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TEMA I - A DEMOGRAFIA COMO CIÊNCIA DA POPULAÇÃO
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Por vezes referida como disciplina auxiliar, porventura de alguma utilidade, até
à segunda metade do século XX, a Demografia foi praticamente ignorada. A
diminuta importância atribuída à Demografia, poderá explicar o facto de
repetidamente se manifestar a tendência de - sobretudo em sociólogos,
economistas e geógrafos – para anexar as questões de população. Dos
trabalhos produzidos na segunda metade século XX, só Jean Piaget considera
a Demografia em plano de igualdade com outras ciências do homem.
Os próprios demógrafos assumiram durante muito tempo este estatuto menor.
O próprio Landry (2) chegou a escrever que “ a Demografia é apenas um ramo
da Sociologia”
Nos sistemas universitários, decisivos para o reconhecimento, a divulgação e a
aprendizagem dos saberes, a Demografia foi sendo sistematicamente excluída
ou, na melhor das hipóteses, remetida para um plano secundário.
Devido aos enormes progressos e extraordinários contributos da Demografia
nos últimos cinquenta anos do século XX e também à acuidade de muitos dos
novos problemas demográficos com que se defronta o mundo actual, foi-se
manifestando o reconhecimento do estatuto científico pleno a que tem direito a
Demografia.
O reconhecimento oficial do termo e da Demografia enquanto ciência
aconteceu após o Congresso Internacional de Higiene e Demografia, realizado
em 1882 em Genebra, no seguimento do Livro de Achille Guillard o qual tratava
precisamente de questões sobre Demografia como ciência e sobre estrutura e
tipologia da população.
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1.2 As diferentes definições de Demografia.
A Demografia é uma ciência social de raiz biológica pois que os dois grandes
fenómenos demográficos – a natalidade e a mortalidade - são antes de mais
manifestações de fenómenos biológicos. É no estudo destes fenómenos que
sendo biológicos na sua origem, sofrem profundas modificações quando
inseridos no ambiente cultural, social e económico, que assenta uma das
maiores originalidades da Demografia.
São várias as definições propostas para a Demografia. As referidas
definições, vão desde as que se apresentam em linhas gerais, às que
concebem esta ciência como um estudo estatístico dos fenómenos
populacionais e as de enfoque integral (estudo quantitativo e qualitativo) dos
fenómenos populacionais.
Entre as diferentes definições, citam-se as seguintes:
a) «A Demografia é a ciência que tem por objecto o estudo das populações
humanas».
b) «A demografia é a ciência que tem por objecto o estudo do volume,
estrutura e evolução das populações humanas desde um ponto de vista
principalmente quantitativo».
c) «A Demografia limita-se na descrição estatística das populações
humanas, no que diz respeito à:
- Ao seu estado (cifra da população, distribuição por sexo, idade, estado
civil estatísticas da família, etc.), numa data determinada e
- Aos eventos/factos demográficos (nascimentos, mortes, celebração ou
dissolução de uniões) que se produzem nestas populações».
Obs: Dado o seu enfoque integral, deve-se optar pelas definições assinaladas
com as alíneas b) e d).
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1.3 Unidade e diversidade da Demografia.
Atendendo à natureza do seu objecto, certos aspectos da Demografia
passaram a ter denominações específicas. Tal facto, resultou do
desenvolvimento moderno da Demografia caracterizado por uma maior
especialização dos cientistas. Gradualmente a Demografia foi-se
transformando num sistema de ciências. Segundo (Nazareth, 2009), a
Demografia apresenta os seguintes ramos:
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3- Demografia Histórica – trata-se de outro ramo que depressa ganhou
autonomia, a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Tem como objectivo
fundamental aplicar os métodos e técnicas da Análise Demográfica ao estudo
das populações do passado.
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A alteração das estruturas familiares.
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1.5 Relação da Demografia com outras ciências
O economista pode constatar que o rendimento das famílias influi nas decisões
de ter filhos, enquanto o sociólogo pode concluir que as mensagens que se
transmitem nos meios de comunicação influem sobre as decisões de as
pessoas migrarem. O antropólogo, está em condições de investigar as
repercussões que os padrões culturais predominantes têm em relação ao
número de filhos que as mulheres desejam ter.
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Em conclusão trata-se de uma relação de reciprocidade e complementaridade,
já que a Demografia é de grande utilidade para qualquer cientista social e por
sua vez o demógrafo necessita dos conhecimentos das restantes ciências
sociais.
Além da relação que a demografia tem com outras ciências sociais, também se
relaciona, com a estatística, a biologia, a medicina e a geografia.
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Em Angola, tal como nas demais ex-colónias portuguesas, foram realizados
Censos em 1940, 1950, 1960 e 1970 além de Censos parciais realizados antes
de 1940. O principal mérito destes Censos é o de constituir a série ininterrupta
mais longa de censos em África, apesar de serem precários.
Definição de Censo
Finalidades do Censo
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Características dos censos
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5. Universalidade da enumeração dentro deste território - Estabelece que
todos os indivíduos devem ser recenseados, sem omissões nem
repetições.
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A segunda etapa, é a da Execução do Trabalho de Campo. Para cada
domicílio deve ser preenchido um formulário censitário, com a informação
sobre todos os seus membros. Os entrevistadores, previamente treinados,
cobrem zonas claramente delimitadas com a colaboração dos supervisores de
campo. A responsabilidade directa pelo preenchimento dos dados de cada
pessoa, cabe ao recenseador, mediante entrevistas individuais, ou informantes
qualificados, ou chefe de domicílio, que devolve o questionário preenchido ao
recenseador. O primeiro método é aplicado principalmente nos países do
terceiro mundo enquanto o segundo é aplicado nos países do primeiro mundo,
onde os questionários podem ser distribuídos inclusive pelo correio. Em muitos
países europeus o chefe de domicílio pode optar pela remessa do questionário
pelo correio ou por uma entrevista. Os questionários, uma vez preenchidos,
são recebidos e controlados de acordo com o sistema estabelecido (por zonas,
por entrevistador, etc.).
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tabular, é uma actividade delicada que precisa de conciliar o interesses de
profissionais e de instituições das mais diversas áreas,
Erros de conteúdo
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sobre os lares e famílias das referidas áreas sobre a população rural ou
urbana, etc.
Como desvantagem, aponta-se a possibilidade de omissão de alguma pessoa
que fique muito tempo fora do seu domicílio ou porque famílias completas, se
encontrem ausentes durante o período do Censo.
A tendência actual é de se optar pelo Censo de Jure ou de Direito, pelas
possibilidades de estudo dos lares, famílias etc.
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Limitações dos Censos
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1.6.2 O Sistema de Estatísticas vitais (Registo Civil)
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1. O registo oficial dos eventos vitais: óbitos, nascimentos, casamentos,
divórcios e eventualmente, adopções, legitimações e mudanças de
ocupação e residência.
2. A contabilização desses registos em informes estatísticos
3. A sua sistematização e consolidação.
4. A elaboração e publicação periódicas de relatórios estatísticos sobre os
eventos registados.
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se apresenta uma necessidade concreta de obter uma certidão de nascimento
para entrar na escola, obter emprego, etc.
A duplicação do registo ocorre geralmente devido a necessidade de obter
documentação pessoal por perda dos documentos originais, aliada a
impossibilidade prática de obter as segundas vias dos registos originais, por
ineficiência burocrática, o individuo deve “nascer de novo” para obter a
comprovação necessária.
1.6.3 O Inquérito
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necessários. Na demografia, inquéritos amostrais podem ser usados por
exemplo para:
Limitações do Inquérito.
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amostragem pode ser problemática se a amostra não se baseia num Censo ou
nalgum registo.
Vantagens do Inquérito
- É menos oneroso
- Envolve menos pessoal, o que permite uma melhor preparação em relação às
tarefas a realizar, facto que se traduz numa melhor qualidade da informação
obtida.
- O tempo entre a recolha da informação e a sua publicação é menor,
comparado com o censo.
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TEMA 2- ESTADO DA POPULAÇÃO.
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2- A diminuição da percentagem de brancos foi reforçada pela migração
interna dos negros, das áreas rurais para as áreas urbanas.
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Nhaneca 79.884 108.000 138.191
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De modo geral, o tamanho e a complexidade dos domicílios tende a diminuir
como consequência do desenvolvimento socioeconómico. Por exemplo, a
proporção de domicílios com 8 ou mais membros, encontrada no censo de
1984 no Congo era de 23,6%. No censo do Chile em 1982, era de 9,7% e na
Suíça apenas de 0,4%.
2.1.3 Instrução
Os antropólogos e peritos em educação, assinalam que a maior parte dos
conhecimentos, para alguns 90% ou mais – não são adquiridos por meio da
educação formal (escolas, cursos, etc.), mas pela experiencia prática de todos
os dias em contacto com o ambiente que nos rodeia, pelos mais velhos no
meio rural, pelos meios de comunicação, como rádio a televisão, a publicidade,
a internet etc. No entanto, nas sociedades modernas, e especificamente nas
definições censitárias, o nível de instrução refere-se à instrução formal
proporcionada e/ou controlada pelo Estado e medida em anos lectivos
completos. Fala-se habitualmente em três (as vezes quatro ou cinco) ciclos de
educação formal: primário, básico ou elementar, secundário ou médio e
terciário ou superior as vezes dividido em graduação e pós-graduação. A este
pode-se juntar o nível pré-escolar e/ou ciclo preparatório.
Existe um certo consenso quanto ao “mínimo dos mínimos” de instrução que se
deve garantir a qualquer cidadão: saber ler o jornal ou uma revista popular,
fazer as quatro operações fundamentais de aritmética, escrever um texto
elementar, por exemplo uma carta familiar. Esta pessoa pode ser chamada de
alfabetizada.
Tecnicamente, o analfabetismo é definido como a incapacidade de uma pessoa
maior de 10 ou 15 anos de ler, compreendendo o que lê, e de escrever um
texto simples no seu idioma. Portanto não inclui as crianças menores de 10 ou
15 anos; também não abrange os estrangeiros que só sabem compreender e
expressar-se na sua língua de origem. Entretanto é analfabeto o individuo que
só sabe desenhar a sua assinatura ou escrever uma frase “de memória” , sem
compreender o que está a escrever. Convém mencionar aqui os “analfabetos
funcionais”, que são os indivíduos que foram minimamente alfabetizados que,
por falta de novos contactos e de elementos de leitura, sem prática de escrita,
perderam progressivamente os conhecimentos adquiridos. Mesmo nos países
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desenvolvidos, onde o analfabetismo foi convencionalmente erradicado,
existem hoje em dia muitos “analfabetos funcionais”.
Indicadores Educacionais
Os indicadores educacionais são divididos em duas categorias: Indicadores do
Desempenho do Sistema Educacional, que quantificam o número de pessoas
que num determinado momento recebem instrução nos diferentes níveis e
Indicadores do Nível Educacional atingido como resultados seus estudos.
Dentro da primeira categoria, os indicadores são os seguintes:
→ A Taxa Bruta de Matrícula (ou Escolarização) por Ciclo, é a razão entre o
número de alunos matriculados nas escolas de um determinado nível e a
população total do país.
→ A Taxa geral de Matrícula (ou Escolarização) por Ciclo é a razão entre o
número de alunos matriculados nas escolas de um determinado nível e a
população na faixa etária correspondente a este ciclo. Por exemplo, no
Botswana em 1985 havia 223.608 alunos matriculados no ensino primário. Este
número, dividido pela população estimada de 6-12 anos e multiplicado por 100,
dá uma taxa de 104%. Como acontece não raras vezes nos países
subdesenvolvidos, a taxa neste caso é maior que 100%. Isto acontece porque
nem todos os alunos matriculados no ensino primário necessariamente
pertencem à faixa de 6-12 anos: muitos podem estar atrasados em relação ao
currículo padrão e ter idades maiores. Por isso, uma Taxa Bruta de Matricula
elevada, não é necessariamente um bom indicador, pois que pode ter como
causa altas proporções de repetentes ou um afluxo muito grande às escolas de
alunos mais velhos.
→ A Taxa Específica (ou Líquida) de Matrícula (ou Escolarização) por Ciclo, é
a proporção da população na faixa etária correspondente à um determinado
ciclo escolar que efetivamente está matriculada numa escola deste nível. Esta
taxa portanto, é igual a anterior, mas exclui do numerador os alunos
matriculados que não pertencem à faixa etária “normal” para o ciclo que
frequentam.
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→ A Taxa de Repetência é a percentagem de alunos repetentes, para cada
ano ou nível de ensino. Em 2003, a Taxa de Repetência em Angola era de
26%.
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respeito à variante “grupos de idades”, convencionalmente estabeleceu-se que
os referidos grupos devem ser quinquenais, o que não impede que pelas
características da informação ou pelas conveniências do trabalho, não se
empreguem outros tipos de agrupações como por exemplo os decenais, etc. As
agrupações por idades, formam os chamados intervalos de idade.
O Sexo, constitui igualmente uma importante característica demográfica. O
Sexo tem a sua incidência nos nascimentos, nas defunções (mortes) e imprime
um comportamento diferencial nas migrações, distribuição ocupacional e em
quase todas as características em que se pode estudar a população.
O estudo da população tendo em conta o sexo, raramente se faz de forma
isolada, mas sim de forma combinada com a idade. Assim é factível estudar a
estrutura por Idade e Sexo da população.
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UTILIDADE DA PIRÂMIDE ETÁRIA
A sua utilidade reside em:
Comparar as estruturas demográficas no tempo e no espaço.
TIPOS DE PIRÂMIDES
Existem dois tipos principais de Pirâmides Etárias que correspondem à dois
grandes grupos extremos de populações:
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Obs: Observar a Pirâmide “A”
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2.3 Relação de Masculinidade
A Relação de Masculinidade, também chamada de índice de Masculinidade é a
razão entre os efectivos masculinos e os femininos de uma população, na
óptica de quantos homens estão disponíveis em relação ao número de
mulheres existentes.
O estudo da Relação de masculinidade permite compreender como se
apresenta o mercado matrimonial, além de permitir uma percepção em relação
às estruturas familiares.
As pirâmides etárias nunca são simétricas. Em primeiro lugar nascem mais
rapazes do que raparigas (por cada 100 raparigas nascem em geral, 105
rapazes) fazendo com que geralmente a base de uma pirâmide seja maior do
lado masculino do que do lado feminino. Em segundo lugar, a mortalidade, que
é o factor fundamental na explicação da redução do efectivos, é sempre mais
precoce nos homens do que nas mulheres (é o fenómeno da sobremortalidade
masculina); consequentemente, a medida em que avançamos na idade, a
superioridade numérica dos efectivos masculinos começa a diminuir. Nos
últimos grupos etários, o sexo feminino tem sempre um maior volume
populacional em relação ao masculino. Finalmente existem outros factores tais
como as migrações e as guerras que podem modificar o perfil de uma pirâmide
de idades.
Em função do exposto, facilmente chegamos à conclusão de que se torna
necessário completar a informação obtida através das pirâmides etárias com
um instrumento de análise: as Relações de Masculinidade por idades e por
grupos de idades. O gráfico das Relações de Masculinidade mostra como é
que os efectivos existentes num determinado grupo de idades são partilhados
entre o sexo masculino e o feminino. O Cálculo da Relação de Masculinidade é
bastante simples: basta dividir (em cada idade ou grupos de idades) os
efectivos masculinos pelos efectivos femininos, multiplicar por 100 e
representá-los graficamente.
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Como de forma geral existem mais efectivos femininos do que masculinos, as
consequências prendem-se com a dificuldade na constituição das famílias, bem
como o atropelo das normas de conduta cívico-moral.
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O extremo superior, também não é rígido, pois que varia em dependência da lei
sobre segurança social vigente em cada país.
A Razão de Dependência
É definida como a que se estabelece entre a parte da população que pelas
idades se apresenta como consumidora e a outra que pelas idades se
apresenta como produtora.
A Razão de Dependência, é um indicador que expressa o peso da inactividade
económica implícito na estrutura etária de uma população.
Cálculo e Interpretação da Razão de Dependência
x 100
Onde,
RD= Razão de Dependência
(p<15)= População com idades inferiores à 15 anos.
(p>64)= População com idades superiores a 64 anos.
(p 15 a 64)= População com idades compreendidas entre os 15 a 64 anos.
A Razão de Dependência, oferece-nos um duplo significado: O económico e o
demográfico. O Significado económico, está associado à co-relação entre o
volume da população produtora e a consumidora enquanto o significado
demográfico decifra-se deduzindo a estrutura e o tipo de população.
N.B. Ver no caderno exemplo dado pelo professor.
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