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HISTÓRIA E TRADIÇÕES NAVAIS

CAPÍTULO 1 – TRADIÇÕES USOS E COSTUMES DO MAR


DEFINIÇÕES - Embarcação
É uma construção feita de madeira, ferro, aço, ou da combinação desses e
outros materiais, que flutua e é destinada a transportar pela água pessoas ou
coisas.
Barco tem o mesmo significado, mas usa-se pouco (barca – embarcar).
Navio, nau, nave, designam, em geral, as embarcações de grande porte; nau e
nave são palavras antiquadas, hoje empregadas apenas no sentido figurado.
Vaso de guerra e belonave (latim) significam navio de guerra, mas são
pouco usados.

DEFINICOES - Nomenclatura dos Bordos


Em Portugal se diz estibordo, em vez de boreste, termo adotado em nossa
Marinha para evitar confusões (1910 – Alte. Alexandrino).
O termo “ESTIBORDO” tem ORIGEM na EXPRESSÃO INGLESA steer board (PLACA
DE MANOBRAR), que também deu origem à palavra starboard.

DEFINIÇÕES - Borda
É o LIMITE SUPERIOR do COSTADO, que pode terminar na altura do convés (se
recebe BALAUSTRADA) ou elevar-se um pouco mais, constituindo a borda-falsa.
ABORDAR significa ENTRAR A BORDO, tanto quanto embarcar, mas de forma
forçada.(ABORDAGEM)

DEFINIÇÕES - Quilha
Peça disposta em todo o comprimento do casco, na parte mais baixa do
navio. É sua parte mais importante, sua “ESPINHA DORSAL”.

CERIMÔNIAS - Batimento da quilha


Cerimônia no estaleiro que marca o INICIO DA CONSTRUÇÃO DO NAVIO.

CERIMÔNIAS - Lançamento ao mar


Em outra cerimônia, quando o CASCO DO NAVIO FICA PRONTO, ele é batizado
e “lançado ao mar”.

CERIMÔNIAS - Mostra de Armamento


Somente DEPOIS de FINALIZADA a CONSTRUÇÃO é que o NAVIO SERÁ
INCORPORADO ao serviço ativo, após a inspeção de sua “armação”.
DEFINIÇÕES – ARMAÇÃO - É a EQUIPAGEM do navio (tradicionalmente os MASTROS,
VELAS e CABOS), realizada por um armador.
DEFINIÇÕES - SINO
Navios não possuem “cordas”, apenas “cabos”.
Existem, porém, DUAS EXCEÇÕES: - a CORDA do SINO
- e a dos RELÓGIOS
AULA 2 - CONCLUSÕES
√ A MB possui nomenclatura específica para designar algumas partes dos navios
√ A construção de navios é marcada por diferentes cerimônias
√ A passagem do tempo a bordo é marcada por toques de sino

AULA - 3
CARACTERÍSTICAS - Deslocamento
Deslocamento é o PESO da ÁGUA DESLOCADA por um navio flutuando em águas
tranquilas.
Até o final da “Era do Canhão” (II Guerra Mundial), a tonelagem era
importante para comparação de PODER DE COMBATE entre unidades navais.
Quanto MAIOR O DESLOCAMENTO de um navio de guerra, maior a quantidade
e tamanho das peças de artilharia, portanto MAIOR O PODER DE FOGO da unidade.

CARACTERÍSTICAS - Tonelagem
TONELAGEM DE ARQUEAÇÃO é o VOLUME interior do navio, indica a
CAPACIDADE de CARGA dos navios mercantes.

CARACTERÍSTICAS - Diferença entre Deslocamento e Tonelagem


DESLOCAMENTO → PESO e TONELAGEM → VOLUME.
Isto apesar do deslocamento ser normalmente medido em uma unidade
chamada “tonelada”, o que pode gerar confusões.
A origem da palavra tonelagem conotando volume provém da palavra
“tonéis”, pois aferia o número de tonéis que o navio pudesse embarcar.

CARACTERÍSTICAS - Propulsão e Velocidade


Propulsão - Define a força motriz da embarcação: pano (velas), remos ou
hélice.
Velocidade - É medida em milhas náuticas por hora (1.852,4m – 1’ de
latitude) ou “nós”.
Nós - Este termo tem sua ORIGEM nos NÓS FEITOS num CABO PRESO a uma
“BARQUILHA”, instrumento que era lançado ao mar para ESTIMAR a VELOCIDADE da
embarcação.
1.6 - BANDEIRAS MARÍTIMAS
Consideradas importantes para a comunicação no mar até hoje e as regras
e regulamentos sobre seu uso são seguidos rigorosamente.
A BANDEIRA DE UM NAVIO está relacionada ao seu PAÍS DE REGISTRO, tanto
que a palavra “bandeira” costuma simbolizar o próprio país de registro.
Alguns países não permitem a utilização de suas bandeiras nacionais em
navios. Estes, portanto, precisam utilizar outras bandeiras, chamadas insígnias
(“ensign flag”).
Navios de Guerra, normalmente, exibem sua insígnia entre o cerimonial à
bandeira matinal e o pôr do sol, quando fundeados ou atracados, e a todo tempo
quando em viagem, ou em combate. Esta tradição remonta aos navios à vela,
quando “ARRIAR A BANDEIRA” significava sua RENDIÇÃO.
Os “jeques” são as bandeiras distintivos, utilizadas na proa dos navios de
guerra e de alguns outros navios especiais, quando estes não estão em viagem, em
pequenos mastros chamados “paus” (“staffs”). A U.S. Navy (Marinha Americana) e a
Marinha do Brasil utilizam bandeiras com estrelas.
A Marinha Britânica, que deu origem ao termo, utiliza a bandeira do Reino
Unido como jeque (“jack”).
A origem do termo “jack” é obscura, mas alguns historiadores acreditam que
seja um diminutivo de James (Jacobus, em Latim), o monarca que unificou as coroas
da Inglaterra e da Escócia ao suceder a Elizabeth I, em 1603. A bandeira que surgiu
em função dessa união, a “Union Jack” era utilizada no mastaréu de proa dos
navios da Royal Navy.
Atualmente, a ROYAL NAVY e outras marinhas de origem britânica continuam
UTILIZANDO a BANDEIRA NACIONAL como JEQUE, enquanto a bandeira insígnia é
hasteada na popa.

AULA 3 - CONCLUSÕES
√ As características básicas das embarcações possuem nomenclatura tradicional.
√ O uso de bandeiras marítimas em diversas marinhas segue tradições de origem
inglesa.

AULA 4
CAPÍTULO 2 - IMPORTÂNCIA DO MAR ATRAVÉS DA HISTÓRIA
Poder Marítimo em momentos cruciais da história, identificando os pontos
principais que permitiram surgimento da Marinha do Brasil no início do século
XIX.
2.1.2 - As Primeiras Civilizações
A geografia, em grande parte, ajuda a explicar a história.
A domesticação de plantas e animais fixou o homem onde houvesse
disponibilidade de água potável e produziu excedentes alimentares que
permitiram o desenvolvimento das primeiras grandes civilizações, como as que
foram erguidas nos vales dos grandes rios (Nilo, Tigre, Eufrates, Indo, Amarelo). As
planícies costeiras aos mares e oceanos também começaram a ser ocupadas,
levando ao desenvolvimento da pesca.
Regiões geograficamente diferentes produziam diferentes recursos,
principalmente com o início da exploração mineral, incentivando as primeiras
trocas comerciais. Logo se percebeu que era mais fácil transportar grandes
volumes de materiais em embarcações do que em veículos de tração animal,
principalmente a grandes distâncias. Estavam criadas as condições para o
desenvolvimento de sociedades voltadas para o comércio marítimo.

2.1.3 - Os Povos Marítimos


Os rios eram obstáculos que os nômades precisavam ultrapassar, mas se
tornaram as “estradas” das primeiras civilizações.
Comprovadamente, por volta de 2000 a.C. já havia intenso comércio
marítimo no Mediterrâneo Oriental e a primeira “talassocracia” (governo ou
poder do mar) conhecida foi a cretense/minóica (cerca de 3400 a 1450 a.C.).
Destruição das cidades cretenses e possibilitou a ocupação de Creta por
povos oriundos da Grécia.
A herança marítima cretense foi recolhida pelos fenícios, seguidos por sua
colônia em Cartago.

2.1.4 – Os Navios da Antiguidade

NAVIOS MERCANTES
• GRANDE CALADO e BOCA LARGA
• “NAVIOS REDONDOS”
• meio de PROPULSÃO era a VELA
• possuíam uma “POITA” para FUNDEAR.

NAVIOS DE GUERRA
• surgiram para PROTEGER os NAVIOS MERCANTES de ataques PIRATAS
• MAIS ESTREITOS e de FUNDO CHATO e OFERECER POUCA RESISTÊNCIA à ÁGUA -
pequeno calado e à sua pequena resistência a temporais, esses navios NÃO
FUNDEAVAM, sendo PUXADOS para TERRA.
• “NAVIOS COMPRIDOS”
• PROPULSÃO PRINCIPAL era o REMO
• possuíam velas - mas seus mastros eram arriados antes da batalha para
evitar que sua queda atingisse os ocupantes do navio.
• VELAS usadas nas LONGAS TRAVESSIAS, a fim de POUPAR OS REMADORES, e para
AUMENTAR A VELOCIDADE, quando houvesse NECESSIDADE de FUGIR.

O COMBATE NAVAL DA ANTIGUIDADE


Grande parte da batalha naval da antiguidade ocorria entre os soldados
embarcados nos navios, mas a ARMA PRINCIPAL do navio de guerra era o ESPORÃO
ou aríete.

2.1.5 – Comparação entre o Navio Mercante e o Navio de Guerra da Antiguidade

NAVIO MERCANTE NAVIO DE GUERRA


LENTO e BOJUDO ESGUIO e de PEQUENO CALADO
TRANSPORTAR o MÁXIMO de CARGA ao DESLOCAR RAPIDAMENTE para ATACAR
MENOR CUSTO possível seu inimigo, INDEPENDENTE do CUSTO.

AULA 4 - CONCLUSÕES
√ Inicialmente obstáculos, os rios tornaram-se “estradas”, facilitando o uso
posterior do mar pelas sociedades da antiguidade
√ As sociedades da antiguidade que desenvolveram seu poder marítimo
prosperaram significativamente

2.2 – O MAR E A ANTIGUIDADE

2.2.1 – O Modelo Imperial


A REGIÃO do MAR MEDITERRÂNEO foi o BERÇO da CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL e
esse mar foi o PRINCIPAL MEIO de COMUNICAÇÃO entre as sociedades que se
desenvolveram ao seu redor, durante séculos.
Em muitos casos, o comércio e a conquista estiveram relacionados ao uso
racional do Mediterrâneo. Na antiguidade, o meio mais utilizado de crescimento
econômico e demográfico era a conquista de novas terras e povos, com sua
exploração ou escravização. Desta forma eram obtidos os recursos naturais e
humanos necessários ao processo de desenvolvimento e riqueza.
O “MODELO IMPERIAL”, pelo qual se estabeleciam os impérios da
Antiguidade, tendo como paradigma a ESCRAVIZAÇÃO ou a EXPLORAÇÃO dos
VENCIDOS. O processo exigia a existência de um poder militar efetivo e as
sociedades que mobilizavam melhor os seus recursos para a guerra obtinham
vantagens competitivas, que poderiam significar sua sobrevivência.
Grandes operações militares terrestres já eram comuns, quando o
emprego do Poder Naval influenciou decisivamente no resultado de um conflito.

2.2.2 – Pérsia contra Grécia


A PRIMEIRA UTILIZAÇÃO SIGNIFICATIVA do PODER NAVAL registrada pela
história ocorreu durante as TRÊS INVASÕES persas sobre o território europeu da
Grécia, no início do século V a.C., sob a forma de APOIO LOGÍSTICO e TRANSPORTE de
TROPAS.

1º - APOIO LOGÍSTICO (DARIO – 492 a.C)


Dario enviou um EXÉRCITO através do ESTREITO de DARDANELOS (Helesponto),
que seguiu pela Trácia em direção à Macedônia e ao interior da Grécia. Este era
ACOMPANHADO por uma ESQUADRA junto ao LITORAL do MAR EGEU, a fim de
proteger seu flanco e lhe dar o apoio logístico. Essa invasão precisou ser
interrompida quando a ESQUADRA PERSA foi DESTRUÍDA pelo MAU TEMPO, ao
CONTORNAR o promontório do MONTE ATHOS.

2º - TRANSPORTE de TROPAS (Maratona – 490 a.C.)


Dois anos depois, Dario enviou um EXÉRCITO menor DIRETAMENTE ATRAVÉS
do EGEU, que foi DESEMBARCADO próximo a Atenas, onde foi DERROTADO em TERRA.

3º - APOIO LOGÍSTICO (XERXES – 480 a.C.)


Nova INVASÃO por TERRA, com uso intensivo de uma GIGANTESCA ESQUADRA
de APOIO. Depois da derrota espartana nas Termópilas, Atenas foi ocupada e
parecia que nada mais poderia deter os persas, até que parcela significativa de
sua esquadra foi destruída pelo general grego TEMÍSTOCLES na BATALHA NAVAL DE
SALAMINA. Privado de seu apoio logístico, o exército persa acabou sendo
derrotado na batalha de Platéia (479 a.C.). Na mesma ocasião, em MICALE, nas
costas da Ásia Menor, os GREGOS DESTRUÍRAM o RESTO da ESQUADRA PERSA, numa
“BATALHA NAVAL” em TERRA (os persas arrastaram seus navios para terra, pois sua
desvantagem no mar era muito grande).
O uso do mar era imprescindível para a vitória persa e foi decisivo para
sua derrota.
Ficou provada a VULNERABILIDADE dos EXÉRCITOS OPERANDO LONGE de suas
BASES, quando DEPENDENTES de COMUNICAÇÕES MARÍTIMAS, se estas não forem
devidamente conservadas. Pode-se dizer que “O MAR SALVOU OS GREGOS”.
Após a derrota dos persas em sua terceira tentativa de invasão, Atenas
liderou uma coalizão de cidades-estado gregas - LIGA DE DELOS - recursos na
manutenção de uma poderosa esquadra. O crescimento de Atenas levou ao
confronto com Esparta e seus aliados, conhecidos como LIGA DO PELOPONESO,
gerando o conflito denominado GUERRA DO PELOPONESO (459 - 404 a.C.).

A ESTRATÉGIA INDIRETA DE ALEXANDRE, O GRANDE


Sentindo, entretanto, que os PERSAS AMEAÇAVAM SUA RETAGUARDA com o
PODER NAVAL de que DISPUNHAM, Alexandre decidiu voltar-se para o litoral antes
de prosseguir pelo interior.
Os persas ameaçavam desembarcar na Grécia, empregando sua ainda vasta
esquadra (pertencente aos fenícios), ao mesmo tempo que ameaçavam as
comunicações de Alexandre com a Macedônia.
A ESTRATÉGIA de Alexandre aí foi INVERSA à ADOTADA por TEMÍSTOCLES em
Salamina.
Avançou com seu EXÉRCITO SOBRE o LITORAL PERSA e DOMINOU as BASES da
MARINHA INIMIGA, impedindo-a de dispor dos seus recursos navais.
Portanto, como ALEXANDRE NÃO POSSUÍA MARINHA que lhe PERMITISSE
ASSEGURAR seu FLANCO MARÍTIMO e suas LINHAS de COMUNICAÇÃO com a Grécia,
empregou uma estratégia indireta, pois foi necessário NEUTRALIZAR O USO DO MAR
PELOS PERSAS, DOMINANDO as BASES da MARINHA inimiga, como a CIDADE de TIRO
(332 a.C.).
AULA 5 - CONCLUSÕES
√ A expansão das sociedades da antiguidade se dava por meio de conquista
√ A Pérsia tentou invadir a Grécia, mas dependia do seu poder marítimo para apoio
logístico

AULA 6
2.2.3 - Roma contra Cartago
Fundada pelos fenícios no início do século VIII a.C., A CIDADE-ESTADO DE
CARTAGO possuiu um IMPÉRIO COMERCIAL MARÍTIMO que DOMINOU o
MEDITERRÂNEO OCIDENTAL entre os séculos V e III a.C., período em que ROMA se
DESENVOLVIA como IMPÉRIO TERRESTRE na península itálica.
A RIVALIDADE COMERCIAL entre os dois impérios, inicialmente pelo
CONTROLE DA SICÍLIA e, depois, de todo o Mediterrâneo Ocidental foi a CAUSA
PRINCIPAL das GUERRAS “PÚNICAS”, três conflitos consecutivos (264 a 146 a.C.) que
terminaram com a destruição total de Cartago.
TEATRO de OPERAÇÕES MARÍTIMO - ROMANOS DESENVOLVEREM uma
MARINHA DE GUERRA e NOVAS TECNOLOGIAS (CORVO) para derrotar os
CARTAGINESES, que possuíam MAIS EXPERIÊNCIA NAVAL.
ROMANOS IMPEDIAM a MANOBRA dos NAVIOS de CARTAGO, USAR o ESPORÃO,
por ter mais experiência naval. A partir de então, a BATALHA se TORNAVA
“CAMPAL”, pois os soldados ROMANOS USAVAM a PRANCHA para a ABORDAGEM.
O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO e a SURPRESA TÁTICA com que foi
empregado CAUSARAM a PRIMEIRA GRANDE VITÓRIA romana sobre os cartagineses
no mar, na costa da Sicília (MILES - 260 a.C.).
Foi no mar que ocorreu a BATALHA DECISIVA que levou CARTAGO à DERROTA na
PRIMEIRA GUERRA PÚNICA, na BATALHA DE EGATES (241 a.C.).
A vitória romana na BATALHA NAVAL das ILHAS EGATES (241 a.C.), graças à
UTILIZAÇÃO de CÓPIAS de QUINQUIRREMES CARTAGINESAS, mas já SEM O USO DO
CORVO, foi decisiva para o resultado final da primeira guerra púnica.
Com a destruição final de Cartago, após a Terceira Guerra Púnica (146 a.C.),
ROMA tornou-se uma POTÊNCIA MARÍTIMA e teve INÍCIO o longo período de sua
hegemonia, que transformou o Mediterrâneo no “MARE NOSTRUM”.
No decorrer da expansão romana, após a destruição de Cartago, o poder naval
desempenhou função apenas auxiliar, principalmente em apoio logístico,
transporte de tropas e contra os piratas que ameaçavam o comércio marítimo no
Mediterrâneo.
Apesar de continuar importante como via de comunicação entre as diversas
províncias romanas, o Mediterrâneo teve pouca influência no processo de
infiltração do Império Romano por tribos germânicas (os chamados bárbaros), em
movimentos migratórios, geralmente pacíficos, que atravessaram os rios Reno e
Danúbio para o interior do império.

AULA 6 - Conclusões
√ As sociedades conseguem coexistir pacificamente até que surja alguma disputa
de interesses que pode levá-las à guerra.
√ Caso haja área marítima no teatro de operações, o poder naval será determinante
para o resultado da disputa.
√ A conquista e manutenção da hegemonia naval DEPENDEM do DOMÍNIO da
TECNOLOGIA.

2.3 – A IDADE MÉDIA


Com a divisão do Império Romano (entre 280 e 330) e seu enfraquecimento
devido às invasões bárbaras, a cidade de Roma foi ocupada e o último “César”
deposto (476), encerrando o Império Romano do Ocidente. Estes fatos marcaram o
início de um novo período histórico, denominado de Idade Média.

2.3.1 – Invasões Muçulmanas


Com o esfacelamento do Império Romano, após as invasões bárbaras, houve
espaço para o surgimento de um novo poder conquistador, os muçulmanos
(inicialmente árabes, cujas tribos nômades foram unificadas pela pregação de
Maomé, a partir de 622).
Todo o norte da África, Península Ibérica, Oriente Médio e Pérsia foram
conquistados e convertidos ao Islã, mas CONSTANTINOPLA (CAPITAL do IMPÉRIO
ROMANO do ORIENTE, também chamado de BIZANTINO) RESISTIU, DEVIDO às suas
MURALHAS e ao EMPREGO do PODER NAVAL, ASSOCIADO ao EMPREGO de uma NOVA
ARMA, o FOGO GREGO (677).
Foi somente em 1453, devido ao uso de canhões, que os turcos otomanos
conseguiram conquistar a cidade por terra e puderam avançar sobre os Bálcãs.

2.3.1.1 - O Navio de Guerra Medieval


O navio de guerra medieval CONTINUAVA MOVIDO A REMOS e a TÁTICA NAVAL
PERMANECIA a ABORDAGEM, sendo instalados CASTELOS PARA ARQUEIROS nos
navios.
Na Alta Idade Média (476 a 1000), o NAVIO MAIS UTILIZADO foi um tipo de
GALERA conhecida como “DRÔMON”, palavra que significa “NAVIO RÁPIDO” ou
“NAVIO CORREDOR”.
O drômon costumava ter dois mastros de velas latinas e 30 a 40 remos em
cada bordo. Tanto cristãos quanto árabes combatiam com esse tipo de navio.

2.3.1.2 – O Canhão
O uso das armas de fogo deu nova dimensão à guerra, contribuindo para o
fim do feudalismo, em benefício do poder real centralizado, devido à necessidade
de apoio econômico da burguesia para sua aquisição.
A ADOÇÃO do CANHÃO e o INÍCIO das VIAGENS TRANSATLÂNTICAS forçaram o
ABANDONO dos NAVIOS de BORDO BAIXO movidos A REMO.
A ÚLTIMA GRANDE BATALHA da história ENTRE NAVIOS a REMO ocorreu em
plena Idade Moderna, na BATALHA de LEPANTO (1571), já com o USO de CANHÕES,
MAS mantendo as tradicionais TÁTICAS da ABORDAGEM.
A vitória da coalizão cristã nesta batalha barrou o avanço turco sobre o
Mediterrâneo Ocidental e livrou a península itálica da ameaça de invasão, mas
não foi devidamente explorada, não afetando o domínio muçulmano dos Bálcãs,
Mar Egeu e no Mediterrâneo Oriental.
INICIALMENTE, nessa fase de TRANSIÇÃO, como os BORDOS dos navios
estavam OCUPADOS pelos REMOS, os CANHÕES eram FIXADOS à PROA das GALERAS,
visando ATINGIR os SOLDADOS inimigos durante a aproximação das esquadras, pois
seu poder de destruição era muito pequeno para afetar seriamente os navios (MEN
KILLER). Raramente se conseguia recarregar os canhões depois da primeira salva,
devido ao seu curtíssimo alcance.
AULA 7 - Conclusões
√ Uma região terrestre que possa ser abastecida pelo mar só será conquistada após
ser obtido o controle da área marítima.
√ Revoluções tecnológicas podem causar mudanças radicais na estratégia e táticas.

2.3.2 – As Grandes Navegações


Durante a Idade Média, o comércio marítimo passou por grande crescimento,
não apenas no Mediterrâneo, onde ele já era milenar, mas também no Mar do
Norte e no Báltico (Liga Hanseática). Além disso, a GUERRA DOS CEM ANOS (1337 -
1453) FAVORECEU o USO de VIAS MARÍTIMAS para INTERLIGAÇÃO entre essas duas
grandes regiões comerciais, devido à insegurança existente no interior da França.
Antes mesmo da queda de Constantinopla, os europeus já buscavam opções
ao comércio mediterrâneo, dominado pelas cidades-estado italianas,
principalmente GÊNOVA e VENEZA, verdadeiras potências mercantis e financeiras
da Europa, devido a acordos comerciais com os muçulmanos.
A chamada “Era dos Descobrimentos” foi motivada por uma mistura de
fatores RELIGIOSOS, ECONÔMICOS, ESTRATÉGICOS e POLÍTICOS.
A VANTAGEM DE PORTUGAL sobre os demais estados monárquicos europeus
para liderar as navegações oceânicas a partir do início do século XV baseava-se,
principalmente, em dois fatores: sua ESTABILIDADE POLÍTICA e a UNIÃO de
INTERESSES ENTRE a REALEZA e a BURGUESIA MERCANTIL.
A “reconquista” portuguesa foi completada com a conquista do Algarve
(1249). Finalmente, a conclusão da crise dinástica, com a vitória na batalha de
Aljubarrota (1385), que consolidou D. João I como rei de Portugal, o primeiro da
dinastia de Avis, trouxe a estabilidade política necessária para a expansão
ultramarina.
O PRIMEIRO PASSO foi a CONQUISTA de CEUTA (1415), no MARROCOS. Assim, ao
ardor da cruzada contra os mouros marroquinos, seguiu-se a busca pelo ouro e
escravos da Guiné.
Diversos desenvolvimentos tecnológicos precisaram ser somados para que
Portugal pudesse liderar esse processo:
a) BÚSSOLA – permitindo ao navegador TRAÇAR seu RUMO, sua DIREÇÃO NO MAR.
b) ASTROLÁBIO – obter a latitude, uma das coordenadas necessárias para se
conhecer a posição na superfície da Terra (a outra coordenada é a longitude, que é
obtida por meio da comparação entre a hora local e uma referência).
c) IMPRENSA – as primeiras CARTAS NÁUTICAS elaboradas pelos portugueses eram
conhecidas como portulanos e eram muito imprecisas, passando por um longo
desenvolvimento. Ao final do século XVI, passou-se a utilizar a Projeção de
Mercator, que é uma representação da superfície da Terra utilizada até os dias de
hoje nas cartas náuticas.
d) VELA LATINA – longitudinal à linha de centro do navio, é própria para NAVEGAR
COM “QUALQUER VENTO”, sendo adequada à exploração de áreas com regime de
ventos desconhecido. As CARAVELAS eram navios de pequeno deslocamento e
calado, que normalmente utilizavam as velas latinas.
e) PÓLVORA – aplicada às ARMAS de FOGO, provê PROTEÇÃO.
A partir da conquista de Ceuta (1415), sob a liderança do príncipe Dom
Henrique, expedições marítimas foram sucessivamente enviadas, visando
reconhecer o litoral africano, fundar entrepostos comerciais e verificar a
possibilidade de circunavegar a África para ALCANÇAR as FONTES dos produtos
asiáticos (as ESPECIARIAS), no OCEANO ÍNDICO.
O desafio foi imenso, como pode ser exemplificado pela dificuldade em se
ULTRAPASSAR o CABO BOJADOR e RETORNAR, o que foi conseguido por GIL EANES
somente na décima quinta expedição, após doze anos de tentativas frustradas.
“Você não pode encontrar um perigo tão grande que a esperança de
recompensa não seja ainda maior.” (Dom Henrique)
• Cabo da Boa Esperança – 1488 (Bartolomeu Dias)
• Calicute – 1498 (Vasco da Gama)
• Brasil – 1500 (Álvares Cabral)

2.4 – A LUTA PELO DOMÍNIO DOS MARES


No âmbito da expansão político-cultural européia e dos avanços tecnológicos
inerentes, a queda de Constantinopla e o fim do Império Romano do Oriente (a
partir de sua conquista pelos turcos-otomanos) sinalizam o início da Idade
Moderna. O principal eixo comercial do mundo passou para o Oceano Atlântico,
levando os reinos europeus a lutarem pelo controle das novas rotas comerciais
que enriqueciam os povos ibéricos. Inicialmente, portugueses e espanhóis
buscaram fixar os limites de suas conquistas.

2.4.1 - O Tratado de Tordesilhas


O longo processo de desenvolvimento da navegação oceânica e
reconhecimento do litoral africano CULMINOU com a CHEGADA de VASCO da GAMA
À ÍNDIA (1498), após CIRCUNAVEGAR a ÁFRICA
Antes, porém, COLOMBO adotou ESTRATÉGIA DIFERENTE e, navegando para
oeste, CHEGOU à AMÉRICA (1492).
A VIAGEM DE VASCO DA GAMA somente teve INÍCIO NOVE ANOS APÓS o
retorno de BARTOLOMEU DIAS com a notícia do DESCOBRIMENTO do CABO das
TORMENTAS, logo rebatizado de Cabo da Boa Esperança.
Vários MOTIVOS podem ter CONTRIBUÍDO para essa DEMORA, mas o mais
provável é que os PORTUGUESES ESTIVESSEM REALIZANDO VIAGENS SECRETAS de
FAMILIARIZAÇÃO com as CONDIÇÕES de NAVEGAÇÃO daquela região, a fim de
ESTABELECER a MELHOR ROTA para CHEGAR ao ÍNDICO.
- BARTOLOMEU DIAS - desceu a costa sudoeste da África navegando contra
ventos e corrente.
- VASCO DA GAMA - afastou-se da África em rumo sudoeste após cruzar o
equador e guinou para sudeste após cruzar o trópico de Capricórnio..
Para defender seus interesses, enquanto aumentava seu conhecimento
náutico da região do Cabo da Boa Esperança, Portugal recorreu ao Papa Alexandre
VI, que acabou por dividir o mundo recém-descoberto através da bula “Inter
Coetera”, estabelecendo que as terras situadas a 100 léguas a oeste do meridiano
dos Açores e Cabo Verde seriam da Espanha, e as situadas a leste de Portugal.
Esta primeira solução diplomática NÃO AGRADOU PORTUGAL, que negociou
um tratado com a Espanha, recebendo o nome da cidade em que foi assinado
(Tordesilhas - 1494) e garantindo à coroa portuguesa as terras que viessem a ser
descobertas até a linha traçada a 370 léguas a oeste do Arquipélago de Cabo Verde.
As terras situadas além desse limite pertenceriam à Espanha.

AULA 8 - Conclusões
√ O desenvolvimento do poder marítimo depende de vários fatores, principalmente
políticos, culturais e econômicos.
√ O investimento na tecnologia aplicada ao poder marítimo traz benefícios à
sociedade omo um todo.

2.4.2 - Descobrimento do Brasil


Pouco depois do regresso de Vasco da Gama a Portugal, PEDRO ÁLVARES
CABRAL foi DESIGNADO para comandar a SEGUNDA EXPEDIÇÃO portuguesa para as
“ÍNDIAS”.
Seguindo as recomendações de Vasco da Gama para AFASTAR-SE da ÁFRICA e
FUGIR DA CORRENTE e VENTOS CONTRÁRIOS, Cabral “descobriu” o Brasil (1500).
Provavelmente, a existência dessas terras já era conhecida por Portugal, mas
RAZÕES POLÍTICAS teriam IMPEDIDO sua DIVULGAÇÃO, possivelmente para EVITAR
um NOVO CONFLITO com a ESPANHA.
Seis meses após zarparem com Cabral, apenas seis dos treze navios iniciais
chegaram a Calicute, na costa sudoeste do subcontinente indiano.
Desentendimentos com os mercadores hindus e muçulmanos levaram ao
assassinato de alguns portugueses em terra (inclusive o escrivão Pero Vaz de
Caminha) e ao bombardeamento do porto. A Armada portuguesa partiu em busca de
outras cidades comerciais, sendo bem recebida em Cochim e Cananor, onde se
abasteceu de especiarias e se preparou para a viagem de retorno, que duraria
outros seis meses. No total, apenas cinco navios regressaram ao Rio Tejo.
2.4.3 - O reconhecimento da costa brasileira
Antes mesmo do retorno de Cabral, Dom Manuel enviou uma EXPEDIÇÃO
COMANDADA por GONÇALO COELHO, composta por três navios, para
RECONHECIMENTO da nova terra em 1501.
AMÉRICO VESPÚCIO, cujo o nome acabou por BATIZAR O CONTINENTE,
participou desta expedição.
O PRIMEIRO DESEMBARQUE foi no litoral do RIO GRANDE do NORTE, com a
fixação de um MARCO de PEDRA na PRAIA de MARCOS, de onde começou sua missão
de reconhecimento, navegando para o sul e nomeando os acidentes geográficos da
costa conforme o calendário religioso.
Uma SEGUNDA EXPEDIÇÃO foi enviada em 1502, como resultado do
arrendamento da Terra de Santa Cruz a um consórcio comercial estabelecido por
cristãos-novos, organizada por FERNANDO de NORONHA. O contrato previa a
obrigação de enviar seis navios às terras descobertas, com a MISSÃO de AVANÇAR
300 LÉGUAS e CONSTRUIR uma FORTIFICAÇÃO.
Em 1503, NOVA EXPEDIÇÃO com seis navios comandada por GONÇALO COELHO
retornou ao Brasil, aumentando o conhecimento da costa. A partir do Arquipélago
de Fernando de Noronha, percorreram o litoral até o Rio de Janeiro, onde ERGUERAM
uma FORTIFICAÇÃO, antes de retornarem para Portugal em 1504.

As Expedições Guarda-Costas
Neste período, Portugal começou a ESTABELECER FEITORIAS para
CARREGAMENTO de PAU-BRASIL na costa de PERNAMBUCO até o RIO de JANEIRO, mas
contrabandistas franceses também foram atraídos por esse tipo de madeira. Para
REPRIMIR este COMÉRCIO CLANDESTINO, Dom Manuel resolveu enviar o fidalgo
CRISTÓVÃO JAQUES, em três viagens ao longo da costa brasileira, no período de 1516
a 1528, que ficaram conhecidas como expedições guarda-costas.

A Expedição Colonizadora
Em 1530, foi enviada uma expedição colonizadora COMANDADA por MARTIM
AFONSO de SOUSA, visando ocupar a nova terra. A expedição partiu de Portugal
com um GALEÃO e duas CARAVELAS, tendo como MISSÃO COMBATER os
CONTRABANDISTAS FRANCESES de PAU-BRASIL, EXPLORAR o TERRITÓRIO brasileiro e
ESTABELECER NÚCLEOS de POVOAÇÃO.
Em 1532, no local chamado de “Piratininga” pelos indígenas, MARTIN AFONSO
FUNDOU a VILA de SÃO VICENTE, onde foi instalado o PRIMEIRO ENGENHO de cana
de açucar.
AULA 9 - Conclusão
√ O desenvolvimento de uma sociedade tende a gerar resistência por parte de
outras sociedades, ao sentirem seus interesses ameaçados
AULA 10
2.4.4 - O protagonismo português
A presença portuguesa no Índico ameaçou os interesses comerciais de
HINDUS e MUÇULMANOS (árabes, persas e egípcios), que reagiram violentamente,
com o APOIO dos VENEZIANOS. Contra eles, Portugal utilizou seu poder de fogo
superior, passando a controlar o comércio das especiarias de todo o Índico (1515),
com exceção do Mar Vermelho, até ser SUPERADO pela HOLANDA, em DECORRÊNCIA
da UNIÃO IBÉRICA (1580-1640).
A UNIÃO IBÉRIA REUNIU as coroas de PORTUGAL e ESPANHA sob FELIPE II, dos
Habsburgos espanhóis. Apesar de Portugal manter autonomia administrativa, na
prática, os interesses espanhóis prevaleceram sobre os interesses marítimos
portugueses. Portugal não teve recursos para sustentar seu vasto império colonial
contra os avanços holandeses e muçulmanos. Quando os portugueses conseguiram
restabelecer uma dinastia nacional (Bragança), era tarde demais para recuperar
seu império, só restando Angola, Moçambique e a Guiné, na África; algumas cidades
da Índia; Macau, na China; Timor e algumas poucas ilhas na Indonésia; o próprio
Brasil estava sofrendo a ocupação do Nordeste.

As Lutas pelo Domínio dos Mares


Ainda em meados do século XVI, os demais reinos da Europa, principalmente
FRANÇA e INGLATERRA, NÃO ACEITARAM a DIVISÃO dos mares e terras descobertas
entre PORTUGAL e ESPANHA, causando uma série de conflitos.
FRANCESES e INGLESES, seguidos pelos HOLANDESES, começaram a ATACAR o
TRÁFEGO MERCANTE IBÉRICO (GUERRA DE CORSO), principalmente o espanhol, e a
estabelecer colônias próprias nas Américas, África e “Índias”.
O CORSO teve sua ORIGEM na IDADE MÉDIA, mas só SE TORNOU IMPORTANTE
na IDADE MODERNA. Corsários como John Hawkins, Francis Drake e Walter Raleigh
eram particulares que RECEBIAM AUTORIZAÇÃO de um PAÍS em CONFLITO, através
do documento chamado CARTA de MARCA ou PATENTE de CORSO, para operar sob sua
bandeira em ataques ao comércio marítimo e às colônias do adversário. Eles
arcavam com o custo de manutenção, armamento e operação de seus navios, se
sustentando com uma parcela do que conseguiam apresar, o que tornava a operação
um “negócio” lucrativo.

2.4.5 - O Colonianismo
O PROCESSO de EXPANSÃO das ATIVIDADES ECONÔMICAS dos REINOS
EUROPEUS e sua DISPUTA pelo CONTROLE do COMÉRCIO MARÍTIMO ficou conhecido
como “colonialismo”. Fruto desse processo, GRAÇAS a CONSTANTES
DESENVOLVIMENTOS TECNOLÓGICOS, teve início um longo período de hegemonia da
cultura europeia sobre as demais civilizações.
As Lutas pelo Domínio dos Mares
“Quem controlar o mar, controlará o comércio e quem controlar o comércio
do mundo, controlará suas riquezas, consequentemente, controlando o próprio
mundo.”
O CAMINHO para a COLONIZAÇÃO era MARÍTIMO, levando diretamente à
disputa entre as potências marítimas (Portugal, Holanda e Inglaterra), mas
TAMBÉM HOUVE CONFLITO entre estas e as POTÊNCIAS TERRESTRES que
conseguiram se tornar fortes no mar, tais como a ESPANHA e a FRANÇA.
Os ataques de piratas e corsários a cidades litorâneas do BRASIL foram
frequentes durante todo o período colonial, mas os movimentos mais importantes
foram DUAS INVASÕES FRANCESAS:
• a FRANÇA ANTÁRTICA (1555-1567), na BAÍA de GUANABARA, e
• a FRANÇA EQUINOCIAL (1611-1615), no MARANHÃO; e
DUAS INVASÕES HOLANDESAS:
• na BAHIA (1624-1625) e
• em PERNAMBUCO (1630- 1654).

FRANÇA ANTÁRTICA
• Iniciativa de NICOLAU DURAND de VILLEGAGNON, vice-almirante da
Bretanha, que se instalou na ilha que atualmente tem seu nome.
• A REAÇÃO PORTUGUESA levou à FUNDAÇÃO da CIDADE de SÃO SEBASTIÃO do
RIO de JANEIRO por ESTÁCIO de SÁ, em 1565. Os FRANCESES foram VENCIDOS após
uma série de COMBATES com a PARTICIPAÇÃO de centenas de INDÍGENAS.

FRANÇA EQUINOCIAL
O EIXO de ATUAÇÃO FRANCÊS DESLOCOU-SE PARA o NORTE, ainda SEM
POVOAÇÕES PORTUGUESAS. Os FRANCESES CONSTRUÍRAM um forte na atual ILHA de
SÃO LUÍS, base da França Equinocial.
A EXPULSÃO dos FRANCESES do Maranhão foi obtida em 1615, com a
CONTRIBUIÇÃO de uma FORÇA NAVAL COMANDADA pelo JERÔNIMO de ALBUQUERQUE
MARANHÃO, considerado o PRIMEIRO BRASILEIRO a COMANDAR uma FORÇA NAVAL.

INVASÃO HOLANDESA EM SALVADOR


Posteriormente, durante o período da União Ibérica (1580-1640), o Brasil
também sofreu duas invasões holandesas.
Essas duas INVASÕES TAMBÉM foram INICIATIVAS PRIVADAS, planejadas pela
COMPANHIA das ÍNDIAS OCIDENTAIS para lucrar com a EXPLORAÇÃO do AÇÚCAR.
Na Bahia, a invasão ocorreu entre 1624 e 1625. Logo que soube da invasão de
Salvador, o governo luso-espanhol começou a preparar uma força naval capaz de
recuperar a cidade antes que os holandeses se consolidassem.
Os holandeses souberam dos preparativos ibéricos e enviaram uma
esquadra de socorro, mas esta não chegou a tempo de evitar a retomada de
Salvador pelas forças lideradas por D. FADRIQUE DE TOLEDO OSÓRIO. Esta expedição
foi chamada de “JORNADA DOS VASSALOS”, por ser composta de vários fidalgos,
tanto portugueses como espanhóis, voluntários para defender a causa da coroa
ibérica.

INVASÃO HOLANDESA EM PERNAMBUCO


Ao invés de tentar reconquistar a Bahia, a Companhia das Índias Ocidentais
DECIDIU INVADIR PERNAMBUCO, ocupando a região entre 1630 e 1654.
OLINDA e RECIFE foram CONQUISTADAS em 1630. O tesouro espanhol, cada vez
mais debilitado, não foi capaz de arcar com um empreendimento semelhante ao da
armada que libertou a Bahia em 1625. Entre 1631 e 1640 foram enviadas três
esquadras luso-espanholas ao Brasil, o que resultou em combates navais, como o
dos ABROLHOS (1631), e a BATALHA NAVAL de 1640.
Em 1640 ocorreu a SEPARAÇÃO de PORTUGAL da ESPANHA e o Duque de
Bragança foi aclamado rei, com o nome de D. João IV.
PORTUGAL PRECISAVA DEFENDER-SE da ESPANHA e ASSINOU uma TRÉGUA por
DEZ ANOS com a HOLANDA, que se aproveitou para ampliar suas conquistas,
ocupando Sergipe, Maranhão, Angola e São Tomé, estes dois na África. Para evitar
uma guerra contra a Holanda, PORTUGAL apoiou SIGILOSAMENTE a INSURREIÇÃO
contra os holandeses.
No entanto, com o DOMÍNIO do MAR ASSEGURADO, os HOLANDESES
movimentavam suas tropas de reforço sem oposição, bloqueavam os portos
brasileiros e atacavam pontos do litoral.
Em 1648 e 1649, os HOLANDESES foram DERROTADOS em DUAS BATALHAS
TERRESTRES (Guararapes), mas foi a PRIMEIRA GUERRA ANGLO-HOLANDESA de 1652 a
1654 que INVIABILIZOU a PERMANÊNCIA HOLANDESA no BRASIL.

INVASÃO FRANCESA NA GUANABARA- CORSO


No início do século XVIII, impossibilitada de enfrentar o poder naval
britânico na Europa, a FRANÇA APELOU mais uma vez para a GUERRA de CORSO,
trazendo consequências para o Brasil Colônia as DUAS INVASÕES na GUANABARA
pelos corsários DUCLERC (1710) e DUGUAY TROUIN (1711). Este último, um dos mais
famosos corsários do seu tempo a serviço da coroa francesa, ATACOU O BRASIL EM
RETALIAÇÃO a ALIANÇA entre PORTUGAL e INGLATERRA.
AULA 10 - Conclusões
√ As disputas políticas dos modernos Estados europeus passaram a depender dos
recursos obtidos pela expansão colonial
√ O poder marítimo tornou-se a base para o desenvolvimento econômico dos
Estados
√ Estados com menor poder naval precisaram utilizar estratégias indiretas para
obtenção de recursos econômicos, como o Corso

AULA 11
2.4.6 – A Hegemonia Inglesa
Ao longo de três séculos de conflito intermitente, a Inglaterra emergiu como
potência mundial dominante no início do século XIX, após vencer os sucessivos
desafios que foram surgindo.

2.4.6.1 - O Desafio da Espanha


Em resposta à GUERRA de CORSO que lhe fazia a INGLATERRA, além do APOIO
que esta prestava aos REBELDES PROTESTANTES HOLANDESES, a ESPANHA DECIDIU
pela INVASÃO das ILHAS BRITÂNICAS (1588).
Apesar de POSSUIR o MELHOR EXÉRCITO da época, a ESPANHA PRECISAVA
ATRAVESSAR o CANAL da MANCHA, concentrando para isso a maior armada vista até
então (a “INVENCÍVEL ARMADA” – 124 navios carregando 1.100 canhões e 27 mil
homens, dos quais a metade eram soldados).
MANOBRANDO com SUPERIORIDADE, EVITANDO as ABORDAGENS, usando
CANHÕES de MAIOR ALCANCE e “BRULOTES”, prevaleceram os ingleses, dando início
ao declínio da Espanha.
A guerra de corso da Inglaterra contra a Espanha PROSSEGUIU, sem que os
espanhóis conseguissem reunir recursos navais para novas tentativas de invasão. O
conflito terminou apenas em 1603, com a morte da Rainha Elizabeth e a ascensão
ao trono de Jaime I, Rei da Escócia. Ele buscou a paz com o inimigo da véspera,
negligenciando a manutenção das bases do poder marítimo inglês e abandonando a
luta pela independência dos holandeses, causas para as futuras hostilidades entre
Inglaterra e Holanda.

AULA 11 - Conclusão
√ As disputas políticas dos modernos Estados europeus costumavam incluir um
importante aspecto naval, devido à expansão colonial
AULA 12
2.4.6.2 - O Desafio da Holanda
A tentativa dos reis Stuart em implantar o absolutismo na Inglaterra, além
de questões religiosas e econômicas, levou Carlos I a uma série de conflitos com o
Parlamento que terminaram em guerra civil (1642-1651). A vitória dos “puritanos”
conduziu Oliver Cromwell ao poder, como “Lorde Protetor”.
O ATO de NAVEGAÇÃO de CROMWELL (1651), RESTRINGIU os DIREITOS de outros
países em FAVOR da MARINHA MERCANTE INGLESA, CAUSANDO TRÊS GUERRAS com a
HOLANDA (1652-1674).
APESAR da HOLANDA possuir as MAIORES FROTAS MERCANTE e PESQUEIRA DA
EUROPA, apoiadas por FORTE MARINHA de GUERRA, sua POSIÇÃO GEOGRÁFICA era
MUITO DESFAVORÁVEL: fronteiras terrestres muito abertas e rotas de navegação
bloqueadas pelas ilhas inglesas. A Inglaterra foi vitoriosa e se tornou a maior
potência marítima do mundo.
A HOLANDA OBTEVE o “DOMÍNIO DO MAR” com vitórias importantes, MAS a
ADOÇÃO da “LINHA de BATALHA” pelos INGLESES deu-lhes a VANTAGEM que
precisavam para GANHAR a guerra.
Até então, a tática NAVAL era BASEADA em COMBATES SINGULARES entre os
navios OPONENTES que SE APROXIMAVAM.
A FORMATURA dos navios EM COLUNAS (LINHAS de BATALHA) permitia a
CONCENTRAÇÃO DE FOGO e a PROTEÇÃO MÚTUA, com a vantagem adicional de que
cada navio da linha poderia disparar todos os canhões de um bordo (bordada) SEM
o RISCO de ACERTAR navios AMIGOS.
Apesar de obterem brilhantes vitórias em duas outras guerras, os
HOLANDESES, ESGOTADOS por tantos anos de luta, foram OBRIGADOS a NEGOCIAR a
PAZ com a INGLATERRA, que se tornou a MAIOR POTÊNCIA MARÍTIMA do MUNDO.

2.4.6.3 - O Desafio da França


FRANÇA e INGLATERRA ENTRARAM em CONFLITO devido a diversas QUESTÕES
POLÍTICAS e ECONÔMICAS, levando estas duas potências a se enfrentarem em sete
guerras sucessivas ao longo de mais de 100 anos:
◦ Guerra da Sucessão da Inglaterra (1689-1697)
◦ Guerra da Sucessão da Espanha (1703-1713)
◦ Guerra da Sucessão da Áustria (1740-1748)
◦ Guerra dos Sete Anos (1756-1763)
◦ Guerra da Revolução Americana (1775-1783)
◦ Guerra da Revolução Francesa (1793-1802)
◦ Guerras napoleônicas (1803-1815)
Foi uma disputa entre uma POTÊNCIA TIPICAMENTE MARÍTIMA – a
INGLATERRA – e uma POTÊNCIA TERRESTRE com GRANDES INTERESSES no MAR – a
FRANÇA.
Além de FRONTEIRAS TERRESTRES importantes, a FRANÇA possui DUAS
COSTAS, uma atlântica e outra mediterrânica, forçando-a a DIVIDIR SUAS FORÇAS.
Portanto, a ESTRATÉGIA INGLESA (chamada de PERIFÉRICA ou INDIRETA) baseou-se
em APOIAR FINANCEIRAMENTE INIMIGOS TERRESTRES em potencial da França, tais
como a Prússia, ao mesmo tempo em que MANTINHA DIVIDIDAS as FORÇAS
MARÍTIMAS francesas, após a CONQUISTA de GIBRALTAR (1704).
Portanto, no século XVIII, impossibilitada de fazer frente ao poderio naval
britânico, a FRANÇA APELOU para a GUERRA de CORSO, trazendo CONSEQUÊNCIAS
para o BRASIL com a INVASÃO da GUANABARA (Duclerc – 1710 e Duguay Trouin –
1711, como visto no item “2.4.4 - O Colonianismo”).
APÓS a REVOLUÇÃO FRANCESA, a FRANÇA INVESTIU sobre seus VIZINHOS
EUROPEUS, que REAGIRAM por meio de COLIGAÇÕES INCENTIVADAS pela
INGLATERRA. A tentativa de ocupação do Egito acabou quando os meios para apoio
logístico do exército francês foram eliminados, com a derrota da esquadra
francesa pelo Vice-Almirante Horatio Nelson (Aboukir - 1798). A Inglaterra seguia
protegida pelo mar, pois Napoleão não conseguia reunir os meios necessários
para uma invasão através do Canal.
Neste contexto, ocorreu a BATALHA NAVAL de TRAFALGAR (1805), na qual o
Almirante Horatio NELSON CONSOLIDOU a HEGEMONIA NAVAL BRITÂNICA.
AULA 12 - Conclusão
√ O controle do mar tornou-se fundamental para o desenvolvimento econômico,
valorizando o poder naval e levando a diversos conflitos no mar

CAPÍTULO 3 - A MARINHA DO BRASIL

3.1 – A INDEPENDÊNCIA E O SURGIMENTO DA MARINHA DO BRASIL


A DESTRUIÇÃO da ESQUADRA FRANCO-ESPANHOLA na Batalha de Trafalgar
(1805), pelo Almirante Nelson, AFASTOU DEFINITIVAMENTE o RISCO de INVASÃO das
ILHAS BRITÂNICAS.
Com a DERROTA no MAR, só restou a NAPOLEÃO a GUERRA ECONÔMICA, sendo
declarado o BLOQUEIO CONTINENTAL, que proibia o comércio dos reinos europeus
com a Inglaterra. Foi seu DESCUMPRIMENTO por PORTUGAL que levou NAPOLEÃO a
INVADIR esse país. Em consequência, o príncipe regente D. João resolveu
TRANSFERIR a CORTE portuguesa para as COLÔNIAS portuguesas na AMÉRICA do
SUL, que eram chamadas genericamente de Brasil.
Entretanto, a POLÍTICA PORTUGUESA SEMPRE foi a de MANTER as províncias
de sua COLÔNIA DIVIDIDAS, ISOLADAS e DEPENDENTES de Portugal, como parte do
sistema mercantilista chamado “PACTO COLONIAL”, em que cada província não
podia produzir nada para consumo próprio, devendo importar tudo o que
precisasse e exportar sua produção de matérias primas EXCLUSIVAMENTE para a
METRÓPOLE. Para tanto, contribuíam fatores geográficos, como a grande distância
existente entre os núcleos de povoamento, e sociais, tais como a inexistência de
universidades fora de alguns mosteiros e a proibição da publicação de jornais e
importação de livros.
A VINDA da CORTE e as diversas medidas que se seguiram, tais como a
ABERTURA dos PORTOS às nações amigas (basicamente a Inglaterra), a CRIAÇÃO de
uma ESTRUTURA CIVIL BUROCRÁTICA de governo e a FUNDAÇÃO de JORNAIS foram
FUNDAMENTAIS para a INDEPENDÊNCIA do BRASIL.
O ATO FINAL de semi-autonomia foi a ELEVAÇÃO DO BRASIL à categoria de
REINO UNIDO com Portugal e Algarve (1815).
Após a expulsão das tropas francesas de Portugal e a derrota final de
Napoleão, D. João VI permaneceu no Brasil. Sua demora em retornar à metrópole
contribuiu para a eclosão de uma revolução liberal em Portugal, iniciada na
CIDADE do PORTO (1820), que visava subordinar o regime monárquico português a
uma constituição. Para isso, foi eleita uma Assembleia Constituinte (chamada de
“Cortes”), que logo exigiram o retorno de D. João VI a Lisboa (04/1821). D. Pedro de
Alcântara, primogênito de D. João VI, permaneceu no Rio de Janeiro como regente
do Brasil em nome de seu pai.
Apesar de liberal, o novo governo português adotou uma política
reacionária para o Brasil, intencionando seu retorno à condição de colônia com a
restauração do Pacto Colonial. Seu primeiro passo foi a criação de “Juntas de
Governo” nas províncias, subordinadas diretamente às Cortes em Portugal, visando
assim tirar o poder do regente no Rio de Janeiro.
O ato seguinte foi ordenar que D. Pedro também retornasse para Portugal,
fato que levou um grupo de influentes luso-brasileiros, liderados por José
Bonifácio de Andrada e Silva, a incentivar D. Pedro a enfrentar as Cortes. O
primeiro ato de desafio foi a decisão de ficar no Brasil (“Dia do Fico” -
09/01/1822), seguido pela proibição de que mais tropas portuguesas
desembarcassem no Rio de Janeiro. A reação inicial portuguesa foi conduzida pelas
tropas acantonadas no Rio de Janeiro, mas estas foram controladas e expulsas por
D. Pedro, graças ao apoio de milícias locais.
Finalmente, a REAÇÃO VIOLENTA das CORTES PORTUGUESAS, determinando a
restauração do pacto colonial e o retorno imediato de D. Pedro a Portugal, levou D.
Pedro a decidir pela ruptura e a criação do Império do Brasil (a PROCLAMAR a
INDEPENDÊNCIA - 07/09/1822).
As CAPITAIS das PROVÍNCIAS ao NORTE do País MANTIVERAM sua LIGAÇÃO
com PORTUGAL, pois as peculiaridades da NAVEGAÇÃO a VELA e a FALTA de
ESTRADAS as DEIXAVAM MAIS PRÓXIMAS da METRÓPOLE do que do Rio de Janeiro.
Houve REAÇÃO de FORÇAS CONTRÁRIAS à emancipação, principalmente
grupos relacionados às Juntas de Governo, que POSSUÍAM INTERESSES ECONÔMICOS
MAIS LIGADOS a PORTUGAL do que ao Rio de Janeiro e que contaram com o apoio
das tropas portuguesas estacionadas em suas províncias, tais como o GRÃO-PARÁ,
MARANHÃO, CISPLATINA e BAHIA (as DUAS ÚLTIMAS com APOIO de MEIOS NAVAIS).
Na BAHIA, a resistência era constituída por uma GUARNIÇÃO MILITAR com
seis mil soldados, comandados pelo General Madeira de Melo, APOIADOS POR UMA
FORTE ESQUADRA.
O Brasil do século XIX NÃO POSSUÍA MEIOS EFETIVOS para COMUNICAÇÃO
INTERNA entre as províncias, DEPENDENDO INTEIRAMENTE do MAR. Na prática, o
Brasil corria o risco de se fragmentar numa série de pequenas nações, como
aconteceu com as colônias espanholas da América entre 1810 e 1825.
AULA 13 - Conclusões
√ O isolamento geográfico e a dependência econômica a Portugal contribuíram
para que partes do Brasil resistissem ao processo de independência do Brasil.
√ O Brasil corria o risco de fragmentar-se numa série de pequenas nações.

3.1.1 – A Marinha do Brasil no Império


A Marinha do Brasil NASCEU com a INDEPENDÊNCIA e seu grande artífice foi
JOSÉ BONIFÁCIO, com o apoio de Felisberto Caldeira Brant, agindo na Inglaterra.
No Rio de Janeiro havia poucos navios e absoluta falta de pessoal marítimo
com experiência de combate, pois a profissão era proibida aos brasileiros e
questionava-se a lealdade dos portugueses que decidiram permanecer no Brasil.
ALGUNS NAVIOS foram REPARADOS e OUTROS COMPRADOS com SUBSCRIÇÃO
PÚBLICA, mas foi NECESSÁRIO CONTRATAR ESTRANGEIROS, em grande parte
britânicos, ociosos com o fim das guerras napoleônicas. Ressaltam-se o ALMIRANTE
THOMAS COCHRANE, JOHN TAYLOR e JOHN PASCOE GRENFELL. Os políticos
compreenderam a necessidade de uma marinha de guerra e a população aderiu
prontamente à solução marítima para o problema da integridade nacional.
As TAREFAS que cabiam a esse conjunto de navios de guerra, nossa PRIMEIRA
ESQUADRA, foram:
a) Estabelecer o BLOQUEIO NAVAL;
b) SUSTENTAR a FACÇÃO NACIONAL junto aos núcleos de
RESISTÊNCIA à independência; e
c) DESTRUIR ou NEUTRALIZAR as FORÇAS NAVAIS PORTUGUESAS
ainda no Brasil.
GUERRAS DE INDEPENDÊNCIA NA BAHIA
Contudo, ANTES que o ALMIRANTE COCHRANE ASSUMISSE o comando da
ESQUADRA, a Marinha já COMBATIA as FORÇAS PORTUGUESAS na BAÍA de TODOS os
SANTOS, onde o Segundo-Tenente João Francisco de Oliveira Bottas (conhecido como
“JOÃO DAS BOTAS”) ORGANIZOU e ARMOU uma FLOTILHA com PEQUENAS
EMBARCAÇÕES do recôncavo, PROTEGENDO a ILHA de ITAPARICA e ATACANDO os
COMBOIOS de suprimentos portugueses.
Após assumir o comando da Esquadra, COCHRANE partiu para BLOQUEAR
SALVADOR. Informados de sua chegada, os portugueses saíram para lhe dar
combate (04/05/1823). Apesar de CONSEGUIR ROMPER a FORMAÇÃO adversária,
COCHRANE NÃO PÔDE DERROTÁ-LOS, pois teve que lidar com ATOS de SABOTAGEM
realizados por alguns MARUJOS PORTUGUESES a BORDO dos navios brasileiros.
Os portugueses não souberam aproveitar sua vantagem numérica e
voltaram para a baía, permitindo que Cochrane lhes fizesse o bloqueio.
Completamente cercados, só restou aos portugueses a fuga, sendo perseguidos
pelos brasileiros até que não oferecessem mais perigo e realizando diversos
apresamentos. A FRAGATA “NITERÓI”, COMANDADA por TAYLOR seguiu-os ATÉ o
TEJO, tendo a BORDO o jovem Joaquim Marques Lisboa, FUTURO MARQUÊS de
TAMANDARÉ.

GUERRAS DE INDEPENDÊNCIA NO MARANHÃOE NO GRÃO-PARÁ


As províncias do MARANHÃO e do GRÃO-PARÁ se MANTINHAM FIÉIS às Cortes
portuguesas devido aos seus INTERESSES ECONÔMICOS. A resistência se concentrava
nas capitais das províncias, SÃO LUÍS e BELÉM, bastando a presença de alguns
navios para forçar a rendição dos portugueses e sua repatriação. A PRESSÃO
MILITAR exercida pela presença da NAU “PEDRO I” em SÃO LUÍS, com o ALMIRANTE
COCHRANE a bordo, e do BRIGUE “MARANHÃO” comandado por GRENFELL, agindo na
província do GRÃO-PARÁ, foram o suficiente para conseguir a adesão destas
províncias ao Império.

GUERRAS DE INDEPENDÊNCIA NA CISPLATINA


Na Cisplatina, as forças portuguesas estavam concentradas em MONTEVIDÉU,
que estava cercada e submetida a rigoroso BLOQUEIO NAVAL. Sem conseguir romper
o bloqueio, que se tornava cada vez mais forte pela chegada dos novos navios que
iam sendo obtidos pelo governo central, restou aos portugueses negociar sua
rendição e retornar a Portugal.
É INCONTESTÁVEL que a MARINHA DO BRASIL foi IMPRESCINDÍVEL para a
CONSOLIDAÇÃO da nossa INDEPENDÊNCIA, sendo FATOR BÁSICO de INTEGRAÇÃO
NACIONAL ao REFORÇAR o PODER do GOVERNO CENTRAL.
Um bom EXEMPLO DESSA AFIRMAÇÃO foi a participação da Esquadra no
combate à CONFEDERAÇÃO do EQUADOR (1824), na GUERRA CISPLATINA (1825 a 1828)
e nos CONFLITOS INTERNOS do PERÍODO da REGÊNCIA, após a renúncia de D. Pedro I
em 1831.
AULA 14 - Conclusão
√ A Marinha foi fundamental para apoiar o governo central na consolidação da
independência do Brasil e na manutenção da unidade nacional.

AULA 15
3.1.2 - A Política Externa do Brasil Império
Observando a América luso-espanhola, notamos que o TRATADO DE
TORDESILHAS NÃO IMPEDIU o AVANÇO PORTUGUÊS na ÁREA do RIO da PRATA. As
nações que sucederam às colônias de Espanha e Portugal herdaram essas questões
de limites. Desde sua independência, em 1810, que BUENOS AIRES BUSCAVA
RECONSTITUIR o ANTIGO VICE-REINADO do PRATA (correspondendo a reunião dos
territórios da ARGENTINA, PARAGUAI, URUGUAI e partes da BOLÍVIA), constituindo-
se em séria ameaça à segurança do Brasil.

3.1.2.1 – Guerra da Cisplatina


O PROPÓSITO do governo das PROVÍNCIAS UNIDAS do RIO da PRATA (primeiro
nome oficial da Argentina) EM APOIAR os nacionalistas uruguaios de JUAN
ANTÔNIO LAVALLEJA ERA EXPULSAR OS BRASILEIROS e, depois, INCORPORAR A
CISPLATINA.
O CONTROLE do ESTUÁRIO da PRATA era ESSENCIAL para o RESULTADO da
GUERRA, levando a vários combates entre brasileiros e argentinos, estes liderados
pelo Almirante William Brown, irlandês.
Apesar de mais fraca, a marinha argentina soube tirar proveito da
hidrografia local, mas a vitória brasileira em MONTE SANTIAGO ELIMINOU-A COMO
PODER COMBATENTE, RESTANDO-LHE o CORSO.
DURANTE TODO o CONFLITO, as PROVÍNCIAS UNIDAS do Rio da Prata
ARMARAM DIVERSOS CORSÁRIOS, que trouxeram muitos prejuízos ao nosso
comércio marítimo. JUNTAMENTE com o bloqueio NAVAL no Rio da Prata, a
MARINHA do Brasil PRECISOU VIGIAR as extensas ÁGUAS TERRITORIAIS brasileiras e
DEFENDER nosso COMÉRCIO MARÍTIMO da ação dos CORSÁRIOS.
Os altos custos da guerra para ambos os países, somados à intermediação
inglesa, levaram ao reconhecimento da independência da República Oriental do
Uruguai (27/08/1828), mas o TRATADO DE MONTEVIDÉU TAMBÉM RECONHECEU a
SOBERANIA BRASILEIRA sobre o TERRITÓRIO das MISSÕES ORIENTAIS, em disputa
desde 1750.
Após o término da Campanha Cisplatina, a manutenção da independência
das repúblicas do Uruguai e do Paraguai tornou-se um interesse vital para o
Brasil. Isso visava o EQUILÍBRIO POLÍTICO com a ARGENTINA e a LIVRE NAVEGAÇÃO
na BACIA do RIO PARANÁ, para o acesso mais fácil à província do Mato Grosso.

3.1.2.2 – Guerra contra Oribe e Rosas


O PROJETO de ANEXAÇÃO do URUGUAI ao TERRITÓRIO ARGENTINO permaneceu
ATIVO, encontrando novos executores em JUAN MANUEL ROSAS, LIDERANÇA máxima
da Confederação ARGENTINA e em MANUEL ORIBE, LÍDER do PARTIDO BLANCO
uruguaio. Nesse contexto, em 1851, o BRASIL fez ALIANÇA com o oposicionista de
Rosas, o GOVERNADOR da província argentina de ENTRE RIOS, José de URQUIZA,
contra as forças de Oribe e Rosas.
A GUERRA TERMINOU com a VITÓRIA de URQUIZA na BATALHA de CASEROS,
após o posicionamento de tropas realizado pela esquadra brasileira, graças à
PASSAGEM DE TONELERO (17/12/1851).
A força brasileira, composta de quatro navios de propulsão mista e três
navios a vela, tinha como obstáculo uma fortificação guarnecida por várias peças
de artilharia. Devido a largura do rio, os navios brasileiros deveriam passar
próximo a margem, dentro do alcance do armamento inimigo.
A SOLUÇÃO DO ALMIRANTE GRENFELL foi o EMPREGO CONJUNTO dos NAVIOS a
VELA e VAPOR. Os navios A VELA, MAIS ARTILHADOS, foram REBOCADOS pelos
NAVIOS A VAPOR, que apesar de MAIS RÁPIDOS E MANOBRÁVEIS possuíam menor
QUANTIDADE de CANHÕES, devido a presença das enormes RODAS de PÁS LATERAIS.
Vencendo Tonelero, a transposição das tropas de Urquiza obteve sucesso,
permitindo a derrota de Rosas.

AULA 15 - Conclusão
√ A DEFESA da LIVRE NAVEGAÇÃO na BACIA do RIO PARANÁ levou o Brasil a intervir
na política interna das repúblicas do Uruguai, Paraguai e Argentina

AULA 16
3.1.2.3 – Reflexos da Revolução Industrial
O NAVIO A VELA é milenar, DEPENDENDO apenas do VENTO e MANTIMENTOS
para manter RAIO de AÇÃO QUASE ILIMITADO. Todo o espaço de bordo podia ser
aproveitado para carga, exceto apenas o que fosse utilizado pela tripulação e
armamento, no caso de navios de guerra.
O SURGIMENTO da MÁQUINA a VAPOR mudou esse quadro definitivamente.
Apesar do espaço utilizado pelas máquinas e pelo combustível, inicialmente a
lenha e depois o carvão mineral, lentamente a trilogia vapor, carvão e aço passaria
a dominar a atividade marítima, começando com o transporte de passageiros.
Como exemplos, temos Robert Fulton que realizou a subida do rio Hudson em
32 horas, com o navio a vapor “Clermont” (1807) e o Marquês de Barbacena (Caldeira
Brant), que estabeleceu uma linha regular a vapor no recôncavo baiano (1826).
INICIALMENTE, o TRANSPORTE FLUVIAL A VAPOR PROSPEROU MAIS na
AMÉRICA do que na EUROPA, uma vez que a Europa estava cortada por estradas
que interligavam suas principais cidades, com distâncias menores.
Outra implicação decorrente da adoção da propulsão a vapor foi a
NECESSIDADE de TREINAR e ESPECIALIZAR a GUARNIÇÃO em diferentes atividades
que não eram diretamente relacionadas ao mar, como a mecânica.
No caso das MARINHAS de GUERRA, além destes fatores, existia a questão de
que SEMPRE FORAM CONSERVADORAS. A MARINHA INGLESA, a maior de todas, HAVIA
FEITO GRANDES INVESTIMENTOS em navios de madeira e a vela durante as guerras
napoleônicas.
Além disso, o VAPOR TRAZIA NOVAS NECESSIDADES LOGÍSTICAS, em função do
COMBUSTÍVEL e SOBRESSALENTES.
As MÁQUINAS eram POUCO CONFIÁVEIS, exigindo a permanência da armação
a vela, e as RODAS de PÁS LATERAIS eram muito VULNERÁVEIS, além de diminuírem
muito o espaço para os canhões. A SOLUÇÃO VEIO com a ADOÇÃO do HÉLICE,
inventado em 1836, em lugar das rodas de pás, como o navio francês “Napoleón”
(1850). A VULNERABILIDADE das próprias MÁQUINAS foi MINIMIZADA quando os
novos projetos passaram a POSICIONÁ-LAS ABAIXO da LINHA D’ÁGUA.
O passo seguinte foi a adoção de placas de ferro nos cascos, acima da linha
d’água, o que melhorou a proteção contra o ataque da artilharia inimiga.
A GUERRA DA CRIMÉIA (1853-1856) é considerada o CONFLITO PRECURSOR no
EMPREGO da TECNOLOGIA decorrente da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, devido ao uso do
telégrafo, estradas de ferro, munição explosiva (granadas de artilharia) e
couraça.
O uso de MUNIÇÃO EXPLOSIVA no COMBATE NAVAL em SINOPE (Criméia, 1853)
DECRETOU o FIM dos CASCOS de MADEIRA para os estrategistas navais.
As CHATAS ARTILHADAS PROTEGIDAS por COURAÇA, USADAS pelos FRANCESES
no ATAQUE às FORTALEZAS RUSSAS no ATAQUE a SEBASTOPOL, mostrou o caminho a
seguir, LEVANDO o SURGIMENTO dos NAVIOS ENCOURAÇADOS. Inicialmente, os
cascos de madeira foram recobertos com placas de ferro (“Gloire” - 1859), mas logo
surgiram os cascos feitos de ferro (“Warrior” - 1861) e, depois, de aço, com o
barateamento do produto a partir da invenção do processo Bessemer de redução de
impurezas pela oxidação do carbono.
A BATALHA DE HAMPTON ROADS (1862), na Guerra Civil Americana, foi um
MARCO devido ao COMBATE entre o ENCOURAÇADO “MERRIMAC”, dos Confederados,
e o ENCOURAÇADO “MONITOR”, da União, com RESULTADO INDECISO.
O “MONITOR” veio a CONSAGRAR o USO de um NÚMERO MENOR de CANHÕES,
de MAIOR CALIBRE, em TORRES GIRATÓRIAS.
O Brasil nasceu como país exportador de matérias-primas, sem indústria
própria significativa. A Revolução Industrial só fez aumentar nossa defasagem em
relação aos países desenvolvidos. Em relação à Marinha, o PRINCIPAL PROBLEMA,
ALÉM da FALTA de DOMÍNIO da TECNOLOGIA, era a FALTA DE COMBUSTÍVEL,
decorrente do desconhecimento de jazidas significativas de carvão mineral. A
INEXISTÊNCIA de um PARQUE INDUSTRIAL NACIONAL nos TORNAVA, QUASE
TOTALMENTE, DEPENDENTES do FORNECIMENTO de bens e produtos dos países
industrializados da Europa.

AULA 16 - Conclusões
√ Apesar das resistências, a máquina a vapor passou a dominar a atividade
marítima a partir do primeiro quarto do século XIX.
√ O desenvolvimento acelerado da tecnologia aplicada aos navios de guerra
revolucionou as atividades navais.

AULA 17
3.1.2.4 – A Guerra da Tríplice Aliança
A Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1864-1870) foi o MAIOR
CONFLITO MILITAR na AMÉRICA do SUL.
O PARAGUAI havia sido parte do Vice-Reinado do Prata e SUA INDEPENDÊNCIA
era APOIADA pelo BRASIL contra as tentativas de anexação pela Confederação
Argentina. Francisco Solano López iniciou uma política externa mais atuante que
seus antecessores (1862), SE ALIANDO ao ARGENTINO URQUIZA (governador da
Província de Entre Rios) e ao URUGUAIO AGUIRRE (PARTIDO BLANCO), visando
garantir o escoamento de sua produção, ante a pressão de Bartolomeu Mitre
(Buenos Aires).
O ENVOLVIMENTO BRASILEIRO na POLÍTICA interna URUGUAIA (1864), em
APOIO VENÂNCIO FLORES (PARTIDO COLORADO), LEVOU LÓPEZ a se considerar
ameaçado e declarar guerra ao Brasil, INVADINDO o MATO GROSSO.
LÓPEZ ENVIOU forte EXÉRCITO ao Uruguai, mas como NÃO OBTEVE PERMISSÃO
do PRESIDENTE ARGENTINO, Bartolomeu Mitre, para cruzar o território argentino.
Decidiu também invadir esse país, avançando até Uruguaiana (RS). Estavam
CRIADAS as CONDIÇÕES para a FORMAÇÃO de uma TRÍPLICE ALIANÇA contra Solano
López.
No início da guerra, a Esquadra brasileira dispunha de 45 navios armados,
sendo 33 de propulsão mista, a vela e a vapor. A PROPULSÃO A VAPOR seria
ESSENCIAL para OPERAR NOS RIOS da região, mas os NAVIOS BRASILEIROS eram
ADEQUADOS para OPERAR no MAR e NÃO nos RIOS do teatro de operações, DEVIDO ao
seu CALADO. A possibilidade de encalhar era um perigo constante. Além disso, os
navios brasileiros POSSUÍAM CASCO de MADEIRA, sendo muito vulneráveis à
artilharia de terra, posicionada nas margens. Essas CARACTERÍSTICAS OBRIGARAM o
BRASIL a OBTER, rapidamente, NAVIOS ENCOURAÇADOS com PEQUENO CALADO.
A MISSÃO DA NOSSA MARINHA SERIA, mais uma vez, o BLOQUEIO NAVAL e o
APOIO LOGÍSTICO às FORÇAS de TERRA. Posteriormente, quando o território
paraguaio fosse invadido, seria muito importante o apoio de fogo contra as
fortalezas do rio Paraguai.

BATALHA NAVAL DO RIACHUELO


• Na BATALHA NAVAL DO RIACHUELO (11/06/1865), data magna da Marinha do
Brasil, só foi UTILIZADO o VAPOR, mesmo havendo NAVIOS de PROPULSÃO MISTA.
• Foi uma BATALHA DECISIVA da Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai,
pois o Poder Naval paraguaio foi PRATICAMENTE ELIMINADO, não representando
ameaça ponderável às forças aliadas, a partir daquele evento.
• Os FATORES da IMPORTÂNCIA desta BATALHA foram a INVERSÃO da
INICIATIVA na GUERRA e o CONTROLE dos RIOS, principais artérias do teatro de
operações de guerra, garantindo seu uso pelos aliados e negando-o aos paraguaios
(bloqueio).
• Nesta batalha, a força naval brasileira, COMANDADA pelo Almirante
Manuel BARROSO da Silva, estava fundeada no Rio Paraná, próximo à Cidade de
Corrientes, na noite de 10 para 11 de junho de 1865.
• O PLANO PARAGUAIO era SURPREENDER os NAVIOS BRASILEIROS na alvorada
do dia 11 de junho, ABORDÁ-LOS e REBOCÁ-LOS para Humaitá, após a vitória. Para
AUMENTAR o PODER de FOGO, a FORÇA NAVAL PARAGUAIA, COMANDADA pelo Capitão-
de-Fragata PEDRO IGNÁCIO MEZZA, rebocava seis chatas com canhões. A Ponta de
Santa Catalina, próxima à foz do Riachuelo, foi artilhada pelos paraguaios. Havia,
também, tropas de infantaria posicionadas para atirar sobre os navios brasileiros
que escapassem.
No dia 11 de junho, aproximadamente às 9 horas, a força naval brasileira
avistou os navios paraguaios descendo o rio e se preparou para o combate. MEZZA
se ATRASARA e DESISTIU de INICIAR a BATALHA com a ABORDAGEM. Após uma
primeira troca de tiros de artilharia, a força paraguaia passou pela brasileira,
ainda imobilizada, e foi se abrigar junto à foz do Riachuelo, onde ficou aguardando.
Após suspender, a força naval brasileira desceu o rio, perseguindo os
paraguaios, e avistou-os parados nas proximidades da foz do Riachuelo.
Desconhecendo que a margem estava artilhada, Barroso deteve sua capitânia, a
Fragata Amazonas, para cortar possível fuga dos paraguaios. Com sua manobra
inesperada, alguns dos navios retrocederam, e o Jequitinhonha encalhou em frente
às baterias de Santa Catalina. O primeiro navio da linha, o Belmonte, passou por
Riachuelo separado dos outros, sofrendo o fogo concentrado do inimigo e, após
passar, encalhou propositadamente para não afundar.
Corrigindo sua manobra, o Almirante Barroso assumiu a vanguarda dos
outros navios brasileiros e efetuou a passagem, combatendo a artilharia da
margem, os navios e a chatas, sob a fuzilaria das tropas paraguaias que atiravam
das barrancas. Completou-se assim, aproximadamente às 12 horas, a primeira fase
da Batalha. Até então, o resultado era altamente insatisfatório para o Brasil: o
Belmonte fora de ação, o Jequitinhonha encalhado para sempre e o Parnaíba, com
avaria no leme, sendo abordado e dominado pelo inimigo, apesar da resistência
heroica dos brasileiros, como o GUARDA-MARINHA GREENHALGH e o MARINHEIRO
MARCÍLIO DIAS, que lutaram até a morte.
Então, BARROSO DECIDIU REGRESSAR. Desceu o rio, fez a volta com os seis
navios restantes e, logo depois, estava novamente em Riachuelo. Tirando
VANTAGEM do PORTE da AMAZONAS, o Almirante Barroso USOU o NAVIO para
ABALROAR e INUTILIZAR TRÊS NAVIOS paraguaios, vencendo a Batalha. Somente
quatro navios inimigos fugiram, perseguidos pelos brasileiros.
Antes do pôr do sol de 11 de junho, a vitória era brasileira. A ESQUADRA
PARAGUAIA fora PRATICAMENTE ANIQUILADA e NÃO TERIA MAIS PARTICIPAÇÃO
RELEVANTE no conflito. ESTAVA, também, GARANTIDO o BLOQUEIO que impediria
que o Paraguai recebesse armamentos do exterior.

SEGUNDA FASE DA GUERRA


Após a invasão do território paraguaio, o avanço por terra dependia do apoio
logístico fluvial, mas a NAVEGAÇÃO no RIO PARAGUAI era BLOQUEADA pelas
FORTALEZAS em SUAS MARGENS.
Em março de 1866, já estavam disponíveis NOVE NAVIOS ENCOURAÇADOS,
inclusive TRÊS CONSTRUÍDOS no BRASIL: os ENCOURAÇADOS “TAMANDARÉ”,
“BARROSO” e “RIO DE JANEIRO”.
A reação da artilharia paraguaia ceifou vidas preciosas, como a do Capitão
Tenente Mariz e Barros, comandante do “Tamandaré”. DURANTE o BOMBARDEIO a
CURUZU (09/1866), o ENCOURAÇADO RIO DE JANEIRO foi ATINGIDO por duas minas
flutuantes e AFUNDOU.
A passagem das fortalezas de CURUPAITI (13/02/1868) e de HUMAITÁ
(19/02/1868), com a força naval já sob o COMANDO de INHAÚMA, levou ao abandono
das fortalezas e praticamente decidiu a guerra, mas a obstinação de Solano López
fez com que ela durasse ainda mais dois anos, até 1870.
3.1.2.5 - Conclusões sobre a Guerra da Tríplice Aliança
Analisando pela ótica do desenvolvimento tecnológico, as MAIORES
DIFICULDADES para CRIARMOS uma INDÚSTRIA NAVAL MODERNA no BRASIL foram a
FALTA de ENGENHEIROS e OPERÁRIOS ESPECIALIZADOS e a INEXISTÊNCIA de uma
INDÚSTRIA NACIONAL MODERNA.
O Arsenal de Marinha da Corte, no Rio de Janeiro, recebeu o pessoal técnico
(muitos estrangeiros) e os equipamentos necessários (importados), conseguindo
fazer frente ao desafio.
Durante a Guerra da Tríplice Aliança, chegamos a possuir 17 navios
encouraçados, sendo seis monitores. Ainda em 1865 foi iniciada a construção de
três encouraçados, prontificados em 66. Ao final da Guerra, a MB possuía 94
NAVIOS, sendo 16 ENCOURAÇADOS.
NUNCA HOUVE TAMANHO DESENVOLVIMENTO RELATIVO em nossa Marinha,
que chegou a ser a QUINTA MAIOR em NÚMERO de NAVIOS ENCOURAÇADOS, em 1870,
mas a MAIORIA destes era específico para OPERAÇÕES FLUVIAIS, NÃO ATENDENDO a
DEMANDA de uma MARINHA OCEÂNICA, como a Marinha do Brasil.
Ficou EVIDENTE a NECESSIDADE de sempre ser MANTIDA uma RAZOÁVEL
FORÇA NAVAL ATUALIZADA e pronta, em benefício da SEGURANÇA do ESTADO.

AULA 17 - Conclusões
√ A postura diplomática de Solano López causou uma guerra de grandes
proporções, que exigiu grandes esforços da MB. (PRIMEIRO ATO FOI PARAGUAIO)
√ A batalha naval do Riachuelo foi o ponto de inflexão da guerra da Tríplice
Aliança.

AULA 18
3.2 – DESENVOLVIMENTOS TECNOLÓGICOS DO SÉCULO XIX E O NEOCO- LONIALISMO

3.2.1 - Couraça x Artilharia


O aumento da espessura das couraças, possibilitado pelo USO de LIGAS de
AÇO cada vez MAIS LEVES e RESISTENTES, tornou os navios quase INVULNERÁVEIS
aos PROJETIS.
Por outro lado, DESDE a GUERRA CIVIL AMERICANA, os NAVIOS VOLTARAM a ser
PROJETADOS COM o ESPORÃO, pois boa parte das OBRAS-VIVAS NÃO POSSUÍA
COURAÇA (BATALHA de LISSA - 1866).
Em RIACHUELO, o Almirante Barroso empregou a TÁTICA do ABALROAMENTO,
mas a FRAGATA “AMAZONAS” NÃO POSSUÍA ESPORÃO. Contudo, o emprego desta
tática era INCOMPATÍVEL com o DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO (aumento do
ALCANCE dos CANHÕES). Não tendo qualquer emprego significativo, o esporão foi
retirado da estrutura dos navios no início do século XX.
O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO também foi APLICADO À ARTILHARIA, com
a adoção de retrocarga, raiamento, pólvoras químicas, munição de ogiva
perfurante e calibres cada vez maiores. Estes APERFEIÇOAMENTOS PERMITIRAM o
AUMENTO do ALCANCE e a MELHORIA na PRECISÃO do TIRO.
A BATALHA NAVAL DE TSUSHIMA (1905), durante a Guerra Russo-Japonesa,
marcou o RETORNO DA HEGEMONIA DO CANHÃO. Ela veio confirmar os conceitos
estratégicos e táticos, que previam a necessidade de construírem ENCOURAÇADOS
DOTADOS de CANHÕES de GRANDE CALIBRE e ALCANCE.

3.2.2 - O Neocolonialismo
O desenvolvimento industrial trouxe a necessidade de novos mercados e
novas fontes de matérias-primas, levando a uma nova corrida colonial.
Além de Inglaterra e França, novos atores desejavam participar desse
processo, tais como a Prússia, a Rússia e os EUA. Os americanos conquistaram
extenso território na guerra contra o México (1846-1848).
A China começou a ser forçada pela Inglaterra a ceder vantagens comerciais
às nações europeias (Guerras do Ópio – 1839-1860).
O Japão foi forçado pelos EUA a sair do seu isolamento (1853); e
A África foi retalhada entre as potências imperialistas (Conferência de
Berlim – 1884-1885).
Os americanos conquistaram Cuba e as Filipinas na guerra contra a
Espanha (1898), em nome da Doutrina Monroe.

3.2.3 - Os Instrumentos da Nova Corrida Colonial


Mais uma vez, o PODER NAVAL FOI o INSTRUMENTO USADO pelos PAÍSES
TECNOLOGICAMENTE MAIS DESENVOLVIDOS em sua EXPANSÃO COLONIAL.
O neocolonianismo despertou nas potências concorrentes um GRANDE
DESENVOLVIMENTO em ARMAS e TÉCNICAS MILITARES:
• da TORRETA do MONITOR às enormes torres blindadas com canhões de 16
polegadas;
• a POTÊNCIA das MÁQUINAS passou de 5.000 para 15.000 HP;
• a VELOCIDADE dos CRUZADORES passou de 16 para 24 nós;
• o DESLOCAMENTO dos ENCOURAÇADOS chegou a 15.000 toneladas;
• surgiram o TORPEDO AUTOPROPULSADO (Whitehead - 1866),
• a TURBINA (Parsons - 1884),
• o NAVIO TORPEDEIRO.
• o CONTRATORPEDEIRO (“torpedo boat destroyer”).
• o TORPEDEIRO SUBMERSÍVEL (Holland - 1898).
Em 1906, a INGLATERRA lançou o HMS DREADNOUGHT, encouraçado que
tornou obsoletos todos os anteriores. Ele possuía dez canhões de 12 polegadas e
deslocava 18.000 toneladas a 21,5 nós, com máquinas de 27.500 HP.

AULA 18 - Conclusões
√ O desenvolvimento industrial trouxe a necessidade de novos mercados e fontes
de matérias-primas, levando a uma nova corrida colonial que supervalorizou o
Poder Naval.
√ A rapidez das mudanças tecnológicas aplicadas às marinhas exigiu muitos
recursos e acelerou a obsolescência do material bélico.

AULA 19
3.3 – O PROGRAMA NAVAL DE 1906
O final do século XIX foi um período de forte declínio da Marinha do Brasil,
que havia atingido posição de relevo no panorama internacional após o fim da
guerra com o Paraguai, apesar de grande parte dos navios ser apropriada apenas
para operações fluviais. O término deste conflito, somado a outros fatores
políticos e econômicos, encerrou o surto de progresso da construção naval no país.
Os navios pouco se movimentavam, para economizar o combustível importado.
Com a Proclamação da República (1889), profundas mudanças ocorreram no
sistema de poder do Brasil, passando o Exército a exercer papel decisivo na
formulação da política nacional, em detrimento da Marinha.
Após a proclamação da República, o Brasil passou por muitos momentos de
instabilidade política, com a participação destacada de alguns oficiais da
Marinha.
A REVOLTA DA ARMADA (1893-1894), LIDERADA pelo ALMIRANTE CUSTÓDIO de
MELLO, agravou a posição da Marinha no contexto nacional, consolidando o
afastamento do núcleo político, com reflexos no prestígio e desgaste material da
instituição. Neste episódio DESTACOU-SE a participação de alguns vultos navais,
como os Almirantes EDUARDO WANDENKOLK e SALDANHA da GAMA.

PROGRAMA NAVAL de 1904


Em 1902, o Ministro da Marinha, Almirante JÚLIO de NORONHA, iniciou os
estudos para a renovação da Esquadra, que deram origem ao PROGRAMA NAVAL de
1904. Foi seguida a DOUTRINA vigente da busca pelo DOMÍNIO do MAR POR MEIO de
uma BATALHA DECISIVA, conforme defendida por ALFRED MAHAN (“The Influence of
Sea Power upon History, 1660-1783”). Os debates no Congresso contaram com o apoio
de alguns congressistas (Deputado LAURINDO PITA) e do BARÃO do RIO BRANCO, por
entender que o MRE precisava de suporte militar para suas lutas diplomáticas.
Em 1904, foi aprovada a aquisição de TRÊS ENCOURAÇADOS, TRÊS
CRUZADORES-ENCOURAÇADOS, 18 TORPEDEIRAS e TRÊS SUBMARINOS.
Entretanto, as ANÁLISES da BATALHA NAVAL de TSUSHIMA (1905) indicaram o
RESSURGIMENTO das LINHAS de BATALHA, baseadas em duelos de artilharia e
PRIVILEGIANDO o PODER de FOGO.
O SURGIMENTO DO ENCOURAÇADO “DREADNOUGHT” coincidiu com esse
momento, tornando-se o novo paradigma das esquadras. Novos debates no
Congresso e na imprensa buscavam a REVISÃO do PROGRAMA de 1904,
SUBSTITUINDO-SE os encouraçados previstos por ENCOURAÇADOS TIPO
“DREADNOUGHT”, apoiados por CRUZADORES LEVES (scouts) e CONTRATORPEDEIROS
(destroyers).

PROGRAMA NAVAL de 1906


Em 1906, o ALMIRANTE ALEXANDRINO sucedeu ao Almirante Júlio de Noronha
no Ministério da Marinha e rapidamente foi aprovada a REVISÃO do PROGRAMA de
1904.
Finalmente, em 1910, foram RECEBIDOS DOIS encouraçados “DREADNOUGHT”
(“MINAS GERAIS” e “SÃO PAULO” - doze canhões de 305mm, deslocando 21.000
toneladas a 21 nós), DOIS CRUZADORES LEVES (“BAHIA” e “RIO GRANDE do SUL” - dez
canhões de 120mm, deslocando 3.000 toneladas a 26,5 nós) e DEZ
CONTRATORPEDEIROS LEVES (CLASSE “PARÁ” - dois canhões de 101,2mm, deslo- cando
560 toneladas a 28 nós).
Infelizmente, a FALTA de CAPACIDADE TECNOLÓGICA e INDUSTRIAL no PAÍS,
aliada a ESCASSEZ de RECURSOS FINANCEIROS, IMPEDIU a CORRETA MANUTENÇÃO
desses meios. Contribuiu para essa situação o cancelamento da construção de um
novo Arsenal de Marinha, previsto no Programa de 1904 para a Baía de Angra dos
Reis.

3.3.1 – A Revolta dos Marinheiros


Além da DIFICULDADE para a MANUTENÇÃO dos novos meios, a chegada da
“ESQUADRA DE 1910” expôs sérios problemas na seleção e TREINAMENTO do PESSOAL
da Marinha.
A manobra dos navios a vela dependia apenas de coragem e força física,
permitindo o uso de condenados e forçados, mas exigindo o uso de meios extremos
para manter a disciplina.
Os marinheiros brasileiros que foram buscar os navios na Inglaterra
entraram em contato as marinhas de países mais desenvolvidos. Lá já haviam sido
abolidos os castigos físicos. Essa COMPARAÇÃO gerou ao QUESTIONAMENTOS do
CÓDIGO DISCIPLINAR em vigor na MB, que AINDA PREVIA o uso da CHIBATA para
faltas graves.
O motim teve início na noite de 22 de novembro de 1910, sob a LIDERANÇA do
MARINHEIRO JOÃO CÂNDIDO, e ficou também conhecida como REVOLTA DA CHIBATA.
Houve resistência no ENCOURAÇADO “MINAS GERAIS” – com a morte do
Comandante, três oficiais e algumas praças – e no CRUZADOR “BAHIA”, sendo morto
o oficial de serviço. Outros dois navios foram conquistados pelos amotinados: os
Encouraçados “São Paulo” e “Deodoro”.
Os revoltosos se afirmavam republicanos e leais ao governo, mas
REIVINDICAVAM o FIM dos CASTIGOS FÍSICOS, o AUMENTO dos SOLDOS e MELHORIAS
no TREINAMENTO do PESSOAL.
A ameaça de bombardeamento da capital (cidade do Rio de Janeiro), a
comprovação de eram capazes de manobrar com os navios e a falta de meios
eficazes para combatê-los levou o Congresso a ceder rapidamente às exigências
dos amotinados, aprovando sua anistia, que foi sancionada no dia 25 de novembro
de 1910.
Após a anistia, os oficiais retornaram para os navios amotinados, mas a
disciplina estava bastante prejudicada. Foram tomadas medidas para
impossibilitar o uso do armamento e, a 28 de novembro, foi expedido um decreto
que autorizava a exclusão sumária dos amotinados, a bem da disciplina. As
guarnições que se haviam amotinado foram sendo desembarcadas, para exclusão
dos principais envolvidos.
O processo foi acelerado pela eclosão de nova revolta no Batalhão Naval, na
Ilha das Cobras, e no CRUZADOR “RIO GRANDE DO SUL”, na noite de 09 de dezembro
de 1910, onde mais um oficial foi morto. Desta vez, os oficiais estavam preparados
e mantiveram o controle dos navios, que foram usados para bombardear o
Batalhão Naval na manhã seguinte e sufocar a rebelião. Os líderes da revolta de
novembro que ainda não haviam sido excluídos foram PRESOS e DEGREDADOS para o
ACRE, sendo que alguns foram executados pela escolta do Exército, devido a uma
tentativa de rebelião a bordo do Navio Mercante “Satélite”.

3.3.2 – Novas Estruturas Navais


Em 1914 foi FUNDADA a ESCOLA DE GUERRA NAVAL e foi CRIADA a FLOTILHA DE
SUBMARINOS, a partir da AQUISIÇÃO de TRÊS SUBMARINOS ITALIANOS de
TREINAMENTO. A AVIAÇÃO NAVAL Brasileira nasceu em 1916, com a aquisição de
TRÊS AEROBOTES.
AULA 19 - Conclusões
√ O programa de reaparelhamento naval de 1906 trouxe meios modernos para a
Marinha, mas estes não puderam ser efetivamente aproveitados devido à falta de
capacidade tecnológica e industrial do país.
√ A aquisição desses meios também expôs problemas na seleção e treinamento do
pessoal da Marinha, que levaram à Revolta dos Marinheiros de 1910;
3.4 – A PARTICIPAÇÃO DA MARINHA DO BRASIL NA I GUERRA MUNDIAL

No começo da I Guerra Mundial, não se tinha ideia exata do valor do


SUBMARINO, que era considerado adequado APENAS para a DEFESA dos PORTOS
CONTRA o BLOQUEIO NAVAL INIMIGO, e da aviação, que era utilizada apenas para
esclarecimento. A AVIAÇÃO era UTILIZADA apenas para ESCLARECIMENTO.
Sem condições de vencer em terra ou de obter uma vitória decisiva no mar
(Jutlândia - 1916), a ALEMANHA voltou-se contra o tráfego mercante aliado
(GUERRA de CORSO), com o USO DE CRUZADORES AUXILIARES e CAMPANHAS
SUBMARINAS.
Mesmo enquanto as campanhas submarinas foram restritas, em águas
declaradas como “zona de guerra”, houve o afundamento de navios neutros, o que
gerava diversos protestos diplomáticos, inclusive do Brasil.
O abuso de bandeiras neutras por parte dos ingleses levou a Alemanha a
declarar a CAMPANHA SUBMARINA IRRESTRITA na zona de guerra ao redor das ilhas
britânicas. Somente a ADOÇÃO do COMBOIO SALVOU a INGLATERRA da fome.
O Brasil não possuía frota mercante significativa, mas o AFUNDAMENTO DE
QUATRO NAVIOS de bandeira brasileira (Paraná, Tijuca, Lapa E Macau) LEVOU À
declaração do ESTADO de BELIGERÂNCIA (25/10/1917).
Em cumprimento aos compromissos assumidos com a Conferência
Interaliada, o GOVERNO BRASILEIRO ENVIOU:
• A Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), uma força-tarefa para
REALIZAR PATRULHA ANTISSUBMARINA na ÁREA (NA 1ºGM A MISSÃO NÃO FOI
COMBOIO) compreendida entre DACAR (Senegal), SÃO VICENTE (Cabo Verde) e
GIBRALTAR;
• uma missão médica composta de 85 cirurgiões civis e militares, para atuar em
hospitais de campanha do teatro de operações europeu; e
• um contingente de 12 oficiais aviadores da Marinha e um do Exército, para se
integrar à Força Aérea aliada.
A DIVISÃO NAVAL em OPERAÇÕES de GUERRA (DNOG), foi composta pelos
Cruzadores ‘Rio Grande do Sul” e “Bahia”, quatro Contratorpedeiros da classe
“Pará”, o Tender “Belmonte” (navio mercante alemão arrestado pelo governo
brasileiro) e o Rebocador “Laurindo Pita”.
Após difícil preparação, a DNOG suspendeu do Rio de Janeiro em 07 de maio
de 1918, sob o comando do Contra-Almirante Pedro Max Fernando de Frontin,
atracando em vários portos do nordeste, até que suspendeu de Fernando de
Noronha para a África em 01 de agosto de 1918.
Após oito dias de travessia, chegou ao porto de Freetown (Serra Leoa), onde
permaneceu por 14 dias para reabastecimento e reparos. Foi provavelmente em
Freetown que as tripulações ficaram expostas ao vírus de uma doença
extremamente contagiosa e mortal, conhecida como “GRIPE ESPANHOLA”, pois ficou
fundeada próxima ao Navio Mercante “Mantua” que apresentava casos da doença.
Na travessia para Dacar, a Divisão foi TORPEDEADA por um SUBMARINO
alemão, que foi avistado submergindo, e revidou com tiros de canhão e bombas de
profundidade. Embora não tenha havido certeza da destruição, após a guerra, o
Almirantado Britânico homologou a perda inimiga, creditando-a aos brasileiros.
A permanência em Dacar foi mais longa do que o esperado, pois a epidemia
de gripe alastrou-se entre as tripulações. Somente com a chegada de substitutos,
pôde a DNOG suspender para Gibraltar, onde fundeou no dia 10 de novembro de 1918,
véspera do armistício que encerrou a I Guerra Mundial. Faleceram 156 tripulantes
em Dakar e vários outros doentes foram repatriados, vindo a falecer no Brasil.

3.5 - O PERÍODO ENTRE GUERRAS


A Primeira Guerra Mundial comprovou a afirmação de Clausewitz1, de que a
guerra é a continuação da política por meios violentos.
Os exércitos e marinhas foram os poderosos instrumentos de execução de
políticas nacionais, mas a guerra debilitou as economias europeias e seu fim
assinalou o COMEÇO do DECLÍNIO INGLÊS e ASCENSÃO AMERICANA.
A Marinha do Brasil, desde sua criação, buscou inspiração na marinha
inglesa, de onde vieram nossa doutrina (sinais de Nelson), tradições, práticas e boa
parte dos navios. Entretanto, a CRIAÇÃO da MISSÃO NAVAL AMERICANA (1922)
MARCOU o INÍCIO de um longo RELACIONAMENTO entre as marinhas dos dois
países. A contribuição da “U.S. Navy” foi muito grande para o desenvolvimento da
MB.
Além de crises econômicas, os anos 20 e 30 foram marcados por forte
agitação política interna, dificultando a renovação da nossa Marinha.
A participação da Marinha nas revoluções desse período foi basicamente
legalista, em apoio aos governos constituídos.
A REVOLUÇÃO de 1930 marcou o INÍCIO de uma TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL
na MARINHA. Na análise da situação da Marinha realizada em 1932 pelo Ministro,
Almirante PROTÓGENES PEREIRA GUIMARÃES, destacava-se:
“Estamos deixando morrer a nossa Marinha. A Esquadra agoniza pela
idade (a maior parte dos navios era da Esquadra de 1910) e, perdido com ela o
hábito das viagens, substituído pela vida parasitária e burocrática dos portos,
morrem todas as tradições (...). Estamos numa encruzilhada: ou fazemos
renascer o Poder Naval sob bases permanentes e voluntariosas, ou nos
resignamos a ostentar a nossa fraqueza provocadora (...) estamos
completamente desaparelhados.”
O PROGRAMA NAVAL de 1932, revisado em 1936, propôs uma Força Naval
modesta, dentro das possibilidades financeiras e técnicas do País, mas que
permitia realizar adestramentos e operações limitadas. Sua principal
característica foi a tentativa de utilizar a incipiente indústria brasileira para se
reconstituir um Poder Naval com alguma credibilidade.
A ADMINISTRAÇÃO do ALMIRANTE GUILHEM (1935-1945) conduziu o
RENASCIMENTO da CONSTRUÇÃO NAVAL no BRASIL. A execução do plano de
renovação de meios flutuantes de 1932/36 trouxe à MB:
• Seis navios-mineiros varredores, construídos no novo Arsenal de Marinha da
Ilha das Cobras (depois convertidos em corvetas);
• três contratorpedeiros construídos no AMRJ, a partir de planos americanos; e
• três submarinos oceânicos, que foram comprados à Itália.

AULA 20 - Conclusões
√ Após a IGM, a MB iniciou longo relacionamento com a Marinha Americana, o
que muito contribuiu para nosso desenvolvimento.
√ O programa naval de 32/36 proporcionou o renascimento da construção naval
no Brasil, dentro das possibilidades financeiras e técnicas do país.

AULA 21
3.6 – A PARTICIPAÇÃO DA MARINHA DO BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL

As IMPOSIÇÕES do TRATADO de VERSALHES (pós 1ºGM) impediram a Alemanha


de manter uma marinha de guerra e as concepções estratégicas continentais de
Hitler não priorizavam uma marinha forte.
Em 1938, o comandante da marinha alemã, ALMIRANTE RAEDER, foi informado
que a GUERRA NÃO DEVERIA COMEÇAR ANTES de 1948. Esta posição direcionou o
planejamento estratégico alemão para a construção de navios de superfície de
grande porte, visando disputar o “domínio do mar” com os ingleses, ainda seguindo
a visão de Mahan.
Contudo, INICIADA a GUERRA em 1939, a situação da MARINHA ALEMÃ só lhes
permitiu RECORRER novamente à GUERRA de CORSO. Para tanto, inicialmente foram
UTILIZADOS NAVIOS de GUERRA e mercantes ADAPTADOS (raiders) como CORSÁRIOS
de SUPERFÍCIE, atacando as linhas de comunicação aliadas em várias partes do
mundo. Mas logo os alemães reconheceram a eficiência do submarino na guerra
de corso, ADOTANDO os SUBMARINOS como ÚNICA OPÇÃO VIÁVEL para atacar as
linhas de comunicação adversárias no Atlântico.
A preocupação brasileira concentrou-se na proteção de nossa grande
fronteira marítima e linhas de comunicação, vitais para nosso comércio.
O ATAQUE JAPONÊS A PEARL HARBOR, em 07 de dezembro de 1941, levou Hitler
a declarar guerra aos Estados Unidos e os submarinos alemães começaram a
atacar navios neutros no Atlântico Norte e nas Antilhas, inclusive brasileiros.
O BRASIL era IMPORTANTE PARA os ESTADOS UNIDOS DEVIDO:
• A sua POSIÇÃO GEOGRÁFICA (SALIENTE NORDESTINO), que permitiria
melhorar o controle da área marítima do Atlântico Sul com instalação de
BASES AERONAVAIS (ex: Natal-RN), assim como melhoraria o fluxo logístico
com a Europa, através do Norte da África; e
• Como FONTE de MATÉRIAS-PRIMAS vitais para o esforço de guerra (ex:
borracha e minério de ferro).
O Brasil rompeu relações diplomáticas (AINDA ESTAVA NEUTRO) com os
países do eixo ao final da Reunião de Consulta dos Chanceleres das Repúblicas
Americanas (28/01/1942), quando as pretensões norte-americanas foram aceitas
em troca da instalação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), mas permaneceu
oficialmente neutro.
A adoção pelo Brasil de uma postura francamente pró-americana levou os
alemães a adotarem represálias, sob a forma de ataques a navios nas costas
brasileiras.
Entre fevereiro e julho de 1942, treze navios brasileiros já haviam sido
atacados (doze foram afundados), mas foi o afundamento de cinco navios por um
único submarino alemão (U-507 - Tipo IX), sob o comando do Capitão de Corveta
Harro Schacht, entre 15 e 19 de agosto, com a morte de 607 pessoas, que FORÇOU o
ESTADO de BELIGERÂNCIA entre o Brasil e os países do eixo, em 22 de agosto de 1942.
AO ENTRARMOS na guerra, a Marinha do Brasil NÃO POSSUÍA os MEIOS
necessários e desconhecia as NOVAS TÁTICAS ANTISSUBMARINO. A ameaça era
submarina e a Marinha iria precisar de navios para patrulha e escolta,
basicamente contratorpedeiros e navios de patrulha, chama- dos “caças”.
O reforço veio dos EUA, por meio da LEI de EMPRÉSTIMOS e ARRENDAMENTOS:
• oito contra-torpedeiros (1.240 t. – Classe Cannon – Contratorpedeiro de Escolta
“Bauru”);
• oito caça-submarinos com casco de aço (284 t. – apelidados de “Caça-Ferro”); e
• outros oito com casco de madeira (98 t. – apelidados de “Caça-Pau”).
A GRANDE VANTAGEM desses navios era a existência de SENSORES MODERNOS
(RADAR E SONAR), que facilitavam as TAREFAS de ESCOLTA a COMBOIOS e PATRULHA.
(na COSTA BRASILEIRA E DO CARIBE).

A Marinha precisou REALIZAR a ESCOLTA DE COMBOIOS ENTRE PORTOS DO SUL


DO BRASIL E O CARIBE, ALÉM da PATRULHA ANTISSUBMARINO.
A criação da FORÇA NAVAL do NORDESTE (FNNE), em 5 de outubro de 1942, fez
parte do rápido processo de reorganização das nossas forças navais para se adequar
ao desafio da BATALHA do ATLÂNTICO. Sob o COMANDO do Almirante SOARES DUTRA,
a Marinha do Brasil constituiu a FORÇA-TAREFA 46, subordinada ao comando da 4ª
ESQUADRA AMERICANA.
Ao todo, os navios da Marinha do Brasil participaram da escolta de 251
comboios, sem a perda de nenhum navio diretamente escoltado. Nossas perdas
foram de 455 tripulantes, em 35 navios mercantes atacados, e de 486 oficiais e
praças, em três navios da MB:
• o Navio Auxiliar “Vital de Oliveira” (TORPEDEADO em 19 de julho de 1944, nas
proximidades do Farol de São Tomé);
• a Corveta “Camaquã” (EMBORCADA devido ao MAR GROSSO, a NE da barra do
Recife, em 21 de julho de 1944) e
• o Cruzador “Bahia” (EXPLOSÃO ACIDENTAL, em 04 de julho de 1945, por acidente
em exercício de tiro real, que atingiu uma das de suas bombas de profundidade).
As perdas humanas da nossa Marinha foram maiores do que as sofridas pela
Força Expedicionária Brasileira que lutou na Itália.
A ANÁLISE sobre a PARTICIPAÇÃO da MARINHA Brasileira na Segunda Guerra
Mundial TRAZ ALGUMAS CONCLUSÕES:
• O auxílio norte-americano foi fundamental para adquirimos capacidade
em controlar áreas marítimas;
• O recebimento de meios modernos, juntamente com a assimilação de
novas táticas, levaram a uma mudança de mentalidade na Marinha, que a
tornou mais profissional;
• Compreendeu-se a importância da logística para a manutenção do poder
combatente;
• Confirmou-se a dependência brasileira de seu comércio marítimo, sendo
prioritária a defesa de nossas linhas de comunicação.

AULA 21 - Conclusões
√ O afundamento de navios brasileiros pelos alemães foi em represália à adoção
pelo Brasil de uma postura francamente pró-americana.
√ O auxílio norte-americano foi fundamental para adquirimos a capacidade de
controlar áreas marítimas.
√ O recebimento de meios modernos e a assimilação de novas táticas levaram a
uma MUDANÇA de MENTALIDADE na Marinha.
√ CONFIRMOU-SE a DEPENDÊNCIA brasileira de seu COMÉRCIO MARÍTIMO, sendo
prioritária a defesa de nossas linhas de comunicação.
AULA 22
CAPÍTULO 4 - AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS APÓS A II GUERRA MUNDIAL

4.1 - POLÍTICA MARÍTIMA E NAVAL BRASILEIRA NO PÓS-GUERRA E NA DÉCADA DE 50


Ao término da Segunda Guerra Mundial, foi fundada a Organização das
Nações Unidas (ONU) e chegou ao fim da ditadura de Getúlio Vargas no Brasil (1930-
1945). Coube à Marinha do Brasil reformular suas diretivas, levando em conta a
experiência adquirida durante a guerra.
Para as marinhas desenvolvidas, OS ENCOURAÇADOS estavam OBSOLETOS e
foram SUBSTITUÍDOS pelo NAVIO-AERÓDROMO como NAVIO CAPITAL.
Em 1947, em CONSEQUÊNCIA da “GUERRA FRIA”, foi realizada a Conferência
Interamericana para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente, que levou
ao TRATADO INTERAMERICANO de ASSISTÊNCIA RECÍPROCA (TIAR).
O governo americano deu continuidade à sua política de empréstimo e
arrendamento de meios, mas submetida aos seus interesses políticos e
estratégicos, com ÊNFASE na GUERRA ANTISSUBMARINO e DENTRO de um CONTEXTO
de EQUILÍBRIO no CONE SUL.
Este equilíbrio, chamado de “Política ABC” (Argentina – Brasil – Chile)
visava impedir disputas internas a partir do fortalecimento de potências
regionais, que pudessem enfraquecer o bloco aliado e comprometer a liderança
hegemônica dos EUA, tendo em vista o inimigo comum (a URSS). No entanto, o
recebimento de navios militares americanos em bom estado e a preços ínfimos não
contribuiu para estimular a construção naval no Brasil. Segundo o Almirante
Vidigal, “à total dependência material somaríamos uma subordinação intelectual
esterilizadora nos anos subsequentes”.
Ao final da guerra, a Marinha Mercante Brasileira estava subordinada
diretamente à Presidência da República, demonstrando a importância que passou a
ser dada ao assunto, em consequência do impacto causado em nosso comércio pelas
perdas de navios mercantes durante a guerra. Diversos armadores receberam
incentivos para reequipar suas frotas empregadas na navegação de cabotagem,
mas o fizeram com excedentes de guerra americanos, o que não incentivou a
retomada da construção naval no Brasil.
No final do governo Dutra (1946-1951), foi aprovado um plano de
desenvolvimento que previa a construção de uma série de petroleiros, que deram
origem à Frota Nacional de Petroleiros (FRONAPE). De início, foram adquiridos
novos petroleiros no Japão e na Europa.
O desenvolvimento das atividades aéreas durante a II Guerra Mundial deu
grande impulso à construção aeronáutica, que foi revertida para o transporte de
carga e passageiros, conquistando mercado das companhias de navegação. O
transporte de passageiros em navios mistos (passageiros e carga) passou a dar
prejuízo, mas o transporte de mercadorias de baixo valor agregado ainda dependia
do único sistema coordenado que havia, o marítimo, pois as ligações rodoviárias
eram de caráter local e a rede ferroviária era constituída por vários sistemas
isolados.
A “Guerra Fria” levou à criação da Organização dos Estados Americanos (OEA -
1948) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN - 1949), com o propósito
de incentivar e auxiliar a proteção mútua das nações do hemisfério.
Em 1952, FOI ASSINADO um ACORDO MILITAR com os EUA, que VIGOROU até
1977 e que permitiu à Marinha do Brasil receber navios usados por arrendamento
a preços simbólicos. No total, foram recebidos: dois cruzadores; quatorze
contratorpedeiros; onze submarinos; dois navios de desembarque de carros de
combate; um navio oficina; e um navio de socorro submarino. Recebemos também
quatro varredores, o que permitiu a criação da Força de Minagem e Varredura.

Foram recebidos cruzadores, submarinos, contratorpedeiros, navios anfíbios,


rebocadores de alto-mar e varredores.
O recebimento dos rebocadores permitiu a criação de um serviço de socorro
e salvamento.
O recebimento dos varredores permitiu a criação da Força de Minagem e
Varredura.

Foi dedicado grande esforço à AMPLIAÇÃO e APERFEIÇOAMENTO da


INFRAESTRUTURA de APOIO aos MEIOS NAVAIS, com a implantação de novas bases
em Val-de-Cães (Belém-PA) e Aratu (Salvador-BA), e ao Serviço de Socorro e
Salvamento, com o recebimento de três rebocadores de alto mar americanos. Foram
desenvolvidos novos Centros de Instrução e estabelecido convênio com a USP para a
formação de engenheiros navais. A partir de 1953, o projeto de criação da Petrobras
ampliou o Poder Marítimo brasileiro. A FRONAPE aumentou rapidamente sua frota
e a criação do Fundo de Marinha Mercante permitiu o investimento em novos
estaleiros, mas o Programa de Metas de 1956 do presidente Juscelino Kubitschek
privilegiou o transporte rodoviário e desconsiderou a coordenação intermodal,
demonstrando a falta de mentalidade marítima dos nossos governantes.
Em 1957, foi adquirido na Inglaterra o Navio Aeródromo Ligeiro (NAeL) “Minas
Gerais”, que passou por extensa modernização na Holanda. A chegada da aviação
embarcada, além das novas possibilidades de emprego tático deste meio para a
Marinha do Brasil, gerou um impasse com o recém-criado Ministério da
Aeronáutica (1941). A disputa pela posse e operação destas aeronaves deu lugar a
uma polêmica áspera entre as forças.
Somente em janeiro de 1965 o Presidente Castelo Branco solucionou a
pendência, destinando os aviões operados a partir do NAel à FAB (ficando os AVIÕES
para a FAB e os HELICÓPTEROS para a Marinha)

Não se conseguiu implantar um programa de construção naval de longo


prazo para substituição das unidades antigas.
Foram construídos apenas 4 navios transporte no Japão e 10 corvetas na
Holanda.

Eles foram integrados ao 2º Esquadrão de Ligação e Observação, sediado na


Base Aérea de Santa Cruz, com missão específica para a guerra antissubmarino. À
Marinha caberia operar apenas os helicópteros embarcados, sediados na Base
Aérea Naval de São Pedro da Aldeia. Desta maneira renasceu a Aviação Naval, que
havia sido extinta com a criação da FAB, mas apenas com aeronaves de asas
rotativas.
Na década de 50, apesar das tentativas de renovação, a Marinha não
conseguiu implantar um programa de construção naval de longo prazo que
garantisse a substituição das unidades antigas. Foram construídos apenas quatro
navios de transporte no Japão e dez corvetas para patrulha naval, socorro e
salvamento, na Holanda.

AULA 22 - Conclusões
√ O TIAR (1947) e o Acordo Militar (1952) permitiram ao governo americano
fornecer meios à MB, mas em conformidade aos seus interesses políticos
(equilíbrio no Cone Sul) e estratégicos (guerra antissubmarino).
√ A aquisição de navios americanos desestimulou a construção naval no Brasil.
√ Somente a partir da criação do Fundo de Marinha Mercante houve o investimento
em novos estaleiros
√ Foi dedicado grande esforço à ampliação e aperfeiçoamento da infraestrutura de
apoio aos meios navais
AULA 23
4.2 – POLÍTICA MARÍTIMA E NAVAL BRASILEIRA NA DÉCADA DE 60
4.2.1 – A “Guerra da Lagosta”
Entre 1961 e 63, houve um contencioso entre os governos do Brasil e da França
sobre os direitos de captura da lagosta na plataforma continental brasileira,
próximo ao litoral do Nordeste.
Os franceses, que já haviam dizimado a lagosta noutros locais por utilizarem
técnicas de captura predatórias, tinham conseguido do governo brasileiro uma
autorização excepcional para realizar suas atividades no litoral do Nordeste.
A CRISE EXTRAPOLOU as RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS entre os dois países,
quando o presidente João Goulart resolveu suspender a autorização para pesca,
de tal modo que ambos chegaram a mobilizar os seus recursos bélicos para
defender seus interesses nacionais. Esse episódio ficou conhecido como a “Guerra
da Lagosta”.(o Conselho de Segurança Nacional determinou o deslocamento de
uma força naval e de aviões da FAB para a área).
Após a Marinha do Brasil apresar alguns navios pesqueiros franceses, a
França enviou um contratorpedeiro para a região, destacado de uma força-tarefa
em exercício nas costas do Senegal. Em resposta, o Conselho de Segurança Nacional
determinou o deslocamento de uma respeitável força naval e de aviões da FAB para
o Nordeste.
Em 10 de março de 1963, a França retirou da área o seu navio de guerra e os
pesqueiros por ele protegidos, passando o caso para o âmbito diplomático. O
Brasil conseguiu, assim, impedir o desvio de seus recursos naturais, apesar da
intimidação militar de um país com poderio bélico muito superior.

4.2.2 - Programa de Renovação de Meios Flutuantes de 1967


Enquanto a Marinha mobilizava seus meios durante a Guerra da Lagosta, o
CEMA recebeu uma MESAGEM do govErno AMERICANO, através do ADIDO NAVAL,
que algumas unidades (CONTRATORPEDEIROS RECÉM-INCORPORADOS por
EMPRÉSTIMO) AINDA FAZIAM PARTE da US Navy, portanto NÃO PODERIAM ser
UTILIZADAS CONTRA um ALIADO dos EUA. Apesar das unidades terem sido
empregadas na crise sem maiores desdobramentos diplomáticos, esta faceta
negativa da transferência de material bélico americano alertou às autoridades
navais brasileiras.
O Programa de Renovação de Meios Flutuantes que foi aprovado de 1967,
ainda refletia a preocupação básica da Marinha com a proteção do tráfego
marítimo contra a ameaça submarina, principalmente em função da dependência
do país ao petróleo importado.
Contudo, uma das diretrizes do Programa passou a ser nacionalização de
meios, demonstrada pela construção do NT Marajó, navios- patrulha e navios
hidrográficos.
Foram encomendados seis varredores na Alemanha e, na Inglaterra, três
submarinos e seis fragatas (duas construídas no Brasil).

O Programa não foi totalmente executado, mas trouxe um número


significativo de navios novos para a Marinha e, mais IMPORTANTE, com
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA, o que permitiu ROMPER a DEPENDÊNCIA ao
MATERIAL BÉLICO AMERICANO (BRASIL NÃO ROMPEU COM EUA). Foram
encomendados na Inglaterra três submarinos e seis fragatas (duas construídas no
Brasil), além de seis varredores na Alemanha.

4.3 – UMA NOVA ATITUDE


O governo do presidente Ernesto GEISEL (1974-1979) trouxe PROFUNDAS
MODIFICAÇÕES ao PENSAMENTO ESTRATÉGICO BRASILEIRO, com repercussões sobre
a estratégia naval.
O “equilíbrio do terror” tornava improvável a eclosão de uma guerra
generalizada, direcionando o pensamento para a possibilidade de ocorrência de
guerras locais, sem a intervenção das superpotências. Embora MANTENDO sua
FIDELIDADE ao SISTEMA INTERAMERICANO de DEFESA (BRASIL NÃO ROMPEU COM
EUA).
O Brasil passou a identificar áreas próprias de interesse, que trouxeram
novos elementos à sua avaliação estratégica, como foi demonstrado pela
assinatura do acordo nuclear com a Alemanha (1975).
A POSTURA do GOVERNO do presidente Jimmy CARTER (1977-1981), de
condicionar a ajuda militar à questão dos direitos humanos, LEVOU a DENÚNCIA
do ACORDO MILITAR de 1952, com o FECHAMENTO da MISSÃO MILITAR AMERICANA,
em MARÇO de 1977. De fato, este rompimento foi relativo, já que as relações entre
os países aliados continuaram cordiais, mas permitiu um desenvolvimento militar
brasileiro com maior autonomia.
Esta BUSCA pela AUTONOMIA, BASEADA na NACIONALIZAÇÃO de MEIOS,
refletiu o início de uma FASE de CONSCIENTIZAÇÃO de que o PODER MILITAR é um
dos INSTRUMENTOS PERMANENTES da POLÍTICA de um país, MESMO na PAZ.
Durante a construção das fragatas classe “Niterói” no Brasil, a Marinha tomou uma
decisão fundamental nesse sentido, que foi a realização da avaliação operacional
das fragatas no Brasil, com a criação do CASNAV.
A OBTENÇÃO do SUBMARINO NUCLEAR também se INSERIU NESSE CONTEXTO,
LEVANDO a Marinha do Brasil a DESENVOLVER um PROJETO PRÓPRIO de REATOR e de
centrífugas que permitissem o domínio completo do ciclo do combustível nuclear.
AULA 23 - Conclusões
√ Durante o conflito diplomático conhecido como “Guerra da Lagosta”, o uso do
Poder Militar de forma dissuasória pelo Brasil impediu o desvio de seus recursos
naturais.
√ O programa de renovação de meios flutuantes de 65/67 permitiu romper a
dependência ao material bélico americano.
√ A pequena probabilidade de eclosão de uma guerra generalizada levou o Brasil
a buscar áreas de interesse próprio, desvinculadas dos preceitos da “guerra fria”,
conforme exemplificado pelo projeto próprio de reator e de centrífugas que
permitissem o domínio completo do ciclo do combustível nuclear.

4.4 – POLÍTICA MARÍTIMA E NAVAL BRASILEIRA NAS DÉCADAS DE 80 e 90


4.4.l – A “Guerra das Malvinas”
O conflito entre a Argentina e o Reino Unido pela posse das Ilhas “Malvinas”
(Ilhas Falklands), em 1982, veio consolidar o pensamento brasileiro sobre a
natureza mais provável dos futuros conflitos, regionais ou decorrentes da
dicotomia Norte-Sul, dissociados da guerra fria.
As Ilhas Falklands constituem um domínio colonial britânico. Não obstante,
desde a sua primeira ocupação em 1690, foram motivo de conflito entre o Reino
Unido e a Espanha. A Argentina, que se considera herdeira dos direitos espanhóis,
passou a requerer a soberania sobre o arquipélago, que resultou na ocupação
britânica em 1833.
As relações entre a Argentina, o Reino Unido e os habitantes das ilhas
(os de kelpers de origem escocesa) até a década de 1960 e 70 foram excelentes,
mesmo com as negociações quanto a soberania ocorrendo no âmbito diplomático
na ONU. No início dos anos 1980, o modelo econômico da junta militar que
governava a Argentina se esgotou, com as consequentes tensões sociais. Em 1982, a
questão das Malvinas passou a ocupar um lugar central na estrutura ideológica do
governo, buscando o apoio da população para a continuação do regime.
O presidente argentino, Leopoldo Galtieri, considerou que era o momento
adequado de recuperar as ilhas, com o objetivo de resgatar o crédito perdido entre
os setores sociais, sensíveis ao discurso patriótico. Para isto, acreditava contar
com o apoio dos aliados norte-americanos. Entretanto, não contava com a
resiliência dos britânicos que, liderados pela primeira-ministra Margareth
Tatcher, dispenderam um esforço elevado para realizarem uma operação militar,
muitas milhas distantes de sua base.
O conflito ocorreu entre 2 de abril e 14 de junho de 1982. Apesar da
superioridade britânica, ocorreram baixas de ambos os lados, como exemplificados
pelos afundamentos do Cruzador ARA General Belgrando (argentino) e da Fragata
HMS Sheffield (britânica).
Apesar dos tratados regionais, os EUA decidiram apoiar o Reino Unido contra
a Argentina, pois seus interesses na Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) eram prioritários. O apelo da Argentina ao Tratado Interamericano de
Assistência Recíproca (TIAR) foi rechaçado pelos EUA, que rejeitaram a tese de
agressão pelos ingleses.
O Brasil apoiou politicamente o país vizinho, dentro da medida do possível,
sem afetar sua neutralidade, o que abriu caminho para uma aproximação entre os
dois países.

4.4.2 – Os anos 80
O apoio brasileiro durante a crise das “Malvinas” abriu caminho para
eliminar desconfianças argentinas em relações ao Brasil, permitindo uma
aproximação político e econômica durante a década de 80, que se consolidou no
Tratado do Mercosul, em 1991.
O Acordo Brasil-Argentina de 1986 iniciou um processo de intensa cooperação
militar entre os dois países, precedendo o fim da Guerra Fria (1989), que foi
assinalado pela queda do muro de Berlim e pela reunificação da Alemanha.
A administração do ministro Maximiano da Fonseca deu prosseguimento ao
programa de renovação de meios, orientado para sua nacionalização. Foi iniciada a
construção de submarinos IKL-1400 (classe “Tupi”), o primeiro na Alemanha e o
restante no Brasil, marco histórico da construção naval brasileira. Também foi
iniciada a construção de um novo navio-escola (NE “Brasil”), a partir do projeto das
fragatas classe “Niterói”.
Além disto, foi iniciado um projeto de construção de corvetas (classe
“Inhaúma”), também baseado no projeto das fragatas, dando início ao esforço de
transferir para estaleiros civis a construção de navios militares.
Finalmente, graças à determinação e visão do Almirante Maximiano, foi
iniciado o Projeto Antártico, com a aquisição de um navio de apoio oceanográfico
(NApOc “Barão de Teffé”) e a construção da Estação “Comandante Ferraz”, o que
levou à aceitação do Brasil como integrante do Tratado Antártico (1983).

4.4.3 - A Década de 90
O fim da “Guerra Fria” foi prenunciado pela queda do muro de Berlim e a
consequente reunificação da Alemanha (1989). A adoção da democracia pluralista
como sistema universal de governo e da economia de mercado como o único
instrumento capaz de assegurar o pleno desenvolvimento econômico passaram a
ser os objetivos básicos dos países recém-saídos do regime comunista, que se
integravam ao sistema capitalista europeu.
A década de 90 aumentou a tendência a limitar a soberania do Estado
nacional, principalmente os de menor expressão política. Como exemplo, a
repressão da Sérvia aos separatistas da etnia albanesa da província de Kosovo, que
buscavam sua autonomia, levou a uma série de ataques pelos EUA, sem o apoio do
Conselho de Segurança da ONU (1998). Esta intervenção levou à perda da soberania
da Sérvia sobre a região, que se tornou autônoma e atualmente já é reconhecida
como um Estado soberano.
As relações entre Estados soberanos permanecem como relações de poder, o
que não permite relegar a plano secundário a prontificação de suas forças armadas,
mesmo sendo remotas as possibilidades de conflito. Neste contexto, a principal
tarefa do Poder Militar nessa nova ordem será a dissuasão, com ênfase na “Ação de
Presença”.
A identificação pela Marinha da grande deficiência para as operações navais,
decorrente da falta de um sistema de interceptação e ataque, fez com que se
engajasse na luta pela aquisição de aeronaves de asa fixa, o que foi alcançado em
1998 (20 aeronaves A-4K e 3 TA-4K). A Força Aeronaval era assim reconstituída na
sua plenitude, desde a sua extinção em 1941, com a criação do Ministério da
Aeronáutica.

4.5 - UM NOVO SÉCULO


O atentado de 11 de setembro de 2001 trouxe uma série de mudanças na
política externa americana, mas estes acontecimentos não afetaram
significativamente o desenvolvimento e o preparo das Forças Armadas Brasileiras.
A passagem do milênio encontrou a Marinha em fase de transição, em que já
havia ficado claro ser necessário levar o governo a adotar o projeto do submarino
nuclear.
O século XX se encerrou para a Marinha com a aquisição de um navio veleiro,
o “Cisne Branco” e do NAe “São Paulo” (ex-Foch da Marinha Francesa).
É incontestável que o desenvolvimento do submarino nuclear continua sendo
a maior aspiração da Marinha do Brasil. Também se evidenciava a necessidade de
melhorar o diálogo com a sociedade, principalmente por meio das atividades
subsidiárias, tais como as capitanias dos portos e a Marinha Mercante.

4.5.1 - Emprego do Poder Naval e a Paz


O que qualquer nação mais deseja é a paz.
Neste curso foram apresentados vários exemplos de Estados que promoveram
guerras buscando alcançar a paz. Entretanto, a paz que buscavam impunha aos
demais envolvidos os seus próprios interesses e objetivos.
A guerra resulta de conflitos de interesses e não há um árbitro supremo para
resolver as questões entre os Estados. Existem organizações internacionais (como a
ONU e a OEA), que ajudam resolver essas questões no campo da diplomacia.
Entretanto, o poder delas é limitado, devido à soberania dos Estados.
Cabe ao Poder Naval, juntamente com os demais componentes do Poder
Militar, tornar inaceitável aos outros Estados o uso da força para buscarem seus
próprios interesses. Ou seja, o nosso Poder Naval deve estar permanentemente
pronto para dissuadir os outros a usarem a violência contra nós, podendo ser
empregado para exercer persuasão armada em tempo de paz, que é o emprego
político do Poder Naval. Ele pode ser empregado em condições inigualáveis em
comparação aos demais poderes militares, graças a seus atributos: mobilidade,
versatilidade de tarefas, flexibilidade tática, autonomia, capacidade de projeção
de poder e alcance geográfico.
Como vimos, após a II Guerra Mundial, as marinhas de guerra sofreram
rápidas transformações, tanto na composição, quanto no empego. O navio
aeródromo tende a funcionar como uma base aeronaval, capaz de operar em
qualquer parte do mundo. O armamento principal das unidades de superfície
passou a ser o míssil, capaz de assegurar a defesa antiaérea, alvejar outro navio ou
destruir instalações em terra.
Nesta era de mísseis intercontinentais com ogivas nucleares e de
bombardeiros estratégicos, o papel da esquadra de superfície parece ultrapassado.
Contudo, no século XXI, as unidades de superfície ainda podem ser muito úteis,
principalmente nos conflitos menores, onde a mobilidade é primordial, e na guerra
antissubmarino. Isto acontece porque o submarino, como aprendemos com a II
Guerra Mundial, revestiu-se de novo e terrível significado. O advento da propulsão
nuclear potencializou esta ameaça.
Em situação de paz, as ameaças são medidas em termos de previsões e
comparações. Essas previsões se baseiam nos dados quantitativos e qualitativos ao
alcance do observador, de sua capacidade de perceber. No entanto, numa guerra
preponderam as qualidades reais dos meios empregados, sendo um excelente
motivo para a manutenção do aprestamento das Forças Armadas.
A teoria do emprego político do Poder Naval mostra a possibilidade do uso
permanente das forças navais em tempo de paz, em apoio aos interesses de uma
nação. Algumas possíveis formas de emprego são: a demonstração permanente do
Poder Naval, os posicionamentos operativos específicos, o auxílio naval, as visitas
operativas a portos e as visitas específicas de boa vontade.
O Poder Naval brasileiro tem sido empregado em tempo de paz:
• Em operações com Marinhas aliadas, como a Operação Unitas (US Navy e
Marinhas Sul Americanas) e Operação Fraterno (Armada Argentina);
• Nas viagens de instrução do NE “Brasil” e NVe “Cisne Branco” ou em visitas
a portos estrangeiros, “mostrando a bandeira”; e
• Na participação em missões de paz, transportando as tropas ou através do
emprego dos Fuzileiros Navais, como em São Domingos, Angola, Moçambique,
Nicarágua e Haiti.
Concluindo, a análise do passado demonstra a necessidade do preparo
permanente do Poder Naval.
Para o Brasil, é importante manter um Poder Naval capaz de inibir interesses
antagônicos e de conservar a paz como desejada pelos brasileiros.

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