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I - INTRODUÇÃO
O homem comum acostumou-se a olhar para o mar e ver nele apenas a imensa massa líquida que orna os
litorais, cativante por sua beleza plácida nos dias calmos de céu azul e temível nas ressacas e demais horas de grande
agitação. Vêem-se os pássaros marinhos que o sobrevoam, conhecem-se os barcos e navios que nele flutuam, sabe-se
e até vive-se muito de seu romantismo, mas pouco se cogita do valor real do mar para a vida. Desconhecem-se
aspectos fundamentais do papel do mar no progresso, na grandeza e na decadência dos povos. Pouco se conhece a
história do mar! Entretanto, é preciso conhecer melhor o mar. Particularmente no Brasil, onde muitas vezes já se
abordou o problema, há necessidade de se formar definitivamente uma consciência marítima que corresponda à nossa
realidade geopolítica. Só encontraremos, porém, bases reais para a formulação de uma política marítima, em época já
tão avançada da era cósmica, se conhecermos solidamente a experiência alheia e a nossa própria nesse setor, isto é, se
formos capazes de buscar na História o que ela possui para nossa orientação. É tarde demais para começarmos do
nada, sobretudo quando já possuímos um background histórico que nos autoriza a um avanço que não pode ser
tímido, mas deve ser impetuoso. Não pretende este livro ser outra coisa que um breve resumo histórico sobre a
influência do mar e do que a ele está ligado no curso da vida do homem. Muitas vezes foi extremamente decisiva uma
ação marítima – industrial, comercial ou guerreira – para resolver graves problemas que se têm apresentado à
humanidade. O homem já pereceu e já foi salvo pelo mar. Nele encontrou alimento e por ele se expandiu desde
tempos muito antigos.
Os grandes povos nunca desconheceram sua importância. Todos os grandes impérios usaram e até abusaram do
mar. Para nós, particularmente, basta um breve relance no passado para desconfiarmos, pelo menos, de que o mar
teve alguma coisa a ver com a economia das grandes potências: os fenícios, que disseminaram o alfabeto; os gregos,
que nos legaram imorredouros padrões de expressão artística e de pensamento filosófico; os romanos, que nos
deixaram a lei e o costume da ordem e da justiça; os portugueses, que ligaram a Europa ao Oriente; os espanhóis, que
ligaram o Velho e o Novo Mundos; os ingleses, que fizeram a Revolução Industrial; todos foram fundadores de
impérios marítimos, todos conheceram a importância do mar.
1 - PODER MARÍTIMO
Não se trata de definir, mas de compreender. É mais fácil, no caso, evoluir do particular para o geral, em face
de algumas confusões que se fazem em torno do assunto. É comum identificar imediatamente o poder marítimo com
as Esquadras militares, como se este poder se resumisse a navios de guerra. Não é esta, entretanto, a verdade. As
marinhas de guerra são apenas uma parte – e não são a maior parte – do poder marítimo. Elas constituem o chamado
poder naval por reunirem parte dos elementos diretamente responsáveis pela garantia do exercício da soberania de
cada país no mar. Sendo assim, o poder naval compõese de uma esquadra ou de forças navais (como núcleo), das
bases navais, do pessoal engajado, e de vários outros elementos diretamente ligados à guerra naval. Esse poder naval,
contudo, como dissemos acima, é apenas uma fração do poder marítimo de uma nação ou de um grupo de nações.
Além do poder naval, o poder marítimo engloba a marinha mercante, o território marítimo, as indústrias subsidiárias,
a vocação marítima do povo, a política governamental e outros elementos afins. Assim, toda a potencialidade
marítima de um país, traduzida em termos de uso do mar, constitui o seu poder marítimo. Dissemos uso do mar e esta
expressão pode parecer que, então, englobar o poder naval aí é pura formalidade. Não o compreenderemos assim se
atentarmos para o que disse o Almirante Paulo de Castro Moreira da Silva: “Não compreendo defender-se um mar
que não se use”. A recíproca é verdadeira: muito dificilmente se conseguirá usar um mar sem defendê-lo
devidamente. Isto está sobejamente demonstrado pelos fatos registrados na História, cuja interpretação adequada nos
cabe elaborar.
Ainda hoje, cerca de 98% do comércio internacional faz-se por mar. Isso ilustra bastante o emprego pacífico
das águas, em que podemos considerar, também, as vias lacustres e fluviais, além dos canais especialmente
construídos no interior dos países e que, como no caso da Europa, chegam a formar enormes redes de comunicações.
Falando especificamente do mar, temos também a considerar as comunicações marítimas, que são as vias pelas quais
se ligam os diversos pontos terminais junto ao mar. Essas vias compõem-se das rotas de navegação mundialmente
usadas nos oceanos e mares. Por elas flui todo o comércio a bordo das embarcações mercantes. Em caso de guerra,
torna-se necessário impedir que o inimigo use as suas comunicações marítimas para que não se possa prover de novos
elementos que lhe facilitarão as hostilidades. Do mesmo modo, além de negar ao inimigo o uso de suas comunicações
marítimas, tem-se que garantir o livre uso das próprias comunicações. Quando se obtém isso, diz-se que se conseguiu
o controle ou o domínio do mar na área considerada. Normalmente decide-se esse domínio do mar por uma batalha
naval. O aniquilamento, ou seja, a destruição da esquadra inimiga é normalmente obtida por uma batalha decisiva, do
que veremos alguns exemplos neste livro. Às vezes o acaso ajuda um dos contendores, quando uma tempestade
destrói a força naval; isso aconteceu muitas vezes na Antigüidade e foi o que liquidou com a “Invencível Armada”.
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A paralisação da frota inimiga é geralmente obtida quando um dos lados, sendo mais forte, tem condições de
fazer o bloqueio, isto é, impedir a esquadra adversária de sair de suas bases; também veremos vários exemplos
através da História. Por vezes, uma batalha naval indecisa conduz a esse resultado, como aconteceu, por exemplo,
depois da Batalha da Jutlândia, na Primeira Guerra Mundial, quando a esquadra alemã não se aventurou mais no mar.
Quando, numa determinada área marítima, nenhum dos dois lados consegue o domínio do mar e ambos usam ou
tentam usar o mar em seu proveito, diz-se que é um domínio do mar contrastado.
2 - AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES
A História não começou ao mesmo tempo em todas as partes da Terra. Aliás, ainda hoje há povos que vivem na
pré-história, como parte dos índios do Brasil, por exemplo. As primeiras grandes civilizações nasceram à beira
d’água, fosse de rios, lagos ou mar. Nas regiões banhadas por grandes rios, que serviam tanto para fertilizar o solo
como para o transporte de mercadorias e pessoas, o progresso foi naturalmente muito mais rápido e eficaz do que em
áreas menos favorecidas pela natureza. Nessas zonas privilegiadas, os homens não tinham que fazer tanto esforço
para lutar pela vida. Essa largueza de tempo conduziu naturalmente à divisão do trabalho, à elevação religiosa, ao
culto das artes etc. Por outro lado, foram essas regiões sempre muito cobiçadas pelos povos civilizados que
habitavam territórios semidesérticos ou montanhosos e que, embora mais atrasados, eram geralmente mais belicosos.
Se fôssemos estudar, neste pequeno livro, a história militar dos povos que primeiro se adiantaram na marcha da
civilização, veríamos que sua vida é uma luta quase constante com os invasores, às vezes de muito longe. O vale do
rio Nilo produziu a extraordinária civilização egípcia, cujos monumentos gigantescos até hoje nos enchem de
assombro e admiração; a civilização do Nilo é anterior a 4000 a.C., mas sua história só começa propriamente com a
unificação dos reinos do Alto e Baixo Egito em 2900 a.C., feita pelo Faraó Menes. A Mesopotâmia, onde correm os
rios Tigre e Eufrates, foi palco das culturas de Sumer, de Acad, da Babilônia e da Assíria, e sua história começa em
2800 a.C. No Extremo Oriente, nos vales dos rios Huang-Ho (rio Amarelo) e Yang-Tse-Kiang (rio Azul), também
floresceu uma das mais velhas civilizações do mundo: a chinesa. A região dos rios Ganges e Bramaputra produziu a
civilização hindu, de cujas origens temos poucas informações com rigor cronológico. Mas, como se disse, também à
margem dos mares a civilização começou cedo. No Oriente, a civilização japonesa e, no mar Mediterrâneo, a
cretense, ambas de tendência fortemente marítima pelo fato de estarem situadas em ilhas. A Geografia, em grande
parte, explica a História.
3 - OS POVOS MARÍTIMOS
De todos os povos citados até aqui, o que mais nos interessa, por ter constituído a primeira talassocracia da
História, é o cretense que habitava a ilha de Creta, hoje pertencente à Grécia. Suas origens remontam a 3400 a.C.;
desde cedo, os minoanos se entregaram a um ativo intercâmbio comercial com os povos da região do Levante; por
volta de 2000 a. C., suas relações mercantis com o Egito eram intensas. Os cretenses dominaram todo o Mediterrâneo
Oriental, mas, em 1750 a.C., um grande cataclismo arruinou o poderio de Creta e favoreceu a invasão de um povo
continental vindo da Grécia. O poderio cretense não existia mais em 1400 a.C. A herança dos cretenses foi recolhida
pelos fenícios, que vieram a dominar não apenas o Mediterrâneo Oriental, mas todo o referido mar até o estreito de
Gibraltar5 (as “Colunas de Hércules” na denominação grega). Os fenícios, povo pastor de origem semita, foram
levados ao mar quando se instalaram em uma estreita faixa de terra espremida entre o mar e a montanha, além da qual
poderosos vizinhos não permitiam sua expansão. A Fenícia corresponde aproximadamente ao Líbano de hoje. Mais
uma vez, aparece a Geografia explicando a História. Os fenícios não se limitaram, porém, ao mar Mediterrâneo.
Navegaram as costas da Europa para o norte e chegaram a contornar a África numa viagem que ficou famosa. Sua
principal colônia, Cartago, na África do Norte, veio a ser mais importante do que a antiga metrópole. Outra colônia,
Cartago Nova, originou a Cartagena atual, na Espanha. Teriam os fenícios chegado ao Brasil? Há autores que
defendem entusiasticamente essa tese e chegam inclusive a estabelecer a data: 1100 a.C., quando um navio
desgarrado de uma frota que fazia o périplo da África teria chegado às costas da atual Paraíba. Por mais apaixonante
que seja essa idéia e em que pese a sinceridade de seus defensores, ainda há muito que discutir antes de aceitá-la.
Foram esses os principais povos navegadores da Antigüidade, ou, pelo menos, os mais conhecidos. Os tartéssios, no
sul da Espanha, antes dos fenícios navegaram pelo Atlântico e teriam estado, segundo alguns autores, na América
Central. Antes de os fenícios estabelecerem uma base naval em Gades (hoje Cádiz), essa cidade teria sido a capital
dos atlantes, povo também marítimo, remanescente da famosa Atlântida.
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em grande parte, à tendência que tinham os povos da época de guardar segredo sobre suas rotas marítimas. Essa
preocupação era tão grande que o cronista romano Estrabão conta um interessante episódio de um navio cartaginês,
que foi propositadamente encalhado pelo seu comandante para que o navio romano, que o seguia, não descobrisse sua
rota. O segredo era tão cuidadosamente guardado que até falsas histórias eram divulgadas para afastar possíveis
rivais: O Almirante cartaginês Himilco efetuou, no século VI a.C., uma viagem às ilhas britânicas, terra do estanho, e
de lá voltou com impressionantes notícias da existência de monstros marinhos, massas flutuantes de sargaços que
prendiam os navios, etc.; isso, porém, não impediu que os punos continuassem a fazer esse comércio durante séculos.
O comércio marítimo da Antigüidade oferece ainda muitos pontos obscuros; vários países citados nos escritos
antigos, inclusive na Bíblia, até hoje não foram satisfatoriamente localizados ou, pelo me- nos, há dúvidas a seu
respeito, tais como o país de Punt, o país de Ofir, o reino de Sabá (cuja rainha visitou Salomão, rei de Israel), Marib,
Tule ou Thule e outros.
5 - AS PROFISSÕES MARÍTIMAS
A figura do armador, ou seja, do homem que prepara navios para viagens, dotando-o de equipamento e de
tripulação, é muito antiga na História. O armador nem sempre era o comerciante marítimo ou proprietário do navio;
na Antigüidade, porém, o mais comum era ser as três coisas ao mesmo tempo.
O comandante do navio, vulgarmente chamado de capitão, era geralmente um experimentado marinheiro,
resistente às intempéries, enérgico e resoluto.
O marinheiro, muitas vezes iniciado na profissão à força (costume que chegou até o século XX em muitos
países), era geralmente um homem inculto que só conhecia bem a sua profissão (também isso chegou até o século
XX). A bordo cuidava das velas, dos cabos e fazia um sem-número de funções variadas.
O mestre era um experimentado marinheiro cuja atribuição principal era a manobra do velame e a supervisão
geral do convés.
Havia ainda a figura do piloto, que às vezes era o próprio capitão; seu mister era a navegação e, para isso, tinha
conhecimentos acima da maioria do pessoal, conhecimentos (diríamos hoje) técnicos.
6 - EMBARCAÇÕES NA ANTIGUIDADE
Embora os fenícios tenham sido os principais navegadores da Antigüidade, a melhor descrição que temos de
um navio mercante provém dos egípcios. O navio mercante, de um modo geral, apresentava forte calado e tinha boca
relativamente larga; por esta última característica era chamado “navio redondo”, o que evidentemente era força de
expressão. Seu meio de propulsão era a vela, embora possuísse alguns remos para auxiliar a manobra de entrada e
saída dos portos, assim como para o caso de completa calmaria. Quando parado, ficava fundeado, isto é, preso ao
fundo do mar por uma poita. Embora suas dimensões fossem variáveis, sabemos que os navios mercantes gregos
tinham, em média, um comprimento de 55 metros e boca de 13 metros. Como veremos mais adiante, o navio de
guerra, que surgirá mais tarde, será bem diferente.
O transporte de riquezas pelo mar deu ensejo ao surgimento da pirataria, tão antiga quanto o próprio comércio
marítimo. Isso suscitou a necessidade de os navios mercantes se defenderem, para o quê se embarcaram guarnições
aguerridas, aptas para o combate de abordagem. A crescente ameaça ao comércio marítimo, contudo, só pôde
efetivamente ser controlada pela criação de navios especiais, com grande capacidade de manobra, cujo fim era a
defesa dos poucos manobreiros “navios redondos”. Assim surgiu o navio de guerra, a serviço dos navios mercantes e,
portanto, da economia de cada nação ou império. O navio de guerra egípcio, do qual temos a melhor descrição entre
os mais remotos, tinha pouca boca, o que lhe valeu ser chamado de “navio comprido”, pois, ao contrário do mercante,
era bem mais estreito. Tinha o fundo chato, o que, juntamente com a característica anterior, fazia com que oferecesse
pouca resistência à água. Sua propulsão principal era o remo. Havia uma longa fileira de remos de ambos os bordos,
manejados geralmente por escravos, prisioneiros ou condenados, que eram acorrentados aos bancos para que não
tentassem fugir na hora do combate; obviamente morriam quando o navio afundava. Os navios de guerra possuíam
também velas, cujos mastros eram arriados na hora da batalha para evitar que sua queda atingisse os ocupantes do
navio. As velas eram usadas nas travessias longas, longe do inimigo, a fim de poupar os remadores, e no caso de
haver necessidade de bater em retirada para aumentar a velocidade de fuga; de fato, “içar as velas” era, no combate,
sinônimo de “fugir”. Por causa do seu fundo chato e de sua pouca resistência aos temporais, os navios de guerra não
fundeavam como os mercantes; eram puxados para terra, ficando em seco. Essa circunstância ocasionou algumas
“batalhas navais” travadas em terra, quando acontecia de um inimigo atacar a esquadra antes que os navios pudessem
ser postos a flutuar. A Batalha de Micale (479 a.C.), na qual os gregos venceram os persas, e Batalha de Egos-
Pótamos (405 a.C.) em que os espartanos venceram os atenienses, são as mais conhecidas.Quanto às suas dimensões,
sabemos que uma trirreme13 grega tinha geralmente 25 metros de comprimento por apenas seis metros de boca.
O navio de guerra conduzia a bordo, além do pessoal marítimo como qualquer navio, os guerreiros e os
remadores. Já vimos o que eram estes últimos infelizes; os guerreiros eram soldados terrestres que simplesmente
embarcavam e seus comandantes comandavam a batalha naval. Assim foi na Batalha de Salamina (480 a.C.), a
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primeira grande batalha naval da História. Mais tarde, porém, o combatente do mar foi se distinguindo do combatente
de terra, e o ateniense Formion será o primeiro “general do mar”, ou seja, o primeiro almirante. Formion, vencedor
dos espartanos e seus aliados em vários combates, principalmente na batalha do golfo de Corinto (429 a.C), quando
fez inteligente manobra antes de atacar, é considerado o pai da tática naval, que, depois dele, passou a ser feita pela
combinação de choque e movimento; só no século XIV surgiu o terceiro elemento, o fogo, isto é, o canhão.
Mas a arma principal do navio de guerra não era o soldado que ia a bordo, mas uma protuberância colocada na
proa do navio à linha d’água chamada esporão, aríete ou rostrum, destinada a penetrar profundamente na nave
inimiga e, assim, póla a pique; acontecia, porém, muitas vezes, que o esporão se quebrava com o choque e o navio
atacante, com um rombo na proa, também ia a pique. Foram os fenícios os grandes aperfeiçoadores do esporão, que
passou a ser revestido de bronze, o que o tornou ainda mais temível. Se compararmos os dois tipos básico de navios
na antigüidade, vemos que o primeiro era lento e bojudo, ao passo que o segundo era rápido esguio, o que se explica
pelas suas finalidades enquanto o mercante pretendia transportar o máximo possível de carga com um mínimo de
custo operacional, o navio de guerra queria chegar o mais rapidamente junto do inimigo e vibrar-lhe um golpe de
morte, pouco importando quanto custasse isso em termos de dinheiro. Sim, porque, enquanto um navio mercante
tinha uma tripulação pequena, um navio de combate levava, em média, 200 homens, mesmo considerando que os
remadores não eram pagos pelo seu trabalho, a necessidade de alimentá-los e mais a despesa com todos os guerreiros
e tripulantes fazia com que o navio de guerra fosse caro, que só os governos podiam permanentemente manter.
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egípcios e os “Povos do Mar” foi muito disputada, cruel e sangrenta, vencendo o exército egípcio, surpreendendo o
inimigo, que não esperava pela luta imediata. Travada a batalha, um outro confronto aguardava os egípcios, pois a
frota guerreira dos “Povos do Mar” encontrava-se numa das muitas embocaduras do delta do Nilo, preparada para
avançar rumo a Mênfis, capital administrativa do Egito. Ramsés reuniu a maior frota da história do Egito, dirigindo as
operações da margem do rio, de onde seus homens podiam arremessar setas em direção aos navios inimigos. Os
navios egípcios, com seus homens remando à toda força, atacaram e afundaram dezenas de naus adversárias. Os
“Povos do Mar” foram amplamente derrotados e nunca mais voltaram. A partir dessa época o império egípcio
começou a entrar em decadência.
5 – POVOS MESOPOTÂMICOS
5.1 – SUMÉRIOS
Cerca de 5.000 a.C. os sumérios surgiram entre os rios Tigre e Eufrates e constituíram a primeira civilização do
mundo. Os sumérios inventaram a escrita cuneiforme em 3.000 a.C., para registros comerciais feitos em barro cozido,
desenvolveram a agricultura, descobriram metais e desde aquela época utilizavam veículos de rodas de madeira. A
região, chamada de Mesopotâmia, depois foi pátria dos acadianos, dos babilônios e dos assírios. Os mesopotâmios
sobreviveram mais de três mil anos, até a conquista de Babilônia, pelos persas, em 539 a.C. Eles acreditavam em
deuses protetores e eram excelentes metalúrgicos e matemáticos, pois inventaram a base 10 e a base 60, dividindo o
círculo em 360º e as horas em 60 minutos. Os conhecimentos dos sumérios foram passados para os babilônios e
assírios, povos que os sucederam.
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A superioridade dos fenícios no setor marítimo era reconhecida por todos os demais povos que ou recorriam
diretamente à utilização de sua Marinha ou encomendavam a construção de suas frotas nos estaleiros de Tiro e Sidon.
Ao que consta, a frota de Salomão bem como a de Semíramis e a de Sesóstris foram construídas nos estaleiros
daquelas cidades; Assurbanipal valeu-se de uma esquadra fenícia para o transporte de seus exércitos Nilo acima na
conquista do Egito, e os babilônios recorriam aos navios de Sidon para o deslocamento de tropas ao longo do rio
Eufrates. Também foi em navios fenícios que os persas procuraram disputar aos gregos o domínio do mar Egeu no
decorrer das Guerras Medas.
Embora recente investigação tenha reduzido as exageradas idéias que prevaleciam a respeito da indústria, do
comércio e do tráfego dos fenícios, não pode haver dúvida alguma de que, como mestres na navegação, deram grande
impulso ao tráfego marítimo no Mediterrâneo onde foram os primeiros portadores da cultura, difundindo as
invenções feitas pelo Egito e pela Ásia. Concentraram igualmente em suas mãos todo o comércio mundial daquela
época. Na história dos grandes monopólios mercantis, o procedimento dos fenícios foi considerado como exemplar
pelo espaço de vários séculos.
A potência econômica fenícia foi arruinada pela conquista Macedônia e pela fundação de Alexandria cerca de
332 a.C., Cartago, a mais importante de suas colônias, que já possuía o comércio do Mediterrâneo Ocidental, herdou
o comércio fenício.
Foi, assim, a Fenícia a primeira nação no mundo ocidental a se constituir e evoluir sob a influência contínua e
direta do mar. Os primeiros fenícios estabeleceram-se ao longo da costa oriental do Mediterrâneo desde cerca de
5.000 a.C. Inicialmente eram pastores, caçadores e colonizadores, entre os quais encontravam-se hebreus, o primeiro
povo da história a abandonar o politeísmo.
Os fenícios logo se lançaram ao mar, compelidos pela estreiteza de seu território, que ia da Turquia ao Egito,
com cerca de 800 km, mas cuja exiguidade, entre o mar e as escarpas do Monte Líbano, rico em florestas, pouco
ultrapassava dez quilômetros. O terreno pouco fecundo obrigou o povo fenício a cedo buscar seu sustento no mar,
iniciando-se no comércio e na pirataria. Os fenícios foram o primeiro povo a romper com a tradição do comércio
terrestre, estabelecendo diversos pontos de apoio na costa e nas ilhas, para onde trocavam produtos egípcios e
asiáticos. Biblo, um pouco ao norte da atual Beirute, transformou-se no centro de comércio dos semitas e era uma das
mais antigas cidades do mundo (cerca de 2.600 a.C), sendo eclipsada mais tarde por Tiro e Sidon.
A superioridade fenícia no mar era tanta que outros povos utilizavam seus estaleiros, nas diversas cidades, para
a construção de embarcações. Os navios fenícios e respectivas tripulações eram requisitados para expedições
marítimas idealizadas por outros governantes, como ocorreu com o faraó egípcio Neco (609-593 a.C), que mandou
uma esquadra fenícia realizar uma viagem de circunavegação à África, descendo o Mar Vermelho e retornando por
Gibraltar, com a duração de três anos. A sua proeza só foi repetida pelos europeus em 1497, quando Vasco da Gama
dobrou o cabo da Boa Esperança.
Os fenícios, além de ótimos construtores navais e hábeis marinheiros, eram grandes engenheiros. Os barcos
fenícios geralmente eram movimentados por 50 remadores distribuídos em duas fileiras, tinham um aríete na proa,
junto à quilha (o esporão). Os navios de carga eram quase redondos e muitos deles possuíam pouco calado para
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navegar junto às praias, enquanto os barcos para a guerra eram mais finos, para permitir mais governabilidade. Foram
os fenícios os primeiros a aproveitar no mar as observações astronômicas, que até então eram usadas em
adivinhações. Consta que foram os babilônios que ensinaram aos fenícios os rudimentos da navegação pelos astros.
Sabe-se também que o alfabeto surgiu pela primeira vez na Fenícia cerca de 2.000 a.C. Foi em Biblo que se
começou a utilizar a escrita alfabética, sendo modificada posteriormente pelo grego e pelo latim até a moderna escrita
romana, dando origem ao alfabeto ocidental atual. Foram os fenícios também que levaram para a Grécia o papiro, daí
originando-se a palavra de origem grega bíblia para descrever os livros feitos com ele.
8 – A PODEROSA CARTAGO
A fundação de Cartago, considerada a mais poderosa das colônias fenícias, ocorreu no fim do século IX a.C. A
cidade tornou-se o pólo comercial para onde afluíam as caravanas do interior da África, principalmente depois que
Tiro perdeu a primazia comercial em conseqüência da invasão e domínio assírio. A presença cartaginesa era
extraordinária em todo o Mar Mediterrâneo, considerado um mar fechado a embarcações estrangeiras. Muitos nobres
cartagineses eram armadores e banqueiros, transformando a cidade em um “império capitalista”.
Cartago possuía uma marinha mercante e uma marinha de guerra inteiramente nacionais, ao contrário do seu
exército, integrado por mercenários. A construção naval era intensa, aproveitando a madeira africana.
As forças cartaginesas empenharam-se em lutas constantes contra etruscos, gregos, massílios e romanos. Por
ocasião das três Guerras Púnicas com Roma, Cartago construiu navios com várias fileiras de remos, que podiam
transportar 120 soldados e 300 marinheiros cada um. Contra Siracusa, na Sicília, Cartago armou 152 navios. E a
Xerxes, rei da Pérsia, nas Guerras Medas entre persas e gregos, Cartago forneceu dois mil grandes navios de
transporte.
Coube a Roma em 146 a.C, na terceira Guerra Púnica, destruir o domínio cartaginês sobre os mares, abrindo as
rotas marítimas do Mediterrâneo para outros povos.
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2 – “POVOS DO MAR”
Foi assim denominado um bando de nômades ladrões de terras, constituindo um grupo heterogêneo composto
por indivíduos provenientes das ilhas do mar Egeu, da costa ocidental da Ásia Menor, da Grécia e talvez da Síria.
Tinham o hábito de viajar em companhia das suas famílias, em carroças de duas rodas puxadas por bois. Após as
lutas contra os egípcios, nas quais foram derrotados, os “Povos do Mar” que não foram mortos ou escravizados
dividiram-se em vários grupos: alguns fixaram-se na Sardenha (os sherden); outros colonizaram a Sicília (os
shekelesh); os teresh se estabeleceram no noroeste da Itália, misturaram-se aos habitantes locais e originaram os
etruscos; alguns grupos tjeker fixaram-se ao sul do Monte Carmelo; outros foram para Chipre; o grupo dos peleset, ou
filisteus, retirou-se para o sul de Canaã, dando o seu nome à terra onde se fixou – a Palestina. Lá os filisteus
encontraram tribos hebraicas, que há muito tempo haviam se instalado nas colinas da região, denominada de Judá.
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IV – IMPÉRIO ROMANO
1 – O NASCIMENTO DE ROMA
Os primeiros habitantes da península itálica datam de
cerca de 1.000 a.C. Como vimos em “Povos do Mar”, alguns
de seus grupos se dirigiram para a Sicília e para o noroeste da
Itália, onde, por miscigenação com habitantes locais, formaram
os etruscos.
Em 753 a.C., Roma foi fundada às margens do rio Tibre,
por camponeses vindos da Europa Central. A partir de 396 a.C.
os romanos começaram a se libertar do domínio etrusco.
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Otávio teve em Ácio a vitória militar necessária à união da república sob sua tutela exclusiva. Senhor, assim,
do poder romano, Otávio pôde receber o imperium, isto é, os poderes civil, militar e religioso e reformar as
instituições romanas, a fim de que fossem atendidas às urgentes necessidades políticas, econômicas e militares das
vastas terras de Roma. E o império romano uniu-se sob o novo Augustus, Princeps e Pontifex Maximus, à volta do
velho mar de todas as civilizações do Ocidente e do Oriente Próximo, que na Antigüidade compuseram a história do
homem ocidental: o mar Mediterrâneo, o Mare Nostrum dos romanos. “Somos inclinados a imaginar a Roma
imperial como uma potência terrestre, suas regiões sendo ligadas entre si pelo melhor sistema de estradas dos tempos
antigos. Este conceito é apenas parcialmente verdadeiro. Muito mais importante do que quaisquer comunicações
terrestres para conservar a união do império eram o mar Mediterrâneo e as outras águas que banhavam suas costas. A
história do mar e sua participação na história imperial não são dramáticas nem dinâmicas e, por isso, tendem a não
apresentar registro. No entanto, o humilde mercador, distribuindo os produtos de qualquer parte do império para todas
as partes, transportando os procônsules e suas legiões de apoio para os domínios de além-mar, conduzindo os
apóstolos e seus sucessores com a mensagem do cristianismo, teve parte indispensável na formação e na preservação
do maior de todos os impérios da Antigüidade. Durante cinco séculos depois de Ácio, navios mercantes
movimentaram- se do Mar Negro para a fronteira atlântica, protegidos apenas por pequenas forças de navios-patrulha
para impedir as atividades piratas. O Mediterrâneo inteiro e quase suas águas tributárias haviam se tornado um mar
fechado, com todas as costas e bases navais controladas por Roma. Em terra e no mar estabeleceu-se a Pax Romana,
o mais longo período de relativa paz na História”.
Por ocasião da instalação da capital do império romano na antiga Bizâncio, que passou a chamar-se
Constantinopla, em 328 de que a caracterizara no começo dos tempos imperiais. Depois da divisão do império em
duas partes, Oriente e Ocidente, problemas os mais diversos surgiram no quadro militar dos latinos (ocidentais) e
gregos (orientais). A invasão dos bárbaros para o ocidente europeu não implicou nenhuma campanha naval. Foram
invasões terrestres, começadas por via pacífica e concluídas com as grandes correntes migratórias que transpuseram
os rios Reno e o Danúbio para o coração do Império.
Foi assim que, em 476, a cidade de Roma foi ocupada por um pequeno povo bárbaro, os hérulos, e o último
César, Rômulo Augusto, foi deposto. Assim terminou o Império Romano do Ocidente.
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EAD – HIS GER – EX
01) “A História documentada do poder marítimo tem início em meio a uma grande crise. O tipo mais comum de
crescimento econômico e demográfico dos povos antigos era através da conquista de novas terras e outras gentes.
Assim, adquiriam-se, às custas de um vasto investimento em vidas e em equipamentos bélicos, recursos naturais e
humanos para a expansão necessária como processo de desenvolvimento e riqueza. Tal modelo requeria, portanto, um
elemento essencial à sua execução, as forças armadas, sem as quais não haveria, evidentemente, qualquer conquista,
porque todas eram realizadas pelo fio da espada. ” (Fatos da História Naval)
Texto acima faz referência ao desenvolvimento econômico dos povos da antiguidade, em grande parte baseado no
emprego do poder militar. Estamos falando do chamado Modelo:
a) Colonial.
b) do Mar Fechado.
c) Imperial.
d) do Mar Restrito.
e) Monárquico.
02) “A estratégia de Alexandre aí foi inversa da de Temístocles em Salamina. Avançou sabre o litoral persa e
dominou as bases da marinha inimiga, impedindo-a de dispor dos recursos que só nesses pontos encontraria. Afastado
esse perigo, pode Alexandre completar a conquista da Ásia persa, dirigindo-se para a Mesopotâmia e o planalto do
Irã, chegando a atingir a Índia. ” (Fatos da História Naval)
O texto acima fala sobre as campanhas militares de Alexandre, O Grande, contra o Império Persa. A que episódio das
campanhas de Alexandre o texto faz referência?
a) à destruição da cidade egípcia de Menfis, mais importante base naval do Império Persa, posteriormente batizada de
Alexandria.
b) à fundação de Alexandria por Alexandre o Grande. Após a conquista do Egito, Alexandre destruiu as cidades
fenícias dominadas pelos Persas.
c) à vitória grega sobre os Persas em Salamina, o que possibilitou a Alexandre invadir o Império Persa.
d) à destruição, por Alexandre, das cidades fenícias que forneciam os navios e marinheiros para o Império Persa.
e) às vitórias gregas nas batalhas de Salamina, Maratona e Égos Potâmos.
04) Quando utilizamos o conceito de “mar restrito” na antiguidade ocidental estamos fazendo referência ao fato de
a) na antiguidade o mar ser usado somente para o comércio.
b) na antiguidade o mar ser usado somente para a guerra e nesse sentido, somente para o transporte de tropas.
c) os sacerdotes do antigo Egito proibirem a navegação pelo fato do mar ser a morada de demônios.
d) os povos da antiguidade só conhecerem profundamente o mediterrâneo, centro do mundo conhecido até então.
e) que até a formação do Império Romano a navegação no mediterrâneo ser rudimentar e pouco importante para o
desenvolvimento das civilizações da antiguidade.
QAA/AFN – 2017 1 CURSOASCENSAO.COM.BR
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05) O navio mercante da antiguidade, de um modo geral, apresentava forte calado e tinha boca relativamente larga;
por esta última característica era chamado navio
a) redondo.
b) largo.
c) quadrado.
d) de costado rígido.
e) de carreira.
06) “A política econômica do Estado romano afastou-se do seu fim tradicional e adotou novas diretrizes. Com essa
guerra começou uma nova história de Roma e do mundo, sobretudo porque acarretou na Itália o aparecimento da era
mercantil na antiga sociedade aristocrática e guerreira.” (CAMINHA, João Carlos. História Marítima p. 31)
A citação acima está fazendo referência às transformações ocorridas na sociedade romana após:
a) Batalha Naval do Ácio em 31 a.C.
b) A Vitória Romana sobre os Cartagineses nas Guerras Púnicas.
c) Conquista Romana da Grécia no século III a.C.
d) A expulsão dos Reis Etruscos e o estabelecimento da República Romana em 509 a.C.
e) A Conquista do Egito após a Morte de Marco Antônio e Cleópatra.
O filme "300", que fez grande sucesso nos cinemas de todo o mundo em 2007, tematiza uma das batalhas mais
importantes das Guerras Médicas. Tal evento pode ser caracterizado como um conflito que foi causado pelo processo
de expansão territorial do império persa, que ambicionava expandir seus domínios sobre os gregos. Nesse contexto,
além da famosa Batalha das Termópilas, que é focada no filme "300”, é correto citar também a Batalha Naval de:
a) Artemisium, onde, apesar de estarem em desvantagem numérica, conseguiram, utilizando manobras complicadas
no estreito de Messina, derrotar a gigantesca armada persa do rei Xerxes.
b) Salamina, na qual os atenienses, apesar de contarem com uma armada heterogênea composta basicamente por
navios oriundos das ilhas gregas, derrotaram os navios persas do rei Dario, composta exclusivamente de navios
fenícios e egípcios.
c) Salamina, onde os atenienses, liderados por Temístocles, contando com poucas e pequenas embarcações,
obtiveram sucesso conseguindo a destruição da gigantesca, mas heterogênea, armada persa do rei Xerxes.
d) Artemisium, onde os gregos, contando com o apoio dos Macedônios, conseguiram na região de Salamina, derrotar
a armada persa que, apesar de mais numerosa, era composta por navios heterogêneos que não tinham fidelidade ao rei
Xerxes.
e) Salamina, onde atenienses e espartanos, contando com o apoio das cidades da Confederação do Peloponeso
conseguiram derrotar a gigantesca, mas inexperiente, armada do rei Dario que logo a seguir assinou uma paz com os
gregos.
1
Instrumentos náuticos antepassados do sextante.
1
Cf. Fonseca, Quirino da. A caravela portuguesa e a prioridade técnica das navegações henriquinas. Coimbra: Imprensa da Universidade,
1934, p. 34-35.
2
Cf. Fonseca, Quirino da. A caravela portuguesa e a prioridade técnica das navegações henriquinas. Coimbra: Imprensa da Universidade,
1934, p. 34-35.
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Mas, se havia assim tantas “estórias” desanimadoras, por outro lado havia bons motivos para animar os nautas a
afrontarem os perigos do “mar oceano”: as fabulosas notícias relativas às terras do Oriente, especialmente depois do
livro de Marco Polo, o comércio das especiarias3, então monopólio dos árabes, que revendiam-nas aos venezianos,
genoveses e outros povos do Mediterrâneo, negócio altamente lucrativo4, e a lenda do Prestes João, príncipe cristão
que habitaria algum lugar longínquo, talvez na África5.
3
Pimenta, canela, nós moscada e vários outros artigos usados principalmente na conservação de alimentos.
4
No trajeto entre o Oriente e a Europa as mercadorias quadruplicavam de preço.
5
A lenda tinha fundamento, pois o soberano etíope era cristão do ramo copta.
6
Camões, Luís de. Os lusíadas, canto I, 1.
7
A expressão “Índias” deve ser entendida de modo muito mais amplo do que a Índia de hoje: significava, de fato, o
Oriente além da região do Levante ou Oriente Próximo.
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É forçoso reconhecer que, durante o período que medeia entre a descoberta do extremo sul da África e a partida
de Vasco da Gama, duas coisas preocuparam o governo português: conhecer o mais possível o Atlântico e garantir a
posse das terras que se estavam descobrindo.
Foi assim que o governo lusitano ficou estupefato e contrariado quando, em 1493, Colombo, de volta à Espanha,
passa por Lisboa anunciando que havia chegado às Índias.
8
Colombo calculava com razoável aproximação o diâmetro da Terra, mas, como ignorava a existência de um vasto continente entre a Europa
e a Ásia no oeste, supunha que Cipango (Japão) e Catai (China) fossem localizados na área dos atuais Estados Unidos da América
aproximadamente.
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De qualquer maneira, mesmo desprezando as diferenças decorrentes das imperfeições citadas, a linha passaria
em pleno oceano; toda a América seria da Espanha. Saberia disso o governo português? E se sabia, com que grau de
certeza o saberia?
É muito sintomático o fato de se ter Portugal recusado aceitar a bula papal; e passando das palavras aos fatos,
preparou-se para a guerra com a Espanha.
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Os navios lusitanos, de grande porte em comparação com os dos árabes, não tinham a liberdade de ação que
tinham os navios de guerra inimigos, mas tinham maior poder de fogo. E o mundo estava entrando numa época de
predomínio do fogo sobre movimento e choque.
Dessa disputa entre árabes e portugueses, que veremos daqui a pouco, estes, apesar das distâncias, mas
fortemente amparados por um governo resoluto, em poucos anos arrebatarão aos orientais o domínio dos mares
índicos e passarão a exercer, com exclusividade, o comércio das especiarias e demais mercadorias do Oriente para a
Europa.
9
Até o final da Idade Média não existiam nações como Portugal, Espanha, França e Inglaterra, por exemplo. Grande parte do território
europeu naquela época era dividido em feudos governados por nobres (senhor feudal), onde os indivíduos (vassalos) consideravam-se
naturais da cidade em que haviam nascido, como Londres, Lisboa, Madri. É importante saber que o conceito de Nação pode ser definido
como um agrupamento humano, em geral numeroso, cujos membros, fixados em um território, são ligados por laços históricos, culturais,
econômicos e lingüísticos. Um Estado pode ser formado por várias nações, como o caso da ex-União Soviética e da antiga Iugoslávia.
10
A 30 de abril de 711, o exército de Tarik, general berbere muçulmano, desembarcou no rochedo que posteriormente se chamou Djebel El-
Tarik, ou seja, Monte de Tarik, e que hoje é conhecido como Gibraltar. Depois de ter todo o exército em terra, conta-se que mandou queimar
os navios e disse aos seus soldados: “Irmãos pelo Islã! Temos agora o inimigo pela frente e o mar profundo por detrás. Não podemos voltar
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quando Portugal consolidou seu território e firmou-se como “o primeiro Estado europeu moderno”, segundo o historiador
Charles Boxer. Mas somente aos a vitória sobre os Reinos de Leão e Castela, em 1385, na Batalha de Aljubarrota, e a
assinatura do tratado de paz e aliança perpétua com o Reino de Castela, em 1411, a paz foi selada.
Portugal iniciou seu processo de expansão ultramarina conquistando aos mouros a cidade de Ceuta, no norte da
África. A partir daí, virou-se para o mar, onde se tornou dominante. Como não poderia deixar de ser, esta empreitada
envolveu somas altíssimas e, para financiá-la, a coroa portuguesa se valeu do aumento de impostos e recorreu a
empréstimos de grandes comerciantes e banqueiros (inclusive italianos).
2.3 – LUSITÂNIA
A região que hoje é conhecida como Portugal foi originalmente habitada por populações iberas de origem indo-
européias. Mais tarde, foi ocupada, sucessivamente, por fenícios (séculos XII a.C.), gregos (século VII a.C.), cartagineses
(século III a.C.), romanos (século II a.C.) e, posteriormente, pelos visigodos (povo germânico, convertido ao cristianismo
no século VI). Desde 624.
Em 711, a região foi conquistada pelos muçulmanos, impulsionados por sua política de expansionismo, tendo como
base uma coligação formada por árabes, sírios, persas, egípcios e berberes, estes em maioria, todos unidos pela fé islâmica
e denominados mouros. Quase a totalidade da península caiu em mãos dos mouros que, em seu avanço, só foram
bloqueados quando tentaram invadir a França.
A resistência aos invasores só ganhou força a partir do século XI, após a formação dos reinos cristãos ao norte, como
Leão, Castela, Navarra e Aragão. A guerra deflagrada contra os mouros contou com o apoio de grande parte da
aristocracia européia, atraída pelas terras que a conquista lhes proporcionaria.
Durante o reinado de Afonso VI (1069-1109), de Leão e Castela, a partir de 1072, dois nobres franceses – Raimundo
e Henrique de Borgonha – receberam como recompensa pelos serviços prestados na campanha a mão das filhas do rei,
além de terras como dote. D. Raimundo recebeu as terras a norte do Rio Minho, e Condado de Galiza, e D. Henrique o
Condado Portucalense. Estas terras não se constituíam em reinos independentes e seus proprietários deviam prestar
vassalagem ao rei de Leão.
A origem do próprio Estado português se deu com a formação do Condado Portucalense, sob o domínio de D.
Henrique de Borgonha. Este nobre, tendo o senhorio de ampla região entre os Rios Minho e Mondego, procurou reforçar,
através da luta contra os mouros, seu poderio sobre os demais senhores de terras daquela área, bem como conseguir
autonomia frente aos interesses do vizinho Reino de Leão, a cujo soberano, como já foi deito, devia vassalagem.
O caráter inicial da formação dos reinos ibéricos, definido pelos aspectos militar e religioso desenvolvidos nas lutas
contra os mouros, marcou as tendências principais da constituição desses Estados.
De um lado, o processo de expulsão do inimigo muçulmano deu prioridade ao aspecto militar, o que criou a
necessidade de unificação do comando das forças cristãs, papel exercido pelos senhores de terras mais poderosos das
diversas regiões da península. Por outro lado, o profundo caráter religioso tomado pela Reconquista, identificada com as
cruzadas contra os infiéis muçulmanos, fez com que a Igreja de Roma tivesse grande interesse no sucesso das forças
cristãs.
As vitórias alcançadas pelos exércitos de D. Henrique mostraram à Santa Sé a importância que estes vinham
adquirindo no sucesso das lutas militares. Assim, os interesses do senhorio do condado e os do papado iam aos poucos
convergindo para o reconhecimento da autonomia portucalense entre o Reino de Leão.
O Tratado de Zamora, firmado em 1143 entre o Duque portucalense D. Afonso VII, imperador de Leão, determinou o
reconhecimento por parte deste último da independência do antigo condado, agora Reino de Portugal11.
para o nosso lar porque queimamos os nossos barcos. Agora só nos resta derrotar o inimigo ou morrer de forma covarde, afogando-nos no
mar. Quem me seguirá?”
11
Uma carta régia de 13 de dezembro de 1143 colocou o novo reino sob a proteção da Santa Sé, o que lhe garantia a mediação do papado em
caso de ruptura do Tratao de Zamora e a criação de bispados sem interferência leonesa. Esse processo se concluiu em 1179, quando o Papa
Alexandre III, pela bula Manifestis Probatum, de 23 de maio do mesmo ano, reconheceu Dom Afonso Henrique como rei de Portugal
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beneditinos, tornaram-se pólos de atração pela segurança que ofereciam a inúmeras famílias. Da mesma forma, desde a
Reconquista, as ordens tomaram a peito a colonização de zonas desertas ou dizimadas pela guerra, criando novos focos de
povoamento e estimulando a exploração da terra.
12
Durante o reinado de D. Dinis foi publicado código voltado para a proteção das classes menos favorecidas contra abusos de poder, e
estimulada uma “reforma agrária” que incluiu a redistribuição de terras e fundação de várias comunidades rurais. A cultura foi um de seus
interesses pessoais e, como apreciador de literatura, escreveu vários livros abordando temas como administração e vários volumes de poesia.
Nesse período, Lisboa foi considerada um importante centro cultural, culminando com a fundação da Universidade de Coimbra pela Magna
Charta Priveligiorum.
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O cultivo era extremamente racional: sempre que havia corte de árvores, novas mudas eram plantadas de imediato,
recorrendo-se a enormes sementeiras13. Esta ação manteve o pinhal praticamente intacto e foi bastante utilizado durante os
séculos XV e XVI, no período dos descobrimentos marítimos. Além de fornecer madeira para a construção naval, o pinho
fornecia um subproduto importantíssimo para conservação e calafeto dos cascos das embarcações: o chamado pez, alcatrão
vegetal de grande poder de vedação. É notável que o Pinhal de Leiria exista até os dias de hoje, constituindo uma das
maiores manchas naturais da região do norte do distrito de Leiria.
No reinado de D. Fernando I (1367-1383), último soberano da dinastia de Borgonha, foi baixada a Lei de Sesmarias,
de 28 de maio de 1376. Tendo como medida coercitiva mais rígida da expropriação das terras não produtivas, essa lei foi
mais uma tentativa de solucionar a carência de mão-de-obra no campo, causada pela fuga das populações para os centros
urbanos, devido à peste negra14. O resultado foi uma séria crise de abastecimento de gêneros alimentícios no reino.
A Lei de Sesmarias, que mais tarde seria aplicada no Brasil, teve pouco efeito prático. Seus artigos, apesar de
conterem ameaças aos proprietários de terras, atuaram no sentido de fortalecê-los, pois obrigavam os trabalhadores a
permanecerem nos campos, mesmo em troca de baixa remuneração.
Ainda durante o reinado de D. Fernando I, a construção naval recebeu grande incentivo, mediante a isenção de
impostos e a concessão de vantagens e garantias aos construtores navais, tais como a autorização aos construtores de
embarcações com mais de cem tonéis que cortassem a madeira necessária nas matas reais com isenção de impostos.
Também ficou isenta de impostos, a matéria-prima importada destinada à construção naval. Em 1380, o monarca criou a
Companhia das Naus, que funcionava como uma empresa de seguros destinada a evitar a ruína financeira dos homens do
mar. Como resultado, incrementaram-se o comércio marítimo, a exportação de produtos da agricultura e a importação de
tecidos e manufaturas. As rendas da Alfândega de Lisboa, considerado porto franco, aumentaram significativamente e era
intensamente freqüentado por estrangeiros.
Outra importante iniciativa de D. Fernando foi a instalação da Torre do Tombo, o Arquivo Nacional Português, onde
se guardavam documentos importantes que preservavam a memória e a história de Portugal. Foi-lhe dado este nome
porque ficava sediado numa torre do Castelo de São Jorge, e tombo, porque significava lançar em livro, inventariar,
registrar.
D. Fernando I envolveu-se em três guerras contra Castela e passou a se malvisto pela opinião publica por seu
casamento com Dona Leonor Teles (cujo casamento anterior fora anulado). Após a morte de D. Fernando, os portugueses
não aceitaram a regência da rainha viúva em nome da filha, a Infanta Dona Beatriz, casada com um potencial inimigo, o
rei de Castela. Este fator, somando à continuidade da crise de abastecimento, deflagrou a Revolução de Avis.
Após deliberação das Cortes, foi aclamado rei o Mestre da Ordem de Avis, D. João I (1385-1433), filho bastardo do
oitavo rei de Portugal D. Pedro I (1357-1367), a quem caberia inaugurar uma nova dinastia vitoriosa em Lisboa, a revolta
transformou-se em movimento de fidalgos e plebeus em guerra contra Castela, cujo rei declarou pretensão à coroa
portuguesa. Os castelhanos foram vencidos em várias batalhas e, embora tenham bloqueado Lisboa, foram, afinal,
fragorosamente derrotados na Batalha de Aljubarrota (1385). A paz só foi selada em 1411.
Outra conseqüência importante dos fatos apontados foi a renovação da aristocracia portuguesa. Os setores que haviam
apoiado Castela tiveram seus bens confiscados pela coroa, a qual os doou em parte aos seus aliados. Com tal divisão na
nobreza, houve até mesmo casos em que pais perderam os bens para seus próprios filhos.
Além disso, o apoio dos grupos mercantis a D. João I fez com que as aspirações de tais grupos passassem a ser
valorizadas pelo poder régio. A situação econômica do reino, ao sair vitoriosa da revolução, era uma das mais graves. A
alta do custo de vida e a queda do valor da moeda colocaram o tesouro português em situação bastante difícil15.
13
Hoje, técnica muito parecida é defendida por ambientalistas para ser implantada na exploração de madeira da região amazônica,
considerada internacionalmente como “ecologicamente correta”.
14
Durante o reinado de Dom Afonso IV (1325-1357), Portugal foi atingido pela peste negra (peste bubônica, transmitida pelas pulgas que
infestam ratos). Esta foi a maior, a mais trágica epidemia que a História registra, tendo produzido um morticínio sem paralelo. Foi chamada
peste negra pelas manchas escuras que apareciam na pele dos enfermos. Como outras epidemias, teve início na Ásia Central, espalhando-se
por via terrestre e marítima em todas as direções. Em 1334 causou 5 mil mortes na Mongólia e no norte da China. Houve grande mortandade
na Mesopotâmia e na Síria, cujas estradas ficaram juncadas de cadáveres dos que fugiam das cidades. No Cairo os mortos eram atirados em
valas comuns e em Alexandria os cadáveres ficaram insepultos. Calcula-se em 24 milhões o número de mortos nos países do Oriente. Em
1347 a epidemia alcançou a Criméia, o arquipélago grego e a Sicília. Em 1348 embarcações genovesas procedentes da Criméia aportaram em
Marselha, no sul da França, ali disseminando a doença. Em um ano, a maior parte da população de Marselha foi dizimada pela peste. Em
1349 a peste chegou ao centro e ao norte da Itália e dali se estendeu a toda a Europa. Em sua caminhada devastadora semeou a desolação e a
morte nos campos e nas cidades. Povoados inteiros se transformaram em cemitérios. Calcula-se que a Europa tenha perdido a metade de sua
população. Em Portugal, o impacto da epidemia também foi muito grande, tendo como conseqüência natural a drástica redução da mão-de-
obra em todos os níveis. Os trabalhadores que sobreviveram exigiram salários superiores aos que vigoravam antes da peste, gerando forte
reação dos proprietários de terras, que apelaram para o rei. Como resultado, o Rei Afonso IV (1325-1357), em 1349, ordenou que os
proprietários e autoridades competentes determinassem as medidas necessárias: foram fixados salários abaixo do que os trabalhadores
esperavam; tornaram obrigatória a aceitação da proposta por todos os trabalhadores e também obtiveram o direito de recrutar a mão-de-obra
à força. Apesar deste elenco de medidas, passados três anos, os proprietários de terras permaneciam insatisfeitos com as dificuldades de
recrutar trabalhadores pelo salário fixado. Em face do insucesso das medidas coercitivas, agravou-se a crise de abastecimento no país.
15
Porém, o estabelecimento de um novo imposto, a sisa, ao incidir sobre as trocas comerciais realizadas no Reino, constituiu a principal
fonte de recursos para o Tesouro Real. A coroa, em conseqüência, estabeleceu uma política de incentivo às atividades mercantis. No entanto,
se esta política de fato beneficiou o setor mercantil único capaz de, naquele momento, propiciar o sustento da nobreza, por outro lado o
subordinou aos próprios interesses do Estado. Do mesmo modo, as decisões quanto aos investimentos na empresa mercantil marítima eram
tomadas por funcionários reunidos nos diversos conselhos régios, e não pelos diretamente envolvidos na questão.
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HISTÓRIA 2 CURSO ASCENSÃO
A nobreza também teve suas bases de poder atingidas pelo movimento de centralização régia, com a colocação em
prática da Lei Mental. Por meio dessa lei, baixada por D. Duarte (1433-1438) em 8 de abril de 1434, os bens doados pela
coroa à nobreza só poderiam ser herdados pelo filho varão legítimo mais velho. Isso permitiu à coroa retomar uma série de
propriedades antes doadas às famílias nobres, reforçando seu poder e, de alguma maneira, minando as bases do poderio
senhorial.
Tal processo de centralização do poder foi o elemento essencial que permitiu ao reino português lançar-se na
expansão ultramarina. Deve-se destacar ainda que os limites da extração das rendas obtidas com a agricultura fizeram a
coroa voltar seus olhos às atividades comerciais e marítimas.
O monopólio exercido pelas cidades italianas de Gênova e Veneza sobre as rotas de comércio com a Ásia levou os
grupos mercantis portugueses a procurar outra alternativa para a realização de seus negócios e, conseqüentemente, para
obtenção de lucros. A saída seria a tentativa de contato direto com os comerciantes árabes, evitando o intermediário
genovês ou veneziano. Para isso muito contribuiu a estrutura naval já existente no reino, cujo desenvolvimento foi
estimulado pela coroa.
A expansão marítima portuguesa caracterizou-se por duas vertentes. A primeira, de aspecto imediatista, realizada ao
norte do continente africano, visava à obtenção de riquezas acumuladas naquelas regiões através de prática de pilhagens. A
tomada de Ceuta, no norte da África (Marrocos), em 1415, seria um dos exemplos mais representativos deste tipo de
empreendimento e marca o início da expansão portuguesa rumo à África e à Ásia16.
Em menos de um século, Portugal dominou as rotas comerciais do Atlântico Sul, da África e da Ásia, cuja presença
foi tão marcante nesses mercados que, nos séculos XVI e XVII, a língua portuguesa era usada nos portos como língua
franca – aquela que permite o entendimento entre marinheiros de diferentes nacionalidades. Na segunda vertente, o
objetivo colocava-se mais a longo prazo, já que se buscava conquistar pontos estratégicos das rotas comerciais com o
Oriente, criando ali entrepostos (feitorias) controlados pelos comerciantes lusos. Foi o caso da tomada das cidades
asiáticas. Tal modo de expansão também ficou marcado pelo aspecto religioso (cruzadas), pois mantinham-se a idéia de
luta cristã contra os muçulmanos17.
A expansão ultramarina permitiu, assim, uma convergência de interesses entre os setores mercantis e a nobreza, tendo
o Estado o papel de controle e direção de tal empreendimento. O monopólio do comércio dos produtos asiáticos e o tráfico
de escravos africanos (mão-de-obra para as regiões produtoras de matérias-primas) enriqueciam não só os grupos
mercantis, como geravam vultosas receitas para o tesouro régio, as quais a coroa em certa medida, repassava à nobreza
através da doação de mercês, bens móveis e de raiz, bem como de privilégios.
Cronologicamente e resumidamente, assim se deu o referido processo expansionista:
Entre 1421 e 1434, os lusitanos chegaram aos Arquipélagos da Madeira e dos Açores e
avançaram para além do Cabo Bojador. Até esse ponto, a navegação era basicamente costeira.
Em 1436 atingiram o Rio do Ouro e iniciaram a conquista da Guiné. Ali se apropriaram da
Mina, centro aurífero explorado pelos reinos nativos em associação aos comerciantes mouros,
a maior fonte de ouro de toda a história de Portugal até aquela data.
Em 1441, chegaram ao Cabo Branco.
Em 1441, atingiram a Ilha de Arguim, no Senegal, onde instalaram a primeira feitoria em
território africano e iniciaram a comercialização de escravos, marfim e ouro.
Entre 1445 e 1461, descobriram o Cabo Verde, navegaram pelos Rios Senegal e Gâmbia e
avançaram até Serra Leoa.
Entre 1470 e 1475, exploraram a costa da Serra Leoa até o Cabo de Santa Catarina.
Em 1482, atingiram São Jorge da Mina e avançaram até o Rio Zaire, o trecho mais difícil da
costa ocidental africana. O navegador Diogo Cão explorou a costa da África Ocidental entre
1482 e 1485.
16
A mentalidade vigente na Europa no século XV se caracterizava por uma visão do mundo desconhecido como alguma coisa muito
perigosa. Acreditava-se que nos oceanos viviam monstros terríveis, correntes traiçoeiras e intransponíveis à espera dos marinheiros. Uma
mistura de conhecimentos geográficos com crendices e lendas que atormentava os homens do mar. Quando os navegadores dobraram o Cabo
Bojador no reconhecimento da costa africana, isto foi considerado um grande feito, tendo em vista a visão existente do que existiria além
naquele mar desconhecido. Doze anos levaram os portugueses na tentativa de ultrapassá-lo. Os cronistas da época assim se referiam: “Depois
deste cabo não há gente ou povoação alguma; a terra não é menos arenosa que os desertos da Líbia, onde não há água, nem árvore, nem erva
verde; e o mar é tão baixo, que a uma légua de terra não há fundo mais que uma braça. As correntes são tamanhas que o navio que lá passe
jamais nunca poderá tornar... Ora qual pensais que havia de ser o capitão de navio a que pusessem semelhantes dúvidas diante, e mais por
homens a que a razão de dar fé e autoridade em tais lugares, que ousasse de tomar tal atrevimento, sob tão certa esperança de morte como lhe
ante os olhos se apresentaram?” Nessa época vivia-se muito pouco se compararmos com os dias de hoje. A média de vida era de 30 anos, e
um homem saudável de 60, uma raridade. Daí talvez o fato de indivíduos assumirem a vida do mar motivados pelo espírito aventureiro e
também consciente da grande incerteza de retorno.
17
É necessário ressaltar a importante atuação das ordens militares no processo de expansão ultramarina, especialmente da riquíssima Ordem
de Cristo. Constituída em 1319, com os bens lusitanos pertencentes à Ordem dos Templários (1119-1311), a Ordem de Cristo tornou-se aos
poucos detentores de um grande poder no reino, o que despertou o interesse da coroa em absorver suas posses, quando do movimento, já
referido, de centralização político-administrativa. Mais tarde, a obtenção do grão-mestrado da Ordem de Cristo por Dom João III (1521-
1557), em 1522, permitiu ao monarca garantir a si próprio os poderes oriundos da influência da própria ordem.
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No período 1487/1488, Bartolomeu Dias atingiu o Cabo das Tormentas, no extremo Sul do
continente – que passou a ser chamado de Cabo da Boa Esperança – e chegou ao Oceano
Índico, conquistando o trecho mais difícil do caminho das Índias.
Em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, na costa Sudoeste da Índia, estabelecendo a
rota entre Portugal e o Oriente.
Durante o reinado de D. João II, iniciado em 1481, a expansão ultramarina atingiu o auge com os feitos dos
navegadores Diogo Cão e Bartolomeu Dias. Abriram-se, desse modo, novas e extraordinárias perspectivas para a nação
portuguesa. O negócio das especiarias do Oriente, levadas para a Arábia e para o Egito pelos árabes e dali transportadas
aos países europeus, por intermédio de Veneza – que enriqueceram com o tráfico —, vai se concentrar em novas rotas,
deslocando o foco do comércio mundial do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico.
Foi justamente um genovês, Cristóvão Colombo, quem abalou as pretensões de D. João II na sua política
expansionista, ao descobrir a América em 1492. No retorno de sua famosa viagem, Colombo avistou-se com o rei de
Portugal comunicando-lhe a descoberta. Anteriormente, o mesmo Colombo já havia oferecido seus serviços ao soberano
português, que recusou a oferta baseado em informações dadas pelos cosmógrafos do reino, levando o genovês a dirigir-se
a Castela, onde obteve apoio financeiro para sua famosa viagem.
Abalado com as notícias trazidas por Colombo, D. João II cogitou em mandar uma expedição em direção às terras,
recém-descobertas, convencido de que lhe pertenciam por direito. Pouco depois, a questão foi arbitrada por três bulas18 do
Papa Alexandre VI, que concederam à Espanha os direitos sobre as terras achadas por seus navegadores a ocidente do
meridiano traçado a cem léguas a oeste das Ilhas dos Açores e de Cabo Verde.
Os portugueses discordaram da proposta e novas negociações resultaram na assinatura do Tratado de Tordesilhas
(cidade espanhola) em 7 de junho de 1494, que garantiu à coroa portuguesa as terras que viessem a ser descobertas até 370
léguas a oeste do Arquipélago de Cabo Verde. As terras situadas além desse limite pertenceriam à Espanha.
D. João II morreu em 1495 e coube ao seu sucessor, D. Manuel, dar continuidade ao projeto expansionista. Durante
sua gestão aconteceu a famosa viagem de Vasco da Gama, que partiu do Rio Tejo em julho de 1497, dobrou o Cabo da
Boa Esperança, transpôs o Rio Infante, ponto extremo da viagem de Bartolomeu Dias, reconheceu Moçambique, Melinde,
Mombaça e, em maio de 1498, após quase um ano de viagem, chegou a Calicute, na Índia.
A façanha de Vasco da Gama colocou Portugal em contato direto com a região das especiarias, do ouro e das pedras
preciosas e, como conseqüência, a conquista do quase total monopólio de tais produtos na Europa, abalando seriamente o
comércio das repúblicas italianas. A conquista da rota marítima para as Índias assumiu, na época, importância
revolucionária e seus conseqüências imediatas empalideceram até mesmo o maior acontecimento da história moderna das
navegações: o descobrimento da América por Cristóvão Colombo.
18
Documentos emitidos pelos papas de caráter internacional e oficial.
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No domingo de Páscoa, rezou-se a missa e foi decidido mandar ao reino, pela naveta de mantimentos, a notícia do
acontecimento. Nos dias posteriores, os marinheiros ocuparam-se em cortar lenha, lavar roupa e preparar aguada, além de
trocar presentes com os habitantes do lugar. Em 1º de maio, Pedro Álvares Cabral assinalou o lugar onde foi erigida uma
cruz, próximo ao que hoje conhecemos como Rio Mutari. Assentadas as armas reais e erigido o cruzeiro em lugar visível,
foi erguido um altar, onde Frei Henrique de Coimbra celebrou a segunda missa.
No dia 2 de maio, a frota de 11 navios levantou âncoras rumo a Calicute, deixando na praia dois degredados, além de
outros tantos grumetes, se não mais, que desertaram de bordo. Antes de atingirem o Cabo da Boa Esperança, quatro navios
naufragaram e desgarrou-se a nau comandada por Diogo Dias, que percorreu todo o litoral africano, reencontrando a frota
na altura de Cabo Verde, quando esta retornava a Portugal.
Com seis navios, Cabral alcançou à Índia, em setembro de 1500. Em Calicute, as negociações foram difíceis, surgindo
desentendimentos com os indianos, quando portugueses foram mortos em terra (inclusive o escrivão da Armada, Pero Vaz
de Caminha) e o porto bombardeado. Em seguida, a Armada ancorou em Cochim e Cananor, onde foi bem recebida,
abastecendo-se de especiarias antes da viagem de retorno, iniciada no dia 16 de janeiro de 1501. No trajeto de volta, um
navio perdeu-se no regresso e, dos que sobraram da esquadra, cinco retornaram ao reino. Em 23 de junho, a Armada
adentrou o Rio Tejo concluindo sua jornada.
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Em 1501-1502, Américo Vespúcio, um italiano navegando sob a bandeira da Espanha, desceu a costa oriental da
América do Sul chegando talvez à Patagônia. Chamou a nova terra de “Novo Mundo” em 1504. O nome “América” foi
atribuído em 1507 por um cartógrafo alemão (Martin Waldseemuller), em homenagem a Américo Vespúcio. Na época,
Vespúcio calculara a circunferência da Terra com uma diferença de 80 km em relação à medida real de 40 mil km.
Em 1519, Hernán Cortés chegou à costa mexicana, lá encontrando Montezuma II, imperador asteca, que terminou
prisioneiro de Cortés. Mais tarde, Montezuma foi apedrejado pela multidão enfurecida contra os espanhóis, vindo a
falecer. O cerco aos astecas durou até 1521, quando em agosto o Império Asteca ruiu, sendo destruída a cidade de
Tenochtitlán, capital asteca situada às margens de um lago. Cortés faleceu em Sevilha, em 1547, sendo seu corpo
transportado para a cidade do México, em 1629, onde foi enterrado.
Cerca de 1532, Francisco Pizarro comandou uma força espanhola de 180 homens até o Peru, onde encontrou a
civilização inca. Atahualpa, chefe inca, deixou Pizarro entrar no seu território, tendo a cidade de Cajamarca como capital,
situada numa montanha. Pizarro foi recebido por Atahualpa, acompanhado de 4 mil homens, que não aceitou o
cristianismo e a autoridade do rei da Espanha. Atahualpa foi preso, mas ofereceu uma grande quantidade de ouro e prata
pela sua liberdade. No entanto, mesmo assim foi estrangulado em praça pública em julho de 1533. As forças incas
recuaram e os espanhóis avançaram até Cuzco, a segunda capital, de lá seguindo até a atual capital Lima, onde se
estabeleceram.
Em 1513, Vasco Nuñez de Balboa, outro espanhol, ultrapassou o ístmo do Panamá e chegou ao litoral do Oceano
Pacífico. Somente em 1519-1522, com o português Fernão de Magalhães, foi feita a primeira viagem de circum-navegação
da Terra, atravessando o Pacífico e rumando para as Índias.
13 – APROFUNDANDO OS ESTUDOS
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PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Com algumas manhas ou bem à bruta, os portugueses não abriram a outros povos os tratos das costas brasileiras. Terá
mesmo havido a partir de 1516 uma intensificação fiscalizadora da navegação, pelo estabelecimento do que foi chamado a
“capitania do mar”. E em paralelo coma fixação de alguns colonos em terra, com “capitanias em terra”, em que se teriam
ensaiado as primeiras culturas da cana sacarina. Sem grande empenhamento da Corte. Nessa defesa e ensaio de exploração
se enquadram as demoradas expedições de guarda-costas de Cristóvão Jacques: 1516-1519, 1521-1522, 1527-1528. Com
práticas de extrema violência contra quantos foram achados a mercadejar.
Por volta de 1527 se documentava a existência de uma pequena povoação em são Vicente, já com 10 ou 12 casas,
uma delas de pedra com telhado, dispondo de uma torre para assegurar a defesa contra os naturais que lutavam contra a
apropriação de terras pelos portugueses que, entretanto já aí se tinham instalado.
MAGALHÃES, Joaquim Romero. As primeiras impressões. In:
Brasil-brasis: causas notáveis e espantosas (A construção do Brasil. 1500-
1825). Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos
Descobrimentos Portugueses. 2000. p. 19-20.
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Os sobreviventes eram desembarcados e vendidos nos principais portos da colônia, como Salvador, Recife e Rio de
Janeiro, completando-se a ligação entre o centro fornecedor de mão-de-obra (África) e o centro produtor de açúcar
(Brasil), integrados na empresa da colonização metropolitana. Para a Bahia dirigiram-se principalmente os negros
sudaneses, trazidos da Nigéria, Daomé e Costa do Marfim, enquanto os bantos, capturados no Congo, Angola e
Moçambique, iam para Pernambuco, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Atos de rebeldia, como tentativas de assassinato de feitores e senhores, figas e suicídios, acompanhavam a exploração
dos africanos negros. Muitos dos fugitivos que escapavam à recaptura pelos capitães-do-mato organizavam-se em
quilombos, verdadeiras comunidades negras livres. O quilombo de Palmares, em território do atual estado de alagoas, foi
o mais importante deles na resistência à escravidão.
Estabelecido no século XVII, Palmares era uma comunidade auto-suficiente, que produzia gêneros agrícolas para seu
próprio sustento e que chegou a abrigar mais de 20 mil negros fugidos dos engenhos. O sucesso de sua organização era
uma ameaça aos senhores de engenho, pois estimulava o desejo de liberdade e formação de outros quilombos.
Após diversos cercos mal-sucedidos, em 1694, uma expedição sob contrato liderada pelo bandeirante paulista
Domingos Jorge Velho destruiu o que restava do quilombo. Zumbi, o principal líder de Palmares, reorganizou a luta com
os que tinham conseguido fugir, mas foi preso e morto em 20 de novembro de 1695. No Brasil essa data é, atualmente,
consagrada como Dia da Consciência Negra.
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Pernambuco. As condições climáticas favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar, a maior proximidade da metrópole e a
política de povoamento de seu donatário, Duarte Coelho, favoreceram o desenvolvimento da capitania pernambucana.
Tomando como incentivo ao processo colonizador, o sistema de capitanias, no entanto, fracassou. Mesmo sendo
assistidos pelo sistema de governos-gerais, uma forma que a Coroa encontrou de centralizar a administração colonial, o
sistema de capitanias não vingou, especialmente devido à falta de recursos e de interesse dos donatários. O Regimento de
1548, criando o sistema de governos-gerais, reafirmava a autoridade e soberania da Coroa e fortalecia os instrumentos
colonizadores.
O governador-geral tinha muitos poderes, mas muitas obrigações também: deveria neutralizar a ameaça constante dos
indígenas combatendo-os ou fazendo alianças com eles, reprimir os corsários, fundar povoações, construir navios e fortes,
garantir o monopólio real sobre o pau-brasil, incentivar o plantio de cana-de-açúcar, buscar metais preciosos e defender os
colonos. Seus auxiliares, encarregados das finanças, da defesa do local e da justiça, eram, respectivamente, o provedor-
mor, o capitão-mor e o ouvidor-mor.
O primeiro dos governadores-gerais, que estabeleceu em Salvador, na Bahia, a primeira capital do Brasil e governou
de 1549 a 1553, foi Tomé de Souza. Junto com ele, vieram escravos africanos, mulheres e um grupo de jesuítas liderado
por Manuel da Nóbrega, que estabeleceria as primeiras unidades de ensino na colônia, os colégios jesuítas. Durante o seu
governo, deu-se a criação do primeiro bispado no Brasil – a Bahia –, para o qual foi nomeado D. Pedro Fernandes
Sardinha.
O governador seguinte, Duarte da Costa, trouxe consigo para a colônia, em 1553, mais colonos, mulheres e jesuítas.
Entre estes, o padre José de Anchieta, que fundou, juntamente com Nóbrega, em 1554, o colégio de São Paulo, embrião da
atual cidade de São Paulo.
Sua administraçao foi bastante tumultuada pelos atritos entre colonos e jesuítas contrários à escravização de nativos e
ao confisco de suas terras, além de um desentendimento com o bispo Sardinha. No seu governo aconteceu, em 1555, a
invasão de huguenotes franceses ao Rio de Janeiro, onde fundaram uma colônia chamada França Antártica. A aliança entre
nativos e franceses não só concedeu aos últimos expressivas vitórias contra os portugueses, como também atestou a
ineficiência administrativa de Duarte da Costa, logo substituído por outro governador.
As primeiras medidas do sucessor Mem de Sá foram para intensificar os aldeamentos indígenas dos jesuítas, as
“missões”. Sua intenção era ampliar a catequese e reduzir os conflitos entre jesuítas e colonos; favorecer a integração dos
nativos à cultura portuguesa e cristã e defendê-los dos ataques dos colonos que buscavam escravos.
Para os indígenas, além da descaracterização da ordem tribal, com a dominaçao e aculturação, o contato com os
europeus vinha acompanhado por disseminação de doenças desconhecidas para eles. Promovendo uma aproximação com
os jesuítas, a administração de Mem de Sá tentou também restabelecer as boas relações com o bispado: visando à
moralização dos costumes, procurou coibir o jogo, a vadiagem e vícios que se ampliavam entre os colonos.
O governador também procurou expulsar os franceses do Rio de Janeiro. Os jesuítas Nóbrega e Anchieta apoiaram-
no, interferindo junto aos tamoios e provocando o rompimento de sua aliança com os invasores franceses. Os reforços
vindos da metrópole, chefiados por seu sobrinho Estácio de Sá, foram fundamentais para vencer os franceses e expulsá-los
do território colonial.
Junto com Estácio, Mem de Sá fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565, para organizar a
resistência contra os estrangeiros, num dos quais, Estácio de Sá foi mortalmente ferido.
Em 1570, foi nomeado um novo governador-geral para a colônia que, entretanto, não chegou, vítima do ataque de
piratas franceses em alto-mar. Dois anos depois, com 74 anos de idade e bastante doente, Mem de Sá faleceu na Bahia. A
metrópole decidiu, então, dividir a administração da colônia entre dois governadores: D. Luis de Brito, em Salvador, e D.
Antônio Salema, no Rio de Janeiro.
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Para combater as dificuldades econômicas herdadas do período anterior, o novo monarca intensificou a exploração e
reforçou a administração colonial, criando o Conselho Ultramarino. A centralização política colonial e a rigidez
fiscalizadora da metrópole intensificaram-se com a ampliação dos poderes administrativos dos governos-gerais, que
subordinaram colonos e donatários, e a eliminação progressiva das capitanias particulares. Os inúmeros choques entre a
Coroa e os interesses locais semearam as primeiras manifestações contra a autoridade metropolitana.
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EAD – HIS BRA – EX
01) Durante o reinado de D. Dinis (1279-1324), sexto rei de Portugal (primeiro a assinar documentos com nome
completo e, presumidamente, primeiro rei não analfabeto daquele país), iniciativas bastante relevantes foram
adotadas para o fomento da cultura, da agricultura, do comércio e da navegação.
Sobre as medidas de D. Diniz, podemos afirmar que:
a) desestabilizou o tesouro real com os grandes galeões que assaltaram Calicute.
b) admitiu estrangeiros em sua esquadra, pois entendia que as trocas culturais sempre foram importantes para o
desenvolvimento da cultura marítima.
c) fomentou as trocas comerciais com outros países, assinou o primeiro tratado comercial com a Inglaterra, em 1308,
e instituiu a Marinha Real.
d) proibiu a utilização das terras comunais para a construção naval.
e) estabeleceu novos laços políticos com a realeza de Castela.
02) “Em 23 de julho de 1415, cinco dias após o último suspiro da rainha Filipa de Lancaster, a expedição partiu para
a conquista de Ceuta. Era uma frota impressionante, com mais de 200 embarcações...” “...Quase todos os homens a
bordo estavam ‘cruzados’, ou seja, haviam colado cruzes aos uniformes, deixando claro que partiam para uma guerra
santa. De fato, início de julho de 1415, o papa Gregório XII publicara uma bula concedendo ‘absolvição plenária’ a
todos que viessem a morrer naquela tentativa de ‘lavar as mãos no sangue dos infiéis’. Mas apenas oito portugueses
iriam tombar ao longo de um combate desigual” (Eduardo Bueno)
O acontecimento descrito no texto acima representou o marco inicial da
a) expansão marítima portuguesa.
b) guerra de reconquista.
c) luta pela expulsão dos protestantes que viviam em Portugal.
d) participação portuguesa nas Cruzadas.
e) luta contra comerciantes italianos pela reabertura do mar Mediterrâneo.
Cristóvão Colombo.
Sabemos muito pouco sobre as origens de Colombo. Até hoje a sua origem é motivo de controvérsias entre os
pesquisadores. Há que defenda que era espanhol, português, apesar de a maioria dos pesquisadores concordar com a
hipótese de sua origem na cidade italiana de Gênova. No entanto não há dúvida sobre a importância de sua viagem de
1492. Ao contrário dos portugueses, que buscavam atingir as Índias contornando a costa africana, Colombo:
a) planejou atingir o Oeste, onde se encontravam as Índias, viajando no sentido Leste sob autoridade do Rei de
Castela.
b) concentrou suas navegações na parte Norte da América, em busca de uma passagem ao Noroeste para o continente
asiático;
c) planejou atingir o Leste, onde se encontravam as Índias, viajando no sentido Oeste sob autoridade do Rei de
Castela.
d) navegou pelo Oceano Atlântico em direção ao Canal da Mancha e Mar do Norte, seguindo as instruções do Rei de
Portugal;
e) planejou atingir o Leste, onde se encontravam as Índias, viajando no sentido Oeste sob autoridade do Rei de
Portugal.
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04) Os portugueses foram responsáveis pelo descobrimento e exploração do litoral da África e pela chegada dos
primeiros europeus, por via marítima, e por uma nova rota, às índias. Durante as primeiras décadas da expansão
portuguesa o navio empregado foi a caravela.
Marque abaixo a opção que apresenta corretamente as características desse navio.
a) Era um navio leve, dotado de artilharia de tiro rápido e de baixo calibre. Foi importante para derrotar os árabes no
oceano índico sobretudo na batalha naval de Diu.
b) Era um grande navio de guerra, de baixos costados e alta velocidade e muito manobrável, foi decisivo para a
derrota dos turcos no índico.
c) Era dotado de velas latinas. Essas velas são muito boas para navegar quase contra o vento, contribuindo para que
fossem muito úteis na costa da África
d) Era um navio mercante com grandes espaços nos porões para carregar as mercadorias do Oriente. Essa ênfase na
carga, no entanto, fazia com que as naus fossem mal armadas.
e) Era um navio de guerra maior e com mais canhões, para combater turcos no Oriente e corsários e piratas europeus
ou muçulmanos no Atlântico. O galeão foi a verdadeira origem do navio de guerra para emprego no oceano.
05) “Quanto à arte da navegação, deu-se um acontecimento de grande importância no século XIII, que foi a
introdução de um instrumento que já era conhecido pelos chineses, parecendo mesmo que os mongóis já se
orientavam por ela em suas incursões pela Europa. Coube aos árabes servirem de ligação entre o Oriente e a Europa,
apesar de suas contínuas lutas com os cristãos; na época das cruzadas, os europeus devem ter tomado conhecimento
dessa invenção, que, a princípio, foi considerada coisa de feiticeiro. ”
O texto acima, faz referência a um instrumento fundamental para a navegação e que foi decisivo para a expansão
marítimo-comercial europeia a partir do século XV. Estamos falando do (a):
a) Sextante
b) Balestilha
c) Leme de Boreste
d) Astrolábio
e) Bússola
06) A pintura é uma representação da chegada da esquadra de Vasco da Gama a Calicute, em 1498. Em relação às
motivações da expansão marítima portuguesa para as Índias, é correto afirmar que:
a) a ambição dos navegadores portugueses em alcançar as Índias foi motivada, exclusivamente, pelos seus interesses
e curiosidades em descobrir outra natureza e sociedades consideradas fantásticas em comparação com o mundo
miserável e limitado da Europa.
b) o desejo de mercadores e embarcadores portugueses pela descoberta da via marítima para as Índias foi resultado da
insatisfação crescente com a intermediação comercial entre a Europa a África e o oriente, monopolizada pelos
ingleses.
c) como a expansão pelo Atlântico rumo ao sul se tornando possível e lucrativa, o desejo dos portugueses em alcançar
a Índia por mar se tornou ainda mais forte com a Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453.
d) os monarcas, mercadores e aristocratas portugueses incentivaram a expansão marítima, visando única e exclusi-
vamente o lucro e o poder. A religião e o desafio tecnológico da navegação foram apenas pretextos ou justificativas
inexpressivas quando comparadas com a lucratividade das atividades colonizadoras nos litorais africanos e asiáticos.
e) a primeira viagem de Vasco da Gama à Índia não foi muito lucrativa. Sua tentativa de estabelecer relações comer-
ciais com o chefe de Calicute fracassou. A competição entre mercadores e embarcadores pelas conquistas e des-
cobertas marítimas no Atlântico e no litoral africano alimentou a expansão colonial.
QAA/AFN – 2017 2 CURSOASCENSAO.COM.BR
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07) Sobre o Tratado de Tordesilhas, assinado entre o Reino de Portugal e o Reino de Espanha em 7 de junho de 1494
é correto afirmar que:
a) O meridiano original passava a ficar situado a 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde. Os territórios
situados a leste do meridiano pertenceriam a Portugal e os situados a oeste, à Espanha.
b) O meridiano original passava a ficar situado a 100 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde. Os territórios
situados a leste do meridiano pertenceriam a Portugal e os situados a oeste, à Espanha.
c) O meridiano original passava a ficar situado a 370 léguas a leste do arquipélago de Cabo Verde. Os territórios
situados a oeste do meridiano pertenceriam a Portugal e os situados a leste, à Espanha.
d) O meridiano original passava a ficar situado a 100 léguas a leste do arquipélago de Cabo Verde. Os territórios
situados a leste do meridiano pertenceriam a Portugal e os situados a oeste, à Espanha.
e) O meridiano original passava a ficar situado a 100 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde. Os territórios
situados a oeste do meridiano pertenceriam a Portugal e os situados a leste, à Espanha.
08) Entre 1500 e 1530 o Brasil foi colocado em segundo plano na expansão marítimo-comercial Portuguesa. Isso se
deveu ao fato de as riquezas da Ásia se mostrarem, ainda, muito mais atraente para os Portugueses. Nesse período
pré-colonial os portugueses organizaram diferentes expedições para o Brasil.
Marque entre as opções abaixo a que se refere a uma expedição guarda costa, também conhecidas como expedições
militares.
a) Conhecemos bem a expedição do navio Espoir, comandado por Birot Paulmier de Gonneville, que percorreu a
Baía de Todos os Santos, em 1504. Jean Parmentier, francês de Dieppe, velejou do Amazonas ao Prata, por volta de
1525.
b) Durante esse período, andou velejando em nosso litoral o português João Dias de Solís (1515 a 1516) a serviço de
Castela, na tentativa de encontrar uma passagem para as Índias. O mesmo fez outro português (igualmente a serviço
de Castela), Fernão de Magalhães (1519) o qual, tendo permanecido 13 dias na Baía de Guanabara, nos últimos dias
de dezembro, batizou involuntariamente a região com o nome de Rio de Janeiro.
c) Cristóvão Jaques realizou viagens ao longo de nossa costa entre os períodos de 1516 a 1519, 1521 a 1522 e de
1527 a 1528, onde combatendo e reprimindo as atividades do comércio clandestino.
d) Em 1530, Portugal resolveu enviar ao Brasil uma expedição comandada por Martim Afonso de Sousa visando à
ocupação da nova terra. A Armada partiu de Lisboa a 3 de dezembro e era composta por duas naus, um galeão e duas
caravelas que, juntas, conduziam 400 pessoas. Tinha a missão de combater os franceses, que continuavam a
frequentar o litoral e contrabandear o pau-brasil; descobrir terras e explorar rios; e estabelecer núcleos de povoação.
e) Nesse mesmo ano de 1501, ainda foi armada a expedição de João da Nova, sobre a qual pouco sabemos, mas que,
possivelmente, encontrou a Ilha de Ascensão. Em 1502, percorreu a costa Estevão da Gama, tendo achado a Ilha da
Trindade. Entre 1502 e 1503, Fernão de Loronha esteve no Brasil, tendo descoberto a ilha que chamou de São João,
hoje Fernando de Noronha.