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CONCEITUANDO
A consciência talvez seja a melhor característica que distingue o ser humano dos outros animais. Ela
permite o desenvolvimento do saber e da racionalidade, que se empenha em separar falso do verdadeiro.
Além da consciência racional, lógica, o ser humano possui também a consciência moral, isto é, a faculdade
de observar a própria conduta e formular juízos de valor sobre os atos passados, presentes e intensões
futuras. E, depois de julgar, tem condições de escolher, entre as circunstâncias possíveis, seu próprio
caminho na vida. A essa possibilidade que cada indivíduo tem de escolher seu caminho, de construir sua
maneira de ser e sua história, chamamos de liberdade. Na Filosofia há três concepções distintas sobre a
liberdade: o determinismo, o libertarismo e a dialética da liberdade. Abaixo explico cada uma delas.
Determinismo
De acordo com essa via de interpretação, a liberdade não existe, pois o ser humano seria sempre
determinado, seja por sua natureza biológica (necessidades e instintos), seja por sua natureza histórico-social
(leis, normas e costumes). Em outras palavras, as ações individuais seriam causadas e determinadas por
fatores naturais ou constrangimentos sociais, e a liberdade seria uma ilusão.
Essa conceção encontra-se presente no pensamento de filósofos materialistas do século XVII, trais como os
franceses Claude-Adrien Helvétius e Paul-Henri Thiry, conhecido como barão d'Holbach.
Libertarismo
Para essa via de interpretação, o ser humano é sempre livre, pois ele possui a liberdade moral que está acima
das determinações externas (sociedade) e internas (desejos e impulsos). Assim, apesar de todos os fatores
sociais e subjetivos que atuam sobre cada um dos indivíduos, ele sempre possui uma possibilidade de
escolha e pode agir livremente a partir de sua autodeterminação.
A maior expressão dessa concepção filosófica acerca da liberdade é encontrada no pensamento do
filósofo Jean-Paul Sartre que afirmou que “o homem está condenado a ser livre”. Quando somos livres e
fazemos escolhas tornamo-nos responsáveis pelo que praticamos, o termo responsabilidade vem do
latim respondere, “responder”, e significa estar em condições de responder pelos atos praticados, isto é, de
julgá-los e assumi-los.
[...] o homem, estando condenado a ser livre, carrega nos ombros o peso do mundo inteiro: é responsável
pelo mundo e por si mesmo enquanto maneira de ser [...] Portanto, é insensato pensar em queixar-se, pois
nada alheio determinou aquilo que sentimos, vivemos ou somos. Por outro lado, tal responsabilidade
absoluta não é resignação: é simples reinvindicação lógica das consequências de nossa liberdade. O que
acontece comigo, acontece por mim, e eu não poderia me deixar afetar por isso nem me revoltar nem me
resignar.
SARTRE. Jean-Paul. O ser e o nada.
É essa responsabilidade que pode ser julgada pela consciência moral do próprio indivíduo ou do seu grupo
social, assim como ocorreu com Peter Parker (Homem Aranha):
Dialética da liberdade
Segundo essa via de interpretação o ser humano é determinado e livre ao mesmo tempo. Determinismo e
liberdade não se excluem, mas se complementam. Nessa perspectiva, não faz sentido pensar em uma
liberdade absoluta nem em uma negação absoluta da liberdade.
A liberdade é sempre concreta, situada no interior de um conjunto de condições objetivas de vida. No
entanto, embora nossa liberdade seja restrita por fatores objetivos que cercam nossa existência podemos
sempre atuar no sentido de alargar as possibilidades dessa liberdade, e isso será tanto mais eficiente quanto
maior for nossa consciência a respeito desses fatores.
Essa concepção é encontrada no pensador holandês Espinosa, e nos filósofos alemães Hegel e Marx.
APROFUNDAMENTO
ATIVIDADE
1. “Reze como se tudo dependesse de Deus e haja como se tudo dependesse unicamente de você”
Na frase acima o trecho “haja como se tudo dependesse unicamente de você” reforça a teoria do:
a. ( ) Determinismo
b. ( ) Libertarismo
2. O tema da liberdade é discutido por muitos filósofos. No existencialismo francês, Jean-Paul Sartre,
particularmente, compreende a liberdade enquanto escolha incondicional. Entre as afirmações abaixo, a
única que está de acordo com essa concepção de liberdade humana é:
a. ( ) O homem não é mais do que aquilo que a sociedade faz com ele.
b. ( ) O homem é refém de sua natureza biológica
c. ( ) O homem é determinado por uma essência superior, que é o Deus da existência, pois, primeiramente
não é nada.
d. ( ) Primeiro o homem existe, depois se define pelas escolhas que faz livremente.
4. “Se eu tivesse um computador adequado e a sequência completa do DNA, poderia calcular o organismo
de um ser vivo, isto é, sua anatomia, sua fisiologia e seu comportamento.” (W. Gilbert, geneticista)
Sobre o texto acima, é correto afirmar:
a. ( ) O texto acima pressupõe que as ações humanas são determinadas pela biologia.
b. ( ) O texto acima pressupõe que o ser humano possui livre-arbítrio.
c. ( ) O texto acima pressupõe que as ações humanas são influenciadas pelo ambiente.
d. ( ) O texto acima pressupõe que as ações humanas são o resultado do ambiente e do código genético.