Você está na página 1de 7

SANTA CATARINA

Contratorpedeiro
Incorporação: 15 de setembro de 1910.
Baixa: 28 de julho de 1944.

(Acervo: Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha)

Contratorpedeiro construído pelos Estaleiros Yarrow, West Glasgow, Inglaterra, nono de


uma série de dez (Amazonas, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe,
Paraná, Mato Grosso e Santa Catarina), encomendados pelo Governo Brasileiro como parte
do Programa de Construção Naval de 1906 do Ministro da Marinha Alexandrino Faria de
Alencar. Foi lançado ao mar em 27 de outubro de 1909 e entregue ao Governo Brasileiro em
11 de junho de 1910. Partiu de Glasgow na Escócia em 20 de junho de 1910 e chegou ao Rio
de Janeiro em 14 de agosto do mesmo ano.
A Mostra de Armamento foi realizada em 20 de setembro de 1910 recebendo o
indicativo visual 9. Foi incorporado a Esquadra por meio do Aviso n° 4103 de 15 de setembro
1910.
Primeiro navio da Marinha do Brasil a ostentar o nome Santa Catarina recorda o Estado
da Federação do mesmo nome.
O navio foi construído em chapa de aço de 5 mm, rebitado com reforço horizontal,
dividido em doze compartimentos estanques, sem couraçamento, possuindo apenas dois
conveses de chapa de aço recoberto com corticina. O primeiro convés percorria todo o
comprimento do navio da proa até o compartimento de colisão. O segundo convés era
interrompido pelos compartimentos de máquinas e caldeiras e formado, portanto, por duas
partes, uma à vante abrangendo as cobertas e outro à ré, abrangendo os alojamentos dos
oficiais.
Possuía as seguintes características: 650 t de deslocamento; 73,15 m de comprimento
entre perpendiculares; 7,16 m de boca; 4,27 m de pontal; 2,31 m de calado à vante; 2,31 m de
calado à ré.
Era artilhado com dois canhões de 101,6 mm, Armstrong, 40 calibres, fechamento por
parafusos cilindro tronco cônico e obturação plástica Eslwick, ficando um à vante e outro à
ré. Possuía quatro canhões de 47 mm, Armstrong, 45 calibres, semiautomáticos, fechamento
por cunha vertical e obturação por estojo metálico, ficando dois a bombordo, dois a boreste
com alças telescópicas iluminadas e o disparo elétrico ou por percussão.
Era equipado com duas máquinas á vapor, Yarrow, 8.000 HP, alternativas, tríplice
expansão com quatro cilindros invertidos desenvolvendo alta, média e baixa pressão. Possuía
dois condensadores, duas caldeiras aquatubulares, tipo expresso, Yarrow, colocadas em dois
compartimentos separados e estanques. Tinha cinco carvoeiras com capacidade total de 173
metros cúbicos de combustível e capacidade em sobrecarga de 111 t adicionais
acondicionados nas caldeiras e no convés. Possuía duas chaminés e conseguia desempenhar a
velocidade máxima de 27 nós com um raio de ação de 1.600 milhas a 15 nós.
A água potável era produzida por vaporizador e destilador sistema Laird Rapier com
capacidade de 6000 l por dia e 17 t para alimentação das caldeiras.
Os paióis de projeteis e pólvora eram ventilados pelo sistema tradicional com admissão
de ar atmosférico e pelos sistemas de ar frio circulatório fornecido por termotanques e
máquinas frigoríficas J.C.Hall.
A energia elétrica era fornecida por um grupo eletrogênio montado no compartimento à
ré das máquinas motoras. Consistia na associação direta de um motor a vapor Peter
Brotherhood, 18 HP com um dínamo Siemens Brothers, tipo 12F, corrente contínua,
excitação compound, multipolar, 80 v, 150 amperes, 12 kw, 650 a 682 rotações. Os circuitos
de baixa tensão eram alimentados por pilhas e destinados ao serviço de artilharia e disparo de
torpedos.
A manobra do navio era feita por leme compensado servo-assistido por máquina a
vapor, do passadiço e torre de comando, e a mão, na popa, por ante a ré da gaiuta da praça
d'armas. As comunicações eram feitas por estação telegráfica do sistema Marconi, 15 kw,
alcance máximo de 70 milhas.
O navio dispunha de um mastro de madeira, comum, com verga para sinais com 17,4 m
de altura, acima do convés, e uma guindola à ré para fixação da antena de telegrafia da haste
da bandeira.
Para navegação o navio dispunha de agulha magnética padrão (de líquido) no tijupá, de
agulha magnética (de líquido) no passadiço, agulha magnética seca na popa, máquina de
sondar Lord Kelvin de 1906 e dois odômetro de superfície Walker Cherub & Neptune para
altas e médias velocidades, respectivamente.
Originalmente, dispunha de um escaler de seis remos, um escaler de quatro remos, uma
canoa de quatro remos, uma chalana e duas jangadas; nove boias salva-vidas e 24 coletes de
cortiça de salvação.
Sua lotação inicial constava de 11 oficiais e 73 praças em tempo de paz e em tempo de
guerra de 11 oficiais e 88 praças.
Durante o período em que serviu na Marinha do Brasil realizou inúmeras missões as
quais se destacam:
25/09/1910 – Participou de exercícios conjuntos com o Encouraçado São Paulo;
22/11/1910 – Comboiou uma Divisão Argentina;
23/11/1910 – Suspendeu para evitar a abordagem da Torpedeira Tamoio, um dos navios
rebelados durante a Revolta dos Marinheiros, sendo perseguido a até a Ilha do Rijo (RJ);
10/12/1910 – Suspendeu das proximidades da Ilha das Cobras (RJ) em consequência da
Revolta do Batalhão Naval, mantendo-se em prontidão nas imediações da Ilha do Boqueirão
(RJ);
05/03/1911 – Em consequência da Revolução no Paraguai seguiu para aquele país, realizando
manobras conjuntas com os Contratorpedeiros Paraná e Rio Grande do Norte e o Tender
Itaúba. Fundeou em Assunção no dia 25 de março de 1911;
Antes mesmo da declaração de guerra do Brasil à Alemanha, a Marinha já vinha
patrulhando a costa com a missão de vigilância para manter a neutralidade e, depois da
entrada no conflito, mantendo a vigilância de atividades inimigas na fronteira marítima
brasileira. Foram constituídas três divisões navais, cada uma delas comandadas por um
contra-almirante. A Divisão Naval do Norte, com sede em Belém, era composta dos
Encouraçados Deodoro e Floriano, Cruzadores República e Tiradentes, os Contratorpedeiros
Piauí e Santa Catarina e flotilhas do Amazonas. A Divisão Naval do Centro, com sede no
Rio de Janeiro era composta dos Encouraçados Minas Gerais e São Paulo e os
Contratorpedeiros Amazonas, Pará, Paraíba, Alagoas e Paraná.
Com a declaração de guerra do Brasil, o Ministro da Marinha determinou que fosse
preparada uma Divisão Naval para operações de guerra nos mares europeus. Essa Divisão
seria comandada pelo Contra-Almirante Pedro Max de Frontin e composta dos Cruzadores
Bahia e Rio Grande do Sul, Contratorpedeiros Piauí, Santa Catarina, Paraíba e Rio Grande
do Norte. Posteriormente foram incorporados à Divisão o Tender Belmonte e o Rebocador
Laurindo Pitta.
Em 7 de maio de 1918 suspenderam do Rio de Janeiro os Contratorpedeiros Piauí e
Paraíba. No dia 9 suspenderam o Rio Grande do Norte e o Santa Catarina, e por fim os
Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul;
A área de operações determinada pelo Comando Aliado para a atuação da DNOG incluía
Dacar, Ilhas de Cabo Verde e Gibraltar, sendo à base de operações no Porto de Gibraltar.
Caberia a DNOG patrulhar essa área contra submarinos inimigos, liberando os navios aliados
e desempenhando assim a guerra antissubmarino;
No dia 28 de abril de 1919 a DNOG partiu de Gibraltar com destino ao Brasil, sendo
recebida de forma festiva em Recife no dia 23 de maio, chegando no Porto de Recife em 9 de
junho, sendo saudada e escoltada por navios que estavam próximos ao porto;
26/01/1920 – Foi incorporado à Primeira Divisão Naval pela Ordem do Dia n° 24 do dia 26
de janeiro;
29/01/1920 – Zarpou para o Cabo de São Tomé para prestar socorro a um navio encalhado;
19/09/1920 - Suspendeu para recepcionar o Encouraçado São Paulo que transportou os Reis
da Bélgica em visita oficial ao Brasil;
De 1921 a 1926 – Passou por um reforma geral a encargo da empresa Teixeira, Nunes e Cia.
Em 3 de outubro de 1930 ao se ter notícias dos levantes no Sul do país, a Esquadra
recebeu ordens para se aprestar. O Contratorpedeiro Santa Catarina, já se encontrava em
Florianópolis com os Contratorpedeiros Paraná e Maranhão. Assim, foi criada a Força Naval
de Operações no Sul, sob o comando do Almirante Heráclito Belfort Vieira.
Do dia 17 ao dia 24 de outubro de 1930, as artilharias dos Contratorpedeiros Santa
Catarina e Maranhão atiraram contra a povoação de Palhoça (SC). Até o dia 24 a situação
permaneceu inalterada com Florianópolis sob o poder dos legalistas, assim as forças navais
recebem ordem para cessar hostilidades, emitida pela Junta Governativa Provisória que se
formou no Rio de Janeiro.
Durante a Revolução Constitucionalista de São Paulo em 1932 integrou a Segunda
Divisão fazendo o bloqueio de Santos.
08/09/1938 – Suspendeu com uma turma de aspirantes, indo até fora da barra.
Reconhecido o estado de beligerância entre o Brasil e os países do Eixo foi criado pelo
Aviso n° 1351 de 25 de agosto de 1942 o Grupo Patrulha do Sul, sob o comando do Capitão
de Fragata Ernesto de Araújo e incorporava inicialmente os Contratorpedeiros Santa
Catarina, Rio Grande do Norte e Sergipe. Assim, em 26 de agosto de 1942, o
Contratorpedeiro Santa Catarina suspendeu arvorando o pavilhão do Comandante do Grupo
Patrulha do Sul, com destino a Santos e Laguna, o navio se manteve no Sul até outubro,
quando regressou ao Rio de Janeiro no dia 21 de outubro, onde permaneceu como defesa
local até o final da guerra.
Pelo Aviso Ministerial n° 1.248 de 28 de julho de 1944, foi determinada a sua baixa do
Serviço Ativo da Marinha do Brasil.

Foram seus Comandantes:


Capitão de Corveta Francisco Lemos Lessa
Capitão de Corveta Luiz Lopes da Cruz
Capitão de Corveta José Francisco de Moura
Capitão de Corveta Arnaldo Pinto da Luz
Capitão de Corveta Protógenes Pereira Guimarães
Capitão de Corveta Octacílio Perry
Capitão de Corveta Emanuel Gomes Braga
Capitão de Corveta Hipólito Plech Areias
Capitão de Corveta Ricardo Greenhalgh Barreto
Capitão de Corveta Cesar de Amaral Gama
Capitão de Corveta Mário de Amaral Gama
Capitão de Corveta Adalberto Guimarães Bastos
Capitão de Corveta Milcíades Portela Ferreira Alves (interino)
Capitão de Corveta Francisco Bonfim de Andrade
Capitão de Corveta Artur Lima do Rego Meirelles
Capitão de Corveta Miguel de Castro Caminha
Capitão de Corveta Joaquim Aureliano Freire de Carvalho
Capitão de Corveta Ubaldo Xavier da Silveira
Capitão de Corveta Alfredo Buarque Pinto Guimarães
Capitão de Corveta João Cândido Martins Filho
Capitão de Corveta Luiz Coutinho Ferreira Pinto
Capitão de Corveta Raymundo Beltrão Pontes
Capitão de Corveta Artur de Rego Meirelles
Capitão de Corveta Armando Augusto Gonçalves
Capitão de Corveta Francisco Xavier da Cunha
Capitão de Corveta Adalberto Landin
Capitão de Corveta Oscar de Almeida
Capitão de Corveta Heitor B. Coelho
Capitão de Corveta Francisco Rodrigues da Silva
Capitão de Corveta Octavio Fernandes Faria Machado
Capitão de Corveta Guilherme Bastos Pereira das Neves
Capitão de Corveta Osvaldo Mesquita Braga
Capitão de Corveta João Paiva de Azevedo
Capitão de Corveta Augusto Pereira
Capitão de Corveta Jorge da Silva Leite
Capitão de Corveta José Paraguassú de Sá
Capitão de Corveta Luiz Felipe Pinto da Luz

Você também pode gostar