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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas


Programa de Pós Graduação em Ciência Política
Disciplina Pensamento militar: estratégia, política e estrutura de força
Prof. Dr. Eduardo Munhoz Svartman

Capítulo 4 - Da Vela ao Vapor: Teoria naval e o


paralelo militar, 1882-1914

Maurício Lima Collaziol


Introdução
➢ Imperialismo e o crescimento naval nos séculos XIX (final) e XX

➢ Antecedentes:
○ Barco a vela séc XVI com a Armada Espanhola
○ Alterações na balança de poder marítimo global
■ Grã-Bretanha x Alemanha e o papel da tecnologia
○ Aproximação entre os pensamentos naval e militar → mesmo conjunto de condições
tecnológicas, sócio-políticas e econômicas
○ Dois modelos estratégicos: Napoleão (poder imperial e revolucionário francês) x Lord Nelson
(supremacia naval britânica)
MAHAN E A VARREDURA DA HISTÓRIA
➢ Atos de Navegação 1889 e a emergência de os novos atores
➢ 1884: Faculdade de Guerra Naval (Táticas e História Naval) → Commodore Luce
➢ Cultura positivista (meados século XIX)
➢ Acudir à arte militar → da guerra naval à ciência
➢ 1650-1815: barco a vela e a disputa pelo domínio marítimo (GB, HL, FR)
➢ “Qual a utilidade do conhecimento destes dias passados?” p. 448
○ Jomini
○ 1889-1892: 1) 1890: A Influência do Poder Marítimo na História, 1660—1783; 2) 1892 A Influência do
Poder Marítimo na Revolução Francesa e no Império

"Destacar o papel histórico e a importância do poder


marítimo foi a conquista mais original de Mahan e
conquistou a admiração de seus contemporâneos." p. 450
➢ Críticas: supervalorização Marinha e subvalorização Exército britânicos
○ Era industrial, o grande problema da tese de Mahan
○ Brooks Adams e Halford Mackinder → Locomotiva a vapor

“Pela primeira vez na história, o transporte terrestre, até então dependente apenas da musculatura humana
e animal, foi capaz de desafiar a vantagem incontestável que o transporte marítimo e fluvial possuía na
movimentação de grandes quantidades de mercadorias em grandes distâncias a baixo custo. Além disso , na
nova era do capitalismo industrial, a capacidade industrial doméstica em grande parte ofuscou o comércio
ultramarino e as colônias como a principal fonte de riqueza nacional e poder naval." p. 452-453
➢ Influência de Mahan na Filosofia do Poder Naval → sistematização e nova
argumentação; colonialismo europeu, peso comercial-industrial
○ Imperialismo → nações infantis e/ou decadentes

➢ Defesa do status quo x potência em ascensão → "Os trabalhos inspiradores de


Mahan são uma excelente arma de propaganda" p. 455

➢ Alianças → Teutônicos (contra a Rússia); Anglo-saxões (contra ameaça alemã)

➢ Doutrina da Guerra Naval


○ Premissa: "pode-se obter o comando do mar e todos os benefícios que isso acarreta apenas
destruindo a frota de batalha principal do inimigo em batalha ou, se o inimigo se esquivar do
confronto direto, aprisionando sua marinha em seus portos." p. 458
○ Concentração de forças e ousadia tática são os princípios das operações navais.

➢ Século XVII → atividades de guerra monopolizados pelo Estado


○ Passagem do séc XVIII → uniformização exércitos e marinhas europeus
➢ Estratégia da "Indecisão" (século XVIII) → ataque ou defesa, objetivo era não
perder navios

➢ Mudança da rígida estrutura de linha por colunas/divisões menores (Eldin)

➢ Batalhas de destruição
○ Suffren → "Ataque, e não a defesa, era o caminho para o poder marítimo" p. 465
→ não economizar os próprios navios, mas destruir os do inimigo

➢ Captura e/ou destruição de navios mercantes inimigos é a tática da marinha


mais fraca

➢ Idênticos problemas em Mahan e Jomini → táticas mudam, princípios não


○ "Em terra, as armas de fogo aprimoradas estavam transformando as táticas e a locomoção a vapor
revolucionando a estratégia. [...] No mar, os couraçados a vapor, as armas e armaduras de aço, o
torpedo, a mina e, finalmente, o motor de combustão interna estavam revolucionando a marinha
guerra da mesma maneira. " p. 467
➢ Novas tecnologias e o distanciamento relativo de Mahan
➢ Torpedo francês X destroyer inglês
○ Destruição frotas mercantes
○ Destruição das linhas de comunicação (telégrafo)
○ “Destruir o comércio, argumentou ele, nunca foi, e nunca poderia se tornar, um substituto para o
comando do mar, não importando os meios técnicos usados." p. 471
➢ Submarino → barco torpedeiro de defesa costeira
➢ Iª Guerra Mundial → Guerra de Posições tanto terrestres quanto marítimas
○ "No impasse que emergiu no novo ambiente tecnológico, os modelos Napoleônico e Nelsoniano e as
teorias estratégicas baseadas neles e reivindicando validade universal falharam em se
materializar." p. 472
O REVISIONISMO DE CORBETT DE DRAKE À JUTLAND

➢ Superioridade marítima britânica


○ Unificação da Alemanha (1871)

➢ John Colomb → Relação economia e defesa


○ Invasão da Inglaterra → perda controle águas territoriais
○ Fome (Fisher) → importação de alimentos
○ Combinação de forças entre Marinha e Exército

➢ Philip Colomb → problema bloqueio inimigo (segurança alimentar)


○ Controle dos mares; fortificações sem utilidade
○ "evocar a imagem da Grã-Bretanha como um império oceânico e senhora dos mares. [...] O mar
era seu domínio. Suas comunicações se assemelhavam às estradas internas de um país. As costas
do inimigo eram suas fronteiras." p. 476
○ Ameaça → ataque aos navios mercantes (guerre de course )
➢ Mahan (histórico) X Colomb (teórico)
○ Expedições marítimas → vela → guerra naval

➢ Corbett e a necessidade das ações conjuntas entre Marinha e Exército

➢ Crescimento do poder de fogo diminui a possibilidade de manobras para


romper as linhas inimigas.
○ Conclusões: alteração paulatina do ataque linha-coluna; marinha e o transporte dos exércitos.

➢ A virada teórica de Corbett → Clausewitz e a Guerra dos Sete Anos


○ guerra naval não é simplesmente vencer as batalhas e tomar o comando/controle do mar
○ Visão expandida: relacionar as políticas navais com a diplomacia e os esforços militares
○ "o método histórico revela que o comando do mar é apenas um meio para um fim. Nunca foi e nunca
poderá ser o próprio fim." p. 485
➢ Guerra no mar apenas uma ramo do fenômeno mais amplo da guerra

➢ Suporte da marinha e o papel decisivo dos exércitos


○ Guerra limitada → marítima x terrestre (mobilização dos recursos)
○ "o que era verdade na guerra terrestre era ainda mais verdadeiro no mar, onde as condições
tornavam as guerras limitadas a regra". p. 488

➢ Defesa estratégica → Clausewitz (perdurar), → Moltke (ofensiva estratégica e


defesa tática)
○ contradiz o aniquilamento das forças de resistência inimigas

➢ "O que põe fim a uma guerra a pressão exercida sobre os cidadãos e suas
vidas coletivamente" p. 489
○ Concentração de forças → combinações estratégicas → Dispersão
○ Crítica à base não principiológica e afirmação da superioridade naval (Wilkinson)
➢ Iª Guerra Mundial
○ Falha com o papel do submarino
○ Acerto impossibilidade ataque em água do inimigo
■ Bloqueios de longo prazo, guerra terrestre prolongada e de atrito

➢ Batalha de Jutlândia (1916) → desapontamento (Nelsoniana)


○ Churchill → domínio das comunicações alemães e a vantagem possível
○ Críticas a Corbett → causa do desânimo da estratégia britânica

➢ IIª Guerra Mundial → encerramento controvérsia de Corbett


○ Fim das tradições de supremacia (Inglaterra X Alemanha)
○ Armas nucleares e o fim da concepção napoleônica-nelsoniana do século XIX de guerra
ilimitada

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