CIÊNCIAS HUMANAS E

SOCIAIS APLICADAS

5
MANUAL DO PROFESSOR

ensino médio

EIXO
A FORMAÇÃO DO BRASIL
O Eixo 5 está dividido em quatro capítulos, cada um cobrindo
uma etapa do período inicial de formação do Brasil, um processo
que começou com as grades navegações e que culminou com a
ocupação do continente americano por diversas nações europeias.
Será focado, então, o desenvolvimento dos impérios coloniais e as
formas de organização políticas e econômicas desses estados. Será
importante também, a discussão sobre o que significou este processo
para as populações indígenas que habitavam as Américas e para os
povos africanos, vítimas do tráfico de escravos, tratado em detalhes
no último capítulo.
A imagem de abertura do eixo, além de situar o estudante em
um período histórico decisivo para a configuração atual do planeta,
transmite uma ideia que percorre todo o caderno: a da transforma-
ção das visões de mundo. Vemos nela que, ao mesmo tempo em que
ideias antigas, como a da terra plana, foram abandonadas, ainda exis-
tia muito a ser descoberto, o que fica claro pelo formato impreciso
dos continentes. Tal mudança é fruto do desenvolvimento da ciência,
da filosofia e das tecnologias. Da mesma forma, modos de pensar que
hoje em dia estão, ou deveriam estar ultrapassados foram utilizados
para legitimar a conquista de territórios e diversas outras formas de
violência contra populações e nações.
Portanto, o professor deve ganhar familiaridade com o conteúdo
geral do caderno, para que crie as condições mínimas de escuta e
compreensão junto aos alunos. É indispensável, também, estabelecer
para si uma espécie de fio condutor das aulas, fio este que deverá ser
partilhada com os alunos. Ou seja, para que a abertura do eixo possa
ser trabalhada da melhor maneira possível, é aconselhável que os
docentes responsáveis pelo curso tenham o cuidado inicial de mos-
trar que as aulas não despontarão como narrativas avulsas, mas que
cada aula será como uma peça de um quebra-cabeça, cujas partes
ganharão seu sentido quando integradas em um todo coeso.
Competências
C1 - Compreender processos históricos, sociais e geográficos nos
diversos aspectos da vida em sociedade.
C4 - Analisar dados e informações referentes aos aspectos
políticos, econômicos, sociais e culturais da sociedade
contemporânea.
Habilidades
H3 - Compreender as relações de poder entre os diversos grupos
sociais.
H4 - Compreender mudanças e permanências ao longo do tempo
na constituição da sociedade
H5 - Analisar criticamente os aspectos políticos, econômicos e
sociais relacionados à formação da sociedade no Brasil e no mundo.
H21 - Identificar manifestações de indivíduos e grupos sociais nos
diferentes contextos ao longo do tempo
2 Manual do Professor
1 DESCOBRIMENTOS
Objetos de conhecimento
As grandes navegações; as rotas de comércio no tempo dos
descobrimentos; as rotas alternativas; os portugueses vão ao mar;
a Escola de Sagres; a tecnologia náutica; as primeiras expedições; no
extremo sul da África; os espanhóis chegam à América; o Tratado de
Tordesilhas; a caminho das Índias.
Objetivos específicos do capítulo
▶ Identificar os agentes sociais e os interesses que serviram de con-
dição de possibilidade para as Grandes Navegações.
▶ Mapear os aparatos técnicos e os demais esforços envolvidos na
conquista do Atlântico.
▶ Acompanhar as consequências das Grandes Navegações, sobre-
tudo após o desembarque dos europeus nas Índias e no conti-
nente americano.
▶ Compreender a participação dos nascentes Estados Nacionais.
ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES
▶ Para construir – página 14
1 Também conhecido pelo nome de mar Tenebroso, os europeus acre-
ditavam que o oceano possuía um limite, representado por enormes
abismos.
2 A Escola de Sagres criou as condições de possibilidade para o avanço
da ciência náutica, ciência que permitiu que os navegadores portu-
gueses se orientassem com mais precisão e segurança pelos mares.
3 Interpretada por Gilberto Gil e Caetano Veloso, a música “As três carave-
las” faz parte das muitas canções que emergiram no contexto do mo-
vimento estético denominado “Tropicalismo”. Por meio da referência
à chegada de Colombo na América, em 1492, os sobreditos músicos
faziam uma crítica ao discurso ufanista dos militares brasileiros.
6 A questão faz referência ao deslocamento de povos desde a antigui-
dade até às Grandes Navegações. A penúltima assertiva está incorreta,
pois a classe que mais apoiou as grandes navegações foi a burguesia
que financiava estas viagens. A última assertiva também está incorreta.
As guerras religiosas ocorreram com muita intensidade na Inglaterra e
França e não na Península Ibérica.
7 A assertiva [III] está incorreta. Com as grandes navegações ocorreu a
transferência do eixo econômico do Mediterrâneo para o atlântico de-
vido as novas rotas marítimas. Neste contexto histórico estava surgin-
do a política econômica denominado Mercantilismo que tinha como
objetivo angariar recursos para os Estados Nacionais Modernos. No
campo cultural, estava em curso o Renascimento Cultural que questio-
nava paradigmas e valorizava a descoberta de explicações ancoradas
no racionalismo e no empirismo.
8 A belíssima poesia do poeta português Fernando Pessoa faz uma re-
flexão interessante sobre as “Grandes Navegações” que ocorreram ao
longo do século XV e que Portugal foi pioneiro. O poeta Camões no
 século XV enalteceu o feito dos portugueses nas Grandes Navega-
ções. Foi o auge da história de Portugal. Porém, nos séculos XVIII
e XIX, contexto histórico de Fernando Pessoa, a nação ibérica estava
em profunda decadência econômica e política culminando na vinda
da corte portuguesa para o Brasil. Assim, Fernando Pessoa reflete se
valeu a pena todo o sofrimento ocorrido no contexto das Grandes
Navegações. Ele conclui, de maneira brilhante, que “tudo vale a pena
quando a alma não é pequena”. As demais alternativas estão incorretas.
▶ Faça você mesmo – página 17
1 Para adquirir os produtos diretamente na Índia, os europeus tiveram
que ampliar seu saber a respeito dos mares, já que as informações nes-
se sentido eram bem escassas.
2 Em primeiro lugar, a posição de Portugal era uma posição privilegia-
da no cenário europeu, já que se trata de um país que possui saída
para o mar. Além disso, Portugal dispunha de matérias primas para a
construção de navios, as quais eram encontradas na vegetação do seu
território.
3 A Coroa portuguesa criou uma espécie de seguro marítimo, cujo obje-
tivo era garantir a devolução do dinheiro para os comerciantes vítimas
de naufrágio ou de pirataria.
4 O nome Escola de Sagres foi uma maneira de nomear o esforço de di-
ferentes especialistas em prol da arte da navegação, especialistas que
jamais fizeram parte de uma instituição permanente.
5 Os territórios da América só foram descobertos do ponto de visto dos
colonizadores, já que os Maias, os Incas e os Astecas eram povos nati-
vos que viviam ali há muitos e muitos anos.
▶ Para construir – página 21
1 A viagem de Pedro Álvarez Cabral ao Brasil, em 1500, é uma conse-
quência do Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, no qual Portugal
buscou assegurar suas terras no Continente Americano, especialmen-
te a fim de dar continuidade ao lucrativo comércio de especiarias.
5 Como outros em sua época, o genovês Cristóvão Colombo acreditava
na esfericidade da Terra. Isto é, Colombo não errou por falta de atenção
e sim porque foi coerente com os pressupostos implicados na crença
da esfericidade da Terra.
▶ Faça você mesmo – página 22
1 Cristóvão Colombo chega ao continente americano imaginando que
se dirigia rumo ao Oriente.
2 A Coroa espanhola investiu muito nas navegações, mas, inicialmente,
nenhuma riqueza foi encontrada por Colombo.
3 A fim de apaziguar os conflitos entre os dois países, o Papa Alexandre VI
exerceu o papel de juiz, definindo, por meio do Tratado de Tordesilhas,
quais territórios eram de Portugal e quais eram da Espanha.
4 O Florentino Américo Vespúcio foi o responsável por identificar que os
portugueses não tinham chegado a Índia, mas a um continente desco-
nhecido que recebeu o nome de América em sua homenagem.
5 Os portugueses, em 1519, realizaram uma expedição de circum-na-
vegação, completando as informações que faltavam para compor o
mapa-múndi.
▶ Você é o autor – página 23
A proposta é levar os alunos a organizarem pequenos grupos
para estabelecer pontes entre alguns dos temas analisados no capí-
tulo e questões que despontam na atualidade. Assim, iremos sugerir
algumas costuras entre o passado e o presente, mas também será
permitido que o aluno extraia outros temas trabalhados como ponto
de partida para pensar e repensar questões contemporâneas.
2 OS IMPÉRIOS COLONIAIS
Competências
C1 - Compreender processos históricos, sociais e geográficos nos
diversos aspectos da vida em sociedade.
C4 - Analisar dados e informações referentes aos aspectos políticos,
econômicos, sociais e culturais da sociedade contemporânea.
Habilidades
H3 - Compreender as relações de poder entre os diversos grupos
sociais.
H4 - Compreender mudanças e permanências ao longo do tempo
na constituição da sociedade
H5 - Analisar criticamente os aspectos políticos, econômicos
e sociais relacionados à formação da sociedade no Brasil e no
mundo.
H21 - Identificar manifestações de indivíduos e grupos sociais nos
diferentes contextos ao longo do tempo.
Objetos de conhecimento
Objetos de conhecimento: A revolução comercial; o consumo
consciente de alimentos; o mercantilismo; o pacto colonial; o impé-
rio português; Espanha e a busca pelo El Dourado; a derrocada do
Tratado de Tordesilhas; piratas e corsários; ingleses e franceses; as
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
companhias de comércio; as primeiras colônias na América do Norte;
a Austrália entra no mapa.
Objetivos específicos do capítulo
▶ Dar continuidade à compreensão da expansão ultramarina em-
preendida pelos europeus a partir do século XV.
▶ Esclarecer os significados e a importância dos conceitos de pacto
colonial e mercantilismo no quadro do expansionismo das potên-
cias europeias.
▶ Distinguir com clareza o papel de cada uma das nações europeias
que tomaram parte no processo de expansão.
▶ Focar os efeitos desses processos expansionistas, tanto do ponto
de vista econômico quanto do ponto de vista cultural, sobre as
colônias e sobre as metrópoles.
ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES
▶ Para construir – página 31
1 A afirmativa [II] está incorreta porque Portugal levou cerca de 30 anos
para iniciar a colonização do Brasil, ocorrida em 1500.
A formação do Brasil 3
 A afirmativa [IV] está incorreta porque o uso da mão de obra indígena
foi feito por meio do escambo. Apenas mais tarde os indígenas se-
riam escravizados.
2 A atividade de extração do pau-brasil jamais foi pensada para a forma-
ção de núcleos urbanos de povoamento. Nessa época, a Coroa portu-
guesa estava tão somente interessada em promover a fundação de fei-
torias pelo litoral brasileiro, feitorias que tinham a missão de proteger a
costa contra as invasões estrangeiras.
3 O fato de o inglês continuar sendo o idioma de certas regiões do Ca-
ribe deixa claro que a colonização não é tão somente uma ocupação
territorial, mas, principalmente, simbólica.
▶ Faça você mesmo – página 32
1 O aluno deve mostrar que a Revolução Comercial trouxe uma série de
modificações culturais e sociais. A ideia central é que o aluno perceba
que a economia afeta a circulação de objetos, pessoas e coisas, isto é,
que a economia não é uma esfera fechada sem consequências sociais.
2 Ao contrário do que tendemos a imaginar, o mundo não foi sempre
como é hoje. Isso significa, precisamente: a conservação de alimen-
tos, em um mundo sem geladeira, representava um problema enorme
para as sociedades. Ora, as especiarias eram um meio de conservar os
alimentos por mais tempo. Além disso, as especiarias tinham a função
de dar sabor para as comidas.
3 A homogeneidade prática do mercantismo foi ocorrendo no decorrer
da prática dos Estados e dos comerciantes. Ou seja, os princípios mer-
cantilistas foram formulados com clareza depois que já estavam sendo
empregados, isto é, não foram elaborados e disseminados por uma
escola formalmente construída para pensar regras de funcionamento
da economia.
4 É falso chamar de pacto algo que não resultou da negociação entre as
partes, já que se tratava de um conjunto de imposições das metrópo-
les sobre as colônias.
5 Muitos países, mesmo depois de não serem territorialmente ocupados
pelos países que representam as potências econômicas e militares,
continuam sendo simbolicamente submetidos aos estrangeiros, como
é o caso da submissão da língua, dos costumes, dentre outros exem-
plos.
▶ Para construir – página 38
1 A questão remete ao período denominado Pré-Colonial, 1500-1530,
entre a viagem de Cabral em 1500 à viagem de Martim Afonso de Sou-
za em 1530. Neste período não ocorreu ocupação portuguesa no Bra-
sil, pois o país ibérico priorizou o comércio das especiarias no oriente
deixando o Brasil em segundo plano. Na viagem de Cabral em 1500
havia uma preocupação em defender as terras lusitanas demarcadas
pelo Tratado de Tordesilhas diante da possibilidade de invasões.
2 O pacto colonial versava que a colônia deveria ser uma fonte de lucro
para a sua metrópole. Sendo assim, tudo de produtivo que já existisse
ou fosse produzido na colônia pertencia exclusivamente à metrópole.
Por isso, a colônia deveria estar pronta para produzir o que a metrópole
determinasse.
6 O esquema apresenta o pacto colonial que havia durante o período
colonial, no qual colônia e metrópole tinham papéis bem definidos.
No contexto histórico predominava o Absolutismo no âmbito político
e o Mercantilismo na esfera econômica. Os proprietários no período
4 Manual do Professor
colonial não tinham poderosa influência, pois estavam presos às es-
truturas de poder do Antigo Regime. O Mercantilismo foi um sistema
econômico que imperou na Europa na Idade Moderna e, apesar das
diferenças entre os países, havia algumas ideias em comum, tais como:
intervencionismo, metalismo, protecionismo e balança comercial favo-
rável. Na atualidade, o quadro econômico tem algumas semelhanças
com o período colonial no qual predominam produtos primários na
pauta de exportação com preços fixados no exterior.
▶ Faça você mesmo – página 39
1 Os territórios descobertos eram alvo do interesse de outras potências.
De modo que o objetivo das feitorias nada tinha que ver com coloni-
zar, mas com proteger uma área que poderia vir a ser explorada econo-
micamente em um futuro próximo.
2 A Idade Moderna formulou tinha suas utopias. A principal delas radica-
va na crença na existência de um lugar paradisíaco chamado de El Do-
rado, onde o ouro e a prata seriam encontrados em largas quantidades.
3 Países como França, Inglaterra e Holanda passaram a tentar ocupar as
terras que tinham sido divididas entre Portugal e Espanha, desrespei-
tando o acordo firmado entre essas duas potências.
4 Trata-se do nome dado ao grupo de indígenas favoráveis à ocupação
dos franceses. Isto é, essa confederação mostra que o poder português
era exercido sobre o território, mas não sobre todas as almas que habi-
tavam o território brasileiro.
▶ Para construir – página 44
1 A Companhia dos Mercadores foi uma criação de países como Holan-
da e Inglaterra, criação que visava criar as condições para comercializar,
conquistar, colonizar e defender territórios.
2 A Revolução Industrial só foi possível porque as navegações trouxeram
muitos avanços econômicos e tecnológicos para as potências euro-
peias, que aproveitarem esse momento histórico de abundância para
maximizar a força de seus modos de produção.
3 A cidade de Quebec foi fundada por colonizadores franceses. O francês
Jacques Cartier foi o primeiro a explorar a região. Devido ao clima inós-
pito, a colonização do Canadá foi feita aos poucos.
▶ Faça você mesmo – página 45
1 Primeiro, trata-se de mostrar que essas companhias eram empresas
comerciais compostas em regime de sociedades anônimas, também
denominados de acionistas. Em seguida, trata-se de sublinhar que o
acúmulo de riquezas e de conhecimento proporcionados por essas
companhias levou à Revolução Industrial.
2 A colonização inglesa na América do Norte, que data de 1607, ocor-
reu em virtude do fato de que esses colonos recusavam a liderança
religiosa do rei britânico, o então chefe da Igreja anglicana, sofrendo
perseguições na Inglaterra.
3 A fim de que os Estados pudessem financiar o altíssimo custo das na-
vegações, as potências europeias tiveram que aniquilar a fragmenta-
ção da organização política do modelo feudal, modelo que vigorou na
Europa ocidental durante a Idade Média, privilegiando, ao contrário, a
centralização cada vez maior do poder em torno do rei.
4 A centralização do Estado não é um processo espontâneo ou natural,
mas sim um processo ligado a um conjunto de saberes. Assim, Thomas
 Hobbes e Jacques Bossuet criaram teorias para demonstrar que os Es-
tados só seriam fortes se existisse um poder soberano concentrado nas
mãos do rei.
5 Como qualquer outro período histórico, o das expansões marítimas
não foi feito só de conquistas. Apesar do crescimento econômico, a
Europa foi constantemente assolada por doenças e escassez de ali-
mentos, isso sem contar as guerras religiosas.
▶ Você é o autor – página 46
A proposta é de levar os alunos a montarem pequenos grupos
para criar pequenas ficções a partir dos temas analisados no capítulo.
Assim, iremos sugerir algumas costuras entre o discurso historiográ-
fico e o discurso ficcional, mas também será permitido que o aluno
extraia outros temas trabalhados no capítulo como ponto de partida
para fabular narrativas.
3 GOVERNOS GERAIS
Competências
C1 - Compreender processos históricos, sociais e geográficos nos
diversos aspectos da vida em sociedade.
C4 - Analisar dados e informações referentes aos aspectos
políticos, econômicos, sociais e culturais da sociedade
contemporânea.
Habilidades
H3 - Compreender as relações de poder entre os diversos grupos
sociais.
H4 - Compreender mudanças e permanências ao longo do tempo
na constituição da sociedade
H5 - Analisar criticamente os aspectos políticos, econômicos
e sociais relacionados à formação da sociedade no Brasil e no
mundo.
H21 - Identificar manifestações de indivíduos e grupos sociais nos
diferentes contextos ao longo do tempo.
Objetos de conhecimento
A diversidade indígena; a luta pela terra; Cabral chega ao Brasil;
São Vicente; as capitanias hereditárias; os capitães donatários; patri-
mônio e diversidade; Pernambuco e São Vicente; a problematização
das capitanias; o Governo-Geral, a agonia das capitanias hereditárias;
a ação dos jesuítas; a conversão pela música e pelo teatro; falando a
mesma língua; as missões.
Objetivos específicos do capítulo
▶ Compreender o processo de centralização administrativo do
Governo-Geral nos primeiros anos da colonização.
▶ Identificar o papel e os efeitos da catequização dos indígenas pe-
los jesuítas durante o período da colonização.
▶ Avaliar o impacto dos projetos políticos e culturais de Portugal
em relação à língua geral.
ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES
▶ Para construir – página 52
1 Ao desprezarem a diversidade cultural indígena, os europeus que che-
garam ao continente americano demonstram seu etnocentrismo, que
se manifesta tanto na linguagem que utilizam, quanto nas atitudes que
tomam nesses novos territórios.
2 A distribuição dos trabalhos nas tribos indígenas separava as ativida-
des dos homens e das mulheres. Via de regra, a caça, a pesca e a prepa-
ração da terra cabia aos homens. Já as mulheres tinham que arcar com
o dever de atividades domésticas e da coleta de frutos.
3 Os portugueses enxergaram os indígenas de maneira etnocêntrica,
medindo o povo indígena a partir dos seus próprios valores. Por isso, a
crítica à falta de fé, lei e rei.
▶ Faça você mesmo – página 52
1 A suposta preguiça dos indígenas tem a ver com diferença entre a or-
ganização social indígena e a organização social atual, especialmente
no que diz respeito à organização da base material das sociedades.
2 Um índio pertencia a um povo quando possuía características marcan-
tes que o distinguia dos demais povos indígenas. Por exemplo, o modo
de organização especial das aldeias. Mas também o modo de organiza-
ção da língua.
3 O fato de que não temos quase nenhuma informação sobre os povos
indígenas que habitavam o interior do Brasil demonstra que a história
não é um retrato fiel do passado, uma vez que o passado não é regis-
trado em bloco e que muitas pessoas e acontecimentos importantes
jamais entraram na ordem do discurso histórico.
4 As leis de proteção dos territórios indígenas são constantemente in-
fringidas por madeireiras interessadas no corte de árvores ou por ga-
rimpeiros em busca de ouro e diamante.
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
5 É a exigência de uma pureza na construção da identidade do índio faz
com que os invasores de terra tentem desqualificar os direitos indíge-
na alegando que eles já não são mais indígenas.
▶ Para construir – página 62
1 O sincretismo religioso no Brasil tem a ver, dentre outras coisas, com
as práticas de ensino jesuítas, as quais propunham uma interação viva
entre padres e indígenas como meio de interação pedagógica.
2 Além da força braçal, os povos indígenas, sobretudo aqueles que per-
tenciam à cultura tupi, forneceram aos portugueses uma série de habi-
lidades, dentre elas, a da utilização de fibras para a construção naval.
▶ Faça você mesmo – página 63
1 O mecanismo do escambo, baseado na troca de objetos (tais como
miçangas, pentes, pedaços de panos, tesouras, anzóis, machados de
ferro e outros artefatos de metal), foi o suporte da relação entre os por-
tugueses e os indígenas.
2 A conquista de Constantinopla pelos otomanos, em 1453, fez com que
o preço da utilização dos corantes de certas madeiras se tornasse altís-
simo, o que levou os portugueses a voltarem os olhos para a explora-
ção do pau-brasil.
A formação do Brasil 5
 3 Os objetos metálicos modificaram o modo de vida dos indígenas, já
que o tempo das atividades de trabalho foram encurtados pela substi-
tuição do machado de pedra pelo machado de ferro.
4 Os indígenas ensinaram os portugueses a interpretar de maneira ade-
quada os sinais emitidos no interior das florestas. Sem esse aprendiza-
do, dificilmente os portugueses teriam sobrevivido em certas regiões
extremamente inóspitas.
5 A vila de São Vicente, localizada no atual Estado de São Paulo, era feita
de algumas casas, um pequeno forte, uma capela, uma cadeia e um
pelourinho. Além disso, contava com uma estrutura administrativa. No
caso das capitanias hereditárias, tratava-se de dividir o território em
grandes lotes de terra, os quais eram concedidos aos capitães donatá-
rios, responsáveis pela administração e proteção desses territórios.
▶ Para construir – página 70
1 Os padres jesuítas tiveram maior contato com os indígenas do litoral
brasileiro, que pertenciam ao troco linguístico tupi-guarani. Nesse sen-
tido, o domínio, por parte dos jesuítas, da língua tupi foi fundamental
para a convivência e o contato.
2 Na chamada República Oligárquica, o estado de São Paulo buscava
ocupar um lugar de hegemonia na política nacional, uma vez que já
comandava a economia brasileira devido ao ciclo do café. Assim, o uso
da figura do bandeirante nas obras de arte foi uma forma de legitimar
essa hegemonia.
3 O texto nos remete a uma situação muitas vezes ignorada, que os afri-
canos provinham de nações diferentes, que possuíam hábitos e língua
diferentes. O senso comum do brasileiro parte de uma ideia geral de
africano, baseada principalmente na cor da pele. Destaca também que
as condições de cativeiro, que para todos os escravos eram iguais, aca-
bou por criar um elo entre os escravos, visto que na mesma senzala
estavam pessoas de regiões diferentes que, aos olhos de proprietários
e capatazes, eram todos iguais, seres inferiores, objetos de trabalho.
▶ Faça você mesmo – página 70
1 Diante do fracasso econômico das capitanias hereditárias, o rei Dom
João III importa para o Brasil o modelo administrativo do Governo-
-Geral, visando acabar com a dispersão e fragmentação do poder.
2 A fim de levar a crença no cristianismo para todos os indígenas, os je-
suítas foram os primeiros a abandonar o litoral em direção ao sertão, já
que pretendiam catequisar o maior número possível de indígenas.
3 A música, entre outras experiências lúdicas, teve a função de inculcar
com suavidade as crenças cristãs entre os indígenas, já que esse modo
de ensino não se fazia de uma maneira agressiva ou impositiva, mini-
mizando a resistência por parte dos indígenas.
4 Assim como os jesuítas tiveram que forjar uma língua comum para po-
der catequisar os indígenas, todos os poderes com ambições de centra-
lização de poder tendem a forjar uma língua única e universal.
5 Os aldeamentos, ou reduções, traduzem o movimento de sedentari-
zação dos indígenas. Isto é, para que a conversão fosse exequível, era
preciso que os jesuítas pudessem controlar o espaço, pois é a partir do
domínio do espaço que se pode controlar o tempo, vigiando o horário
da alimentação, do trabalho, do sono, etc.
▶ Você é o autor – página 72
6 Manual do Professor
A proposta é levar os alunos a montar pequenos grupos para
estabelecer pontes entre alguns dos temas analisados neste capítu-
lo com filmes, músicas, ou outras formas de manifestação artística.
Assim, iremos sugerir algumas costuras entre o passado e as manifes-
tações estéticas atuais. Também será permitido que o aluno extraia
outros temas trabalhados anteriormente como ponto de partida para
pensar e repensar questões contemporâneas.
4 O TRÁFICO NEGREIRO
Competências
C1 - Compreender processos históricos, sociais e geográficos nos
diversos aspectos da vida em sociedade.
C4 - Analisar dados e informações referentes aos aspectos
políticos, econômicos, sociais e culturais da sociedade
contemporânea.
Habilidades
H3 - Compreender as relações de poder entre os diversos grupos
sociais.
H4 - Compreender mudanças e permanências ao longo do tempo
na constituição da sociedade
H5 - Analisar criticamente os aspectos políticos, econômicos
e sociais relacionados à formação da sociedade no Brasil e no
mundo.
H21 - Identificar manifestações de indivíduos e grupos sociais nos
diferentes contextos ao longo do tempo.
Objetos de conhecimento
A escravidão no mundo antigo e na era colonial e a escravidão
moderna; a herança africana e os quilombos; pombeiros e traficantes;
açúcar e escravidão na colônia portuguesa; os primeiros engenhos; o
trabalho nos engenhos; União Ibérica e a invasão holandesa; bandei-
rantes; a busca pelo ouro; ouro e diamante na colônia portuguesa.
Objetivos específicos do capítulo
▶ Conhecer as explicações políticas e antropológicas que serviram
de base para a escravidão.
▶ Conhecer as condições reais nas quais o tráfico de seres humanos
foi empreendido.
▶ Analisar algumas das consequências da escravidão no continente
africano e no continente americano.
▶ Esclarecer de maneira pormenorizada que o trabalho escravo foi
o solo de sustentação de todo o sistema colonial.
▶ Entender as razões históricas que levaram a colônia a instalar um
sistema agrícola no Brasil.
▶ Conhecer o funcionamento dos engenhos de açúcar no Brasil e
em outras colônias na América.
▶ Compreender o papel da mão de obra escrava na dinâmica da
economia açucareira.
▶ Conhecer outras formas de trabalho que funcionavam no Brasil
colonial paralelamente ao uso da mão de obra escrava.
▶ Refletir criticamente sobre os ecos que a economia açucareira
colonial produziu na formação do Brasil contemporâneo.
ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES
▶ Para construir – página 89
1 A diferenciação entre os escravos braçais e os escravos “de casa”, ou
seja, aqueles que exerciam suas funções dentro das casas dos senho-
res, vem mostrar que a cordialidade sempre esteve presente no Brasil.
Ou seja, o que é característico da violência brasileira é que as estruturas
de exercício da violência não excluíam a proximidade e o afeto.
2 Apesar de considerado como de difícil leitura, as alternativas facilitam
a obtenção da resposta. O texto retrata todo o processo de sofrimento
de Cristo e, na colônia, somente pode ser relacionado com a vida e
trabalho do escravo. Enquanto, para muitos, na época o africano es-
cravizado era apenas um objeto de trabalho ou um se sem alma que,
portanto, poderia ser escravizado, o Padre Antonio Vieira faz um trata-
mento diferenciado, de cunho religioso, apesar de justificar a escravi-
dão.
3 O sistema colonial desenvolvido durante a Idade Moderna enquadra-
-se no processo de expansão do comércio, responsável por fortalecer o
Estado absolutista e possibilitou o enriquecimento da camada burgue-
sa. Todo o processo de exploração colonial tinha como objetivo gerar
riqueza, acumulada segundo a visão mercantilista de economia.
▶ Faça você mesmo – página 90
1 O fato de que a palavra escravidão seja utilizada para determinar certo
tipo de escravidão existente na África antes da chegada dos portu-
gueses não significa que a palavra escravidão, quando utilizada para
designar a escravidão dos africanos pelos portugueses, aponte para os
mesmos fenômenos sociais.
2 Para maximizar a força dos processos de escravidão dos africanos, os
portugueses estabeleceram alianças comerciais e militares com os che-
fes das comunidades, de modo que estes passaram a ajudar na captura
de homens, mulheres e crianças. Isso não significa dizer, no entanto,
que existe uma equivalência entre dominantes e dominados.
3 Depois de capturados, os africanos escravizados eram batizados e uma
taxa era paga para a igreja por cada africano convertido.
4 Nesse caso, é possível mencionar, por exemplo, as condições das via-
gens dentro dos navios negreiros, mostrando que a escravidão não se
esgota, nem de perto nem de longe, na simples ausência de pagamen-
to pelo uso de certa mão de obra.
5 Trata-se de um papel fundamental, já que a primeira atitude dos donos
de escravo consistia em separar os escravos que tivessem a mesma
origem.
▶ Para construir – página 110
1 A questão retrata o crescimento de São Paulo ao longo de séculos, des-
de o período colonial até à República, destacando atividades econômi-
cas diferentes desde a mineração – na região vizinha, passando pelo
café e, posteriormente, pela industrialização.
2 Os dois processos de colonização ocorreram em contextos distintos. A
América portuguesa teve sua colonização iniciada no século XVI, épo-
ca da Contrarreforma apoiada no Concílio de Trento, quando a ques-
tão religiosa era determinante, principalmente nos reinos católicos. A
América Inglesa foi colonizada no século XVII e aqueles que buscaram
o novo continente o faziam para exploração, no Sul, usando o escravo
africano; ou como refugiados, no Norte, dada a situação de crise da
Inglaterra devido à Revolução Puritana e a seus efeitos. Não havia, por
parte da Igreja Anglicana ou dos protestantes, uma política de conver-
são dos nativos.
3 Interpretação de texto. Nos Séculos XVII e XVIII, os tropeiros eram par-
tes da vida da zona rural e cidades pequenas dentro do sul do Brasil.
Vestidos como gaúchos com chapéus, ponchos, e botas, os tropeiros
dirigiram rebanhos de gado e levaram bens por esta região para São
Paulo, comercializados na feira de Sorocaba. De São Paulo, os animais
e mercadorias foram para os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso.
▶ Faça você mesmo – página 111
1 Falar de engenho é falar do complexo de etapas e de pessoas envolvi-
das na produção açucareira. Nesse caso, é preciso que o aluno explicite
quais as pessoas e quais as etapas envolvidas nas dinâmicas de um
engenho.
2 Os brancos assalariados participavam não tanto da produção, mas, so-
bretudo, da proteção interna e externa do engenho. Internamente, o
feitor-mor vigiava a produção. Externamente, o feitor dos partidos e
roças evitava invasões sobre as terras.
3 A pecuária e a produção de tabaco nascem como consequências dire-
tas do engenho, já que nascem para suprir suas necessidades.
4 Depois que grupos de guerrilha luso-brasileiros conseguem expulsar
os holandeses de certas regiões do Brasil, a Companhia das Índias Oci-
dentais opta por invadir Pernambuco, a região mais produtiva do Brasil.
5 Depois de capturar a esmagadora maioria dos indígenas que viviam
nas proximidades de São Paulo, os Bandeirantes vão buscar no sertão
uma maneira de dar continuidade a sua atividade econômica, aden-
CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
trando em regiões até então pouco habitadas ou totalmente desco-
nhecidas do homem branco.
▶ Você é o autor – página 112
Os alunos devem estabelecer grupos de pesquisa para mostrar
como os “engenhos” da atualidade influenciam outros mercados e
como afetam áreas não econômicas. Assim, iremos sugerir algumas
costuras entre o passado e o presente. Também será permitido que o
aluno extraia outros temas trabalhados acima como ponto de partida
para pensar e repensar questões contemporâneas.
A formação do Brasil 7
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COMBESQUE, Marie Agnès. Entre guerras e miséria: os escravos de hoje. São Paulo: Scipione, 2002.
SURI, Sanjay. Direitos Humanos: Cruzada mundial contra o tráfico humano. Repórter Brasil. Disponível em: <www.reporterbrasil.com.br/clipping.
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Unicef cobra ação contra tráfico de pessoas na África. BBC Brasil. Disponível em: <www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2004/04/040423_slavery.shtml>.
Acesso em: 6 fev. 2015.
VILLALTA, Luiz Carlos. Uma babel colonial. Nossa História, ano 1, n. 5, mar. 2004; Língua nascida do colonialismo prospera novamente na Amazônia.
Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/noticias?id=16499>. Acesso em: 3 jan. 2015.

8 Manual do Professor
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