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Há quem diga
que esta Historicismo
aprendizagem
é uma ilusão
Ideologismo
INTRODUÇÃO À
REPÚBLICA
(POLITEIA - Πολιτεία)
DE PLATÃO
Polis
•
Cícero, De Re Publica, II.52:
(Cipião): “[Platão procurou]... e criou uma comunidade política que era mais digna de ser desejada do
que propriamente aguardada; uma comunidade tão pequena quanto possível, não uma que pudesse
existir, mas uma cidade em que os princípios da organização cívica pudessem ser discernidos.”
República de Platão
• Contexto dramatúrgico da acção
Tempo: ?
•
Lugar: ?
República de Platão
• Contexto dramatúrgico da acção
TEMPO
•
Local: Pireu, porto de Atenas, sede do poder comercial e naval-militar da democracia
ateniense
PROSOPOGRAFIA DA
“REPÚBLICA” DE
PLATÃO
• Platão de Colito, filho de Aríston (e de Perictione);
• Irmãos: Adimanto, Gláucon, Potone;
• Sobrinho de Cármides e primo de Crítias, ambos líderes
destacados dos Trinta Tiranos e ambos mortos a
combater a facção democrática que os derrotaria e ao
regime oligárquico de 404-403;
(PLATÃO) • Teria cerca de 20 anos aquando do regime oligárquico
(424/3 a.C.– dos Trinta Tiranos;
• Teria cerca de 25 anos quando Sócrates foi julgado e
348/7) condenado à morte;
• Se, como algumas fontes sugerem (por exemplo,
Diógenes de Laércio), Platão acompanhou Sócrates
durante 10 anos, então tê-lo-ia conhecido com cerca de
15 anos, provavelmente na companhia dos seus irmãos
mais velhos, Gláucon e Adimanto.
• Em 384/3, visita a Sicília onde conhece Díon e, por fim, o
tirano de Siracusa Dionísio I (Carta VII; Plutarco, Vida de
Díon);
• A parrhesía de Platão enfurece Dionísio I, que o vende como
escravo. O seu comprador, porém, viria a libertá-lo;
• Em 383, aquando do regresso a Atenas, funda a Academia;
(PLATÃO) • Em 366, regressa a Siracusa, depois da morte de Dionísio I;
aparentemente, o seu descendente teria inclinações
(424/3 a.C.– filosóficas. A visita salda-se por um novo fracasso, pois
Dionísio II exila Díon e expropria toda a sua riqueza. Os
348/7) repetidos esforços de Platão para levar a cabo uma
reconciliação falham todos.
• Em 361, regressa pela última vez a Siracusa, apenas para
constatar que Dionísio II perdera qualquer interesse pela
filosofia; acaba feito prisioneiro pelo tirano e com a sua vida
em risco. Com a ajuda de amigos regressa a Atenas. Anos
depois, Díon é assassinado.
CÉFALO – “Cabeça”
(?-428(-415))
(...)
- Eu, Sócrates, podia ser útil à casa do meu tio, se porventura ele me quisesse ouvir.
- Ora, quer dizer que não és capaz de convencer o teu tio e acreditas que vais ser capaz de convencer os
Atenienses todos, incluindo o teu tio?
Cautela, Gláucon, não vás, de tanto andar atrás de glória, acabar no contrário. Ou não vês como pode ser
perigoso para alguém falar ou fazer o que não sabe? Pensa bem noutros que conheces que se comportam assim,
que dizem e fazem o que evidentemente não sabem; parece-te que, com essa actuação, obtêm mais elogios do
que críticas ou que são mais admirados do que desprezados? E pensa bem, também, naqueles que sabem o que
dizem e o que fazem, e descobrirás, creio eu, que em qualquer circunstância aqueles que recebem a glória e a
admiração são os que sabem mais e que os mais criticados e desprezados são os que são ignorantes. Assim, se
pretendes a glória e a admiração da cidade, esforça-te por saberes mais sobre o que queres fazer, pois se
consegues distinguir-te dos outros nessa preocupação e, nessa altura, tentas obter o comando da cidade, não
estranharia se com enorme facilidade conseguisses o que desejas.
• Adimanto de Colito, filho de Aríston (e de
Perictione);
• Irmãos: Platão, Gláucon, Potone;
• Em 399 a.C., Adimanto é um dos anciãos, ou
ADIMANTO cidadãos mais velhos, invocados por
Sócrates durante o seu julgamento
– “Sem Medo” (Apologia de Sócrates), sendo bastante mais
(±432–>382) velho do que Platão, que teria cerca de 25
anos por altura da condenação à morte de
Sócrates;
• Trasímaco de Calcedónia; Calcedónia era um porto
colonizado por gregos no Mar Negro;
• Retor e diplomata;
• No Fedro (267c-d), Sócrates descreve Trasímaco assim:
Quanto à arte de fazer discursos
lamentando os males da pobreza e da velhice, o
TRASÍMACO prémio, na minha opinião, vai para o poderoso
calcedónio. Ele também é quem sabe melhor como
“Audaz em combate” inflamar uma multidão, e, quando já está
(±455–?) inflamada, como a silenciar outra vez com o feitiço
mágico das suas palavras, como ele próprio diz. E
não nos esqueçamos de que ele é tão boa a
maldizer como é a refutar a maledicência, seja qual
for a sua fonte.
• Ainda no Fedro, Sócrates acaba por recomendar a
Fedro que não procure melhorar a sua retórica com a
aprendizagem de Trasímaco.
Outras personagens
silenciosas
(além do escravo de
Polemarco que chama • Nicérato (filho de Nícias): morre executado pelos
Trinta Tiranos com cicuta;
Sócrates no início) • Lísias (irmão de Polemarco; exila-se em Mégara e
financia a contra-revolução democrática em
Atenas);
• Eutidemo (irmão de Polemarco);
• Carmântides (velho e rico como Céfalo; ou o seu
neto (!))
CLITFONTE
(±452–>404)
• Em Outubro de 406, Sócrates é o prytanis do Boulé, ou o Conselho dos 500, quando seis dos oito
generais da batalha das Arginusas foram julgados por não resgatarem os soldados perdidos no mar
depois dos confrontos;
• Alguns queriam julgar os generais em grupo, em violação da lei de Atenas, que exigia um julgamento
separado por acusado quando estava em causa a pena capital. Sócrates recusa autorizar essa
veleidade, mas apenas consegue adiar o julgamento colectivo na Assembleia a que tem de presidir.
Todos os generais serão executados.
• Julgado em 399 por 500 cidadãos atenienses escolhidos por sorteio. O libelo de acusação dizia:
Esta acusação e depoimento é jurado por Meleto, filho de Meleto de Pito, contra Sócrates, filho
de Sofrósnico de Alopécia: Sócrates é culpado de recusar reconhecer os deuses reconhecidos pela
cidade, e de introduzir novos deuses. Ele também é culpado de corromper a juventude. A pena
exigida é a morte.
SÓCRATES
(469–399)
- “Sócrates fez a filosofia descer dos céus e colocou-a nas cidades dos
homens e trouxe-a também para as suas casas e forçou-a a falar da vida e
da moral.” Cícero, Tusculanarum Disputationum, V.10.
- Ironia - εἰρωνεία (Aristóteles, Ética Nicomaqueia, 1127b; Platão, República
337a; Banquete, 216e; Górgias, 489e; Apologia de Sócrates, 37e-38a;
Aristófanes, Nuvens, 449)
ARISTÓFANES
(±450–±386)
• Irritadas com a política de Atenas, com a incompetência dos homens que têm
o seu exclusivo, com a sua corrupção e repugnância pelo bem comum, as
mulheres de Atenas decidem agir lideradas por Praxágora. Disfarçam-se de
homens mesmo antes de o dia nascer e acorrem à Assembleia. Propõem,
como se fossem homens, entregar o poder às mulheres e instituir uma
ginecocracia. Com o poder na mão, as mulheres abolem as instituições
democráticas (como os tribunais) e instituem o comunismo dos bens, as
refeições em comum, a abolição da família. Mais do que a comunidade dos
homens e das mulheres, institui-se que as mulheres velhas e feias têm
prioridade no acesso aos homens jovens e bonitos.
“Desci ontem ao Pireu...”
• BANQUETE, 172a-c
• APOLODORO: De facto, a tua questão não me apanha desprevenido. Ainda no outro dia, ia eu a caminhar da minha
casa em Falero para a cidade quando um homem meu conhecido, que vinha atrás de mim, viu-me e me chamou à
distância: “Ó cavalheiro de Falero!”, gritou ele, tentando ser engraçado. “Espera aí, Apolodoro!” Parei e esperei por
ele. “Apolodoro, andava à tua procura!”, disse ele. “Sabias que houve um encontro na casa de Agaton quando
Sócrates, Alcibíades e os seus amigos jantaram juntos; queria perguntar-te pelos discursos que eles fizeram sobre o
Amor. Que tal foram? Ouvi uma versão de um homem que a escutara de Fénix, filho de Filipe, mas era uma versão
muito truncada, e ele disse que tu eras a pessoa a quem deveria dirigir-me. Por isso, por favor, podes contar-me tudo
o que se passou? Afinal de contas, Sócrates é teu amigo – quem tem mais direito do que tu a relatar a conversa dele?
Mas antes de começares”, acrescentou ele, “diz-me isto: tu também lá estavas?” “O teu amigo deve ter mesmo
contado uma versão muito truncada da história,” respondi eu, “para poderes pensar que tudo isto foi tão recente
que eu podia ter assistido”.
•Céfalo: “dizer a verdade e devolver aquilo
que se recebeu de alguém/aquilo que alguém
depositou em nós” (Respeito pelos deuses)
REPÚBLICA, •Simónides: “dar a cada um o que lhe
pertence/o que é seu” (reformulação de
PLATÃO Sócrates: “…o que lhe convenha”
•Polemarco: “fazer bem aos amigos e fazer
PRINCÍPIOS mal aos inimigos” (patriotismo)
Com Adimanto:
REGIME JUSTO (Aristocracia; virtude associada: sabedoria – filosofia)
DEGENERAÇÃ ⤋
O DOS
TIMOCRACIA (timé – honra; timôma – cidadania censitária)
(Timocrata)
REGIMES/ALM ⤋
AS (LIVRO
OLIGARQUIA (riqueza)
(Oligarca)
VIII) ⤋
DEMOCRACIA (liberdade)
(Homem democrático)
⤋
TIRANIA (licenciosidade?)
(Tirano)