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J. MANUEL NAZARETH
| : J. MANUEL NAZARETH
DEMOGRAFIA
A CIÊNCIA DA POPULAÇÃO
nd EDITORIAL PRESENCA |
INDICE
3.º TRABALHO PRÁTICO RESOLVIDO: análise da qualidade dos dados dos sistemas
de informação demográfica ..............erestaememerseereeseeneascenoecanteaeeesreneneeemearrenmcantentammos 149
9
CAPÍTULO VII — ANÁLISE DOS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS ......... 253
Introdução .......... rr rrerannanereracereeseraraereanenares
cane sereaneseerecrcaraasecenara ca canorenae asas canesneaaces
8.1. Os métodos directos de análise dos movimentos migratórios .......
8.2. Os métodos indirectos de análise dos movimentos migratórios ....
A equação de concordância... eeeeeeeerereeserereeeerereereaeserreresemrenacenerearesereenar
Os métodos da população esperada
7.º TRABALHO PRÁTICO RESOLVIDO: análise dos movimentos migratórios ............smeses 262
BIBLIOGRAFIA... ereeteeresterrtarteereereeertettttten ne
CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS
: 11
mente, o que teve como consequência mais visível a procura de uma fundamen-
tação teórica e factual das diversas componentes que integram o seu objecto de
estudo. Os trabalhos sobre o pensamento demográfico, a história da população e a
sua distribuição espacial, a diversidade da demografia em geral e as políticas
demográficas e familiares passaram de raros a abundantes. Porém, a Demografia
ao procurar dar resposta, no seu complexo processo de investigação, a alguns
dos grandes problemas sociais contemporâneos, ultrapassou as limitações do sis-
tema social, procurou ter em consideração a dinâmica das interacções bio-
-culturais e passou a tomar em consideração, de uma forma progressiva, a noção
de ambiente quer em termos de causas quer em termos de consequências dos
fenómenos, aproximando-se assim de uma visão ecológica e sistémica dos pro-
blemas.
Sabemos que não é possível. traçar com precisão as fronteiras existentes. entre.
as diversas ciências sociais, pois todas têm em comum. o.homem.como. objecto. de.
estudo, estando necessariamente interligadas. Para o especialista numa determina-
da ciência social, as outras têm uma função auxiliar. Elas fornecem informações
que podem ser úteis no tratamento de problemas que são objecto específico da sua
disciplina. Nesta óptica, a Demografia não difere das outras. ciências sociais. O seu.
objecto de estudo tambémé o comportamento. do Homem em sociedade-e. igual.
mente necessita de todas as outras ciências sociais.
Saber se pelo facto de ser uma ciência social instrumental, de reflexão e de
acção faz dela uma ciência social originalé algo a que é difícil dar resposta. Numa
certa perspectiva, a Demografia é igual a todas as outras ciências sociais, visto ter
um objecto específico de estudo definido e distinto das outras ciências (se bem que
em termos globais, o seu objecto seja igual ao das outras ciências sociais — o
estudo do comportamento do Homem em sociedade) e tal como todas as outras
ciências sociais, tem uma importante componente de acção e de reflexão.
Mas, numa outra perspectiva,a Demografia tem o seu objecto de estudoespe.
<íficos demasiadamente-bem.definido, facilmente. quantificável, -sobretudo-quando-a
tomamos na suaacepção mai ita — o efeito da mortalidade, da natalidade
das
“e migrações no estado da população
Não admira, assim, que a componente instrumental se tenha tornado de tal
forma importante que nenhum dos ramos faz sentido sem o seu conhecimento.
4
Também fez com que esta ciência passasse a ter, para muitas áreas científicas;-o
alor de utensílio — a família, por exemplo, é estudada por várias disciplinas, mas
êxiste apenas uma forma de se analisar a família numa perspectiva demográfica e
essa forma passa necessariamente pelo conhecimento mais ou menos aprofundado
da análise demográfica.
«A importância do. contributo. da base demográfica naanálise dos. grandes.pre-
blemas sociais contemporâneos. ultrapassa o sistema social, eatinge..várias-áreas
científicas que vão desde as ciências económicas e as ciências da conduta às ciên-
“cias da vida, passando pelos recentes domínios directa e indirectamente ligadosà
gestão da informação e do conhecimento.
Para que a Demografia continue.a progredir como disciplina científica torna-se.
necessário que ela consolide-e aprofunde.o domínio dos instrumentos. científicos. de
análise, pois só assim teremos uma constante re ção científica dos proble-
mas demográficos. Porém, este aprofundamento só tem sentido se for acompa-
nhado do rigor na medição que caracteriza a prática desta disciplina científica, mas
necessita também que os horizontes das suas preocupações sejam alargados a no-
vos domínios.
Em todo o caso tem-se passado muitas. vezes para o extremo oposto, ou seja,
confunde-se a parte instrumental com o todo, demográfico. Todo. o. fechamento.
de
campo é perigoso. O rigor dos métodos não deve fazer passar para segundo plano
a natureza autêntica da Demografia: ser uma ciência social de raiz biológica-e.
tendendo para uma visão ecológica dos comportamentos. Os dois grandes fenómenos
demográficos — a natalidade e a mortalidade — são, antes de mais,.processes
biológicos que existem em todos os seres. vivos, £.as.migrações.também,exisfemna
maiorparte das sociedades animais.
Iniciâmos a experiência pedagógica destas matérias no. início dos anos 70
e publicámos o primeiro trabalho fruto dessa experiência em 1988 — Princípios e
Métodos de Análise Demográfica.
Quase dez anos depois, procedemos a uma primeira grande revisão de fundo
e publicámos um novo trabalho mais teórico e menos técnico — Introdução à
Demografia — Teoria e Prática.
Pelo caminho, ocupámo-nos de alguns temas específicos — Envelhecimento da
População Portuguesa e Explosão Demográfica e Planeamento Familiar — e par-
ticipámos em dois grandes projectos colectivos de carácter prospectivo — Por-
tugal: o desafio dos anos noventa e Portugal: os próximos vinte anos.
A formação académica e as publicações científicas em Demografia, em Portu-
gal bem como na maior parte dos países do mundo, passaram de raras a abun-
dantes. Porém, nos anos 90, integrados numa rede europeia (Certificado Internacional
de Ecologia Humana) surgiram os primeiros Mestrados em Ecologia Humana na
Universidade de Évora e na Universidade Nova de Lisboa. No Instituto Superior
de
Estatística e Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa, em particular
no Mestrado em Gestão de Informação, foi criada uma variante em Sistemas de
Informação Geográfica, Demográfica e Ambiental também integrada no Certifica-
do Internacional de Ecologia Humana.
Novas gentes, oriundas das mais diversas áreas científicas, apareceram para
debater e investigar novos temas, aproveitando as técnicas da dinâmica das popula-
ções humanas. A sua experiência profissional e a integração das perspectivas da
Demografia, Gestão de Informação, Sistemas de Informação Geográfica, Ambiente
e Ecologia Humana encontraram neste cruzamento de saberes uma nova resposta
às suas preocupações científicas, profissionais e pessoais.
O trabalho que agora se apresenta pretende dar continuidade ao projecto ensino
e investigação sobre a dinâmica das populações humanas, iniciado nos anos 70,
sistematizando os conhecimentos adquiridos no estudo dos fenómenos que, sendo
biológicos na origem, sofrem profundas modificações quando inseridos na socie-
dade e no, ambiente mais vasto. que a rodeia.
A experiência “adquirida, o estudo continuado da aplicação de um modelo de
aprendizagem a diversos níveis e tipos de ensino, a acumulação de teses de dou-
13
toramento e de mestrado, a influência estratégica da Ecologia Humana e dos mo-
dernos Sistemas de Informação Demográfica, bem como as sugestões recebidas,
levaram-nos, quase dez anos depois, a proceder à segunda grande revisão de fundo
e a publicar, assim, um novo trabalho intitulado: Demografia — A Ciência da
População.
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CAPÍTULO I
A CIÊNCIA DA POPULAÇÃO:
A PROGRESSIVA MATURAÇÃO DA COMPLEXIDADE
DO SEU OBJECTO DE ESTUDO
Introdução
Objectivos do capítulo TI
15
. Conhecer as principais características do pensamento malthusiano
e Identificar as principais fases e a importância da teoria da transição demográfica
* Identificar os aspectos fundamentais do objecto de estudo da Demografia
* Compreender a razão pela qual a Demografia actual é simultaneamente una é
diversa
* Identificar as principais etapas da metodologia da Demografia
através da fixação de uma idade mínima parao casamento (30 anos para os homens
e 18 anos para as mulheres), e da limitação « a idade..da. procriação (apenas os
primeiros 10 a 14 anos de casamento); o risco inverso, ou seja, o de a população
gn
16
O direito à vida é apenas reservado às crianças belas e saudáveis. Para os que não
pertenciam a esta categoria, Platão defende o recurso à exposição e até mesmo à
eliminação dos recém-nascidos deficientes, o que faz com que este filósofo seja
considerado, para alguns especialistas da História da População,como o verdadeiro
pai do eugenismo (Russel, 1979).
“TT Ás idideiass «de. Aristóteles (384-322 a. C.) estão muito próximas do seu mestre
Platão.
ão.É mais realista ao pensar que a preocupaçã al é a de encontrar
um número estável de habitantes. Esta procura de estabilidade não implica a exis-
tência de um número fixo de habitantes, como acontecia no pensamento
de Platão.
Pelo contrário, ao aperceber-se que a mortalidade e a natalidade. fazem. xariar.o,
volume populacional, defende o princípio da justa dimensão a fim de exitaaL que
uma população numerosa seja fonte de pobreza, c i
fal como Piatão, defende O recurso ao aborto, ao infanticídio, ao “abandono. ei
exposição de crianças como forma. de..controlar..os. nascimentos, e de assegurar
a qualid; ade dos.cidadãos.
Em síntese, podemos dizer que o aspecto fundamental do pensamento. destes,
dois filósofosé o da defesa de uma população com um crescimento. próximo. de,
zero, de forma a tornar possível a existência de um equilíbrio social, político €
económico. Todas as medidas preconizadas têm esse objectivo. Contudo,sPT
17
Globalmente, podemos afirmar que na Antiguidade as questões relacionadas
com a população foramfl mentalment nalisadas numa perspectiva política e
social. Na Idade Média,
|] dominada pelo pensamento cristão, a perspectiva foi bem
diferente. Foi dominantemente teológica e moral.
Três grandes pensadores destacaram-se por entre os demais na análise de pro-
blemas que, nos dias de hoje, são o objecto de estudo da História da População ou
da História do Pensamento Demográfico: Santo Agostinho (345-430), São Gregório
(540-604) e São Tomás de Aquino (1235-1274).
No início, o cristianismo não se preocupou com os interesses da cidade terres-
tre. Preocupado com a salvação individual, limita-se a privilegiar. as virtudes da,
castidade e do celibato. Contudo, o extremar, “das posições entre os maniqueístas
“(que faziam a apologia da castidade absoluta) « e os gnósticos (que defendiam algu-
ma tolerância sexual) obrigaram. a lgreja.a. clarificar a sua posição. Esta clarificação
consistiu na defesa do valor do celibato e da vida contemplativa. Porém, ao admi-
“tirem que a maioria das.pessoas. é incapaz de.praticar-semelhante.ascetismo,.defen-
dem igu. alor do casamento, desde que este seja Jndissohúvel.e, fecundo,
São Jerónimo sintetiza, numa pequena e magnífica frase, esta posição ao afirmar:
«Se a contemplação povoa o paraíso, o casamento povoa a terra.» (Russel, 1979).
É nesta linha de pensamento que é preciso situar as atitudes de Santo Agostinho
(345-430) e de São Gregório (540-604) ao defenderem que o casamento une marido
e mulher para gerar filhos. Apoiando-se no princípio cristão da igualdade fundamen:-
tal das pessoas, recusam a visão grega de uma civilização qualitativa (eugenismo).
O respeito pela vida humana, conjugado com a recusa de uma civilização qualitativa,
leva-os a defender o carácter sagrado do casamento, a encorajar ra sua função proctlas
dora, a condenar o mtanticídio, o aborto, bem como. qual Jer.açt
os nascimentos. Retoma-se, assim, a atitude populacionista dos primeiros tempos,
havendo a preocupação de afastar as motivações de ordem económica. A fome, a
guerra, ou qualquer outro cataclismo que se abata sobre a humanidadeé considerado
um acidente que não pode pôr em causa a confiança na providência divina.
No fim da Idade Média, uma mudança intelectual começa a operar-se. São Tomás.
de Aguino defende a submissão da actividade, h al, teforça a condenar
ção do infanticídio ee do aborto, reconhece o. valor do. celibato religioso, O pensamen-
to de São Tomásé retomado e desenvolvido pelos escolásticos que procuram subordinar
a própria vida económica e socialà doutrina. Cada indivíduo tem direitos e deveres,
é preciso dar ao trabalho a sua dignidade, o crescimento da população é um favor
divino, o casamento é sagrado e o celibato (com excepção do religioso) é condenável.
O grande mérito de São Tomás de Aquino e dos escolásticos reside no facto de
terem rompido com a indiferença relativa às questões económicas e sociais que
tinham adoptado os teólogos da Alta Idade Média. Porém, a existência de um
compromisso entre a doutrina cristã e a ordem material irá ser posto em causa com
o Renascimento.
Assim, numa primeira fase, a doutrina cristã é bastante indiferente às questões
relacionadas com a população — o crescei e “multiplicai- -vos é entendido como ide
“e ensinai todas as nações. Numa segunda fase, com a defesa explícita do valor do,
casamento, desde que tenha.como
RasaAg finalidade a procriação,
ação, podemos admitir a exis.
18
tência de uma atitude implícita lação.. ROpulação,, à qual pode ser conside-
.rada como moderadamente populacionista,
Com o início dos tempos modernos, as.ideias.tespeitantes. à população emanci-
pam-se das concepções morais e religiosas e passam progressivamente a dependem
de preocupações políticas e económicas. Uma série de grandes transformações está
âssociada à emergência dos tempos modernos: a intelectual do Renascimento, a
geográfica das Descobertas, a material da aparição do livro, a política do apareci-
mento dos estados modernos. As atenções passam a concentrar-se menos no trans-
cendente e mais no imanente. Procura descobrir-se a forma mais adequada de
organizar as sociedades e de viver melhor a vida terrena.
E nesta linha de ideias e acontecimentos que se deve interpretar oculto do ideal
mercantilista pela riqueza, âssociado à valorização do Estado. À fortuna dos neo.
ciantes, ao depender do volume de exportações, implica a necessidade de um. Estas,
do forte | para proteger a economia. A existência de um Estado forte implica, 4
aexistência
Gm populaçãodeÉ um
a cito | num m e: é É De DO: ad ss
19
do rei. Elabora
Bodin (1530-1596) é um adepto de um reforço da autoridade
lvendo uma
algumas análises interessantes sobre a população do seu país, desenvo
do que-os hos.
tese que se resume numa simples frase: Não existe maior riqueza j
s.e
numa
valorização de um. paí terra,
mens. Uma população numerosa permitea
artesãos, que na
| bem explorada não existe perigo de fome. É hostil àemigração dos
ece o poder
' época iam em grande número trabalhar para Espanha, porque enfraqu
da França.
ivo do que O
| Montchrestien (1575-1621) tem um populacionismo mais qualitat
a inesgo-
| de Bodin: Defende o ponto de vista de quea grande riqueza da Françaé um grupo
seus homens, mas a abundância em causa
dos.ia é a de
| “tável abundânc
de evitar a.
| específico — o dos artesãos. A sua multiplicação seria uma forma
assegu
entrada em massa de estrangeirós, ar édia ran
0 funcio namentoada economia, aju-
ir. uma classe forte, de forma a entr
evitar o confronto entre
a à constitu
dama
“grupos económicos muito desiguais.
“6 mercantilismo. de Bodin. e Montchrestien foi na prática materializado. .por
das finanças de Luís XIV, no período 1661 -a 1683. Este político
Colbert, ministro
“defende u da. pop!
o aumento com o argumento de que este é favorável.a
| “palança de pagamentos, favorece ndo as famílias numero saso.
e a imigraçã
Para estimular a imigraçã o, facilita as naturaliz ações, “dá privilég ios aos imi-
|| das famílias
| grantes e toma difícil a emigração. No que diz respeito ao estímulo
casam antes dos 20
| numerosas, publica leis importantes: Os contribuintes que se
aos 21 anos são isen-
anos são isentos de impostos até aos 25 anos, os que se casam
ficam isentos
tos de impostos até aos 24 anos, os pais de 12 filhos vivos legítimos
tenham mais de 10
para sempre de qualquer imposto, os membros da nobreza que
filhos têm direito a uma pensão.
preconiza um populacionismo. mais racional. É um
Vauban (1633-1707)
ao, precisar que a
antecessor das ideias que se irão desenvolver no século XVII,
seus súbditos . É popu:
grandeza de um monarca não se mede pelo número dos
Jacionista"ad. defender que-a falia-de população € a maior desgraça. que pode,
acontecer ao reino. Revela mode ao. precisar
ra que.
do 9 volume não é suficiente,
* queé sejam felizes,
súbditos anos
necessário queNososúltimos em particular os que pertencera
àsclasses inferiores. do reinado de Luís XIV, tendo a consciên-
ades
“cia do desequilíbrio que existe entre o montante dos impostos € as necessid
das pessoas, prop a criação de forma à,»
õe de impostos gue atenuem as injustiças, ficou
ade de trabalk a aum a
ent ar
populaçã o. Vauban conhe-
mel a
hor ar
capacid
que elabo-
cido na história do pensamento demográfico não só pelas estimativas
França pode ter),
rou (estima em 25 mil o número máximo de habitantes que a
por ser O inventor dos recenseamentos, ao chamar a atenção paraa Sua.
como
ão:é pos
importância e grande utilidade. para a .adminisiraçnão -]. gerir uma.
religião..e...
“mação sem se saber9 número-exacto-de. habitantes, -a..sua. profissão,
condições de vida...
= Na Inglaterra,o mercanti toma.
lism o. diferente do. mereantilismo
um. aspecto,
ao longo do
francês E “do mercantilismo. italiano. É menos homogéneo e evolui
Existem questões de
tempo. Nesta evolução não existem apenas aspectos formais.
distintas: no princípio,
fundo que deram origem ao aparecimento de duas correntes
20
a população é considerada como uma variável, entre tantas outras, do sistema. sos
cial; posteriormente, a população aparece como interessante em. si.própria...São-os
Primórdios da lemosrafia científica.
Na primeira corrente não encontramos um. populacionismo, intransigente, mas
autores que de fendem :E existência. de um equilíbrio. entre a população.e.0S.Lecursoss
lação sobretudo depois da Guerra dos Trinta Anos: Veit von Seck
1692) deseja um estado cristão. com uma população numerosa, onde a agricultura
e a indústria se desenvolvam; Ernst Carl (1682-1743) talvez seja o.único a põr.o
acento tónico, à maneira inglesa, no equilíbrio. entre..a pepmação 6 OS. TECUISOS,
ad defender 0 princípi
todo o caso, o pensamento mercantilista alemão é é bastante mais moderado do que
o francês e o italiano.
Em síntese, a época mercantilista — época do absolutismo dos príncipes — é
uma época dominada pela ideia do crescimento dapopulação.ser-um-bem. precioso
a defender. Não é de admirar tal facto. À população progredia muito lentamente,
era constantemente ameaçada pelas crises e era necessário proteger o comércio dos
te
: 21
príncipes com um exército numeroso, o qual só seria possível com uma população
numerosa. Só no século XVII o crescimento da população, demasiado rápido em
alguns países, começou a inquietar os diferentes pensadores.
| “um poder 1 no instinto de, procriação que : faz duplicar. a. espécie. humana. EM. cada
geração. Nestes termos, as catástrofes não despovoam um país .tanto quanto se.
voar de novo. A população regula-se.
pelo nível e de subsistência.
trono
1 uição da produção só por si reduz de uma
| “maneira decisiva o número de habitantes, enquanto que cataclismos, tais como as
|| guerras e as epidemias, têm apenas uma incidência limitada. Este ponto de vista, ou
seja, o de que qualquer população tende para um máximo. que.é. determinado. pela
| | quantidade de alimentos, foi também defendido.por.outros.autores durante.o.século.
XVII, em particular por Townsend (1739-1816).
|
|
|| 22
Com o economista de origem irlandesa Richard Cantillon (1680-1734), esta,
tese vai ser consideravelmente alargada ao defender o ponto de vista do que
“Porém, o que torna este autor original éé o facto de tomar em consideração factores
a que hoje chamamos de sociológicos. É verdade que a população é.condicionada.,
pela produção de meios, de. subsistência, mas. também.. É. preciso. ter em conta0.
/ ais: OS homens de alimentação frugal podem mul-
sociais. Condena o luxo, visto ser necessário tanto trabalho para produzir um bem
de luxo como para produzir grandes quantidades de alimentação. É mercantilista
em alguns aspectos do seu pensamento, mas a sua condenação do luxo inspirou os
fisiocratas. Curiosamente, aponta o facto de que. a natalidade
se regula pela,
nupcialidade e não pela mortalidade, como. pensava. Townsend.
Quanto a Mirabeau (1715-1789), um é dos principais Epa
representante da escola,
fisiocrática. A fisiocracia, ou O governo
no da nat
natureza, é um:
que 1marca O diinício do pensamento liberal no século XVII. O.einípio no1 qual e
apoiam os fisiocratas é éo do SSin
: 23
editor. As exigências consistiram em Achille Guillard, por razões comerciais, ter
sido obrigado a alterar o título inicialmente previsto para esta obra — - Estudos de
24
fecundidade. aanimal: a fecundidade é inversamente proporcional à dimensão do
animal, o número de nasci tos masculinos, excede o número de nascimentos
femininos 6e a domesticação das espécies aumenta.a fecundidade. Contudo, é na
história natural do homem que encontramos vários ensinamentos importantes para
a consolidação do pensamento demográfico numa perspectiva científica. A obser-
vação mais curiosa reside na Telação entre a duração do crescimento de um 1 animal,
Ea sua longevidade: o cão desenvolve-se durante dois ou três anos e vive cerca de
- dóze anos; 6 homem desenvolve-se fisicamente durante cerca de dezoito anos e
pode viver até aos cem anos. É precisamente a partir deste último aspecto, ou seja,
da verificação que o homem morre em qualquer idade, que lhe surge a ideia de
construir uma tábua de mortalidade em termos científicos. Como, na época, os
seguros eram elaborados a partir das tábuas dos óbitos dos clientes, Buffon apercebe-
-se da existência de uma veracidade duvidosa por dizer respeito a uma população
muito particular — a população dos rendeiros. Como alternativa constrói tábuas
a partir de uma amostra mais ampla (várias paróquias de Paris e da Borgonha) e
utiliza uma metodologia bastante próxima da actual. Consegue mostrar que se tem
uma san em duas, de morrer antes dos é8deanos Di anos es que a esperança
método
ulação. Confiante no» PIOSTESS da técnica.
e no
metia
trabalho, pensa que «a população. pode ser
superior à fecundidade do solo, desde que se encontrem na indústria os meios de
suprir as suas neces: » Condena o luxo, a desigual repartição da riqueza e é
: 25
bastante c crítico em relação aos costumes da sua época. Consciente do poder dos
“ Em 1798, “Publ a um livro que não tem o nome do seu autor e que a posteri-
dade irá conhecer pelo nome de Ensai jo da População. Em 1803,
aparece uma segunda edição, já as me do autor, na qual algumas
das conclusões da primeira edição são abandonadas. As edições sucedem-se, o que
demonstra o interesse por esta obra. A 3.º edição surge em 1806, a 4.º edição em
1807, a 5.º edição em 1817 e que foi a última revista pelo autor. Em 1805 é
nomeado professor de História e de Economia Política no Colégio da Companhia
das Índias Orientais. Durante o resto da sua vida continuou a trabalhar nas sucessi-
vas edições do seu ensaio e publicou outras obras, nomeadamente os Princípios de
Economia Política. Morreu com uma crise cardíaca em 1834.
Tal como dissemos anteriormente, em 1798, Malthus publica, sem mencionar o
nome, um livro intitulado Ensaio sobre o Princípio da População — como afecta
o futuro progresso da Humanidade, com notas sobre as especulações do senhor
Godwin, do senhor Condorcet e de outros escritores. Trata-se de um livro polémico.
baseado emassadocumentação. muito. sumária e teórica e que pj
éscândalo. O livro faz escândalo devido a uma das suas teses:. a assistência, aos.
pobres não serve senão pata os multiplicar sem os consolar. Também escandaliza
devido à formacomo a tese é apresentada. Um simples parágrafo desencadeia uma
grande indignação num mundo onde emergiam os ideais da igualdade, do socialis-
mo e da solidariedade entre as classes oprimidas: «Um homem. que..nasce..num
mundo ocupado, se.não.. lhe. + possível. obter-dos..seus..pais. os.meios de subsistên-
cia... esea sociedade, não. tem necessidade, do, Seu. trabalho, não tem direito. a
Md mA PER map Ci rr rev rtrersm A RASA A RR ni
natureza, não existe talher disponível para ele, a natureza diz para ele se ir embora
e não tardará a executar esta ordem salvo se recorrer à compaixão de alguns convi-
vas do banquete. Se estes se apertam para dar lugar, outros intrusos se apresentarão
reclamando os mesmos favores. A notícia de que existem alimentos para todos
enche a sala de numerosas pessoas. A ordem e a harmonia da festa são perturbadas,
a abundância que reinava anteriormente transforma-se em fome, a alegria dos con-
vivas é aniquilada pelo espectáculo da miséria e da penúria que reinarão em todas
as partes da sala e pelos clamores inoportunos daqueles que estão furiosos por não
encontrarem os alimentos que lhes tinham prometido.» (Vilquin, 1980).
A controvérsia que o parágrafo do banquete gerou nos salões elegantes da
época foi de tal forma importante que fez passar para segundo plano os aspectos
mais interessantes da sua obra. Indiferente ao sucesso do seu livro, Malthus conti-
nua a fazer novas investigações de forma a aprofundar as teses principais do seu
Princípio da População.
“Em 1803, publica uma nova edição desse. ensaio, assinado com o seu nome,
mas” queé difícil afirmar que se trata de uma nova edição. Em termos formais, a
comparação entre as duas edições mostra-nos a existência de algumas diferenças
significativas:
As edições margem
sucedem-se, o que demonstra ATE
o interesse pela.obra (3.º em 1806,
4ºem 1807,5 em 1817, “6:em 1826. ) mas, a partir da 2.º? edição o texto é muito
ntre os vários ensaios, é fundamentalme: ntre.
ões. Esta diferença é mais do que uma simples questão
formal. Foi »O tipo “de trabalho efectuado e o tom com que foi escrito que foi
profundamente modificado na viragem do século. Aprimeira ediçãoé teórica, onde,
o princípio da população funciona como argumento principal na polémica que erse
Malthus a Godwin e a Condorcet. A segunda edição é umaptcernçõeas
autêntico.
es tratado,.c
natureza científica, bem fundamentado em. | numerosas, observações quantificadas
: 27
partir da segunda edição o que se tem é um Tratado do Princípio da População
com pequenas variações formais entre esta última e as quatro seguintes revistas em
vida por Malthus.
Em todo o século XVII, tanto na Inglaterra como na França, existe um autên- ”
tico turbilhão de ideias sobre toda a espécie de questões: população, cereais, po-
breza, luxo, igualdade, liberdade. Não é assim difícil encontrar precursores do seu
pensamento mas, uma vez que o próprio autor reconheceu a sua dependência em
relação a determinados nomes, é interessante apreciarmos o conteúdo dessas
ideias. Os autores que influenciaram Malthus intervêm em momentos diferentes
do tempo:
28 :
Para responder a estes dois autores que provocaram o Ensaio, Malthus, na
1.º edição, inspira-se fundamentalmente em quatro autores:
* David Hume (1711-1776) — para este filósofo existe uma enorme capaci;
dade“prolífica nas populações devido ao. rápido crescimento. da- população,
nas colónias é à capacidade de recuperação a seguir a u re; a quanti-
dade de meios de subsistência é um obstáculo. no.qual. ai embater a capa-
cidade
idade, prolífica ddoshomens; D. Hume é optimista ao pensar que um bom
governo é É capazd de faz
fazer é aumentar os meios de subsistência, não defendendo
oponto to de vista de que é É preciso travar o instinto de Teprodução e que O
crescimento da populaçãoé a origem de todos os males, ao contrário de
Malthus, queé pessimista ao afirmar que o único remédio, é.o domínio, do
instinto, uma vez queo melhor dos governos nada, pode fazer;
Robert
rt Wallace (1694-1 IT defende ideias . contrárias. às. de. D.. Hume ao,
no, assado, porque bstár
30 :
Caps. VaVIl A lei dos pobres
Cap. VHL O sistema agrícola
Cap. IX O sistema comercial
Cap. X Os sistemas agrícola e comercial combinados
Cap. Xla XI Questões de exportação e importação
Cap. XII Como o crescimento da riqueza nacional influencia o destino
dos pobres
Cap. XIV Observações gerais
Destas quatro grandes áreas temáticas apenas nos interessam hoje c os últimos
três
atos pontos, visto o primeiro aspecto ter apenas um interesse histórico (nas
que ajuda, no entanto, a compreender melhor o rico e variado pensamento de
Malthus).
Assim, o fundamental sobre a atitude científica de Malthus em relação à popu-
lação encontra-se concentrado nos capítulos 1 e A do Livro 1 e no capítulo I do
33
provoca necessariamente uma alta de preços... esta alta de preços vai fazer
com que muitos que viviam do seu trabalho sejam obrigados a recorrer à
assistência... o que representa um factor de multiplicação dos pobres; acresce
ainda o facto de esta lei encorajar a proliferação dos mais necessitados, uma
vez que estes não encontrarão razões para retardar o casamento... é neste
contexto que é escrita uma frase que provoca um escândalo quase igual à
frase do banquete — «os pobres não têm o direito a viver» não por culpa.das
classes mais abastadas, n
nr eram neo
o à falta de clarividência. do governo mas.
“devido
ES ai
purae simplesmente à escassez. dos meios; no entanto, à medida que
as edições vão sendo revistas, Malthus atenua a sua posição inicial admitindo
até, na última edição, alguma caridade pública e privada;
* crescimento dos meios de subsistência — Malthus admite que um.país.rico.e,it e
tado de contracepção.
34
Progressivamente aceite pelos intelectuais, o neomalthusianismo irá beneficiar
de uma grande publicidade na sequência do processo contra Charles Bradlaugh e
Annie Besault, em 1877, acusados de terem encorajado a edição em Londres dos
Frutos da Filosofia. Em três meses venderam-se 125 mil exemplares, o que de-
monstra o grande interesse que esta obra suscitou.
Tal como apareceu, a doutrina malthusiana era essencialmente conservadora,
na medida ex
em que defendia explicitamente o ponto de vista que os poderes públi-
cos e a sociedade não eram. responsáveis pela miséria existente nas classes, tra-
Dalhadoras. A miséria era uma consequência da tendência destas classes a uma
multiplicação sem controlo. Talvez por esta razão um certo tipo de pensamento
conservador se tenha apropriado destas ideias. Ao ser apoiado pelo liberalismo
tes tinham interesse em que a classe operária fosse numerosa para poderem recrutar
trabalhadores a baixo preço, por outro lado, uma população demasiado abundante
implica a existência de um grande número de proletários que-poderia pôr em causa
o equilíbrio existente.
Esta contradição de interesses foi particularmente desenvolvida nos meios anar-
quistas e anarco-sindicalistas onde o pensamento neomalthusiano penetrou. comum
certo sucesso. Em 1 geral, acusavam a burguesia de querer «carne. para canhão» e.
encorajaram a «greve dos ventres». Mas Rosa Luxemburgo e Clara Zatkine defen-
deram ideias opostas ao afirmarem que «o número é um factor decisivo na vitória
do proletariado porque só sendo numerosos é que se toma o poder». (Russel, 1979).
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, seguido da crise económica dos anos
trinta, este debate de ideias entra em esquecimento na Europa ou, mais propriamen-
te, no eixo entre Paris e Londres e passa para os Estados Unidos onde é bem aceite.
excessiva dos seres vivos e o homem não escapa a esta lei universal. Porém, o
instinto da previdência que o caracteriza dá-lhe a possibilidade de escapar aos
males que atingem os animais. O homem tem possibilidade de regular o número de
: 35
nascimentos em função dos recursos disponíveis, o que faz imperfeitamente, visto
que todos os anos, mesmo nas nações mais prósperas, uma parte da população
morre devido a carências várias. Para J. B. Say a solução consiste em encorajaros
Fomene. a poupar | mais ea ter menos filhos. Partilha com Malhas a opinião dede que
36 .
homem ao aspirar a subir na escala social, segundo um processo que necessaria-
mente exige despesas e sacrifícios, só o pode fazer com manifesto prejuízo das
famílias numerosas. As crianças não podem Subir Socialmente ses pais.. não Son
“ságrarem uma parte importante O seu rendimento a inst ução e.
A imitação d TSE ASSI
os adultos possam ascender socialmente é Para que, “simultaneamente, as crianças
tenham uma educação melhor. Dumont chama a este processo de movimentação na
estrutura social a capilaridade social, que se manifesta particularmente 1 nas socie-
dades democráticas que combinam a igualdade social com a igualdade económica.
Para Emile Durkheim (1858- 1917), um dos fundadores da sociologia cientifi-
ca, à expansão « da população é“acompa! da por uma. mudança.qualitativa la socle-
dade. o: aumento. do volume ade da população traduzem-se, geralmente,
na
ja extensão,
o das cidades favorecendo: assim a divisão do trabalho. À competição
ea luta “pela vida no seio de uma sociedade são tanto mais vivas quanto mais a
população se toma densa. As pessoas só encontram solução para as suas dificulda-.
/ S si relações.s
mentando O seu “nível de, cultura. A solidariedade de mecânica passa a orgânica. sete
Esta necessidade. m aumentaro nível. culturale. em. participar. numa. rede social,
densa
densa aca
acaba,.na.prática, por. se transformar. num factor.Jimitativo.dos.nascimentos.
Malthus procura resolver o problema social do seu tempo, o problema da misé-
ria das classes populares, no quadro da ordem liberal, a qual se baseia na proprie-
dade privada e na desigualdade social. A solução só pode ser encontrada intervindo
directamente na população, ou seja, incitar os trabalhadores a trabalharem mais € a,
terem menos filhos. Os autores socialistas, pelo contrário, defendem em globalmente.
o ponto de Vista que uma acção directa sobre a população deve passar para segundo
plano,>,porquesó com uma. modificação.profunda, das. estruturas capitalistas é pos-
trazer uma solução durável aos problemas com que se debatem os
dores.
Charles Fourier (1772-1837)é contra as ideias malthusianas por pensar quea
sociedade deve cri dições de. crescimento harmônico, e que uma mudança nos
costumes o alimentar, no trabalho das mulheres ou na educação física é.
suficiente para, disciplinar 1 naturalmente, E fecundidade.
“ Proudhon (1809-1865) procura provar gue a ameaça malthusiana é falsae alar-
mistaa contrapondo um conjunto de cálculos que têm como. objectivo demonstrar
qu Princípio . da. População. assenta. em cá ulos. irrealistas. São cálculos sem
fundamentação e de qualidade duvidosa. No entanto, é interessante salientar que o
principal teórico das ideias anarquistas chame a atenção para a acção moderadora
da civilização no instinto de reprodução.
Marx (1818-1883).« Malthus por ter concebido a sua lei da população no
contexto de uma sociedade. natural composta-por. seresAumanos.isolad!
Z
gues à livre concorrência e ienorando 0. facto de os fen sp opulacionais, tal
como todos Os outros fenómenos sociais, estarem.s submetidoss àà evolução histórica.
Para Marx, cada ) período “da hhistória Oobedece a uma Jei específica da população.
Admite que no século XIX existe um excesso de população, mas tal não se pode
generalizar a outros momentos da história, porque estes excedentes são devidosà
. 37
estrutura económica da sociedade liberal e não à penúria de bens alimentares. Em
última análise,é o sistema capitalista que é responsável. pelo elevado número de
| desempregados, porque obriga os empresários a aumentarem o capital fixo em
| detrimento do capital circulante que serve para remunerar os trabalhadores.
Engels (1820-1895) e Lenine (1870-1924) também defendem ideias muito pró-
ximas de Marx, não acres centando praticamente nada de novo ao afirmarem
na ía
que o
| “malthusianismo é uma doutrina de classe dirigida contra os trabalhadores. Talvez
| o aspecto mais interessante do seu pensamento resida na associação do pessimismo
| malthusiano à decadência da burguesia, que está inquieta em relação ao futuro
IR porque sabe que a sua posição de classe dominante tem os dias contados.
A posição dos anarquistas em relação ao problema da população varia com os
diversos autores. A maior parte julga que os recursos alimentares são suficiente-
38 :
O primeiro grande tema está relacionado com o complexo de análises feito
acerca do tema o óptimo da população. O problema da população que até ao
aparecimento de Sauyy tinha sido sempre discutido numa perspeci tela
entre
atento oeenptimst
a população e os recursos passa a ter uma configuração muito diferente.
pra emática: qual deve ser o número óptimo « de habitantes de um dado território,
para que.o nível de vida seja, .o-mais. elevado. possível? Esta formulação inicial
do problema teve consequências assinaláveis a todos os níveis de pensamento e da
administração, na medida em que não se trata de saber se existe gente a mais ou
gente a menos, mas de saber num determinado país (ou uma determinada região)
qual é o equilíbrio óptimo entre a população e os recursos. Como não podia deixar
de ser surgiram muitas críticas acerca da possibilidade de encontrar um óptimo da
população para cada unidade espacial o que levou Sauvy a, numa segunda fase,
fixar dois números exactos, determinados através de uma complexa formulação
matemática, entre os quais podia variar a população. O seu óptimo de população
não é um número rígido, porque entre os dois limites superior e inferioré possível.
fixar várias hipóteses intermédias que asseguram. ot bem-estar: generalizado da por,
pulação. Este ponto de equ.
de produção, das necessidades do con
com “que este óptimo populacional. seja, variável. no tempo. e no espaço e que possa -
pe
ser ultrapassado pela população Teal sem que1 nenhum, problema especial. ocorra. Na”
fase final da sua vida e da sua investigação Sauvy substitui a ideia de óptimo da
população pela ideia de crescimento óptimo da população. Constatando que se
os lobos não gostam de pastagem porque, se assim fosse, sendo mais fortes, come-
riam a pastagem toda e as cabras não poderiam existir. Com base nesta análise, que
ae
pode ser alargada a sistemas mais vastos e complexos, resultam duas coisas: as.
cabras devem avida a quem as Sil
come. e o interesse dos as lobos É. o de que no terreno.
1
existam montanhas1
2Jedi
ã
é plano, os lobos.
mm
censo os Civersos
Finalmente, o nome de Sauvy ficou para sempre ligado à explicação de um dos
maiores dilemas com que nos debatemos no momento actual — crescer
Sem termos procurado ser exaustivos na análise que elaborámos nos pontos
anteriores, julgámos ter demonstrado a existência de uma grande riqueza de ideias
na história do pensamento demográfico. No entanto, na época contemporânea, dois
grandes conjuntos teóricos agrupam a maior parte das principais correntes de pen-
samento. O primeiro conjunto é o malthusianismo em sentido lato. O segundo
“é a teoria da transição demográfica.
No espírito dos defensores desta teoria, o conceito de transição demográfica
significa a passagem de um, estado de equilíbrio, em que a mortalidade e a |
fecundidade têm elevados níveis, para um outro estado de equilíbrio, em que
a mortalidade e a fecundidade apresentam baixos níveis, na sequência ou paralela-.
mente a um processo de modernização:
Foi Léon Rabinowicz em 1929 e Warren Thompson em 1930 que empregaram,
pela primeira vez, a expressão «revolução demográfica». Em 1934, Landry desen-
volve as ideias fundamentais desta teoria no seu livro 4 Revolução Demográfica
que é hoje considerado como um clássico. Com Frank Notestein, a «revolução
demográfica» transforma-se em «transição demográficas, | “expressão. que hoje é a.
mais correntemente utilizada.
40 .
A transição demográfica é um modelo de leitura das grandes transformações
demográficas que ocorreram ou que estão a ocorrer na época Contemporânea. Co.
41
z
Natalidade
p
Mortalidade
1º Fase
mente para1 uma situação em que, a partir dde meados do século, se admite o início
tin anic mes
“de um | processo que«conduzirá a um declínio progressivo da população: o número
total de nascimentos, que era de 110 milhões em 1960- 1965, atingiu 140 milhões em
1990-1995 e diminuirá para 120 milhões no período entre 2010-2015.
A modernização demográfica, impulsionada pelo declínio da mortalidade, come-
çou nos países mais desenvolvidos do mundo europeu e teve, posteriormente, a sua
£
difusão nos países menos desenvolvidos. O efeito global d jo da mortalidade,
só se tornou claramente perceptível entreas duas £“grandes. g s mundiais: global-
mente, a taxa de crescimento da população nas regiões menos desenvolvidas duplica
ao passar de + 0,5% no período de 1900-1920 para + 1,0% no período entre 1920-
-1940; nas regiões mais desenvolvidas, apesar da sangria provocada pelas duas
guerras mundiais, o mundo industrializado ainda tem no período 1900-1920 uma taxa
de crescimento anual média ligeiramente superior (+ 0,89%) e, no período de 1920-
-1940 o ritmo de crescimento é igual ao das regiões menos desenvolvidas (+ 1,0%).
42
oa
Éa partir
aee
de 1940 que a transição, demográfica inicia globalmente. 0-Seu:proce Sa.
so nos países menos desenvolvidos: + 1,3% no período 1940-1950, valores de cres-
“cimento anual médio superiores a 2% até 1990, início da redução do crescimento
populacional a partir de 1990 com valores já inferiores a 2%. Nos países desenvol-
vidos, depois do crescimento motivado pelo «baby-boom» no período de” 1950-
“1970 (valores ligeiramente superiores a.1%), a evolução das taxas de. crescimento
“anual médias caminha AA para valores próximos. de. Zero.
43
Demografia Social ao falar em «... intelectual e moral...» e à Demografia Histórica
ao falar em «... história natural da espécie humana...».
Várias definições apareceram posteriormente. Pensamos ser inútil inventariar
essas definições porque, embora variando em alguns pormenores, evoluíram até à
Segunda Guerra Mundial para uma óptica mais restritiva. A definição de Huber no
seu Curso de Demografia e de Estatística Sanitária (Chevalier, 1951) culmina esta
tendência: «Demografiaé a aplicação dos métodos estatísticos ao estudo das popu
lações ou, mais genericamente, ao estudo das colectividades humanas.» Talvez esta.
preocupação de rigor quantitativo tenha feito com que a Demografia rapidamente
se afirmasse como ciência. Mas o facto de se ter desenvolvido fora das universida-
des, também fez com que a sua problemática tenha sido substancialmente reduzida.
Landry, em 1945, no seu Tratado de Demografia, é dos primeiros demógrafos a
tomar consciência desta questão: «Estamos de acordo em pedir à Demografia que
considere, em primeiro lugar, os aspectos quantitativos; existe assim uma Demografia
quantitativa cujo objectivo essencial é o estudo dos movimentos que se produzem
numa população, acompanhado dos resultados desses movimentos: más também
existe uma Demografia qualitativa que se ocupa das qualidades dos seres huma-
nos... esforçando-se, no entanto, por submetê-los à medida.»
Retoma-se, assim, a dimensão qualitativa, dimensão essa que não mais deixará
de se desenvolver e que vai ter como consequência o aparecimento de diversos
ramos em Demografia. Consciente desta situação, Mouchez, no seu livro Demo-
grafia publicado em 1964, afirma: «Não existe uma Demografia, mas demografias
que têm emcomum.certas..preocupações, o. que. dá.ao. seu. estudo. um mínimo.de.
unidade.»
O desenvolvimento da Demografia como ciência fez com que nas últimas deze-
nas de anos se multiplicasse o número de obras publicadas. Infelizmente, nem em
todos os trabalhos existem preocupações de carácter epistemológico. É com imensa
dificuldade que encontramos, em autores responsáveis pela publicação de impor-
tantes manuais universitários, um capítulo dedicado à questão do objecto e do
método da Demografia. Sem pretendermos ser exaustivos, vejamos as principais
definições de Demografia que encontramos nos manuais e dicionários especia-
lizados:
44 Te
Estudos de População, inclui análises onde a população tem em conta facto-
res sociais, económicos, políticos, seográficos e biológicos.» (Petersen, 1986);
* para G. Wunsche M. Termote: «Demografia é o estudo da população, do.sem
aumento através dos nascimentos e Amigran s. daestan sua
ps aodiminuição. através.dos
“Óbitos e dosemigrantes: num contexto mais vasto, a Demografiaé igualmen-
“te o estudo das diferentes determinantes da mudança populacional e dos.efeis
tos s da população. no.mundo..que nos.rodeia.» (Wunsch e Termote, 1978);
* em
em Shryock e J. Siegel encontramos a seguinte definição: «Como na maior
parte das ciências, a Demografia pode ser definida em sentido restrito e em
sentido lato; o sentido restrito é a Demografia Formal, que se preocupa com
questões como a dimensão, a distribuição, a estrutura e a mudança das popu-
lações; em sentido amplo, inclui outras características.tais.como.as étnicas..as
sociais e as económicas.» (Shryock e Siegel, 1976);
« em Sauvy existem igualmente duas definições de Demografia: «A Demografia
Pura ou Análise Demográfica, que é uma contabilidade de homens... ga
Demografia alargada, que est
estuda os hómens nas suas atitudes,.€ omportamens:
fenómenos,»
Posteriormente, na mesma “obra, , explicita duas observações muito interessan-
a sólidosque, as,
pessoas inspiradas n nas mais diversa alhar em conjunto.
na mesma ciência tal como nas, ciências. físicas.ou,. naturais; inversamente, O
“alargamento do campo faz intervir factores subjectivos, ou pelo menos sufi-
cientemente imprecisos para dar lugar ao aparecimento de importantes diver-
gências, tal como acontece com o estudo dos fenómenos económicos e
sociais...; «... se levarmos a distinção ao limite, a DemografiaPura pertences
ria ao grupo das Ciências Exactas enquanto a Demografia. alargada, pertenceria,.
ao grupo das Ciências Sociais.» (Sauvy, 1976);
* em Poulalion também encontramos uma definição bastante interessante:
«A ciência da população estuda a as colectividades humanas enquanto tal: não.
consideraapenas. O aspecto. estáticoe mensurável (Demografia Quantitativa),
mas também o aspecto causal e relacional (Demografia, Qualitativa);. L
- não considera apenas a sua estrutura numa determinada época (Demografia
Estática), mas também as leis de evolução passada, presente, futura. (Demo-
grafia Dinâmica), Aparecenço, sim como uma.ciência-transdiseiplinar-tantos
na vocaçãocomo nos métodos,» (Poulalion, 1984);
* em Catherine » Rollet também encontramos algumas reflexões interessantes
sobre o objecto da Demografia: «O objecto da Demografia é a sucessão das.
“gerações, a duração da vida humana, as relações do homem com a natureza-e.
as relações entre os homens; apoiada numa metodologia própria ocupa-se-dos
problemas mais importantes da vida em sociedade. — areprodução. a.
longevidade, as disparidades sociais e o ambiente.» (Rollet, 1995);
* Lassonde formula o objecto de estudo da Demografia em termos completa-
mente originais: «A problemática da Demografia.tem.de..sex.completamente
reformulada;
ra ar raneçoso
já não se trata de precisar com exactidão nr
o impacto
pa da evolução
da. população. nos recursos, mas de reflectir sobre..as-consequências,éticas=dex
45
|
| | (Vinuesa, 1994);
| * finalmente em Weinstein encontramos o retomar de uma antiga tradição de
| acento tónico no rigor técnico ao afirmar «a crescente complexidade da so-
ciedade. actual tornou..indispensável a necessidade de m dição de todos
ii
os
aspectos ligados à dimensão e à composição«da população. . Os de grafos
| encarregam-se deste trabalho». (Hlinde, 1998. )
|
| | || Em face do exposto, verificamos sem dificuldade que, neste conjunto de defini-
| | ções, com uma maior ou menor variação formal, existem muitos elementos conver-
Ja gentes. Numa óptica restrita é inequívoca a sua área de trabalho: a Demografia tem
| por objecto o esturdo científico da população. Mas como clarificar com objectividade
| Ca O quese entende por um «estudo científico da população»? Em nosso entender, uma.
od
|
definição aprofundada de Demografia. comporta. cinco.elementos-fundamentaiais:
mia
47
| Aná ise. Demográfica, ass Projecções Demográficas «eaà Prospectiva, a nan
; Hi istórica, os Estudos de População ou Demografia Social, as Políticas s Demográficas
“a Ecologia Humana,
o A Demografia caminhou, assim, da unidade inicial, onde a sua problemática
| era formulada em termos simples e fundamentalmente técnicos, para uma crescente
diversidade e complexidade. As técnicas e os métodos multiplicaram-se.a.tal ponto.
| que
omeridorr
começaram a surgir especializações em técnicas de. análise. da, mortalidade. da.
e, das projecções. demográficas.
A Demografia tem.a vantagem. de.ser simultaneamente a.mais.exacta. das.ciên-
| cias sociais e de ser o ponto de encontro das ciências sociais e humanas com a
| “Biologia, o direito, a economia e as ciências políticas. É uma «ciência dura» no seio
das «ciências moles», oferecendo um sólido ponto de apoio para a. observação da
sociedade. Os fenómenos demográficos. prestam-se. a medidas. exactas.e.a um. co-
| nhecimento objectivo, ao mesmo tempo que são dotados de uma inércia bastante
E grande: uma pirâmide de idades, por exemplo, é antes de mais uma justaposição de
| gerações que acumula os principais acontecimentos do passado durante um século.
Num
mundo em movimento, cada vez mais difícil de descodificar, possui a rara
qualidade de fornecer um guião de leitura muito importante do passado,
do presen,
| te e do futuro.
Em sentido lato, a Demografia é uma autêntica biologia. social aq. estudar os .
movimentos profundos que afectam a sociedade: a vida, o amor, a morte, as migra-
ções. Contudo, é errado pensar que o desenvolvimento da Demografia quebrou a
sua unidade inicial. A Demografia uma
é só, apesar das diferentes especialidades,
ou seja, todos os ramos perdem por completoo sentido sem a referência constante
a um núcleo de base: a Análise Demográfica
| Assim, em primeiro lugar, a Demografia estuda conjuntos de pessoas. tendo em
| conta apenas elementos. demográficos (Análise Demográfica). Posteriormente inse-
rimos outros elementos mais abrangentes: o social em sentido lato (Estudos de
| População ouou Demografia Social), as populações do passado (Demografia Históri-
ca), o ambiente (Ecologia Humana), o futuro (Projecções Demográficas),a refles
“xão (Doutrinas. Demográficas) e a acção (Políticas Demográficas).
A Demografia é assim uma. ciência social instrumental, de reflexão-e.de-acção.
Saber se pelo facto de a Demografia ser uma ciência social instrumental, de refle-
ih xão e de acção teremos uma ciência social original é algo a que é difícil dar uma
| resposta. Numa certa perspectiva,
a Demografia é igual a todas as quiras ciências.
sociais, EEE TErum objecto específico de estudo, se gue. em. termos. globais.o.
seu objecto seja igual ao das outras ciências sociais: o estudo. do comportamento do
a Homem. em..sociedade.
"1 Mas, numa outra perspectiva, a Demografia tem o seu objecto de estudoespe-
| cífico demasiado bem definido, facilmente qu VE,
E mos na sua acepção restrita. A “componente instrumental tornou-se de tal forma
importante que não só nenhum dos ramos tem sentido sem o seu conhecimento
como também fez com que esta ciência passasse a ter o valor de utensílio para
' 48
todas as outras. Pierre Chaunu, privilegiando as relações entre a Demografia e a
História escreve: «Quer se trate de duração quer se trate de espaço, é evidente que
é o Homem que procuramos, o Homem que a Demografia nos oferece face a si
próprio, face à sucessão das gerações; de todos os casamentos entre as ciências
humanas e a História, nenhum é tão importante. A Demografia é a mais central, a
mais importante das ciências do Homem. Qualquer ciência humana sem uma pode-
rosa base demográfica não é mais do que um frágil castelo de cartas. A História se
não recorre à Demografia priva-se do melhor instrumento..de. análise.» (Chaunu,
TO TT
Para que a Demografia continue a progredir como disciplina científica, torna-se
necessário que ela consolide e aprofunde o domínio dos instrumentos científicos
de análise, que os utilize para fins explicativos. Só assim teremos uma constante
reformulação científica dos problemas demográficos de ontem e de hoje. Em todo
o caso, muitas vezes, passa-se para o extremo oposto, ou seja, confundir a parte
instrumental com o todo demográfico. Todo o fechamento de campo é perigoso.e.a
Demografia não se pode redueir
à Anflise Demográfica. O rigor dos sens méioros
Siência social de raiz biológica. Os dois grandes fenómenos demográfi icos. — à,
“natalidade e a mortalidade — são antes de mais manifestações
de. processos bioló-
gicos. Ora, em nosso entender, é no estudo dos fenómenos, que sendo biológicos na
origem sofrem profundas modificações quando inseridos na sociedade e no am-
biente, que assenta a maior originalidade da Demografia.
Deixando os métodos e as técnicas de Análise Demográfica e das Projecções
Demográficas para os capítulos seguintes, vejamos ainda neste capítulo de introdu-
ção à ciência da população, numa forma sucinta, quais são os principais problemas
tratados pela Demografia Histórica, pelos Estudos de População ou Demografia
Social, pelas Políticas Demográficas e pela Ecologia Humana.
A Demografia Histórica
49
pletas por não responderem a várias questões importantes como, por exemplo: até |
onde vão as populações do passado? Não existirão métodos específicos da Demo- |
, grafia Histórica que sejam diferentes dos da Demografia e da História? |
mn Estas e outras objecções têm sido sistematicamente levantadas às principais |
definições existentes. A grande dificuldade em encontrar uma definiçãoexaustiva é |
| uma consequência de a sua problemática estar sempre em expansão. A multiplica.
ção das investigações faz emergir constantemente novas questões passíveis de se- |
| |
:
Tem tratadas numa perspectiva de Demografia Histórica. Não admira, pois, o facto
de se ter abandonado a procura de novas definições e de se ter optado por clarificar
| 1 o sentido da sua originalidade. Assim, a originalidade da Demografia Histórica
(0 Jeside no seguinte:
] | |
| * não ter estatísticas feitas;
0 | . = . o. ,
| V * as fontes que utiliza não terem sido elaboradas com objectivos demográficCos;
“dos e de noy:
novas técnicas.
50
das por material antropológico e arqueológico (esqueletos e epitáfios), material
toponímico (nomes de lugares) e por informações paleogeográficas (condições cli-
máticas).
Os primeiros estudos paleodemográficos foram realizados na antiguidade uti-
lizando-se para o efeito material arqueológico. Alguns epitáfios que chegaram até
nós conservam ainda informações respeitantes ao sexo e à idade. Karl Beloch
(Ross, 1982), em 1886, começou por explorar a informação de 1831 em epitáfios
de três regiões italianas e construiu indicadores de esperança de vida. Vários inves-
tigadores seguiram o seu exemplo. Harkness (Ross, 1982), em 1896, alargou a
investigação à idade no casamento. Posteriormente, os demógrafos começaram
a interessar-se por estes problemas e a reconhecer a sua importância para uma
correcta elaboração da história da população. Willcox, em 1937, escreve um en-
saio metodológico respeitante ao cálculo da esperança de vida no Império Roma-
no. Valaoras publica, no ano seguinte, um estudo sobre a esperança de vida na
Grécia Clássica. Porém, à medida que outras investigações se realizam, o acento
tónico começa a deslocar-se da análise dos epitáfios para a análise dos esqueletos,
“na linha do trabalho pioneiro de Pearsos, em 1902, sobre as múmias do Egipto.
Em 1950, Dublin, Lotka e Spiegelman resumem as primeiras grandes conclusões
obtidas. Em 1960, os arqueólogos passam a reconhecer em pleno a existência da
Paleodemografia através da publicação de dois capítulos sobre este tema, escritos
por Howelis e Valois em Aplicação. dos. Métodos. Quantitativos.A Arqueologia,
(Ross, 1982). As monografias, os artigos e os capítulos multiplicam-se. Em 1976
e em 1983 aparecem dois importantes livros que consagram definitivamente este
ramo da Demografia Histórica: Demografia Antropológica e Demografia Arqueo-
lógica (Hassan, 1981).
Retomemos a questão da evolução da autonomia da Demografia Histórica en-
quanto ramo da Demografia. A preocupação em quantificar as questões relaciona-
das com as populações do passado já vem de longa data. A História da População
era uma espécie de ciência auxiliar abandonada aos eruditos locais e aos curiosos.
P. Goubert fornece-nos uma excelente descrição dessa situação: «De vez em quan-
do um historiador interrogava-se sobre quantos habitantes teriam existido em tal
cidade ou em tal país, consultava uma fonte impressa, raramente o arquivo, recolhia
ao acaso um ou outro número; na província, os registos paroquiais serviam domi-
nantemente para elaborar genealogias.» (Dupâquier, 1985).
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, um conjunto de vários factores.co-
meçam a convergir para o aparecimento da Demografia Histórica como ramo au-
tónomo da Demografia: Landry publica, em 1945, o seu Tratado de Demografia;
em 1946, A. Sauvy lança a revista Population; um ano depois aparece em Ingla-
terra uma outra revista intitulada Population Studies; ainda em 1946, Meuvret
publica um trabalho que virá a ficar famoso, As crises de Subsistência e a
Demografia da França no Antigo Regime (Dupâquier, 1984); P. Ariés começa a
explorar as novas vias da História das Mentalidades ao publicar História das Po-
pulações Francesas e das suas Atitudes perante a Vida desde o Século XVII
(P. Ariés, 1948); M. Reinhard, em 1949, publica a sua História da População
Mundial de 1700 a 1948 (Reinhard, 1949).
51
o Mas o que verdadeiramente se passou de novo foi o aparecimento. do método
o científico, baseado na «reconstituição das famílias». inventado. quase simultanea-
mente por P Gouberte L. Henry:
|
(RE Dois anos depois, L. Henry e M. Fleury publicam Dos Registos Paroquiais à
| Poih História, da População e Manual de Análise e de Exploração do. Estado. Civil
Ântigo (Fleury e Henry, 1956). Trata-se de um guia prático e não de um tratado de.
Demografia Histórica. Na sua essência, o método da reconstituição. de. famílias,
apresentado por estes dois autores, consiste no seguinte:
| ! A precisão, o detalhe, a forma prática como foi redigido este manual, facilita-
1 ram a leitura e a compreensão.deste.noxo. método. No entanto, era insuficiente, uma
vez que os índices estatísticos que se podiam construir entraram em colisão com o
que era tradicional fazer em História da População. Na época predominava a análi-
| se transversal, ou seja, indicadores que resultam da combinação dos dados dos
H recenseamentos com os dados do estado civil. Como raramente se dispõe destas
| duas fontes em simultâneo, os investigadores começaram a preferir a análise longi-
tudinal. ET da metodologia de exp oração dos registos paroquiais ter ficado
com A população de Crulai, paróquia normanda; estudo histórico. Foi com este
exemplo prático que, se, generalizou o método da reconstituição das famílias.
A vantagem da clareza e da uniformidade impediram-nos de ver alguns defei-
tos do método e não permitiu o desenvolvimento de outros caminhos, caminhos
esses que existiam em potência. Na sua tese sobre Beauvais e os Beauvaisis, P. Gou-
bert, juntou capítulos de Demografia Histórica com capítulos de História Económi-
ca e Social. Como teve um sucesso considerável, esperava-se que servisse de modelo
aos historiadores. Tal não aconteceu. O método de L. Henry impôs-se de tal forma
que o próprio P. Goubert acabou por recomendá-lo aos seus alunos. Foi em vão que
P. Chaunu e P. Goubert tentaram alargar a curiosidade dos seus alunos para novos
horizontes. Em síntese, o grande sucesso do «método de Henry» deve-se a três
factores fundamentais:
. 53
i
|
!|
alimentos de qualidade duvidosa e aparecem as epidemias, sobretudo de carácter
digestivo, que se propagam através dos mendigos e dos viajantes...» meme
54
Formalou Análisee Demográfica, ponto de passagem obrigatório para se poder
“estudar r qualquer
qu um. dos. outros. tamos,..temos..a, essência. do..saber-demográfico.
E ste ramo básico da Demografia tem. contornos..claramente. definidos. devido. ao.
variado e sofisticado conjunto de, métodos e técnicas que desenvolveu ter permitido
obter resultados com grande solidez c jentífica,
O mesmo não acontece com a Demografia Histórica. Se, à partida, parecia que
o seu campo seria de fácil delimitação (talvez por se confundir com a História da
População), à medida que a investigação progrediu, surgiram dificuldades em deli-
mitar esse campo com precisão. A Demografia Social, numa visão mais aprofundada,
tem o mesmo tipo de problemas que a Demografia Histórica. O incremento da
investigação também alargou progressivamente a sua problemática, fazendo com
que os seus limites estivessem longe de estar claramente definidos.
Foi Kingsley Davis que, em 1964, num trabalho intitulado Demografia Social,
procurou definir o seu objecto de estudo: «Estuda as causas do comportamento
demográfico.» Estamos perante um ponto de vista muito mais preciso do que O
aparecido, em 1959, com Hauser e Duncan na sua obra Estudos de População «é
um conjunto de assuntos que interessam às disciplinas teóricas que desejam aplicar
as técnicas da análise demográfica».
Em 1970, Ford e Young no seu livro Demografia Social precisaram o seu
conteúdo: «Existem duas vias para se estudar as relações entre os factores sociais e
culturais e as variáveis populacionais: os factores sociais e culturais podem ser
encarados como variáveis independentes que explicam a estrutura e a dinâmica
populacional; por outro lado, questões como a de saber em que medida a dinâmi-
ca populacional afecta os diferentes problemas da sociedade são igualmente impor-
tantes.» Depois dos anos 70 são raras as obras publicadas com o nome de Demografia
Social. A multiplicidade de investigações que esta perspectiva de análise proporcio-
nou fez com que a especialização se consolidasse muito rapidamente: começou a
falar-se de Antropologia da População, Economia da População, Sociologia dos
Comportamentos Demográficos.
Na Análise Demográfica utilizam-se apenas variáveis demográficas que são
utilizadas como variáveis independentes ee corcomo variáveis dependentes. Na Nas 1 novas
disciplinas que integram.a Demografia in Social,
a rei o. acento tónico
e da análise desloca-se
a Aco Sci EN
para as variáveis não demográficas que são utilizadas como causas. ou como conse-.
ee
quências. Adiferença reside, assim, no facto menos “demográficoos pode.
rem ser explicados.por. factores. diferentes “dos. emográficos,. ou. seja, factores sociais,
psicológicos económicos. culturais, históricos, . ambientais
A escolha do tipo de variáveis depende da óptica em que se quer elaborar o
estudo. Um sociólogo. .por exemplo,
vai naturalmente. dar ênfaseà importância da
estruturaÀsocial e das variáveis sociológicas, tais como as classes sociais, Os grupos
minoritários, as normas, os valores, os papéis sociais. Inversamente, os biólogos.
vão pôr o acento tó ónico.nos aspectos fisiológicos, como, por exemplo, a incidência
de certas doenças na mortalidade ou a identificação das variáveis responsáveis pelo
aumento da esterilidade.
Em função do exposto, podemos afirmar que em Estudos de População, os fac-
tores não demográficos. são. utilizados..para.explicar.os.problemas demográficos: a
: 55
influência dos níveis de rendimento ou dos estilos de vida no nível de fecundidade;
a influência do tabagismo e da situação profissional no nível de esperança de vida.
o Mas, também é possível uma segunda aproximação, Os.factores demográficos se-
NH rem variáveis independentes ou explicativas de variáveis não demográficas ou de
| problemas sociais contemporâneos: explicar a influência da estrutura por idades na
votação partidária ou nos hábitos de consumo; o efeito do aumento da duração
média de vida no aumento do número de pensionistas.
Inicialmente defendeu-se o ponto de vista que apenas o primeiro tipo de ques-
tões (variáveis não demográficas explicarem variáveis demográficas) era objecto de
estudo da Demografia Social. Argumentava-se que no segundo tipo-de estudos os
objectivos eram exógenos à problemática da Demografia Social. Contudo, como
muitas vezes acontece, é a prática que determina o conteúdo e não as questões de
carácter epistemológico. Ora, a prática veio demonstrar que, muitas vezes, eram os
demógrafos que chamavam a atenção para a importância da componente demográfica
Va na explicação de certos problemas práticos com que se debatem as sociedades
| o! complexas dos dias de hoje.
| Na realidade, vivemos actualmente no seio de grandes. transformações-deme-
gráficas. O declínio, “do volume... populacional. +em..todo..o..mundo.. desenvolvido
| “filhos por “mulher em todos. os ; países - desenvolvidos t tem tendência para esta-
bilizar com valores que são claramente insuficientes para que as gerações se
renovem. Simultaneamente, o declínio secular da mortalidade abrandou. conside:
ravelmente em todos os países mas, como aconteceu no passado, --EM. Vez dos
progressos, observados. beneficiarem essencialmente. os jo ens, beneficiam. desta
vez: as pessoas mais idosas. Estas duas evoluções, quando se cruzam, provocam
dl uma aceleração do envelhecimentodemográfico ou, mais precisamente, uma di-
minuição da importância relativa dos jovens na sociedade e um aumento pro-
gressivo da importância da terceira Idade, da quarta Idade, da quinta Idade...
colocando a sociedade perante delicados problemas económicos e sociais difí-
ceis de resolver. As migrações podem atenuar ou aumentar ainda mais estes. pro:
blemas. Numa Outra perspectiva, a actual situação demográfica
dos países
desenvolvidos provoca um acentuado desequilíbrio.
Norte-Sul; -gquando-sabemos
que do lado sul do Mediterrâneo encontramos
as maiores. taxas-de.-creseimento
observadas no momento actual. 77”
Porém, os efeitos da evolução demográfica do mundo actual não têm apenas.
d aspectos quantitativos. Novos problemas qualitativos começaram a aparecer. O pro-
As Políticas Demográficas
57
crescimento demográfico, através de uma maior difusão das técnicas de planea-.
metas
mentofamiliar como
mo condição Essencial para haver desenvolvimento. Estávamos
assim perante duas posições claramente distintas onde a fundamentação de carácter
político dominava: os «neomalthusianos» entendiam que o controlo da populaçãoé
o factor essencial para um processo de desenvolvimento; os «antimalthusianos»
defendiam o ponto de vista inverso, ou seja, primeiro “Tem de] haver o desenvolyi-.
mento e só posteriormente se regulam as questões relacionadas com a população.
“Dez anos mais tarde, no México, os termos do debate não mudaram substan-
cialmente. A questão central continuava a ser a mesma: é necessário, actuar, e)em
Porém, apesar de politicamente não ter havido alterações substanciais, houve novos
elementos que foram alterando gradativamente os termos do debate. Em primeiro
lugar, os demógrafos puderam demonstrar a existência de uma mudança real na
tendência do crescimento demográfico mundial a partir de 1970. Essa mudança foi
devida fundamentalmente ao declínio da fecundidade na China. Por outro lado, o
grupo de * países dderados pela China, e pela Argélia, que tinham tomado em 1974
Sonido mais
m radical ao oporem-se : a todas as medidas que encorajassem o aborto.
em larga escala e a esterilização forçada. Em todo o caso, foi possível estabelecer
um acordo em torno do princípio de que a componente demográficaé um factor
importante em qualquer processo de desenvolvimento.
- A terceira e última conferência ocorreu no..Cairo-emm..1994...Pela primeira. ez,
os responsáveis dos diferentes |Estados- membros admitiram por unanimidade, que
2
o controlo do crescimento demográfi uma necessidade fundamental de. qual;
q er país, seja qual for o seu nível de desenvolvimento. Até os delegados dos países
africanos, que normalmente se opunham a este princípio básico de intervenção
devidoà baixa densidade demográfica de alguns países, subscreveram este ponto
de vista. O debate concentrou-se mais em saber.por que. é que certos países conse-
guiram controlar comn eficácia o seu crescimento demográfico enquanto noutros
países tem avido 1 maior dificuldade. Compreende-se, assim, porque é que as dis-
cussões e o documento aprovado abandonaram os «velhos termos» deste tipo de
debates e as atenções se concentraram no papel da educação, no lugar da mulher
na sociedade e e né
no» mercado de trabalho, nos problemas de saúde, “das migrações €,.
. 59
I
É “aos govemos “para estudarem as causas profundas das migrações, para coope-
E rarem entre si no sentido de melhorarema integração, combaterem a xenofo-
biae o racismo; CT a
“o
o Capítulo *XI afirma que 0, factor mais Araportente, no desenvolvimento.
durá-
“os Capítulos 2XI aXVI tratam. de, “questões: mais. genéricas, como. a cooperação:
tecnológica, a cooperação internacional e alguns outros aspectos práticos de
implementação « do Plano de Acção.
E A Ecologia Humana
o
E
ú Já dissemos que a Demografiaé uma ciência social com algumas dualidades
“oi interessantes. Antes de mais é uma ciência social de raiz biológica: os dois grandes fe-
nómenos demográficos — a natalidade e a mortalidade — são manifestações SÓCIQ-.....
“culturais de processos biológicos, ou seja, a Demografia estuda fenómenos. que,
| “sendo biológicos na origem, sofrem profundas modificações quando inseridos na..
| ij sociedade. Em sentido estrito, a 1 Demografia procura compreender como é que o
60
estado da população se modifica através de dois tipos de movimentos (o natural
e o migratório), mas, numa perspectiva. mais dbrangento, preocupa-se « com as. au,
sas E d5 Consegui nciz
mentos
da população. |
Ora, na análise destas causas e consequências mais abrangentes, encontramos |
um e muito diversificado de variáveis: económicas, sociais, Pricolóeicas, |
Ee com uma.ma sendo diversidade de. ciências e que muitas dessas ciências não são
as ciências sociais. No seu complexo processo de investigação, a Demografia | pre-=
cisa de ultrapassar as limitações do poder explicativo do sistema social. É neste
contexto que se tem passado, progressivamente, de uma perspectiva analítica para
uma pers ectiva sistémica, aproximando-se assim do. ponto de vista que caracteriza,
mode Ecologia Humana.
O termo «ecologia» foi utilizado pela primeira vez pelo biólogo alemão Ernest
Haeckel, em 1869, e deriva da palavra grega «Oikos» que significa «casa» ou
«lugar onde se vive», mas só nos princípios do século XX aparecem os primeiros
manuais de índole científica.
Por definição, Ecologia
a é uma ciência. que..se. ocupa. do, estudo, das relações
dos seres vivos com o seu meio. Investiga. a inter-relação do organismo, tanto com |
o ambiente físico como com o ambiente. humano e tem uma percepção do mundo,
“sistema « dei iependências dinâmicas, significando isto que. qualquer
! err rea
o de animais, vegetais € microorganismos chama-se Biocenose;
* o conjunto de Biocenoses e de Biótopos constituem O Ecossistema. cujos Jimi;
| | tes são mais ou menos arbitrários, fazendo-se normalmente coincidir com
o grandes alterações do meio como, por exemplo, da floresta para o prado, da
água para a terra firme;
* um Ecossistema implica a circulação de matérias e de energia para as activi-
dades dos organismos, cadeias tróficas, vulgarmente. conhecidas por cadeias
.àS quais são constituídas por produtores (vegetais ou organismos
Po autotróficos, capazes de fabricar alimento a partir de substâncias inorgânicas
| a | simples), consumidores (animais ou organismos heterotróficos que ingerem
| Ei outros organismos ou partículas de matéria orgânica) e decom, npositores ( (bac-
i térias e fungos, também eles organismos heterotróficos); um
| apresenta-se como um organismo vivo que respira, alimenta-se, cresce, ama;
a. durece, morre, desequilibra-se, especializa-se (muitos indivíduos de - poucas,
l | espécies) generaliza-se (muitas espécies com poucos indivíduos);
dl | ao ecossistema total terrestre denomina-se Biosfera:
o 0 Ecossistema t tem uma estrutura cujos parâmetros princ; 3
ou quantidade de matéria orgânica que compõe o Ecossistema eFluxo o de.
|] Energia que O Ecossistema recebe; o primeiro
o
escalão.
é “constituído E pelos
produtores primários (plantas), que captam a a energiasolar,
s a partir. dos. quais
| se estabelecem diversos níveis tróficos consecutivos (herbívoros e carnívo-
| ros); O fluxo de energia comporta fluxos de matéi ia, — a energia captada pelo
o Ecossistema dissipa-se nos diversos níveis tróficos, de maneira irrecuperável,
| |I o fluxo de matéria, pelo contrário, descreve um ciclo mais ou menos fechado;
E| istema constitui
por último, a evolução do Ecossistema constitui a sucessão ecológica; os
Ecossi jascevolueni formas mais primárias, com pouca diversidade e
E grande produção por unidade de Biomassa, para sistemas mais maduros, mais
E organizados, de grande diversidade e pouca produção primária; ao conjunto
de ecossistemas, à escala mundial, chamam-se Biomas.
|
| | Apesar de, nos nossos dias, a Ecologia ter um objecto de estudo claro e preciso,
| continua a ser uma das ciências mais. complexas e abrangentes pelo.qu se recorre,
| à sua divisão em ramos mais especializados no sentido de tornar o seu estudo mais
simples E operativo. Das muitas formas que existem para considerar a Ecologia, ”
sobrevivem, desde o início do seu estabelecimento como ciência, duas divisões
| ERA clássicas: to-ecologia e a sineecologia. Naturalmente que esta, como todas as
! outras tentativas de dividir a Ecologia em sectores (o primeiro critério de divisão
foi o topográfico, ao dividi-la em ecologia da floresta húmida, ecologia do deserto,
o ST
ecologia dos lagos...) é apenas uma separação teórica, como um meio útil para
facilitar a análise e a compreensão de cada campo de estudo.
Foi Shroter (Acot, 1988) que em 1896 criou o termo auto-ecologia para desig-
nar à parte da Ecologia que estuda a influência, dos factores externos “sobre os seres
felações fisiológicas existentes entre uma espécie e O.seu, meio ambiente. O grande
interesse da, auto-ecologia é, pois, o de nos permitir conhecer as adaptações. dos..
Seres Vivos ao meio que habitam e as suas necessidades. Posteriormente, em 1902,
o mesmo autor distinguia a sineecologia « que diz respeito às comunidades de espés, |
cies, isto é, ao estudo das relações existentes entre uma comunidade e. o ambiente |
em que se insere, “especialmente no que respeita à sucessão ecológica. Qualquer
Oà homem “ocupa uma. posição, de. destaque. -Jelativamente aos outros seres,
A ininfluência de
do anambiente é
Mas 0 Homem, pelas s suas ; características únicas, “assume uma conduta distinta
do comportamento animal. A Ecologia Humana não pode ser apenas um ramo da.
ecologia, como-é-o-caso-da-ecologia.. animal.ou.. da ecologia. vegetal, uma vez que,
nas populações humanas existem outros elementos como a cons ência do tempo,a |
livre escolha e os valores. é Í e |
No início dos anos 20, o estudo da sociedade humana, agrupou sociólogos,
a
temas. “2 SÃSÊEras
63
Na Ecologia Humana intervêm todos os factores bióticos e abióticos que inter-
ferem na ecologia das plantas e dos animais, no entanto as dualidades | Homem/
“animal e.cultura/natureza defrontam-se com o facto de o Homem não ser apenas
“um indivíduo biológico ou psicossocial, mas uma t totalidade «bio-psico-social».
“Como refere Buttel (Kormondy, 1998): «Há na existência humana uma 1 dualidade,
que levou ao surgimento de uma ciência social dedicada a questões ambientais.
Esta dualidade traduz-se em, por um lado, o homem pertencer à reserva viva da
biosfera terrestre e, por outro lado, ser o criador de ambientes sociais únicos. Desta
dualidade ressalta a necessidade das relações entre Biologia e Sociologia, pelo que
a Ecossociologia vem pesquisar todas as questões que surgem desta dualidade.»
1921,
Em a diversidade dos comportamentos humanos no espaço e as diferen-
tes respostas sociais e culturais ao meio é que interessam” aos primeiros ecólogos,
“humanos. Barrows identifica à Ecologia Humana como uma componente da Geo-
grafia e, em 1925, Bernhard apresenta uma classificação de ecossistemas, onde se
distinguem factores biossociais e psicossociais, iniciando a visão actual da Ecolo-
gia Humana. Na década de 30, a «escola de Chicago» centra as preocupações na
interacção dos grupos humanos em meios geográficos distintos e subestima a im-
portância do ambiente físico, dando mais relevo ao ambiente social. Em 1936 com
o trabalho de Ezra Park, «Ecologia | mando: cresceu 0 entusiasmo por esta área.
64
fundamentais operativos: a adaptação, o crescimento e a evolução. Salienta aim-.
f portância do meio ambientee, da sua interacção com a população, “surge a, ideia de.
de.
“organização.
” Não existe Ecologia Humana sem. população, dado quedeite a adaptação se realiza
, mediante uma organização, e nesta o que conta “são “as propriedades de sm
A importância da Organização pode 1 ser Considerada. em duas perspec tivas:
- População, Meio.
cio Ambiente, Tecnologia.e. Organização. Ducan estuda detalhadamente
as inter-relações entre eles. Na sua perspectiva, a população tem sempre de viver
NA
de ser vista como umn capítulo de uma ciência ou 4 síntese de todas as ciências ou º
à,
2.
8.
a sociale cultural.
” Ao definir-se Ecologia Humana, como o conjunto da interacções entre as po-
e pulações e o ambiente, torna-se evidente a necessidade de. uma..maior.. precisão
2 sobre o conceito de ambiente, visto que a percepção que o. Homem tem sobre o que,
a é oambienteé. considerada fundamental, representando. assim. o. principal ponto de.
Li partida, para qualquer análise sobre as relações Homem-Ambiente.
- Historicamente, o conceito de ambiente, tem vindo lentamente a ser mais am-
plo e abrangente. Desde o conceito primário de ambiente sinónimo de natureza e de
> protecção natural, no qual o Homem era considerado um ser independente do am-
9 biente que o rodeava, até ao conceito que inclui outros aspectos do ambiente huma-
! no, tais como factores sociais, naturais, culturais, económicos... foi percorrido um
a longo caminho evolutivo, resultando desta mudança, a emergência de uma perspec-
e tiva holística que integra estas características num todo.
a A Ecologia desempenhou um papel chave ao reabilitar a noção de ambiente/
's natureza, na qual inseriu.o. homem e mostrou que o. ambiente não era só desordem
65
e passividade. o ambiente tomou-se uma totalidade complexa e o Homem, me
de
- “com relações de “autonomia €e.
dependência organizadoras face a esse ambiente. conferência de Estocolmo,
de 1972, considerou o conceito de ambiente valorizado pela componente humana do
património histórico e cultural, quando se refere «... à dupla dimensão do meio,
compreendendo, tanto as componentes naturais do planeta, como os espaços modi-
ficados pelo homem». (Lamy, 1996).
OQ conceito de ambiente passou assim a abranger os elementos físicos, quí-
micos, biológicos, tanto naturais como “artificiais, bem como Os orgânicos e, os
inorgânicos. Mais ainda, passou à incluir. também .o Homem, nas suas formas
de orga ização da sociedade, nas “inter-relações existentes e. na sua capaci-
1.8. A metodologia « da
la Demografia
ODdif
66
de explicação, quer nos diversos ramos da Demografia quer na atitude global que
gar
pç Lea a
I 1
t[Metodologia Geral da Análise Demográfica)
cespe
QUESTÃO DE P, »
Volumes e Densidades
Ritmos de Crescimento
Estruturas Demográficas
j
A EXPLORAÇÃO ,
Análise dos Sistemass dede Informação Demográfica
Análise da Qualidade da Informação
ps ar io y
a
3 ETAPA» ) .A PROBLEMÁTICA
ns
na “Diagrama “de Lexis
css
ANÁLISE DA NATALIDADE,.
- FECUNDIDADE E NI
ETAPAN . y
ETAP, A
CE ANÁLISE DOS MOVIMENTOS. MIGRATÓRIO
boa
'CONCLUSÃO |
pecases ad mn mama
time
id .º Nível de Explicação em
a mr em Demografia;
NATALIDADE
MORTALIDADE [> [ CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO
MIGRAÇÕES
CRESCIMENTO TOTAL
POPULAÇÃO NO FIM DO PERÍODO - POPULAÇÃO NO INÍCIO DO PERÍODO
mn im Me gm
DIMENSÃO
NÍVEL | NATALIDADE |»
SO
ESTRUTURA
LLIS
DIMENSÃO
NÍVEL | MORTALIDADE |» | CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO
ESTRUTURA:
LIS)
DIMENSÃO
NÍVEL | MIGRAÇÕES |»
ESTRUTURA
pe Ei tt te
4.º Nível de Explicação em Demografia
GRÁFICO
:ÊS TIPOS DE
O NÍVEL (ex.:
RA (ex.: quanto
CAPÍTULO II
A EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA: o
UM VELHO PROBLEMA COM NOVAS DIMENSÕES
Introdução
70 +
History of England, 1541-1871 — À Reconstruction publicado, em 1981, por E. A.
Wrigley e R. S. Schofield e a Histoire de Ia Population Française, publicada em
quatro volumes por Jacques Dupâquier, em 1988. Noutros países europeus vários
trabalhos deste tipo já foram publicados ou estão em vias de publicação, parecendo
que cada vez mais se opta por um caminho que se baseia em conhecer em profun-
“didade os diferentes países, regiões ou épocas para posteriormente se retomar o
caminho.da globalidade e da longa duração. Um bom exemploé o recente trabalho
sobre a Europa elaborado por Jean-Pierre Bardet e Jacques Dupâquier, intitulado
Histoire de la Population de Europe.
Qualquer destas duas perspectivas tem vantagens e inconvenientes. Apresentar
uma evolução global da população, sem exemplificar : a realidade. de um país € sem
identificar ; Ss causas das diversas. dinâmicas populacionais encontradas, tem o risco
de retirar à prática demográfica uma das suas características essenciais —º o rigor.
sa, projecto esse que se encontra em fase adiantada de execução, optámos por não
q
incluir neste capítulo informações respeitantes aos resultados obtidos pela investi-
eu
Objectivos do Capítulo II
. A
uma «vivência urbana». Por outras palavras, 2 Homem verdadeiramente Homem,
| | 72 .
|
|
americano em diversas vagas, o..que explica, em princípio, a grande densidade
qo
beira dos lagos, dos rios e do mar. Os utensílios são adaptados a novas utilizações:
aparece o machado de pedra para abater árvores e trabalhar a madeira, a caça passa a
vu
) ser feita com o arco e a flecha, aprende-se a pescar. A vegetação era rica em frutos
eraízes, e os mares, agora sem gelo, possibilitam a sua exploração. Troncos de árvores
foram transformados em canoas e o peixe começa a fazer parte da alimentação.
o
q
A passagem, em 30mememilraçãoanos,
inn do aquase
NS Dae ; nada o RC
do era enero paratiro o Homem acabado, > atingindo,
nm
is
período anterior —. a “primeira sepultura — é já1 uma. humanidade que, emerge. Mas,
uu
neo (Chaunu, 1979). Se o primeiro milhão se atinge em 12 000 anos a. C.. entre
9000 e 8000 a. C. a humanidade seria já de 2 a3 milhões. No milénio seguinte, O
pr
ção: o recenseamento do ano 2 da nossa era que nos indica existirem cerca de 70
milhões de habitantes (Livi-Bacci, 1992). É a China do trigo antes do arroz. Nessa
altura, a população do Império Romano é estimada em cerca de 54 milhões de
habitantes (Reinhard, Armengaud, Dupâquier, 1968).
o
quanto poss el. O que impediu o Homem do Paleolítico de crescer foi.a obrigação
deerrância das tribos.em. território. de. caça. Quando esta começava a rarear ocor-
a
qu
riam grandes migrações que faziam aumentar a mortalidade dos grupos populacio-
nais mais vulneráveis. A vitória da agro -pastorícia é.:
é antes de mais a. estabilidade do,
prio
SS
mos
cgrinssõem
€e”
“provas sobre. “a existência de. Tecenseamentos. “bienais. na “segunda, dinastia nte pata
73
anuais na sexta, décima segunda, décima terceira e décima oitava dina . Toda,
esta documentação tinha objecti ilitares e “desapareceu, existindo
apenasalgumas indicações de c que possibilitam estimativas. Es-
tas estimativas, apontando para a existência de uma população de 7 a 8 milhões
es (ao que corresponde uma dênsidade de mais de 200 habitantes por
km?) indicam- -nos que o vale do Nilo era fortemente povoado e sujeito a algu-
mas crises de alimentação. o
O Egipto deixou-nos inúmeras descrições de fomes seguidas de doenças que
provocavam um aumento da mortalidade e também um declínio. da fecundidade.
Estedeclínio da fecundidade pode encontrar uma primeira explicação na.esterilio.
dade devido ão esgotamento fisiológico. Também pode estar associado aouso da,
contracepção” “que já era conhecida nesta importante civilização (goma ará
arábica,
amuletos, aleitamento prolongado).
Na Mesopotâmia, apesar de se ter. desenvolvido. a ciência dos números e.de..
existirem fragmentos de lista, e famílias, não se tem conhecimento da existêns
ja dê um recenseamento aplicado à à globalidade do espaço ocupado por ésta Ciyia.
io. O conhecimento da dimensão numérica de alguns exércitos, as listagens de
prisioneiros confrontadas com o rendimento do solo cultivado (uma das técnicas
mais utilizadas pela Paleodemografia), tem conduzidoà elaboração de. estimativas
de população na Mesopotâmia que variam entre 4 e 5. milhões.de habitantes
(Reinhard, Armengaud, Dupâquier, 1968). As famílias eram de reduzida dimensão
e, tal como no Egipto, dispomos de uma documentação pouco numerosa, em épo-
cas muito distintas e que dizem respeito a uma minoria da população muito pouço
representativa. o
O papel demográfico
da guerra é exaltado nesta civilizaçãoo. À arte mostra as
técnicas
de guerra e os seus resultados. À Arqueologia e a Paleodemografia têm-
-nos confirmado a frequência e a amplitude das destruições. Não é possível medir
as repercussões demográficas das guerras nestas duas civilizações mas, para além
da destruição da agricultura e das cidades, havia outras consequências demográfi
importantes: escravatura, massacres | migrações forçadas. Os vencidos eram mas-
sacrados, capturados, Teduzidosà escravatura, separados e, por vezes, eram obriga-
dos a grandes migrações colectivas.
74
ainda das investigações em curso. Porém, apesar da sua diversidade, existem aleuns.,
elementos comuns: d de motivadas Polos fomes, conheci-
civilizações.
mento de 310 qui se > refere aà um total de 400 mil) ée tinham umm regime. demográfico,
muito particular (o casamento e a procriação raramente eram autorizados). As con-
sequências de uma crise de mortalidade podiam ser compensadas por uma guerra
bem sucedida e dar a ilusão que os efeitos do movimento natural da população não
eram importantes. Na realidade, um aumento do número de escravos pode compen-
sar a diminuição do volume da população causada pela. mortalidade sem ser neces-
sárioum aumento. significativo. do número de nascimentos.
“Um outro elemento fundamental, para se comprs como. funcionava O.
sistema demográfico da Grécia sã es (imigração no período pré-
-helénico e emigração do século VIII ao sé vi a. C.), se bem que o volume
desses movimentos migratórios e as causas que os motivaram sejam muito difi-
ceis de explicar.
Em Atenas, o número máximo de cidadãos do sexo masculino, com mais de 18
anos, teria sido de 30 mil no início do século v a. C. e de 21 mil em 310. Esta
diminuição da população teria sido uma consequência dos efeitos da peste de 430-
-427a.€C., da emigração e da guerra. Atenas começa, assim, por ter um crescimen-
* a concubinagem
era autorizada para o marido que não tivesse filhos ou que
duesso apenso LapeTizas; —
* o casamento tinha
75
* a contracepção não era ignorada;
. o aborto, O abandono e a exposição de crianças eram. autorizados (um poeta
“cómico diz-nos que «um filho educa-se sempre, mesmo quando se é pobre,
uma filha expõe-se mesmo quando se é rico»);
* em Esparta, O eugenismo regia a educação dos filhos, o casamento e a pro-
criação (segundo Plutarco um homem de mérito pode pedir a um marido a
sua mulher «para semear como num terreno fértil e ter belos filhos»).
76
Na Grécia, a população cresce a e depois declina até quase ao seu,
utorizados (um poeta total “desaparecimento. enguanto.civilização:-Por-razões: aparentemente diferentes.e.
o quando se é pobre, num espaço temporal mais longo, 'o mesmo acontece ao Império Romano a partir.
do. século II da nossa era. o .
o casamento e a pro: O declínio destas civilizações não pode ser exclusivamente justificado pelas
pedir a um marido à pestes, | fomes, guerras e invasões (Chaunu, 1979). “Assegurar aprotecção da mulher
belos filhos»). grávida e da criança constitui um dos objectivos fundamentais de qualquer civiliza-
ção que procura sob;
sobreviver. | Uma das razões do reduzido crescimento demográfico
mtos sobre a popula. do período Paleolítico foi a necessidade de errância das tribos. As grandes errâncias
começou no século v a que eram obrigadas as tribos faziam aumentar a mortalidade, em particular a dos
seamentos, ao serem recém-nascidos. O aparecimento da agro-pastorícia fez diminuir as grandes migra-
igidos a grupos espe. ções. Uma maior sedentarização tem como efeito imediato poupar vidas humanas,
lo território, tem difi; em particular as da mulher grávida e da criança, criando-se, assim, condições para
sinhard, Armengaud, a existência de um grande crescimento da população.
:ão da população para Durante umn grande. período.de. tempo. a. Antiguidade. é neolítica no seu modo,
iuropa, 19 milhões e de vida.vi No mundo do agora e do forum o Homem é suficientemente numeroso
ague três períodos.na e sem risco de ruptura. A transmissão da vida estava de tal forma feio me
41-31 anos a. C.), que que
to equivalente; a pax
Le. Pp eriormente por Q desejo. «
2a 476) caracteriza- facilidades em se compensar - com escravos a diminuição do número “de nas-”
guerras. *
Cimentos ou a “ocorrência de mortalidades anormalmente elevadas são elementos,
rmitiram elaborar es- que aparecem “abundantemente nos, textos dos, autores. clássico que. che Crea ram.
regiões do Império,a até nós.
copied . .
almente a mesma: as Roma está no centro de um «mundo cheio» onde os homens, que as guerras
sar desta dificuldade,reduzem à escravatura, existem em abundância na periferia do Império e não neces-
sitam de estar preocupados com a transmissão da vida. Q Império Romano
I significativamente a a está.no
do de vários factores é ro de uma ilusão.
fel acaaa:oriunda des da. comunicação. e.da dominação: quase todo o au-
1
Partindo
por ar
da consciência de que.o. «mundo está cheio».
Cent
78
Dispomos hoje de bastantes elementos sobre as consequências deste longo
rocesso: as redes de comunicação, a. organização monetária e comercial foram
totalmente destruídas, os campos foram abandonados,a fuga das populações pro-
-Nocou a escassez de. mão-de-obra.
“” Para além da desorganização da economia e da administração, um outro factor
veio acelerar o declínio da população: as pestes. O choque epidémico dos séculos.
1.
e II actuou localmente nas populações concentradas nos grandes centros urbanos
ela Aamplidãooque
PEA, que tiveram.
Uiveram acabaram.
apareceu em 66, 166 e 180-192. O segundo ciclo começa com a peste justiniana
no ano de 542 e termina em 767. O terceiro ciclo durará de 1346 até ao fim do
século XVIII.
O segundo ciclo de pestes, já melhor conhecido e estudado, acelera ainda mais
oc declínio. demográfico. A peste é assinalada, em primeiro lugar, na Etiópia, em
341, “atinge a Alexandria, a Palestina e a Síria em 542. No ano de 543 atinge a bacia
do Mediterrâneo e em cerca de dois séculos (541-767) foram identificados 20
grandes fluxos de pestes, 18 dos quais atingiram o Oriente e 11 o Ocidente (Biraben,
1975):
“A trajectória das pestes segue as redes de comunicações e não admira assim que
tenha partido do oriente. E com o acentuar do declínio populacional que os espaços
vazios criados fazem diminuir a intensidade da peste. Mas, não são ape
- como aà resortantcação peeconómica e o aparecimento das pestes, responsáxeis.por.
os.
ão do « Espaço agrícola. ade eso
inuidade na ocupaçãodo
2.5. A recuperação demográfica do Ocidente Medieval e o aparecimento de um
segundo «mundo cheio»
O século VII marca, para a maior parte dos historiadores da população, o ponto
mais baixo do declínio demográfico europeu (Biraben, 1979):
e 31 milhões de habitantes em a. D. 1
* 44 milhões de habitantes em 200
* 30 milhões de habitantes em 500
* 22 milhões de habitantes em 600
* 22 milhões de habitantes em 700
* 28 milhões de habitantes em 900
* 30 milhões de habitantes em 1000
* 49 milhões de habitantes em 1200
* 74 milhões de habitantes em 1340.
80 :
To.
1 gradualmente, à medida que se começam a consolidar as estruturas medievaise
acelera-se a partir do século x1. Em 1086, em Inglaterra, quando Guilherme, o
Conquistador, encomenda o «Domesday Book», a população ultrapassa já um mi-
lhão de habitantes. Houve, portanto, um triplicar da população num espaço de
e
cinco séculos (Wrigley, Schofield, 1982), apesar de ter existido uma História vio-
lenta e perturbada. A este triplicar, em cinco séculos, sucede-se um triplicar em
dois séculos e meio. No século xIv. a populaçãoatinge os.três milhões. de.habitan:
tese em cerca de 150 mil km”, o que implica uma densidade de 20 a 25 habitantes
por km? (valor muito próximo do observado no continente europeu — 30235
habitantes por km?).
Reinhard estima que a cristandade latina tivesse em 1300, um, total de.
de. 60.101-
lhões.de.almas (Chaunu, 1990). E uma população superior à do Império. Romano
em
apenas.
40%. do.território e que está distribuída da seguinte forma:
1200 1250 1300 1340 1400 1500 1600 1700 1750 1800 1850 1900
China , 124 112 83 70 70 84 110 150 220 330 435 415
Índia/Paquistão/Bangladesh 69 83 100 107 74 95 145 175 165 180 216 290
SW Asiático NRO II RIR aIAÃã
Japão 7 9 10 10 9 10-11 25 2% 25 30 45
Resto Ásia 31 31 29 292 29 29 3 42 53 6 68 78
Europa (s/ URSS) 49 57 7) MW 5 6Ãã%ÃIÃIII46 20 295
«URSS» 7 14 16 16 13 17 2 3 35 49 7 127
Norte de África 8.9 8 9 8 9/9/1010 10 12 43
Resto de África 49 49 60 71 60 RIM IAÃõIML IO O
América do Norte 3 333393 39/2/3/5:259%
América Central e Sul 3 26 29 29 36 39 10 10 15 19 3 75
Oceânia 2222723343 32/26
Total mundial 400 417 431 442 375 461 578 680 771 954 1241 1634
Fonte: (Biraben, 1979); (LeBrass, 1985).
* a moral do casal foi formulada em termos muito rigorosos por Santo Agosti-
nho mas, ao nível dos comportamentos concretos, a pressão social exige ape-
nas a observância de um mínimo de regras: as relações sexuais devem ser no
interiorsara
do. casamento, todos têm direito ao casamento mesmo.os.mais humil:
des, o casal deve evitar práticas que afastam
o casamento da sua função
procriadora,
* as regras mais restritivas que procuraram regular as relações.sexuais em fun.
ção do calendário litúrgico nunca foram rigorosamente aplicadas.
82
Po
aparecimento de uma nova atitude face à vida, ou seja, dementalidade.
uma nova
que se traduz na existênciada. segunda consciência de-um. «mundo cheio» (Dupâquier,
1988):
Também Pierre Chaunu (Chaunu, 1990) defende a ideia de que se está perante
um «segundo mundo cheio», uma vez que o «primeiro mundo cheio» já tinha
ocorrido na Antiguidade. Seja qual for o ponto de vista, não restam hoje dúvidas
que houve um. grande. crescimento .da, população..até..ao. aparecimento da, Peste.
Negra, em 1347, Este crescimento da população, ao preencher os espaços vazios,
conduziu à impossibilidade física de criar novas unidades familiares de exploração
agrícola. Como a exploração agrícola se confunde com o agregado. familiar...9.
casamento pressupõe, simultaneamente, a existência de um lar e de uma explora-
ção agrícola disponíveis. E preciso esperar por «sapatos de defunto» para se ter
uma casa e uma exploração. Um lar matrimonial só se funda em substitução. de.
outro lar desfeito pela morte.
Existe já uma numerosa documentação sobre este período em diferentes países
europeus, mas a grande referência continua a ser o trabalho pioneiro de Hajnal
(Chaunu, 1990) sobre os «English Poll Tax Records», de 1377, que nos fornece
uma análise bem documentada sobre este período de transição:
Milhões de
habitantes
300
250
200
150
100
800 gm
83
* a população feminina no período pubertário. com. mais..de..1.5..anos. xonda, os
10% (nos séculos XVII e XIX estes valores chegarão aos 50%);
* q retardar da idade média no casamento, associado à observância da conti-
| pe Z asso
| nência, tornam-se fenómenos interiorizados e praticados por quase todos.
| | Esta diferença entre gerações provocada pelo casamento tardio substitui lenta-
| mente a escolha de linhagem pela escolha individual. O retardar da idade do casa-
| “mento foi uma Téresposta única é original de um mundo que se julgava cheio e que
| tinha na memória colectiva a recessão demográfica ocorrida a partir do século II.
| : A espera do casamento deixa de ser um tempo morto de frustração para passar. a ser
Milhões de
habitantes
1800: TT e
1600
1300 434
SD 4400 4500 1600 1700
Anos
1750 1800 1850 4900
Lo 84
2.6. A peste negra
= 86
|
|
população ultrapassasse 1 um determinado limite, a subalimentação e a degradação
das relações sociais ocasionavam a miséria e a violência. O caminho ficava natural-
- mente aberto para as fomes, epidemias e guerras.
Alguns historiadores da população tiveram uma visão mecanicista das socieda-
des humanas nesta época, ao pensarem que 0 verdadeiro elemento regulador era o
fenómeno mortalidade (LeRoy Ladurie, 1966: Pierre Goubert, 1960): «A grande
culpada é a morte; já não se está no tempo em que uma população, ainda pouco
numerosa, possa aumentar as suas formas de subsistência e crescer rapidamente; o
aumento progressivo da população vai saturando pouco a pouco os territórios,
a subsistência e o emprego; o progresso demográfico vira-se contra si próprio e
devora os seus próprios filhos.»
Porém, esta visão mecanicista não resistiu à vaga de investigações sobre o sis-
tema demográfico dó Antigo Regime, que caracteriza os nossos dias com
o, desen
Yolvimento. dda Demografia. Ustórica nas un les. upâguier foi grande
pioneiro, no final dos anos 70, ao levantar a seguinte questão: «Como é que 18
milhões de súbditos de Luís XIV. mal alimentados... aumentaram. num. século. .pára
27 milhões vivendo numa relativa abundância e reagindoà oscilação dos preços?»
(Dupáquier, 1979). e
A hipótese de um aumento dos meios de subsistência não foiconfirmada e a
hipótese. da existência.
de pequenos, progressos. técnicos,.como
a melhori
dições de armazenamento dos produt
não foram ainda demonstrados. Por outr lado, Se a mortalidade desempenhasse
um papelregulador na França de Luís XIV, as
cia as regiões densamente p al facto foi ainda possível de-
monstrar em todos os trabalhos feitos nos diversos países europeus.
As crises de subsistência não parecem. estar, aptas. a.desempenhar..o..papel. de
mecanismo regulador no caso de haver excesso de população. Tal mecanismo supo-
ria ainda a existência de uma periodicidade cíclica, de que também ninguém ainda,
demonstrou a existência. Mais ainda, se as crises fossem realmente o processo
brutal de adaptação do nível da população aos recursos, só actuariam no fim de um
grande período de crescimento. Também neste caso “a investigação 1 tem encontrado
os mais diversos tipos de situações (por exemplo, na França, as maiores crises de
mortalidade actuaram em populações cujo ritmo de crescimento vinha a diminuir).
Q gue surpreendeé a capacidade de recuperação das populações a seguir a uma
crise. Observemos, como exemplo, o movimento da população rural na bacia pari-
siense nos finais do século xvY (Dupâquier, 1979):
87
O ano de 1694 é um ano de crise. de. mortalidade (aliás, já começada nos
io numérica da ilegitimidade.
A segunda e terceira regras implicam que o casamento só seria possível quando
o casalera capaz. de.assegurar..a. sua, independência económica, ou seja, capaz de
«fundar um lar». Esta situação reduz..os.. jovens, enquanto..os. pais. estão. vivos,.a
ermanecerem numa, posição.subalterna, ou seja, a ocuparem o seu tempo como
empregados no campo ou na cidade, a fim de juntarem um pecúlio que lhes permita
estabelecerem-se por conta própria. Mais.do.que.
o. casamento tardio, seria melhor
88
falar em gelibato for adoe temporário: os jovens eram privados do direito a ter
Telações sexuais enquanto não tivessem um pecúlio suficiente para se estabelece-
rem. Se os pais fossem dizimados.por. uma crise de mortalidade, a «herança» ficava
imediatamente disponível e osjovens, podiam casar-se.
Éar
- morte dos
d pais que desencadeia todo o processo de dinamização. da popu:
é substituído por um
Jovem casal que noutras circunstâncias teria de esperar mais uns anos. Uma crise
de mortalidade faz diminuir a idade média do casamento, aumenta o número de
nascimentos e rejuvenesce a população.
Na ausência de crises, constitui-se um «exército de reserva» de rapazes e rapa:
Tigas que e estão à espera da primeira oportunidade para se casarem, Logo que surge
uma crise de mortalidade, ficam disponíveis alguns lugares e os elementos do
«exército de reserva» avançam em primeiro lugar. Os jovens celibatários consti-
tuíam assim um verdade iro stock, matrimonial, ci q nção era a de. permitir. àà
* uma grande parte das terras era alugada e estava nas mãos da nobreza e do
“clero; esta concentração assegurava aos proprietários rendimento, tranquilida-
de e segurança;
a grande maioria dos camponeses era proprietária de terras minúsculas cons.
tituídas por uma casa e um pequeno terreno muito. difíceis de dividir;
a construção de uma nova casa não estava ao alcance de um assalariado, por,
mais económica que fossese e, mesmo que tal fosse possível, as terras disponí-
veis eram poucas..
A estagnação do. número de casas não era mais do que o reflexo da estagnação
da vida económicae social. Se numa família diversos filhos conseguissem chegarà
idade adulta, eradifícil, ou até mesmo impossível, estabelecerem-se todos. Se
a família fosse pobre, os filhos normalmente partiam para a cidade para encontrar
trabalho. Se a família fosse mais abastada, o pai tentava estabelecer alguns como
comerciantes ou em pequenos ofícios mas, a longo prazo, o património tenderia a
pulverizar-se caso as descendências continuassem a ser grandes.
A sociedade rural do Antigo Regime tinha, assim, uma tendência a produzir,
através do mecanismo auto-regulador, cinco consequências. importantes: criadagera;
Celibato forçado, errância, mendicidade e emigração. Compreende-se, deste modo,
como o número de fogos variava lentamente. É ao nível dos agregados familiares
que funciona, efectivamente, este mecanismo auto-regulador e se articulam a eco-
nomia, a sociedade e a população.
O povoamento é função não somente das aptidões naturais e das condições de
subsistência, mas também das estruturas agr E das relações de produção
cuja
origem se perde no tempo e cuja variação é muito lenta. Esta consciência de perma-
Dênccia € exclui inseicd
a de progresso sob o ponto de vista “demográfico e daí a pouca
lugar, no caso de haver uma catástrofe, a população pode reduzir-se. 30. 40 ou. 509%;
normaimente 0 o mecanismo auto- regulador funcionava e repunha a situação ante-
“TIOI, 1 mas, “em certo tipo de catástrofes, como é o caso das guerras, a passagem dos
nte a população mas a própria organização. económica.
corporações funcionando. com n regras. rígidas . era “muito “difícil. a um Jovem | esta-
esta
belecer-se sem uma longa.aprendizagem (o que lhe retardava .O case o), mas,
mais Jivres, a sua instalaçã .era mais.smápida
rato e.
e
turas,.
Neste contexto, nos campos já meio. industrializados, o problema das flutua-
ções económicas e demográficas não se punha nos mesmos termos que num. «país.
ágrícola puro». Economia, sociedade e população articulam-se a um nível. diferen-..
te. É na sequência da emergência deste tipo de acontecimentos que se vai registan-
do em toda a Europa Ocidental, nos séculos XVII e XIx, a destruição do mecanismo
auto-regulador que tinha funcionado durante séculos e que é o principal elemento
caracterizador da demografia do Antigo Regime.
europeu “quee ultrapassa. O. quadro. “das. oo nduealisadas e que. não. pode. ser
explicado por uma revolução agrícola. A revolução económica foi uma hipótese
de trabalho que não sé confirmou. O mesmo não aconteceu com a existência de
progressos lentos, mas significativos, na luta contra a morte: a esperança.
de. vida.
aumenta, a mortalidade infantil diminui, a mortalidade.estival. das. -crianças.também.
diminui.
Também nos podemos interrogar por que razão o mecanismo .tegulador.que
funcionava. com.eficácia.na recuperação.dos.efectivos-perdidos, não. funcionou. em
sentido inverso. Porque não foi ele capaz de limitar o crescimento do século XVIII,
depois de ter sido acelerador na crise dos séculos XVI, XVII e primeira parte do
século XVUI? Porque o funcionamento deste sistema baseava-se na constância,
do número de fogos e não na estabilidade da população total.
90 .
As crises de mortalidade,.
nreamrensnsaniaea
ao. estimularem.
unsAsadiaa
o crescimento, levam a substituir
os casais mais velhos por casais mais. jovens,.em.. plena. pujan:nça de. fecundidade.
“Arestrutura demográfica dos fogos deixa de ser a mesma... a fecundidade au-
A
menta e a crise acaba por se transformar num autêntico «baby-boom» prolonga- -
do. A longo prazo, este «baby- “boom» pode tomar proporções importantes com a
“entrada no mercado matrimonial de efectivos, cada vez mais numerosos. Se uma
crise de mortalidade não vem atenuar estes efeitos, o sistema auto-regulador não |
Ecapaz de funcionar como travão. porque. apenas funciona como acelerador,
Com a inércia própria dos fenómenos demográficos será preciso esperar muitas
dezenas de anos para que uma população reencontre um novo processo de equi-
líbrio.
Assim, é possível esquematizar o arranque demográfico da Europa Ocidental.
da seguinte forma (Dupâquier, 1979):
Too |
é individuais — os quocientes de nupcialidade diminuem, a idade média.ARA enSes do
tos de Serações;
3.-* etapa (primeira. metade-do,século.XIX): a industrialização, ao persaitir fazer.
é o; aemigra-
omando.. cada vez. mais-impor-
estabelecerem com uma idade razoável; não lhes resta mais do que esco-
p
lher entre o celibato definitivo ou o êxodo para sítios mais ou menos lon-
=
!
Jes, as
is de aceleração. A sociedade, na sequência de diversas crises de mortalidade,
do
“tinha fabricado uma estrutura apta a reagir a essas crises. Quando as crises come- |
|
|
| 91
I
1 çam a ser mais espaçadas e menor a sua intensidade, começou a manifestar-se O
| problema inverso. Mas, as sociedades não tinham experiência deste novo problema.
A inércia específica dos fenómenos demográficos, conjugada com ainércia. própria.
E damentalidade, tornaram inevitável a destruição de um sistema.notável. que permi-.
E tiucemiimmm
àà civilização ocidental viver em, equilíbrio durante vários séculos..
o aModelo
ij
| | simplificado
o INDUSTRIALIZAÇÃO
No: , y
oo EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA
| 92 ,
odelo Dupâquier
| À
g ALGUM PROGRESSO
. | TÉCNICO |
| y y |
TROS FACTORE ESTRUTURAS DE POPULAÇÃO
OUTROS ORES CADA VEZ MAIS JOVENS
y y
ARRANQUE INDUSTRIAL
, , |
j
EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA
. 93
QUADRO 2
Evolução da população mundial no período 1900-2025
Milhões de habitantes 1900 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1994 1995 2000 2025
China 415 444 493 558 578 606 774 923 1192 1219 1288 1455
Índia/Paquistão/Bangaladesh 290 309 343 388 443 573 699 871 1155 1180 1365 1821
SW Asiático 38 39 43 48 55 110 198 359 484 485 54 697
Japão 4 48 54 61 69 84 9 102 125 125 128 121
Resto Ásia 78 126 139 157 239 311 320 388 436 442 505 682
Europa 295 341 372 385 395 448 462 484 728 799 1
«URSS» 127 146 160 188 180 192 243 266... — — — o —
Norte de África 3 4 49 51 52 64 87 118 157 162 188 267
- Resto de África 95 97 108 125 167 193 266 354 543 558 673 1022
América do Norte 90 117 135 146 167 200 228 247 290 293 323 387
América Central e Sul 75 91 100 131 164 212 283 360 470 481 540 690
Oceânia . 6 8 9/1 13 15 19 4 28 28032 42
Total mundial 1634 1809 2014 2249 2522. 3008 3675 4496 5607 5702-6314 7907
tes,
tes ocorreu principalmente didurante o século xIx, em direcção à América do.
Norte, cuja população passou de 5 milhões em 1800 para 90 milhões em
1900 e para, praticamente, 325 milhões de habitantes no final do século XX;
e finalmente, a última fase do crescimento europeu é a que ocorre a partir de
1994; a população europeia, que estava com tendência para estabilizar à volta
dos 500 milhões de habitantes, devido à integração da quase totalidade da
população da «URSS» na Europa, aumenta entre 1994 e 1995 para cerca de
730 milhões de habitantes; as novas projecções, corrigidas por este importan-
te acontecimento, apontam para uma estabilização da sua população, no final
dos primeiros vinte e cinco anos do século xx1, à volta de 722 milhões de
habitantes.
94
Milhões de
habitantes
Milhões de
habitantes
BjO
>“
o
B
E”
95
aumento pontual que em nada parece vir alterar a ideia de estabilidade de uma
população que, no próximo milénio, terá cerca de 740 milhões de habitantes.
96
cristã (70 milhões de habitantes), e só no início do século XvIL a.sua população,
“ultrapassa o volume atingido em 1200.
A partir desta data, inicia-se o grande crescimento populacional da China: 415
milhões em 1000, 378 milhões em 1950, 1289 milhões em 2000, cerca de 1450 mi-
lhões no fim dos primeiros 25 anos do próximo século.
O subcontinente indiano (Índia, Paquistão, Bangladesh) tem uma evolução bas-
tanté“fienos irregular do que à China. Estes dois grandes conjuntos populacionais
EPEIS
início do século XVII o subcontinente indiano tem sempre mais população do que
2
a China; segue-se depois um período, que vai até aos nossos dias, em que a popu-
[e Is le Bjo
lação da China é sempre mais importante. Nos últimos anos, as. projecções,
demográficas apontam de novo para a supremacia populacional do subcontinente.
indiano. .
O resto da Ásia, em particular 0. Japão, -Só..ganha..uma.. expressão. numérica
significativa, 1no.contexto, asiático,
o. durante ai
o, século
o rot XX. Assim, em 1995, dos cerca
IB
de 3500 milhões de habitantes da Ásia 125 milhões pertencem ao Japão, 485 mi-
lhões pertencem ao Sudoeste Asiático, 2400 milhões pertencem aos dois grandes
conjuntos populacionais anteriormente comentados e 442 milhões de habitantes
pertencem ao resto da Ásia.
jo ER
98 .
o século VII a população declina acentuadamente. À medida que se consolidam as,
- estruturas medievais, a população volta de novo Créiomar
à « os caminhos do cresci
mento, apesar de ter existido uma história violenta
€ | perturbada. Em 1300, o oci-
dente cristão já tem um total de 60 milhões de almas, ou seja, uma população
2 superior à do Império Romano em apenas 40% do território. O centro deste mundo,
E começa, de novo, a estar bloqueado e emerge um novo «mundo cheio». Mas,.a
e e - sta VEZ foi de natureza diferente: retarda-se a idade do casamento,
n o Este. sistema, a que a escola inglesa chama «new pattem», funcionou até à |
a, revolução industrial, tendo sobrevivido às mais duras provas. Durante as mais di-
o versas crises de mortalidade, este sistema soube recuperar os efectivos: perdidos e
n depois evitar a a continuação do crescimento populacional. É com a revolução.
trial que « O sistema. demográfico. .do, An É destruído, “provocando um
aumento no número de nascimentos, uma diminuição no número de óbitos e,
consequentemente, um erande crescimento populacional.no.continente europeu.
n Estamos agora em condições de responderà questão que formulámos no início,
ou seja, a de saber se a explosão demográfica actual é ou não-um fenómeno novo.
A resposta não pode deixar de ser r negativa. Em dois momentos-da aventura. huma. -
>, de |idosos . e um PNB per. capita que; raramente. ultrapassa os- 3 mil dólares; pelo
le contrário, no bloco dos países desenvolvidos. temos. 20%. da. população mundial, um...
lo | a zero, uma mortalidade. infantil reduzida;
o, de jovens, elevadas percentagens..de-idosos-e-um-PNB--per
IO capita que é quase vinte vezes.superior.
ja, A existência destes dois grandes conjuntos populacionais, de características opos-
o) tas e de convergência lenta, mostra ser impossível falarmos, nos dias de hoje, de um
Da problema chamado «população mundial». A população mundial, actualmente, é o
Sã resultado de uma adição sem. interesse, que tende.a ocultar a realidade concreta a que
1Q se chegou no século xx: num mundo teoricamente.elobal existem.dois.grupos popu-
is completamente. distintos, tendo cada um os seus próprios problemas.
10. ' “Sea primeira grande diferença deste novo. «mundo. cheio».é-a-divisão.em dois
| Dt.
. 99
grandes blocos, a segunda grande diferença é a unidade de contagem:-..no primeiro-
«mundo cheio» a unidade de contagem é. o milhão (do início ao fim do Neolítico
passou-se de 1 à 30 milhões); no segundo «mundo cheio», a unidade de contagem
passou a ser as centenas de milhão (do século vil ao século XIV, a população
mundial passou de 208 para 442 milhões); no terceiro «mundo cheio», a unidade de
contagem passou a ser o milhar de milhão (o primeiro | milhar de milhão. atinge-se.
em meados do século XIX, o segundo em 1930, o terceiro em 1960, o quarto na
década de 70, o quinto na década de 80, o sexto no final da década de 90.. +).
A terceira diferença consiste na unidade de tempo utilizada na análise, Nas
primeiras duas situações, a contagem é feita em séculos (se a população mundial é
estimada em 252 milhões no início da nossa era e 578 milhões em 1600 foram
precisos dezassete séculos para que a população duplicasse), mas, nos dias de hoje
a contagem é.feita.por.anos (entre o penúltimo milhar de milhão e o último media-
ram cerca de 10 anos).
Finalmente, a última dimensão ééa capacidade c de +previsão. A ciência demográfica
100 :
CAPÍTULO HI
Introdução
:as
no
tal as RE do passado. (Demografia. Histórica) e para. a
ol- jectar as populações a curt e. Jongo. prazo (Projecções|Demográficas).
as -—Niúfha obra fundamentalmente destinada a pessoas que se iniciam na prática da
Demografia não quisemos tornar essa iniciação demasiado pesada sem, no entanto,
os cair numa vulgarização que é sempre redutora. Tivemos de proceder a um conjunto
le- de escolhas, escolhas essas que obedeceram a dois tipos de critérios: a natureza dos
dados existentes em Portugal e o público a que se destina. Assim, não apresentamos
as técnicas e os métodos de análise que implicam a existência de dados que não
estão disponíveis nos sistemas de informação de Portugal, e seguimos a sequência
de capítulos que mais nos parece indicada para quem pretende iniciar um pro-
cesso de investigação que implique directa ou indirectamente o tratamento cientí-
fico da população portuguesa.
Também excluímos deste trabalho as técnicas de análise específicas da
Demografia Histórica, da Análise Demográfica com Dados Incompletos, das Popu-
lações Estáveis e da Prospectiva Demográfica por entendermos que a sua especifi-
cidade aconselha um tratamento autónomo.
Se a questão do ensino da prática demográfica começou por satisfazer uma
necessidade académica, no momento actual existe um crescente número de perfis
. 101
profissionais que necessitam saber o que fazer aos dados demográficos. Ajudar a
transformar dados brutos, tal como são apresentados pelo sistema estatístico na-
cional, em informação e conhecimento, é o objectivo fundamental dos capítulos
que se seguem, seguindo uma sequência que a nossa prática pedagógica e de
investigação nos tem aconselhado.
Em cada um dos capítulos, para melhor controlo do processo de aprendizagem,
apresentamos trabalhos práticos resolvidos. A parte teórica foi reduzida ao essencial
e evitámos o recurso sistemático a notas e a grandes demonstrações. Procurámos,
deste modo, facilitar a leitura de um texto, por vezes com alguma complexidade
técnica, sem cair na vulgarização científica e procurando atingir o objectivo essen-
cial: ajudar todos os que, pelas mais diversas razões, se pretendem iniciar na prática
da Demografia.
“Começaremos com os aspectos iniciais de uma investigação em análise. de-
mográfica, ou seja, com a análise dos ritmos. de.crescimento.. das.estruturas.demo-
, gráficas e dos sistemas de informação « existentes,
“ Existem autores que começam directamente.com a análise das variáveis
demográficas. No nosso caso, entendemos que, antes de analisarmos as questões
técnicas inerentes e estes problemas, é muito importante conhecer a população no
seu todo, enquanto um processo dinâmico e possuidor de uma determinada estrutura.
As hipóteses de trabalho que vão orientar todo o processo de análise da dinâmi-
ca das populações humanas surgem, em geral, da análise destes aspectos iniciais
que têm de ser acompanhados por análise quer dos sistemas de informação dispo-
níveis quer da qualidade da informação existente.
Objectivos do capítulo HI
Suponhamos uma população que num momento O é Po, num momento 1 é P,,
num momento 2 é P, ... num momento n é P, e que cresce a uma taxa”a.
102 :
-Para se medir o ritmo de crescimento de uma população existem. fundamental-..
La- mefte três.processos.em
análise. demográfica: o contínuo, o aritmético e o geomé-
ÍrICO. . . ,
No caso do ritmo. de.crescimento..contínuo, +emos:
use
P=Per. (e = 2,718282),
tm P/P)=an a=[n(P/Po]/n
de No caso do.ritmo.de..crescimento.aritmético, temos:
*n-
ica a=(P,-Po)/(Poxmn)
Pr=Po(L+a
eis log (P,/Pj)=nlog (1 + a)
ses
Vejamos os seguintes exemplos:
A América do Norte, entre 1970 e 1980, passou de 228 para 247 milhões de
habitantes.
Em Portugal, em 1821, a população era de 3 276 203 habitantes e em 1835 era
de 3 371 704 habitantes.
Quais são os ritmos de crescimento?
América do Norte
Contínuo Aritmético Geométrico .
20- a=h(P,/P)/n a=(P,-P)/P,xmn log (P,/ P)=nlog
(1 + a)
a=ln (247/228)/10 “ a=(247-228)/228x10 log (247/228) = 10 log (1 + a)
a=ln 1,08333/10 a= 19/2280 . log 1,08333 = 10 log (1 + a)
a = 0,00800 = 0,80% a = 0,00833 = 0,83% 0,03476 = 10 log (1 + a)
0,00348 = log (1 + a)
1,00805=1+a
a = 0,00805 = 0,81%
Portugal
Contínuo Aritmético Geométrico
Ju- a=In(P,/P9)/n a=(P,-P)/P,xn log (P,/Py=nlog(l+a)
ulo a=1n(3371704/3276203)/14 a=(3371704-3 276203) / log (3 371 704 / 3 276 203) = 14 Jog
ado a=n 1,02915/14 [3 27% 203 x 14 — (l+a)
a=0,02873/ 14 a=95 501/45 866 842 log 1,02915 = 14 log (1 + a)
a = 0,00205 = 0,21% a = 0,0020821 = 0,21% 0,01248 = 14 log (1 + a)
0,00089 = log (1 + a)
1,00205=1+a
a = 0,00205 = 0,21%
. 103
No período 1970-1980, por cada ano e por cada 100 pessoas, a população da
América do Norte aumenta 0,8.
No período 1821-1835, por cada ano e por cada 100 pessoas, a população de
Portugal aumenta 0,21.
Com base no cálculo do ritmo de crescimento seométrico podemos fazer algu-
mas apl cações
és interessantes: calcular o tempo de duplicação em anos; calcular à”
es Fegressivas.. embora. sumárias; fazer. “análises.
tivas. também. sumárias.
“Assim, se a é uma taxa de crescimento constante, ao fim de quantos anos n
duplicará a população?
aro c= Po (a + a)”
2=(1+af'oulog=nlog (1 +a)n=1og2/1og (1 +4)
104 :
A Análise Prospectiva teria o mesmo tipo de aplicação, com a diferença de ser
Fer
»
. 105
=
E Recenseamentos Portugal Continente Açores Madeira
| 01/12/1900 5447 5 040 257 150
j 01/12/1911 5999 5586 243 170
|; 01/12/1920 6080 5 668 232 180
| 01/12/1930 6 802 6335 255 212
7 12/12/1940 7755 7219 287 249
| 15/12/1950 8510 7921 319 270
| 15/12/1960 8 889 8293 327 269
15/12/1970 8 663 8 123 288 247
16/03/1981 9 833 9337 243. 253
15/04/1991 9 963 9470 239 254
12/03/2001 10 282 9 805 236 241
a) Calcule a taxa de crescimento anual médio, da população de Portugal, entre
1960 e 1970, através dos ritmos de crescimento contínuo, geométrico; aritmético e
da taxa de variação.
Interprete os resultados.
a)
Ritmo de Crescimento Geométrico Ritmo de Crescimento Aritmético
log (8 663 /8 889) = 10 log (1 + a) a=(8663-8889)/8889x 10
log 0,97458 = 10 log (1 + a) a=- 226/88 890
— 0,01118 = 10 log (1 + a) a =— 0,00254
— 0,00112 = log (1 + a) a=- 0,25%
0,099743 = 1 + a
a = — 0,00257 a = — 0,26%
Ritmo de Crescimento Contínuo Taxa de Variação
a=In (8663 /8889)/10 a=(8663-38889)/8 889) x 100
a = In 0,97458 / 10 a=(- 226/8889) x 100
re a =-— 0,02542
a=- 0, 02575
re a ='— 0,002575 a=-— 2,54%
a =-— 0,26% A dividir por 10 anos é de — 0,25%.
b)
Período 1970-1981
Período 1981-1991
107
Período 1991-2001
Crescimento Geométrico (1991-2001) Duplicação em Anos
log (10 282 /9 963) = 9,92 log (1 + a) n=log2/log(l+a)
log 1,03202 = 9,92 log (1 + a) n = 0,30103 /log (1 + 0,00318)
0,01369 = 9,92 log (1 + a) n = 0,30103 / log 1,00318
0,00138 = log (1 + a) n = 0,30103 / 0,00433
1,00318=1 +a n = 69 anos
a = 0,00318
a = 0,32%
feminina desempenh:
de factores biológicos, sociais, , culturais. À. rep Ç o pori idades é importante por.
duas razões fundamentais:
108
Em Análise Demográfica, costuma-se chamar ao primeiro aspecto o efeito ida-
“de e a6 segundo o efeito geração. Éstes efeitos, como é óbvio, podem é “devem ser
“analisados em cada um dos sexos.
Sob o ponto de vista técnico, a melhor forma de analisarmos a distribuição de
uma população por Sexos é idadesé através. de: uma representação gráfica muito
particular, conhe CIC a pelo nome de pirâmide «de idades. Dela nos ocuparemos em
primeiro lugar. Em seguida, analisaremos as diferenças existentes entre os sexos
nas idades ou grupos de idades através de um outro instrumento de análise que se
chama relações de masculinidade. Finalmente, iremos apresentar os principais gru-
pos funcionais e índices-resumo.
As pirâmides de idades
relativos. Deixemos por ora à esta questão da transformação das estruturas absolutas
em relativas e das vantagens e inconvenientes que resultam de uma tal transforma-
ção, para nos ocuparmos dos princípios básicos a respeitar na sua construção.
Numa pirâmide de idades, as populações em. cada idade (ou grupo de. idades)
são representadas porrectângulos, cuja superfícieé proporcional ao efectivo consi-
derado (a largura é constante e o comprimento é proporcional
ao. volume.
cional). Por outras palavras, no eixo das ordenadas marcam-se as idades com uma
amplitude fixa; no eixo das abcissas, marcam-se os efectivos observados através de
'or
ret
uma escala, cuja escolha vai. determinar .a.opção. na. escala. das. ordenadas. Esta
interdependência de escalas deriva do facto de se procurar1manter a forma dde uma
pirâmide, não a deixando alongar ou achatar em demasia. Para que tal seja 1 possível,
to, recomenda-se uma altura de 2/3 em relaçãoà largura total. Não se trata de um
princípio a aplicar rigorosamente, mas algo que se deve respeitar tanto quanto
da, possível, de modo a obter uma forma próxima da triangular.
la- Tal não significa que seja sempre esta forma triangular que encontram
do analisamos as estruturas populacionais do tes pé do
formas são possíveis de ser encontradas, sobretudo quando trabalhamos a uma
escala muito reduzida.
No entanto, em relação.à forma, os, dois grandes tipos de pirâmides de idades.
como, referência
são OS segi
109
| âno de nascimento Idade âno de nascimento
! T q T T T T T T T T T T T T T T t
110
|
a Bno de nascimento Idade âno de nascimento
|-
omitida a referência H/M, ou esteja escrito numa outra língua, uma pirâmide
s de idades respeita sempre esta regra inicial fundamental, pois só assim se
= toma possível proceder a comparações no tempo e no espaço;
n .
e
e
-
a
e
a
e
a
E
T 1 T T T 1 t T t 1 r T T T T T F t T
111
E * no eixo das ordenadas marcam-se as idades com uma amplitude fixa e no
“Eixo das abc sas. seOs efectivos; a superfície de cada rectângulo.é.
TOF s efect vos populacionais;
“as “decisões tomadas anteriormente devem permitir a aplicação. do. princípio
i da relação altura-largura (por exemplo, uma base de 15 cm a multiplicar por
“2/3 deve dar 10 cm para a altura da pirâmide);
* aplica-se o princípio da repartição proporcional no grupo terminal, ou seja,
1 muitas vezes acontece estarmos perante uma informação do tipo «70 e mais»,
«80 e mais» ou «90 e mais»; pará não se deformar a pirê idades no
' topo, várias soluções têm sido apontadas, mas a mais utilizada é éagqu e. Consis-
| te em repartir proporcionalmênte ôs efectivos até ao momento em, que é sig-
1 tivermos 4 mil pessoas, teremos 2 mil no grupo 70-74 anos, mil no grupo
75-79 anos, 500 no grupo 80-84 anos e 500 no grupo 85-89 anos, cortando-se
| | a pirâmide 'aos 90 anos, visto já não ser visível a continçiação da repartição
proporcional até aos 100 anos;
EE
Do.
Es
1 jude
jarps
po.
[72]
O.
B.
fo)
Iê
10
Iê
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O
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É: 189
o
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o
O
8
is
º
O
E
E
num n dos lados. (ou 1 nos. dois) do rectângulo que enquadra : a pirâmide de ida- .
ER
É
!
KH
RN des, « os anos de nascimento das pessoas que integram os diferentes grupos de
| | idades (por exemplo, as pessoas que em 31 de Dezembro de 1990 têm
| À 60 anos, fizeram o seu 60.º aniversário em 1990 e nasceram em 1930
hoo (1990— 60= 1930);
j * qu do trabalhamos com grupos de idades, a largura do rectângulo é propor-..
po número de anos existentes em cada um. deles; normalmente é um
| problema que não se põe “quando trabalhamos com grupos de idades
Lo quinquenais, pois basta fixar uma amplitude para o primeiro grupo em função
Ea | da relação altura-largura e aplicá-la a todos os outros; quando os grupos têm
o uma amplitude desigual a solução é transformá-los em grupos de igual ampli-
o tude;
| “O comprimento é do rectângulo é proporcional aos efectivos (em números ab-
ou em percentagem).
“solutos
112
O recurso a uma representação com estruturas Telativas resolve a dificuldade,
na medida
m em! relativas dos diferentes.
grupos s € etários.
As relações de masculinidade
tação.
ação das Telações de masculinidade, toma a forma de uma curva que começa ccom
valores superiores. a 100. e. acaba, com valores. bastante inferiores. Ássim. natural-
113
No exemplo apresentado na figura 11, as relações de masculinidade de Portu-
gal e de Cabo Verde obedecem ao modelo natural de tendência para o declínio à
medida que nos deslocamos dos grupos etários mais jovens para os grupos etários
mais velhos. No entanto, o efeito das migrações produz em Cabo Verde um signi-
ficativo declínio das relações de masculinidade nos grupos etários 25-29 anos a
40-44 anos, seguido de um retomar dos valores dessas relações, que só pode ser
explicado pelo retorno de muitos dos cabo-verdianos. Em Cabo Verde, tal como
aconteceu com Portugal nos anos 60 e 70 a emigração é mais masculina do que
feminina.
RM*100
12 r
EC.Verde 91 E Portugal 91
114
Em análise demográfica, quando se quer ter uma visão rápida da evolução ou
da diversidade das estruturas populacionais,opta-se por compactar a informação
segundo determinados critérios. O critério mais importante é.o.da.idade, ou seja,
concentra-se num reduzido número de. grupos a totalidade da. informação, de-modo
com Os sexos separados e também se costuma, por vezes, dividir um ouu outro grupo
funcional para profunda a análise.
Percentagem de «Jovens» .
115
Percentagem de «Potencialmente Activos»
Percentagem de «Idosos»
Índice de Juventude
Índice de Longevidade
| :
Definição: Compara o peso dos idosos mais jovens com o peso dos idosos
menos jovens. E também um indicador de medida do «envelheci-
mento demográfico».
(| 116
Índice de Dependência dos Jovens
] Fórmula: | (População com 0-14 anos / População com 15-64 anos) x 100
Fórmula: | (População com 15-39 anos / População com 40-64 anos) x 100
| Fórmula: | (População com 20-29 anos / População com 55-64 anos) x 100 |
7 |
Índice de Maternidade
Fórmula: “(População com 0-4 anos /População com 15-49 anos) x 100
Índice de Tendência
Fórmula: (População com 0-4 anos / População com 5-9 anos) x 100
Índice de Potencialidade
Fórmula: | (População com 20-34 anos / População com 35-49 anos) x 100
O envelhecimento demográfico
A partir da segunda metade do século xx, um novo fenómeno surgiu nas socie-
dades desenvolvidas — envelhecimento
o demográfico. Não se trata de uma nova.
epidemia ou de uma nova doença (não existe nenhuma doença chamada envelheci-
mento), mas de uma simples. constatação. quantitativa: a p: e
nas idades mais avançadas estar a aumentar. A procura de uma melhor c caracteriza-
ção deste fenômeno, a determinação das duas causas e consequências, a identifi-
cação de assimetrias espaciais importantes, o estabelecimento da cronologia do
processo, a determinação de envelhecimentos diferenciados por sexo e classe so-
cial, a tentativa de encontrar soluções e de prever a evolução futura, levaram a que
numerosos investigadores, de todas as áreas científicas, começassem a interessar-se
pela problemática do envelhecimento.
Já em finais dos anos 70 analisámos a problemática do envelhecimento em
Portugal e explicámos tecnicamente a sua origem e diversidade regional. Retome-
mos de novo esta questão no contexto do presente trabalho.
118
4
Em primeiro lugar, em termos demográficos, existem dois tipos de envelheei
mento — o envelhecimento na. base e o envelhecimento no-tapo. O primeiro tipo. de.
envelhecimento ocorre quando a percentagem de jovens começa a diminuir de tal
forma que a base da pirâmide de idades fica bastante reduzida. O segundo tipo de
“envelhecimento ocorre quando a percentagem de idosos aumenta, fazendo assim com
“que a parte superior da pirâmide de idades comece a alargar, em vez de se alongar,
como acontece nas sociedadestípicas
erre
dos países em vias
de desenvolvimento.
“Estes dois pos envelhecimento
de estão ligados entre. si: a diminuição percentual
do grupo dos jovens implica um aumento, proporcional dos. outros. dois. grupos. de.
idades, em particular no grupo de pessoas. com idades mais avançadas.
Em segundo lugar, a nível das causas, durante S
explosão demográfica da terceira idade era nsequ directa do aumentoo.
da| eesperança de vida. Por outras palavras, existiam mais pessoas idosas pela sim.
ples razão de se morrer cada vez mais tarde.
À investigação empírica não confirmou esta hipótese de trabalho. Na realidade,
a mortalidade, ao declinar, actua dominantemente nos primeiros grupos de idades.
Os jovens passam à sobreviver cada vez em maior número, em particular a partir do
primeiro ano de vida (devido ao declínio da. mortalidade infantil), fazendo assim
com que, mais tarde, os efectivos da. populaç em. idade. fértil aumentem. “Os
nascimentos tendem sempre a aumentar durante o processo de declínio.da mortali-
dade,a não ser que uma nova Ent
atitude. face 3à. vida comece. igualmente. a. surgir.
Não foi, pois, O declínio da mortalidade. o principal factor responsável pela
mer bservado nas socieda-
ES, 0084
des de. transição “acabada. O.
O “principal factor natural responsável pelo envelheci.
mento demográfico foi o declínio da natalidade. Uma redução no número de
“nascimentos produz na estrutura etária de.uma. população uma diMINUIÇÃO.PrOSTES-...
1960
H1970
[31980
1990
E 2000
119
= H siva dos efectivos mais jovens — o envelhecimento na base — e consequentemente.
N um aumento da importância relativa dos mais idosos — o envelhecimento-no-topo
O envelhecimento demográfico do continente europeu é assim uma consequência
vi directa do acentuado declínio da fecundidade nas últimas dezenas de anos.
É verdade que o fenómeno do envelhecimento demográfico não é um processo
exclusivamente explicado por factores naturais. Embora seja a dinâmica das rela-
ções entre a mortalidade é à natalidade que transmite uma certa unidade ao proces-
so, não é possível ignorarmos que a dinâmica das populações humanas é movida
| também por outros factores.
dd O homem é um s ado de uma grandemobilidade. As migrações, sendo
Ê selectivas, produzem necessariamente efeitos estruturais importantes.
"Se, um país, ou uma região, é recebedor de população, os potencialmente acti-
vos
sean st
aumentam. Este aumento implica à existência. de uma diminuição. nos, outros
|: : dois grupos de idades — os jovens diminuem proporcionalmente (logo temos um
= | envelhecimento na base) e os idosos também diminuem proporcionalmente (o que
| implica um rejuvenescimento no topo). Consequentemente, num país. recebedor de.
mão-de-obra, o aumento da importância dos idosos pode diminuir sensivelmente.
Inversamente, num país ou numa região exportadora de mão-de-obra, a tendên-
cia natural para o aumento da importância da população idosa é acentuada pelos
movimentos migratórios. Encontramo-nos, assim, “perante o paradoxo. de uma pos
idosos do sexo masculino. Esta situação pode, “conforme vimos anteriormente, ser
agravada ou atenuada com o efeito dos movimentos migratórios.
' , | Finalmente, o último aspecto do> envelhecime ento. demográfico.
diz. respeito ao
pot, progressivo aumento dos. efectivos nas, idades. mais. avançadas. Este fenómeno é
particularmente visível nos países onde a esperança de vidaé bastante elevada.
Parece uma contradição em relação ao que dissemos anteriormente mas, na
realidade, nos países em que a fecundidade atingiu valores muito baixos e ondeo
processo do seu declínio parece ter chegado ao seu termo, o. ef to € au-
sado por este declínio começa a atenuar-se., consideravelmente. A existência de
4 progressos na esperança de vida reforça necessariamente o processo do envelheci-
| RE mento e torna-o universal e irreversível para todos os países do mundo «os países
e que não crescem, envelhecem». (Sauvy, 1966).
| Em síntese, a causa fundamental do envelhecimento demográfico é o declínio
da
fecundidade. Quando
os países começam a chegar a níveis de não renovação das
| | gerações, o efeito da melhoria das condições serais. de saúde. reforça O. processo.
D “de envelhecimento. ÀAS migrações podem reforçar ou atenuar a tendência natural da
| evolução do processo de envelhecimento,
| À universalidade do processo de envelhecimento demográfico obriga-nos a
i repensar o conceito de velho na sociedade actual (uma coisa são os problemas
120
económicos que resultam de se parar a actividade aos 60 ou 65 anos, e outra os
problemas relacionados com a velhice e a dependência que ocorre muito mais
o
tarde) econcei políti
deto terceira. idade... não será antes uma política
global da idade que se torna urgente implementar em vez de políticas destinadas a
grupos específicos?
IN
, 121
c) Calcule os grupos funcionais e os índices — resumo para Portugal nos pe-
ríodos de 1970 e 1991. Interprete comparativamente os resultados.
I
a)eb)
Cálculos auxiliares .
Portugal 1990 Cabo Verde 1990
Grupos Homens Mulheres Homens Mulheres
de Idades (%) (%) RMx100 (%) (%) RMx100
122
- Grupos Funcionais e I. Resumo Portugal 1990 Cabo Verde 1990 -
I. Dependência Idosos 20,5 11,9
I. Dependência Total 50,6 - 103,2
I. Juventude População Activa 129 293
I Renovação População Activa 136 318
a)eb)
Cálculos auxiliares . V
Grupos mens
Home a er o mens
Homen: e o
uinheres | Í|
de Idades (%) (%) RMx100 (%) (%) RMx100
: 123
| PIRÂMIDES DE IDADES DE PORTUGAL
Í EM 1970 E 1991
0935-928 anos
0 90-94 anos
1 4991) 0 85-89 anos
E 80-84 anos
0 75-79 anos
ETOo-fd anos
EH 65-69 anos
4991(H)
a 60-64 anos
055-59 anos
0 50-54 anos
8 45-49 anos
15-19 anos
20-24 anos
25-29 anos
30-34 anos
35-39 anos
70-748nos ES
40-44 anos
45-49 anos
50-54 anos
60-64 anos
65-69 anos
EIRM 1970
124 ,
nd | 1
apresenta na resolução. Fica claramente evidenciado o processo do duplo envelhe-
cimento da população portuguesa no período 1970-1991.
Também os gráficos das relações de masculinidade mostram o efeito das mi-
grações no padrão natural de evolução.
| 125
| CAPÍTULO IV
OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DEMOGRÁFICA
E A ANÁLISE DA QUALIDADE DOS DADOS
|
À
| Introdução
re ERR
Il 126 .
« As Estatísticas da Saúde e os Anuários Estatísticos
e As Estatísticas das Nações Unidas
* As Estatísticas do Population Reference Bureau
« Às Estatísticas do Eurostat e do Conselho da Europa
* Os Inquéritos e os Ficheiros Permanentes
* Os principais sites de informação. demográfica
“ o Indice de irregularidade
* O Índice Combinado das Nações.Unidas. .
«e A Equação de Concordância |
Objectivos do capítulo IV
127
4.1. Os sistemas de informação demográfica
Os recenseamentos da população
oRecenseamento
Ot1.º Mecen Geral da-População, atendendo ao facto de terem sido se-
guidas as orientações das reuniões dos Congressos Internacionais de Estatística de
Bruxelas (1853) e Paris (1855). Apesar desta data marcar.o. início-dos.zecenseas
mentos modernos em Portugal, tal.não..quer. dizer que anteriormente não tenha
havido outros recenseamentos. Pelo contrário, houve inúmeras contagens da po-
pulação com as características dos actuais recenseamentos, de qualidade e ampli-
tude muito variáveis, de cuja análise não nos ocuparemos neste trabalho por
entendermos que pertence mais à Demografia Histórica do que à Análise Demo-
gráfica. No censo de 1864, os indivíduos foram recenseados através dos boletins
de família, cuja distribuição assentou na lista dos fogos, com recurso ao método
directo e nominal. Os dados publicados são apresentados por distritos, por conce-
128
iria
lhos e freguesias, sempre com o mesmo tipo de informação: idades, sexos, estado
civil, ausentes, população flutuante e fogos. No fim do volume, antes do censo
das Ilhas Adjacentes, a informação está agrupada por distritos. As principais difi-
culdades encontradas foram fundamentalmente de três tipos: identificação dos
fogos, devido a ser pouco frequente a existência de números de polícia; a impreci-
são nas respostas à profissão (o que impediu o seu apuramento), e a dificuldade
SE
um
que viviam nas capitais de distrito e em mais algumas cidades de interesse histó-
rico ou político).
O 2º Recenseamento da População ocorreu em 1 de Janeiro de 1878, Fol.
ao
ol.
publicado em 1881 e tem praticamenteas mesmas características do censo anterior,
ca- Além de pequenas alterações formais na disposição das colunas, as grandes altera-
ções dizem respeito ao grau de instrução (pela primeira vez aparece uma informa-
om ção sobre «os que sabem ler e escrever», «os que sabem ler» e «os que não sabem
)SI- ler nem escrever») e ao apuramento das idades (grupos quinquenais, com excepção
do grupo 21 aos 25 anos onde as idades aparecem ano a ano). Estas características,
Jer- bem como as apresentadas no censo de 1864, são publicadas a nível de distrito,
concelho e freguesia. As profissões voltaram a não ser apuradas e persistiram as
dificuldades na aplicação dos conceitos de população rural e população urbana (no
essencial, adoptaram-se as definições do recenseamento anterior). Saliente-se ainda
que, no fim do volume, foram introduzidos quatro mapas que facilitam a visualização
espacial dos resultados obtidos.
O 3.º Recenseamento da População teve lugar em 1 de Dezembro de 1890. Este
censo estava marcado para 1888 mas, para se ter em conta as directrizes do Con-
gresso Internacional de Estatística de 1872, o qual preconizou a realização dos
censos nos anos terminados em zero, houve um adiamento de dois anos. No que diz
respeito à forma-de. publicação. abandona-se o volume único de grandes dimensões
(como foi o caso dos dois censos anteriores) e passa-se para um formato idêntico
ao dos dias de hoje, em volumes
de. formato A.4.. O momento censitário
jsitário foi anteci-
pado para o 1.º de Dezembro, para evitar a data de 31 de Dezembro/1.º de Janeiro
cia onde ocorrem muitos movimentos migratórios. Quanto às novidades, temos funda-
1, mentalmente as seguintes: uma introdução bastante desenvolvida, procedendo-se a
comparações com os resultados obtidos anteriormente: a informação sobre. os.es-
trangeiros é mais detalhada; aparecem as profissões até ao nível de concelho: os
se- grupos etários voltam a ser modificados uer na fixação dos limites do apuramento,
de quer no nível de desagregação, as.€ SÓS são Publicadas até ao nível
eas de concelho.
0 4.º Recenseamento da População teve lugar em 1 de Dezembro de L200. No
20- que diz respeito à forma, trata-se de uma publicação muito semelhanteà do censo
ali- de 1890, tendo a particularidade de ter quatro volumes. A informação publicadaé
20r também muito semelhanteà do censo anterior, com excepção daprofissão (os
grandes grupos profissionais são desenvolvidos e cruzados com a variável idade) e.
ins da religião (aparece publicada pela primeira vez este tipo de informação agrupando
do os indivíduos em católicos, protestantes, ortodoxos, israelitas, maometanos, sem
ce- religião e de religião ignorada).
129
O 5.º Recenseamento da População ocorreu em 1 de Dezembro de9dd. Era
para ter sido realizado em 1910, mas a alteração do regime político fez adiar esta
operação para um ano mais tarde. Também foi publicado em 4 volumes e é muito
semelhante, no tratamento da informação, ao censo anterior. Na IV Parte, são apre-
sentados dados sobre a longevidade (pessoas com mais de 80 anos) até ao nível de
freguesia. Também na última parte, a população de facto de cada freguesia é distri-
buída pelos núcleos de população que a constituem.
O 6.º Recenseamento da População teve lugar em 1 de Dezembro de 1920. Os
resultados foram publicados em apenas dois volumes e apresentam as mesmas
características do censo anterior. Não se encontram mudanças relevantes a assina-
lar, a não ser a de uma melhor precisão do conceito de profissão, que é identificada
como ofício exercido.
“Em 1925 publicou-se um censo extraordinário das populações de Lisboa e do
Porto, com informações tão detalhadas como as do censo. de 1920, por vezes até ao
nível do bairro, com figuras ilustrativas muito pitorescas.
OQ 7.º Recenseamento da População teve lugar em 1 de Dezembro de 1930. Os
resultados foram publicados em três volumese dois folhetos. As profissões ocupam
por inteiro o terceiro volume, se bem que a confusão entre profissões e actividades
continue a ser grande. De resto, é em tudo igual aos censos anteriores mais próximos.
O 8.º Recenseamento da População ocorreu em 12 de Dezembro de 1940. Foi,
o primeiro censo realizado. pelo. Instituto. Nacional..de. Estatística. Os resultados
“foram publicados em 25 volumes e 2 folhetos (Memória Descritiva, Relatório, um
volume para cada distrito e um volume com a informação total do país). Surgem
novos conceitos e outros são clarificados: aparece, pela primeira vez, 9 conceito de
prédio (toda a construção permanente que possa ser destinada a habitação, aloja-
mento ou abrigo de pessoas); precisa-se o.conceito-de-família (grupo de pessoas.
unidas por parentesco. legítimo. ou ilegítimo..que. residiam. na. mesma habitação e.
cujas refeições eram normalmente tomadas em conjunto: a pessoa só em habitação
separada); foi criado o conceito de casal e de convivência. |
Ó 5º Recenseamento da População teve lugar em 15 de Dezembro de 1950.
Foi publicado em cinco volumes, e apresenta algumas inovações metodológicas.
Pela primeira vez os recenseados são questionados (com a técnica de pergunta com
resposta fechada) sobre as condições de habitação, .e.intraduzem-se novos concei-
tos relacionados com as características económicas. A população activa surge divi-
dida em activos com profissão e activos sem profissão e aparece pela primeira vez
a expressão «camponesas» para identificar as mulheres que se dedicavam aos tra-
balhos inerentes à casa ocupando-se simultaneamente da agricultura e da pecuária.
O 10.º Recenseamento da População.ocorren
em 1.5 de Dezembro de 1969. Foi
publicado em seis tomos, alguns deles com vários volumes. A população residente
passa a ser a base do apuramento das, diversas características. publicadas. A ingui-
rição sobre a residência anterior (em 15/12/1959) permite conhecer melhor os.
movimentos migratórios e, na instrução, a informação aparece bastante mais deta-
lhada (identificam-se os estudantes e a especialização dos cursos). No último vo-
lume, são apresentados dados retrospectivos até ao nível de freguesia que são
muito úteis.
130
OI? Recenseamento,
CER Rainer
A daa Poj pulação foi. realizado em. 15 de Dezembro de
estintona,
: 131
E * Família Institucional (identificação dos indivíduos que a compõem);
| po * Indivíduo (situação perante a residência, sexo, data de nascimento, estado
civil, naturalidade, nacionalidade, frequência de ensino e nível de instrução,
| E residência em 85/12/31 e 89/12/31, local de trabalho ou estudo, duração do
I trajecto e principal meio de transporte utilizado, principal meio de vida, situa-
] ção perante a actividade económica, situação na profissão, profissão princi-
pal, ramo de actividade económica, dimensão da empresa, religião; para as
mulheres, datas do primeiro e último casamentos e número de filhos nascidos
vivos).
* Dimensão do lugar (com dez escalões, em que o escalão mais baixo corres-
Vo ponde a lugares com menos de 100 habitantes e o mais elevado a lugares com
| na 50 mil ou mais habitantes); |
a * Tipo de lugar (que corresponde à distinção dos lugares em urbanos e rurais;
E em 1991, de acordo com as recomendações internacionais, consideraram-se
| urbanos todos os lugares com 2 mil ou mais habitantes);
| * Isolado (edifício ou alojamento situado fora dos limites de um lugar — o
E conceito de lugar mantém-se igual ao de 1981, ou seja, um aglomerado popu-
lacional com 10 ou mais alojamentos, com continuidade no terreno, designa-
ção própria e reconhecida como tal pela respectiva autarquia local);
2 | * Grupo socioeconómico (constituído por 15 grupos e cujo cálculo é feito atra-
= vês do cruzamento da profissão com a situação na profissão);
: * Família clássica (baseada em dois modelos: relação de parentesco entre os
seus elementos, desagregada segundo a existência de núcleos e respectiva
“caracterização; estrutura etária e dimensão, definida de acordo com o número
de pessoas que a compõem e idade respectiva, aliada à existência ou não de
crianças):
* Núcleo familiar (definido de acordo com a seguinte estrutura — casal sem
filhos, casal com filhos solteiros, pai com filhos solteiros, mãe com filhos sol-
teiros, avós com netos solteiros, avô com netos solteiros, avó com netos
| solteiros).
132 :
contendo a maioria dos quadros desagregados até NUTS II e município, conforme
nova nomenclatura territorial. A utilização de novas tecnologias, nomeadamente de
leitura óptica, reconhecimento inteligente de caracteres (ICR) e tratamento automá-
tico de erros e incoerências, permitiu ganhos temporais extremamente significativos
no processo de recolha e tratamento dos dados, traduzido na disponibilização dos
resultados definitivos cerca de dezanove meses depois do momento censitário.
Outro aspecto importante é a produção e a inserção na publicação de indicado-
res de qualidade no sentido de habilitar os seus utilizadores com dados que permi-
tam perceber melhor a consistência dos resultados obtidos, bem como comparar,
até a nível de NUTS HI, os dados respeitantes ao total da população corrigidos.
De resto, o tipo e a numeração dos quadros, a definição das unidades estatísti-
cas primárias, as variáveis primárias e derivadas é muito semelhante ao recensea- |
mento anterior, o que se revela de grande utilidade para as análises comparativas na |
última década do século XX.
Estado Civil, se bem que a sua finalidade científica nem sempre seja evidente.
tos. No entanto,
Antes do aparecimento
do registo
civil existiu uma forma de registo, a cargo da,
Jegistos paroquiais. É costume ir buscar ao
Concílio de Trento os começos deste tipo de registos por este Concílio alargar a
todo o mundo católico a obrigatoriedade do registo dos principais acontecimentos
naturais do ciclo de vida — nascimentos, casamentos e óbitos.
Q registo paroquial perdurou, em Portugal, quase sem alterações até 1859..
Nesse ano, por decreto de 19 de Agosto, o Govemno pretendeiw"tiniformiz 5
formulários dos diferentes bispados, de modo a tomar os registos mais eficazes. Em
1867, o Código Civil confirmou a instituição do registo civil e autorizou o casa-
mento civil para os não católicos. Esta clara interferência do Estado nos registos
paroquiais parecia indicar que se ia dar uma transferência rápida de poderes das
autoridades eclesiásticas para as autoridades administrativas. Tal não aconteceu.
-Apenas em Fevereiro de 1911 se determinou a obrigatoriedade do registo civil,
retirando-se aos assentos paroquiais lavrados, a partir daquela data, os efeitos civis
. 133
que até ali tinham tido e ordenou-se que os assentos paroquiais anteriores a 1911
fossem recolhidos nas Conservatórias do Registo Civil.
Assim, se excluirmos os registos paroquiais, os dados respeitantes ao movi-
mento da população publicados em Portugal são os seguintes:
No que diz respeito ao conteúdo destas fontes seria fastidioso estar a analisar o
conteúdo de cada uma. Limitamo-nos a salientar o facto de que, no início do
cespe
não tinha no início da publicação das estatísticas de estado civil.
No que diz respeito às grandes alterações ocorridas nos últimos anos salienta-
mos apenas o facto de, a
134 :
11 NUTS 1
* Continente
vi- * Região Autónoma dos Açores
* Região Autónoma da Madeira
no NUTS E.
* Norte
38, * Centro
* Lisboa e Vale do Tejo
10 « Alentejo
e Algarve
* Região Autónoma dos Açores
OS * Região Autónoma da Madeira
O NUTS
20 * Minho-Lima, Cávado, Ave, Grande Porto, Tâmega, Entre Douro e Vouga,
Douro, Alto Trás-os-Montes (no Norte);
13 * Baixo Vouga, Baixo Mondego, Pinhal Litoral, Pinhal Interior Norte, Pinhal
Interior Sul, Dão-Lafões, Serra da Estrela, Beira Interior Norte, Beira Interior
de Sul, Cova da Beira (no Centro);
* Oeste, Grande Lisboa, Península de Setúbal, Médio Tejo, Lezíria do Tejo (em
Lisboa e Vale do Tejo);
* Alentejo Litoral, Alto Alentejo, Alentejo Central e Baixo Alentejo (no Alentejo);
* Algarve;
* Região Autónoma dos Açores;
* Região Autónoma da Madeira.
* as NUTS 1 Oeste e Médio Tejo foram de Lisboa e Vale do Tejo para o Centro;
* a NUT IN Lezíria do Tejo passou para o Alentejo;
* a anterior NUT H Lisboa e Vale do Tejo deu origem à NUT II Lisboa;
* o município de Mafra foi transferido da NUT IM Oeste para a da Grande Lisboa.
, 135
pelo que a partir dessa data deixámos de dispor dos dados sobre a emigração. No
entanto, para ultrapassar esta lacuna, a partir de 1993, o Instituto Nacional de
Estatística passou a realizar inquéritos por amostragem aos alojamentos familiares
para detectar a emigração.
|
|
anos. Seria uma fonte preciosa para os anos intermédios dos recenseamentos da
população se não fosse o caso de existir um significativo «empolamento». dos. cfeC.
tivos estimados devido fundamentalmente a dois factores: o não abatimento ime;
diato
dos óbitos e as. saí
Na déc por estas. razões que se.teve..a.ilusão
foi fundamentalmente.
ue a população portuguesa. estava a aumentar..sign e. que. já.tinha
ificativamente .
“ultra assado abarreira dos..10. milhões. de habitantes...o.que na, realidade não.
aconteceu. Não houve assim uma avaliação incorrecta dos efectivos populacio-
nais em 1991, mas uma ilusão de crescimento motivada pelo Recenseamento
Eleitoral que obrigou a ter de se proceder a alguns ajustes nas estimativas ofi-
ciais da população entre 1991 e 2001. Foi preciso esperar pelos resultados de-
finitivos de 2001 para nos certificarmos daquilo que o movimento da população
já nos indicava — o Recenseamento de 1991 foi de muito boa qualidade, con-
forme podemos verificar quando comparámos a consistência dos dados entre
1991 e 2001.
Nestas circunstâncias, o
Finalmente, gostaríamos de s
mação internacionais que permitem, integra
no contexto europeu e mundial:
vê
* O Anuário Demográfico das Nações Unidas, que contém com grande detalhe
só
mação mais rápida que se conhece, quer em suporte papel quer em suporte
informático; .
* os relatórios anuais do United Nations Development. Programme, também
publicado anualmente, mais moroso na publicação do que a fonte anterior
mas com a vantagem de, para todos os países do mundo, apresentar além dos
indicadores demográficos.mais.conhecidos,
dezenas. de indicadores de natu-,
reza económicae social:
* as conjunturas demográficas publicadas anualmente pelo Conselho da Euro-
pa para todos os países que integram este importante organismo internacio-
nal; tem uma informação demográfica detalhada para cada país, é publicado
com relativa rapidez e possui no início soda
uma análise comparativa.dos. país
ses com apoio de quadros. e mapas de. grande, qualidade;
“as Estatísticas Demográficas do Eurostat, que publicam a informação,
com
parada para todos os, países. que intesram a União Europeia; embora limitada
aos países da UE, possibilita todo o tipo de análises e comparações ao publi-
car, não só os indicadores mais utilizados em qualquer estudo de dinâmica
populacional, como os dados brutos que serviram de suporte aos cálculos; em
137
alguns indicadores a informação é apresentada a nível de NUTS II; nos últimos
volumes publicados também se passou a incluir mapas e gráficos de grande
qualidade;
* em alguns países existe, com uma forma mais ou menos completa, uma
espécie de Ficheiro Permanente que procurater uma informação sempre
actualizada “do movime, “demográfico, registando-se, para cada pessoa,
todos. os aspectos considerados relevantes para o conhecimento da popu.
lação
omni:
« finalmente temos os modernos meios de informação possibilitados pela
internet:
http://popindex.princeton.edu/
http://www.prb.org/prb/
http://www.undp.org/popin/wtrends/wtrends.htm
http://www.europa.eu.int/
http://www.popnet.org/
À preocupação com o rigor que caracteriza a Demografia faz com que seja
usual, antes de procedermos a qualquer análise mais sofisticada, testar o mérito dos
dados disponíveis. De tal forma se desenvolveu esta área da Demografia, que existe
uma especialização com o nome de «Análise Demográfica com Dados Incompletos
e Incorrectos», assim como em algumas universidades estrangeiras se leccionam
cursos anuais sobre as fontes e a qualidade dos dados. Daí a necessidade da apren-
dizagem de algumas técnicas elementares de simples execução.
nas
Não nos permite apreciar a qualidade
geral das estatísticas dos nascimentos, uma vez que podemos estar em presença de
um equilíbrio entre os sexos e de uma acentuada omissão de acontecimentos. Em
todo o caso, t
138
w»
faz com que um teste, que em princípio foi concebido para a análise da qualidade
dos nascimentos, se transforme num teste indicativo da qualidade dos dados do
estado civil em geral.
Como funciona este teste?
Sabemos que nos países com boa qualidade de dados, a relaçãodemasculinir
dade dos CT
nascimentos “anda àvolta.de. 05 (ou seja, por cada 100 raparigas nascem
105 rapazes), desde que se excluam as variações ale;
aos pequenos números. A existência de desvios acentuados, em relação. a este valor
médio, não pode ser senão, a consequência de erros observados, nomeadamente |
omissões. mais àacentuadas 1 num sexo
tar caardo que Es
noutro.
Tr Olê
Porém, : se O número de nasccimentos.ob
alguns desvios observados podem ser a conse (
Ilas, mesmo no. caso de estarmos, em presen: ça é je uma “observação. perfeita. “Assim,
em função. do.número.de.nascimentos.obserya
intervalo de variação deste-erro, que
é devi
numerosas.
* para um total de 1000 nascimentos temos, em teoria, 512 nascimentos mas-
culinos e 488 nascimentos femininos, ou seja, uma proporção de rapazes de
0,512;
* os limites do intervalo de confiança a 95% são determinados por
onde
e para se passar dos limites estatísticos aos limites de confiança das relações de
masculmidade, dividem-se os limites estatísticos,caleulados.
pela fórmula pela
diferença à unidade desses mesmos Jimites.e multiplicara-se. os resultados por
100.
Se a relação de masculinidade observada se si lo. in
confiança
podemos,
em princípio, afirmar. que, aqualidade de;
de re
Iecgi isto dos nascimen-
tos é boa (mesmo que essa relação seja diferente de 105). Em função do que
dissemos anteriormente, podemos até admitir, embora com reservas, que aà genera-
lidade das estatísticas de estado civil respeitantes aos acontecimentos naturais é de
qualidade
sasatisfatória. Se a relação de masculinidade observada se situa fora do
intervalo de.
de confiançaa, podemos admutir que existe uma declaração
qu 1 um registo.
com deficiências, mais acentuado num sexo do que no outro. A qualidade dos
dados é assim bastante duvidosa.
139
Seja qual for a conclusão a que cheguemos, sobretudo no caso em que as
relações de masculinidade se situam no interior do intervalo de confiança, devemos
sempre evitar afirmações peremptórias. O recurso a expressões do tipo «em princí-
pio» ou «provavelmente» é aconselhável, dado que se trata de um índice único que
estamos a empregar. Convém não esquecer que se pode estar perante omissões de
igual importância nos dois sexos, se bem que tais casos raramente tenham sido
observados.
Vejamos um exemplo:
Numa determinada região houve 80 907 nascimentos masculinos e 74 908 nas-
cimentos femininos. Qual será a qualidade dos dados?
ai
El
de estado civil, este método em como objectivo alisar a qualidade dos secensea|
Se o método anterior se destina a analisar a qualidade dos dados das estatísticas
Não se trata de um teste que tenha como finalidade a análise global da quali-
dade de um Recenseamento. Apenas
140
18 É um fenómeno bem conhecido emDemografia, o facto de muitas vezes as
Rs pç
E) pessoas terem dificuldade em “declararem com exactidão a sua idade. Por exemplo,
as pessoas com 49 ou 51 anos têm tendência a dizer que têm «cerca de 50 anos», o
|
1-
1e | que faz com que nesta idade os efectivos apareçam empolados. Consequentemente,
le
I
existe um esvaziamento das idades limites.
Têm, sido identificados. diversos. tipos..de. atracções (pelos números O e 5 em
nto dos Stros mmeros ou,» pelos m números. pares, em detrimento dos fímpa-
Q
as atracções por .€.J.
OQ cálculo do Índice de Whipple piprocessa-se da Seguinte forma.
PR
Neem
Este índice pode variar entre 100 (ausência total de concentração) e 500 (caso
limite em que todas as pessoas se declaram em idades terminadas em 0 e 5).
Para facilitar a análise, as Nações Unidas, com base nos sistemas de informa-
ção de que dispõe a nível mundial, elaborou uma tabela de base empírica que nos
permite interpretar a validade dos resultados obtidos:
141
SE SEER
SP
“Na realidade, a investigação empírica tem demonstrado que não existe apenas a
atracção conjunta por O e 5. É mais vulgar haver uma atracção pelo O do que pelo
5 e, noutros casos, são os números pares que têm maior poder de atracção. A sua
H elaboração é bastante simples:
polo
Na 142
preparam-se os dados para dispormos de uma distribuição da população.por.
sexos e grupos, de idades. quingquenais; as Nações Unidas recomendam ão
ultrapassar.os.
80. anos. deidades:
« calculam-se as relações de masculinidade, em. cada, grupo de idades dividin-
do os efectivos masculinos pelos efectivos femininos, .e multiplicando u|-
tad 100; fazem-se as diferenças sucessivas entre. as. diversas relações
de
EE masculinidade
DAS obtidas, somamose.em. módulo e calcula-se. a diferença mé-
diaa para se obter o ludicede. regularidade doSSExOS;
« para cada sexo calcula-se um índice de regularidade. das.idades; este indice
obtém-se calculando, em primeiro lugar, as relações de regularidade dividin-
do cada grupo de idades pela média aritmética dos dois grupos que 9 enqua-
“difsrenças aabsolutas;
* o ICNU obtém-se dando um coeficiente 3.90. índice de regularidade..das
sexos e um coeficiente 1 aos dois indices de regu ularidade das à idades.
<20 — Bom
20-40 —- Mau
> 40 — Muito Mau
A Equação de Concordância
Pn=P+N-O+I-E
ou,
Pan = P, + Crescimento Natural + Crescimento Migratório
143
ou ainda:
SEE Da a Ac
Crescimento ent
entre Recenscamentos ==C. Natural + C. Misratório )
60 650 599 = 56 180 000 + 8 936 332 — 6 226 565+ 2 043 882 — 316 950
60 650 599 = 60 616 699 + (diferença não expirada = 33 900)
* face às diferenças que não conseguimos explicar devem sempre ser formula-
das todas as hipóteses possíveis em função do sinal obtido;
144
| * em seguida, em função dos outros tipos de informação sobre a qualidade dos
dados, excluímos as hipóteses pouco plausíveis; assim, se os recenseamentos
forem de qualidade aceitável afasta-se a hipótese de recenseamentos de má
qualidade; se a qualidade do estado civil for boa também se afasta essa hipó-
: ! tese; fica, então, residualmente a hipótese dos movimentos migratórios, que
À são enquadrados no tipo de movimentos dominantes (emigração, imigração
ou migrações internas);
À « finalmente, como princípio geral, deve admitir-se que é mais frequente uma
ausência no registo da informação do que o fenómeno contrário, ou seja,
existiram registos a mais no sistema em análise.
mer pod
Exemplo:
145
O método das Nações Unidas para ajuste de grupos quinquenais...
Este método é também muito útil quando trabalhamos com informação com
grupos. een
etários quinquenais com bastantes flutuações:
Exemplo:
Método muito útil não apenas para os. balhos em Demografia Histórica ou
para países com dados incompletos
"A
im
Eai mimo mas Sp
1 ara s a uma
an Ari escala muito.
reduzida, onde por vezes é necessário agrupar a informação, ou por não existirem
dados ou por existirem dados a um dígito com grandes flutuações.
Os factores de correcção são os seguintes:
Exemplo:
10-19 80390
20-29 51250
30-39 39 200 (N) => 30 — 34 (Nº) /35 — 39 (N”)
40-49 28400
50-59 17160
146
Nao-34= Va [N3039 + 1/8 (No0.00 — N40-49)] = 21 028
Nss-39 = Ya [N30-39— 1/8 (No0-29— N4o-49)] = 18 172
ise Demográfica.somos.confrontados
Frequentemente em trabalhos de Análni com
o problema de não ser possível trabalhar com as informações por idade por terem.
muitas flutuações e tornarem os dados pouco fiáveis. Por exemplo, como executar
um exercício prospectivo num concelho do Alentejo com poucos milhares de habi-
tantes, quando tal exercício implica uma divisão por sexos e idades?
A melhor forma de resolver este problema é agrupar
STD
a informação
me
disponível NOS ET ATE
nc
147
* Caso do último grupo quinquenal (exemplo: 65-69 anos)
0,0176 -—0,0848 0,1968 0,0704 sNas D6s
0,0160 -0,0720 0,1360 0,1200 sNso 66
0,0080 —0,0320 0,0400 0,1840 sNss |=| ng
—0,0080 0,0400 —0,0960 0,2640 sNéo Deg
—0,0336 0,1488 —0,2768 0,3616 Nós D6g
np = 66 369
n5 = 67 936
n4 = 69 730
148
3.º TRABALHO PRÁTICO RESOLVIDO:
ANÁLISE DA QUALIDADE DOS DADOS DOS SISTEMAS
DE INFORMAÇÃO DEMOGRÁFICA
: 149
l
NI
150
Estrutura da População Portuguesa por Grupos Etários e Sexo. 1930
Grupo de Idades Homens Mulheres
0-4 anos 388 898 380 729
5-9 anos 387 764 374 444
10-14 anos 329 901 316 366
15-19 anos 338 290 344 489
20-24 anos 303 461 322 174
25-29 anos 247252, 287 879
30-34 anos 202 688 239 092:
35-39 anos 189 979 220 078
40-44 anos 172 401 204 964
45-49 anos 150 846 181 026
50-54 anos 143 997 173 833
55-59 anos 117213 141 652
60-64 anos 101 940 - 128179
65-69 anos Ê 71 878 94 306
70 e + anos 109 368 160796
Total 3255 876 3570 007
151
1990 | RMN =172/167 x 100 = 103,0
400
300
200
100
152
e Atracção pelo 1 (Homens) |
ID) =9/(15+34+9+48+16)/5x100=37
IQ1)=5/(13+64+5+15+3)/5x100=25
IGD)=4/(8+79+4+16+10)/5x 100=17
I(4)=2/(5+9+2+19+8)/5x100=8
1(5)=3/(7+75+3+6+2)/5x 100=16 |
I(6D)=1/(4+41+1+6+3)/5x100=10 '
200
150
100
50
: 153
| * Atracção pelo 3 (Homens)
[| 1(03)=40/(39+32+40+35+28)/5x 100=115
" 1(13)=16/(0+48+16+21+19/5x 100=71
| 123)=3/(5+15+3+13+30)/5x 100=23
1IG3)=10/(4+16+10+16+20)/5x 100=76
1(43)=8/(2+19+8+10+23)/5x 100=65
| 163)=2/(3+6+2+5+13)/5x100=34
1(63)=3/(1+6+3+4+1)/5x 100=100
|
Vo 120
| 100
80
60
Proc 40
; I 20
E E
| | 0
E (08) I (13) 1 (23) I (83) 1(43) o 1(53) 1 (63)
|
;
| 154 | |
|
|
* Atracção pelo 5 (Homens)
1(05)=28/(40+35+28+23+27)/5x 100=92
1(15)=19/(16+21+194+31+11)/5x 100=97
1(25)=30/(3+13+30+23+13)/5x 100= 183
1(35)=20/(10+ 16+20+35+11)/5x 100 = 109
1(45)=23/(8+10+23+15+9/5x100=177
16)=13/0+5+13+11+4)/5x 100= 186
I(65)=1/(3+4+1+1+0)/5x100=56
200
150
100
50
200
150
100
50
. 155
! * Atracção pelo 7 (Homens)
| 1(07)=27/(08+23+27+24+15)/5x 100=115
| 1ION=11/(19+31+11+30+13)/5x 100=53
! IQN)=13/(000+23+13+184+8)/5x100=71
E IG)=11/(00+35+11+18+5)/5x 100 =62
to 1(4)=9/03+15+9+21+7)/5x 100=60
1(5)=4/(13+11+4+5+4)/5x 100=54
| | 120
| 100
80 |
| 60
bj 20
É | 1201
| 100 |
|| 156 .
* Atracção pelo 9 (Homens)
1(09)=15/(27+24+15+34+9/5x100=69
1(19)=13/(11+30+13+69+5)/5x100=53
109)=8/(13+18+8+79+4)/5x100=33
1(39)=5/(35+11+18+5+91)/5x 100=20
1(4)=7/(9+21+74+75+3)/5x 100=30
1(59)=4/(4+5+4+41+1)/5x 100=36
. 157
H
a) Equação de Concordância. Região do Interior de Portugal
| P. real = 120 960 ... P. estimada = (121 730 — 120 960) = — 770
|
260 820 + 25 300 — 22 850 + 1200 — 1430 = 263 040 (P. estimada)
P. real = 296 700 ... P. estimada = (296 700 — 263 040) = + 33 660
l 1,30% (tcam) = 0,09% (tenam) + 1,21 (temam)
EN 158
O crescimento total positivo (1,3%) é explicado pelo crescimento natural posi-
tivo (0,09%) e pelo crescimento migratório positivo (1,21%).
HW
a)
o 1930 1949 1960
Distritos
RM IC RM IC RM IC
Porto 105 102/ 108 108 103 / 107 106 103/107
Lisboa 105 102/ 108 113 102/ 108 107 102/ 108
Beja 102 100/ 110 109 100/ 110 108 100/111
Vila Real 105 101/109 109 101/109 106 101 / 109
Horta 106 93/118 106 94/117 110 92/ 120
b)
Idades RM DS IRI (H) Dif a 100 IRI (M) Dif. a 100
0-4 anos 102,1 — — — — —
5-9 anos 103,6 1,5 107,9 7,9 107,4 7,4
10-14 anos 104,3 0,7 90,9 9,1 88,0 12,0
15-19 anos 98,2 6,1 106,8 6,8 107,9 7,9
- 20-24 anos 94,2 4,0 103,7 37 101,9 1,9
o 25-29 anos 85,9 8,3 97,7 2,3 102,6 2,6
30-34 anos 84,8 1,1 92,7 7,3 94,1 5,9
35-39 anos 86,3 1,5 101,3 1,3 99,1 0,9
40-44 anos 84,1 22 . 1012 12 102,2 2,2
45-49 anos 83,3 0,8 95,4 4,6 95,6 4,4
50-54 anos 82,8 0,5 107,4 74 107,7 73
55-59 anos 82,7 0,1 95,3 47 93,8 6,2
60-64 anos 795 32 107,8 7,8 108,6 8,6
65-69 anos 76,2 — = — — —
Somatório 30,0 64,1 611
/12 2,5 5,3 5,6
ICNU =(3x2,5)+5,3+5,6
ICNU = 18,4
. 159
CAPÍTULO V
Introdução
Objectivos do capítulo V
160
« Identificar os Princípios Gerais da Análise Demográfica:
coortes, gerações e promoções;
o estado puro e o estado perturbado;
os acontecimentos renováveis e não renováveis;
intensidade e calendário;
acontecimentos reduzidos, taxas e quocientes.
* Aplicar os Princípios Fundamentais de Análise Longitudinal
* Aplicar os Princípios Fundamentais de Análise Transversal
* uma pessoa nascida em 1 de Janeiro de 1940 (A) terá o seu primeiro aniver-
sário (um ano exacto) em 1 de Janeiro de 1941 (B), o seu segundo aniversário
(dois anos exactos) em 1 de Janeiro.de 1942 (E) e assim sucessivamente;
* uma pessoa nascida em 31 de Dezembro de 1940 (C) terá o seu primeiro ani-
versário (um ano exacto) em 31 de Dezembro de 1941 (D), o seu segundo
aniversário (dois anos exactos) em 31 de Dezembro de 1942 (F) e assim
sucessivamente;
* uma vez que a Demografia não se ocupa de pessoas isoladas mas, pelo con-
trário, estuda conjuntos de pessoas, as linhas de vida de todas as pessoas
nascidas em AC (100 000) vão passando sucessivamente por BD (97 087),
EF (96 807), GH (96 682) até ao seu total desaparecimento;
* o Diagrama de Lexis permite-nos assim ler os acontecimentos através de dois
tipos de duração — em idades exactas, ou seja, a duração expressa em unida-
des de tempo e em fracções deste (segmentos de recta AC, BD, EF, GH, DJ,
LM) e em anos completos, ou seja, as idades no último aniversário (segmen-
tos de recta CB, DE, FG, HI, JL);
* quando estamos a observar. os acontecimentos. numa. geração, durante um ano,
civil, temos sempre dois anos completos — por exemplo, se observarmos a
. 161
96 520 M
39
40:35
96 599:J
41
a
165:S
97 087,D
Sl 93
0005
100 000/€ 0 X
1939 1940 1941 1942 1943 1944 1945
162
| * também é possível determinar o número de gerações observadas durante. 7
anos civis, entre as Idades.exacias. x Cx + qsen=Jea=a] temos duas
gerações, ou seja, o total
de coortes (neste caso gerações) é igual a n + a (por
exemplo, se o grupo 0-4 anos completos, for observado nos anos 1944 e
1945 temos a=5en=2 logon + a=7 coortes, ou seja, as gerações de
1939, 1940, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945 as quais podemos confirmar na
figura 13).
Demografia.
Nem todos os autores explicitam estes princípios atendendo ao carác-
ter abstracto de que se revestem. Nas diversas edições dos Princípios e Métodos de
Análise da Demografia Portuguesa optámos por dar um grande desenvolvimento
ao tema. A experiência, no entanto, ensinou-nos que tal desenvolvimento não se
justifica a não ser já numa fase muito avançada de investigação em Demografia.
Como com este trabalho pretendemos atingir um público predominantemente uni-
versitário, de formação muito diversificada, optámos por, sem quebra de rigor cien-
tífico, simplificar a apresentação nomeadamente na sua componente demonstrativa.
— Veremos, em primeiro lugar, os princípios gerais da
patio erotica
e eu
. O «estado puro» e o «estado perturbado»)
>, Um dos princípios gerais da análise demográfica-é-a-possibilidade. de analisar
4 os fenómenos demográficos tendo em conta dois tipos de efeitos ou interferências.
Podemos ter em conta cada um dos fenómenos isoladamente, ou seja, analisar |
a :
o
(por exemplo, podemos estudar a mortalidade sem a interferência da imigração).
; Chama-se a este princípio, que consiste em analisar 9s fenómenos demográficas
Acontece, porém, que no mundo real raramente os fenómenos se encontram.
a nessa situação. Porexemplo,o estudo E
da
mente perturbado pela inte: erência da mortali ações. Em termos de
: 163
Ao princípio que consiste em analisar os fenómenos demográficos com intexferên-
cias chama-se uma análise demográfica em «estado perturbado».
164
natalidade, temos de o fazer numa geração cujo início é marcado pelo nascimento.
F
Mas, como raramente as mães têm filhos antes dos 15 anos, o limite inferior do
período de observação (acontecimento de origem) são as mulheres que sobrevive-
ram até aquela idade.
Calendário C=(Cxa)/Da
“a 165
IN
240
405
780
20) 1000
105
100
166 ,
acontecimentos reduzidos por reduzirem o número de acontecimentos. com. a duras,
ção x à população inicial.
A intensidade passará a ser igual a:
[=D (ac/N)
E o calendário igual a:
C=[x(a/N/1
5 0
1
1
as 12
1
2
ao 15
2
2
as 19
d- 6
10
8 30) 35
'd-
36
aa 100
25 171
218
200
” seo
2
200
98. 15 1000
Em
e-
'
1959 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966
t 167
Tal como fizemos para o caso dos acontecimentos renováveis, vamos servir-
-nos de um exemplo de forma a facilitar o nosso raciocínio. Assim, representámos
uma coorte de 1000 mulheres, e os primeiros casamentos ocorridos entre as ida-
des de 15 e 50 anos. A única diferença em relação ao exemplo anterior reside no
facto de os efectivos irem diminuindo à medida que nos deslocamos dos 15 para os
50 anos, visto as mulheres celibatárias «irem desaparecendo» à medida que se
casam. Assim, por exemplo, tendo havido 411 primeiros casamentos entre 15 e 20
anos exactos, não resta na última idade senão 1000 — 411 = 589 mulheres celibatá-
rias. Por outro lado, como é muito provável que as 10 «celibatárias sobreviventes»
aos 50 anos não se casem, o celibato definitivo é igual a 10 / 1000 = 0,01 (ou 1%).
Assim temos:
E I=1/NLaoul=E (a,/N)oul=0,99
Vo C=(Lxa)/LaouC=[5x(a/N)]/IouC=21,44
168 +
No caso dos acontecimentos não renováveis, é possível ainda encontrar outras
características
ESPE distribuição.
da sua ton so A probabilidade de ocorrência de um aconteci-
CNÍVE AS. idadesexaciasAL. XHEM, tem. o nome de auociente ce ioual A.
MENÃO.
x = ax / Nx
dy = Nx Gx Ne = Nx — dx
nãx = Nk nx Nem = Nx - nãx
ax Ny € nx
por,
| | so = 3/ 15= 0,20000
sds = 2/ 12= 0,16667
! E a seguinte tábua de nupcialidade:
|
Í Idade exacta x sd ss e Cx
| 15 411 0,41100 1000
: 20 418 0,70968 589
I 25 136 0,79532 171
30 16 0,45714 35
35 4 0,21053 19
o 40 3 0,20000 . 15
E 45 2 0,16667 12
| 50 ' — — 10
| ! ll
|
be = 4x/ [(NK + Nin) / 2]
|
ou,
170
sto=..3/(5/DC 15+ 12) = 0,04444
ds= 2/(5/D( 12+ 10)=0,03636
Estas taxas que apresentamos entre idades exactas. podem. igualmente. ser.cals
culadas entre anos,com] pletos. A adaptação das fórmulas não oferece nenhuma di-
“fcuidade, não) requerendo mais considerações.
Tambémé possível a partir das taxas, estimar os quocientesalatravés das sesuintes
fórmulas:
eIA A
qw =2t/(Q+t)
A =QCnt)/Q+nto)
“stys = 0,10346
sqis = 0,41100
sq1s* = (2.5. 0,10346) / (2 + 5 . 0,10346) = 0,41100
sto = 0,22000
são = 0,70968
sq2o* = (2. 5. 0,22000) / (2 + 5 . 0,22000) = 0,70968
Tal como acabámos de ver, a análise por coortes diz respeito a aconte,
gue se distribuem entre os limites dessas. coortes. Nenhuma atenção foi prestada à
ep
quais nascimento, morte, migração) para oss processos ocorridos : nas coortes
(fecundidade, mortalidade, migrações) que são ão normalmente-classil ificados, e-analiz
gados em função da duração ocorrida a partir do acontecimento. de origem. O resul-
tado da ocorrência destes processos pode ser visualizado num determinad O ANQMENÃO
do tempo quando observamos, em iLansuersal, O COMunto daS«CaOrieS,aOUsSEjAO-
“volume e a estrutura de uma população...
A análise em transversal preocupa-se pois, em princípio, com o volume e a
estrutura da população num determinado momento do 1 empo (bem como com as
não com as coortes. Mas,
e não
mudanças ocorridas ao longo do tempo) para se co,
é
preender a a « existência de uma determinada | estrutura populacional (ou de uma muta-
ção ocorrida no volume populacional), tem de se te nta que os acontecimentos,
gue integram a dinâmica DO pulacional. são. » tesultantes da interacção. entre.
turas e os fenómenos demográficos.
171
Considerando um determinado período de calendário A (normalmente umano),
em cada duração x podemos calcular uma das Axé. medidas básicas, (acontecimentos
anee rã
Á, a, ao número. de” ontecimentos observados no ano A entre os anos completos
x-l exe P,à «população média» da coorte durante o ano A.
O número total de acontecimentos durante o ano A é igual a:-
Da=P,t
duração. Ô conjunto . Pp; (Po. P,. Bb. e Po). é a estrutura “populacional. eo » conjunto t,te
são as frequências taxas ou acontecimentos “Teduzidos) a que também. costuma
é igual a:
o
Vs
TB.M. = 503 228 1 [(41 928 200 + 42 683 400) / 2] x 1000 = 11,9 por mil
sb de a a roms corar to de
pps
t
se
Na figura apresentamos os casamentos de celibatários e os efectivos submeti-
dos a um mesmo acontecimento de origem.
“wa
173
* Taxas por grupos de idades exactas (quinquenal):
25
422
o olo
SIE 2|5
24 11947
Tam
| la le |
rsrsrs
“Is Es
23 15111
14 724
Palo d -
Ed 22 18841
16947
| + | al
2 &|s 8|8
! Do = S e
: | 21 22001
“) 14982
/ di , o l— alo
li | m lo v|o
Ri S/a da | &
E 20 18994
na 1411
: ; : i “ N
| a 19
ERR 1964 1965 1966 1967
E | | Figura 16 — Casamentos de celibatários e efectivos,
po submetidos a um mesmo acontecimento de origem
o |
=Il 174
S.calculados
no. «estado,
puro» ou PESE de. segundaja «c; goriap.
Servindo-nosjsda mesma figura, podemos calcular as seguintes taxas para as
mesmas idades ou grupos de idades:
tos = (11 434 +11 947) / [(319 000 + 319 000) / 2 1] x 1000
ta = 73,29 por mil
DS as= 5 Prts
: 175
o
valor, servindo apenas para fins comparativos. Na medida em que se mantém cons-
tante o efeito das estruturas, os diferentes resultados reflectem apenas os efeitos
dos diferentes modelos. Por exemplo, se queremos comparar duas populações A e
B onde:
|
| | | | lado, quando procedemos a comparações no espaço, é usual escolher-se.a.estrutura
| Ri correspondente ao grupo que integra os subgruposei lise. Assim, se estamos a
PE comparar concelhos no interior de um distrito ou de uma NUT, escolhe-se a estru-
Pio tura desse distrito ou da NUT, se estamos a comparar países da União Europeia
ro escolhemos a estrutura da União Europeia.
Mil Quanto ao método da
| | NOR mente as médias das frequênciassem se recorrer a uma populaçãÃO-tipOs.à,a média
| o mais usualmente empregue é a média at tmética.
|
| ol frequências. |
E : | Finalmente, resta-nos o método da estandardização indirecta ou o método das.
Prior taxas-tipo, quando a natureza dos dados não nos permite calcular as frequências
nas diferentes.idades. Ao invés da estandardização directa. o método consiste em
|| escolher uma série de taxas como modelo ou como tipo e aplicar-lhe as diversas
estruturas das populações que se querem comparar. Neste método associa-se às
i duas taxas uma série de taxas-tipo (por exemplo da população A) e obtemos as se-
| guintes novas taxas:
|
| NE
o
TB.(A)=D P(A)
TB.(B) = > P,(B)
ti(A)
t, (B)
ah TB.(A) =D P(A) tr (A)
TB.(B)=DP,(B) t;(A)
io Tal como no caso da população-tipo, estes índices não têm em si nenhum valor.
ad apenas valendo.como.comparação.
176
Alguns autores defendem que os métodos da estandardização têm, interesse na
“análise dos fenômenos. não, demográficos. Pensamos que semelhante tomada de
posição só é admissível no caso dos países que, tendo dados muito completos,
podem aplicar outros métodos, nomeadamente os inerentes à análise longitudinal.
Na realidade, estes métodos revelam-se bastante úteis quando existe carência de
dados ou quando estes não são.de confiança. Mais ainda, quando se trata de proce-
der a comparações entre populações de reduzida dimensão, mesmo que os dados
“estejam disponíveis, a existência de pequenos números pode produzir flutuações
erráticas. Neste caso, as medidas obtidas através da estandardização devem até ser
“preferidas aos outros índices passíveis de serem calculadi
Quanto ao segundo princípio susceptível de ser aplicado numa análise em trans-
versal —
Procura responder a duas importantes questões:
da coorte.
A resposta a estas duas importantes questões. é afizmativa. Q método
fictícia consiste justamente em transpor os fenómenos que se observam em trans-
versal. para uma coorte imaginária. NO o
a
Semelhante artifício permite-nos calcular, tal como na análise longitudinal,
i intensidade, o calendário, os acontecimentos reduzidos, as taxas e os quocientes.
Se estivermos a trabalhar com intervalos anuais e se ascoortes não. diferirem
umas das outras, podemos admitir que as frequências calculadas em transversal,
entre idades exactas, são idênticas às frequências que se calculam nas coortes entre
idades exactas.
Como normalmente o que calculamos em transversal são taxas (sobretudo nos
países onde não existe a dupla classificação) a adopção deste artifício, implica que
177
se admite serem estas iguais às taxas ou acontecimentos. reduzidos. passíveis..de
serem calculados em longitudinal. Quando se trabalha com grupos de idades é
necessário proceder a algumas adaptações, que veremos à medida que analisarmos
as diferentes variáveis microdemográficas.
A utilização do método da coorte fictícia é passível de alsumas. críticas. Em
: primeiro lugar, período
o de tempo que serve de construção. à. coorte pode.ser-mal
escolhido (por exemplo, um período de guerra)e tomar-se como comportamento
“de uma geração o que na realidade é uma perturbação. momentânea-e-que-afecta
todas : as gerações. Em segundo lugar, mesmo que tal não aconteça, existem sem-
õ uramos, Jesumir. desta. forma. Des comportamento-das
5.5. Conclusão
dl 178
4.º TRABALHO PRÁTICO RESOLVIDO:
“OS PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DEMOGRÁFICA
179
IN
180
Resolução do 4.º Trabalho Prático
5 |
20
|
4
a |
1
40 s8
50 30 m
3
0 40
7 50
2
so 0
90 7
1 |
1
| 150 140 :
840 720
0 10000
1980 1981 1982 1983 1984 1985
Figura 18
d)
4 n (anos) = 1; a (idades) = 1
n+a=1+1=2 gerações. Quais? |
1984 — 4 = 1980 |
1984
— 3 = 1981 º
3 1984
181
a e)
| n n (anos) = 1; a (idades) = 1
n+a=1+1=2 gerações. Quais?
1984 — 71 = 1913
1984 — 70 = 1914
70 1984
5 n (anos) = 1; a (idades) = 5
na n+a=1+5=6 gerações. Quais?
od)
1! 1985 — 5 = 1980
| 1985 — O = 1985
| | O 1985
| foi R: Nasceram nos anos de 1980, 1981, 1982, 1983, 1984 e 1985.
E | -
| 8)
55 n (anos) = 1; a (idades) = 5
| n+a=1+5=ó6 gerações Quais?
| 1985 — 55 = 1930
1985 — 50 = 1935
50 1985
|
| b)
| 45 n (anos) = 3; a (idades) = 5
| n+a=3+5=8 gerações. Quais?
182
Í)
1 = 640 + 150 + 90 + 80 + 70 + 60 / 10 000 = 1090 / 10 000 = 0,109 =
=0,11=11%
5
to = 640 + 150 / 10 000 = 790 / 10 000 = 0,079
r, = 90 + 80/10 000 = 170/ 10 000 = 0,017
12 = 70 + 60/10 000 = 130 / 10 000 = 0,013
k)
1 = 0,079 + 0,017 + 0,0013 = 0,109 = 0,11 = 11%
Este resultado confirma os valores da alínea 1.
1)
to = 640 + 150 / (10 000 — 640) = 790 / 9360 = 0,0844017 = 0,084
ty = 90 + 80 / (9360.— 150) = 170 / 9210 = 0,0184582 = 0,019
m)
ati = 90 + 80 + 70 + 60 + 50 + 40 / 9210 + (9210 — 90 — 80 — 70 — 60 — 50 —
— 40) x (3/2) = 390 / 9210 + 8820 x (3/2) = 390/ 18 030 x 1,5 =
= 390/27 045 = 0,01442041 = 0,014
183
n)
0)
ao! srt = (2 x 3) x 0,014 / 2 + (3 x 0,014) = 0,084
/ 2 + 0,042 = 0,084 12,042 =
= 0,0411361 = 0,041
: 2q2* = (2 x 2) x 0,012/2 + (2x 0,012) = 0,048 / 2 + 0,024 = 0,048 / 2,024 =
| | : = 0,023715415 = 0,024
7 Estes valores confirmam os resultados das alíneas anteriores.
| | Di
| a) 4000 — 200 = 3800
d)
2 n (anos) = 1; a (idades) = 1
n+a=1l+1=2 gerações. Quais?
1961 —- 2 = 1959
1961 — 1 = 1960
1 1961
184 :
16
17
25
28
30 25
40 20
1
100 105
200 210
0 4000 4200
1959 1960 1961 1962 1963 1964
Figura 19
e)
46 -n (anos) = 1; a (idades) = 1
n+a=1+1=2 gerações. Quais?
1962 — 46 = 1916
1962 — 45 = 1917
45 1962
f)
5 n (anos) = 1;a (idades) =5
n+a=1+5=ó6 gerações. Quais?
1965 — 5 = 1960
1965 — O = 1965
0 1965
185
g)
REEF 10 n (anos) = 1 ; a (idades) = 5
| n+a=1+5=ó6 gerações. Quais?
h)
| : 2 . n (anos) = 4; a (idades) =
od n+a=4+2=6 gerações. Quais?
Ho | |
ali 55 n(anos)=3; a (idades) = 5
od n+a=3+5=8 gerações. Quais?
|
SE 1962 — 55 = 1907 1964-55 = 1909
1962 - 50= 1912 1964 -50= 1914
|
| 50 TH DO 1568
| | R: Pertencem às gerações de 1907, 1908, 1909, 1910, 1911, 1912, 1913 e
i
Ni! 1914.
| I
| j)
1 RE 186
R: A intensidade é o número médio de acontecimentos por pessoas. No caso da
mortalidade (acontecimentos não renováveis que excluem as pessoas do campo de
observação), no fim da geração a intensidade seria igual à unidade. Como neste
exemplo didáctico estamos apenas a fazer uma observação até aos 4 anos exactos
(= 4), então podemos dizer que até essa idade já morreram 11% de pessoas e que
esses óbitos ocorreram em média aos 1,1 anos.
k)
to = 200 + 100 / 4000 = 300 / 4000 = 0,0750
ty = 40 + 25 / 4000 = 65 / 4000 = 0,0163
to = 28 + 25 / 4000 = 53 / 4000 = 0,0133
t3 = 17 + 16/4000 = 33 / 4000 = 0,0083
I = 0,0750 + 0,0163 + 0,0133 + 0,0083 = 0,1129 = 11,29% |
Este resultado conficma o valor da alínea anterior.
C=(0,5 x 0,0750) + (1,5 x 0,0163) + (2,5 x 0,0133) + (3,5:x 0,0083) / 0,1129
C = 0,0375 + 0,02445 + 0,03325 + 0,02905 / 0,1129
C = 0,1243 / 0,1129 = 1,1005 anos
Este resultado também confirma o valor da alínea anterior.
1
to = 200 + 100 / (4000 + 3700) / 2 = 300 / 3850 = 0,07792
t; = 40 + 25 / (3700 + 3635) /2 = 65 / 3667,5 = 0,01772
tp =28+ 25/(3635 + 3582)/2 =53/3608,5 = 0,01469
ta =17+ 16/(3582 + 3549)/2 =33/3565,5 = 0,00926
m)
go = 200 + 100 / 4000 = 300 / 4000 = 0,07500
qr = 40 + 25 / 3700 = 65 / 3700 = 0,01757
qo =28+ 25/3635 =53/3635 = 0,01458
q = 17 + 16/3582 = 33/3582 = 0,00921
n)
ty = 100 + 40 / (3800 + 3660) / 2 = 140 / 3730 = 0,03753
0)
ty = 40 + 25 + 28 + 25 / (3700 + 3582) x (2/2) = 118/7282 = 0,01620
st4=40+25+28+25+17+ 16/(3700 + 3549) x (3/2) = 0,01389
Pp)
2qy = 40 + 25 + 28 + 25 / 3700 = 118 / 3700 = 0,03189
sq =40 +25 + 28+25+17+ 16/3700 = 151/3700 = 0,04081
ndx=2.0ntk/2 + DM kk
241) = 4 x 0,01620 / 2 + 0,03240 = 0,03188
sqi(*) = 6 x 0,01389 / 2 + 0,04167 = 0,04082
187
CAPÍTULO VI
| ANÁLISE DA MORTALIDADE
Ê 4 l Introdução
| i i O avanço metodológico que se verificou nos últimos dez a vinte anos na forma
| dl: de medir a mortalidade permitiu precisar com bastante clareza a sua diversidade no
| q!
tempo e no espaço. Esta diversidade deriva do facto de.a.sua.característica-principal
- 2. me
I | D| durante o século xx ser o seu declínio, Este declínio não se fez observar em tados
os países ao mesmo tempo e, nos países em que tal aconteceu, não declinou com a
eo: mesma velocidade nos diversos tipos de grupos que integram as estruturas sociode-
Biro mográficas.
|
[| As investigações sobre a mortalidade enquanto fenómeno social gravitam em
tomo de três eixos fundamentais: o
|
| * caracterização do declínio observado na época contemporânea:
| * estudo dos factores responsáveis por esse declínio;
| * identificação das diferenças observadas entre determinados srupos.
188 :
nificativo a partir do fim daSegundaGuerra Mundial e os primeiros.grupos deidades
de, vida.
a serem beneficiados foram os primeiros, em.particular.o.primeiro.ano,
A procura das causas do declínio da mortalidade levou ao desenvolvimento da
investigação da Demografia Histórica nesta área temática, e os resultados não se
fizeram esperar. AA exi
existência, de elevados. níveis
de mortalidade no passado parece
ser devido õ
z
« existência de frequentes períodos de fome associados à ausência de. técnicas.
de armazenamento e de uma rede de transportes eficaz;
* subnutrição nas classes sociais menos abastadas:
* USAS
* epidemias (cólera, varíola, tifo);
* pestes;
* ausência de condições sanitárias.
. 189
Para além das diferenças espaciais e temporais nos níveis de mortalidade, nos
países desenvolvidos é sobretudo a eliminação da mortalidade diferencial o prin-
cipal objectivo a atingir nas. modernas. políticas sanitárias e da saúde pública.
A exploração dos dados disponibilizados pelos actuais sistemas de informação tem
demonstrado que a mortalidade varia com o nível socioeconómico, com a profis-
são, com o lugar de residência. e. com. certas. características..étnicas..e religiosas
A eliminação das diferenças entre países. ricos. e..países. pobres. é um. objectivo a
atingir à escala mundial, mas a sua eliminação implica um melhor conhecimento
dos comportamentos demográficos. o
É verdade que é preciso ter um melhor conhecimento dos factores sociais e
ambientais que intervêm na manutenção destas diferenças, mas também é neces-
sário aprofundar as técnicas de medição e caracterização da mortalidade enquanto
variável demográfica. É deste último aspecto que se ocupa a análise demográfica e
do qual nos iremos ocupar no presente capítulo.
190 :
Não podemos deixar de ficar insatisfeitos perante os resultados obtidos. Como
é que Portugal tem uma taxa em 1990 de 10,43 por mil, quando em 1950 tinha uma
taxa de 12,19 por mil? Será possível ter havido, num período de 40 anos, apenas
um declínio de 14%” Se o nível de mortalidade mede, em geral, o nível das condi-
ções gerais de higiene e saúde, podemos dizer que em 40 anos as condições gerais
de saúde aumentaram apenas 14%? no
Certamente que tal não aconteceu. À Taxa Bruta de Mortalidade é um instru-
mento grosseiro que isola muito rudimentarmente. os. efeitos. de estrutura. Daí a
“necessidade de recorrer a outros métodos que isolem de uma forma menos s elemen.
tar o verdadeiro modelo do fenómeno. “
Para melhor compreendermos a forma de superar os inconvenientes de uma
taxa bruta vejamos um pouco mais em detalhe os seus elementos constitutivos. Tal
como precisámos anteriormente, podemos definir uma taxa bruta como sendo uma
soma de produtos das estruturas relativas em cada idade pelas taxas nessas mesmas,
idades. Como ao conjunto das taxas por idades se chama o modelo do fenómeno
mortalidade, a taxa bruta de mortalidade pode ser redefinidacomo uma F ultante.
da interacção entre o modelo e a estrutura da mortalidade,
Eloa Ai
QUADRO 3
Evolução dos óbitos e da população portuguesa no período 1950-1990
Óbitos População Óbitos . População
G. Idades 1949-52 31/12/1950 1990 31/06/1990
0 19277 174 855 1279 112 000
1-4 anos 9426 714 859 338 485 900
5-9 anos 1528 - 798678 255 698 100
10-14 anos 928 799 693 321 799 700
15-19 anos 1551 810 964 823 828 300
20-24 anos 2279 761 703 986 823 200
25-29 anos 2256 681 256 966 800 900
30-34 anos 1905 541 099 1038 704 600
35-39 anos 2301 567 333 1241 637 600
40-44 anos 2721 524 737 1572 588 700
45-49 anos 3 148 460 041 2060 526 300
50-54 anos 3 628 390 566 3212 549 100
55-59 anos 4412 331777 4873 538 900
60-64 anos 5 985 294 239 6929 504 400 .
65-69 anos 7408 229 976 9908 438 500
70+anos 34 162 359 539 67314 847 200
Total 102915 8 441315 103 115 9 883 400
. 191
Quer calculando as taxas brutas de. mortalidade. pelo. processo - mais simples,
ass
lando por esta
| forma mais complexa, o resultadoé o mesmo. Porém, Rare
QUADRO 4
Níveis de mortalidade e estruturas demográficas de Portugal no período 1950-1990
G. Idades Tx (1950) Px (1950) Px.Tx (1950) Tx (1990) Px (1990) Px.Tx (1990)
0 110,25 0,0207 2,28 11;42 0,0113 0,13
1-4 anos 13,19 0,0847 112 0,70 0,0492 0,03
5-9 anos 1,91 0,0946 0,18 0,37 0,0706 0,03
10-14 anos 1,16 0,0947 0,11 0,40 0,0809 0,03
15-19 anos 1,91 0,0961 0,18 0,99 0,0838 0,08
20-24 anos 2.99 0,0902 0,27 1,20 0,0833 0,10
25-29 anos 3,31 0,0807 0,27 1,21 0,0810 0,10
30-34 anos 3,52 0,0641 0,23 1,47 0,0713 0,10
35-39 anos 4,06 0,0672 0,27 1,95 0,0645 0,13
40-44 anos 5,19 0,0622 0,32 2,67 0,0596 0,16
45-49 anos 6,84 0,0545 0,37 3,91 0,0533 0,21
50-54 anos 9,29 0,0463 0,43 5,85 0,0556 0,33
55-59 anos 13,30 0,0393 0,52 9,04 0,00545 0,49
60-64 anos 20,34 0,0349 0,71 13,74 0,0510 0,70
65-69 anos - 32,21 0,0272 0,88 22,60 0,0444 1,00
70-+anos 95,02 0,0426 4,05 79,45 0,0857 6,81
Total 12,19 1 12,19 10,43 1 10,43
192 .
Algumas excepções neste modelo geral de mortalidade têm sido, no entanto,
observadas: quando a tuberculose é uma importante causa de morte, encontra-se,
na maior parte dos casos, uma pequena elevação na curva, que exprime o modelo
de mortalidade entre os 20 e os 40 anos; quando é a diarreia ou a enterite uma das
principais causas de morte, o declínio rápido, que é normalmente observado. nos.
primeiros anos de vida, é em geral mais suave.
taxas. 1000 60
40
20
w Taxas 1990
Taxas 1950
193
Esta semelhança de modelos que encontramos em países quer com baixo quer
com elevado nível de mortalidade mostra claramente a relação que existe entre a
idade e os riscos de morte nas diferentes populações. “Quando comparamos duas
populações, ou duas épocas temporais diferentes, se num determinado grupo de
idades a mortalidade é cinco vezes maior numa população do que noutra, tal facto
implica que, em princípio, iremos encontrar sempre uma maior mortalidade nessa
população em todos os grupos de idades (excepto, por vezes, nos últimos). Tal.
Jelação é é devida ao facto de as pessoas que pertencem a uma determinada popula-
m : as mesmas condições de saúde. a
m face do exposto, podemos agora compreender porqueé que as.taxas brutas
drutas
de mortalidade são muito sensíveis, , e
população serem diferentes nos grupos em que aa mortalidade é mais intensa para,
termos importantes efeitos d fura que. nos impossibilita a comparação, entre,
“Vejamos o exemplo apresentado anteriormente: no grupo 70 e + anos, as taxas
(ou modelos) têm os valores mais elevados (superiores a 75 por mil) nas duas
épocas; mas a população portuguesa nesse grupo etário tem, em 1950, 4% do total
da população enquanto, em 1990, tem 9% do total da população. Consequentemente,
a intersecção entre as duas componentes da taxa tem resultados interessantes — em
1950, a taxa é de 95 por mil, a percentagem da população é de 4%, a interacção tem
um resultado final de 4,05. Em 1990, a taxa tem um valor menor (79 por mil), a
percentagem da população é maior (9%), mas a interacção final é maior (6,81). Em
síntese, a menor taxa de mortalidade no grupo etário 70 e + anos produz um
resultado final mais elevado. A diferença é uma consequência das estruturas e não
dos modelos.
Neste contexto, podemos afirmar que a validade de uma análise feita através
das taxas brutas de mortalidade. é.tanto.menor.quanto. mais diversificadas forem.as,
estruturas das regiões ou das épocas que se querem comparar. Inversamente, a
validade aumenta com a homoogeneização das estruturas. populacionais.
o “Compreende- -se, deste modo, como é que, apesar das grandes limitações apon-
tadas, numa perspectiva tetem
mporal, são frequentemente1 utilizadas as taxas brutas.
I emelhança dide
estruturas das. populações no. passado. torna possível aExistência de comparações
com um mínimo de segurança. Ao invés, à medida que nos aproximamos dos
nossos dias, a diversidade de estruturas existentes no mundo, entre épocas e entre
regiões num mesmo país, em particular a diversidade provocada | pelo envelheci-
mento demográfico, impossibilita as comparações. Daí a necessidade de nos socor-
rermos de outros métodos que mantenham.o. efeito das estruturas constantes.
194
estruturas, vejamos que outros processos de medição da mortalidade geral podem
ser utilizados em análise demográfica transversal.
Separaremos, na nossa exposição, os dois princípios fundamentais da análise
transversal que, conforme vimos no capítulo anterior, correspondem a dois objecti-
vos diferenciados, embora complementares. Começaremos por ver como se ablica
à mortalidade o princípio da estandardização (que tem como objectivo separar O
impacte das estruturas das frequências). Posteriormente veremos como se mede
a intensidade e o calendário.
Para se aplicar o princípio da estandardização podemos socorrer-nos de vários
métodos:estandardização directa, estandardização indirecta, médias das frequên-
cias e análise por componentes principais. Como, em geral, o método mais utiliza-
do.é.o primeiro, não desenvolveremos a aplicação dos outros. Tal não significa que
não possam ser aplicados. Apenas significa que não sendo vulgar a sua utilização
(e quando se utilizam nada de novo se acrescenta às informações obtidas pela
estandardização directa) entendemos ser inútil acrescentar mais do que já foi dito
anteriormente.
Antes de desenvolvermos a aplicaçãoà mortalidade do método da estandardi-
to cálculo de taxas por idades (ou grupos de idade) entre idades exactas.
Semelhante constatação implica que convém ter sempre presente as Precauções
. 195
RT
| |
Pol
if
QUADRO 5
Aplicação do método da população-tipo a Portugal
Í : Método da População-Tipo Método da População-Tipo
Ria G. Idades Tipo 1950 Tipo 1990
o Tx (1990) Px (1950) Px. Tx Tx (1950) Px (1990) Px. Tx
| | 0 11,42 0,0207 0,24 110,25 0,0113 1,25
| Vl E 1-4 anos 0,70 0,0847 0,06 13,19 0,0492 0,65
Fo | 5-9 anos 0,37 0,0946 0,04 1,91 0,0706 0,13
o | E 10-14 anos 0,40 0,0947 0,04 LIi6 0,0809 0,09
ELO 15-19 anos . 0,99 0,0961 0,10 1,91 0,0838 " 0,16
| no 20-24 anos 1,20 0,0902 :-. 0,11 2,99 0,0833 - 0,25
É 25-29 anos 1,21 0,0807 0,10 331 0,0810 0,27
] Vs 30-34 anos 1,47 0,0641 0,09 3,52 0,0713 0,25
| Pi 35-39 anos 1,95 0,0672 0,13 4,06 0,0645 0,26
ao 40-44 anos 2,67 0,0622 0,17 5,19 0,0596 0,31:
Ebro 45-49 anos 3,91 0,0545 0,21 6,84 0,0533 0,36
oco 50-54 anos 5,85 — 0,0463 0,27 9,29 — 0,0556 0,52
nho: | 55-59 anos - 9,04 0,0393 0,36 13,30 0,0545 0,72
| | 60-64 anos 13,74 0,0349 0,48 20,34 0,0510 1,04
Uj | 65-69 anos 22,60 0,0272 0,61 32,21 0,0444 143
| 70+anos 79,45 0,0426 3,38 95,02 0,0857 8,14
j : Total 10,43 1 6,39 12,19 1 15,83
Et TBM (1950) = 12,19 por mil TBM (1990) = 10,43 por mil
Declínio = (10,43 — 12,19)/ 12,19 x 100 = 14,4%
População-Tipo de 1950
Declínio = (6,39 — 12,19) / 12,19 x 100 = —47,6%
População-Tipo de 1990
Declínio = (10,43 — 15,83)/ 15,83 x 100 = -34,1%
196
a ser comparado
comparar. Consequentemente, é o total de óbitos reais que passa
com os «óbitos esperados» e obtemos assim novos. índices estandardizados
Tal como no método da população-tipo. apenas. se.obtêm.índices.compazatixos
que só são utilizados em análise demográfica nos casos em que se estudam popula-
ções de pequena dimensão.
As media
Às medidas deEnciro amet
seem mortalidade. infantil
197
Aa incontestável
conicaá vantagem de
ve: vantagem de relacionar dice.
relacionar directamente
os. óbitos no primeiro
Oiano de
| | vida com os nascimentos, em vez de os relacionar com a população média, como é
| ú O caso da aplicação da noção de taxa.
|| Porém, esta forma de calcular a “mortalidade infantil também não é inteiramen-
1
porque. os óbitos observados. num ano civil
ano de vida resultam dos 172 324 nascimentos observados em 1973 e dos 174 685
nascimentos observados em 1972.
Uj Nos países onde existe a dupla classificação, resolve-se facilmente. esta situa-
| ção fazendo a soma das duas relações. Suponhamos que em Portugal os 7726
Vl óbitos se repartem da seguinte forma: 5563 no primeiro triângulo pertencente à
geração de 1973 e 2163 no segundo triângulo, pertencente à geração de 1972. Para
resolver o problema bastaria dividir os óbitos pelos nascimentos e somar [(5563 /
/ 172 324) + (2163/ 174 685)] x 1000 = 44,66 por mil..
É evidente que este novo valor é tanto mais di rgente. do. calculado anterior
s. gerações. Se os efectivos
forem i iguais, | basta calcularmos a Taxa de Mortalidade Infantil Clássica. No entan-
to, conforme já dissemos anteriormente, a dupla classificação é recente em Portu-
gal e quando trabalhamos a uma escala mais reduzida, esta informação não está
disponível. A única solução é imputar os óbitos infantis a uma média ponderada
dos, dois efectiv ntos em causa. Chama-se a este processo de cálculo
) taxa de mort lidade, infantil passa a chamar- -sea
Verdai leira Taxa de Morta. ic lade Infantil e que tem a seguinte fórmula de.cálculo:
QUADRO 6
Ponderadores para o cálculo da mortalidade infantil
190 K' Kº
200 0,60 0,40
150 0,67 0,33
100 0,75 0,25
50 0,80 0,20
25 0,85 0,15
15 0,95 0,05
198 .
As causas que originam a mortalidade infantil podem ser agrupadas em duas
grandes categorias: as endógenas e as exógenas. As primeiras são a consequência
de “deformações congénitas (que nascem com o indivíduo), de taras hereditárias
ou d“de tr:
traumatismos causados pelo parto. Estes óbitos ocorrem normalmente> duran-
te o primeiro mês, em particular nos primeiros dias. Quanto aos óbitos exógenos,
estão9ligados
figad a causas exteriores (doençasiiinfecciosas, subalimentação, .cuidados
hospitalares.
sinsuficientes é acidentes diversos).
A separação dos óbitos infantis em endógenos e exógenos supõe, em princípio,
a existência de estatísticas de óbitos por causas de morte. Existe,porém, |um méto-
do simples, gue, dispensa. o. conhecimento. dos óbitos. por dias e.e. idades. Em termos
práticos, para se obter 9 total dos óbitos exógenos no primeiro ano de vida, basta
ão 4 ntervalo 31-365 dias, ou ainda, aumen-
tass e 224 8%.0s. do intervalo 28-365 dias, - Admite-se
Ad assim a hipótese « de que. os
Orrem. nO “primeiro mês de. vida, enquanto os exógenos. se. pro-.
. 199
Assim, temos 3647 óbitos com menos de 28 dias e 4079 com mais de 28 dias.
Em função do que dissemos, para obter o total de óbitos exógenos temos de acres-
centar aos 4079 óbitos com mais de 28 dias os óbitos exógenos com menos de 28
dias, ou seja 4079 x 0,0228 = 930; logo:
Taxa de Mortalidade Endógena 2717 / 172 324 x 1000 15,77 por mil
Taxa de Mortalidade Exógena 5009 / 172 324 x 1000 29,07 por mil
E, consequentemente:
deeça o
200
*« A Taxa de Mortalidade Pós-Neonatal — obtém-se dividindo os.óbitos com.
28-365 dias pelos nascimentos;
no nosso exemplo temos:
T.M. Pré-Natal = (3319 + 2502) / 172 324 x 1000 = 33,78 por mil
T.M. Feto-Infantil = (3319 + 7726) / 172 324 x 1000 = 64,09 por mil
201
a
| | * o método das taxas mensais reduz as taxas aos efectivos anuais multiplicando
| o número médio de óbitos mensais pelo número de dias do: an idos pela
pela
| ou
SN
| | [(365 ou 366 / dias do mês) x óbitos mensais)] x P. média x 1000
|
* o método dos números proporcionais tem a mesma lógica do anterior e ASA
grande vantagem reside no melhor poder de comparação, sobretudo quando
o sais pelo número de dias do mês. “Estes números médios. de-óbitos.por. dia.são
| em seguida substituídos por números proporcionais.de modo.a.que.o.seu. total
| E seja igual ada mês fica assim seprecentado. por um número, inde-
| pendente “da duração do mês em dias, e de forma a que o seu desvio (positivo
i
| ou negativo) em relação a 100 indique o carácter particular do mês. Se não
| o houvesse diferença entre os meses teríamos 100 em cada um dos meses.
JEM |
do Se compararmos os resultados obtidos pelos três métodos facilmente verifica-
E| | mos, no exemplo apresentado, que os dois últimos conduzem a uma hierarquia
to entre os meses muito idêntica: o mês de Janeiro é o de maior intensidade; seguindo-
|
all -se os meses de Fevereiro, Dezembro e Março. No primeiro método, por não ter em
| conta as desigualdades existentes entre os meses, indica-nos que a seguir ao mês de
Bo Janeiro o mês de maior mortalidade é o de Dezembro quando, na realidade, é o mês
na! de Fevereiro.
QUADRO 7
Os métodos de cálculo da mortalidade por meses
| A Métodos
| | | | Meses Obitos Percentagens Taxas N.º Proporcionais
| E : | Janeiro 11925 12,50 16,39 31 384,68 147
ki Fevereiro 9339 9,79 14,09 28,25 330,58 126
| | dl Março 8 348 8,75 11,48 31 269,29 103
| Pd Abril 7073 741 10,05 30 235,77 90
ORE Maio 6 864 7,19 9,44 31 221,42 85
| NE | Junho 6613 6,93 9,39 30 220,43 84
É Il j Julho 6 613 6,93 9,09 31 213,32 82
E í Agosto 6 958 7,29 9,57 31 224,45 86
|| Setembro 6 689 7,01 9,50 30 222,97 85
[ | Outubro 7525 7,88 10,35 -31 242,74 93
| | | Novembro 7664 8,03 10,89 30 255,47 98
Il O Dezembro 9 824 10,29 13,51 31 316,90 121
| | Total 95 435 3138,02 1200
| Nota: População média = 8 564 200.
|
202
A mortalidade
por causas de morte.
Um outro aspecto respeitante à análise da mortalidade diz respeito ao seu estu-
do por causas de morte. Para que uma análise deste tipo possa ser levada a efeitoé
necessário que se disponha a « de uma, divisão dos óbitos anuais por causas de morte,
e que essa divisão possa ser comparável no tempo € no espaço. Na realidade, as
causas tm de1morte são um « excelente “caminho para. se relacionar a mortalidade com
as ; condições “sanitárias, sociais € económicas. existentes num. determinado espaço.
203
-calculadas em transversal. Aplica-se, assim, o método da coorte fictícia, que con-
“siste em transpor os fenómenos que se observam num determinado “momento “do,
tempo para uma coorte imaginária. .
| Antes de vermos como é que isto se processa no caso concreto da mortalidade
|
(que lida com acontecimentos não renováveis que excluem as pessoas do campo de
4
| observação) lembremos que a intensidade mede o número..de. acontecimentos. por
pessoa e que “o calendário mede a sua repartição. no tempo..
Quantoà intensidade total, no caso da mortalidade, trata-se. de. .uma.medida.
sem interesse visto esta ser. sempre igual à unidade (todos somos mortais). O.mes-,
o acontece com o calendário. Ao ser resumido pelo índice de tendência
central mais vulgar — a média — - possibilita o conhecimento. da duração. de. vida
média das. pessoas.
Podemos ir até mais longe numa óptica longitudinal. Conforme vimos, no.
caso dos acontecimentos não renováveis, é possível encontrar ou
ticas da distribuição, nomeadamente os riscos de morte, ou seja mocientes.
à partir destes quocientes podemos. construir uma. tábua de mortalidade. POr SE
eme
tação.
di Já sabemos que os nossos dados não nos possibilitam o cálculo de tábuas de
| mortalidade em longitudinal. Mas, mesmo que tal fosse possível, convém salientar
| que, na maioria dos casos, interessa-nos muito mais observar as condições de mor-
o talidade existentes num determinado momento do que seguir uma geração durante
umas largas dezenas de anos. Por outras palavras, mesmo que os. dados estejam
disponíveis, é sempre aconselhável construir uma tábua de mortalidade do momen-
1aN to ou emtransversal.
HER Ão utilizarmoso método da coorte fictícia, vamos supor que uma determinada
e. geração (ou grupo de gerações).terá em cada, idade, ao longo da vida,
a. mortalidade
CR ee
204
1
análise demográfica torna-se necessário co hecer, para além das funções anterior-
mente mencionadas
ee
outras funções. que x litar. cálculos. mais. sofisticados,
carrasco tunel
e multiplicar cada idade (ou grupo de idade) por esse factor de correcção...
Quantoà solução dos outros dois problemas, optámos.pelo seguintecritério: ao
apresentarmos as diversas funções que integram uma tábua de mortalid lidade.separa-
remos, sempre que tal for necessário, a forma que sas Junções. tomam. no.c:caso.de
. 205
* a segunda coluna é constituída pelas as. taxas de mortalidade entre a idade x
ji|
“e x+n
cin mer te
| GQ =(2.0.Mo)/(Q2+n5m)
Ro .
go =2.1.0m09)/(2+1nm)
| q=(2.4.0m)/(2+4. 0)
sq =(2.5.M)/(2+5. mo)
| | No exemplo:
| | | | nDx = 1 — nQx
it No exemplo:
Lan = l - nPx
No exemplo:
Lo
= 94 219 x 0,99040 = 93 314
na sexta coluna temos a distribuição dos óbitos entre idades exactas (tendo
em conta o efectivo inicial de 100 000) por idades ou grupos de idades;
obtém-se da seguinte forma:
nã = l— Len ou nx = Le - nQx
No exemplo:
sds =97229 - 96971 = 258
sdo = 96 155 — 95 513 = 642
sdas = 94 219 — 93 314 = 905
Mas, como nos primeiros anos de vida não se verifica a linearidade da função
de sobrevivência, obtém-se uma aproximação mais exacta através das seguin-
tes expressões:
Lu = Ta
No exemplo:
Lo= (0,15) 100 000 + (0,85) 97 700 = 98 045
aLy = (4) (0,15) 97 700 + (4) (0,85) 97 229 = 389 199
207
sLs = (97 229 + 96971) (5 / 2) = 485 500
sLss= (04 219 + 93314) (5/2) = 468 833
Lo. = Ty, = 68 083 / 0,07755 = 877 924
culada entre anos completos, enquanto anteriormente era entre idades exactas:
nPx = nLxmn / al
P,= sLo/ 5 . h
|
| No segundo grupo de idades teremos: .
|
di | No exemplo:
IN * a coluna nove é o total de anos vividos pela coorte (fictícia) depois da idade x:
li como nl é o número de anos vividos entre as idades exactas x e x+n, para
| Ii obter o total de anos vividos basta somar os nL.,; assim temos:
Ts = z nLx
No exemplo: ;
208
* finalmente, na coluna dez, temos a última função da tábua e a mais conhecida.
— esperança de vida naidade
x, ou seja, o número médio de.anos.que
resta
para viver às pessoas que atingiram
a idade x e obtém-se:
ex= T;/1
Co = To/ kh
No exemplo:
QUADRO 8
Tábua de mortalidade de Portugal, sexos reunidos, em 1980-1981
Idades nl; nx nPx L nã nLx nPx T E,
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0 02451 .02300 .97700 100000 2300 98045 .97449 7260716 72.61
1 00121 00482 .99518 97700 471 389199 .99642 7162671 73.31
5 00053 .00265 .99735 97229 258 485500 .99743 6773472 69.67
10 00050 .00250 .99750 96971 242 484250 .99579 6287972 64.84
t 15 00119 00593 .99407 96729 574. 482210 .99370 5803722 60.00.
20 00134 .00668 99332 96155 642 479170 99342 5321512 55.34
25 00130 .00648 .99352 95513 619 476018 .99320 4842342 50.70
30 00143 .00712 .99288 94894. 675 472783 99165 4366324 46.01
35 00193 .00960 .99040 94209 905 468833 .98786 3893541 41.32
40 00296 01469 .98531 93314 137] 463143 98170 3424708 36.70
45 00444 02196 .97804 91943 2019 454668 .97285 2961565 3221
50 00660 .03246 .96754 89924 2919 442323 96019 2506897 27.88
55 00971 .04740 .95260 87005 4124 424715 94055 2064574 23.73
60 01496 07210 92790 82881 5976 399465 .90739 1639859 19.79
65 02434 11472 88528 76905 8822 362470 .70778 1240394 16.13
70+ .07755 1 0 68083 — 877924 — STA 1289
, ; e o
a forma de um
TENTO
«U»;
209
no! |
* a função 1,, por representar os sobreviventes na idade exacta x, ser muito fácil
de interpretar, revelando ser muito útil nas análises comparativas;
* àfunçã ão nPx, as probabilidades de sobrevivência entre anos completos, pela
nportân tem elaboração das projecções demográficas:
“a função es à esperança de vida nas diferentes idades, pela facilidade da sua
interpretação e por ser a mais conhecida de uma tábua de mortalidade,
120
100
so
60
Eqx . 1000
40
mex
20
5 40 45 20 25e 30 35 40 45
E
so qx.1000
55 60
85
210
Os quatro modelos de mortalidade mais utilizados são os seguintes:
par:
saga
1 ambos os sexos. Para cada nível de mortalidade estão.calculadas. as. popula-
-ções estáveis “associadas a diferentes nitmos de crescimento.
A utilização prática das tábuas é feita da seguinte maneira:
211
7 ir It
ção dos modelos. Porém, a nível regional o problema é diferente: ou não existem
dados de sexos separados ou a reduzida intensidade do fenómeno em certos grupos
de idade torna difícil o cálculo de uma tábua de mortalidade directa ou até, em
muitos casos, impossível.
Por outro lado, a observação das modernas tendências da mortalidade mostra a
existência de uma grande tendência para a homogeneização das estruturas da mor-
talidade, não só a nível nacional, mas também europeu. As grandes assimetrias
antes observadas entre as regiões estão a desapa e
fico de Portugal, a oposição entre o norte eos Estãoo assim cri da: as condições
para, a adopção de um modelo único.de. mortalidade; o modelo oeste, caracterizado
“por! baixos níveis de mortalidade e elevada esperança de vida.
“TÁs tábuas-tipo de Princeton na sua 2.º versão foram publicadas em 1983, sob o
formato de um novo manual, com mais um nível em cada família. Foi a última
publicação em forma de livro, com as funções de mortalidade todas calculadas e
"com as populações estáveis associadas. A versão de 1989 é publicada com o título
«Revised Regional Model Life Tables at Very Low Levels of Mortality», mas em
1990 surge uma nova versão devido a existirem alguns erros na edição de 1989.
Assim, o modelo sul passa, a partir do nível 20 a ter as seguintes caracterís-
ticas:
212 :
Níveis Mulheres Homens
25 1ão = 6,01 1ão = 7,67
eo = 80,00 eo = 73,88
26 1ão = 4,03 1ão = 5,10
€ = 82,50 e = 76,19
27 1 = 2,83 1ão = 3,56
. € = 85,00 eo = 78,98
O futuro dirá se esta opção de adoptar uma única variante de convergência foi
uma boa opção, mas estamos sem dúvida perante um modelo muito elaborado,
baseado na observação empírica, de tábuas-tipo de mortalidade.
6.6. Conclusão
a pe
pouca rn numérica, em termos absolutos e Telativos.
Contudo, na totalidad
1 otalidade dos países. desenvolvidos,
gar. Torna-se, assim, f damental a investigação. dos factores ambient: Is
, 213
o]
ar
intelectual — as profissões com maior esforço físico têm uma menor esperança de
vida do que as profissões com maior esforço intelectual).
Por último, convém salientar que o aumento da esperança de vida associadoà,
sobremortalidade masculina torna a problemáticac do envelhecimento um , proble mg
essencialmente feminino. A solidão nos últimos anos de vidaé um fenómeno que
afecta particularmente as mulheres. O aumento da esperança de vida também pro-
duz outros efeitos ainda mal estudados entre nós como, por exemplo, o retardar dos
processos de rotação dos patrimónios familiares, com consequências bem visíveis
nos centros urbanos das grandes cidades.
214
d) Aprecie as diferenças reais existentes entre as «condições gerais de saúde»
do Norte e do Alentejo através do método da população-tipo, escolhendo
uma única população-tipo.
IH
215
cial dio.
NI
Meses Óbitos Beja Óbitos Braga Meses Óbitos Beja Óbitos Braga
Janeiro 35 140 Julho 28 251
Fevereiro 30 89 Agosto 22 301
Março 36 131 Setembro 17 245
Abril 22 145 Outubro 26 “18
Maio 28 132 Novembro 42... 169
Junho 30 149 Dezembro 30 140
Total 346 2073
Iv
216
Resolução do 5.º Trabalho Prático
a)
Norte
Obitos médios = (32 244 + 31859)/2=32052
TBM = 32052/3 472715 x 1000 = 9,23 por mil
Alentejo
Óbitos médios = (7433 + 7694) /2 = 7564
TBM = 7564 / 543 442 x 1000 = 13,92 por mil
Portugal |
TBM = 10,43 por mil
| b)
G. Idades Tx Px — TxPx Tx Px Tx.Px Px
(Norte) (Norte) (Norte) (Alentejo) (Alentejo) (Alentejo) (Portugal)
0 13,79 0,0123 0,17 9,28 0,0091 0,08 0,0113
1-4 anos 0,87 0,0498 0,04 0,83 0,0378 0,03 0,0492. .
5-9 anos 0,39 0,0729 0,03 0,47 0,0583 0,03 0,0706
10-14 anos 0,43 (,0860 0,04 0,41 0,0697 0,03 0,0809
15-19 anos 1.06 0,0939 0,10 - 0,91 0,0700 0,06 0,0838
20-24 anos 119 0,0865 0,10 1,42 0,0642 0,09 0,0833
25-29 anos 1,22 0,0812 0,10 1,34 0,0627 0,08 0,0810
30-34 anos 1,38 0,0741 0,10 1,89 0,0634 0,12 0,0713
35-39 anos 177 0,0679 0,12 2,15 0,0598 0,13 0,0645
40-44 anos 2,49 0,0610 0,15 2,43 0,0559 0,14 0,0596
45-49 anos 3,69 0,0522 0,19 3,217 0,0527 0,17 0,0533
50-54 anos 5,15 0,0504 0,29 5,56 0,0632 0,35 0,0556
55-59 anos 8,96 0,0500 0,45 8,14 0,0708 0,58 0,0545
60-64 anos 13,79 0,0474 0,65 11,88 0,0692 0,82 0,0510
65-69 anos 22,28 0,0407 0,91 20,11 0,0651 1,31 0,0444
70 + anos 78,54 0,0736 5,78 77,22 0,1281 9,89 0,0857
Total 9,23 1 9,22 13,92 1 13,91 1
, 217
c) Modelos de Mortalidade do Norte e do Alentejo em 1991
2 3
V/4 |
204
104
54
"20-24 '25-29 '30-34 '35-39 '40-44 45-49 “50-54 “58.59 150.64 165.60
o 4 '5.9 10-14 15-19
d) : À
Tx Px Tx.Px Tx Px Tx.Px
G. Idades
(Norte) (Portugal) (Norte) (Alentejo) (Portugal) (Alentejo)
218 '
TMI (Verdadeira) = 2389 / (k" No + k' N1) x 1000 = ,
= 2389 / (0,05 x 182 600) + (0,95 x 142 805) x 1000 = 16,5 por mil
Óbitos exógenos:
Doenças infecciosas, alimentação, cuidados hospitalares = aumentar em
22,8% os óbitos no período 28-365 dias
Óbitos endógenos: -
Deformações congénitas, taras hereditárias, traumatismos do parto = óbitos
infantis — óbitos exógenos
219
e) Taxa de mortalidade pré-natal
HI
220
IV
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0 11025 .09355 .90645 100000 9355 92984 88317 5921445 59,21
1 01319 05140 94860 90645 4659 348603 .96898 5828471 64,30
5 00191 00950 99050 85986 817 427888 .99235 5479868 63,73
10 00116 .00578 .99422 85160 492 424615 .99237 5051980 59,32
15 00191 .00950 .99050 84677 804 421375 .98784 4627365 . 54,65
20 00299 01484 98516 83873 1245 416253 .98438 4205990 50,15
25 00331 0164] 98359 82628 1356 409750 .98308 3789737 45,87
30 00352 01745 98255 81272 1418 402815 .98124 3379987 41,59
35 00406 02010 .97990 79854 1605 395258 97717 2977172 37,28
40 00519 02562 97438 78249 2005 386233 .97042 2581914 33,00
45 00684 03363 96637 76244 2564 | 374810 .96059 2195681 28,80
50 00929 04540 95460 73680 3345 360038 .94534.-1820871 24,71
55 01330 06436 93564 70335 4527 340358 .91997 1460833 20,77
60 02034 09678 90322 65808 6369 313118 87842 1120475 17,03
65 03221 14905 .85005 59439 8859 275048 .65932 807357 13,58
70+ .09502 1 0 50580 — — 532309 — 532309 10,52
, 2241
CAPÍTULO VII
Introdução
222 t
* relações sexuais. OU seja i ênei õ ais entre
pessoas férteis;
* leis e costumes, (que determinam o momento em que a mulher começa a ter
Objectivos do capítulo VI
O processo mais simples que existe para medirmos o nível da natalidade con-
siste em dividir o total de nascimentos num determinado período pela população
“média existente nesse mesmo período.
Assim, por exemplo, se num país A (desenvolvido) tivermos 778 526 nasci-
mentos e 61 283 600 habitantes como população média, e se num país B (não
223
desenvolvido) tivermos 54 043 nascimentos e 1 428 082 habitantes como popula-
ção média, as Taxas Brutas de Natalidade são as seguintes:
TBN (A) = 778 526 / 61 283 600 x 1000 = 12,70 por mil
TBN (B)= 54043/ 1428082 x 1000 = 37,84 por mil
TEG (A) = 778 526 / 14 309 800 x 1000 = 54,41 por mil
TEG (B)= 54043/ 319084 x 1000 = 169,37 por mil
224 .
Assim, tal como aconteceu com a análise das taxas brutas de mortalidade,
podemos redefinir as taxas de fecundidade geral como sendo uma soma dos produ-
tos das estruturas relativas em cada grupo de idades do período fértil das mulheres
pelas taxas nesses mesmos grupos de idades:
As diferenças observadas entre os dois países tanto podem provir dos t, (mode-
los) como dos p, (estruturas). Essas diferenças têm necessariamente significados
totalmente diferentes: variações entre modelos significam a existência de diferentes
modelos de natalidade; diferenças entre estruturas são, em princípio, alheias ao
fenómeno
Ss em análise.
QUADRO 10
Níveis de fecundidade e estrutura da população no país A (desenvolvido)
Grupos Total de População :
de Idades Nascimentos Feminina x - 1000 Px Px dx
1 2 3 4=2/3 5 6=4.5
15-19 10 297 73381 140,3 0,2300 32,27
20-24 17 494 63 010 271,6 0,1975 54,83
25-29 12 894 50 924 253,2 0,1596 40,41
30-34 7472 40 885 182,8 0,1281 23,42
35-39 4326 36 115 119,8 0,1132 13,56
40-44 1340 29 409 45,6 0,0922 4,20 |
45-49 220 25 360 8,7 0,0795 0,69 |
Total 54 043 319 084 169,38 1 169,38 |
. 225
Quando analisámos a mortalidade chegámos à conclusão que esta variável tem
um modelo único em «U>. No caso da fecundidade, apesar. das. diferenças existen-
tes entre os diversos países do mundo, também existe um modelo,-único que tem a
de um «chapéu»:
forma
* os valores partem de O no grupo 0-15 anos de idades;
*a partir dos 15 anos, a fecundidade é crescente até atingir um máximo entre
Os 206 '6s/35 anos;” o
* a part este máximo, a fecundidade diminui até atingir de novo o valor O por
volta dos50 anos (é praticamente inexistente a ocorrência de nascimentos a
partir desta última idade).
300
250
200
taxas.1000
150-
100
50
País B (não des.)
BEM País
A (des.)
15-19 2024 2529. s084 2599.
1044 4549
|BPaís A (des.) Bl País B (não des.)
226 . +
“Á Tepresentação gráfica é : muito importante neste tipo de análises, mas nem
sempre é suficiente. Esta informação deve ser completada com o cálculo do calendá-
no, ou a idade média da fecundidade (IMF) e com a variância das taxas de
s fe-
cundidade (VIF).
VTF).Noo exemplo que temos vindo a seguir obtemos os seguintess valores:
| no país A (desenvolvido)
| IME = 273
VTF = 38,36
4
nas qi
80
Taxas Fecundidade
ajustadas a 100
ti]
So
||
Es: País A (des.) EPaís B (não des.)
—&
QUADRO 12
.
Análise da fecundidade das mulheres com formação do secundário e superior
em Cabo Verde, 1990
Grupos . População Taxas s Taxas x e 2
Idades Nascimentos Feminina Fecundidade A à 100 P. Médio Fi(x — IMP)
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)
15-19 a 3 350 0,021 16 0,37 2,87
20-24 134 1598 0,084 65 1,89 3,77
25-29 138 1058 0,130 100 3,58 0,38
30-34 81 947 0,086 66 2,80 0,94
35-39 23 510 0,045 35 1,69 3,10
40-44 7 252 0,028 22 1,19 4,95
45-49 0 158 0,000 0 0,00 0,00
Total 454 7873 0,394 — 11,52 16,01
Taxa de Fecundidade Geral: 57,7 por mil
Idade Média da Fecundidade: 29,2
Variância da Fecundidade: 40,6
228 .
Estamos perante um exemplo particularmente interessante na medida em
que nos mostra uma grande diferença de comportamentos dentro de um mesmo
país.
As mulheres «sem instrução» têm taxas de fecundidade bastante elevadas e
com n valores significativos em todos os grupos de idades, o que se traduz na existên-.,
cia “de uma Taxa de Fecundidade
mero Geral e de uma “variância elevadas.
100
80 |
so |-
70 |
60 +
T.aj. a 100
“so
40
so |”
20
10 -[7
Mul. C/ Instrução
35-39 Mul. S/ Instrução
40-44
45-49
, 229
A fecundidade por ide
idades e por grupos de idades
Tal como vimos anteriormente, para se calcular as taxas por idades ou por
grupos de idades, dividem-se os acontecimentos.entre.as.idades exactas pela. popu-
“Jação média existente entre essas. mesmas idades. Como os nascimentos ocorrem .
rminada parte da população, não é vulgar calcular taxas de naiali
des "ou grupos de idades, mas sim taxas de fecundidadepor idades qu,
grupos. de idades.
O cálculo deste tipo de taxas vai permitir encontrar índices libertos de efeitos
de estrutura e que superam as limitações das taxas brutas, como veremos nos pon-
tos que se seguem.
Assim, por exemplo, se num determinado país temos 1.460 917 mulheres casa-
das no grupo 15-49 anos e 151 799 nascimentos dentro do casamento, temos:
230 .
ríodo de observação (no nosso exemplo 15-49 anos) pode variar em função dos
dados observados ou disponíveis, o que torna as comparações temporais e espaciais
ainda mais difíceis.
A rat
Assim, por exemplo, se num determinado país temos 614 9:13 mulheres não
casadas e 3262 nascimentos ilegítimos, temos:
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nascimento . '
Mês
Concepção
abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov De Jal Fe Ma
. 231
7.3. O princípio da estandardização
QUADRO 13
O método da população-tipo aplicado à fecundidade (tipo A)
G. de Idades Px (B) tx (B) px (B). tx (B) Px (A) px (A). tx(A)
1 2 3 . 4 5 6
15-19 0,2300 140,3 32,27 0,1387 19,46
20-24 0,1975 271,6 54,83 0,1371 38,06
25-29 0,1596 253,2 40,41 0,1329 33,65
30-34 0,1281 182,8 23,42 0,1694 30,97
35-39 0,1132 119,8 13,56 0,1372 16,44
40-44 0,0922 45,6 4,20 0,1358 6,19
45-49 0,0795 8,7 0,69 0,1490 1,30
Total 1 169,37 169,38 1 146,07
232
Por outro lado, se o país A, em vez da repartição de mulheres que tem no
interior do período fértil tivesse a repartição do país B, teria uma Taxa de Fecundidade
Geral de 63,57 por mil em vez de 54,43 por mil.
A diferença entre os níveis de fecundidade nos dois países passaria para 166%.
QUADRO 14
O método da população-tipo aplicado à fecundidade (tipo B)
G. de Idades px (A) ts (A) Px (A) . tx (A) px (B) px(B).tx(A)
1 2 3 4 5 6
15-19 0,1387 35,8 4,97 0,2300 “8,23
20-24 0,1371 120,9 16,58 0,1975 23,88
25-29 0,1329 107,7 14,31 0,1596 17,19
30-34 0,1694 70,7 11,98 0,1281 9,06
35-39 0,1372 36,9 5,06 0,1132 4,18
40-44 0,1358 10,5 1,43 0,0922 0,97
45-49 0,1490 0,7 0,10 0,0795 0,06
Total 1 54,41 54,43 1 63,57
Se, tal como fizemos com a mortalidade, calcularmos a média aritmética das
diferenças obtidas pela aplicação das duas populações-tipo encontramos um valor
de 167%. A diferença, neste caso, não é muito significativa, mas, como é lógico,
nem sempre assim acontece.
Uma síntese de todos os resultados obtidos até ao presente momento, de forma
a que se possa visualizar os diversos efeitos de estrutura, é apresentada no Qua-
dro 15.
QUADRO 15
As taxas brutas e o método da população-tipo
Prop. Mulheres
TBN : TFG P. Tipo (A) P. Tipo (B)
. 15-49 anos
País A 12,70 54,41 54,43 63,57 0,23350
País B 37,84 169,37 146,07 169,37 0,22344
diferença 198% 211% 168% 166% —
: 233
o
No entanto, no caso específico da natalidade e da fecundidade, uma aplicaçã
particular do método das taxas-tipo é muito utilizada, não só em Demogralia His-
tórica,. como..em todos.0s..casos. em. que. os. dados são. escassos, ==. 0s..Ándices de
Coale... de uma
Este autor, em 1972, escolheu como modelo as taxas de fecundidade
de ter as taxas de
seita religiosa (as mulheres Hutterite), que tinha a particularidade
óptica
fecundidade mais elevadas que se tinham encontrado no mundo, quer numa
temporal quer numa óptica espacial.
muito
As taxas das mulheres Hutterite, também conhecidas como as taxas
próimas do amodelo natural», passaram a partir dos anos 70 a ser consideradas
-omo uma referência de comparação na evolução dos modelos. de fecundidade e.
são as seguintes:
600
500
400
taxas por mil
300 |
200
100
o les «Natural»
Cabo Verde
15-19
20-24 25-29
40-44 45-49
de Cabo Verde
Figura 25 — Modelo de fecundidade das mulheres «sem instrução»
e modelo de «fecundidade natural» das mulheres Hutterite
234 '
Na figura 25 apresentamos a comparação dos modelos de fecundidade das
mulheres Hutterite e das mulheres em Cabo Verde «sem instrução».
Apesar de termos afirmado que, neste último caso, a utilização da contracepção
era muito reduzida, não deixa de ser muito expressiva a diferença entre os dois
modelos.
Os índices de Coale têm a grande vantagem de precisarem de poucos dados.
Necessitam apenas do total de nascimentos no interior do casamento e fora do
“casamento, bem como das estruturas da população por idades, sexo e estado civil,
Foi fundamentalmente devido ao facto de não necessitarem do conhecimento dos
nascimentos por grupos de idades, que estes índices tiveram um grande-sucesso.
a = (O From) / (À Frwr)
F;= taxas de fecundidade das mulheres Hutterite
m;= efectivos de mulheres casadas, no intervalo de idades i, na população em
análise
wr= efectivos de mulheres, no intervalo de i, na população em análise
é tardia.
O: segundo índice apresentado por Coale é o 1 um indicador de fecundidade
no interior do casamento (antiga fecundidade legítima)
L=Cgm)/ O Fm)
gi= taxas de fecundidade no interior do casamento, no intervalo de idades i,
na população em análise
Fr= o mesmo que em Im
my;= no mesmo que em IL
. 235
di El il
A lógica volta a ser a mesma dos dois últimos índices, com a diferença de que
o autor demonstrou ser possível obter directamente.este-índice.apartir dos índices.
anteriores:
k=1,.In+ (1-1)
Vejamos através de um exemplo como se calculam estes índices.
Numa determinada região temos 692 nascimentos dentro do casamento, 36
WD] nascimentos fora do casamento e sabemos que as 5067 mulheres existentes no
| | período fértil e as 2361 mulheres casadas distribuem-se da seguinte forma: 940
com 7 casadas no grupo 15-19 anos; 868 com 136 casadas no grupo 20-24 anos;
795 com 398 casadas no grupo 25-29 anos; 721 com 494 casadas no grupo 30-34
anos; 649 com 492 casadas no grupo 35-39 anos; 580 com 447 casadas no grupo
40-44 anos; 514 com 387 casadas no grupo 45- 49 anos.
Assim, temos:
Im = (E Frmy / (À Fw)
| = [(0,300 x 7) + (0,550 x 136) + ... + (0,061 x 387) / [(0,300 x 940) +
a +... + (0,061 x 519)]
- | 236
Im = 820,107 / 1904,385 = 0,431
L = (E gm / (E Fim
1, = 692 / 820,107 = 0,844
= (Lhu)/(E Fu)
L, = 36/ [(0,300 x 933) + (0,550 x 732) ... (0,061 x 127]
1, = 36 / 1084,278 = 0,034
Ie= 1. Im+ In (1 — Im)
Ir= 0,844 . 0,431 + 0,034 (1 — 0,431)
Ir= 0,383
No país B:
. 237
QUADRO 16
Descendência média, Taxa Bruta e Taxa Líquida de Reprodução
país A (desenvolvido)
População te - 1000 nD'x te. nP'
Grupos Total de
de Idades Nascimentos Feminina
2 3 4 5 6
1
71 096 1985 000 0,0358 0,9479 0,0339
15-19
237 116 1961 600 0,1209 0,9458 0,1143
20-24
204 722 1901 500 0,1077 0,9432 0,1016
25-29
171 326 2 423 700 0,0707 0,9400 -- 0,0665
30-34
72321 1962 700 0,0369 0,9359 0,0345
35-39
20 374 1942 600 0,0105 0,9297 0,0098
40-44
1565 2 132700 0,0007 0,9208 0,0006
45-49
778 526 14 309 800 0,3832 — 0,3612
Total
QUADRO 17
Descendência média, Taxa Bruta e Taxa Líquida de Reprodução
país B (não desenvolvido)
População t; - 1000 px px-tx
Grupos Total de
de Idades Nascimentos Feminina
2 3 4=2/3 e: 6=4.5
1
10 297 73 381 0,1403 0,8668 0,1216
15-19
17 494 63 010 0,2776 0,8602 0,2388
20-24
12 894 50 924 0,2532 0,8513 0,2155
25-29
74 40 885 0,1828 0,8412 0,1538
30-34
4326 36 115 0,1198 0,8303 0,0995
35-39
1340 29 409 0,0456 0,8178 0,0373
40-44
“220 25 360 0,0087 0,8024 0,0070
45-49
54 043 319 084 1,0280 — 0,8735
Total
238 Í
Assim, por exemplo, se num determinado país tivermos 72 330 casamentos
e 9675 573 habitantes como população média, a Taxa Bruta de Nupcialidade é a
seguinte:
reduzida
O segundo aspecto a reter é que, utilizando a lógica das taxas, podem calcular-
-se vários outros indicadores, que analisam aspectos particulares deste fenómeno.
Não seremos exaustivos nem os desenvolveremos. Apenas nos limitaremos a apre-
sentar os diversos tipos de taxas que nos parecem ser os mais importantes no
perspectiva de análise demográfica:
. 239
Taxa de Nupcialidade por idades ou grupos de idades e sexos
relaciona os casamentos num determinado grupo de idades
com a população nesse mesmo grupo
por exemplo temos no grupo de idades 25-29 anos
240
Taxa Bruta de Divórcio Geral (M) = Divórcios /
! Pop. (M) c/ +15 anos x 1000
7.6. Processo de superação das limitações das taxas brutas na análise do fenómeno
nupcialidade
O princípio da estandardização
2 princípio da translação
241
(Ta
de nupcialidade:
sN, = taxas de nupcialidade por grupos-de.idade.quinquenais
sn;= probabilidades de 1.º casamento (grupos quinquenais)
calcula-se da mesma forma que na tábua de mortalidade
nc= (10. 5N) / (OQ + 5.5N9
C + Cos
242 .
QUADRO 18
Primeiros casamentos, celibatárias e taxas de nupcialidade no país A
G. Idades Primeiros casamentos Celibatárias Taxas nupcialidade
15-19 47 636 839 812 0,05672
20-24 72 058 324 762 0,22188
25-29 14337 97 738 0,14669
30-34 3875 56 940 0,06805
35-39 1802 50 355 0,03579
40-44 1019 48 073 0,02120
45-49 583 43 227 0,01349
Com base nos dados deste exemplo podemos construir a tábua de nupcialidade
apresentada no Quadro 19
QUADRO 19
Tábua de nupcialidade do país A
Grupos de Idades C, My sy
15 100 000 24 838 0,24838
20 75 162 53 634 0,71358
25 21528 11553 0,53665
30 9975 2901 . 0,29078
35 7074 1162 0,16425
40 5 912 595 0,10066
45 5317 347 0,06525
50 4970 — —
Intensidade
Celibato Definitivo
243
Idade Média no Primeiro Casamento
| | CD = 0,09297 (9%)
o L=1— Ts = 0,90703 (91%)
| | IMC = 15 + [(12,34800 — 3,25395) / 0, 90703
| IMC = 25,03 anos
244
7.7. Conclusão
. 245
Fase da expansão: vai desde o nascimento do primeiro filho até ao nascimento.
do último;
Fase da estabilidade: vai desdeo nascimento
do último.filho.até à saída do,
primeiro filho.de.casa;
Fase do declínio: começa com a saída do prime
filho. de. iro.
casa. e acaba com
246 .
c) Descendência Média.
d) Taxa Bruta de Reprodução.
e) Idade Média da Fecundidade.
f) Variância das Taxas de Fecundidade.
P. Total PTotal P Total Solteiros Solteiros Casados Casados Viúvos Viúvos Outros Outros
G. Idades EM H M H M H M H M H M
15-19 22808 11602 11206 11550 10705 51 498 1 2 — 1
20-24 19597 0982 973 8507 6331 1298 3416 16 24 3 2
25-29 17450 8671 8689 4284 2985 4447 5612 30 87 — 5
30-34 13380 6736 6644 1907 149 47,66 5022 58. 124 5 7
35-39 14250 7392 6858 1473 117] 5784 5415 14 258 1 14
40-44 13557 6979 6578 1108 1057 5674 5135 184 310 13 16
45-49 11506 5612 589 730 862 4617 4470 253 543 12 19
m
| Observe com atenção os seguintes dados de Portugal em 1980:
. 247
l o
| Casamentos Femininos, População Solteira e População Total Feminina
| G. Idades Casamentos Pop. Solteira Pop. Total
-15 anos — 1258 703 1258 945
| 15-19 anos 21389 358 023 396 087
| 20-24 anos 31 624 180 424 382 511
| 25-29 anos 7910 58 395 342 787
| 30-34 anos 1850 33 785 322 267
| 35-39 anos 758 25 504 296 464
it] 40-44 anos 401 24 190 300 886
45-49 anos 312 25 447 -. 308 883
n 50-54 anos 230 27 396 302 080
| 55 e + anos 362 135 774 1184389
Total 64 836 2127 641 5 095 039
| Calcule:
a) As principais taxas de nupcialidade. :
b) À tábua de nupcialidade e as principais medidas de nupcialidade.
c) As estimativas das mesmas medidas através do método de Hajnal.
248 :
A natalidade e a fecundidade em Portugal — 1990-1991
Grupos Nascimentos População Taxas IMC VIF VTF VTF A100
Idades 1980-1981 Feminina
15-19 9925 405 500 .02448 4284 —10.00 100 245 24
20-24 33 373 402900 .08283 1.8637 -5.00 25 2.07 83
25-29 40 339 402 100 .10032 27588 0.00 Ô O 100
30-34 22635 356800 .06344 2.0618 5.00 25 1.59 63
35-39 8 095 325 200 .02489 9334 10.00 100 2.49 25
t 40-44 1883 308 000 .00611 2597 15.00 225 1.37. 6
45-49 151 277 100 .00054 0257 20.00 400 22 1
Total 116401 2477600 .30261 8.3315 10.19
População Total = 9 858 600.
Análise comparativa
Medidas 1980-1981 1990-1991 variação %
TBN 15,32. 11,81 — 22,9
TFG 63,31 46,98 — 25,8
DM 2,13 1,51 — 29,1
TBR 1,04 0,74 — 28,8
IMF 27,3 21,5 + 0,73
VTF 38,44 . 33,60 — 12,59
1990
249
q no o 1990
15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 4549 1980
Taxas de Fecundidade de Portugal em 1980 e 1990 ajustadas a 100
ii
In = (E Firm) /(E Frwy)
Im = (0,300 x 498) + (0,550 x 3416) + (0,502 x 5612) + (0,447 x 5022) +
+ (0,406 x 5415) + (0,222 x 5135) + (0,061 x 4470) / (0,300 x 11 206) +
+ (0,550 x 9773) + (0,502 x 8689) + (0,447 x 6644) + (0,406 x 6858) +
+ (0,222 x 6578) + (0,061 x 514)
Im = 10701,388 / 20672,894
Im = 0,518
I = (E gm) / (E Fm
I, = 6043 / 10701,388
IL. = 0,565
bi,
L = (E hu)/(E Fu
1, = 792 / (300 x 10708) + (0,550 x 6357) + (0,502 x 3077) +
+... + (0,061 x 1424)
Ii = 792 / 9971,500
Ii = 0,079
k=L.Ia+k(1- Lo)
I-= 0,565 . 0,518 + 0,079 (1 - 0,518)
Ir= 0,331
HI
T. B. Nupcialidade = (66 334 / 9 833 014) x 1000 = 6,75 por mil
Taxa de Nupcialidade Geral (sexo feminino):
250
Taxa de Nupcialidade Geral das Solteiras:
b) A Tábua de nupcialidade
251
1 = (Cuis — Csso) / Cas
I=1-Csso/
Cys
ou ainda
Celibato Definitivo
49
IMC = x (x. nx) / Cais = Css0
X= 15
252
pa
CAPÍTULO VII
Introdução
253
Finalmente, outro problema importante é 9 dos sistemas de informação dispo-
254
Existem autores que adoptam uma atitude normativa ao definirem migrações
como «o conjunto de deslocações no espaço físico de indivíduos, seja qual for a
duração e a distância entre as deslocações». É verdade que uma definição ampla
é como esta abrange todos os tipos de mobilidade espacial, todavia em análise
demográfica, não é a mobilidade espacial o objecto de estudo mas sim as migra-
ções. Não estamos perante palavras sinónimas, mas perante conceitos com conteú-
casasmo forest ta tan a E dted de LA
ho espaço, as inigrações implicam a mudança do lugar de residência.
“As” migrações internas são, “assim, um, “subconjunto. da. mobilidade espacial
Quando se analisa, a totalidade « das moyimentações. quotidianas. dos indivíduos no
espaço, estamos a falar de um conjunto. finito. de, movimentos. que. são.em .geral
identificados como as deslocações entre a residência e o local de trabalho, de
“estudo, compras, de lazer e outras características semelhantes. Estamos a falar
| do
«espaço de vida» ou.do «centro de gravidade» onde têm origem os movimentos.
| A Geografia Humana 'ou a Geografia da População Seupart-se, em profundididade,
da problem: ática da medição destes movimentos.
|
|
º As migrações implicam uma modificação. da residência habitual. Essa modifi-.
cação pode ocorrer dentro do país (migrações internas)ou, para.fora.do.país (emi-
sração e imigração). É deste tipo de problemas que se ocupa a análise demográfica.
Temos, deste modo, um conjunto de métodos e técnicas comuns aos diversos
tipos de movimentos migratórios. Procuraremos apresentar aqueles que nos pare-
cem ser os mais importantes, tendo em conta a natureza dos dados disponíveis em
Portugal. Foi também a natureza dos dados que motivou o nosso critério de agrupa-
mento dos métodos: existem técnicas que se baseiam na utilização directa da infor-
mação (métodos directos) e técnicas indirectas que procuram «construir a
informação», ou seja, já não são sistemas de informação das migrações, mas uma
autêntica «produção de conhecimento migratório».
2
8.1. Os métodos directos
de análi dos movimentos migratórios
Serro
Estes actodas como o próprio nome indica, São os que. nilizam eirectamente
era
. 255
T. Bruta Imigração = (Imigrantes / População) x 1000
| Taxa Bruta Emigração = (9009 / 10) / [(276 895 + 205 197) / 2] x 1000 =
= 3,74 por mil
ij Taxa Bruta Imigração = (18 / 10) / [(276 895 + 205 197) / 2] x 1000 =
| = 0,01 por mil
||] T. B. Migração Total = [(9009 + 18/ 10)] / [(276 895 + 205 197) / 2] x
à x 1000 = 3,75 por mil
|
|! | a
di
|
| Ê
Nos últimos recenseamentos da população portuguesa têm. sido. publicadas.
in- E
x
|
]
I
formações respeitantes à residência anterior. Tecnicamente não existe nada de
especial a assinalar a não ser o trabalho de se construir uma matriz onde os dados
| de entradas e saídas são combinados. É mais um problema de fontes de informação
ou de sistemas de informação em Demografia, do que um problema da análise
demográfica. No entanto, não deixa de ser importante salientar o facto de que este.
| tipo de informação permite conhecer as migrações internas até ao nível de concelho
| e toma possível o cálculo das taxas indicadas aplicadas a este fenómeno.demográfico
II | específico.
|| | |
|| | QUADRO 20
I | | j Migrações internas em Portugal no período 1995-2001
| Hi] População q Emi Saldo Total Total Total %Pop.R. %Pop.R. %Pop.R.
| | NUTS TE . Residente Inte Ds Eros Migratório Imigrantes Emigrantes Saldo Imigrantes Emigrantes Saldo
| | | || 2001 Interno Internos Intemos Migratório Internos Internos Migratório
| | | Portugal 10356 117 679894 679 894 00 — — — — — —
| || | Norte 3687293 197055 200348 -3293 290 29,5 — 53 54 - 0,09
E | | Centro 1%8217%8 85049 84161 888 125 D4 — 48 47 0,05
|) Lisboa 3468901 319858 320750 -82 40 412 — 92 92 - 0,03
| | | | Alentejo 535753 26715 28975 -2260 39 43 — 50 54 - 0,42
RU] Algarve 395218 29900 23057 684 44 34 — 76 58 1,73
à di Açores 2417%3 10500 108582 —-35 15 16 — 43 45 -0,15
| || Madeira 245011 10817 11751 -93%4 L6 17 — 44 48 - 0,38
|
256
Assim, no exemplo apresentado no Quadro 20 temos para o caso específico da
NUT Norte:
Através dos métodos, directos de análise, limitámo- -nos a calcular algumas ta-
as brutas. Nada dissemos acerca das migrações clandestinas dentro e fora do
o de observação pelo. simples. facto.de, como.o.próprio.nome-indica, estas.não,
seremnobjectode um registo directo. Também as migrações internas, nas suas múl-
. 257
tiplas variantes, só são conhecidas numa forma exaustiva de dez em dez anos,
através da exploração «das questões. retrospectivas- existentes. -Nos.recenseamentos da
população...
intensidade e a direcção dos movimentos. migratórios. quando estes não são pas-
síveis de ser medidos directamente.
A equação de concordância |
O mais conhecido dos métodos indirectos já foi por nós apresentado anterior-
mente: ométodo da equação de concordância.
Vejamos, de novo, a lógica deste instrumento de análise adaptado à resolução
deste tipo de problemas:
Pan=P.+N-O+I-E
Pan P=N-O+I-E
ou
Po . 276 895
Po . 205 197
Pro — Pg 71 698
Nsoro 41053
Obsomo 25 760
Nsoro — Osoro +15 293
A resolução desta equação, em termos precisos, não é tão simples como parece
à primeira vista, sobretudo quando queremos distinguir entre saldos migratórios
internos e externos.
O primeiro problema a resolveré estimar o peso dos clandestinos, ou seja, aten-
der ao facto de! nem todas as migrações serem oficiais.É um problema que não é fácil
258
e para o qual várias soluções.empíricas são apresentadas: considerar as migrações
clandestinas como 1/3 ou 1/2 das oficiais, ignorar os clandestinos e outras “soluções
empíricas ddesta natureza, que podem ser pertinente um determina o. momento
“temporal, mas completamente isentas de validade no período seguinte.
Em nosso entender, são perigosas todas as soluções que procurem encontrar
uma solução uniforme no tempo. É conveniente optar, em « cada decénio, por encon-
trar o peso da clandestinidade a nível de cada país e depois aplicar essa ponderação
as diversas regiões, nesse período, se não tivermos outras informações, normalmen-
te(EMtEGeC
dea tandocarácter
mn ca ste rg
qualitativo.
UA Ci ciano
Ou seja:
I-E=18-12898=-
12880
E as respectivas taxas:
T. B. Emigração (real) = (12 880 / 10) / 241 046 x 1000 = 5,34 por mil
T. B. Imigração = (18 / 10) / 241 046 x 1000 = 0,01 por mil
T. B. Migração Externa Líquida = + 0,01%o — 5,34%o = — 5,33 por mil
T. B. Migração Interna Líquida = (74 111/10) /241 046 x 1000 = 30,75 por mil
T. B. Migração Total Líquida = — 5,33%o — 30,75% = — 36,08 por mil
259
Como é lógico, no caso de a imigração clandestina também ser importante,
como passou a acontecer em Portugal a partir da década de 90, procede-se de
idêntica forma.
Estes métodos assentam numa lógica simples, se bem que a sua aplicação tenha
algumas complicações técnicas: comparar os grupos de idades dos efectivos recen-
seados em dois momentos do tempo, normalmente dois recenseamentos em t e t + n.
Para se estimar o saldo migratório no período intercensitário, multiplica-se.o
efectivo da população no momento 7 pela probabilidade. que..essa população tem
viver à morte no intervalo. n considerado. Em 4 + n obtemos um efectivo de
população. que «seria de esperar», se a população apenas. estivesse. sujeita..ao.
fenómeno da mortalidade.
- 20
0,99797 0,99836 0,99836 0,99878
15 /
0,99869 0,99889 0,99889 0,99932
10
0,99895 0,99923 0,99923 0,99961
Si véverse
0,99820 0,99874 0,99874 0,99915
0
1980 1985 1990 1995 2000
1395 1346 1359 1299
260 ,
To
P45.20 anos = Ps.10 anos X nPx de 1980 — 1985 x «P, 1985 — 1990
= 1760 x 0,99896 x 0,99889
= 1756 (População esperada)
, 261
Como a população recenseada em 1980, no grupo de idades 5-10 anos foi de
1760 pessoas temos:
de idades de chegada. .
O sentido das diferenças é sempre explicitado pelo método. «forward». Neste
caso concreto, como estávamos à espera de 1756 pessoas no recenseamento de
1990 e encontrámos apenas 2380, estamos, pelo menos neste grupo de idades,
numa clara situação de atracção, de imigração ou de saldos migratórios internos
com sinal positivo.
- Como os dois métodos não dão o mesmo resultado, apresentam
E calcule:
262 :
c) Procure corrigir os dados da alínea anterior tendo em conta o fenómeno da
clandestinidade, sabendo que neste período a nível do país houve 681 004 emigran-
tes oficiais e se estima que os clandestinos foram 517 385. Apure o saldo migrató-
1 rio intemo real e interprete o resultado.
d) Com base nos dados obtidos na alínea c) calcule a taxa bruta de emigração
real, de migração externa líquida, de migração interna líquida e de migração total
líquida.
e) Calcule as taxas de crescimento anual médio total, natural e migratório.
: 263
Braga = (867/10) / 604 758 x 1000
= 0,14 por mil
b)
Portalegre Braga
P (1960) 1 188 395 596 768
P (1970) 2 145 197 612 748 -
P (1970) — P (1960) 3=2-1 — 43 198 + 15 980
Nascimentos (60-70) 4 31053 200 045
Óbitos (60-70) 5 19 760 67 669
Nasc. (60-70) — Ób. (60-70) 6=4-5 + 11 293 + 132 376
Saldo Migratório 7=3-6 — 54 491 — 116 396
Emigrantes Oficiais 8 8 114 64 125
Imigrantes Oficiais 9 48 867
I-E 10=9-8 — 8 066 — 63 258
Pan=P+N-O+I-E
Pan P,.=N-O+I-E
ou
264 .
A diferença entre 1 — E e o Saldo Migratório indica-nos claramente que neste
distrito, para além da emigração e da imigração oficiais, existiram outros movimen-
tos — migrações internas, clandestinidade — e que esses movimentos são os mais
! importantes.
c)
Sabemos que a nível do país houve 681 004 emigrantes oficiais e que os clandes-
tinos são, a nível nacional 517 385 sem se conhecer a sua região de origem.
Também sabemos que a clandestinidade varia mais no tempo do que no espaço,
logo, importa, antes de mais, para uma determinada época determinar o peso da
clandestinidade:
Portalegre Braga
Emigrantes Oficiais 8 114 64 125
Imigrantes Oficiais 48 867
Emigrantes Clandestinos 3503 27 683
Total Emigrantes 11 617 : 91 808
I- E (saldo migratório externo) — 11569 — 90941
Saldo Migratório Total — 54491 — 116 396
Saldo Migratório Interno — 42.922 — 25 455
Nota:
S. Migratório Total.-= S. Migratório Externo + S. Migratório Interno
S. Migratório Interno = S. Migratório Total — S. Migratório Externo
d)
Portalegre
T.B. Emigração (real) =(-11617/10)/ 166 796 x 1000
= — 6,96 por mil
T.B. Imigração = + 0,1 por mil
T.B. Migração Externa Líquida — 6,96 + 0,1 = — 6,95 por mil
T.B. Migração Interna Líquida (42 922/10) / 166 796 x 1000
— 25,73 por mil
T.B. Migração Total Líquida =x 6,95 — 25,73 = — 32,68 por mil
+
265
Braga
T.B. Emigração (real) = (—- 91808 /10)/ 604758 x 1000
=- 15,18 por mil
T.B. Imigração = + 0,14 por mil
T.B. Migração Externa Líquida = — 15,18 + 0,14 = — 15,04 por mil
T.B. Migração Interna Líquida = (25 455 / 10) / 604 758 x 1000
=- 4,21 por mil
T.B. Migração Total Líquida =- 15,04 - 4,21] =— 19,25 por mil,
e)
Portalegre
T.C.A.M. Total log (145 197 / 188 395) = 10 log (l+a)
O a=-2,57%
d] 1: TC.AM. Natural log (199 688 / 188 395) = 10 log (l+a)
a = 0,58%
T.C.AM. Migratório a = — 3,15%
Braga
T.C.A.M. Total log (612 748 / 596 768) = 10 log (l+a)
a = 0,27%
T.C.A.M. Natural Jog (729 144 / 596 768) = 10 log (l+a)
a = 2,02% -
T.C.A.M. Migratório a = — 1,75%
266 :
Método Método Método
Grupo Idades Jo
«forward» «reverse» Média
0-4 + 13 383 + 13 609 + 13496 2,9
5-9 + 60 970 + 61362 + 61 166 12,9
10-14 + 13933 + 14017 + 13 975 3,0
15-19 + 36 191 + 36 447 + 36319 11
20-24 + 48325 + 48 802 + 48 564 10,3
25-29 + 32513 + 33 932 + 33223 7,0
30-34 + 39 697 + 40 342 + 40 020 85
35-39 + 43911 + 44 874 + 44 393 . 94
40-44 + 73 585 + 75 809 + 74 697 15,7
45-49 + 42273 + 44 044 + 43 159 9,1
50-54 + 9471 + 10081 + 9776 2,1
55-59 + 50968 + 56 461 + 53715 11,4
Total . + 472503 100
Exemplo
Grupo 0-4 anos
«forward»
439 449 x 0,99142 x 0,99192 = 432 158
saldo migratório = 445 541 — 432 158 = + 13 383
«reverse»
445 541 x (1 / 0,99142) x (1 / 0,99192) = 453 058
saldo migratório = 453 058 — 439 449 = + 13 609
média
(«forward» + «reverse») / 2
(13 383 + 13609)/2 =+ 13496
importância relativa do grupo 0-4 anos = 2,9%
«reverse»
413 258 x (1 / 0,99596) x (1 / 0,99425) = 417 334
saldo migratório = 417 334 — 368 532 = + 48 802
média
(«forward»> + «reverse») / 2
(48 325 + 48 802) /2 =+ 48 564
importância relativa do grupo 20-24 anos = 10,3%
267
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Population Index n.º 55(4), Princeton University Press, 1990.
. 269
bastante simples e fácil de
A Demografia evoluiu de uma problemática inicial
es relacionadas com
delimitar: uma resposta científica a um conjunto de questõ
ou a população) e graphein
| a descrição das populações humanas — demos (o povo
exidade de áreas temáticas
| (escrever)—, para uma crescente diversidade e compl
r. Caracterizar, projectar e
cujos limites são cada vez mais difíceis de precisa
ar as modificações nas
sistematizar o ordenamento espacial da população, analis
do envelhecimento demográfico,
Bo estruturas familiares, identificar as consequências
da sua distribuição espacial,
| | as consequências do crescimento da população e
no ambiente são alguns dos inúmeros
no avaliar o efeito da dinâmica populacional
ta ou, no mínimo, uma
aspectos em que se pede à Demografia uma respos
que se ocupa actualmente a
colaboração. Esta diversidade de problemas de
a quebra da sua unidade
ciência da população não teve como consequência
só apesar das diferentes
inicial, muito pelo contrário. A Demografia é uma
perdem a sua originalidade sem a
especialidades, ou seja, todos os ramos
básico de conhecimentos
referência constante a um núcleo de base. É do núcleo
se ocupa O presente livro,
identificadores da especificidade da Demografia que
da ciência da população
ao procurar um equilíbrio entre a componente teórica
e a componente instrumental e técnica.
to Superior de Estatística
J. Manuel Nazareth é Professor Catedrático do Institu
Lisboa. Está ligado a projectos
e Gestão da Informação da Universidade Nova de
ctiva e Ecologia Humana.
nacionais e intemacionais na área da Demografia, Prospe
publicados nesta Editora e
As suas principais obras e trabalhos encontram-se
especialidade. Presentemente
em diversas revistas nacionais e estrangeiras da
ráfica e Análise Prospectiva
lecciona as cadeiras de Sistemas de Informação Demog
a de Informação Geográfica,
no Mestrado de Gestão de Informação (variante, Sistem
Demográfica e Ambiental).
1 [|]Ly |
978-972-23-3153-1
rã EDITORIAL PRESENCA
ISBN