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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE


PROGRAMA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DIREITOS HUMANOS

FICHAMENTO

Texto fichado
BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico: lições de Filosofia do Direito. São Paulo: Ícone, 2006.
[Introdução e capítulo 1: Os pressupostos históricos, pp. 15-44]

Argumentos centrais
Norberto Bobbio, faz uma análise sobre o positivismo jurídico a partir de um viés histórico. Para tanto,
ele lança mão, de informações filosóficas sobre direito desde a antiguidade clássica, passando pela Grécia e pelo
Império Romano. Para Bobbio, o positivismo jurídico não tem origem no positivismo filosófico, mas na
ambivalência do par direito natural vs. direito positivo.
Para defender sua argumentação, o jusfilósofo italiano, discute essa dicotomia passando por Sócrates,
os sofistas, Platão, Aristóteles e o jurisconsulto romano Paulo.
Avançando um pouco mais na linha do tempo, Bobbio, análise os escritos medievais e, observa que a
disputa continua. Dessa vez, os pensadores que abordam o tema incluem: Abelardo (século XI) e Santo Tomás
de Aquino em sua Summa Teológica.
Chegando aos séculos XVII e XVIII, serão analisados textos de Hugo Grócio, Thomas Hobbes,
Montesquieu, Beccaria, Rousseau e Kant. Aqui nessa fase da história da humanidade ocorre uma inversão, pois,
desde a antiguidade clássica se atribuía uma superioridade ao direito natural frente ao direito positivo, aqui esses
pensadores iluministas e liberais passam a defender a superioridade do direito positivo diante do natural.
Um argumento sustentado pelo autor é que a formação do Estado moderno se apropria, e ao mesmo
tempo, necessita da tarefa de dizer o direito, como único detentor dessa função, para a sociedade civil se
estabeleça e a paz seja mantida. O Estado criou o direito positivo (positivismo jurídico).
Bobbio sustenta que tanto na Europa que sofreu influência romana mais direta, como em outras partes,
como na Inglaterra, em todas as situações, o direito positivo vai sendo colocado sempre pelo Estado. O Estado
detém o monopólio legislativo e judiciário.
O autor finaliza esse capítulo do texto, asseverando que desde Hobbes até o início do século XX, a
dicotomia direito natural vs direito positivo continua existindo, e, para surpresa de muitos inclusive se auto
complementando, como nos casos em que a norma deixa “lacunas”, muitos ordenamento jurídicos expressaram
formalmente em seus textos normativos que se pode recorrer ao costumes e ao direito natural para solucionar
questão que, eventualmente, possam estar desassistidas, em virtude das “lacunas”.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE
PROGRAMA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DIREITOS HUMANOS

Citações
“A contraposição entre “positivo” e “natural” já encontramos nas disputas entre Sócrates e os
Sofistas. A distinção entre aquilo que é por natureza (physis) e aquilo que é por convenção ou posto pelos
homens (thésis) p. 15.
“O positivismo jurídico é uma acepção do direito que nasce quando ‘direito positivo’ e ‘direito natural’
não são mais considerados direitos no mesmo sentido, mas o direito positivo passa a ser considerado como
direito em sentido próprio. (...) o direito positivo é direito, o direito natural não é direito” p. 26.
“Com a formação do Estado modero, a sociedade assume uma estrutura monista, no sentido de que o
Estado concentra em si todos os poderes, em primeiro lugar aquele de criar o direito: não se concentra em
concorrer para esta criação, mas quer ser o único a estabelecer o direito” p. 27.
“Estamos atualmente tão habituados a considerar Direito e Estado como a mesma coisa que temos
uma certa dificuldade em conceber o direito posto não pelo Estado, mas pela sociedade civil” p. 27.
“Da codificação começa a história do positivismo jurídico verdadeira e propriamente dita” p. 32.
“As codificações, que representam o máximo triunfo celebrado por este dogma [dogma da onipotência
do legislador], não são um produto do absolutismo, mas do iluminismo e da concepção liberal do Estado” p.
38.
“O direito positivo não destrói, mas sim recobre, ou submerge, o direito natural; se, portanto, há um
buraco no direito positivo, através deste se vê aflorar o direito natural: ou, se se preferir, a “submersão” do
direito natural não é total, porque, acima do nível do direito positivo, algumas ilhotas ainda afloram” p. 42.
“No art. 7º do Código austríaco de 1811 estabelece-se que sempre que um caso não puder ser decidido
com base numa disposição precisa da lei, nem recorrendo à aplicação analógica, dever-se-á decidir segundo
os princípios do direito natural” p. 44.

Dúvidas e pontos para debate


 Ao longo da história da humanidade a disputa entre direito natural e positivo passou por diversos
nuances;
 O positivismo jurídico não é uma espécie do gênero positivismo filosófico;
 A origem do positivismo jurídico está na dicotomia direito natural x direito positivo;
 O Estado criou o positivismo jurídico, subjugando o direito natural a condição subalterna;
 A codificação de fins do século XVIII e início do XIX, consolida o positivismo jurídico.

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