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São Paulo
2012
Sumário
1. Introdução ...................................................................................................................................................................................2
1.1. Balanço Energético da Terra ..............................................................................................................................................2
1.2. Quais são os gases estufa? ..................................................................................................................................................4
1.3. Forçante Radiativa .............................................................................................................................................................5
1.4. Potencial de Aquecimento Global ......................................................................................................................................6
1.5. Dióxido de Carbono Equivalente .......................................................................................................................................7
2. Efeito Estufa: Causas antropogênicas e consequências ..............................................................................................................8
2.1. Causas Antropogênicas ......................................................................................................................................................9
2.2. Principais Gases Estufas ..................................................................................................................................................10
2.2.1. Gás Carbônico (CO2) ................................................................................................................ 12
2.2.2. CFCs ........................................................................................................................................... 14
2.2.3. Metano (CH4) ............................................................................................................................. 15
2.2.4. Óxido Nitroso (N2O) .................................................................................................................. 16
2.3. Consequências ..................................................................................................................................................................17
2.3.1. Ecossistemas ............................................................................................................................... 20
2.3.2. Alimentos ................................................................................................................................... 21
2.3.3. Costas ......................................................................................................................................... 22
2.3.4. Indústria, assentamentos humanos e sociedade .......................................................................... 23
2.3.5. Saúde .......................................................................................................................................... 24
2.3.6. Recursos hídricos e sua gestão ................................................................................................... 25
3. Possibilidades para o futuro ......................................................................................................................................................26
3.1. Adaptação às mudanças climáticas ..................................................................................................................................26
3.2. Mitigação da Mudança do Clima .....................................................................................................................................27
3.3. Convenção de Viena e Protocolo de Montreal .................................................................................................................29
3.4. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) ...............................................................30
3.5. O Protocolo de Quioto .....................................................................................................................................................31
3.6. Política Nacional sobre Mudança do Clima no Brasil ......................................................................................................31
3.7. O Programa Nacional de Mudanças Climáticos no MCT ................................................................................................33
4. Conclusões ................................................................................................................................................................................34
5. Referências Bibliográficas ........................................................................................................................................................36
1
1. Introdução
A radiação solar é um dos principais fatores que assegura a vida na Terra. O Sol emite
a energia, radiação eletromagnética, necessária para que a vida exista. Quando a radiação
solar atinge a Terra, ela pode ser refletida, espalhada ou absorvida. Por isso, chamamos de
Balanço Energético da Terra a diferença entre a entrada e a saída de energia, ou seja, como a
energia é distribuída no planeta. A energia emitida pelo Sol na forma de radiação
eletromagnética mantém aquecidas a atmosfera e a superfície terrestre. Essa radiação
compreende diferentes comprimentos de onda, constituindo um espectro eletromagnético.
Este espectro pode ser dividido em algumas regiões, por exemplo, a luz visível está
compreendida entre 400 a 750nm, acima de 750nm encontra-se os raios ultravioleta e abaixo
de 400nm o infravermelho, conforme a figura a seguir:
2
Figura 1: Espectro Eletromagnético (Disponível em: http://www.vision.ime.usp.br/~ronaldo/mac0417-
03/aula_02.html. Acesso em: 20 set 2012)
Cerca 30% da radiação solar que chega na Terra é refletida de volta ao espaço pelas
nuvens, gelo, neve, areia e outros corpos refletores, sem que ocorra qualquer absorção, 45%
da radiação incidente é absorvida pela superfície da Terra, e outros 25% são absorvidos por
gases que são chamados Gases Efeito Estufa (GEE) como o CO2, CH4, O3, NOx e vapor de
água. Porém, além de absorverem, esses gases reemitem a radiação na forma de raios
infravermelhos aquecendo a atmosfera. Por isso, a temperatura da superfície da Terra é cerca
de +15°C, em vez de -15°C (BAIRD, 2002).
3
1.2. Quais são os gases estufa?
Existem alguns gases que chamamos de Gases Efeito Estufa (GEE), eles são os
responsáveis pelo aquecimento da temperatura global terrestre. Em porcentagem são eles:
60% vapor de água, 25% dióxido de carbono, 8% ozônio e o restante provêm de gases como
o metano e óxidos de nitrogênio (KARL E TRENBERTH, 2003).
Esses gases são chamados de Gases Efeito Estufa (GEE), pois conseguem absorver a
radiação infravermelha aumentando o estiramento das ligações dos átomos que os
constituem. Na molécula de CO2, essa absorção acontece no estiramento assimétrico das
ligações podendo absorver metade da luz infravermelha térmica refletida que possuem
comprimentos de onda na região entre 14-16μm.
Figura 4: Intensidade de luz infravermelha térmica (linha contínua) medida experimentalmente, que
deixa a superfície da Terra (acima do deserto do Saara), comparada com a intensidade teórica que seria esperada
sem a absorção pelos gases indutores do efeito estufa (linha tracejada). As regiões de comprimento de onda de
4
maior absorção pelos gases encontram-se indicadas (BAIRD, 2002).
5
Nesse campo, os cientistas do clima têm alguns desafios importantes. Por exemplo,
eles devem identificar:
a) Cada um dos fatores que afetam o clima
b) Os mecanismos por intermédio dos quais tais fatores exercem um forçamento
c) Quantidade de forçamento radiativo de cada fator
d) O forçamento radiativo total de um grupo de fatores
Calcular a forçante radiativa de um agente climático é como definir uma escala
padrão, que permite a possibilidade de se estimar a intensidade de sua perturbação sobre o
clima, para algum local ou região do globo.
Os gases de efeito estufa exercem um forçamento radiativo de forma direta e de forma
indireta. A forma direta ocorre quando o próprio gás é um gás de efeito estufa, ou seja, a
seção de choque da molécula do gás interage fortemente com a radiação térmica. A forma
indireta de forçamento radiativo ocorre quando há transformações químicas no gás original
que produz outro gás ou gases que apresentam propriedades de alta interação com a faixa
térmica de radiação do espectro eletromagnético.
Vale ressaltar que, apesar do GWP de todos os gases serem maiores que o GWP do
CO2, está em maior quantidade que os demais, tendo, portanto, maior representatividade no
efeito estufa.
7
CO2-equivalente de cada um dos gases. As emissões de CO2-equivalente constituem um valor
de referência e uma métrica útil para comparar as emissões de GEE diferentes, mas não
implicam respostas idênticas às alterações climáticas.
Na história do planeta Terra, é possível perceber que o meio ambiente sempre passou
por mudanças. Grande parte delas foram e continuam sendo devido às causas naturais, sobre
as quais temos pouco (ou nenhum) controle como, por exemplo, as erupções vulcânicas, os
terremotos, furacões, inundações, entre outros. Não há dúvida de que tudo isso traz
consequências para o meio ambiente. Por outro lado, ocorrem mudanças que são causadas
pela ação humana, consideradas antropogênicas. Essas mudanças eram pouco significativas
no passado, mas a partir da revolução industrial passaram a ter muita importância,
principalmente, devido ao aumento da população e do consumo de bens e serviços que
demandam mais energia e a utilização dos diferentes espaços do planeta de formas diversas.
O quarto relatório do IPCC (PACHAURI e REISINGER, 2007) classifica como
“muito provável” (até 90% de chance) que, desde meados do século XX, as atividades
humanas estejam contribuindo para o aumento da temperatura da atmosfera, principalmente
devido à queima de combustíveis fósseis. No relatório de 2001 essa questão era tida apenas
como “provável” (66% de chances ou mais).
O problema ambiental mais discutido pela mídia1, nas instituições educativas e de
pesquisa, desde os relatórios do IPCC, principalmente o segundo (SAR2) e o terceiro (TAR3),
é o aquecimento global, decorrente das emissões dos gases de efeito estufa provenientes da
intensificação das atividades humanas. O SAR (IPCC, 1995) aponta que o aumento da
concentração de gases de efeito estufa, desde a época pré-industrial, levou a uma forçante
radiativa positiva do clima, o que tende a aquecer a superfície do planeta e gerar outras
mudanças climáticas. Em função da presença de alguns gases (CO2 e N2O, por exemplo) na
atmosfera ser longa, a forçante radiativa desses GEE afetará por muito tempo a
potencialização do efeito estufa (IPCC, 1995).
1
A título de exemplo, no período entre fevereiro de 2000 e agosto de 2001, nos sites da Internet dos jornais
Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo e das revistas Veja, Época, Super Interessante e Galileu, foram
publicados 26 textos referentes ao efeito estufa. Para maiores informações consultar: Xavier e Ker (2004).
2
IPCC Second Assessment Report: Climate Change 1995 (SAR)
3
IPCC Third Assessment Report: Climate Change 2001 (TAR)
8
Um exemplo da interferência humana é o uso dos combustíveis fósseis, que liberam
entre outros compostos, o gás carbônico, que gera uma forçante radiativa positiva. Mas o
próprio uso desses combustíveis também contribui na formação de partículas que espalham a
radiação solar, caracterizando uma forçante negativa. A fuligem, por sua vez, tem uma alta
eficiência na absorção da radiação e por isso é forçante positiva. O aquecimento e o
resfriamento do planeta se devem a diferentes efeitos. O efeito albedo (BAIRD, 2002), por
exemplo, ajuda a resfriar o planeta, uma vez que reflete a radiação que chega até a atmosfera;
esse efeito pode ser intensificado pelo aumento na quantidade de aerossóis.
Um aumento na concentração de gases de efeito estufa tende a
aquecer o planeta, ao passo que os aerossóis têm um efeito de
resfriamento. O clima regional e global pode mudar com o
desmatamento e outras atividades associadas ao uso da terra, como a
agricultura e a construção de grandes cidades. (MARENGO e
VALVERDE, 2007:6)
9
Figura 4. (a) Emissão global anual antropogênica de GEE entre 1970 a 2004. (b) Parcela de diferentes GEE
antropogênicos nas emissões totais em 2004 em termos de CO 2-eq. (c) Parcela de diversos setores no total das
emissões antropogênicas de GEE em 2004 em termos de CO 2-eq. (Florestal – Forestry – inclui desmatamento.)
Extraído do relatório do IPCC (PACHAURI e REISINGER, 2007:36).
Os Gases de Efeito Estufa (GEE), como anteriormente dito, são responsáveis por reter
o calor na atmosfera de modo que a temperatura permaneça dentro de uma faixa de valores
apropriada à sobrevivência dos seres vivos e dos ecossistemas. Os gases de efeito estufa
podem ser classificados de origem natural ou de origem antropogênica.
O gás de efeito estufa mais abundante é o vapor de água (60%) (KARL E
TRENBERTH, 2003). Entretanto, ele não contribui para o aumento desse efeito. Isso porque,
embora suas moléculas tenham um alto poder de refletir as ondas longas, a quantidade desse
vapor na atmosfera se mantém constante. Até mesmo quando a temperatura aumenta, o
equilíbrio desses vapores é mantido em um controle natural dos processos de condensação e
evaporação. Diante disso, na prática, não há interferência desse fator no incremento da
retenção do calor. Além do mais, não há impacto humano direto nos níveis de vapor d’água.
Por outro lado, outros gases intensificados pelas atividades humanas contribuem para
o aumento do efeito estufa e consequentemente para o aquecimento do planeta. Os principais
gases causadores desse fenômeno são os:
a) Dióxido de Carbono (CO2)
b) Clorofluorcarbonos (CFCs)
c) Metano (CH4)
d) Óxidos de nitrogênio (NOx)
A soma do impacto desses gases no efeito estufa resulta em um total de 99,8%,
restando apenas 0,2% para todos os outros gases que também acabam por contribuir para o
fenômeno.
10
As principais fontes antropogênicas dos gases estufa são provenientes do setor de:
- Energia: todas as emissões antrópicas devido à produção, a transformação e ao
consumo de energia. Inclui tanto as emissões resultantes da queima de combustíveis quanto
às emissões resultantes de fugas na cadeia de produção, transformação, distribuição e
consumo de energia.
- Processos Industriais: emissões antrópicas resultantes dos processos produtivos nas
indústrias e que não são resultado da queima de combustíveis, pois essas últimas são
relatadas no setor Energia. Foram considerados os subsetores de produtos minerais, química,
metalurgia, papel e celulose, alimentos e bebidas, e produção e utilização de HFC e SF6.
(BRASIL, 2009)
- Agropecuária: fermentação entérica, manejo de dejetos de animais, cultivo de arroz,
queima de resíduos agrícolas.
- Mudança no uso de terras e florestas: conversão de florestas, abandono de terras
manejadas, mudança no carbono de solos.
- Tratamento de resíduos: disposição de resíduos sólidos e tratamento de esgotos.
Na figura 5 podemos comparar a evolução das fontes antropogênicas de gases estufas
ao longo de 34 anos. Relacionado a figura 5, as outras fontes de N2O incluem processos
industriais, desflorestamento, queima de florestas, águas residuais e incineração de resíduos.
As outras fontes de emissão de CH4 são devido a processos industriais e queima de florestas.
Em relação a fonte de metano proveniente da energia, também levou-se em consideração as
emissões provenientes da produção e uso da bioenergia.
Figura 5. Fontes antropogênicas de gases estufas, 1970-2004. Adaptado do relatório do IPCC (METZ
et al., 2007)
11
Cada fonte tem seus pontos fortes e fracos e incertezas. Pode-se inferir que o aumento
da combustão e da utilização de combustíveis fósseis, as emissões agrícolas mantiveram-se
praticamente estável devido a quedas de compensação e aumentos de produção de arroz e
pecuária, respectivamente. As emissões de N2O aumentaram, principalmente devido ao
aumento do uso de fertilizantes e do crescimento agregado da agricultura.
Figura 6: Evolução das fontes de emissões de gás carbônico no Brasil (BRASIL, 2009)
O CO2 é o principal gás de efeito estufa que afeta o equilíbrio radiativo da Terra.
Também é o gás de referência contra o qual outros gases-estufa são medidos e, portanto, tem
um potencial de aquecimento global (PAG) de 1. Atualmente, como dito anteriormente, o
dióxido de carbono contribui com 25% do efeito estufa no planeta.
O CO2 possui uma meia vida atmosférica variável, pois depende do local, da
temperatura e das emissões. (IPCC, 2001). A meia vida é o tempo necessário para que a
massa de determinada substância presente na natureza caia à metade do que existia
originalmente. As emissões de hoje têm efeitos de larga duração, podendo resultar em
impactos no regime climático ao longo de vários séculos.
12
A concentração desse gás na atmosfera vem aumentando nos últimos 650.000 anos,
de 180 ppm para 300 ppm, respectivamente. Entretanto houve um aumento mais pronunciado
desde a era pré-industrial, passando de 280 ppm para 379 ppm em 2005, sendo que na última
década, entre 1995 e 2005, houve a maior taxa de aumento. (METZ, 2009)
A concentração de CO2 na atmosfera começou a aumentar no final do século XVIII,
quando se iniciou a revolução industrial, a qual demandou a utilização de grandes
quantidades de carvão mineral e petróleo como fontes de energia. Desde então, a
concentração atmosférica de CO2 passou de 280 ppm no ano de 1750 para 389,6 ppm em
2010 (METZ, 2007), representando um incremento de aproximadamente 39% (Figura 7).
Este acréscimo na concentração de CO2 implica no aumento da capacidade da atmosfera em
reter calor e, consequentemente, no aumento da temperatura do planeta.
As emissões de CO2 continuam a crescer e sua concentração na atmosfera até 2100
pode alcançar valores de 540 a 970 ppm, isto é, 90 a 250% acima do nível de 1750. (NASA,
s.d.) A concentração de CO2 deve ser mantida abaixo de 400 ppm para que o aumento da
temperatura global não ultrapasse os 2ºC (em relação aos níveis do período pré-industrial)
evitando, assim, uma interferência perigosa no clima. Esta previsão de 540 a 970 ppm
representa um cenário futuro muito preocupante para todos os seres vivos que habitam o
planeta.
13
De acordo com a figura 8, podemos perceber a relação entre o aumento da
temperatura global com o aumento da concentração de CO2. O aquecimento da superfície
global aumenta a medida que a concentração do dióxido de carbono aumenta. Muitos outros
fatores (como os efeitos das erupções vulcânicas e mudanças de irradiância solar) também
são importantes (BOTKIN e KELLER, 2003).
Figura 8: Relação entre a temperatura global média anual (barras) e a concentração de dióxido de carbono em
ppmv (linha contínua). (BOTKIN e KELLER, 2003)
2.2.2. CFCs
O metano é um dos seis gases de efeito estufa a ser mitigado no âmbito do Protocolo
de Quioto6 e é o principal componente do gás natural associado com todos os combustíveis
de hidrocarbonetos, pecuária e agricultura. O metano também é o gás encontrado em camadas
de carvão.
Entre as fontes de metano temos os processos naturais (em torno de 40%, sendo
resultado de emissões em áreas alagadas e cupins) e as fontes antropogênicas (60%). É
4
Maiores informações sobre o Protocolo de Montreal serão abordadas no item 3.3. deste texto.
5
Maiores informações sobre a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima serão abordadas
no item 3.4. deste texto.
6
Maiores informações sobre o Protocolo de Quioto serão abordadas no item 3.5. deste texto.
15
produzido através de processos de decomposição anaeróbica ou por combustão incompleta,
mudanças no uso do solo (cultivo de arroz em áreas alagadas, queima de biomassa - florestal
e resíduos agrícolas - inundação de áreas florestadas em reservatórios) e áreas naturais
pantanosas; criação de animais ruminantes (dejetos e criação), utilização energética
(produção, armazenagem, queima de carvão mineral e produção e transporte de gás natural)
(ALVALÁ, KIRCHHOFF e PAVÃO, 1999).
De acordo com a figura 9, pode-se observar que houve uma leve modificação no perfil
das fontes emissoras de metano no Brasil ao longo de quinze anos, sendo que a contribuição
proveniente da fermentação entérica diminuiu e houve um aumento nas emissões devido a
mudança de uso de terras e florestas.
A concentração do gás metano passou de 700 ppb na era pré-industrial para 1.750
recentemente (IPCC, 2001). É muito provável que o aumento da concentração do metano na
atmosfera seja devido às atividades antrópicas, principalmente à agricultura e ao uso de
combustíveis fósseis. Sua taxa de crescimento declinou na última década, mantendo-se
praticamente constante até 2005.
Responsável por cerca de 18,6% do efeito estufa, (IPCC, 2001) é o segundo gás em
importância. Como visto anteriormente, ele apresenta meia vida atmosférica de doze anos. A
quantidade de metano emitida para a atmosfera é bem menor, mas seu potencial de
aquecimento global é cerca de 20 vezes superior ao do CO2 (IPCC, 1992).
Figura 10: Evolução das fontes de emissões de óxido nitroso no Brasil (Inventário brasileiro das emissões e
remoções antrópicas de gases de efeito estufa, 2009)
2.3. Consequências
17
aquecimento global do que as implicações diretas do efeito estufa intensificado, embora a
intensificação deste efeito seja responsável, em partes pelo aquecimento do planeta nos
últimos anos.
O aumento observado na temperatura média mundial, desde meados
do século XX, deve-se, em sua maior parte, muito provavelmente,
ao aumento observado das concentrações de gases de efeito estufa
antropogênicos. Esta conclusão representa um avanço, já que o
Terceiro Relatório de Avaliação indicava que a maior parte do
aquecimento observado nos últimos cinquenta anos se devia,
provavelmente7, ao aumento das concentrações de GEE.
(PACHAURI e REISINGER, 2007: 39) (tradução nossa).
Esse aumento nas temperaturas superficiais quer seja verificado ou projetado é o que a
figura 11 apresenta.
É muito improvável que o aquecimento da atmosfera e dos oceanos e o derretimento
de gelo nos pólos sejam devido a causas naturais conhecidas. Por outro lado, é mais provável
que estejam ocorrendo por forçantes externas, já que, nos últimos 50 anos a soma de
forçantes solares e vulcânicas, provavelmente teria produzido um resfriamento ao invés do
aquecimento.
O aquecimento na superfície dos continentes e oceanos (até uma centena de metros de
profundidade) e na atmosfera vem acompanhado de um resfriamento estratosférico que é bem
provável que se deva ao aumento dos GEE e à diminuição do ozônio na estratosfera
(SANTER et al., 2004). Também, é provável que o aumento das concentrações dos GEE
tenha causado por si só um aquecimento maior do que o observado, já que os aerossóis
vulcânicos e antropogênicos tem compensado parte do aquecimento que, de outro modo, teria
acontecido (SOLOMON et al., 2007).
7
Os intervalos de probabilidade que são utilizadas para expressar a probabilidade de ocorrência de
determinada situação avaliada são: Praticamente certo > 99% de probabilidade de ocorrer; Muito
provável, entre 90 a 99%;
Provável entre 66 a 90% de probabilidade; Mais provável do que não, probabilidade de 33 a 66%;
Improvável, faixa entre 10 a 33% de probabilidade; Muito improvável, quando a probabilidade varia
de 1 a 10%; Excepcionalmente improvável < 1% de probabilidade. Informações do relatório do IPCC
(PACHAURI e REISINGER, 2007).
18
Figura 11. Comparação entre as mudanças em escala continental e mundial observadas na temperatura
superficial e os resultados simulados por modelos climáticos que utilizam forçantes naturais e antropogênicas.
Tem-se indicado as médias decenais das observações correspondentes ao período de 1906-2005 (linha preta) a
respeito da data central do decênio e a respeito da média correspondente ao período de 1906-1950. A linha
tracejada denota uma cobertura espacial inferior a 50%. As listras sombreadas em azul correspondem a 19
simulações obtidas de cinco modelos climáticos que utilizam unicamente as forçantes naturais vinculadas a
atividade solar e aos vulcões. As listras sombreadas em vermelho correspondem a 58 simulações obtidas de 14
modelos climáticos que utilizam forçantes naturais e antropogênicas. [Extraído do relatório do IPCC:
SOLOMON et al., 2007].
19
Estes impactos, considerados no relatório de 2001, foram revistos e organizados de
maneira diferente no relatório de Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade do Grupo II do
IPCC, de 2007 (PARRY et al., 2007) no qual, os efeitos sobre a vulnerabilidade dos sistemas
naturais e humanos serão sentidos em seis grandes áreas.
2.3.1. Ecossistemas
Figura 12. Troca líquida de carbono de todos os ecossistemas terrestres simulado pelo DGVM LPJ (SITCH
et al., 2003; GERTEN et al., 2004) para diferentes cenários, em que valores negativos significam um
sumidouro de carbono, enquanto valores positivos remontam a perdas de carbono para a atmosfera. Dados
do século passado são baseados em observações e dados de modelos climáticos que foram normalizados
para estar de acordo com estas observações para os dados de 1961-1990 (PARRY et al., 2007).
Se a temperatura média do planeta aumentar entre 1,5 e 2,5°C, aproximadamente
20 a 30% das espécies vegetais e animais conhecidas estarão expostas a um risco maior
de extinção. E se a temperatura aumentar mais do que 2,5ºC mantendo a concentração de
20
CO2 correspondente, as projeções indicam importantes mudanças na estrutura e função
dos ecossistemas, nas interações ecológicas e deslocamento geográfico das espécies, com
consequências negativas para a biodiversidade e para os bens e serviços ecossistêmicos,
como o fornecimento de água e alimentos (PARRY et al., 2007).
A acidificação progressiva dos oceanos decorrente do aumento do dióxido de
carbono na atmosfera deve ter impactos negativos nos organismos marinhos formadores
de conchas (por exemplo, os corais) e as espécies que deles dependem.
2.3.2. Alimentos
2.3.3. Costas
22
fenômenos de branqueamento de corais e sua mortalidade se intensificarão (PARRY et
al., 2007).
De hoje até a década de 2080 aconteceriam inundações todos os anos (ERICSON
et al., 2006), por conta da elevação do nível do mar, o que afetaria milhões de pessoas
que hoje não são afetadas. Ásia e África seriam muito afetadas, como pode ser visto na
Figura 13, devido à baixa altitude de suas terras continentais e pela grande quantidade de
população nas regiões costeiras. Também, as pequenas ilhas ficariam mais vulneráveis.
Figura 13. Vulnerabilidade relativa dos deltas costeiros, como mostrado pelo indicativo de potencial
deslocamento da população pelas atuais tendências do nível do mar até 2050 (Diferentes níveis foram
usados para distinção entre quantidade de pessoas afetadas. Extremo => 1 milhão; Alta = 1 milhão para
50.000; Médio = 50.000 para 5.000) (PARRY et al., 2007).
23
coletivos de saúde. As tempestades tropicais podem afetar o modo de vida e as economias das
comunidades costeiras através dos efeitos sobre os recifes de corais, mangues e outros
ecossistemas costeiros (ADGER et al., 2005).
2.3.5. Saúde
25
fornecidos pela água de degelo de grandes cadeias de montanhas, onde mais de um sexto
da população mundial vive atualmente (PARRY et al., 2007).
O impacto das mudanças climáticas deverá ser diferente nas diversas regiões do
planeta. Por exemplo, no Ártico, sistemas naturais e comunidades humanas sentiriam os
efeitos de uma alta taxa de aquecimento; já na África, os impactos seriam sentidos muito
mais devido à baixa capacidade adaptativa da população; enquanto que nas pequenas
ilhas a população e a infraestrutura estariam muito expostas aos impactos das mudanças
climáticas; e nas grandes planícies da Ásia e da África, onde existem grandes massas de
população e são muito suscetíveis ao aumento de nível do mar, as grandes tempestades e
as inundações seriam os maiores problemas.
Todos estes impactos possíveis de ocorrer, nos diversos setores da sociedade, podem
ser atenuados se algumas medidas forem tomadas. Algumas são propostas de acordos
internacionais, criação de mecanismos de acompanhamento, ações da sociedade civil e dos
próprios governos. Essas possibilidades contemplam situações de adaptação e situações de
atenuação daquilo que já ocorreu.
A capacidade de adaptação faz parte de todo ser vivo, que ao ser exposto a qualquer
mudança cria/utiliza uma estratégia de resposta a situação adversa. Isso ocorre na tentativa de
prevenir-se contra danos decorrentes das mudanças e aprender a explorar os benefícios que
ela pode causar. Os benefícios de qualquer adaptação ao clima podem ser de curto ou longo
prazo, local, regional ou global.
Medidas de adaptação podem ser planejadas ou não. Pesquisa de Berrang-Ford, Ford
e Paterson (2011) sobre a adaptação às mudanças climáticas mostrou que as ações dos
governos antecedem às mudanças, enquanto as ações individuais ocorrem como reação a
alguma mudança. A distribuição global da adaptação às mudanças é desigual, ocorre em
diferentes localidades e em diferentes tipos de população. Em países de baixa renda, as
medidas de adaptação são reativas e de curto prazo, enquanto em países mais ricos são
antecipatórias e de longo prazo.
26
Normalmente, no Brasil, as medidas de adaptação a mudanças do clima ocorrem
como resposta a eventos extremos que já ocorreram, sejam eles naturais ou não. Como um
país em desenvolvimento, o Brasil se encaixa no perfil traçado por Berrang-Ford, Ford e
Paterson (2011) que apontam que nesses países a adaptação normalmente ocorre depois do
evento extremo e não como prevenção a ele. Embora atualmente, o Ministério do Meio
Ambiente (MMA) brasileiro, conforme divulgado em sua página oficial8 venha investindo em
medidas de adaptação, como:
(...) o fortalecimento dos sistemas e órgãos de defesa civil; a
conservação de ecossistemas; o gerenciamento de zonas costeiras,
vedando o estabelecimento de novas zonas residenciais em áreas
sujeitas ao aumento do nível do mar; o gerenciamento de riscos na
agricultura e pesquisas com grãos mais resistentes ao aumento da
temperatura; sistemas de vigilância para o avanço de doenças
causadas por vetores que são beneficiados pelo aumento médio da
temperatura como a dengue; e a construção de diques, considerando o
provável aumento do nível do mar em cerca de 50 cm até o final do
século, segundo o 4º Relatório do Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas (IPCC). (BRASIL, MMA, s.d.)
28
dia; aparelhos elétricos e de aquecimento e comerciais, inclusive com tecnologias, como
refrigeração mais eficientes; melhoria de medidores inteligentes que forneçam
fogões e da insulação; energia solar passiva e informações e controle; energia solar
ativa para aquecimento e refrigeração; fluidos fotovoltaica integrada nas edificações.
alternativos de refrigeração, recuperação e
reciclagem de gases fluorados.
Indústria Equipamento elétrico mais eficiente de uso Eficiência energética avançada; captação e
final; recuperação de calor e energia; armazenamento de carbono na fabricação de
reciclagem e substituição de material; controle cimento, amônia e ferro; eletrodos inertes na
das emissões de gases não-CO2; e uma ampla fabricação de alumínio.
faixa de tecnologias específicas de processos.
Agricultura Melhoria do manejo do solo na agropecuária Melhorias das safras.
de modo a aumentar o armazenamento de
carbono no solo; recuperação de solos turfosos
cultivados e terras degradadas; melhoria das
técnicas de cultivo de arroz e manejo da
pecuária e do esterco para reduzir as emissões
de CH4; melhoria das técnicas de aplicação de
fertilizante nitrogenado para reduzir as
emissões de N2O; culturas com fins
exclusivamente energéticos para substituir o
uso de combustíveis fósseis; melhoria da
eficiência energética.
Florestamento Florestamento; reflorestamento; manejo Melhoria das espécies de árvore para aumentar a
florestal; redução do desflorestamento; manejo produtividade da biomassa e o sequestro de
da exploração de produtos madeireiros; uso de carbono. Melhoria das tecnologias de
produtos florestais para a geração de sensoriamento remoto para análise do potencial
bioenergia em substituição ao uso de de sequestro de carbono da vegetação/solo e
combustíveis fósseis. mapeamento da mudança no uso da terra
Resíduos Recuperação de metano dos aterros sanitários; Biocoberturas e biofiltros para otimizar a
incineração de resíduos com recuperação oxidação do CH4.
energética; compostagem dos resíduos
orgânicos; tratamento controlado das águas
residuárias; reciclagem e minimização dos
resíduos.
(IPCC, 2007, p.16-17)
29
As substâncias controladas pelo Protocolo de Montreal compreendem os halocarbonos
(compostos formados por carbono, hidrogênio e halogênios – F, Cl, Br).
30
Compromissos assumidos somente pelos países desenvolvidos (que se somam aos
compromissos anteriores)
- adotar políticas e medidas nacionais para reduzir as emissões de gases de efeito
estufa, buscando reverter suas emissões antrópicas desses gases aos níveis de 1990, até o ano
2000;
- transferir recursos tecnológicos e financeiros para países em desenvolvimento;
- auxiliar os países em desenvolvimento, particularmente os mais vulneráveis à
mudança do clima, a implementar ações de adaptação e se preparar para a mudança do clima,
reduzindo os seus impactos.
9
Para maiores informações acessar o site do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo federal:
http://www.mct.gov.br/
31
compromisso voluntário do Brasil de reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre
36,1% e 38,9% daquelas projetadas até 2020.
Segundo o Decreto nº 7.390/2010, que regulamenta a Política Nacional sobre
Mudança do Clima (BRASIL, 2010), a linha de base de emissões de gases de efeito estufa
para 2020 foi estimada em 3,236 GtCO2-eq. Assim, a redução absoluta correspondente ficou
estabelecida entre 1, 168 GtCO2-eq e 1,259 GtCO2-eq, que corresponde ao percentual
assumido pelo Brasil com UNFCCC.
Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM) e seu Grupo Executivo
(GEx), instituídos pelo presidente brasileiro em 2007, são responsáveis pela governança da
PNMC. Para a execução da PNMC, o governo faz uso de alguns instrumentos principais: o
Plano Nacional sobre Mudança do Clima, o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e a
Comunicação do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima,
entre outros.
A representação do funcionamento da governança Institucional da Política Nacional
sobre Mudança do Clima está na Figura 15.
Figura 15. Esquema representativo do funcionamento da governança Institucional da Política Nacional sobre
Mudança do Clima, extraído de http://www.mma.gov.br/clima/politica-nacional-sobre-mudanca-do-clima, em
outubro de 2012.
32
3.7. O Programa Nacional de Mudanças Climáticos no MCT
10
O Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não controlados pelo
Protocolo de Montreal (Inventário) é parte da Comunicação Nacional à Convenção Quadro da ONU sobre
Mudança do Clima (Convenção de Mudança do Clima). A Comunicação Nacional é um dos principais
compromissos de todos os países signatários da Convenção de Mudança do Clima. Dados deste inventário estão
disponíveis em: http://www.mct.gov.br/upd_blob/0207/207624.pdf e foram utilizados neste texto.
A responsabilidade da elaboração da Comunicação Nacional é do Ministério da Ciência e Tecnologia, ministério
responsável pela coordenação da implementação da Convenção de Mudança do Clima no Brasil, conforme
divisão de trabalho no governo que foi estabelecida em 1992.
A obtenção das informações para o Inventário Nacional conta com a participação de mais de 700 especialistas e
cerca de 150 entidades governamentais e nãogovernamentais, incluindo ministérios, institutos, universidades,
centros de pesquisa e entidades setoriais da indústria.
Alguns dos estudos contratados ou acordados com entidades que estão colaborando sem ônus para o projeto
ainda estão em estágio de verificação final, entre eles o estudo relativo ao setor de Uso da Terra e Florestas, de
importância fundamental no perfil das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
33
Principais resultados:
-Conclusão da elaboração do Inventário Brasileiro das Emissões Antrópicas por
Fontes e Remoções por Sumidouros de Gases Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo
de Montreal.
-Implantação da metodologia do IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança do
Clima para emissões de gases de efeito estufa em diversas instituições.
A Coordenação Geral de Mudanças Globais tem as atribuições:
-Assessorar o Ministro da Ciência e Tecnologia nas questões relativas às mudanças
globais, em especial, à mudança do clima;
-Acompanhar as negociações da Convenção sobre Mudança do Clima;
-Acompanhar os trabalhos científicos do Painel Intergovernamental sobre Mudança
do Clima - IPCC, e gerenciar a divulgação dos relatórios e documentos do IPCC para
especialistas brasileiros;
-Coordenar os trabalhos para implementação da Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima no Brasil.
4. Conclusões
Os gases que mais contribuem para o efeito estufa são o vapor de água (60%) o gás
carbônico (25%), o ozônio (8%), o metano e os óxidos de nitrogênio (6%). Destes, o vapor de
água é o maior responsável pelo efeito, no entanto, as atividades antrópicas não contribuem
diretamente no seu aumento e, portanto, ele não é responsável pela intensificação do efeito.
Com a interferência da humanidade no volume de emissões desses gases, dizemos que
hoje o efeito estufa está intensificado e tem contribuído para o fenômeno de aquecimento
global. A quantidade de gases liberada para a atmosfera proveniente de ações antrópicas é
apenas um indicador quantitativo da presença dos gases na atmosfera, pois a contribuição
efetiva de cada substância ao aquecimento global deve ser ponderada pelo peso molecular e
pelo tempo de permanência médio na atmosfera e pelo efeito de aquecimento cumulativo de
cada gás, conjunto de informações que chamamos de potencial de aquecimento global.
Os setores que mais produzem os GEE são o de fornecimento de energia com 25,9%
das emissões, seguido da indústria com 19,4%, do setor florestal (que inclui o desmatamento)
com 17,4%, do setor agrícola (13,5%), de transportes (13,1%), depois o setor de edifícios
34
residenciais e comerciais com 7,9% e, por fim, os resíduos e efluentes com 2,8% das
emissões.
As consequências da intensificação do efeito estufa se relacionam às consequências
que a elevação da temperatura traz aos diferentes ecossistemas. Entre elas estão alterações no
regime de precipitações, alterações de ecossistemas aquáticos e terrestres, derretimento de
geleiras, inundação de costas e consequente emigração de pessoas e redução de áreas de
cultivo. Além disso, indústrias e atividades comerciais que dependem de insumos e regiões
afetadas pelas mudanças também sentirão as consequências.
Para lidar com as mudanças climáticas geradas pela intensificação do efeito estufa,
medidas de adaptação e mitigação tem sido tomadas em todo o mundo. Existem iniciativas
dos governos, da sociedade e individuais. Todas, de alguma maneira contribuem para
minimizar os efeitos e diminuir a emissão de gases de efeito estufa.
35
5. Referências Bibliográficas
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