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RECURSO – PROVA DE HISTÓRIA – CA-AA/AFN – 2022 (prova amarela)

Questão 24

Argumento 1

A questão foi formulada com o propósito de abordar a Marinha brasileira no período


entre guerras. Inicialmente, no enunciado foi apresentada uma passagem do Relatório do
Ministro da Marinha e foi estabelecida a seguinte referência bibliográfica: “CAMINHA, José
Carlos. Introdução à história Marítima Brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação
da Marinha, p. 138, 2006). No entanto, conforme o programa, a obra Introdução à História
Marítima Brasileira foi organizada pelo Vice-Almirante (EM-RM1) Armado de Senna
Bittencourt, enquanto a obra “História Marítima” foi publicada pelo Vice-Almirante João
Carlos Caminha e publicada pela Biblioteca do Exército Editora em 1980. Portanto, o
enunciado apresenta informação inexata.

A partir da pergunta da questão: “Sobre a Marinha Brasileira no período entre


guerras é correto afirmar que”, é preciso reforçar que é consenso na historiografia afirmar
que a conjuntura histórica entre 1918 e 1939 é considerada como “período entre guerras”.
No dia 11 de novembro de 1918 foi assinado o armistício que estabeleceu o fim da Primeira
Guerra Mundial (1914-1918) e 1 de setembro de 1939, quando foi iniciada a ofensiva nazista
contra o território polonês. Esse recorte temporal é respaldado pelo Vice-Almirante
Bittencourt na passagem: “O período entre guerras, que abarcou os anos de 1918 até 1939,
caracterizou-se pelo abandono a que foi submetida não só a Marinha de Guerra como
praticamente toda a atividade nacional relacionada com o mar” (BITTENCOURT, 2006, p.
138).

Por sua vez, o Estado brasileiro aprovou um novo aparelhamento naval somente em
1940, quando os aliados e o eixo já guerreavam na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
De acordo com o Vice-Almirante Bittencourt: “As atividades de minagem e varredura tinham
sido mantidas em segundo plano desde o fim da Grande Guerra, utilizando-se navios
mineiros varredores improvisados. Em 1940, obedecendo ao novo programa naval então
aprovado, decidiu-se pela construção no Brasil de uma série de navios mineiros varredores,
todos pertencentes à classe Carioca” (BITTENCOURT, 2006, p. 139). Dessa forma, ultrapassa
o período abordado pelo enunciado. Pelo Aviso Ministerial no 698, de 10 de junho de 1940,
do Ministro da Marinha foi criada a Flotilha de Navios Mineiros, constituída pelos Navios
Mineiros Carioca, Cananéia, Camocim, Cabedelo, Caravelas e Camaquã. Em 1941, a Flotilha
foi incorporada à Esquadra Brasileira. (VER: DIRETORIA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO.
Disponível em:
https://www.marinha.mil.br/dphdm/sites/www.marinha.mil.br.dphdm/files/CariocaNavioM
ineiroCorveta1939-1960.pdf).

Nenhuma das opções fazem referência ao período entre guerras (1918 a 1939). Por
essa razão, solicito a anulação da questão.

Argumento 2:

A partir da pergunta da questão: “Sobre a Marinha Brasileira no período entre guerras é


correto afirmar que”, é preciso reforçar que é consenso na historiografia afirmar que a
conjuntura histórica entre 1918 e 1939 é considerada como “período entre guerras”. No dia
11 de novembro de 1918 foi assinado o armistício que estabeleceu o fim da Primeira Guerra

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Mundial (1914-1918) e 1 de setembro de 1939, quando foi iniciada a ofensiva nazista contra
o território polonês. Esse recorte temporal é respaldado pelo Vice-Almirante Bittencourt na
passagem: “O período entre guerras, que abarcou os anos de 1918 até 1939, caracterizou-
se pelo abandono a que foi submetida não só a Marinha de Guerra como praticamente toda
a atividade nacional relacionada com o mar” (BITTENCOURT, 2006, p. 138). No caso
brasileiro, entre 1939 e 1942, o Estado manteve-se neutro, declarando guerra somente em
31 de janeiro de 1942 (BITTENCOURT, 2006, p. 127).

Nesse sentido, verifica-se que no período entre guerra da história política brasileira duas
medidas foram promovidas: Em primeiro lugar, a incorporação da Flotilha de Mineiros
Varredores em 1940. De acordo com o Vice-Almirante Bittencourt: “As atividades de
minagem e varredura tinham sido mantidas em segundo plano desde o fim da Grande
Guerra, utilizando-se navios mineiros varredores improvisados. Em 1940, obedecendo ao
novo programa naval então aprovado, decidiu-se pela construção no Brasil de uma série de
navios mineiros varredores, todos pertencentes à classe Carioca” (BITTENCOURT, 2006, p.
139).

Em segundo lugar, a assinatura do Lend Lease – A Lei de Empréstimo e Arrendamento com


os Estados Unidos que permitia, sem operações financeiras imediatas, o fornecimento dos
materiais necessários ao esforço de guerra dos países aliados. O acordo foi assinado a 11
de março de 1941. De acordo com o Vice-Almirante Bittencourt: “Em acordo firmado a 1 o
de outubro de 1941, o Brasil obteve, nos termos dessa lei, um crédito de 200 milhões de
dólares, o qual, por ordem do presidente da República, coube ao Exército 100 milhões e à
Marinha e à Força Aérea 50 milhões cada. Da cota destinada à Marinha, um total de 2
milhões de dólares foi despendido com o armamento dos navios mercantes” (BITTENCOURT,
2006, p. 148).

Isto posto, verifica-se que a questão possui duas alternativas corretas “A” e “B”. Portanto,
solicita-se a anulação da questão.

Questão 25

Argumento 1

A questão versa sobre a evolução tecnológica da Marinha de Guerra sob impacto da


revolução industrial. Contudo, o enuncia possui contradições conceituais do ponto de vista
historiográfico. O processo de desenvolvimento industrial é avaliado pela historiografia a
partir da seguinte divisão: a Primeira Revolução Industrial (a partir de 1760) e a Segunda
Revolução Industrial (a partir de 1850). Nesse sentido, o emprego do conceito de “Revolução
Industrial” faz-se referência a Primeira Revolução Industrial, ocorrida ainda no século XVIII
pela Inglaterra. Como consequência as inovações no âmbito da construção naval, a inserção
das esquadras na era do vapor e do ferro ocorreram a partir de 1830 como um legado da
Primeira Revolução Industrial. Após 1862, a batalha de Hampton Roads trouxe a
consolidação da propulsão exclusivamente a vapor e da couraça. Mais tarde, a 2ª Revolução
Industrial (a partir de 1850), conduziram a Marinha de Guerra à era do aço com o advento
da metalurgia. artilharia. A Segunda Revolução Industrial trouxe as respostas e novos
paradigmas, em face da consolidação da marinha a vapor, no transpor do século XIX para o
século XX. O desenvolvimento da metalurgia contribuiu para o aparecimento de ligas de

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menor espessura, que eram mais leves e conferiam maior resistência contra os projéteis. A
partir de então, os navios passaram a ser construídos de ferro e dotados com couraça de
aço. A incompatibilidade dessa couraça com a propulsão mista desencadeou o processo de
consolidação da propulsão a vapor, mediante o aperfeiçoamento e aumento das potências
das máquinas e o lançamento de novas turbinas e caldeiras aquatubulares. Ao final da
década de 1880, o resultado foi a construção de navios mais extensos e com maior
velocidade, sem mastreação e velas, reduzindo o emprego dos mastros apenas para
comunicação como encouraçados do tipo pré-dreadnought e cruzadores encouraçados e
protegidos. (VIDIGAL,

Diante do exposto, verifica-se que o conceito de “Revolução Industrial” adotado não condiz
ao navio HMS Blake, lançado em 1889 visto que ele foi produto das inovações da Segunda
Revolução Industrial. A ausência de exatidão no conceito histórico impede o candidato de
encontrar a opção cabível no enunciado tendo em vista que cada etapa da revolução
industrial caracteriza as Marinhas de Guerra e o cruzador foi um navio característico da
Segunda Revolução Industrial, conduzindo o candidato ao erro. Portanto, solicita-se a
anulação da questão.

ARGUMENTO 2

O gabarito informado “E” afirma que o cruzador HMS Blake, incorporado à Royal Navy foi o
primeiro cruzador com propulsão a vapor sem mastro para velas. No entanto, a
historiografia naval afirma que os primeiros cruzadores sem mastros pertencem a Classe
Orlando e foram incorporados anteriormente ao HMS Blake em 1888. Portanto, devido ao
erro histórico apresentado na questão, solicita-se a anulação da questão visto que não há
alternativa correta.

Fonte: SONDHAUS, Lawrence. Naval Warfare (1815-1914). Routledge, 2001, p. 143.

De acordo com o glossário disponível pela Royal Navy, é possível observar que o navio possui
somente mastro de sinais.

Link: https://www.battleships-cruisers.co.uk/hms_orlando.htm

Fonte: NAVAL HISTORICAL SOCIETY OF AUSTRALIA. Disponível em:


https://navyhistory.org.au/hms-australia-and-the-william-droudge-mystery/.

Ver: LINDGREN, Scoott M. The Genesis of a Cruiser Navy. British First-Class Cruiser
Development (1884-1909).

Questão 28

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Argumento 1

A questão foi planejada para ser respondida a partir da citação do texto. No entanto, o
trecho não condiz com a referência bibliográfica citada visto que o Vice-Almirante João Carlos
Caminha é autor da obra História Marítima e não “Introdução à História Marítima Brasileira”
que foi organizado pelo Vice-Almirante Bittencourt. Por sua vez, na obra do Vice-Almirante
João Carlos Caminha, não há menção sobre a relevância do navio na Guerra Hispano-
Americana. Devido à inexatidão do enunciado, trazendo informações errôneas sobre a
bibliografia do certame, solicito a anulação da questão.

Argumento 2

A partir da análise da obra do Vice-Almirante Bittencourt, verifica-se que o autor também


admite a importância da Fragata, relacionando ao contratorpedeiro. É preciso sublinhar que
as fragatas também sofreram adaptações e também foram utilizados com grande sucesso
nas guerras mundiais devido ao grupo de caça e destruição composto pro fragatas e
corvetas que promoveram guerra antissubmarina no Atlântico Sul. Segundo o autor: “As
fragatas estão ligadas aos contratorpedeiros. Cumprem os mesmos tipos de tarefa e têm
características semelhantes. Estes navios, hoje, se confundem. Pode-se dizer que, em geral,
as fragatas têm menor deslocamento, menor velocidade e menor quantidade de
armamento que os contratorpedeiros, mas isso está longe de ser uma regra geral e varia de
Marinha para Marinha. Podem atuar em qualquer ambiente da guerra naval, sendo
empregadas, principalmente, em ataques contra navios de superfície; guerra anti-
submarino; defesa antiaérea e antimíssil; apoio a operações anfíbias; operações de
esclarecimento e como piquete radar; escolta de comboios; e guerra de corso contra
navegação mercante e combate ao narcotráfico” (BITTENCOURT, 2006, p. 177). Diante do
exposto, há duas opções corretas – fragatas e contratorpedeiros. Por essa razão solicita-se
a anulação da questão.

Argumento 3

A partir da análise da bibliografia, verifica-se contradições acerca do que foi


apresentado no enunciado. Na obra Guerra no Mar, o Almirante Afonso Barbosa afirma, que
após 1894, as marinhas investiram pesadamente na construção de navios encouraçados, que foram
largamente empregados com sucesso nas duas grandes guerras do século XX” (GUERRA NO MAR, 2009,
p. 321). Desse, modo verifica-se que, após a Guerra Hispano-Americana, o encouraçado continuou
obtendo relevância visto que, após a Batalha de Tsushima foi consolidado o canhão de grosso calibre e,
em 1906, ocorreu o lançamento do encouraçado Dreadnoughts empregado durante a 1ª Guerra Mundial.
De acordo com o Vice-Almirante Armando Bittencourt: “Na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905)
apareceram os encouraçados maiores, bem armados, com canhões de grosso, médio e pequeno calibre.
Em 1906, a Inglaterra revolucionou a arquitetura naval com a construção do tipo Dreadnought, em que
se suprimia a artilharia médio calibre, aumentava-se o deslocamento para 18.000t e a velocidade para 21
nós” (BITTENCOURT, 2006, p. 175). Na Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1940, a ameaça eram os
encouraçados de bolso da Alemanha Nazista, demonstrando que a Inglaterra e seus aliados iriam lutar
contra esses encouraçados para garantir o domínio do Mar (GUERRA NO MAR, p. 396-397). De acordo
com o Vice-Almirante Bittencourt: “Encouraçado de bolso – Do inglês pocket batteship: nome cunhado
pela mídia para designar os encouraçados de 10.000 toneladas, construídos e empregados pelos alemães
durante a Segunda Guerra Mundial. Ex: Graff Spee” (BITTENCOURT, 2006, p. 176). O autor ainda afirma
sobre o papel do encouraçado durante a Segunda Guerra Mundial: “Os encouraçados têm sido utilizados
para bombardeio pesado e contínuo de instalações de terra e portos inimigos, inclusive para apoio de

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operações anfíbias. Na Segunda Guerra Mundial, eles também faziam parte da escolta dos grandes
comboios” (BITTENCOURT, 2006, p. 176).
Diante do exposto, verifica-se que o encouraçado continuou se desenvolvendo e atuante após a Guerra
Hispano-Americana como também exposto pela obra Introdução à História Marítima e o Guerra no Mar.
A partir da explicação dos qualificados autores, solicita-se a anulação da questão visto que o encouraçado
também pode ser considerado uma belonave que mostrou-se eficiente em diversas ações (combate,
comboio) e que também foi aumentando suas dimensões e poder ofensivo conforme os anos sendo
também um sucesso nas duas guerras mundiais conforme vislumbrado em Jutlândia (1916) e Atlântico
(entre 1939 e 1945), conforme demonstra o próprio Vice-Almirante Bittencourt.
Solicita-se anulação visto que contratorpedeiro e encouraçado são opções cabíveis na questão, havendo,
portanto, duas informações corretas.
QUESTÃO 29
Solicita-se a anulação da questão visto que há contradições entre os textos da bibliografia,
induzindo os candidatos ao erro.
Na assertiva III, a questão afirma: “Capitão: seu mister era a navegação e, para isso, tinha
conhecimento acima da maioria do pessoal”. A assertiva está correta. De acordo com a obra Fatos Navais:
“Havia ainda a figura do piloto, que às vezes era o próprio capitão; seu mister era a navegação e, para
isso, tinha conhecimentos acima da maioria do pessoal” (FATOS NAVAIS, 2006, p. 20). Considerando que
o Capitão e o Piloto podem assumir a mesma função, conclui-se que o capitão é de fato experiente em
navegação, obtendo conhecimento acima da maioria do pessoal.

Portanto, é possível concluir que diante das contradições entre a bibliografia estabelecida pelo próprio
certame, a assertiva III está correta. Diante do exposto, solicita-se a anulação da questão visto que não
possui alternativa correta (II, III e V).

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