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UNIDADE I

Práticas Educativas
em Saúde

Profa. Dra. Maria Paula Pires


Práticas Educativas em Saúde

 Práticas + Educativas + Saúde

Você acredita ser uma pessoa saudável?


Saúde

 Saúde é um completo estado de bem-estar físico, psíquico e social. (OMS)

 Saúde não se trata de um estado de bem-estar, mas de uma busca, de um objetivo a ser
atingido, não é algo estático, faz parte de um processo e não um estado. (DEJOURS, 1986)
Saúde

 Físico: dar ao corpo o direito de descansar quando está cansado.

 Psíquico: liberdade proporcionada ao desejo de cada um na organização da sua vida.

 Social: liberdade de se agir individual e coletivamente na organização do trabalho.


(DEJOURS, 1986)
Saúde

Você acredita ser uma pessoa saudável, considerando o seu contexto amplo de definição de
saúde?
Processo saúde-doença

O processo saúde-doença é influenciado pelas seguintes questões:

 Política;

 Econômica;

 Ambiental;

 Cultural;

 Social;

 Emocional e espiritual.
(DEJOURS, 1986)
Educação X Saúde

 O processo ensino-aprendizagem também sofreu mudanças conceituais e procedimentais ao


longo da história.

 Considera a participação e foca na formação crítica e política dos sujeitos envolvidos nesse
processo.

 Processo dinâmico e contraditório.


(DEJOURS, 1986)
SUS “utopia” X Saúde “utopia”

 Utopia: ideia de algo a ser alcançado.

 SUS: produzir a saúde por meio da construção de ações inovadoras nas práticas cotidianas.

 Saúde: liberdade (elemento fundamental) para o alcance dessa meta; produz possibilidades
de aproximação ao que seria o completo bem-estar físico, psíquico e social.

(MERHY, 2012)
SUS “utopia” X Saúde “utopia”

 A relação entre os usuários e os trabalhadores de saúde constituem, em si, um ato vivo –


produzindo novas possibilidades de liberdade e valorização da vida. (MERHY, 2012)

 A intervenção profissional na área da saúde ocorre com o corpo vivo e em interação com o
social e com o ambiente, a partir de processos de subjetivação. (CARVALHO; CECCIM,
2009)
Formação em saúde

 A formação dos profissionais de saúde tende a enfrentar o corpo vivo apenas ao final da
graduação, gerando uma tensão entre a imagem de dessecação do corpo apreendida ao
longo da formação e reduzindo a valorização da escuta, do contato e da diversidade.
(CARVALHO; CECCIM, 2009)

 Desafio: transformar os encontros entre os profissionais de saúde e os usuários,


ultrapassando a lógica do agir micropolítico para outras dimensões da produção do cuidado,
produzindo novas metas e possibilidades de atingir a saúde. (MERHY, 2012)
Formação em saúde

 Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-saúde), em


2005, integrou instituições de ensino, estruturas de gestão da saúde, órgãos de
representação popular e serviços de atenção à saúde.

 Transformar as diretrizes políticas em trabalho vivo é um desafio que passa pela


necessidade de mobilizações ético-políticas, técnico-científicas e psicossociais.

 Essas diretrizes políticas e curriculares são recentes e pontuais, não esgotando a demanda
de discussão da formação em saúde. (CARVALHO; CECCIM, 2009)
Formação em saúde

 Evidenciamos a necessidade de nos voltarmos para os sentidos, os valores e os significados


do que e para quem fazemos nossas ações em saúde.

 As questões de natureza ética e humana têm sido preteridas na formação, à medida que não
se adotam metodologias de ensino que promovam a participação do aluno e a sua
responsabilização no processo de formação. (CARVALHO; CECCIM, 2009)
Educação permanente

 É aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das


organizações e ao trabalho.

 Baseia-se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar as práticas


profissionais e da própria organização do trabalho.

 Feita a partir dos problemas enfrentados na realidade e leva em consideração os


conhecimentos e as experiências que as pessoas já têm. (BRASIL, 2009, p. 20)
Interatividade

Segundo a relação entre educação e saúde, assinale a alternativa incorreta sobre os


referenciais teóricos nos quais estão pautados esses conceitos:

a) A saúde é um processo e não um estado.

b) O processo saúde-doença é influenciado apenas por questões de ordem política,


econômica, ambiental e cultural.

c) O processo ensino-aprendizagem, atualmente, considera a participação e foca na formação


crítica e política dos sujeitos envolvidos.

d) A saúde é um ideal a ser atingido e a liberdade é o elemento


fundamental para o alcance dessa meta.

e) As questões de natureza ética e humana têm sido preteridas


na formação dos profissionais de saúde.
Resposta

Segundo a relação entre educação e saúde, assinale a alternativa incorreta sobre os


referenciais teóricos nos quais estão pautados esses conceitos:

a) A saúde é um processo e não um estado.

b) O processo saúde-doença é influenciado apenas por questões de ordem política,


econômica, ambiental e cultural.

c) O processo ensino-aprendizagem, atualmente, considera a participação e foca na formação


crítica e política dos sujeitos envolvidos.

d) A saúde é um ideal a ser atingido e a liberdade é o elemento


fundamental para o alcance dessa meta.

e) As questões de natureza ética e humana têm sido preteridas


na formação dos profissionais de saúde.
Processo saúde-doença

 A saúde e o adoecer são modos pelos quais a vida se manifesta; eles remetem a
experiências únicas e subjetivas que não podem ser reconhecidas e significadas
integralmente pela palavra.

 Contudo, é por meio da palavra que a pessoa expressa o seu mal-estar, bem como o médico
dá significação às queixas de seu paciente.

 O fenômeno concreto de adoecer junto das palavras do paciente e do profissional de saúde,


situa-se a tensão entre a subjetividade da experiência da doença e a objetividade dos
conceitos que lhe dão sentido e propõem intervenções. (CZERESNIA, 2003)
Processo saúde-doença

 A saúde não é objeto que se possa delimitar, não pode ser traduzida em conceito científico,
bem como o sofrimento que envolve o adoecer. (CAPONI, 1997)

 Com a finalidade de contextualização do processo saúde-doença, ressaltamos a relação


dialética entre o biológico e o social, ou seja, consideramos que a reprodução dos grupos
sociais nas diversas etapas produtivas deve ser levada em conta na detecção do perfil
epidemiológico das classes sociais. (BREILH, 1980)

 A categoria classe social é a base para uma análise da produção e distribuição das
enfermidades. (LAURELL, 1983)
Promoção da saúde

 Relação entre as estratégias de promoção à saúde com as ações de fortalecimento das


classes sociais – de acordo com a realidade de cada indivíduo.

 A atuação do profissional de saúde consiste em focalizar o potencial da pessoa para o bem-


estar e encorajá-la a modificar ou fortalecer os hábitos pessoais, o estilo de vida e o
ambiente, de modo a reduzir os riscos e aumentar a saúde e o bem-estar.

 Para isso, o princípio de corresponsabilização nas práticas terapêuticas torna-se fundamental


= processo ensino-aprendizagem.
Processo ensino-aprendizagem

 Díade educação e saúde. (RUIZ-MORENO, et al., 2005)

 A atuação na promoção da saúde envolve a compreensão de educação em saúde e a


realização das práticas educativas em saúde.

 Os profissionais envolvidos podem concretizar as ações de fortalecimento por meio da


educação da população, frente aos riscos de agravos à saúde.

 A educação é compreendida como mediação básica da vida


social de todas as comunidades humanas. (SEVERINO, 2000)
Processo ensino-aprendizagem

 Modelo hegemônico (soberania)  Modelo dialógico.

 Considera o sujeito no processo de aprendizagem, partindo do pressuposto de que os


usuários dos serviços de saúde são portadores de saberes acerca do processo saúde-
doença-cuidado e de condições concretas do cotidiano. (ALVES, 2005)

 Pedagogia não normativa (sem regras/modelos)  dialógica e emancipatória (livre).


(ZINN, 2007)
Processo ensino-aprendizagem

Difere de muitas situações reais atuais de atenção à saúde, uma vez que os profissionais de
saúde não têm praticado ações de fortalecimento, mas sim a ministração de prescrições
comportamentais utilizadas no verbo imperativo:

 “Não fume!”

 “Use o cinto de segurança!”

 Dentre outros.
(LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2007)
Processo ensino-aprendizagem

 Em uma reflexão paradigmática sobre a assistência de enfermagem, temos que o processo


de formação acadêmica, historicamente, tem se baseado, predominantemente, nos
conhecimentos oriundos das ciências biológicas de forma fragmentada.

 Diante dessa limitação teórica, sugere-se a busca de subsídios que fundamentem um ensino
que não apenas reitere as nossas vivências, mas que favoreça a formação profissional de
enfermeiros capazes de apreender e praticar um cuidado pautado no pensamento complexo.
(SILVA; CIAMPONE, 2003)
Processo ensino-aprendizagem

Discussão sobre a educação como uma práxis (processo, ação e reflexão, construção e
reconstrução):

 Técnica (laboral): refere-se ao fato de que a preparação para o mundo do trabalho, se


realizada a partir de práticas laborais, torna a aprendizagem mais significativa. É, portanto,
por meio da prática que se educa e se aprende.

 Política (sociabilidade): compreende o compromisso em preparar os educandos para o


trabalho e, mais do que isso, aprender a viver e sobreviver. (SEVERINO, 2000)
Processo ensino-aprendizagem

 A evolução das abordagens pedagógicas, acompanhando os diferentes momentos políticos e


econômicos, apresentou modelos compreendidos como tradicionais, renovados, por
condicionamento e libertadores, sendo estes últimos mais eficazes em seus resultados que
os demais.

 Acrescentamos ainda que, ao dizer anteriormente, de uma prática educativa dialógica e


emancipatória, tais características estão inseridas no conceito de educação libertadora.
(PEREIRA, 2003)
Interatividade

Segundo o processo ensino-aprendizagem, assinale a alternativa correta:

a) O modelo dialógico foi substituído pelo modelo hegemônico.

b) Os profissionais de saúde têm praticado ações de fortalecimento, sem utilizar prescrições


comportamentais no verbo imperativo.

c) No processo ensino-aprendizagem parte-se do pressuposto de que os usuários dos


serviç̧os de saúde são portadores de saberes e de conhecimento prévio.

d) A prática educativa dialógica e emancipatória está inserida


no conceito de educação tradicional.

e) As práticas laborais nunca tornam a aprendizagem mais


significativa.
Resposta

Segundo o processo ensino-aprendizagem, assinale a alternativa correta:

a) O modelo dialógico foi substituído pelo modelo hegemônico.

b) Os profissionais de saúde têm praticado ações de fortalecimento, sem utilizar prescrições


comportamentais no verbo imperativo.

c) No processo ensino-aprendizagem parte-se do pressuposto de que os usuários dos


serviç̧os de saúde são portadores de saberes e de conhecimento prévio.

d) A prática educativa dialógica e emancipatória está inserida


no conceito de educação tradicional.

e) As práticas laborais nunca tornam a aprendizagem mais


significativa.
Educação: uma prática de liberdade e emancipação

 Liberdade = fundamental no processo ensino-aprendizagem.

 Destacamos a importância do diálogo como meio dessa relação entre o educador e o


educando em um processo ensino-aprendizagem libertador.

 A proposta pedagógica de Paulo Freire remete à crítica e à superação dos modelos


educacionais hegemônicos.

 A educação é um caminho para a mudança social, para a


formação de sujeitos históricos, atores e autores de seus
processos cotidianos de emancipação coletiva e individual.
(FREIRE, 2005; OLIVEIRA et al., 2008)
Educação: uma prática de liberdade e emancipação

Freire (2005) nos traz elementos importantes para pensarmos o diálogo; ele afirma que:

 Se não há um profundo amor ao mundo e aos homens, não há diálogo.

 Sem humildade também não há diálogo, pois a autossuficiência impede a aproximação
necessária ao diálogo.

 Não há ignorantes totais, nem sábios absolutos, mas sim homens em comunhão que
almejam saber mais.

 É um ato de troca.

 O educador é aquele “que enquanto educa, é educado, em


diálogo com o educando que, ao ser educado, também
educa”. (FREIRE, 2005)
Educação: uma prática de liberdade e emancipação

 A proposta pedagógica de Paulo Freire considera a liberdade, o respeito, a humildade e o


carinho pelos educandos como premissas básicas para a educação.

 Essa concepção foi inovadora, visto que, antes, a repressão e o autoritarismo faziam parte
da aprendizagem, sendo, hoje, estas concepções equivocadas e que não garantem o
aprendizado dos educandos, muito menos a troca de conhecimentos. (FREIRE, 2005)
Educação

 Educar vem do latim educere, que significa conduzir. É preciso, então, entender que a
proposta educativa do tipo condutivista, na promoção da saúde, deve ser abandonada em
favor da proposta informativa, porque as pessoas não devem ser “educadas”, mas, ao
contrário, com a ajuda da informação e dialogando com a informação técnica, devidamente
decodificada, conduzir a sua vida. “Em vez de educar conduzindo, é preciso informar o
cidadão de modo claro, transparente...”. (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2007)
A organização política dos serviços de saúde no Brasil

 1970: cenário – curativo, individual, restrito aos contribuintes previdenciários, não


democrático, reducionista (centrado na patologia), não universal e fragmentado.

 Intensas discussões que tiveram como marco o Movimento da Reforma Sanitária: a


sociedade criticava e lutava pelas mudanças nas práticas e na organização dos serviços de
saúde. (SALUM, 1998; ZINN, 2007)
A organização política dos serviços de saúde no Brasil

 Em 1986, a VIII Conferência Nacional de Saúde foi baseada nessas discussões e a nova
Constituição Brasileira, em 1988, instituiu o Sistema Único de Saúde – SUS.

 SUS = modelo de atenção à saúde que surgiu como um ideal contra-hegemônico buscando
garantir a cobertura universal e equitativa, com a participação do setor privado.

 Princípios doutrinários de universalidade, equidade e integralidade.

 Apesar de todos os avanços, o SUS é um sistema de saúde


em desenvolvimento, que permanece na luta para garantir a
cobertura universal e equitativa.
A organização política dos serviços de saúde no Brasil

 A participação do setor privado no mercado é crescente e as interações entre os setores


público e privado criam as contradições e uma competição injusta, culminando em ideologias
e objetivos opostos, a exemplo do acesso universal contrário à segmentação do mercado.

 Isso gera resultados negativos na equidade, no acesso aos serviços de saúde e nas
condições de saúde.

 Restrições no financiamento federal, na infraestrutura e nos recursos humanos relacionados


ao setor de saúde = desafios políticos. (PAIM et al., 2011)
Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS)

 A PNEPS foi instituída pela Portaria GM/MS n. 198, de 13 de fevereiro de 2004 e foi alterada
pela Portaria GM/MS n. 1996, de 20 de agosto de 2007, que dispõe sobre as novas diretrizes
e estratégias para a implantação desta.

 Traz a proposta de constituir o SUS em uma rede-escola, modificando o pensamento do


ensino transmitido de modo unidirecional, dos detentores do conhecimento para os
trabalhadores de saúde, mas considerando o espaço concreto de trabalho como um local de
ensino-aprendizagem compartilhado. (BRASIL, 2009; CECCIM, 2005)
Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS)

 Constitui a estratégia que viabiliza as transformações do trabalho na saúde para que este
seja local de atuação crítica, reflexiva, propositiva, compromissada e, tecnicamente,
competente. (BRASIL, 2009; CECCIM, 2005)
Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS)

Fonte: livro-texto.
Interatividade

A organização política dos serviços de saúde no Brasil vem sofrendo transformações ao longo
dos anos. Com relação a esse tema, assinale a alternativa incorreta:
a) Em 1970, a sociedade lutava por mudanças nas práticas e na organização dos serviços de
saúde, surgindo assim, o Movimento da Reforma Sanitária.
b) O SUS surgiu em 1988, com os princípios doutrinários de universalidade, equidade e
integralidade.
c) As interações entre os setores público e privado criaram contradições e uma competição
injusta que vai contra o princípio da equidade.
d) O SUS é um modelo de atenção à saúde que surgiu como
um ideal hegemônico para garantir a cobertura universal e
equitativa.
e) Antes do SUS, havia um cenário de atenção à saúde não
universal e restrito a parcelas da população.
Resposta

A organização política dos serviços de saúde no Brasil vem sofrendo transformações ao longo
dos anos. Com relação a esse tema, assinale a alternativa incorreta:
a) Em 1970, a sociedade lutava por mudanças nas práticas e na organização dos serviços de
saúde, surgindo assim, o Movimento da Reforma Sanitária.
b) O SUS surgiu em 1988, com os princípios doutrinários de universalidade, equidade e
integralidade.
c) As interações entre os setores público e privado criaram contradições e uma competição
injusta que vai contra o princípio da equidade.
d) O SUS é um modelo de atenção à saúde que surgiu como
um ideal hegemônico para garantir a cobertura universal e
equitativa.
e) Antes do SUS, havia um cenário de atenção à saúde não
universal e restrito a parcelas da população.
Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

 Sabemos que a comunicação destaca-se como o principal instrumento para que a interação
e a troca aconteçam e, consequentemente, o processo de cuidar, no seu sentido mais
amplo, tenha espaço para acontecer.

 Segundo Mendes (1994), “os componentes da comunicação formam o clima e a nutrição


para a compreensão”.

 Communicare significa “pôr em comum”.

 A comunicação interpessoal pode ser definida como um


conjunto de movimentos integrados que calibra, regula,
mantém e, por isso, torna possível a relação entre os homens
(SILVA, 2001).
Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

 Segundo Watzlawizk, Beavin e Jackson (1967), não se comunicar é impossível; mesmo na


inatividade ou no silêncio tudo tem o valor de mensagem; “a comunicação é o princípio
natural que une um ser a outro”. (RUESCH, 1987)

Comunicação:

 Verbal – palavras expressas por meio da fala ou da escrita.

 Não verbal – desenvolvida através de gestos, silêncio, expressões faciais, postura corporal,
entre outros. (SILVA, 2006)
Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

 Ao compreendermos a educação em saúde como um elemento de cuidado humano,


percebemos, logo, a importância de uma comunicação com qualidade para que haja uma
atenção efetiva e de qualidade.

 Waldow (1998) refere-se à possibilidade do mundo da tecnologia avançada (máquina)


substituir esse instrumento próprio do ser humano, lembra que o afago e o aperto de mão
que oferecem o apoio e o suporte, bem como o olhar carinhoso e amigo parecem não ser
mais necessários.

Será que a máquina exerce o papel semelhante ao dos seres


humanos? Ela supre as necessidades?
Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

 Com ou sem intenção, sempre há a transmissão de mensagens uma vez estabelecida a
interação. Não existe um fluxo de comportamento numa só direção. (MENDES, 1994)

 A comunicação é um processo pautado em compreender e compartilhar mensagens


enviadas e recebidas; estas mensagens exercem influência no comportamento das pessoas
que vivenciam essa interação. (STEFANELLI, 2005)

Como estamos nos comunicando no exercício da nossa profissão?


Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

 Uma pesquisa desenvolvida com crianças cegas e surdas desde o nascimento e que, apesar
de nunca terem aprendido por imitação, pois nunca puderam olhar o rosto da mãe, elas
demonstram as emoções da mesma maneira que nós, que enxergamos. Seus olhos brilham
e sorriem quando estão felizes, choram quando estão tristes, ficam vermelhas e desviam a
direção do olhar quando estão com vergonha, levantam as sobrancelhas e abrem mais os
olhos e, conforme o grau de surpresa, também a boca.

 As emoções básicas são expressas da mesma maneira em qualquer ser humano. (SILVA,
2006)
Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

Será que temos consciência das nossas expressões não verbais?

Será que estamos atentos às expressões não verbais das pessoas com quem nos
relacionamos?
Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

Toda comunicação tem duas partes:

 O conteúdo – o fato, a informação que queremos transmitir.

 O sentimento – como estamos nos sentindo quando nos comunicamos com a pessoa.

 “... quando nos comunicamos com as pessoas não temos apenas o compromisso de passar
um conteúdo, uma informação, pois toda comunicação envolve um sentimento, ou seja, o
que é que sentimos quando ficamos diante do outro”. (SILVA, 2002, p. 74).
Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

Quatro finalidades da comunicação não verbal:

 1. A primeira é complementar a comunicação verbal. Por exemplo, quando dizemos “bom


dia”, sorrindo para o outro e olhando nos seus olhos.

 2. A segunda é contradizer o verbal. Por exemplo, quando dizemos “muito prazer” e


apertamos a mão do outro com medo ou nojo de tocar.

 3. A terceira é substituir o verbal. Por exemplo, o meneio


positivo da cabeça, olhando para a outra pessoa e dizendo
não verbalmente “estou te ouvindo”, “estou atenta a você”.

 4. A quarta finalidade do não verbal é a demonstração dos


nossos sentimentos. (SILVA, 2002)
Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

Comunicação não verbal (SILVA, 1996):

 Paralinguagem: qualquer som produzido pelo aparelho fonador que não faça parte do
sistema sonoro da língua usada.

 Cinésica: linguagem do corpo/movimentos.

 Proxêmica: é o uso que o homem faz do espaço.

 Tacêsica: é tudo que envolve


a comunicação tátil.

 Características físicas: são a


própria forma e a aparência
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/mão-
do corpo. mantenha-cuidados-ajuda-idosos-1549133/
Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

Saber ouvir:

 “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio
dentro da alma.”

 A gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o
que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz, não fosse digno
de consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é
muito melhor.

 Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante


e sutil da nossa arrogância e vaidade.
Comunicação humana: instrumento essencial para a prática educativa

A habilidade de escutar:

 Para escutar, é necessário esvaziar a mente, é necessário a humildade para valorizar o que
o outro tem a dizer. Isso não é algo comum e simples, em especial em um mundo repleto de
ruídos, informações e pressa.

 O desafio é o estabelecimento de relações conscientes e reflexivas. Desenvolvendo as


habilidades de comunicação, que é, em si, o elo que une um ser ao outro.
Interatividade

Sobre a comunicação não verbal, assinale a alternativa incorreta:

a) A paralinguagem é qualquer som produzido pelo aparelho fonador que não faça parte do
sistema sonoro da língua usada.

b) A cinésica é a linguagem do corpo/movimentos.

c) A proxêmica é a capacidade de ouvir atentamente.

d) A tacêsica é tudo que envolve a comunicação tátil.

e) As características físicas são a própria forma e a aparência


do corpo.
Resposta

Sobre a comunicação não verbal, assinale a alternativa incorreta:

a) A paralinguagem é qualquer som produzido pelo aparelho fonador que não faça parte do
sistema sonoro da língua usada.

b) A cinésica é a linguagem do corpo/movimentos.

c) A proxêmica é a capacidade de ouvir atentamente.

d) A tacêsica é tudo que envolve a comunicação tátil.

e) As características físicas são a própria forma e a aparência


do corpo.
Referências

 ALVES, V. S. Um modelo de educação em saúde para o Programa de Saúde da Família:


pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface – Comunic.,
Saúde, Educ., v. 9, n. 16, p. 39-52, set. 2004/fev. 2005.
 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Série Pactos pela Saúde 2006. Política
Nacional de Educação Permanente em Saúde, 2009.
 BREILH, J. P. Epidemiologia: economia, medicina y política. São Domingos: Editorial
Universitária, 1980.
 CAPONI, S. Georges Canguilhem y el estatuto epistemologico deI concepto de salud.
História, Ciências e Saúde. Manguinhos, v. 4, n. 2, p. 287-307, 1997.
Referências

 CARVALHO, Y. M.; CECCIM, R. B. Formação e educação em saúde: aprendizados com a


saúde coletiva. In: CAMPOS, G. W. S.; et al. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec;
Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009.
 CECCIM, R. B. Educação permanente em saúde: desafio ambicioso e necessário. Comunic.,
Saúde, Educ., v. 9, n. 16, p. 161-77, 2005.
 CZERESNIA, D. O conceito de saúde e a diferença entre prevenção e promoção. In:
CZERESNIA, D.; FREITAS, C. M. (org.). Promoção da Saúde: conceitos, reflexões,
tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. p. 39-53.
 DEJOURS, C. Por um novo conceito de saúde. Rev. Bras. de Saúde Ocupacional, v. 34, n.
14, p. 7-11, 1986.
Referências

 FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 2005.


 LAURELL, A. C. A saúde-doença como processo social. In: NUNES, E. D. (org.). Medicina
social: aspectos históricos e teóricos. São Paulo: Global, 1983.
 LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. Promoção de Saúde: a negação da negação. São Paulo:
Barba Ruiva, 2007.
 MENDES, I. A. C. Enfoque humanístico à comunicação em enfermagem. São Paulo: Sarvier,
1994.
Referências

 MERHY, E. Saúde e Direitos: tensões de um SUS em disputa, molecularidades. Texto


baseado na Conferência “Saúde e Direitos: escolhas para fazer o SUS”. Proferida em 23 de
outubro de 2011, no XII Congresso de Saúde Pública, promovido pela Associação Paulista
de Saúde Pública. 2012.
 OLIVEIRA, F. P.; et al. Psicologia comunitária e educação libertadora. Psicologia: Teoria e
Prática, v. 10, n. 2, p. 147-61, 2008.
 PAIM, J.; et al. The brazilian healthsystem: history, advances, and challenges. Lancet: 2011;
publicado on-line, em 9 de maio. DOI: 10.1016/S0140-6736(11)60054-8.
 PEREIRA, A. L. F. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas práticas da saúde.
Caderno de Saúde Pública, v. 19, n. 5, p. 1527-34, 2003.
Referências

 RUESCH, J. Disturbed communication. New York: Norton; 1987.


 RUIZ-MORENO, L.; et al. Jornal vivo: relato de uma experiência de ensino-aprendizagem na
área da saúde. Interface – Comunic., Saúde, Educ., v. 9, n. 16, p. 195-204, 2005.
 SALUM, M. J. L. Políticas sociais públicas, sua integração no projeto do Estado e a
organização dos serviços de saúde. Documento de apoio pedagógico. Departamento de
Enfermagem em Saúde Coletiva, Escola de Enfermagem da USP. São Paulo (SP)
(mimeografado), 1998.
 SEVERINO, A. J. Educação, trabalho e cidadania: a educação brasileira e o desafio da
formação humana no atual cenário histórico. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 14, n.
2, p. 65-71, jun. 2000.
Referências

 SILVA, A. L.; CIAMPONE, M. H. T. Um olhar paradigmático sobre a assistência de


enfermagem – um caminhar para o cuidado complexo. Rev. Esc. Enferm. USP, v. 37, n. 4, p.
13-23, 2003.
 SILVA, M. J. P. Percebendo o ser humano além da doença – o não verbal detectado pelo
enfermeiro. Nursing, São Paulo, v. 41, n. 4, p. 14-20, 2001.
 SILVA, M. J. P. O papel da comunicação na humanização da atenção a saúde. Revista
Bioética, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 73-88, 2002.
 SILVA, M. J. P. Comunicação tem remédio – a comunicação nas relações interpessoais em
saúde. 11. ed. São Paulo: Gente, 2006.
Referências

 STEFANELLI, M. C.; CARVALHO, E. C.; ARANTES, E. C. A comunicação nos diferentes


contextos da Enfermagem. Barueri (SP): Manole, 2005.
 WALDOW, V. R. Cuidado humano: o resgate necessário. Porto Alegre: Sagra Luzzatto,
1998.
 WATZLAWICK, P.; BEAVIN, J. H.; JACKSON, D. D. Programática da comunicação humana.
São Paulo: Cultrix, 1967.
 ZINN, G. R. A prática educativa dos agentes comunitários de saúde do Programa de Saúde
da Família. 2007. 90f. Dissertação – Pontifícia Universidade Católica. São Paulo, 2007.
ATÉ A PRÓXIMA!

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