anteriores)
- adotar políticas e medidas nacionais para reduzir as emissões de gases de efeito
estufa, buscando reverter suas emissões antrópicas desses gases aos níveis de 1990, até o ano
2000;
- transferir recursos tecnológicos e financeiros para países em desenvolvimento;
- auxiliar os países em desenvolvimento, particularmente os mais vulneráveis à
mudança do clima, a implementar ações de adaptação e se preparar para a mudança do clima,
reduzindo os seus impactos.

3.5. O Protocolo de Quioto

O Protocolo de Quioto é um tratado internacional entre diversos países, complementar


à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que foi pactuado em 1997
e traçou metas de redução de emissões de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos
que, historicamente, são os maiores responsáveis pelo aumento das emissões daqueles gases.
Os países envolvidos se comprometeram a reduzir suas emissões totais de gases de
efeito estufa, sendo que cada país negociou a sua meta de redução ou limitação de emissões
sob o Protocolo, de acordo com a sua capacidade de atingi-la no período estabelecido.
O Protocolo passou a vigorar em 16 de fevereiro de 2005, logo após 55% do total de
países-membros ratificarem a Convenção. O Brasil também aderiu ao Protocolo, ratificando
em 23 de agosto de 2002 a sua participação. Dentre os principais emissores de GEE, os EUA
declinaram do Protocolo (BRASIL, MMA, s.d.).
O primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto termina em 2012, mas
pelos dados disponíveis atualmente, é improvável que os países desenvolvidos honrem a meta
acordada.

3.6. Política Nacional sobre Mudança do Clima no Brasil

A Política Nacional sobre a Mudança do Clima (PNMC)9, foi instaurada no Brasil no


ano de 2009 por meio da Lei nº 12.187/2009. Ela oficializa, junto à (UNFCCC), o

9
Para maiores informações acessar o site do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo federal:
http://www.mct.gov.br/
31
compromisso voluntário do Brasil de reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre
36,1% e 38,9% daquelas projetadas até 2020.
Segundo o Decreto nº 7.390/2010, que regulamenta a Política Nacional sobre
Mudança do Clima (BRASIL, 2010), a linha de base de emissões de gases de efeito estufa
para 2020 foi estimada em 3,236 GtCO2-eq. Assim, a redução absoluta correspondente ficou
estabelecida entre 1, 168 GtCO2-eq e 1,259 GtCO2-eq, que corresponde ao percentual
assumido pelo Brasil com UNFCCC.
Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM) e seu Grupo Executivo
(GEx), instituídos pelo presidente brasileiro em 2007, são responsáveis pela governança da
PNMC. Para a execução da PNMC, o governo faz uso de alguns instrumentos principais: o
Plano Nacional sobre Mudança do Clima, o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e a
Comunicação do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima,
entre outros.
A representação do funcionamento da governança Institucional da Política Nacional
sobre Mudança do Clima está na Figura 15.

Figura 15. Esquema representativo do funcionamento da governança Institucional da Política Nacional sobre
Mudança do Clima, extraído de http://www.mma.gov.br/clima/politica-nacional-sobre-mudanca-do-clima, em
outubro de 2012.

32
3.7. O Programa Nacional de Mudanças Climáticos no MCT

A Coordenação Geral de Mudanças Globais do Ministério da Ciência e Tecnologia foi


criada para coordenar a implementação dos compromissos do Brasil na Convenção Quadro
da Mudança do Clima (CQMC, também chamada de UNFCCC, na sigla original do inglês).
O Brasil assumiu compromissos que vão desde elaboração de um relatório sobre o inventário
das emissões de gases de efeitos estufa no país10, até a descrição das providências tomadas
pelo Brasil para implementar a convenção no país.
O Governo Federal também criou a Comissão Interministerial para Mudança Global
do Clima. A criação da Comissão Interministerial visa aumentar a articulação dos diferentes
órgãos do governo com um papel mais direto em relação ao tema, ter um caminho ágil para a
tomada de decisões de governo para a negociação e, ainda, facilitar a implementação da
Convenção e do Protocolo (BRASIL, MCT, s.d.).
O programa Mudanças Climáticas busca levantar dados brasileiros, propondo
procedimentos adequados, e participando das decisões mundiais sobre o tema.
Principais ações:
-Desenvolvimento de estudos sobre a vulnerabilidade e adaptação aos impactos das
mudanças climáticas
-Fomento a tecnologias, práticas e processos para reduzir as emissões de gases de
efeito-estufa no Brasil.
-Desenvolvimento de modelo de prospecção para acompanhamento das mudanças
climáticas.
-Implantação de sistema de monitoração de emissões de gases de efeito estufa.

10
O Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não controlados pelo
Protocolo de Montreal (Inventário) é parte da Comunicação Nacional à Convenção Quadro da ONU sobre
Mudança do Clima (Convenção de Mudança do Clima). A Comunicação Nacional é um dos principais
compromissos de todos os países signatários da Convenção de Mudança do Clima. Dados deste inventário estão
disponíveis em: http://www.mct.gov.br/upd_blob/0207/207624.pdf e foram utilizados neste texto.
A responsabilidade da elaboração da Comunicação Nacional é do Ministério da Ciência e Tecnologia, ministério
responsável pela coordenação da implementação da Convenção de Mudança do Clima no Brasil, conforme
divisão de trabalho no governo que foi estabelecida em 1992.
A obtenção das informações para o Inventário Nacional conta com a participação de mais de 700 especialistas e
cerca de 150 entidades governamentais e nãogovernamentais, incluindo ministérios, institutos, universidades,
centros de pesquisa e entidades setoriais da indústria.
Alguns dos estudos contratados ou acordados com entidades que estão colaborando sem ônus para o projeto
ainda estão em estágio de verificação final, entre eles o estudo relativo ao setor de Uso da Terra e Florestas, de
importância fundamental no perfil das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
33
Principais resultados:
-Conclusão da elaboração do Inventário Brasileiro das Emissões Antrópicas por
Fontes e Remoções por Sumidouros de Gases Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo
de Montreal.
-Implantação da metodologia do IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança do
Clima para emissões de gases de efeito estufa em diversas instituições.
A Coordenação Geral de Mudanças Globais tem as atribuições:
-Assessorar o Ministro da Ciência e Tecnologia nas questões relativas às mudanças
globais, em especial, à mudança do clima;
-Acompanhar as negociações da Convenção sobre Mudança do Clima;
-Acompanhar os trabalhos científicos do Painel Intergovernamental sobre Mudança
do Clima - IPCC, e gerenciar a divulgação dos relatórios e documentos do IPCC para
especialistas brasileiros;
-Coordenar os trabalhos para implementação da Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima no Brasil.

4. Conclusões

Os gases que mais contribuem para o efeito estufa são o vapor de água (60%) o gás
carbônico (25%), o ozônio (8%), o metano e os óxidos de nitrogênio (6%). Destes, o vapor de
água é o maior responsável pelo efeito, no entanto, as atividades antrópicas não contribuem
diretamente no seu aumento e, portanto, ele não é responsável pela intensificação do efeito.
Com a interferência da humanidade no volume de emissões desses gases, dizemos que
hoje o efeito estufa está intensificado e tem contribuído para o fenômeno de aquecimento
global. A quantidade de gases liberada para a atmosfera proveniente de ações antrópicas é
apenas um indicador quantitativo da presença dos gases na atmosfera, pois a contribuição
efetiva de cada substância ao aquecimento global deve ser ponderada pelo peso molecular e
pelo tempo de permanência médio na atmosfera e pelo efeito de aquecimento cumulativo de
cada gás, conjunto de informações que chamamos de potencial de aquecimento global.
Os setores que mais produzem os GEE são o de fornecimento de energia com 25,9%
das emissões, seguido da indústria com 19,4%, do setor florestal (que inclui o desmatamento)
com 17,4%, do setor agrícola (13,5%), de transportes (13,1%), depois o setor de edifícios

34
residenciais e comerciais com 7,9% e, por fim, os resíduos e efluentes com 2,8% das
emissões.
As consequências da intensificação do efeito estufa se relacionam às consequências
que a elevação da temperatura traz aos diferentes ecossistemas. Entre elas estão alterações no
regime de precipitações, alterações de ecossistemas aquáticos e terrestres, derretimento de
geleiras, inundação de costas e consequente emigração de pessoas e redução de áreas de
cultivo. Além disso, indústrias e atividades comerciais que dependem de insumos e regiões
afetadas pelas mudanças também sentirão as consequências.
Para lidar com as mudanças climáticas geradas pela intensificação do efeito estufa,
medidas de adaptação e mitigação tem sido tomadas em todo o mundo. Existem iniciativas
dos governos, da sociedade e individuais. Todas, de alguma maneira contribuem para
minimizar os efeitos e diminuir a emissão de gases de efeito estufa.

35
5. Referências Bibliográficas

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