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Título: As Invasões Francesas e a Corte no Brasil
Autores: Paulo Jorge Fernandes, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
© 2011, Editorial Caminho, SA
ISBN: 9789722125062
Reservados todos os direitos
Editorial Caminho, SA
Uma editora do grupo Leya
Rua Cidade de Córdova, 2
2610-038 Alfragide – Portugal
www.editorial-caminho.pt
www.leya.com
Índice
APÊNDICE 259
1. Cronologia 261
CAPÍTULO 1
D. Maria I, a Piedosa
O nascimento
D. Matia I
(1734-1816)
r. 1777-1816
D. Maria I, a Piedosa 17
O baptizado
A infância e a educação
As irmãs
Ser chamado para educar os filhos dos reis era uma honra que
só distinguia nobres, artistas de renome, padres e frades de grande
prestígio. Esses mestres viviam na corte ou frequentavam-na dia-
riamente e tinham acesso directo aos monarcas e às pessoas mais
importantes do reino. Nas cerimónias públicas, ocupavam lugares
de destaque entre os fidalgos, ainda que não fossem nobres. Nas
festas, tinham direito a um traje de luxo, bordado a ouro, comple-
tado por chapéu de plumas brancas.
Os aios, do sexo feminino para princesas e do sexo mascu-
lino para príncipes, embora menos importantes do que os mes-
tres, também gozavam de grande prestígio. Eram sempre escolhi-
dos entre as famílias nobres, e do permanente convívio resultava
uma amizade e uma intimidade com a família real de que pou-
cos se podiam gabar. A menos que, por qualquer motivo, caíssem
em desgraça, tornavam-se poderosos graças à possibilidade de
influenciarem quem reinava.
O confessor, na medida em que lhe competia controlar a
consciência do confessado, era sempre uma figura poderosa e às
vezes temível.
Os retratos de D. Maria
O casamento
Escolher noivo para uma princesa era sempre uma tarefa com-
plexa; tratando-se de princesa herdeira do trono mais complicado se
tornava. Segundo a interpretação das leis, D. Maria não podia casar
com príncipes estrangeiros, mas houve dois que se candidataram:
D. Luís, irmão do rei Carlos III de Espanha, apresentou a sua pro-
posta ainda no tempo do marquês de Pombal, que se opôs por con-
siderar que o enlace, em determinadas circunstâncias, poderia pôr
em risco a independência nacional. O duque de Cumberland, filho
segundo do rei Jorge II de Inglaterra, também apresentou uma pro-
posta, rejeitada pelo clero por ser protestante.
Procurar noivo entre as famílias nobres portuguesas levantava
um problema. Qualquer nobre, por mais bem-nascido que fosse,
ocupava um lugar inferior na hierarquia social e a futura rainha não
podia casar abaixo da sua condição. Restava a própria família real.
E, na família real, príncipes solteiros só havia três: um deles era
D. João Carlos de Bragança, o futuro duque de Lafões, primo do
rei D. José. O marquês de Pombal manifestou-se contra porque não
se entendia com ele e, como na altura ainda tinha muito poder,
impediu o convívio com a princesa, e acabou por conseguir afastá-
-lo do país encarregando-o de uma missão no estrangeiro. Os outros
eram D. António, tio-avô da princesa, quarenta e dois anos mais
velho, e D. Pedro, irmão do rei D. José e, portanto, tio direito da
princesa, dezoito anos mais velho do que a sobrinha.
O debate iniciara-se quando D. Maria ainda era criança. Teria 8
anos quando seguiu para Roma o pedido de dispensa ao papa, para
que D. Maria pudesse vir a casar com o tio D. Pedro. O papa auto-
rizou, mas a cerimónia tardou porque, atendendo aos boatos,
D. Pedro não tinha amantes nem filhos bastardos, o que podia
significar que não se interessava por mulheres ou que não era capaz
de dar herdeiros ao trono. A princesa gostava muito do tio, ele
22 As Invasões Francesas e a Corte no Brasil
também gostava dela e a nobreza via com bons olhos o enlace. Ainda
assim o pai, D. José, hesitava. A grande decisão acabou por ser
tomada sob pressão dos acontecimentos. Quando chegou o pedido
de D. Luís, irmão de Carlos III, só se podia recusar, sem ofender o
monarca do país vizinho, dizendo que a princesa já estava compro-
metida com o tio.
1
Nesta época, era o título do herdeiro do trono.
D. Maria I, a Piedosa 23
Os filhos de D. Maria
Senhora, se Portugal
Quereis que ditoso seja,
Apartai de vós o Angeja
Que é pior que o Pombal.
Sobre um mal vem outro mal,
Que nos tem atropelado,
Vede as razões de Estado,
Qual faz mais enorme vulto,
Se o que é ladrão oculto
Se o que é descarado.