1) O documento resume o verbete "Políticas Culturais" do Dicionário Crítico de Políticas Culturais, escrito por Teixeira Coelho, que define política cultural e discute seus objetivos, motivações, paradigmas e circuitos de intervenção;
2) Coelho argumenta que as políticas culturais enfrentam desafios devido ao enfraquecimento do Estado e maior influência da mídia, levando a uma cultura de segunda classe;
3) O verbete analisa criticamente a realidade das políticas culturais no Brasil
1) O documento resume o verbete "Políticas Culturais" do Dicionário Crítico de Políticas Culturais, escrito por Teixeira Coelho, que define política cultural e discute seus objetivos, motivações, paradigmas e circuitos de intervenção;
2) Coelho argumenta que as políticas culturais enfrentam desafios devido ao enfraquecimento do Estado e maior influência da mídia, levando a uma cultura de segunda classe;
3) O verbete analisa criticamente a realidade das políticas culturais no Brasil
1) O documento resume o verbete "Políticas Culturais" do Dicionário Crítico de Políticas Culturais, escrito por Teixeira Coelho, que define política cultural e discute seus objetivos, motivações, paradigmas e circuitos de intervenção;
2) Coelho argumenta que as políticas culturais enfrentam desafios devido ao enfraquecimento do Estado e maior influência da mídia, levando a uma cultura de segunda classe;
3) O verbete analisa criticamente a realidade das políticas culturais no Brasil
Resenha do verbete: “Políticas Culturais”. Dicionário Crítico de Políticas
Culturais.
Rio das Ostras
2021 COELHO, Teixeira. “Políticas Culturais”. Dicionário Crítico de Políticas Culturais. São Paulo, Ed. Iluminuras, 1997, p.293-300.
Teixeira Coelho (São Paulo, Brasil, 31 de janeiro de 1944) é professor titular
da Universidade de São Paulo. Possui graduação em Direito, mestrado em Ciências da Comunicação e doutorado em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado na University of Maryland, EUA. Concomitantemente, especialista em Política Cultural, atua como colaborador da Catedra Unesco de Política Cultural da Universidad de Girona, Espanha; coordenador do curso de especialização em gestão e política cultural do Observatório Itaú Central; curador de diversas exposições realizadas no Brasil e no exterior. Autor de livros sobre cultura e arte, premiado pelo livro História Natural da Ditadura (Prêmio Portugal Telecom 2007).
O verbete ‘’Políticas Culturais’’ de Teixeira Coelho objetiva definir o que é
Política Cultural e seus complementos. Motivações; legitimações; orientações; objeto; a questão nacional; circuitos de intervenção; modos ideológicos. Aqui, o autor embasa suas definições baseado em aspectos sócio-culturais.
Em primeiro lugar, a política cultural é definida como um conjunto de
iniciativas oriundas do Estado e/ou instituições públicas ou privadas, que visam promover a produção, distribuição e uso da cultura. Definido também, como intervenções realizadas por essas entidades, a fim de satisfazer as necessidades culturais e promover o desenvolvimento das representações simbólicas. Dessa forma, essas intervenções se organizam como:
1. normas jurídicas, ou procedimentos tipificados.
2. intervenções diretas no processo cultural (apoio a manifestações culturais específicas, construção de centros culturais, etc).
Assim, de maneira geral, o objetivo da política cultural é estudar os modos de
proposição das iniciativas, e garantir suas significações nos diferentes contextos sociais que estão inseridas.
A definição de política cultural se apresenta de forma amplamente idealizada.
Entende-se que, os fenômenos culturais adotam a lógica geral da sociedade, pautando as políticas culturais como um conjunto de intervenções dos agentes, com objetivo de administrar um padrão de ordem política e social, ou iniciar uma transformação social. Concomitantemente, surge outro tipo de definição, a junção da política cultural com política social, servindo como recurso importante para legitimar o Estado como entidade que cuida e dá voz a todos.
Estas interpretações destoam-se da realidade social. As motivações mais
usuais de política cultural são: a de difusão cultural, e demanda social. A primeira, baseia-se no conceito de existir um núcleo cultural, de suprema importância, e que deve ser compartilhado para que a maior parcela da comunidade possa usufruir, ampliando o número de receptores ou apreciadores. A segunda, o agente não toma iniciativas, mas reage de acordo com as reivindicações a eles atribuídas. Todavia, apesar das diferenças teóricas entre as duas motivações, na prática as duas não se desvinculam. Assim, nas duas situações, estas políticas demonstram ser volúveis, inconstantes.
O embasamento destas políticas, se dá a partir de quatro paradigmas. O
primeiro, define-se atrelado a uma lógica do bem-estar social, tendo como objetivo controlar, estabilizar a dinâmica social já que o acesso à cultura é visto como complementação do indivíduo. O segundo, mostra-se como intervencionista, buscando orientar a dinâmica social, procurando uma identidade (étnica, sexual, religiosa, etc). O terceiro, manifesta a necessidade de um enquadramento ideológico para o prosseguimento de objetivos. O quarto, pauta-se na prática comunicacional entre o Estado e seus cidadãos. É evidente que, independente do caráter da política cultural, uma prática comunicacional é extremamente necessária. No entanto, se encontra em níveis bem abaixo dos necessários, se resumindo somente a manter abertos os canais mínimos de comunicação entre a instituição e o público.
Assim como as motivações, o objeto das políticas culturais também se
subdivide em duas conceituações: patrimonialista e criacionista. A primeira, visa a preservação, fomento e difusão das tradições e costumes culturais. A segunda, promove a produção, distribuição e consumo de novas obras culturais, privilegiando a cultura média, como cinema, shows, e a superior, como museus, música de vanguarda.
A partir de valores como o nacionalismo, pluralismo cultural ou globalização,
as políticas configuram-se de diferentes formas. Políticas nacionalistas apresentam-se patrimonialistas ou criacionistas. A pluralista, também não exclui as versões, e a globalizante pauta-se no criacionismo, utilizando o critério ‘’qualidade’’ como avaliação das demandas.
Além destas diferentes configurações, as políticas culturais também se
subdividem quanto aos seus circuitos de intervenção:
1. Mercado cultural: pautado na produção, distribuição e consumo da cultura.
Medidas de financiamento, facilitação de acesso econômico, por exemplo. 2. Cultura alheia ao mercado cultural: baseia-se na conservação e difusão dos modos culturais, que não necessitam entrar no mercado cultural. Grupos folclóricos, grupos de cultura popular, são exemplos são objetos destas políticas. 3. Usos da cultura: define-se na criação de condições para o pleno desfrutar dos modos culturais. Produzem cursos, seminários, atividades, que conse- quentemente, atua como educação informal.
4. Instâncias institucionais de organização dos circuitos culturais: atua na
organização administrativa da cultura. Estruturando os agentes e instituições, e determinando os recursos e a alocação dos mesmos em cada cenário existente.
Estas políticas, empregadas isoladamente, perdem força, potencial.
Aplicá-las simultaneamente, resulta em uma sólida política cultural do Estado. Organizar um sistema comunicacional, articulando estas intervenções inicialmente distintas, demonstra um plano nacional de cultura concreto e efetivo.
Concluindo, o autor define como o último ‘’diferenciador’’, os modos
ideológicos das políticas culturais, são eles:
1. Dirigismo cultural: promovem ações culturais baseadas em moldes definidos,
utilizando a preservação do folclore como núcleo da identidade nacional. Praticada principalmente por Estados fortes. 2. Liberalismo cultural: objetivam a adequação da cultura nas leis do mercado. Apoiando a alta cultura, e a cultura veiculada pelos meios de comunicação de massa. Maior dependência da iniciativa privada, ocasionando, consequentemente, uma liquidação dos órgãos públicos da área cultural. 3. Democratização cultural: baseando-se na premissa de que a cultura é força social de interesse coletivo, visa criar condições de acesso igualitário a todos, indivíduos e grupos.
Em síntese, o autor define diversos padrões organizacionais que envolvem as
políticas culturais. No entanto, o texto não atua somente na parte de listagem/ definição dos processos, mas também provoca debates e conclusões sobre a real situação do campo cultural nacional. Os novos rearranjos ideológicos e econômicos no mundo, submeteram às políticas culturais, organizarem-se sob novas perspectivas.
O enfraquecimento do Estado contemporâneo, somado ao direcionamento
das atuações a outras preocupações urgentes, configura, nesse cenário, a cultura como atividade de segunda importância, não mais essencial. A recente dinâmica dos veículos de comunicação, que constrói, desbasta e multiplica valores infinitamente, também influencia nesta problemática, pois o Estado acaba não possuindo mais aquele núcleo cultural, não sabendo o que privilegiar neste campo. E, apesar de serem problemas essencialmente diferentes, contribuem simultaneamente para a omissão do Estado no cenário cultural.
O verbete de Teixeira Coelho é de suma importância para a compreensão da
conjuntura contemporânea das políticas culturais, suas configurações e desdobramentos. A autoridade do autor sobre a temática, e a utilização de textos (referências) de autores e pesquisadores renomados no campo da cultura e antropologia como Guilermo Bonfil, José Joaquín Brunner, constroem tópicos de grande relevância para o entendimento concreto desta temática.
O cenário social definido pelo autor é conflituoso e inconstante, ocasionando
reflexões sobre a realidade nacional. Uma das mais impactantes, se dá a partir do desgaste das políticas culturais. O texto, datado de 1997, na época proporcionou debates importantes. Os impasses e adversidades relacionados a esse campo que antes eram aparentes, hoje são estratosfericamente maiores. A inconstância das políticas culturais, fator presente em todo o cenário nacional (passando, inclusive, por gestões diversas), atualmente passa por um dos, se não o pior momento da história das políticas culturais: a inviabilização do campo da cultura, seja na extinção de elementos prioritários como o MinC (Ministério da Cultura), seja, a partir de 2020, com o contexto da pandemia.
Em síntese, o verbete ‘’Políticas Culturais’’ de Teixeira Coelho torna-se um
exemplar no estudo das políticas culturais. O detalhamento das pautas que permeiam este campo é um fator presente ao longo do texto. O autor apresenta de maneira exímia, todas as questões, implicações e resoluções relacionadas à temática. E, apesar de apresentar um cenário catastrófico sobre a situação do campo das políticas culturais, apresenta-se como um excelente elemento para a compreensão desta realidade nacional. Dessa forma, o verbete, assim como o Dicionário Crítico de Política Cultural, são imprescindíveis para a construção de um estudo sócio-cultural, que possibilita aos leitores um entendimento integral de todo o contexto deste campo amplo e complexo das Políticas Culturais. REFERÊNCIAS: