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7° Seminário de Transporte e Desenvolvimento Hidroviário Interior

SOBENA HIDROVIÁRIO 2011


Porto Alegre, 5 e 6 de outubro de 2011

A TERCEIRA ONDA DA HIDROVIA BRASILEIRA

José Ademir Menezes Allama – Agência Nacional de Transportes Aquaviário

Resumo:
O presente artigo aborda um tema estratégico para ampliação da competitividade brasileira: a
Hidrovia. Nos 500 anos de história, esse submodal de transportes foi preterido várias vezes.
Inicialmente, foi trocado pelo modal ferroviário e, posteriormente, nas opções pelo rodoviário. Por esse
motivo, desperdiçaram-se grandes oportunidades de conquistar maior desenvolvimento ao país. O
resultado foi a obtenção de uma matriz de transportes de cargas seriamente desequilibrada, que
aumenta o preço do frete, o número de acidentes e polui o meio ambiente. É preciso urgentemente
corrigir essa distorção. Nesse sentido, desenvolveu-se uma analogia da evolução da navegação
verde-amarela com a visão de Alvin Toffler, visionário que classificou as transformações da
humanidade em três ondas. Conclui-se que, também na hidrovia, convivem simultaneamente três
ondas evolutivas e desiguais. Por meio dessa análise é possível revisar seu histórico, conhecer a
situação atual e as perspectivas de mudanças nesse segmento. Possibilita a reflexão e estimula a
ação de atores públicos e privados para equalização desses desníveis, com indicativos de modos de
aproveitamento das potencialidades aquaviárias do país, e, por consequência, busca contribuir de
forma efetiva para colocar o Brasil num lugar de destaque no cenário internacional.

e cultural de diferentes épocas. Esse artigo


1– Introdução apresenta, em três fases distintas, uma visão
histórica do setor, seus avanços, retrocessos e
Seguidamente, ouvimos pessoas potenciais, permitindo melhor compreensão da
manifestando-se sobre os fenômenos das situação atual e das perspectivas de
mudanças enfrentadas pela humanidade. mudanças nesse setor, as quais poderão, num
Segundo Alvin Toffler (1980), escritor e futuro próximo, fazer com que essa
futurista norte-americano, a evolução do modalidade de transporte coloque o Brasil
homem foi marcada por profundas numa posição de destaque no cenário nacional
transformações, as quais ele classificou em e internacional.
três grandes ondas. A fase agrícola, iniciada
há cerca de 10 mil anos, caracterizou a Em que pesem os termos hidrovia, aquavia,
Primeira Onda. A fase industrial, revelada há via navegável, caminho fluvial ou marítimo
mais de três séculos, denominou Segunda serem considerados sinônimos para muitos,
Onda. E mais recentemente, a sociedade pós- vale destacar uma definição mais precisa do
industrial ou sociedade da Informação, termo. Por hidrovia designam-se as vias
descoberta há aproximadamente cinco navegáveis interiores, balizadas, sinalizadas e
décadas, foi denominada a Terceira Onda que oferecem boas condições de segurança
(Toffler, 1980 apud Chaves, 2004). às embarcações, suas cargas, passageiros e
Guardadas as proporções, essa tripulantes e, ainda, oferecem cartas de
introdução permite estabelecer uma analogia navegação (Ministério dos Transportes - MT,
dessas transformações globais com o 2010). Esse texto focaliza, em especial, o tema
processo de desenvolvimento das hidrovias hidrovia, mas aborda também sua intrincada
verde-amarelas. Nesses cinco séculos de relação com aspectos da evolução da
história, é possível identificar também três navegação marítima, de cabotagem, dos
grandes mudanças na navegação brasileira, portos e, ainda, com a indústria naval
as quais provocaram significativas alterações brasileira.
no contexto político, econômico, social, militar
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2 – A primeira Onda utilizados os caminhos fluviais, que formavam


uma malha natural de apoio ao
Inicialmente, pode-se afirmar que a desbravamento. Para o mar, a cabotagem
primeira onda da hidrovia brasileira já estava atlântica permitiu a incorporação de novas
posta antes da chegada da expedição de áreas costeiras e preservou a posse
Cabral. Os colonizadores evidenciaram que a portuguesa de um extenso litoral brasileiro.
navegação praticada pelo nativo brasileiro, em
1500, apresentava características de um uso Essas duas estratégias de navegação
incipiente, mas bem adaptado às suas atenderam necessidades de diferentes ciclos
necessidades, como por exemplo, na pesca, exploratórios, todavia se limitaram às
nas batalhas com outras tribos e no transporte condições tecnológicas e aos interesses
de pessoas e cargas (GEIPOT, 2001). A predominantes de cada época.
conjunção de fatores tais como a densidade
fluvial dos cursos d´água, a farta 3 – A segunda onda
disponibilidade de madeira propícia à
construção naval e a observação de troncos A segunda onda, por sua vez, inicia seu
flutuantes nas águas permitiu, em algum movimento em 1808, a partir de alguns fatos
momento histórico de cada comunidade importantes: a chegada de Dom João VI ao
indígena, a invenção da jangada e da canoa. Brasil, a abertura dos portos às nações amigas
e, alguns anos mais tarde, a introdução da
Nesse contexto, a sociedade pré-cabralina navegação a vapor (Ferreira Neto, 1974, apud
tinha duas opções para sua movimentação: a GEIPOT, 2001). Esses acontecimentos
caminhada, através de trilhas pelas matas e provocaram alterações significativas em
encostas, e a navegação, em águas interiores diferentes contextos da época. A mudança da
ou calmas do Atlântico, nas primitivas família real para o Brasil inverte a lógica
embarcações que possuíam. A despeito da exploratória. A colônia vira reino. A operação
habilidade dos índios para construir suas dos portos brasileiros estimula o
embarcações, o conhecimento do território, de desenvolvimento econômico nacional e o
sua hidrografia e da possibilidade de comércio internacional. Na lâmina da água, a
integração com trilhas terrestres, a navegação máquina a vapor revoluciona o transporte
indígena deu-se de modo limitado. aquaviário, substituindo de modo eficiente o
remo, a vela e o vento. Conquista espaço não
A coroa portuguesa, por sua vez, com uma apenas por tornar as viagens mais curtas, mas
visão predatória da nova colônia, coloca todo o por suportar um maior volume de carga, com
poder e conhecimento naval da época a menor risco de perdas pelo caminho.
serviço da expansão de seus domínios. Ainda
na metade inicial do século XVI, começam a As embarcações a vapor expandem-se
surgir os primeiros estaleiros e portos gradualmente no Império. O tráfico negreiro
brasileiros (Silva, 1949, apud Souza). impulsiona a cabotagem. O crescimento do
fluxo do interior para as regiões costeiras e
A tecnologia naval lusitana foi fundamental entre portos litorâneos exigiu maior nível de
na luta pela soberania do território contra organização política e administrativa da
ataques franceses, espanhóis, holandeses e navegação, que experimentou significativos
para a dinâmica de seu povoamento. Como avanços na sua modernização tecnológica e
artérias para o continente, os jesuítas também institucional. Ainda pairava a preocupação com
usaram a navegação para implantar rio a soberania e a defesa do território. Urgia
adentro muitas de suas missões de catequese, proteger os tesouros verde-amarelos da
na busca por locais menos desprotegidos das cobiça imperialista internacional. A Amazônia
incursões escravizadoras de índios. Era uma era vista como paraíso das matérias-primas,
forma de amenizar um modelo de escravidão aguardando apenas a chegada de raças fortes
que mais tarde, devido a sua ineficiência, viria e decididas a conquistá-la. Tornou-se vital
a ser substituído pelo escravo negro. intensificar a exploração das vias naturais
interiores e dominar a hinterlândia
Nos três séculos que se seguiram ao amazonense e de outras regiões do Brasil.
descobrimento, devido às limitações da Esses fatos impulsionaram a navegação
infraestrutura terrestre disponível, aos riscos e nacional, com destaque para um grande
dificuldades de se aventurar a pé, a ocupação empreendedor brasileiro do século XIX, o
do território se deu, primordialmente, por meio Barão de Mauá.
do transporte aquaviário. Para o interior foram
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Ao final do período imperial, estava quase imigrantes atendeu aos objetivos de substituir
completa a transformação da frota mercante a força de trabalho escravo, agora livre, pelo
para a propulsão a vapor. As estruturas como trabalho assalariado, e de promover a
capitanias dos portos, repartições de faróis e ocupação do território.
hidrográficas já eram atuantes. A política
imperial de concessões possibilitou a criação No início do século XX, é criado o Ministério
de inúmeras empresas de navegação em de Viação e Obras Públicas – MVOP. Nessa
diversas bacias hidrográficas brasileiras, época, ocorre um fato marcante para a
algumas das quais subsistiram à concorrência hidrovia e para o intermodalismo dos
de armadores estrangeiros (GEIPOT, 2001). transportes. Trata-se da insólita obra da
ferrovia Madeira-Mamoré. Famosa pelo
Por outro lado, o incremento do tráfego naval e número de pessoas que morreram vencidas
portuário expôs as fragilidades da pelos mosquitos e outras mazelas da selva
infraestrutura do setor. Havia grande demanda amazônica e também por ter levado à falência
por pessoal especializado na navegação a o industrial norte-americano Percival Farquhar.
vapor. A guerra do Paraguai impulsionou a Com o objetivo de preservar a soberania na
marinha nacional. A Marinha de guerra serviu região e, de quebra, dinamizar a navegação
como fonte principal de formação técnica para nos rios da Amazônia, o governo brasileiro
a Marinha mercante. pagou a construção desta ferrovia, em
decorrência do acordo Brasil-Bolívia pela
Na primeira República, os governos negociação de terras (Tratado de Petrópolis de
buscam a reorganização econômica e 1903) que hoje compõem o Estado do Acre
infraestrutural do setor hidroviário e surge o (MRE, 1904).
primeiro plano oficial integrado de transportes,
com uma visão de aproveitamento de grandes A estrada de ferro, disposta na selva entre
rios nacionais como vias naturais de os dois rios que lhe deram o nome,
navegação fluvial. Entre eles, o Rio São proporcionaria à Bolívia uma saída estratégica
Francisco, os sistemas Araguaia-Tocantins e para o Atlântico, por meio de rios brasileiros,
Guaporé-Madeira. Previam-se articulações abrindo as portas de sua economia para o
com as malhas ferroviárias norte-nordeste e comércio internacional. Após cinco anos de
centro-sul. Todavia, o auge da ferrovia árduos esforços e percalços, em 1912, a obra
influencia esse planejamento e substitui as foi finalizada. Porém, até mesmo a
interconexões fluviais por novas linhas férreas inauguração do empreendimento foi ofuscada
(Coimbra,1974, apud GEIPOT, 2001). Uma pela conclusão conjunta com outra grande
ação com resultados duvidosos, uma vez que obra da época: o Canal do Panamá. Além das
os trilhos apresentavam bitolas de tamanhos vidas que se perderam, o projeto da ferrovia
variados, seguiam os caminhos do açúcar e do “afundou”, juntamente com a perspectiva de
café, muitas vezes tortuosos e isolados, sem expansão das hidrovias amazônicas (Governo
muita integração entre si ou mesmo com do RS, 2010).
outros modais. Também nesse período,
começam a entrar no país os primeiros Por outro lado, a navegação costeira e
automóveis. Um fato que, mais tarde, viria a se oceânica “ia a todo o vapor”. Vivia-se uma fase
constituir no pivô de um processo de de “glamour” nas viagens transatlânticas, com
reorientação das políticas públicas de as noites de gala e a vida ociosa a bordo de
transportes. navios que faziam linhas regulares para
Europa e outros destinos do globo. Todavia, as
Em paralelo, a navegação de cabotagem e guerras mundiais abalaram profundamente
de longo curso se desenvolvera bastante nas esse período de ouro. A Marinha mercante foi
últimas décadas, mas ainda necessitava de bastante reduzida em função dos confrontos.
capital para o crescimento e ampliação dos Várias embarcações foram torpedeadas e
serviços. Com os altos e baixos enfrentados afundadas por submarinos alemães, o que
pelas empresas de navegação, o Estado precipitou a entrada do Brasil no segundo
brasileiro decide investir numa grande conflito bélico internacional.
organização denominada Lloyd Brasileiro.
Também surgia a Companhia Nacional de No começo da década de 30, a situação da
Navegação Costeira, fundada por Henrique navegação não era melhor que a da ferrovia. A
Lage, outro grande empreendedor brasileiro. A grande empresa mercante, o Lloyd Brasileiro,
navegação marítima permitiu a imigração de apresentava a frota e a administração bastante
europeus e asiáticos. A chegada dos deteriorada. Muitos portos apresentavam

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sérios problemas de assoreamento, falta de Na amazônia, o desenvolvimento regional


área de cais e de equipamentos para permaneceu dependente do transporte
movimentação das cargas. Tais dificuldades aquaviário de passageiros e de cargas. Nas
geraram a construção de terminais portuários demais regiões, outras hidrovias resistiam
dedicados a produtos específicos, com a bravamente, a exemplo das Hidrovias do Sul,
finalidade de reduzir custos e agilizar a do Sudeste e do Nordeste, mas sem muitos
movimentação dessas cargas. O quadro da avanços e com tendência à estagnação e ao
navegação interior não era diferente e desaparecimento.
apresentava alguma vitalidade apenas na
bacia Amazônica, no São Francisco e na bacia Nos anos 60, a crise política interrompe o
do Prata. processo de rápido crescimento
experimentado na década anterior. A inflação
Para amenizar a situação, o governo e a perspectiva de tomada do poder pela
acabara de criar o Departamento Nacional de esquerda provocaram uma reação dos grupos
Portos e Navegação – DNPN, resultante da políticos dominantes e a implantação do
fusão das inspetorias de portos, rios e canais e regime militar. Os sindicatos de classes,
da federação da navegação. Foram criados cientes do seu poder de pressão, em especial,
também o DNER e DNEF, de estradas de nos portos organizados, ampliavam suas
rodagem e de ferro e a Comissão da Marinha reivindicações, ameaçando com greves.
Mercante – CMM, a qual, posteriormente, viria Desse modo, conquistaram vantagens
a se transformar na Superintendência Nacional diferenciadas em relação a outras categorias.
de Marinha Mercante - SUNAMAM. Em 1934, Os planos de desenvolvimento que se
foi promulgado o Plano Nacional de Viação – seguiram trouxeram propostas relevantes ao
PNV. Quase ao final da década, é criado o setor aquaviário como um todo, incluindo a
Departamento Administrativo do Serviço navegação de longo curso, a cabotagem, a
Público – DASP, com a missão de reestruturar navegação interior e, em especial, o setor
os órgãos da administração pública, na busca portuário e a indústria da construção naval.
pelo aperfeiçoamento do aparelho do Estado.
Em 1963, o DNPN virou autarquia federal,
A era Vargas do pós-guerra caracterizou-se mudando o nome para Departamento Nacional
por uma atuação fortemente intervencionista. de Portos e Vias Navegáveis – DNPVN. Em
Na infraestrutura, destaca-se a implantação do 1967, ocorre outra importante reestruturação
conjunto de programas do Plano SALTE administrativa da máquina pública.
(Saúde, Alimentação, Transportes e Energia).
Todavia, no setor de transportes suas ações Foram criados novos órgãos e entidades
se limitaram a reformular leis e executar obras com a finalidade de reorganizar a ação do
de melhorias. Nessa época, a área portuária já Estado. Entre eles, o Ministério dos
contava com 22 portos estruturados. Na Transportes e diversas autarquias e
sequência, o governo desenvolvimentista de sociedades de economia mista, tais como
JK acelera o processo de crescimento do país, companhias de navegação, companhias
com seu programa de 31 metas. Entre outras, Docas e empresas de serviços de navegação,
previa investimentos no setor ferroviário, em com o leque de atuação em diferentes regiões
serviços portuários e na Marinha mercante. No do país. É criado também o GEIPOT – Grupo
entanto, o rodoviarismo rouba a cena e de Executivo para Integração de Políticas de
influencia fortemente as políticas públicas. Transportes, como entidade de apoio ao
Toda a atenção vai para a indústria planejamento do setor.
automobilística, o que provoca uma expansão
significativa da malha rodoviária brasileira. Na década de 70, os Planos Nacionais de
Esse fato representou um sério golpe nos Desenvolvimento (PND I e II) dão continuidade
planos dos modais ferroviário e aquaviário. aos investimentos na infraestrutura. A
Ainda assim, o programa de metas direcionou operacionalização do “milagre econômico” não
recursos aos portos, para a expansão de cais podia prescindir do crescimento e
e instalações portuárias, a aquisição de novos modernidade do setor aquaviário. As linhas e
equipamentos de movimentação de cargas e a diretrizes desses planos consistiram na
construção de canais de acesso. expansão, modernização e reaparelhamento
dos portos; construção de terminais
De outra parte, a despeito da falta de especializados e de portos fluviais; introdução
prioridade nos investimentos, a navegação de novas figuras institucionais no setor;
fluvial subsistiu em algumas regiões do Brasil. elaboração de estudos técnicos, de viabilidade

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e engenharia, além de outros. A navegação setor, criando-se uma espécie de “apagão


interior recebeu investimentos em portos, hidro-naval-portuário”, com efeitos deletérios
eclusas e melhorias na infraestrutura ao modal aquaviário. Por outro lado, a
hidroviária em várias regiões. Apesar desses expansão da fronteira agrícola para o Centro-
investimentos, nos anos 70, consolidou-se o oeste, Norte e Nordeste e o crescimento da
modelo “rodoviarista”. mineração colocam novamente em cena a
necessidade de alternativas de transporte de
Surge um novo Plano Nacional de Viação – baixo custo para escoamento de produtos,
PNV (Lei Federal nº 5.917,1973) que consistiu principalmente, os destinados ao comércio
num desenho dos sistemas de transportes do externo. Surge a discussão do processo
país. No hidroviário, trouxe uma relação denominado corredores de exportação, o qual
descritiva das vias navegáveis interiores. Entre propõe investimentos na infraestrutura e na
essas, hoje se destacam: a hidrovia do logística de transportes, com destaque para
Madeira, ligando Porto velho/RO até uso da hidrovia como solução estratégica para
Itacoatiara/AM (1.056 km); a hidrovia do São o resgate da competitividade brasileira.
Francisco, de Pirapora/MG a Juazeiro/BA
(1.371 km); a hidrovia Tietê-Paraná, ligando Além disso, a indústria petrolífera, as
Conchas/SP a São Simão/GO (2.400 km); a perspectivas do pré-sal, dos biocombustíveis,
hidrovia Tocantins-Araguaia (2.250 km); a da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas
hidrovia Paraguai-Paraná (3.442 km) e a de 2016 impõem a reconfiguração e
hidrovia do Sul (930 km). aperfeiçoamento do modal aquaviário no país.
Nesse contexto, a segunda onda da hidrovia
Em 1976, o DNPVN foi substituído pela encerrou o século XX enfrentando problemas
Empresa de Portos do Brasil - PORTOBRÁS, tão grandes quanto os desafios que se
a quem foi delegada as atribuições apresentam.
relacionadas com as hidrovias.
Posteriormente, essa empresa assume a 4 – A terceira onda
gestão das Administrações Hidroviárias das
bacias do país: a do Paraguai – AHIPAR; do A terceira onda da hidrovia brasileira não é
Tocantins/Araguaia – AHITAR; da Amazônia um tsunami. Diferentemente do impacto dos
Oriental – AHIMOR; da Amazônia Ocidental – fatos que marcaram o surgimento da segunda
AHIMOC; do São Francisco – AHSFRA; do onda, a terceira fase é ainda embrionária.
Nordeste – AHINOR; do Sul – AHSUL; do Porém, já se percebe um movimento diferente,
Paraná – AHRANA (PORTOBRAS, 1988). impulsionado pela combinação de múltiplos
Graças a iniciativas de dinamização regional, fatores. Entre eles, destacam-se: o
em especial, nas bacias do Sul e do Sudeste, estabelecimento de marcos legais relevantes;
algumas vias navegáveis tornaram-se atrativas a força dos vetores que influenciam a
para o transporte de cargas, atendendo à economia brasileira; a retomada do
produção agrícola e industrial, mas ainda planejamento de médio e longo prazo para o
enfrentando inúmeras dificuldades. Estado; o fortalecimento da transparência e do
controle social na administração pública; as
Os investimentos das décadas de 60 e 70 ações de regulação do setor e de fomento do
no setor aquaviário levaram a indústria naval transporte aquaviário, com sensibilização de
brasileira, no início dos anos 80, ao segundo atores ligados às áreas de infraestrutura e, por
lugar no ranking mundial, atrás apenas do fim, o esforço para ruptura de paradigmas que
Japão (SINAVAL, 2010). No entanto, a crise formaram a cultura vigente nesses setores
fiscal e financeira que sobreveio afetou (ANTAQ, 2009).
seriamente o país como um todo, provocando
estagnação e, até mesmo, desinvestimentos Pode-se dizer que esse embrião tem início
em vários setores da infraestrutura. Perdeu-se na Constituição Federal de 1988 e no
a competitividade internacional nesse desdobramento de um arcabouço jurídico-
segmento. A SUNAMAM foi extinta em 1989. institucional direcionado à reorganização
produtiva do Estado. Esse conjunto de
Nos anos 90, a desestatização e a legislações e instituições, constituídas ou
liberalização recaem sobre o setor de reformuladas nas duas últimas décadas, tem
transportes. Muitos órgãos são desarticulados promovido significativas transformações na
e empresas extintas, entre elas a infraestrutura brasileira. Nesse sentido,
PORTOBRÁS e o GEIPOT. Tais ações despontam as seguintes leis: a de
produziram um vazio político-institucional do modernização dos Portos (Lei Federal nº

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8.630, 1993), a de concessões (Lei Federal nº bastante para abrir mão de um status e invadir
8.987, 1995), a das águas (Lei Federal nº o futuro em busca de um adicional
9.433, 1997), a do petróleo (Lei Federal nº compensador. A única maneira de gerar
9478, 1997)e as de criação de Agências confiança na ponte que separa as duas
Reguladoras Federais, entre outras. Após a situações é envolver e comprometer, em sua
virada do século XXI, citam-se ainda, em concepção e construção, as pessoas que
especial, as leis de criação da Agência precisam atravessá-la.
Nacional de Transportes Aquaviários -
ANTAQ, (Lei Federal nº 10.233, 2001), e da No aspecto da participação e controle
Secretaria Especial de Portos - SEP, (Lei social na regulação vale ressaltar a
Federal nº 11.518, 2007). Tais diplomas intensificação do uso e fortalecimento dos
constituem marcos fundamentais para setores institutos de consultas, audiências públicas,
estratégicos. ouvidorias e outras estruturas de proteção aos
usuários dos serviços públicos. Tais
Da análise dos referidos fatores são mecanismos ampliam as possibilidades de
evidenciadas contribuições importantes. No acesso do cidadão e da sociedade organizada
caso dos vetores do desenvolvimento, verifica- aos processos regulatórios, cujos canais,
se a influência de diversos aspectos positivos, virtuais ou presenciais, devem ser cada vez
entre os quais a estabilidade institucional e mais transparentes e democráticos.
econômica do país, o crescimento da corrente
de comércio nacional e internacional, a No que se refere às ações regulatórias, há
demanda por uma infraestrutura portuária e que se destacar o esforço da ANTAQ na
hidroviária com serviços de qualidade e de elaboração de normas e na fiscalização de
custo reduzido, maior rigor no trato das temas sensíveis do setor, a exemplo do
questões ambientais e usuários mais transporte de passageiros, de cargas, de
exigentes quanto à qualidade dos serviços instalações portuárias públicas, de estações
públicos prestados. de transbordo de cargas, de arrendamentos
em portos públicos e terminais privativos, entre
Na questão do planejamento, a visão de outros. Tais ações necessitam ser
Estado começa a sobrepor-se a de governos e intensificadas, em conformidade com sua
substitui a cultura do “imediatismo” da gestão missão precípua de cumprir e fazer cumprir a
pela definição de planos de médio e longo legislação.
prazo. Como exemplos, têm-se o Programa
Nacional de Logística e Transportes – PNLT e Nesse contexto, analisando-se a questão
os Programas de Aceleração do Crescimento do conflito de interesses a partir da figura do
– PAC I e II. Nesse trilhar, o PNLT apresenta “triângulo da regulação“ é fundamental o
uma visão de futuro para um Brasil em três posicionamento da ANTAQ ao centro e
tempos 2007, 2015 e 2022. Propõe equidistante dos seus polos, constituídos pelos
intervenções públicas e privadas na operadores e prestadores dos serviços, numa
infraestrutura e na organização dos das três pontas, pelos usuários e
transportes, com orientação à intermodalidade consumidores finais numa outra extremidade
e racionalidade da matriz de transportes. e, por fim, pelos órgãos de Governo, na
condição de Poder Concedente da exploração
Por sua vez, os programas de aceleração das atividades portuárias e aquaviária. Nessa
prevêem investimentos pesados em diversos configuração, cabe a Agência harmonizar,
setores. Na área de transportes, os planos preservado o interesse público, os interesses
contemplam a expansão das malhas entre regulados e usuários, com atenção
rodoviárias e ferroviárias e sua integração com especial ao caráter hipossuficiente deste
portos, hidrovias e aeroportos (MT, 2010). último. A lei também lhe determina a atribuição
de impedir situações que configurem
Quando se fala em planejamento competição imperfeita ou mesmo infrações da
estratégico vale considerar uma premissa ordem econômica.
denominada Ponte das Mudanças. Com base
nessa idéia, o planejamento de uma mudança Em relação às ações para desenvolvimento
se dá quando um grupo, órgão ou empresa do setor, vale destacar as iniciativas da
imagina uma situação desejada e que, por ser Agência para sensibilizar atores públicos e
diferente da atual, exige a construção de uma privados sobre o potencial aquaviário do Brasil,
ponte entre as duas. Para atravessá-la, as traduzidas na realização de seminários
pessoas envolvidas precisam confiar nela o nacionais e internacionais (ANTAQ, 2009).

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Para a troca de experiências externas foram transporte irracional e ineficiente, gerando uma
escolhidos países com adiantado nível de matriz de transporte de cargas que drena
desenvolvimento tecnológico, econômico e competitividade do produto brasileiro. Eleva o
ambiental no uso de hidrovias, a exemplo da frete e, a cada ano, milhares de vítimas,
Holanda, Bélgica e EUA. muitas delas fatais, engrossam as estatísticas
de acidentes rodoviários. As cifras consumidas
No plano interno, os eventos têm buscado o no atendimento, tratamento e recuperação
envolvimento de partes interessadas da desses acidentados poderiam ser direcionadas
sociedade nas áreas de influência das para reforçar os ainda limitados investimentos
hidrovias brasileiras, de representantes das em políticas públicas setoriais.
três esferas de governo e de entidades da
administração pública. Tais fóruns abrem Apesar da resistência de décadas, essa
espaço para a reflexão, discussão e adoção visão começa a dar espaço à ideia de que os
das melhores práticas de aproveitamento modais não são excludentes e devem ser
destes potenciais, ampliando a visão dos pensados com base em conceitos de
formuladores de políticas públicas, de complementaridade e integração. Tais
autoridades, de investidores, de reguladores, conceitos passam a nortear o planejamento no
de entidades não governamentais e da setor de transportes, direcionando esforços
sociedade em geral. para adequação e expansão dos sistemas
viários existentes.
Na linha da ruptura de paradigmas, é
importante destacar a Lei das Águas, por dar Por esse ângulo, o modal rodoviário é
ênfase ao princípio de que a gestão e o colocado em seu devido lugar, ou seja, no
planejamento dos recursos hídricos no Brasil carregamento e distribuição de ponta, nos
devem ser feitos sob o prisma do uso múltiplo. terminais de integração e transbordo, no
Esta nova ótica se opõe ao predomínio dos transporte de cargas de maior valor específico
empreendimentos hidrelétricos sobre as a distâncias pequenas e médias e, na
demais formas de utilização da água, e busca distribuição urbana e metropolitana. Nessa
harmonizar os vários interesses a partir da nova cultura, resgata-se a prioridade e a
integração de políticas setoriais (ANA, 2005). importância dos modais ferroviário e
aquaviário. Sabe-se que, comparativamente, o
Desse modo, começa-se a romper uma transporte sobre a água é o mais econômico e
cultura que, via de regra, desconsiderava o sustentável entre todos os meios. Apresenta
potencial de outras aplicações da bacia, a maior capacidade de carga, manutenção mais
exemplo do transporte hidroviário, da migração barata, vida útil mais longa. Uma embarcação
de peixes, da irrigação e de outros. carregada na hidrovia pode significar centenas
de caminhões a menos na rodovia, reduzindo
Essa discussão vem amadurecendo e já a poluição e os acidentes.
permeia diversas instituições por meio de
projeto de lei em tramitação no Congresso Todos esses fatores, combinados, moldam
Nacional (Projeto de Lei 3009-B, 1997). Se um ambiente favorável ao desenvolvimento
aprovada, a lei tornará obrigatória a avaliação dessa nova onda, no qual já se percebe um
prévia do potencial de navegação no recurso novo modo de ver e priorizar o modal
hídrico nos estudos de empreendimentos aquaviário. Vale citar que 2010 foi eleito o “ano
hidrelétricos. A finalidade é estabelecer das hidrovias” por autoridades do Ministério
medidas mitigadoras à construção de dos Transportes (Alerta em Rede, 2010). No
barragens, a exemplo da instalação de eclusas entanto, apesar desse cenário, ainda não se
para transpor desníveis nos rios, de modo a vislumbrou um fato concreto, um marco
não inviabilizar o transporte hidroviário, além significativo que demonstre a evolução para
de outros mecanismos de proteção da fauna. um novo patamar. Surge, então, o
Vale ressaltar que a obra de uma eclusa, questionamento acerca do que poderia ser
quando planejada e executada em conjunto caracterizado como a “terceira onda da
com o empreendimento hidrelétrico, torna-se hidrovia”? Essa resposta está imbricada com
significativamente mais econômica. uma pergunta que não quer calar: Por que um
país continental, que possui 29 mil quilômetros
Ainda nessa linha, outro paradigma que de vias naturalmente navegáveis, com a
precisa ser rompido refere-se ao predomínio possibilidade de extensão para 63 mil km, se
do “rodoviarismo” sobre os outros modais. incluídas as águas flúvio-lacustre, aproveita
Essa ênfase criou uma infraestrutura de economicamente apenas 13 mil km ?

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Pode-se dizer que a terceira onda orçamentos de investimentos, em relação


representa o “estado da arte” na hidrovia, aos demais meios de transporte;
caracterizada por vários aspectos, tais como:
k) Regulação adequada do setor, por meio de
a) Matriz de transporte de cargas equilibrada e marcos regulatórios estáveis, que
infra-estrutura logística integrada por promovam a transparência, o controle
diversos modais, ou seja, com interconexão social e assegurem a modicidade da
da malha rodoviária, ferroviária e aquaviária remuneração pelo serviço público prestado,
com portos organizados, estações de o retorno do investimento e a harmonia nos
transbordo e instalações portuárias; interesses de regulados e usuários dos
serviços.
b) Estradas d´água evoluídas e bem
aproveitadas, em termos de sistemas e De outra parte, a despeito da complexidade
infraestrutura de navegação, numa relação da segunda pergunta, a resposta é simples. A
ótima entre oferta e demanda de matriz brasileira de transporte desenvolveu-se
embarcações e volume de cargas e/ou de forma distorcida. Urge corrigir essa
passageiros, tanto na ida quanto na viagem situação e já existem projetos e ações
de volta; concretas para ampliar o uso das vias
navegáveis e alcançar esse novo estágio da
c) Infraestrutura hidroviária bem projetada, hidrovia. No que tange a esse objetivo, o
balizadas e sinalizadas, com cartas PNLT tem orientado os planos no eixo de
náuticas atuais e/ou eletrônicas, a fim de transportes e propõe, para o horizonte de 15
que a embarcação ou comboio possa anos, solucionar o grave desequilíbrio entre os
navegar sem obstáculos de largura ou modais de transporte de cargas do país.
profundidade; Nessa perspectiva, o modal rodoviário deixa o
ineficiente patamar de 58% de movimentação
d) Embarcações modernas e adequadas às da carga brasileira e passa a responder por
características da hidrovia, autopropelidas apenas 33% do total. Em paralelo, o ferroviário
ou com empurradores, que apresentem avança 7%, colocando sobre trilhos 32% do
uma hidrodinâmica avançada, com volume das cargas. Mas o grande salto da
aproveitamento ótimo da lâmina de água; matriz fica a cargo do modal aquaviário, que
sai do subutilizado potencial de 13% para o
e) Instalações portuárias adequadas ao patamar estratégico de 29% da movimentação
embarque e desembarque de passageiros e total das cargas nacionais (Costa, 2010).
embarcações seguras e confortáveis;
Por sua vez, os planos e programas já
f) Eclusas com plena capacidade operacional finalizados ou em desenvolvimento são
para a transposição dos desníveis; evidências do esforço brasileiro para alterar
essa realidade e avançar em direção ao novo
g) Embarcações de casco metálico, rápidas e patamar da hidrovia. Um exemplo inequívoco
com boa capacidade de manobras para desse esforço foi a conclusão das eclusas de
aproveitamento máximo das características transposição do desnível da barragem de
físicas dos cursos de água; Tucuruí, no rio Tocantins, no final de 2010.

h) Empresários e tripulação cientes e Passados 30 anos do início de sua


capacitados acerca dos impactos construção, a envergadura dessa obra
ambientais das embarcações e cargas representa um divisor de águas de um novo
transportadas, bem como dos cuidados tempo da hidrovia, servindo de referência para
necessários à preservação dos novos projetos e iniciativas similares. Quiçá,
ecossistemas; desponte como um dos marcos da mudança
para essa nova onda. Nessa construção e em
i) Usuários e passageiros conscientes e outras ações do PAC 1 foram previstos
exigentes quanto aos itens de segurança, recursos na ordem de R$ 1,2 bilhões.
de prevenção de acidentes e de danos
ambientais; Para o PAC 2, os investimentos hidroviários
mais que dobraram. Até 2014, os valores
j) Modal aquaviário tratado com equidade no previstos para dragagens, derrocamentos,
planejamento, na implementação de sinalização, construção de terminais de cargas
políticas públicas de infraestrutura e nos e passageiros e para a realização de estudos
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alcançam a cifra de R$ 2,7 Bi. Se considerado anualmente. Nessas condições, têm-se a


o orçamento total do setor aquaviário, Hidrovia Paraná-Tietê e a Hidrovia do Sul. A
incluindo as melhorias na infraestrutura primeira atende a uma rica região aglutinadora
portuária e na logística de interconexão de de mais da metade do PIB nacional, enquanto
modais, os valores chegam R$ 7 Bi. Ainda é que a segunda, além de dispor de um eficiente
pouco, mas pode-se afirmar que na história sistema de eclusas operantes, possui
das hidrovias brasileiras nunca houve mecanismos nas barragens que facilitam a
investimentos dessa grandeza. E os esforços “piracema” (migração de peixes).
empreendidos nas estratégias dessas
próximas duas décadas serão determinantes De modo geral, vale frisar que as hidrovias
para se alcançar a modernidade almejada, não brasileiras ainda estão longe do uso de seu
apenas na hidrovia, mas em todo o modal potencial pleno ou mesmo do que se busca
aquaviário. como “estado da arte” da navegação. Todavia,
com a correta articulação dos vários aspectos
Importante ressaltar também que os referidos desta nova onda, conjugados com a
investimentos na infraestrutura de transportes utilização de tecnologias navais modernas e
contribuem para o processo de integração com o aproveitamento de melhores práticas de
americana, à medida que ampliam as uso múltiplo das águas, é possível reduzir o
possibilidades de trocas comerciais, desnível entre os estágios das vias navegáveis
intercâmbio cultural e social entre o Brasil e do país e fazer com que os potenciais
seus vizinhos, próximos e mais distantes, e hidrográficos brasileiros alcancem mais
fortalece a convergência de interesses desses rapidamente a posição de “hidrovias da
países na construção de um espaço comum terceira onda”.
de prosperidade.
Nessa perspectiva, quanto mais evoluído
5 – Conclusão for o setor aquaviário, maior e mais efetiva
será a sua contribuição para consecução das
Finalizada a caracterização das três metas econômicas, sociais e ecológicas do
grandes ondas, conclui-se que, após 500 país, rumo ao desenvolvimento sustentável.
anos, esses movimentos não são isolados. Por fim, é fundamental ampliar o
Pelo contrário, convivem concomitantemente. conhecimento de formadores de opinião, dos
Dessa forma, é possível perceber em tomadores de decisão, dos agentes técnicos,
determinadas localidades uma navegação políticos, empreendedores privados e outros
típica da “primeira onda”, com o uso de atores da acerca da importância do tema
embarcações quase primitivas, a exemplo da hidrovia para a sociedade, especialmente, no
praticada por tribos indígenas em vários momento favorável que o país vive
Estados do país. Indo além, verificam-se atualmente.
regiões onde a navegação evoluiu para um
patamar enquadrável como “segunda onda”.
Todavia, ainda apresentam um nível aquém de
6 – Referência Bibliográfica
suas possibilidades, em função dos obstáculos
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