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Grupo: Ariane Tavares, Domitila Cagliari, Josyellen Rocha, Livya Beatriz Damásio e Luiza

Gomes
Disciplina: Teoria Geral do Estado
Prof°: Júlio César Pompeu

Análise Comparativa de Constituições


Constituição República Federativa do Brasil República Democrática de
de 1988. Timor-Leste de 2002.

Forma de Estado Estado democrático de direito; Estado democrático de direito;


federativa: há uma grande república democrática-unitária:
descentralização estatal de poder, centralização de poder em
mas com a união indissolúvel relação ao ente federal
entre entes federativos (presidente é chefe de estado);
(municípios e estados). pluralista-distrital.

Sistema de O sistema adotado foi o O sistema adotado foi o


Governo presidencialista, com a república parlamentar semi-presidencialista
constitucionalizada e federativa; (há Primeiro-Ministro), com
divisão em três poderes república constitucionalizada;
(executivo, legislativo e democrática unitária: não há
judiciário) e multipartidarismo. federalismo; divisão em três
poderes e multipartidarismo.

Formas de Eleições (sufrágio direto e Eleições (sufrágio direto e


Acesso ao poder universal) ao executivo e universal) aos poderes executivo
legislativo; presidente governa, e legislativo; Primeiro-ministro
não é apenas representativo; (chefe de governo) e ministros do
ministros do Supremo Tribunal Supremo Tribunal de Justiça,
Federal são nomeados pelo órgão jurídico máximo, são
Presidente da República e escolhidos pelo Parlamento local;
aprovados pelo Senado Federal; remanescente do setor judiciário:
remanescente do judiciário: prova de pontos e títulos em
prova de pontos e títulos em concurso público aos formados
concurso público. na área jurídica.

Poderes No Brasil o Estado é o poder que O Timor-Leste é constituído pelo


administra o país e este se divide Primeiro-Ministro, pelos
em três poderes: Executivo, Ministros e pelos Secretários de
Legislativo e Judiciário. Cada um Estado. De acordo com a sua
dos poderes possui deveres Constituição, o Governo pode
incluir um ou mais
específicos para cumprir em Vice-Primeiro-Ministros e
conjunto com a sociedade. Vice-Ministros. E o número, as
designações e as atribuições dos
ministérios e secretarias de
Estado são definidos por diploma
legislativo do Governo.

Rigidez O Brasil tem por norma máxima O Timor-Leste também tem


constitucional a Constituição federal de 1988, como norma suprema sua
dessa forma, todas as outras leis Constituição, instituída em 22 de
devem se submeter a Carta março de 2002. De modo que
Magna resultando assim numa todas as outras normas em
rigidez constitucional. confronto com a Constituição,
prevalecerá a norma máxima.

Direitos e O Brasil possui direitos e O Timor-Leste por ter se


garantias garantias que abrange todos os inspirado na Constituição
campos da vida do cidadão, brasileira também possui direitos
desde o seu nascimento até a sua e garantias parecidos com a Carta
morte. Dessa forma, a Magna brasileira. Assim, o que
Constituição possui uma lista difere as duas Constituições é
extensa de direitos e garantias apenas uma divisão na
preservados pela Constituição de Constituição que separa direitos e
88. garantias pessoais, sociais,
culturais e econômicas. Porém,
resultam na mesma perspectiva
adotada pelo Brasil.

Com base nos estudos comparativos propostos, responda:

a) Qual a importância da existência de direitos e garantias fundamentais em uma


Constituição para que se possa considerar o país como um Estado de Direito?
Considerando que os Direitos e Garantias fundamentais não são iguais se
considerados países diferentes e com base na comparação que fizeram, o Brasil
possui melhores ou piores direitos e garantias fundamentais que a constituição
escolhida para comparação?

R: A Constituição serve de base para as demais regras do ordenamento jurídico, ou seja, está
no topo na hierarquia das normas. Diante disso, a presença de direitos e garantias
fundamentais em sua redação faz com que todo o sistema jurídico seja pensado a partir desses
princípios. Decerto, esses fundamentos nada mais são do mandatos de otimização
consequentes dos valores que existem em determinada sociedade, ou seja, vão de
concordância com os ideais de um determinado povo. A partir disso, a existência desses
direitos e garantias fundamentais na Carta Magna, atesta o país como um Estado Democrático
de Direito, visto que tem como base os valores dos próprios cidadãos.

Tanto a constituição do Brasil quanto a constituição de Timor-Leste apresentam direitos e


garantias fundamentais bem parecidas ao retratarem sobre a universalidade, igualdade,
igualdade entre homens e mulheres, a proteção à infância e juventude, acesso à justiça etc.
Além disso, as Constituições dos dois países são fruto das suas realidades sociais, logo,
tentam combater em seus textos os problemas existentes em seu contexto. Entretanto,
percebe-se uma maior descrição e completude na redação da Carta Magna do Brasil, ao
apresentar detalhadamente esses direitos. Dessa forma, há uma exposição maior dos direitos,
em uma clara tentativa de não deixar brechas para que não seja desrespeitada a dignidade da
pessoa humana. Essa necessidade surge do contexto político do Brasil anterior à Constituinte
de 1087-88, em que o país vivia em um regime militar. Assim, houve um anseio em descrever
todos os direitos fundamentais no documento, em uma tentativa de evitar que o ocorrido se
repetisse.

Como exemplo, enquanto a Carta de Timor-Leste declara repúdio a discriminação com base
na cor e raça ao retratar de outros assuntos também, o Brasil adotou um inciso na constituição
para a problemática, apresentando um tom penal, o que demonstra intensidade do problema
na nação:

“Artigo 16.º (Universalidade e igualdade)

2. Ninguém pode ser discriminado com base na cor, raça, estado civil, sexo, origem
étnica, língua, posição social ou situação económica, convicções políticas ou
ideológicas, religião, instrução ou condição física ou mental.” (TIMOR-LESTE,
2002).

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à


pena de reclusão, nos termos da lei;” (BRASIL, 1988).
Diante disso, seja pelo seu contexto político, seja pelas suas características como nação
(número de habitantes, história do país, problemáticas sociais e econômicas), o Brasil
apresenta direitos e garantias fundamentais expostas de modo mais profundo, dando ênfase
em qualquer assunto que poderia causar ou já causou atritos na sociedade brasileira.

b) Comparando as duas constituições, é possível dizer que um destes países seja


mais democrático que o outro? Qual(is) critério(s) poderiam ser utilizados para
fazer este tipo de comparação?

R: Ambas as redações constitucionais carregam traços progressistas típicos de modelos


democráticos, que trazem consigo a garantia de direitos sociais basilares e o exercício da
democracia através do sufrágio universal. Embora com organizações muito parecidas, a
Constituição timorense é deveras recente - fruto da independência tardia do país. O processo
de independência é citado no preâmbulo do texto constitucional, vangloriando as forças
armadas, bem como o papel fundamental exercido pela Igreja Católica. Tais elementos
evidenciam o mesclo cultural e uma democracia que vangloria a religião e a força militar.

Um aspecto que chama a atenção e é capaz de distinguir tais Estados a nível de "mais ou
menos democracia" seria o tipo de República que cada um adota: Brasil adotando a república
federativa, ao passo que Timor-Leste adota uma república democrática-unitária.

Apesar de o modelo democrático timorense admitir sufrágio universal para o cargo máximo
do poder executivo, sendo o Presidente da República, este apenas exerce um papel
representativo - demonstrando que o povo não determina diretamente quem irá deter o poder
político do país a nível de executivo, sendo esse o cargo de Primeiro Ministro que, por sua
vez, é nomeado para o cargo.

Além disso, a estrutura democrática-unitária concentra o poder diluído entre as regiões ao


arbítrio do governo central, de modo que o Estado unitário que delega às regiões amplos
poderes, mas o governo central reserva-se o direito de retirar esses poderes quando este
quiser. Tal traço afeta diretamente a noção de democracia para com esse país.

Desse modo, conclui-se que ambos os Estados Democráticos citados são garantistas e
competem em pé de igualdade quanto aos elementos primordiais de direitos humanos
presentes em suas constituições, mas a distribuição política interna tende à fazer da
Constituição Brasileira "mais democrática" munindo-se do critério de escolha direta e
exercício do poder.
c) Um dos temas mais controversos hoje no Direito brasileiro é o da separação de
poderes. Na comparação realizada, é possível identificar formas de aperfeiçoar o
modelo brasileiro de separação de poderes? Justifique. (20 pontos)

R: Por ser um Estado de direito democrático, a Constituição do Timor Leste possui,


basicamente, as mesmas referências da Constituição brasileira, como a Constituição dos
Estados Unidos da América (1787), a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
(1789) e a Constituição da Revolução Francesa (1791).

O princípio da separação de poderes está listado, na Constituição timorense, no artigo 69: “Os
órgãos de soberania, nas suas relações recíprocas e no exercício das suas funções, observam
o princípio da separação e interdependência dos poderes estabelecidos na Constituição”.
Assim, ao se comprometer em seguir o art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, a Constituição do Timor Leste garante sua legitimidade sob o olhar da comunidade
internacional.

Dessa forma, a separação de poderes tanto no Timor Leste quanto no Brasil possuem
características similares e a mesma essência, já que, nos dois Estados, tem-se o intuito de
limitar o exercício do poder dos órgãos e instituições estatais de uma forma recíproca, ou
seja, as diferentes funções que o Estado desempenha – política, legislativa, administrativa e
jurisdicional – se controlam mutuamente, evitando abusos de um determinado poder público
e ocasionando uma interdependência de poderes. Além disso, a separação de poderes, nos
dois Estados, possui o objetivo de organizar o poder político sob os critérios de legitimidade e
de democraticidade.

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