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As gerações brasileiras e sua formação histórica1

Arlete Salante
Antonio Meneghetthi Faculdade (AMF)
arletesalante@gmail.com

Ana Petry
Antonio Meneghetthi Faculdade (AMF)
anapetry@profilo.com.br

RESUMO

A produção de estudos sobre gerações no Brasil acontece de forma mais recente. A pesquisa
bibliográfica deste artigo aborda a caracterização das gerações com a história do Brasil nos
seus aspectos sociais, políticos e econômicos, e estes, em relação à situação mundial no
período estudado. Contextualiza-se os coortes das gerações de Tradicionalistas, Baby
boomers, X, Y e Z definidos pelas ciências humanas e sociais com as gerações brasileiras,
uma vez que todas elas se encontram no mercado de trabalho nos nossos dias. Conclui-se com
as principais características de cada geração.

Palavras-chave: gerações; Tradicionalistas; Baby boomers; geração X; geração Y; geração Z.

Brazilian generations in the workplace and its historical formation

ABSTRACT

The scientific research on generations in Brazil happens to most recent form. The literature of
this article discusses the characterization of generations with the history of Brazil in their
social, political and economic aspects, and these, in relation to the world situation during the
study period. Contextualizes the cohorts of generations of Traditionalists, Baby Boomers, X,
Y and Z defined by the humanities and social sciences with Brazilian generations, since all of
them are in the job market today. It concludes with the main characteristics of each
generation.

Keywords: generations; traditionalists; Baby boomers; Generation X; Generation Y;


Generation Z.

1
Parte do Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao curso MBA Business Intuition como
requisito parcial para obtenção do título de pós-graduação.
1

1 INTRODUÇÃO

Os jovens de diferentes tempos entram para o mundo do trabalho com diferentes


aspirações, orientações e contextos sócio-econômico-culturais. As gerações que chegam
provocam conflitos porque estão vivendo seu tempo atual, vendo o mundo a partir da sua era,
muitas vezes desconhecendo e até desconsiderando o processo histórico. Fazem um
verdadeiro tumulto com a abundante energia que a juventude lhes proporciona. É usual para
as gerações que entram no meio profissional confrontar o modo como o trabalho é realizado.
Ao perceberem modelos de gestão ou formas de trabalhos desatualizados, pela sua percepção,
sentem-se com maior liberdade de criticar o que encontram profissionalmente e com isso,
também, trazem mudanças inusitadas e impensadas anteriormente. Confrontam para melhorar,
nem sempre conseguem, mas é fato que os processos mudam. Instala-se o tão falado “conflito
de gerações” que também remete a um conflito de expectativas. Enquanto a geração mais
velha espera que os mais novos ajam como eles, num mecanismo de projeção, a nova geração
espera ter espaço para mudar o que não considera bom.
A pesquisa bibliografia deste artigo aborda a caracterização das gerações com a
história do Brasil nos seus aspectos sociais, políticos e econômicos e estes, em relação ao
contexto mundial. A produção de estudos sobre as gerações brasileiras acontece de forma
mais recente e observa-se que possui forte referência na literatura e modelo americano dos
coortes2, contemplando fatos históricos, econômicos e culturais externos a nossa realidade.
Deste modo, contextualiza-se com as referências históricas brasileiras e busca-se traçar as
características de cada geração.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 AS GERAÇÕES
O conceito de gerações está relacionado com as mudanças sociais e suas
transformações. É um dos temas de estudos e pesquisas nas ciências humanas e sociais que,
através da história, tem a oportunidade de refletir sobre a humanidade. Uma geração refere-se
a pessoas nascidas em um determinado período cronológico que vivenciam os mesmos
acontecimentos e processam experiências semelhantes (CORDEIRO, 2012). Também o nome
das gerações é atribuído fazendo menção a fatos: os Tradicionalistas representam valores da
época como austeridade, autoridade e lealdade (OLIVEIRA, 2010); os baby boomers são
chamados os bebês nascidos após a Segunda Guerra Mundial; geração X refere-se ao contexto
americano de Malcon X; geração Y faz alusão a escolha de muitos nomes de bebês russos
com a primeira letra Y; na sequencia, inclusive alfabética, vem a geração Z. Z por “zapear”,
gíria usada pela troca constante de canal da televisão com o controle remoto. Esta geração
também é chamada de “nativos digitais” por ter nascido no momento da criação de muitos
aparelhos tecnológicos.
Cada geração possui uma identidade geracional que se evidencia em comportamentos
e atitudes, do mesmo modo em que cada geração mantém conexão com as anteriores e as

2
“Conjunto de indivíduos que estão experimentando um acontecimento similar no transcurso de um mesmo
período de tempo” (Disponível em: www.ibge.gov.br; Acesso em: 23jun2013).
2

seguintes (WELLER, 2010). Compreende-se que há um elo entre as gerações e, deste modo,
se entrelaçam os modelos comportamentais e observa-se que o modo da educação familiar
também influencia muito. Embora não seja o foco deste artigo compreende-se a relevância.
Observou-se que não há consenso entre os anos limítrofes das gerações citadas em
diferentes referências bibliográficas. Corroborando com essa afirmação, Parry e Urwin (2010,
p. 68 apud CORDEIRO, 2012) escreve que “nem mesmo os estudos internacionais
apresentam convergência de início e término de cada geração.” Para tanto, este estudo
delimita as gerações com coortes aproximativos encontrados nas bibliografias já supracitadas,
conforme descrito no Quadro 1

Quadro 1: Gerações e Anos Limítrofes


Gerações Nascidos entre os Tempo de cada Idades em 2014
anos: coorte
Tradicionalistas 1920 a 1945 25 anos 94 a 69 anos
Baby boomers 1946 a 1963 17 anos 68 a 51 anos
Geração X 1964 a 1977 13 anos 50 a 37 anos
Geração Y 1978 a 1994 16 anos 36 a 20 anos
Geração Z 1995 a 2012 17 anos Até 19 anos
Fonte: CORDEIRO (2012); LANCASTER e STILLMAN (2011).

Por este quadro é possível visualizar anos, os tempos de cada coorte e idades. Olhando
as idades dos tradicionalistas aos jovens da Geração Z, é claro perceber que o mundo hoje em
2014, contém pessoas de todas as faixas etárias mencionadas. A expectativa de vida cresceu
entre os humanos, assim, todas as gerações estão no mercado de trabalho, apenas não na
mesma proporção.

2.2 A FORMAÇÃO DAS GERAÇÕES BRASILEIRAS E O CONTEXTO MUNDIAL


2.2.1 GERAÇÃO TRADICIONALISTA

A primeira geração nomeada por sociólogos, os Tradicionalistas, é conhecida como a


geração da Segunda Guerra Mundial que, com poucos recursos financeiros e sem orientação
dos pais, aprendem sozinhos a atender as próprias necessidades. A formação militar desta
época contribui para a ética no trabalho e a lealdade às instituições a que pertencem
(LANCASTER e STILLMAN, 2011). Oliveira (2010) aponta que os jovens desenvolveram
os valores de compaixão e solidariedade neste período em função da guerra e das perdas que
ela trouxe como consequência - a crise econômica e imigração. A Segunda Guerra afetou a
sociedade mundial; portanto, a missão dos jovens era de reconstrução da sociedade.
Os Tradicionalistas são nascidos entre 1920 e 1945. No Brasil, entre 1922-1930, os
tenentes dos comandos se opõem a setores de bases militares e promovem os chamados
levantes tenentistas; acontece a Coluna Prestes (1924 a 1927) movimento político-militar que
tem como bandeiras a moralidade pública, a obrigatoriedade do ensino primário para toda
população, a democratização do voto e dignidade nacional. O Exército se posiciona como
força anticomunista (ARNS, 1985) .
Em 1937 as Forças Armadas se agrupam em torno de Getúlio Vargas e instaura-se a
3

ditadura com nome de Estado Novo que faz poucas conquistas nacionalistas, mas suficientes
para contrariar interesses norte-americanos. Com isso Getúlio em 1945 é deposto pelos
mesmos militares que comandaram a repressão durante a ditadura (ARNS, 1985).
Os jovens Tradicionalistas não tinham muitos direitos trabalhistas assegurados. A
CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas, sancionada pelo então presidente Getulio Vargas
em 1º de maio de 1943, unificou e assegurou o que existia no Brasil até aquele momento.
O Brasil, um país novo, estava ainda recebendo imigrantes, especialmente no Sul e no
Sudeste. Os imigrantes contribuíram fortemente para a miscigenação cultural e formação de
muitos municípios. São reconhecidas pelo desenvolvimento de muitas microrregiões de
estados brasileiros.

Entre os anos de 1910 e 1920 chegaram às primeiras famílias à


“Colônia Santa Rosa-Buricá”, hoje município de Três de Maio.
Vieram das chamadas “colônias velhas”, trazendo consigo um espírito
desbravador, cheios de vontade de vencer, muita fé, enfim,
características típicas dos pioneiros. Diante das dificuldades iniciais,
não desanimaram, ao contrário, se uniram, fundaram comunidades
religiosas, associações e cooperativas, para desta forma construir
igrejas, escolas, hospitais, estabelecimentos comerciais, sociais,
culturais e esportivos (http://www.setrem.com.br/46-historico).

O espírito comunitário e solidário proporcionou desenvolvimento de muitas


comunidades rurais que depois se transformaram em municípios. Havia neles disposição para
formar a própria base econômica, embora a maioria chegasse com poucos recursos, uma vez
que chegavam de uma Europa dizimada e empobrecida pelas guerras. O que eles traziam na
bagagem era esperança na terra nova e força de trabalho, conhecimento de cultivos agrícolas,
artesãos em madeira, couro, metal, etc. A geração Tradicionalistas de imigrantes fez história a
partir de muito empenho social e muita força de trabalho.
Compreende-se as enormes mudanças que ocorreram nos últimos 60 anos ao
conversar com Tradicionalistas sobre as mudanças do mundo do trabalho, comportamentos,
modelos culturais, sociais e religiosos, condições econômicas, alimentares, locomoção, acesso
a informação, saúde, educação, formas de execução dos serviços, energia, infraestrutura
dentre outros aspectos. A geração de Tradicionalistas diz, quase que em coro: “tudo evoluiu,
hoje é tudo moderno, muito mais fácil”. Alguns reclamam dos dogmas religiosos seguidos à
risca, outros os mantêm até nossos dias. Hoje muitos percebem o excesso e a rigidez imposta
com a sexualidade e o casamento, entre outras convenções sociais que se tornaram mais
flexíveis. Percebe-se que o grau de dificuldade enfrentada em todos os contextos levou esta
geração a vivenciar situações com maiores sacrifícios, inclusive físicos. Alguns só iam à aula
em dia de chuva, pois quando havia sol era necessário ajudar no trabalho. Havia poucas
escolas e professoras, apenas famílias com boas condições econômicas colocavam seus filhos
para estudar, mesmo assim, por poucos anos. As histórias de infância dessa geração são
tragicômicas. Lembro-me da história de um tio que num dia de chuva indo para escola usando
tamancos de madeira virou os dois pés para fora por deslizar na lama da estrada e assim, ficou
com os dois pés quebrados de uma só vez.
4

Por outro lado, a relação com a natureza era intensa e regeneradora, dela eram
extraídos os alimentos, as brincadeiras e o desenvolvimento da própria força física. No Brasil
rural a academia era na roça, no cabo da enxada, tocando uma junta de bois no arado, no uso
da foice, machado e serrote. Ou seja, os instrumentos de trabalho que davam acesso a fazer
tudo que era necessária para sobrevivência ou desempenho do trabalho como abrir mato,
cortar árvore, serrar em tábuas, inclusive para fazer as próprias casas, plantar e colher para
próprio sustento e dos animais de criação que ajudavam como força extra e de locomoção. No
Brasil rural as comunidades se formavam com imigrantes colonizadores de todas diversas
partes da Europa.
No Brasil urbano, sem muitos recursos de transporte, o físico ganhava musculatura
nos deslocamentos de bicicleta ou nas longas caminhadas o até o local de trabalho.
Os jovens da geração chamada Tradicionalista hoje estão com idades de 69 e 94 anos.
Estão ativos os que incorporaram as mudanças na vida cotidiana. Alguns optaram por
permanecer trabalhando, vencendo os limites físicos da idade.

2.2.2 GERAÇÃO BABY BOOMERS


A geração pós-guerra, os chamados Baby Boomers, foram os primeiros bebês que
nasceram após a Segunda Guerra Mundial terminar, são marcados entre os anos 1946 e 1963,
hoje, em 2014 estão entre 51 e 68 anos de idade. Eles viveram um período marcante na
história, com muitas transformações mundiais e romperam com modelos comportamentais
estabelecidos. Esta geração influenciou fortemente as gerações seguintes por questionar e
romper com os modelos sociais, culturais e-econômicos estabelecidos até então. Muitos Baby
Boomers são pais da geração X e da geração Y.
Por terem pais mais autoritários, os Boomers criaram seus filhos de modo mais aberto
priorizando qualidade, comunicação e colaboração (LANCASTER e STILLMAN, 2011).
Oliveira (2010) atribui aos comportamentos de disciplina, ordem e obediência impostos por
autoridades como pais, chefes e professores a origem das manifestações de rebeldia. O autor
considera que a situação tornou-se insustentável diante da juventude que emergia no pós-
guerra e estava insatisfeita com a realidade em que vivia.
As primeiras manifestações de rebeldia apareceram na música e nas artes. Surge o
rock and roll e, com ele, os Beatles. Para Meneghetti (2013) os movimentos ligados aos
jovens que surgem alguns anos antes de 1968 abrigam a lógica do pensamento fraco que se
traduz num “falar sem se justificar. Produziram impacto nos jovens, mas não sinalizaram um
percurso para vencer” (Meneghetti, 2013, p. 149). Parece que a rebeldia daquele período
reivindicava uma liberdade de existir, mas ao modo como foi reivindicada levou a uma
massificação. Sobre pensamento forte e pensamento fraco Meneghetti escreve (2013, p.148):
“O pensamento forte é o sincronismo no qual o Ser motiva a própria aparição, a própria
fenomenologia histórica. O pensamento fraco é tudo aquilo que perde esse baricentro e
procura apropriar-se da mídia de massa”.
Compreende-se que o “pensamento forte” faz referencia ao aspecto metafísico3 da
existência humana. Quando o sujeito está em si, tem a possibilidade de escrever sua história a

3
Metafísico: é um ramo da filosofia que estuda a essência do mundo e do homem.
5

partir de uma realização existencial, que transcende a existência física. Diferente do lugar
subjetivo ocupado pelo sujeito no “pensamento fraco”, quando ele executa papéis aos quais
foi condicionado pela mídia de massa.
Para DEFLEUR et al. (1993), o conceito de sociedade de massa teve origem com as
tendências apresentadas pela própria sociedade no fim do século XIX. A sociedade mudava a
imagem de um sistema tradicional e estável com pessoas ligadas umas às outras para uma
representação de maior complexidade e indivíduos isolados. O mundo ocidental passava por
um aumento de heterogeneidade e individualidade, inclusive com crescente alienação do
indivíduo com sólida identificação com a comunidade como um todo. As relações tornaram-
se segmentárias e contratuais, o isolamento psicológico do ser humano agravou-se.
Neste contexto, junto com a Comunicação de Massa surgiu a Indústria Cultural que é
parte dos reflexos pós-Revolução Industrial e do próprio estilo da modernidade.
A representação da palavra “massa” remete a um bolo de massa onde não há um grupo
social entrelaçado e com certo conformismo. Na sociedade de massa os indivíduos estão em
situação de isolamento psicológico uns dos outros, predomina a impessoalidade em suas
interações com outros indivíduos e de alguma forma estão isentos de obrigações sociais
informais. Há um empobrecimento das relações, bem como uma despersonalização, aspectos
que o pensador espanhol José Ortega y Gasset denomina de “homem-massa”.
Pode-se dizer que neste período – décadas de 60 e 70 – mundialmente impôs-se um
modelo de ser jovem que rapidamente se estereotipou4 e ainda perdura porque ganhou força
com as mídias de massa. O movimento hippie defendia um modelo de vida alternativo que
pregava paz e amor, buscando experiências com psicotrópicos, alucinógenos e maconha para
transcender seus limites físicos e viver uma espiritualidade transcendental (GROF & GROF,
1980), que em última análise, é autista5. Os chamados “bichos grilo” escolheram ficar a
margem da sociedade, se alienando dela e ao mesmo tempo acreditando fazer alguma
revolução. Conforme Meneghetti (2013), a revolução externa é o jogo do sistema pesado, já a
revolução interior desperta a si mesmo porque o importante é ser verdadeiro para si mesmo.
Percebe-se que as gerações não são homogêneas, ou seja, os comportamentos e
atitudes diferem conforme os grupos, ideias, enfim, as pessoas se atraem também pelas
semelhanças psicológicas ou complexuais. Do mesmo modo, o fator educação familiar e as
vivencias em cada núcleo familiar influenciam e até determinam o modo de processar os
fatos, pensar, entender o mundo, agir ou interagir.
Assim, ocorreu num mesmo período parte da geração deflagrar a rebeldia e outra
parte direcionar seu ímpeto rebelde para desafiar o status quo e elevar o nível profissional no
âmbito do trabalho, inclusive empenhando-se no desenvolvimento tecnológico. No filme
Piratas do Vale do Silício (1999) o personagem de Steve Jobs em meio a um protesto dos
estudantes da Universidade de Berkeley contra a guerra do Vietnã diz: “aqueles caras pensam
que são revolucionárias, não são, nós é que somos” quando fala ao seus colaboradores diz:
“estamos reescrevendo a história do pensamento humano”. Assim, na realidade prática da

4
Referente a estereótipo: um modelo de comportamento geral que se faz referência de outros semelhantes e que
se torna valor de apoio para individuar segurança e razão dialética com a sociedade – Dicionário de
Ontopsicologia, 2012.
5
Em artigo - Colpa evica e deliquio narcótico – Meneghetti (2000) escreve sobre o comportamento autista
causado pela droga. Tradução nossa.
6

vida este e muitos outros Baby Boomers marcaram sua época no contexto americano.
Enquanto isso, no Brasil 38.987.526 brasileiros viviam no meio rural e a população
urbana era de 32.004.814 brasileiros, conforme censo do IBGE de 1960. O Brasil continuava
mais rural que urbano, logo teve uma formação cultural própria, com muitas desigualdades
sociais e poucas pessoas em condições econômicas de estudo e aprimoramento. Neste período
começa em algumas regiões uma correção adequada do solo visando maior produtividade6 .
A mecanização da agricultura brasileira começa após a Segunda Guerra Mundial e foi um
processo repleto de problemas. O maquinário importado, além de caro, não era adequado às
condições das propriedades rurais brasileiras, não havia a disposição peças sobressalentes
para reposição e a espera podia demorava meses.
No Brasil o intervalo 1946-1964 é vivido como uma etapa de desenvolvimento
econômico e mudanças sociais que provocam modificações profundas na sociedade em dois
sentidos opostos: nacionalista e democrático e, autoritarismo militar de viés fascista (ARNS,
1985). O alinhamento ideológico entre militares brasileiros e norte-americanos é um reflexo
da direita do presidente Marechal Dutra, um governo pró-Estados Unidos (ARNS, 1985).
Os tais “Anos Dourados” no Brasil fizeram a invasão dos eletrodomésticos nas casas
de classe média fazendo o retrato da American Way of Life no Terceiro Mundo. Embora o
estilo americano de viver não passasse pela restrição econômica que o Brasil vivia. No âmbito
econômico...
“A geração que chegou à vida adulta no final dos anos setenta tinha
razões para estar amargurada com uma longa ditadura militar, em um
Brasil cruelmente desigual. Desconfiavam, crescentemente, que pela
via do esforço individual pudessem melhorar de vida. A perspectiva
de transformação do Brasil e de seus destinos pela organização
coletiva foi ganhando credibilidade. Greves defensivas contra a
superinflação se legitimaram diante da maioria do povo como justas.
Foi uma experiência geracional de classe que levou o Brasil a bater,
nos anos oitenta, todos os recordes mundiais de números de horas de
greve” (ARCARY, 2010, p.153-154).

Em 1970 os primeiros Baby Boomers nascidos em 1946 estavam com 24 anos e


enfrentaram as desvantagens de um país subdesenvolvido. O ensino universitário brasileiro
era restrito às universidades federais e a poucas universidades particulares cuja participação
requeria elevado investimento econômico. Além disso, a maioria se localizava em capitais ou
centros maiores. Jovens que quisessem estudar e viviam em área rural ou mesmo em cidades
do interior dos Estados brasileiros precisavam residir em capitais, aspecto que dificultou
muito o acesso ao ensino, especialmente ao ensino superior.
A cultura jovem dos anos 60 no Brasil também teve o movimento pacifista7 hippie.
Suas manifestações se deram pelo meio artístico. Os jovens estudantes engajados fizeram

6
operação tatu no Rio Grande do Sul - informação disponível em http://agribrasil.blogspot.com.br
7
Pacifista porque defendia uma nova sociedade em comunhão e harmonia com outros padrões.
7

manifestos e movimentos políticos no Brasil apoiados por movimentos artísticos e culturais.


Pode-se dizer, que a rebeldia dos Baby Boomers brasileiros foi uma reação provocada pelo
golpe militar, com anos tensos, eles protestaram nos centros acadêmicos e nas ruas até quando
puderam, depois entraram na luta armada, tiveram a liberdade vigiada e muitos destes
estudantes desapareceram ou se exilaram em outros países. No interior do país a vida seguia
para os jovens rurais sem maiores alterações. De modo mais obediente viviam as restrições
econômicas e acompanhavam os acontecimentos por rádios.
Em 1950 é fundada a TV Tupi no Rio de Janeiro, primeira emissora brasileira e no
mesmo ano passam a existir as concessões de emissoras de televisão no Brasil. Até 1959 são
inauguradas TVs em São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre. A partir de 1960
implanta-se a transmissão simultânea, quando várias cidades recebiam sinal ao mesmo tempo.
Em 1965 é fundada TV Globo, que já nos anos 70 adquire a TV Tupi. Nestes anos Globo e
Tupi formavam redes nacionais que alcançavam grande parte do território brasileiro, assim
lideravam a audiência na maioria das praças. Após a aquisição da Tupi a Globo assume uma
posição hegemônica no mercado televisivo brasileiro.
Com acesso a televisão expandido, os Baby Boomers puderam acompanhar a greve
geral em Paris em 19688 e os jogos da seleção brasileira. Na Copa do Mundo de 70 no
México, a transmissão foi em cores pela primeira vez de modo experimental.
A concentração da atividade economica e produtiva nos grandes centros, o excedente
de população no campo aliando-se a perspectiva de melhores condições de vida nas cidades
foram os principais motivos para as populações rurais migrarem para áreas urbanas
(PACHECO,1997). Conforme o censo do IBGE de 1970, observa-se uma inversão da
concentração da população. Se a contagem da população em 1960 apurava um país rural, em
uma década a população urbana atinge 52.904.744 habitantes contra 41.603.839 habitantes na
área rural. A geração X surge neste momento que o Brasil se torna mais urbano.

2.2.3 GERAÇÃO X
Os “X” nascem entre 1964 a 1977, anos que trazem o reflexo das mudanças sociais
como divórcio e mulheres entrando em maior número no mundo de trabalho. Por isso,
flexibilizam o mercado promovendo equilíbrio entre sua vida pessoal e emprego
(LANCASTER & STILLMAN, 2011). A geração X surpreendeu as gerações anteriores que
não estavam preparadas ou abertas para serem questionadas e admitir suas próprias
frustrações apontadas por jovens novatos. Além disso, esta geração não estava disposta a
repetir os pais e pagar o alto preço do sucesso com incessantes horas de trabalho. Afinal, eles
cresceram ouvindo as queixas dos pais em relação aos seus sacrifícios e suas dificuldades no
trabalho.
No Brasil, o nascimento da geração X coincide com o início da ditadura militar de
1964. Porém, a ditadura vai além, perdura até 1985 e depois, começa um período de grande
instabilidade econômica e de inflação. Os X crescem sob-regime de ditadura que fazia coação
psicológica e social aos adultos da época, os Tradicionalistas e os Baby Bomers, ou seja, aos

8
Em Maio de 1968 a onda de protestos que começou com o movimento dos estudantes pedindo reforma
educacional, evoluíram para greve dos trabalhadores. Desencadeou a rebeldia, o desapego material e a crítica ao
sistema.
8

seus pais ou avós. Viram ou sentiram a liberdade vigiada. Também as informações eram
restritas, não havia liberdade de expressão nos jornais, livros e televisão. Esses jovens
cresceram sob o impacto de um país com renda concentrada, acesso à credito limitado,
restrito investimento social e um número grande de pobres. Viveram sua adolescência sob
constante ameaça do Brasil “quebrar”, termo usado na época e bem lembrado por quem
escreve esta reconstituição da história. Não havia uma orientação para o futuro do país,
embora o FMI – Fundo Monetário Internacional – interferisse constantemente na economia,
mas nada surtia efeito. Conforme Leitão (2011) entre 1986, ano do Plano Cruzado, do
primeiro governo pós-ditadura, até 1994, ano do Plano Real, o Brasil teve 11 ministros da
Fazenda.
“O sofrimento que provocou nas famílias, o empobrecimento dos mais
pobres, a desordem na contabilidade das empresas, a incapacidade
absoluta em fazer qualquer previsão e planejamento, tudo ficou
insuportável. A inflação inflacionou a vida brasileira. Ocupou todos os
espaços. Era o único assunto das editorias de economia, era a
manchete mais frequente nos jornais, era a obsessão do cidadão, a
derrota dos governantes” (LEITÃO, 2011, P. 20).

Esta era a realidade da maioria dos estados brasileiros. Ficaram fora do drama
econômico os estados que estavam sendo criados na época e recebiam grandes incentivos com
subsídios e aporte de dinheiro do governo para se desenvolver, como é o caso do Mato Grosso
e Tocantins. Quando os X estavam entrando no mercado de trabalho o País vivia momentos
dramáticos na economia. Após os muitos anos de inflação e hiperinflação a moeda não tinha
valor, não conseguia estabilizar, mas alguém, que não era o povo, ganhava com todo caos. “O
dinheiro jorrava através de inúmeros mecanismos sempre em direção aos mesmos
destinatários” (LEITÃO, 2011, p.92).
Resumidamente, o Brasil teve contas caóticas desde a proclamação da república,
quando acreditava que bastava emitir dinheiro e haveria riqueza. Atitudes violentas como
confisco do dinheiro em aplicações, poupança e até conta corrente que deixaram marcas
dolorosas (LEITÃO, 2011).
A geração X cresce acompanhando os problemas da nação e ainda ouvindo que “a
criança é o futuro da nação”9. De um modo ou de outro já lhe foi atribuída à responsabilidade
de cuidar do “gigante pela própria natureza”, ou seja, a herança de um País grandioso, mas
com problemas de gestão dos recursos públicos desde sua descoberta.
Em 1989 acontece a primeira eleição por voto direto após 21 anos de governo militar,
4 de governo civil, porém com voto indireto. Em 1992, os jovens X com idades entre 15 e 28
anos, com bom humor e disposição fazem a revanche contra a corrupção e ao tipo de política
praticada até o momento, saem para as ruas com rostos pintados com as cores da bandeira do
Brasil. Oportunidade de extravasar a indignação e a insatisfação com os anos de ditadura,
inflação alta, falta de saúde, educação, economia deteriorada, o que era assistido e vivendo
desde criança.

9
Slogan das décadas 70 e 80 muito usado pelos militares no poder.
9

Protagonizou-se um momento marcante na história política do Brasil. A exemplo das


manifestações de 1968 contra a ditadura, porém, desta vez sem medo da repressão militar. Os
jovens estudantes e trabalhadores de todas as gerações tomados pelo sentimento de união,
amor e defesa da pátria que cresceu pressionando com o movimento “fora-Collor” a saída do
então presidente Fernando Collor de Mello. Fez-se o impeachmmment, palavra cujo
significado todos tinham na ponta da língua: cassar o mandato do presidente cruel e corrupto.
O Brasil com ampla liberdade de expressão dos meios de comunicação de massa
apoiou o movimento, ou teria sido o contrário? A mídia deu o tom, deu o nome chamando de
movimento nacional dos “caras-pintadas”. Jornalisticamente relataram os fatos que
presenciaram da geração X com seus rostos pintados querendo dar um basta nos desmandos
da própria pátria. Afinal, os meios de comunicação não são neutros. Porém, embora houvesse
cobertura e apoio era muito marcante o sentimento de responsabilidade com o país. O fato de
ter vivido as manifestações nas ruas, promovendo chuva de papel picado junto com colegas
de trabalho, fez-me recordar o “surto” de responsabilidade coletiva que vivemos. Como,
afinal crescemos ouvindo que nós éramos o futuro da nação, então aquele momento era o tão
esperado: o futuro, hora de ter atitude contra a escolha equivocada do presidente. Todos
sabiam do erro de primeira eleição para muitos, então era necessário e urgente reparar, e o
melhor de tudo, tinha-se a oportunidade e a coragem aquela atitude.
Dois anos depois, após diversos tropeços econômicos, sofrimentos de muitos e ganhos
exorbitantes de alguns, o Brasil encontra o começo da estabilização da sua moeda, que mudou
diversas vezes de nome até chegar ao “real” em 1994, a moeda que derruba a inflação
histórica brasileira (LEITÃO, 2011) .

2.2.4 GERAÇÃO Y
Os primeiros “Y” nascidos em 1978 estão com 16 anos em 1994, “ano do real”. Neste
período de estabilidade política e econômica brasileira a geração Y termina de nascer. Ou
seja, os primeiros Y viveram o processo brasileiro com desestabilização econômica enquanto
crianças e entraram no mercado de trabalho já com moeda estabilizada, a economia em
retomada e desenvolvimento “real” do País. Com Brasil que cresce e emprega, a geração Y
vem para ficar nas próximas décadas no mundo do trabalho e traz suas inovações. Conforme a
Folha de São Paulo (21nov2010), no Brasil esta geração já ocupa 20% dos cargos de gerência
e considerando o quadro geral de funcionários nas empresas, mais de 40% estão dentro desta
faixa etária.
A geração Y, nascida entre 1978 e 1994, conforme Lancaster e Stillmam (2011),
valoriza o legado dos pais, tende a reconhecê-los como pessoas inteligentes, recebem deles
amplo investimento. Também são bastante protegidos com tecnologias disponíveis e maior
conectividade que possibilita aos pais maior controle. A mudança de hábitos dos pais da
geração Y também ocorreu em função do aumento da violência e das distâncias entre casa,
escola e trabalho (OLIVEIRA, 2010).
Lancaster e Stillman (2011) coordenaram um projeto norte-americano chamado
Arquivo da Geração Y, que identificou as tendências que formam e acompanham a geração Y
no trabalho. O item significado do trabalho chama a atenção. No referido projeto estes jovens
manifestaram que o trabalho precisa significar alguma coisa, além de ter uma vida boa graças
a ele. Querem um ganho psicológico proveniente do trabalho, ambientes interessantes com
10

valorização e liberdade de trabalhar. Ao mesmo tempo foram identificadas a pressa que a


geração tem de ser bem remunerada e encontrar seus lugares. Há flexibilidade e facilidade em
trocar de emprego, fazem isso sem dificuldade, que tem facilidade com as tecnologias
disponíveis e não tem muita clareza sobre o que é privado e o que é público.
Percebe-se que dentro de um contexto político democrático, de uma economia sem
maiores sobressaltos e tecnologia disponível, os jovens Y escolarizados buscam o melhor
lugar para si. Naturalmente que apoiados pelos pais, que não viveram as mesmas
oportunidades.
Assim, é uma geração que promove maior rotatividade no mercado de trabalho. A
característica de inconstância pode ser sinônimo de falta de persistência, aspecto que poderá
dificultar a construção de uma carreira.

Conforme Leitão (2010) a queda da inflação fez abertura e salto no mercado, os


brasileiros puderam experimentar novos produtos, novos sabores e emoções. Permitiu olhar
para problemas estruturais e buscar superá-lo. Ainda conforme análise de Leitão (2010) do
mesmo modo em que houve tecnologia para desarmar a reprodução da inflação, cientistas
sociais desenvolveram tecnologia para redução da pobreza e desigualdade social com ações
corretivas que permitiram aos pobres capacidade de consumo e, por consequência,
fortalecimento da economia. Naquele momento começava transferência de renda para
famílias em situações de pobreza e pobreza extrema mediante contrapartida.
Lamentavelmente o Estado relaxou nas exigências de contrapartidas, aspecto
polêmico que traz consequências sérias ao mercado, como falta de mão de obra qualificada.
Percebe-se no cotidiano profissional e social nitidamente que as práticas de
transferência de renda que não exigem contrapartida servem para uma gratificação assistencial
que substitui a ação do sujeito. Logo este que sempre ganha não precisa fazer mais nada, ou
melhor, se fizer perde o seu mínimo garantido e como antes viveu com menos ainda, o que
vem é suficiente. Infelizmente isso ocorre na ampla maioria dos seres humanos e em todas as
classes sociais. Exemplifica-se com o seguinte paralelo: se os pais dão mesada sem conferir a
lição da escola, sem responsabilizar a criança sobre a realização das suas tarefas haverá um
comprometimento no desenvolvimento da autonomia desta criança. Do mesmo modo, se no
âmbito do Estado temos um “pai” ou uma “mãe” (governo) que dá uma “mesada” sem
responsabilizar seus beneficiários com aproveitamento da oportunidade oferecida, poucos por
si só construirão sua autonomia.
Responsabilidade é uma palavra que tem sua origem no latim como respondere =
responder. Conforme Dicionário de Ontopsicologia (2012, p.239) significa: “situação
psicológica na qual o sujeito é necessitado a responder ou existencialmente, ou juridicamente,
ou moralmente. Necessidade de resposta adequada para salvar a integridade10 do
apelado”. Dito em outras palavras é necessário ao ser humano desenvolver em si a
responsabilidade para poder dar respostas adequadas à vida e ao significado de sua
existência. Com a responsabilidade a pessoa reforça sua própria identidade.
Sabe-se que ampliar conhecimento, aprender uma profissão, trabalhar, responder por

10
Grifo nosso.
11

si é desafio diário que requer empenho, contudo é o melhor caminho para resgate e reforço da
própria dignidade da pessoa humana. Por pessoa lê-se no latim per se esse = ser para si
(MENEGHETTI, 2012). Pode-se compreender então que a responsabilidade foca em fazer a
si mesmo, por consequência tem resposta social, econômica, de crescimento.
A oferta de emprego favorece a geração Y na tendência em trocar de emprego com
maior rapidez que as gerações anteriores. É sempre justo buscar o melhor para si, porem de
forma consequente. Nem sempre os desconfortos causados em uma empresa são negativos,
eles podem oportunizar desenvolvimento da resiliência e amadurecimento profissional e
pessoal
Além destas características citadas, observa-se através dos espaços profissionais, em
sala de aula e na vivência clínica a tendência que os Y têm à dispersão num emaranhado de
redes sociais e na influência por modelos midiáticos. O resultado evidencia-se por certa
superficialidade consigo mesmo, no querer as gratificações sem empenho ou mérito, na
hipervalorização do mundo afetivo, de relações e das aparências. Compreende-se que, embora
tragam a necessidade de ver sentido no que estão fazendo, muitas vezes o sentido é mais
externo, porque entram fácil no discurso ideológico do momento, em detrimento à identidade
própria. Aspecto que denota pouca capacidade reflexiva.
Outro aspecto perceptível clinicamente é o tipo de educação com muita gratificação e
proteção. “Quando um jovem é muito gratificado, fica debilitado de ser protagonista da ação
que gostaria. O jovem deve ganhar sozinho o próprio protagonismo; a grandeza, a
magnanimidade é tão bela e densa de dignidade que é preciso conquistá-la e ganhá-la sozinho,
com o próprio coração” (MENEGHETTI, 2013, p.137). Percebe-se que quando as crianças
são substituídas em tarefas como arrumar o quarto, cuidar dos brinquedos, fazer o dever da
escola, entre tantas outras que desenvolvem a criança, tornam-se jovens condicionado a
ganhar, a receber sem merecer. Tornam-se jovens adultos que não construíram a própria
autenticidade, logo não sabem fazer a si, conforme seu projeto existencial, apenas seguem os
memes da massa. Meneghetti observa: “é importante ser verdadeiro para si. Chegar a saber
ser, significa observar todas as regras externas sem nunca trair dentro o verdadeiro que se é,
aquele sentido verdadeiro que faz alma, vida, presença ou angústia (MENEGHETTI, 2013,
p.132).
Em pesquisa realizada com jovens da geração Y em nove empresas de quatro capitais
brasileiras: Porto Alegre, Brasília, São Paulo e Florianópolis, além de uma cidade do Noroeste
do Rio Grande do Sul, totalizando 102 pesquisados presencialmente, Salante (2014)11 ,
através do cruzamento de dados, encontra uma contradição: entre satisfeitos e muito
satisfeitos o total geral chega a 80, 72%, porém, 84% possuem remuneração inferior a quatro
salários mínimos e destes, 64% são graduados e pós-graduados. Além disso, outro ponto são
cargos ocupados pelos jovens. A amostra não reflete nada próximo ao anunciado em revistas
e jornais citados na revisão bibliográfica deste estudo - 20% dos cargos gerenciais ocupados
por jovens Y- foi encontrado 2%. .
Ainda com olhar sobre a pesquisa, aparecem outros aspectos: a autoimagem está
construída na crença que quando focam em algo na carreira obtém satisfação, que sabem

11
Artigo no prelo
12

reconhecer oportunidades e fazem escolhas vencedoras. Contudo, ao mesmo tempo, os jovens


pesquisados desta geração não se reconhecem bem sucedidos profissionalmente. É similar a
dizer: “sei o caminho, mas não estou fazendo tanto quanto poderia”.
Vasconcelos (2010), em pesquisa on line realizada com aplicação do Inventário de
Âncoras de Carreira de Shein12, mostra que “Estilo de Vida” é a âncora tendência desta
geração. Por Estilo de Vida, Shein aponta para o equilíbrio entre a vida profissional e vida
pessoal.
Em empresas pesquisadas este aspecto inquieta as gerações precedentes que
empregam os jovens Y e provoca conflitos no meio profissional. Talvez a lógica do
equilíbrio entre a vida profissional e vida pessoal precisa ser melhor investigada a partir de
como a geração Y compreende estes conceitos. Os empregadores tem a impressão de haver
distorções em nome destes conceitos que resultam em não comprometimento.
Formou uma “cultura” sobre os jovens Y serem mais desenvolvidos que outras
gerações pela facilidade em se adaptarem às novas tecnologias e também ao modo de criação.
Conforme se compreendeu, as gerações precedentes viveram situações desafiadoras e no
momento dos Y, quando o Brasil e o mundo estavam cheios de facilidades, o pouco que a as
crianças fizeram foi hipervalorizado e muito recompensado. Também a saída da mulher de
casa para o mercado de trabalho gerou uma culpa pela ausência. Esta foi compensada por
brinquedos ou outras trocas13. .
Contudo o leitor pode estar desapontado e se perguntando: “mas e os jovens
brilhantes?” Os jovens brilhantes existem e existiram em todas as gerações. São eles que
elevam os padrões de trabalho e alavancam a sociedade, mas nunca é a massa, a massa serve
para manobras midiáticas, ideológicas, religiosas, consumistas e de reforço de estereótipos.
Aos que querem sair da condição de “homem-massa” e contribuir com seu meio é
imprescindível um trabalho de autoconhecimento enfrentando seus problemas mais íntimos
para então ressoar na própria autenticidade, e claro, respondendo sempre em primeira pessoa:
EU.

2.2.5 GERAÇÃO Z
A nomeação “Z” foi atribuída aos nascidos entre 1995 e 2012 em função do “zapear”
com controle remoto trocando de canais constantemente, o que remete a vários aspectos

12
Edgar Schein (1996, apud KNABEM 2005), define oito âncoras que funcionam como referências
estabelecidas pelas pessoas ao fazerem suas escolhas, baseadas nos seus talentos, habilidades, competências,
motivos, necessidades e valores associados à carreira.
13
Em relato de aluno em aula lê-se: “ o mundo de trocas, onde muitas vezes, nós os filhos fazemos favores para
os pais em troca de alguma coisa, dinheiro ou um bem. Essa troca não deveria acontecer, assim o jovem faz as
coisas sem vontade própria” (Y, 21 anos).
13

como: impaciência, insatisfação ou hiperatividade14. São os nativos digitais, ou seja, já


nasceram dentro do mundo e vivem a tecnologia e a informatização como uma habilidade
natural.
Os “Z” começam chegar aos postos profissionais agora, os primeiros desta geração
estão com 19 anos, agora em 2014, e por isso pouco se sabe sobre o que os diferencia da
geração mais próxima, os Y. Porém, pelo convívio com estes jovens em sala de aula e
consultório é possível inferir que não diferem muito dos Y, parece que estão seguindo a
sequência de comportamentos e atitudes, a exemplo da sequencia em que foram nomeados: X,
Y e Z.
Parece terem sido criados como crianças muito excepcionais, ou com inteligência
acima da média e reforçam o padrão Y de querer a medalha sem correr a maratona. Evidente
que o modo da criação da família faz variações para se ter um jovem mais ou menos
disponível para fazer sua parte com responsabilidade.
Compreende-se que os nativos digitais vivenciam experiências com uso de tecnologias
desde que estão no útero materno. Logo, a aprendizagem, a linguagem para tecnologia já foi
assimilada biologicamente. Suponhamos que uma gestante jogue com seu celular, trabalho no
computador ou mexa no controle remoto, neste momento, o feto, que vive no interior daquele
organismo, vive aquela experiência e forma cadeias neuronais para linguagem tecnológica. A
cognição já está se desenvolvendo, assim como os órgãos internos, os membros, enfim, todo
bebê.
Conforme descrição de Pregardier (2013) no Congresso Internacional de Educação
Financeira na Universidade de Aveiro – Portugal – estudos da neurociência mostram que
formação dos traçados mnêmicos é composto de fases que resultam na formação de hábitos:
na primeira fase há um estimulo que requer resposta, na segunda fase ocorre a tomada de
decisão com resposta consciente ou inconsciente, terceira fase a ação, quarta fase é do registro
do modo da ação, quando o individuo já passou pela experiência e já escolheu uma solução,
registra este caminho neuronal que será acionado toda vez que houver uma situação similar. A
quinta fase ocorre quando há repetição da situação estimulo e por último a sexta fase: reforço
do hábito, em situações similares há repetição e assim faz a forma da ação em traçados
mnêmicos. Voltamos agora para compreender as crianças ou mesmo os bebês no ventre
materno: a assimilação da linguagem tecnológica ocorre de modo passivo, inconsciente,
especialmente da geração Z se deu, em grande parte desde bebê, logo a linguagem está
inserida com traçados neuronais. Conforme Dr. Jaderson Costa da Costa15 no Seminário
Marco Legal da Primeira Infância, realizado em Brasília – DF em abril de 2013, o cérebro da

14
Em aula ensino superior sobre Geração onde este artigo foi lido por jovens Z Segue depoimento por escrito de
aluno sobre sua geração: “Pelo fato de termos nascido na era digital já estamos adaptados às novidades, temos
mais facilidade em aprender e trabalhar com as novas tecnologias, o que nos deixa mais coragem de buscar
novidades. O fato de que somos impacientes e hiperativos está totalmente de acordo com a nossa realidade, pois
como já fomos criados em uma forma onde tudo é para ontem, o pouco que acontece mais devagar já nos deixa
insatisfeitos” ( A. 18 anos)
15
Dr. Jaderson Costa da Costa é médico neurologista, Prf..Ms em Neurologia na PUC-RS e Diretor do Instituto
do Cérebro - RS.
14

criança está se formando, as células se formando, formando tecidos que constituem mapas
cerebrais e recebendo estímulos desde o pré-natal, ou seja, antes de nascer. Após bebê nascer
continua em ampla atividade com maior número de sinapses que o cérebro adulto. Momento
apontado como propicio para formação de novas cadeias. Esta atividade cerebral está
naturalmente absorvendo o meio, assim com um pouco de estímulo a linguagem tecnológica é
inserida biologicamente nas crianças. Porém, é preciso ter claro que é uma ferramenta, não é
“inteligência superior”, é uma linguagem que se forma por haver mais estímulo, logo, resulta
na absorção maior do meio. Enquanto os bebês de antigamente ficavam isolados, os de hoje
participam da vida adulta e são mais estimulados.
Em conversas informais percebe-se as pessoas mais velhas atribuem as crianças
nascidas a partir do ano 2000, em especial, uma aura de inteligência a qual a qual inexiste.
Percebe-se que este mundo de facilidades tecnológicas forma na criança a fantasia de
superior, afinal em um “clic” ela tem o brinquedo, move imagens no celular e por isso é
exaltada. Mas esta criança fora da tecnologia, onde recebe tudo pronto da televisão ou da
máquina, desperta menos a criatividade, a invenção de brincadeiras. Se o brincar é com
celular, computador, assistir televisão, o correr, subir em árvore entre outras brincadeiras, não
acontecem. Com isso, o contato com a natureza e até atividades físicas que desenvolvem
capacidades motoras, estão reduzidas. A capacidade reflexiva é mínima, assim o copiar e
colar torna-se sua maior especialidade. Em sala de aula percebe-se a dificuldade de análise e
interpretação de texto, quando solicitados à reflexão é superficial ou fantasiosa. Percebe-se
também que há uma visão do trabalho reduzida ao contexto digital, conforme relato de aluna:
“No âmbito dos empregos, ainda não temos nenhuma experiência comprovada, mas
percebemos que podemos ter grande sucesso à área profissional, pois estamos sempre atentos
às novidades e dispostos a adaptar-se a elas”(Z, 18anos) Outro relato diz: “somos desta
geração e temos o hábito de viver ligado a tecnologia, muitas vezes sendo impaciente,
insatisfeito ou hiperativo..também concordamos que seguimos os comportamentos e atitudes
das gerações X e Y” (Z 19 anos) .
Os relatos acima denota autoestima e revelam expectativa de sucesso pelo perfil de
adaptação às novidades. Mas e o cotidiano do trabalho? Como lidar com a insatisfação frente
atividades repetitivas ou sem muita novidade? Empresários16 que já estão com estes jovens no
mercado relatam que é preciso desenvolvimento no comportamento com as pessoas,
capacidade de relação interpessoal e reflexão sobre situações que precisam compreender o
real. Vive a exaltação da própria vida em consumação sem retorno.
Para Meneghetti (2005, p. 343), o jovem “é capaz de formalizar um élan vital, o jato
do que a vida, no principiar-se, expõe como próprio escopo e investimento”. Embora cada
geração cresça em contextos sócio-econômico-culturais diversos, no princípio, a essência que
cada jovem traz é a vida expondo sua necessidade de realização de um projeto existencial
único. Compreende-se que cada geração, dentro do seu contexto histórico, primava pela
autorrealização, por fazer algo que fizesse sentido.

16
Nas consultorias prestadas, pesquisa realizada (2013) e empregadores do Programa Jovem Aprendiz sinalizam
as dificuldades que enfrentam com comportamento dos jovens Zsariais
15
16

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que a revisão de bibliografia fez a pesquisadora perceber que existe uma
lacuna no conhecimento da formação das gerações brasileiras. A base de muitos estudos
publicados no Brasil sobre gerações é a partir da bibliografia americana disponível no
mercado editorial brasileiro. Assim, situar as gerações aos principais fatos do contexto
brasileiro possibilitou compreender que cada geração, ao seu tempo, com suas características
gerais.
A descrição conforme os coortes, fez perceber que a geração Tradicionalista foi
constituída em grande por imigrantes que colonizara o Brasil fundando cidades e
desenvolvendo microrregiões. Os Baby Boomers seguiram na mesma direção em especial,
com a população rural que trabalhou muito para aumentar a produtividade agrícola do País. A
população urbana das capitais sentiu de modo mais forte o peso da ditadura militar que
provocava coação psicológica aos contrários ao regime. A geração X cresce sob efeito da
ditadura e sofre seu legado com economia ruim. Conseguem romper com muitos padrões
antigos e atuaram em prol de fazer um Brasil melhor. Acreditavam no esforço pessoal e na
capacidade de fazer um País melhor de se viver.
As gerações Tradicionalistas, Baby Boomer e X precisaram ainda se adaptar a
linguagem tecnológica e construir as bases neurológicas, tarefa que requer empenho para
aprendizagem. A privação do consumo e a falta de dinheiro e de liberdade sofrida pelas
gerações anteriores também podem ser compreendidos como limite de viver e até sonhar. A
partir da metade da década de 2000 ocorrem transformações como que, conquistas que se
somam a um resgate de todas as classes sociais.
A geração Y recebe uma condição de vida melhor, um Brasil com mais oportunidades
e talvez por isso, não considerando o legado recebido, comporte-se de modo diferente da
geração anterior os X, vive os reflexos das conquistas das gerações precedentes. Pode
canalizar sua energia, disposição e sentido de liberdade para a própria carreira, sem se alienar
aos fatos sociais, culturais, políticos e econômicos, se assim escolher. O mundo do trabalho
parece ser o local propício para iniciativas que busquem autonomia, liberdade de ação e
criação. Porém, até que ponto está geração quer isso? Até que ponto a herança recebida não se
torna ponto de apoio para acomodação e exaltação de um estilo de vida que prima pelo
equilíbrio entre vida profissional e pessoal, buscando ascensão e remuneração sem maiores
sacrifícios?
A geração Y enfrenta suas batalhas buscando soluções aos problemas que encontra de
um modo que prima pela facilidade. O considera-se que a inconstância, a falta de persistência,
a dificuldade em responder em primeira pessoa ou o caminho mais curto do copiar e colar são
fatores que impedem o próprio desenvolvimento. Com a própria vida não há atalho, ou o
sujeito é autentico, fiel ao seu projeto existencial ou sofre sendo massa de manobra.
A geração Z recebida pelo senso comum como de excepcional inteligência, segue o
caminho traçado pelos Y, mas com tom mais forte no aspecto humano, no comportamento
interpessoal profissional. Valoriza excessivamente o receber pronto que muitas ferramentas
tecnológicas, fator impeditivo do desenvolvimento das próprias funções. Talvez por isso
tenha menos noção de comportamento social e profissional, conforme alguns empregadores já
perceberam.
A partir do estudo das gerações pode-se concluir que independente do tempo e do
17

contexto, os jovens anseiam por se realizar. Os movimentos juvenis clamam pelo novo a
partir da necessidade de romper com modelos ultrapassados. Dos Tradicionalistas até a
geração X houve lutas e manifestações coletivas para alcançar maior liberdade política,
econômica e social.
Além dos coortes que definem uma geração, elas se formam pela rede discursiva do
meio em que vivem. Desde Psicanálise até as abordagens mais contemporâneas sabe-se que
os jovens captam o inconsciente reprimido dos adultos e o executam. Assim, pode-se dizer
que ao compreender a geração Y e Z, lê-se, em parte, o reprimido das gerações precedentes.
Conclui-se que é importante uma pedagogia social e educacional humanista,
favorecendo o desenvolvimento e responsabilizando desde crianças a se tornarem autênticos
em seu caráter humano e reversíveis ao projeto existencial próprio e intransferível.
18
19

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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