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SUMÁRIO

HISTÓRIA

Planejamento 1: A conquista da América, as transformações e o sistema de


comércio de pessoas, a escravidão ........................................................... pág 01
Planejamento 2: A escravidão ontem e hoje .............................................. pág 09
Planejamento 3: O desenvolvimento do capitalismo ................................... pág 19

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MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS – MAPA
REFERÊNCIA
2023

UNIDADE TEMÁICA:
Lógicas comerciais e mercantis da modernidade.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:

As lógicas mercantis e o (EF07HI13X) Caracterizar a ação dos europeus e suas lógicas


domínio europeu sobre os mercantis visando ao domínio no mundo atlântico, observando a
mares e o contraponto dimensão do comércio atlântico onde circulavam pessoas, bens
oriental. materiais e culturais, plantas e doenças.
(EF07HI14X) Descrever as dinâmicas comerciais das sociedades
americanas e africanas e analisar suas interações com outras
sociedades do Ocidente e do Oriente, reconhecendo o papel da
América e da África no comércio do Atlântico, relatando as
interações desse comércio com outras sociedades.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: A conquista da América, as transformações e o sistema de comércio de
pessoas, a escravidão.
DURAÇÃO: 2 aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Professor (a), estas habilidades consistem em examinar o comércio atlântico realizado pelos
europeus (espanhóis, ingleses, holandeses e franceses) com a América e a África, identificando
os objetivos mercantis, o papel do Estado no controle do comércio e da colonização, a circulação
de mercadorias, o comércio escravo, a exploração das Colônias e as disputas entre nações
europeias decorrentes do domínio do comércio atlântico.
Enfoca-se também o reconhecimento do papel da América e da África no comércio atlântico, o
que coloca em evidência o comércio de escravos, reconhecendo e relatando as interações desse
comércio com outras sociedades, incluindo o Oriente.
Professor(a), para o desenvolvimento desta atividade sugere-se a leitura compartilhada do texto
e em seguida a realização de roda de conversa com os(as) estudantes. Esse é um momento de
sensibilização que tem como objetivo despertar a reflexão dos (das) estudantes e ao mesmo
tempo levantar os conhecimentos prévios deles (delas).
Relembre que a Conquista da América aprofundou transformações que estavam ocorrendo na
vida europeia desde o século XVI. O contato com terras e os povos antes desconhecidos teve

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repercussão sobre as artes e ciências na Europa, bem como modificou profundamente os
modos de vida existentes nas Américas.

O encontro dos novos mundos permitiu também descobrir uma nova maneira de fazer
ciência. Falar de ciência ibérica supõe falar não só de viagens marítimas, do
descobrimento de novas terras, novos mares e uma nova natureza, mas também do
surgimento de um novo olhar e de um renovado interesse pelo mundo natural – africano,
americano e asiático - que desembocou em uma nova ciência. a ciência ibérica mostrou
um interesse pela natureza que se generalizou por toda a sociedade, completamente
aberta a novidade, otimista e com muita confiança nas capacidades da mente humana.
Este interesse estava apoiado nas viagens de longa distância, em instituições e foi
cultivado por profissionais, praticantes e discípulos da ciência em um ambiente
normatizado, cuidadosamente planejado pelas Coroas portuguesa e espanhola. É difícil
compreender a história científica da Europa moderna sem considerar as transformações
que tiveram lugar na Península Ibérica durante o século XVI. Mais difícil ainda é contar a
história das transformações econômicas políticas e sociais da Europa Moderna sem
remetermos necessariamente as instituições, objetos, práticas, a cultura material, a
mentalidade, aos movimentos sociais, a circulação e divulgação de saberes científicos. e
as conexões entre a economia e as atividades técnicas surgidas a partir da expansão
marítima dos povos ibéricos. (SANCHEZ, [2014])

Após a leitura compartilhada do texto, questione os (as) estudantes os motivos que levaram
os europeus ao encontro da América. Espera-se que eles(elas) levantem temas como:
comércio, ouro, especiarias, novas populações, Igreja Católica ou busca de novos fiéis.
Professor(a), apresente as imagens abaixo que representam as trocas que mostram o
processo de aproximação entre América e Europa.

Imagem 1 – Caravela Espírito Santo. Imagem 2 – Especiarias.

(ABREU, Lisuarte de. [1563]) (WIKIMEDIA COMMONS, [2022])

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Imagem 3 - Escravos Brasileiros.

(CHAMBERLAIN, Sir Henry [1820])

Em seguida, abra uma roda de conversa e demande aos (as) estudantes que escrevam um
parágrafo relacionando as imagens.

B) DESENVOLVIMENTO:
AULA 1
Professor(a), projete o Infográfico abaixo, observe que ao clicar na imagem ela lhe direciona
para o infográfico: O comércio de escravos no Atlântico em dois minutos. (Fonte 1).

Esse infográfico é muito interessante, pois torna possível observar por meio de movimento a
intensidade com que o tráfico de pessoas escravizadas ocorreu no período que se estende aos
anos entre 1583 e 1883. Esse infográfico é uma animação elaborada por Andrew Khan, da
Slate. Utilize o gráfico para selecionar o ano que você deseja observar o fluxo do comércio
atlântico, ou deixe a animação em movimento para que os (as) estudantes possam visualizar a
intensidade crescente do tráfico de pessoas escravizadas. Chame atenção para que os

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pontinhos em movimento são navios negreiros. Disponível em: https://slate.com/news-and-
politics/2021/09/atlantic-slave-trade-history-animated-interactive.html .

Se não for possível trabalhar com o infográfico em movimento, apresente à turma o mapa -
Tráfico negreiro – 1502-1866, pois, ele contém informações semelhantes às contidas no
infográfico sugerido. Seria ainda mais produtivo a apresentação de ambos os materiais.

Imagem - 3 Tráfico negreiro – 1502-1866.

(TRÁFICO NEGREIRO, [1502-1866])

Professor(a), após a apreciação das fontes 1 e 2, esclareça que no mapa Tráfico negreiro –
1502-1866 deve ser observado a legenda e a percepção visual das representações de
pessoas escravizadas, depois da leitura e mediação dos símbolos e referências contidos nas
fontes 1 e 2 e então, solicite aos (as) estudantes que respondam as questões abaixo.
1) Qual região do continente africano (fontes 1 e 2) foi o maior ponto de saída dos
escravizados? É possível chegar à mesma região que mais oferecia mão de obra
escravizada tendo em vista o mapa e o infográfico?
2) Após observação das fontes 1 e 2 identifique quais eram os principais grupos africanos
escravizados e trazidos para as Américas.
3) Elabore um mapa da África mostrando os dois grupos africanos mais escravizados.

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4) Quais foram os 3 países que mais trouxeram escravizados para a América?
5) Pesquise qual evento da história aumentou fortemente o comércio de africanos
escravizados para o Brasil.
6) Quais regiões do Brasil receberam maior volume de mão de obra escravizada.
7) Por que nosso país teve um número tão elevado de escravizados? Elabore uma
hipótese que responda essa pergunta.

AULA 2
Professor(a), após os estudos sobre a conquista da América e as transformações que se
seguiram originando o sistema de comércio de pessoas, a escravidão, propõe-se uma aula
síntese através da criação em grupo de um jogo da memória histórico.
Informe à turma que eles irão confeccionar um jogo da memória, para sintetizar o
aprendizado sobre a conquista da América e as transformações que se seguiram e que deram
origem ao sistema de comércio de pessoas, a escravidão.
É necessário aviso prévio sobre a necessidade providenciar o material necessário para fazer as
fichas.
A atividade propõe a construção de um jogo da memória. Espera-se que, neste momento, os
estudantes consigam compreender e relacionar como as grandes navegações, propiciaram um
cenário que proporcionou ao mundo grandes transformações, por um lado com mudanças
positivas como a evolução de tecnologias e por outro horrendas como a intensificação da
escravidão, a mudança para seu sentido comercial com a introdução dos navios negreiros.
Para tanto, propomos a realização de uma atividade que se baseia nos preceitos do ensino
lúdico, que propõe a utilização e o incentivo do brincar a favor da educação e da formação do
conhecimento. Através das atividades lúdicas, os(as) estudantes aprendem enquanto brincam,
o que torna a aprendizagem mais espontânea e significativa.

PASSO A PASSO
1. Para que os(as) estudantes realizem esta atividade, é necessário que você,
professor(a), oriente como a pesquisa deve ser executada. Você pode desenvolver um
roteiro de pesquisa, ou apresentar 28 palavras a sua escolha, cujos significados
deverão ser pesquisados e sintetizados pelos(as) estudantes.
2. Pense na maneira que julgar mais adequada. Decida também se é mais adequado a
atividade ser realizada em duplas, ou em pequenos grupos. Após a etapa da pesquisa,
providencie cartolinas para a confecção dos jogos. Solicite aos estudantes que
desenhem uma grade, com duas colunas, e escrevam as palavras e suas respectivas
descrições, conforme o modelo abaixo.

MODELO:

É a prática social em que um ser humano


assume direitos de propriedade sobre
ESCRAVIDÃO outrem – que passa a ser designado como
escravo ou escravizado, imposta por meio
de violência.

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3. Posteriormente, solicite aos(às) estudantes que recortem essas grades, separando as
palavras das suas descrições.
4. Após a confecção, explique para os(as) estudantes as regras do jogo da memória e
oriente a organização das partidas.
5. Lembre-se de que o jogo deve começar com todas as cartas sobre a mesa viradas para
baixo. Então um jogador deve virar duas cartas e as colocar para cima, para que todos
os jogadores possam ver. Se o jogador tiver virado duas cartas que não tenham
correspondência de significado, ambas as cartas devem ser viradas para baixo
novamente. Se em uma jogada o jogador virar um par de cartas e a palavra e seu
significado coincidirem, o jogador ganha o par de cartas e recebe outra chance de
jogar. O objetivo do jogo é conectar o maior número de palavras com seus significados.
O vencedor será o jogador que conseguir reunir o maior número de pares. Caso opte
pela realização do jogo com um único jogador, o objetivo será reunir o maior número
de palavras com seus significados dentro de um determinado período.

Professor(a), após a confecção das fichas, separe um tempo para que os estudantes possam
jogar. Observe a interação deles (delas).

ALMEIDA, P. N. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.
ANDRADE, S. S. O lúdico na vida e na escola: desafios metodológicos. Curitiba: Appris,
2013.

Sugestão de Documentário: Caminhos da Reportagem | Ecos da Escravidão. Disponível


em: https://www.youtube.com/watch?v=xR549adx5Go.

Sugestão de videoaula: A Escravidão no Brasil (ou A Maior Cicatriz do Brasil) / Tráfico


negreiro | Tempo de Estudar | História | 7º ano.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=D8OY-VuwquCs.

Sugestão de Site: Brasil Escola.


Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/trafico-negreiro.htm.

RECURSOS:
1° aula: projetor ou reprodução de mapas e imagens, caderno, lápis e borracha.
2° aula: cartolina, lápis, borracha, canetões, tesoura.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação deverá ser processual, contínua, diagnóstica e formativa, permeando todas as
atividades desenvolvidas pelo professor. Desta forma, ao longo das propostas apresentadas, o
professor poderá avaliar o estudante segundo sua participação nas atividades realizadas: na
leitura compartilhada, na participação na roda de conversa, na criação dos textos reflexivos,
na resposta ao questionário e na atividade síntese.

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ATIVIDADES
1 – Os portugueses transportavam 500 cativos numa caravela, enquanto os holandeses não
embarcavam mais do que 300 num navio grande. Um pequeno bergantim português podia
transportar até 200 escravos, um navio grande até 700. Trinta e cinco dias durava a viagem
de Angola a Pernambuco, quarenta até a Bahia, cinquenta ao Rio de Janeiro. (MATOSO,
1990).
Tomando como ponto de partida a citação acima e as aula dada, produza um texto com o
tema – A escravidão no Brasil.
____________________________________________________________________________

2 – Entre as palavras do quadro, qual delas distou do conjunto? Por quê?

Escravidão - Conquista – Resistência - Epidemia - Paz

3 – Comente algumas transformações que a Conquista da América provocou:

4 – O texto, abaixo, retrata a escravidão. Leia-o atentamente e responda o que se pede.

“O bojo dos navios da danação e da morte era o ventre da besta mercantilista:


uma máquina de moer carne humana, funcionando incessantemente para
alimentar as plantações e os engenhos, as minas e as mesas, a casa e a cama
dos senhores – e, mais do que tudo, os cofres dos traficantes de homens.”

Descreva a maneira como os africanos foram trazidos para a América.

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REFERÊNCIAS
A ESCRAVIDÃO no Brasil (ou A Maior Cicatriz do Brasil). [s. l.: s. n.], 5015.1 vídeo (6: 55 min).
Publicado pelo canal Se Liga-Enem e Vestibulares.Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Sm7OvC2q_WM. Acesso em: 10 jul.2023.
ABREU, Lisuarte de. Caravela Espírito Santo. 1563. Gravura 1. Wikimédia. [s. l.], [2023].
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Caravela_Esp%C3%ADrito_Santo.jpg.
Acesso em: 23 jun. 2023.
ABREU, Marta; SOIHET, Rachel (Orgs.). Ensino de história, temáticas e metodologias.
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.
ALMEIDA, P. N. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.
ANDRADE, S. S. O lúdico na vida e na escola: desafios metodológicos. Curitiba: Appris,
2013.
BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula. Contexto: São Paulo, 1998.
BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania. FTD: São Paulo, 2015.
CAMINHOS da Reportagem | Ecos da Escravidão. [S. l.: s. n.], 2015. 1 vídeo (54:30 min).
Publicado pelo canal TV Brasil. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=xR549adx5Go. Acesso em 10 jul.2023.
COTRIM, Gilberto, RODRIGUES, Jaime. Historiar. 6°ano: ensino fundamental anos finais.
3°ed. São Paulo. Saraiva. 2018.
KAHN, Andrew; BOUIE, Jamelle. The Atlantic Slave Trade in Two Minutes. Sept,16. 2021.
Disponível em: https://slate.com/news-and-politics/2021/09/atlantic-slave-trade-history-
animated-interactive.html. Acesso em: 26 jun. 2023.
MATOSO, Katia M. de Queiróz. Ser escravo no Brasil. São Paulo: Brasilense, 1990. P. 47.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, o ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional
de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento
_curricular_mg.pdf. Acesso em: 01 jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino fundamental -
anos iniciais. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas
Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br
/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em: 01 jun. 2023.
MONTELLATO, Andrea R. D. Et alli. História na sala de aula: conceitos, práticas e
propostas. São Paulo Contexto, 2003.
SANCHEZ, Antonio. Maiorca, Lisboa e Sevilha: a transferência de modelos cartográficos do
Mediterrâneo para o Atlântico no início da era Moderna. Em: FARIA, Alice Santiago e RAPOSO,
Pedro M.P. (org.). Mobilidade e circulação: perspectiva em história da ciência e da
tecnologia. Lisboa: CIUHCT, 2014.p. 97
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; GARCIA, Tânia Braga. O trabalho histórico em sala de aula.
História e Ensino. Revista do Laboratório de Ensino de História/CLCH/UEL, Londrina, v. 9, out.
2003.
TRÁFICO negreiro – 1502-1866. 2023. Atlas Histórico do Brasil. 1 mapa. Escala 1: 4000.
Atlas. [s. l.], [2023]. Disponível em: https://atlas.fgv.br/marcos/trabalho-e-
escravidao/mapas/trafico-negreiro-1502-1866 Acesso em: 22 jun. 2023.
WIKIMEDIA COMMONS. Especiarias. [s. l.], 2022. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Especiarias_ata.jpg. Acesso 23 jun. 2023.
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UNIDADE TEMÁICA:

Lógicas comerciais e mercantis da modernidade.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
A escravidão moderna e (EF07HI15) Discutir o conceito de escravidão moderna e suas
o tráfico de escravizados. distinções em relação ao escravismo antigo e à servidão
As lógicas internas das medieval.
sociedades africanas. (EF07HI16X) Analisar os mecanismos e as dinâmicas de comércio
As formas de organiza- de escravizados em suas diferentes fases, identificando os
ção das sociedades ame- agentes responsáveis pelo tráfico e as regiões e zonas africanas
ríndias. de procedência dos escravizados, dando enfoque na existência de
um sistema escravista na África antes da chegada dos europeus.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: A escravidão ontem e hoje.
DURAÇÃO: 2 Aulas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
AULA 1
Professor (a), a habilidade consiste em explicar o funcionamento do comércio escravo: como
era feito, por quem, de onde e para aonde, isto é, identificar as rotas, os agentes, as
negociações, os locais de procedência e a venda final. Compreender os mecanismos e
dinâmicas do comércio transatlântico de escravizados amplia a visão sobre as sociedades
envolvidas nesse comércio, principalmente as africanas cujos governos preservaram sua
soberania até o final do século XIX, mantendo os europeus afastados de seus domínios e
submissos aos poderes dos chefes africanos locais. Professor(a), inicie a aula apresentando as
seguintes músicas, se possível, projete as letras ou clipe das músicas e distribua cópia das
letras. Professor(a), sempre que houver um texto a ser trabalhado na atividade, é interessante
a realização da leitura compartilhada com os(as) estudantes, não deixando de enfatizar os
aspectos que considerar mais relevantes.
A metodologia de leitura compartilhada é baseada na leitura conjunta entre professor(a) e
os(as) estudantes. Tendo como objeto de análise um texto, uma poesia, letra de músicas e é
fundamental que o(a) professor(a) faça a mediação, completando com analogias cada parte
do texto e abrindo espaços para a construção do diálogo. Esse exercício permite que os/as
estudantes apresentem suas impressões em relação ao texto lido e o intérprete com mais
facilidade.
Professor(a), solicite aos/às estudantes que identifiquem o título e explique qual tipo de texto
se está lendo, que destaquem as palavras desconhecidas e procurem seu significado e que
identifiquem as ideias mais importantes de cada parágrafo.

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Negro Nagô – Pastoral da Juventude.

Eu vou tocar minha viola, eu sou um negro Dança aí negro nagô


cantador. O negro mora em palafita, não é culpa dele
O negro canta deita e rola, lá na senzala não senhor.
do Senhor. A culpa é da abolição que veio e não o
Dança aí negro nagô libertou.
Tem que acabar com esta história de negro Dança aí negro nagô
ser inferior. Vou botar fogo no engenho onde o negro
O negro é gente e quer escola, quer apanhou.
dançar samba e ser doutor. O negro é gente como o outro, quer ter
amor. carinho e ter

(Pastoral da Juventude, [1994])

O Navio Negreiro - Caetano Veloso.

'Stamos em pleno mar ...Adeus! ó choça do ...Adeus! amores...


Era um sonho dantesco... monte!... adeus!...
o tombadilho, ...Adeus! palmeiras da Senhor Deus dos
Que das luzernas fonte!... desgraçados!
avermelha o brilho, E da ronda fantástica a Dizei-me vós, Senhor Deus!
Em sangue a se banhar. serpente Se eu deliro... ou se é
Tinir de ferros... estalar do Faz doudas espirais! verdade
açoite... Qual num sonho dantesco as
Legiões de homens negros sombras voam... Tanto horror perante os
como a noite, Gritos, ais, maldições, preces céus...
Horrendos a dançar... ressoam! Ó mar, por que não apagas
Negras mulheres, E ri-se Satanaz!... Co'a esponja de tuas vagas
suspendendo às tetas Senhor Deus dos De teu manto este borrão?
Magras crianças, cujas desgraçados! Astros! noite! tempestades!
bocas pretas Dizei-me vós, Senhor Deus! Rolai das imensidades!
Rega o sangue das mães: Se é loucura... se é verdade Varrei os mares, tufão!...
Outras, moças... mas Tanto horror perante os E existe um povo que a
nuas, espantadas, céus... bandeira empresta
No turbilhão de espectros Ó mar, por que não apagas P'ra cobrir tanta infâmia e
arrastadas, Co'a esponja de tuas vagas cobardia!...
Em ânsia e mágoa vãs. De teu manto este borrão?... E deixa-a transformar-se
E ri-se a orquestra, Astros! noite! tempestades! nessa festa
irônica, estridente... Rolai das imensidades! Em manto impuro de
E da ronda fantástica a Varrei os mares, tufão!... bacante fria!...
serpente Quem são estes desgraçados Meu Deus! meu Deus! mas
Faz doudas espirais... Que não encontram em vós que bandeira é esta,
Se o velho arqueja... se no Mais que o rir calmo da turba Que impudente na gávea
chão resvala, Que excita a fúria do algoz? tripudia?!...
Ouvem-se gritos... o Quem são?... Se a estrela se Silêncio!... Musa! chora,
chicote estala. cala, chora tanto
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E voam mais e mais... Se a vaga à pressa resvala Que o pavilhão se lave no
Presa dos elos de uma só Como um cúmplice fugaz, seu pranto...
cadeia, Perante a noite confusa... Auriverde pendão de minha
A multidão faminta Dize-o tu, severa musa, terra,
cambaleia Musa libérrima, audaz! Que a brisa do Brasil beija e
E chora e dança ali! São os filhos do deserto balança,
Um de raiva delira, outro Onde a terra esposa a luz. Estandarte que a luz do sol
enlouquece... Onde voa em campo aberto encerra,
Outro, que de martírios A tribo dos homens nus... E as promessas divinas da
embrutece, São os guerreiros ousados, esperança...
Cantando, geme e ri! Que com os tigres Tu, que da liberdade após a
No entanto o capitão mosqueados guerra,
manda a manobra Combatem na solidão... Foste hasteado dos heróis
E após, fitando o céu que Homens simples, fortes, na lança,
se desdobra bravos... Antes te houvessem roto na
Tão puro sobre o mar, Hoje míseros escravos batalha,
Diz do fumo entre os Sem ar, sem luz, sem razão... Que servires a um povo de
densos nevoeiros: São mulheres desgraçadas mortalha!...
"Vibrai rijo o chicote, Como Agar o foi também, Fatalidade atroz que a
marinheiros! Que sedentas, alquebradas, mente esmaga!
Fazei-os mais dançar!..." De longe... bem longe vêm... Extingue nesta hora o
E ri-se a orquestra irônica, Trazendo com tíbios passos brigue imundo
estridente... Filhos e algemas nos braços, O trilho que Colombo abriu
Lá nas areias infindas, N'alma lágrimas e fel. na vaga,
Das palmeiras no país, Como Agar sofrendo tanto Como um íris no pélago
Nasceram crianças lindas, Que nem o leite do pranto profundo!...
Viveram moças gentis... Têm que dar para Ismael... ...Mas é infâmia demais...
Passa um dia a caravana Da etérea plaga
Quando a virgem na Levantai-vos, heróis do
cabana Novo Mundo...
Cisma das noites nos Andrada! arranca este
véus... pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta de
teus mares!
(CAETANO, [1997])

Professor(a), instrua os/as estudantes a buscarem os significados das palavras que


desconheçam, para isso, solicite que eles/elas anotem as palavras cujo significado é
desconhecido e em seguida auxilie-os na busca dos seus significados. Essa pesquisa pode ser
feita no dicionário físico ou online. Solicite que anotem cada um dos significados no próprio
caderno.
Após a audição das músicas e leitura compartilhada das letras, solicite os/as estudantes que
respondam às seguintes questões:
1. O contexto histórico das músicas é equivalente?
2. Quais sentimentos humanos estão presentes nessas músicas?
3. Qual foi o objetivo dos autores ao retratar esses sentimentos?
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B) DESENVOLVIMENTO:
Professor (a), se possível reproduza o vídeo: Os Africanos – raízes do Brasil disponível em:
(472) Os Africanos - Raízes do Brasil #3 - YouTube . Em seguida, pergunte aos estudantes
qual é a relação entre as músicas “Negro Nago” e “Navio Negreiro”.
O objetivo é que os estudantes consigam aprofundar sua compreensão das músicas a partir
da contextualização histórica narrada no vídeo “Os africanos”.
Em seguida, apresente o quadro comparativo abaixo, por meio de projeção, escrito no quadro
ou em reproduções individuais, pois poderá facilitar o entendimento por parte dos(as)
estudantes, em relacionar à escravidão em períodos diferentes da história.

FONTE 1
ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA
Exploração da força de trabalho, É necessário que seja pontuado que
com a classe que explora se entre os séculos V e X tanto a
beneficiando continuamente desta escravidão com as mesmas
Escravidão subordinação, e outros indivíduos características da antiguidade, quanto
sendo continuamente reintroduzidos a servidão, eram praticadas no
dentro desta lógica continente europeu.
exploratória.
Durante o período de fragmentação Forma de relação social caracterizada
do Império Romano do Ocidente, por laços de dependência mútuos,
que influenciou o aumento do quando quem possuía terras
processo de ruralização em boa consequentemente detinha o poder
parte do território da Europa político local, tendo o direito de cobrar
Ocidental. Para terem a muitas taxas dos que trabalham e
possibilidade de subsistir do habitam seu feudo em troca de sua
Servidão
trabalho na terra, ter habitação e proteção.
proteção, alguns começaram a
trabalhar sem remuneração para os
que possuíam terras. Entre os
séculos V e X, em grande parte da
Europa Ocidental, se fortaleceu este
tipo de lógica de servidão.
ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA
Anulação da dignidade Privação da liberdade
Condições degradantes * Trabalho forçado
• Alojamento precário • Isolamento geográfico e cultural
• Péssima alimentação • Retenção de documentos
• Falta de saneamento básico e higiene • Retenção de salário
• Falta de socorro e assistência médica • Encarceramento
• Ameaças físicas e psicológicas • Ameaças físicas e psicológicas
• Maus-tratos e violência • Maus-tratos e violência
* Jornada exaustiva * Servidão por dívida

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FONTE 2
Depoimentos de trabalhador escravizado
Cheguei na primeira fazenda, onde houve vários assassinatos. Fui para a carvoeira, fazer
carvão para a siderúrgica, ali perto de Açailândia: outra exploração também. No tanque, a
gente tomava banho, lavava roupa e bebia água. Barraquinho de lona. Não tinha energia.
Quebrei um dedo, não fui atendido no hospital, não me deram medicamento. Retornei para
o serviço e o gerente já tinha colocado outro no lugar. Só fiz pegar minhas coisas e sair à
noite, no beiço da BR. Fui para outra fazenda pior, a gente foi obrigado a sair fugido. Para
começar, eles só tiram a gente de madrugada. Os caminhões chegam e lotam de gente.
Deixam a gente vários dias em um hotel, aquele hotelzinho feito de tábua. Dão almoço,
janta e café e colocam umas mulheres no meio, mas não dão dinheiro. E muita bebida,
passam a dopar as pessoas só com bebida. Quando a gente pensa que está no bem-bom,
os caminhões chegam na madrugada e está todo mundo dormindo. Lá a gente compra a
foice, compra o esmeril, compra a bota. Se não tiver roupa, compra roupa também, de
serviço. É quando eles colocam no caderno a dívida do hotel. Então se junta a dívida do
hotel com a dívida do comestível. Quando a gente termina o serviço, não tem saldo. Todas
as cidades que você andar, aqui no Maranhão, tem gente do trabalho escravo que
conseguiu escapar. A maioria dos que não escapam estão debaixo do chão.” Trecho extraído
do vídeo Depoimento de um trabalhador escravo.
(ESCRAVO, NEM PENSAR! [2022])

FONTE 3
Artigo 149 do Código Penal Brasileiro

Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados


ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer
restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o
empregador ou preposto:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de
retê-lo no local de trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou
objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. Redação a partir da
Lei n. 10.803, de 11 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003)

(BRASIL, [1940])

Professor(a), faça a leitura compartilhada das fontes acima sugeridas, relacione-as de maneira
que os (as) estudantes consigam compreender as facetas diferentes que a escravização
oportuniza. Para melhor entendimento dos (das) estudantes, utilize questões como:

13
• Identifique os motivos que poderiam levar à escravidão na Antiguidade segundo a fonte
1.
• O que a fonte 2 retrata?
• Em qual período se passa a cena?
• Como você percebe o personagem principal?
• A fonte 3 é segurança para que relatos como o descrito na fonte 2 não ocorram no
Brasil? justifique.
• Qual fonte mais chamou sua atenção? Justifique.
• Segundo as fontes, a questão racial era critério para alguém se tornar escravizado na
Antiguidade?
• E na contemporaneidade? Solicite aos (as) estudantes que façam a anotação das
respostas em seu caderno.
Em seguida, demande aos estudantes uma pesquisa sobre as características da escravidão e
servidão na antiguidade e no período Medieval e sobre a escravidão contemporânea e como
produto de síntese a produção de um texto coletivo sobre as distinções encontradas.

AULA 2
Professor(a), inicie a segunda aula com a leitura compartilhada da reportagem: 20 de
novembro e o negro no Brasil de hoje. Professor(a), sempre que houver um texto a ser
trabalhado é interessante a realização da leitura compartilhada com os(as) estudantes,
enfatizando os aspectos que considerar mais relevantes.

O 20 de novembro e o negro no Brasil de hoje

De todos os africanos transportados para as Américas através do tráfico atlântico entre


os séculos XVI e XIX, cerca de 40% deles tiveram o Brasil como país de destinação. De
acordo com os resultados do último censo populacional realizado pelo IBGE em 2010,
a população negra, isto é, preta e parda, constitui hoje cerca de 51% da população
total, ou seja, 100 milhões de brasileiros e brasileiras em termos absolutos. O que faz
do Brasil o maior país da população negra das Américas, e mesmo em relação à África
dita Negra, o Brasil só perde da Nigéria, que é o país mais populoso da África
Subsaariana.
Mas qual é o lugar que essa população negra ocupa no Brasil de hoje depois de 130
anos da abolição da escravatura? Responderia que este lugar entrou no processo
afirmativo de sua construção somente a partir dos últimos vinte anos no máximo. Se
depois da assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, o Brasil oficial
tivesse desde já iniciado o processo de inclusão dos ex-escravizados
africanos e seus descendentes no mundo livre e no mercado de trabalho
capitalista nascente, a situação do negro no Brasil de 2018 seria certamente
diferente em termos de inclusão social. Nada foi feito, pois o negro liberto foi
abandonado à sua própria sorte e as desigualdades herdadas da escravidão se
aprofundaram diante de um racismo sui generis encoberto pela ideologia de
democracia racial. Trata-se de um quadro de desigualdades raciais acumuladas nos
últimos mais de trezentos anos que nenhuma política seria capaz de aniquilar em
apenas duas ou três décadas de experiência de políticas afirmativas. Por isso, a

14
invisibilidade do negro, ou melhor, sua sub-representação em diversos setores da vida
nacional que exigem comando e responsabilidade vinculados a uma formação superior,
ou universitária e técnica, de boa qualidade é ainda patente.
Era preciso começar a partir de algum momento, em vez de ficar eternamente preso
ao mito de democracia racial que congelou a mobilidade social do negro nesses 130
anos da abolição. O início é como todos os inícios, geralmente lento, pois encontra em
seu caminho hesitações, resistências e inércia das ideologias anteriores. Mas, de
qualquer modo, se começou sem recuo, como se pode perceber hoje em algumas
áreas como a Educação. As universidades que adotaram políticas de cotas para
ingresso de negros e indígenas tiveram nos últimos dez anos um número de
estudantes negros e indígenas proporcionalmente superior ao de todos os negros que
ingressaram em suas escolas durante quase um século da criação da universidade
brasileira. Dizer que essas políticas são paliativas, como ouvi tantas vezes, não condiz
com o progresso de inclusão observável e inegável. Certo, concordamos todos que é
preciso melhorar o nível da escola pública, realidade à qual ninguém se contrapõe,
apesar da consciência de que a escola pública não melhorará amanhã diante
dos lobbys dos donos das escolas privadas e da falta da mobilização da sociedade civil
brasileira em todas as suas classes sociais para mudá-la.
A data de 13 de maio é sem dúvida uma data histórica importante, pois milhares de
pessoas morreram para conseguir essa abolição jurídica, que não se concretizou em
abolição material, o que faz dela uma data ambígua. Na versão oficial da abolição,
coloca-se o acento sobre o abolicionismo, mas se apaga ao mesmo tempo a memória
do que veio antes e depois. Nesse sentido, a abolição está inscrita, mas esvaziada de
sentido. A Lei Áurea de 13 de maio de 1888 é apresentada como grandeza da nação,
mas a realidade social dos negros depois desta lei fica desconhecida. Visto deste ponto
de vista, o discurso abolicionista tem um conteúdo paternalista. A questão do negro tal
como colocada hoje se apoia sobre uma constatação: o tráfico e a escravidão ocupam
uma posição marginal na história nacional. No entanto, a história e a cultura dos
escravizados são constitutivas da história coletiva como o são o tráfico e a escravidão.
Ora, a história nacional não integra ou pouco integra os relatos de sofrimento, da
resistência, do silêncio e participação.
A abolição da escravatura é apresentada como um evento do qual a República pode
legitimamente se orgulhar. Mas a celebração da data até hoje tenta fazer esquecer a
longa história do tráfico e da escravidão para insistir apenas sobre a ação de certos
abolicionistas e marginalizar as resistências dos escravizados. A mim me parece que a
celebração acompanha -se de uma oposição sempre atualizada de duas memórias:
memória da escravidão negativamente associada aos escravistas e a memória da
abolição positivamente associada à nação brasileira. No entanto, as duas memórias
deveriam dialogar para se projetar no presente e no futuro do negro, ou se
constituindo numa única memória partilhada.
A proposta de transformar 20 de novembro em data da consciência negra partiu da
iniciativa do saudoso poeta Oliveira Silveira, do Grupo Palmares, do Rio Grande do Sul,
e virou uma iniciativa do Movimento Negro como um todo a partir do início da década
de 70. Através do trabalho das entidades negras, essa proposta ganhou força em todo
o País, e gradativamente passou a ser reconhecida pela mídia e pela sociedade em

15
geral. Zumbi dos Palmares foi reconhecido oficialmente, a partir do governo Fernando
Henrique Cardoso, como herói negro dos brasileiros. Hoje, o dia 20 de novembro é
comemorado universalmente em todo o País, sendo considerado feriado oficial em
vários estados e dezenas de municípios. Em vez de comemorar 13 de maio, data em
que a princesa Izabel assinou a Lei Áurea, que aboliu a escravatura, o Movimento
Negro prefere simbolicamente se concentrar na data de 20 de novembro, que tem a
ver com a luta para a segunda e verdadeira abolição da escravatura. Por isso,
novembro se transformou nacionalmente em mês da Consciência Negra. Ninguém se
ilude ao acreditar que todos os problemas da população negra se resolvem em 20 de
novembro, mas trata-se de um mês que tem um profundo sentido simbólico e político
no processo de sensibilização, politização e conscientização sobre as práticas racistas e
as consequentes desigualdades que dificultam a plena inclusão do Segmento Negro na
sociedade brasileira.

(MUNANGA, [2018])

Professor(a), após a leitura compartilhada da reportagem e pesquisa em dicionários sobre


eventuais palavras desconhecidas pelos/as estudantes, promova o debate sobre a situação e a
luta dos africanos e afrodescendentes após a abolição e atualmente.
Ao analisar o texto retome informações importantes apresentadas no vídeo da aula anterior.
Após a realização do debate e antes de solicitar que os estudantes produzam dissertações,
demande a realização de um exercício de síntese, dos principais tópicos que apareceram no
debate. Após este exercício reflexivo, selecione tópicos que foram demarcados e oriente a
produção do texto dissertativo.

PARA SABER MAIS:


AINDA EXISTE ESCRAVIDÃO? [S. l.: s. n.], 2023. 1 vídeo (2:01 min). Publicado pelo canal
Se liga-Enem e vestibulares.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VVT2-6CCMZs .

ESCRAVIZAÇÃO MODERNA | Se liga na educação | História | 7º ano.


Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1EBYHVl83dye7tmYhAwToaI-
s8N24ONm3/view.

RECURSOS:
Computador, projetor, reprodução de letras de música, reportagem, quadro branco, pincel,
caderno e caneta/lápis.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação deverá ser processual, contínua, diagnóstica e formativa, permeando todas as
atividades desenvolvidas pelo professor. Desta forma, ao longo das propostas apresentadas, o
professor poderá avaliar o estudante segundo sua participação nas atividades realizadas: na
leitura compartilhada, na participação e na criação do texto dissertativo.

16
ATIVIDADES
1 – Leia o texto a seguir com atenção.
(...) os africanos não escravizavam africanos, nem se reconheciam então como africanos. Eles
se viam como membros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias, de um Reino e de um
grupo que falava a mesma língua, tinha o mesmo costume e adorava os mesmos deuses (...)
quando um chefe efique de Velho Calabar vendia a um navio europeu um grupo de cativos
ibus, não estava vendendo africanos nem negros, mas ibus, uma gente que, por ser
considerada por ele inimiga e Bárbara, podia ser escravizada. E, quando negociava um e fique
condenado por crime, vende quem, por força de sentença, deixara de pertencer ao grupo, o
comércio transatlântico de escravos era controlado pelos grandes da terra, pelos poderosos da
Europa, da África e das Américas. Faziam parte de um processo de integração econômica do
Atlântico, que envolvia a produção e a comercialização, em grande escala, de açúcar, algodão,
tabaco, café e entre outros bens tropicais, um processo no qual a Europa entrava com o
capital, as Américas com a Terra e a África com o trabalho, isto é, com a mão de obra cativa.
(SILVA, [2012])
a) Destaque do texto as palavras desconhecidas e pesquise por seu significado.
b) Com base no texto, é correto afirmar que os africanos escravizavam africanos para
vendê-los como escravos?

2 – A respeito da escravidão contemporânea, assinale a opção correta no que se refere ao


caso brasileiro.
a) A imigração de africanos e asiáticos reduz o número de escravos urbanos, dada a
qualificação desses trabalhadores estrangeiros.
b) As estratégias adotadas na construção civil em decorrência tanto da especulação
imobiliária quanto da organização de megaeventos são práticas econômicas que têm
favorecido a escravidão urbana.
c) Há uma relação direta entre a tecnificação do campo e o aumento do trabalho escravo
no setor rural.
d) A migração campo-cidade nas décadas de 1940-1980 explica a escravidão urbana
referida no texto.

3 – O trabalho análogo à escravidão não se restringe apenas à situação em que o trabalhador


não tenha se candidatado espontaneamente ao emprego, mas também quando ele é
ludibriado com falsas promessas de ganho e quando é coagido a trabalhar.
No Brasil, nos últimos anos, podemos afirmar corretamente que esse tipo de trabalho incide,
em maior escala, na exploração de
a) Trabalho forçado, jornadas de trabalho exaustivas, servidão por dívida e condições
degradantes de trabalho idosos, em atividades domésticas.
b) homens, nas atividades pecuárias e de desmatamento.
c) adolescentes, em indústrias siderúrgicas.
d) crianças, no setor da construção civil.

17
REFERÊNCIAS
ABREU, Marta; SOIHET, Rachel (Orgs.). Ensino de história, temáticas e metodologias.
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.
BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula. Contexto: São Paulo,
1998.
BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania. FTD: São Paulo, 2015.
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da
União, Rio de Janeiro, 31 dez.
COTRIM, Gilberto, RODRIGUES, Jaime. Historiar. 6°ano: ensino fundamental anos finais.
3°ed. São Paulo. Saraiva. 2018.
ESCRAVO, NEM PENSAR! – Educação para a prevenção ao trabalho escravo –2022 /
Repórter Brasil -- São Paulo, SP. Repórter Brasil, 2022. 264 p.
JUVENTUDE, Pastoral. Negro Nagô. S/l. Pastoral da Juventude. 1994. Formato 12”. (3: 13).
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
educação infantil, o ensino fundamental. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional
de Educadores de Minas Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento
_curricular_mg.pdf. Acesso em: 03 jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino fundamental -
anos iniciais. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas
Gerais, [s. l.], 2022. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg. Acesso em:
03 jun. 2023.
MONTELLATO, Andrea R. D. Et alli. História na sala de aula: conceitos, práticas e
propostas. São Paulo Contexto, 2003.
MUNANGA, K. O 20 de novembro e o negro no Brasil de hoje. Jornal da USP. São Paulo, 14
nov. 2018. Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/o-20-de-novembro-e-o-negro-no-
brasil-de-hoje/ Acesso em: 12 jun.2023.
OS AFRICANOS – raízes do Brasil. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (6:25 min). Publicado pelo canal
Enraizando. Disponível em: (472) Os Africanos - Raízes do Brasil #3 - YouTube .
PELLEGRINI, Marco et al. Vontade de saber: História, 7. São Paulo: FTD, 2015.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; GARCIA, Tânia Braga. O trabalho histórico em sala de aula.
História e Ensino. Revista do Laboratório de Ensino de História/CLCH/UEL, Londrina, v. 9, out.
2003.
VELOSO C. Navio negreiro. S/l. Mercury Records.1997. Álbum de Música. (5:24 min).

18
UNIDADE TEMÁICA:
Lógicas comerciais e mercantis da modernidade.

OBJETO(S) DE
HABILIDADE(S):
CONHECIMENTO:
A emergência do capitalismo. (EF07HI17X) Discutir as razões da passagem do
mercantilismo para o capitalismo, identificando e
compreendendo suas diferenças e os seus impactos para a
sociedade contemporânea.

PLANEJAMENTO
TEMA DE ESTUDO: O desenvolvimento do capitalismo.
DURAÇÃO: 1 aula.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A) CONTEXTUALIZAÇÃO/ABERTURA:
Professor(a), esta habilidade é complexa, pois requer compreender dois conceitos –
mercantilismo e capitalismo – estabelecendo o contraponto com o feudalismo. Na transição do
mercantilismo para o capitalismo, bem como na definição desses conceitos, há divergências
entre especialistas dos temas. Professor (a), interessa destacar que o capitalismo é um
fenômeno histórico originado na Europa no contexto das monarquias absolutistas, da
exploração colonial e do desenvolvimento mercantil, e que ele separou o mundo antigo e
medieval do mundo moderno, impondo formas de viver e de pensar baseadas no acúmulo de
bens materiais, no trabalho livre e assalariado e na organização racional do trabalho e da
produção. Entender o capitalismo é uma forma de compreender o presente, uma vez que esse
sistema econômico impera hoje em uma escala praticamente global.
Professor(a), se possível projete a imagem abaixo ou disponibilize reproduções para os/as
estudantes.
Gravura 1 – Metal.

(PXHERE, 03 dez. 2017)

Em seguida, inicie um diálogo com os/as estudantes, indagando sobre o que a imagem
representa. Esse objeto é utilizado na contemporaneidade? Como? Em outros épocas esse
objeto possuía o mesmo valor e importância que atualmente? Professor(a), nessa
sensibilização propicie um momento de diálogo em sala de aula, de maneira que possa
observar os conhecimentos prévios dos(as) estudantes e contextualizando a temática. O
espaço de aprendizagem deve proporcionar um momento de reflexão coletiva, estimulando o
diálogo.
19
B) DESENVOLVIMENTO:
Professor(a), se possível exiba o vídeo: Absolutismo e Mercantilismo disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=xsN60s72XBs > e em seguida convide os/as estudantes a
produzirem um mapa mental a partir dos conceitos Estado Absolutista e Mercantilismo. Nesse
momento, sugere-se o uso do livro didático, o uso da internet ou sala de leitura como apoio.
O mapa mental constitui-se em uma importante ferramenta que contribui no processo de
elaboração de síntese.

O mapa mental é uma técnica de estudos que pode auxiliar a compreender os


principais pontos abordados em uma aula, mostra, filme, palestra, texto entre outros.
Não há uma regra rígida para criar um mapa mental. No entanto, o(a) professor(a) pode
sugerir uma estrutura que auxilie o(a) estudante a elaborar o seu mapa.
Exemplo:
▪ Utilize um papel em branco.
▪ A palavra-chave deve estar localizada no centro da folha.
▪ Elabore desenhos, infográficos, gráficos e símbolos, a partir dos estudos realizados
para organizar as principais informações.
▪ Crie formas de aproximar as informações estabelecendo conexões entre os
conceitos e demais informações elencadas.

Professor(a), espera-se que os pontos elencados no esquema abaixo sejam considerados


pelos/as estudantes. Caso se difira muito do esquema abaixo, utilize-o como exemplo ou
síntese de todos os pontos observados pelos estudantes.

Apoio aos negócios da ← Estado absolutista → O Estado sustenta os nobres


burguesia ↓ pagando-lhes rendas

Mercantilismo
↙ ↘

Meios Objetivos
− Barreiras alfandegárias. − Reforçar o poder do Estado nacional.
− Estímulo a expansão marítima e − Metalismo: entesouramento de metais
colonial. preciosos.
− Incentivo às manufaturas nacionais. − Busca de balança favorável:
exportação> exportação.

Professor(a), a partir desse processo de elaboração, o(a) estudante terá mais subsídios e
conhecimento prévio para o desenvolvimento da próxima atividade. Sugere-se que haja uma
leitura compartilhada do texto a origem do sistema capitalista, lembre-se que sempre que
houver um texto a ser trabalhado é interessante a realização da leitura compartilhada com
os(as) estudantes, enfatizando os aspectos que considerar mais relevantes.

20
A origem do sistema capitalista

Quando o sistema capitalista começou?


O sistema capitalista começa a surgir com a decadência do sistema de produção vigente até
então: o feudalismo. O feudalismo teve início no século V e durou até o século XV, quando
o capitalismo começou a tomar forma. Você talvez se lembre das características do sistema
feudal, mas vamos relembrar como ele funcionava e como o capitalismo começou a surgir no
final desse período.
O feudalismo era um sistema de organização econômica, política e social vigente na Europa
Ocidental da Idade Média, baseado na posse de terras e em estamentos. Estamentos
eram classes sociais estáticas – não havia mobilidade -, isso significava que as pessoas
nasciam e morriam pertencendo à mesma classe social.
As três classes no sistema feudal eram: nobreza, o clero e os servos. (...)
A produção no feudalismo era caracterizada pela autossuficiência. Os feudos produziam o
que seria consumido no local, não havia comércio, tampouco moedas. Quando havia
intercâmbio de mercadorias, trocavam-se produtos por produtos, e não produtos por
dinheiro. Porém, com o crescimento populacional, o desenvolvimento das cidades e das
atividades comerciais, surge a moeda para facilitar as trocas e ampliam-se as fontes de
renda.
Nesse momento surgem as feiras livres, que eram espaços onde as pessoas levavam seus
produtos para comercializar – muito semelhantes às feiras que existem até hoje. Com o
desenvolvimento da atividade comercial surge uma nova classe econômica
chamada burguesia. Assim, se antes tínhamos uma sociedade de classes sociais estáticas, o
surgimento da burguesia vem quebrar essa organização econômica e social, pois permitiu
a mobilidade social daqueles que passaram a desenvolver atividades comerciais.
O comércio, diferente da organização feudal, estruturava-se no trabalho livre e
assalariado. Essa mudança foi um dos principais acontecimentos para a transição da Idade
Média para a Idade Moderna e da decadência do feudalismo e início da primeira fase do
capitalismo.
▪ Fases do sistema capitalista
Primeira fase do sistema capitalista: Capitalismo Comercial (Século XV – XVIII)
A fase do capitalismo comercial é também chamada de pré-capitalista. Naquele
momento ainda não havia industrialização e o sistema estava baseado em trocas
comerciais. O modelo econômico adotado nesse período foi o mercantilismo, que tinha
como principais características:
− o controle estatal da economia – o Rei controlava o mercado;
− o protecionismo – proteção do mercado interno;
− o metalismo – acúmulo de metais preciosos;
− e a balança comercial favorável – mais exportação do que importação.
A crença naquele momento era de que a riqueza disponível no mundo não poderia ser
aumentada, apenas redistribuída. Assim, os países buscavam a acumulação de riquezas
por meio da proteção da economia local e acúmulo de metais decorrente das trocas

21
comerciais que realizavam com outros países. Foi nesse período que as nações europeias
exploraram os recursos de suas colônias, como aconteceu aqui nas Américas.

Segunda fase do sistema capitalista: Capitalismo Industrial (Século XVIII – XIX)


A passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial se deu em meio à
revolução tecnológica e políticas. A Revolução Industrial se inicia na Inglaterra em 1760,
e tem como seu marco principal a introdução da máquina a vapor na produção, o que deu
início à transição de uma produção manufatureira para uma produção industrial.
A produção industrial tornava-se necessária, pois com o crescimento demográfico e
expansão das cidades era necessário que os produtos fossem criados e distribuídos com mais
eficiência e escala.
As revoluções também tiveram um caráter político. Em 1789 inicia-se a Revolução
Francesa, movimento que buscava o fim da organização política, social e econômica vigente
na época; que oferecia privilégios a pequenas parcelas da população e concedia poucos
direitos ao povo.
Nessa fase do capitalismo, o poder passou para as mãos da burguesia, que começou a
crescer com a intensificação do comércio. (..).

Terceira fase do sistema capitalista: Capitalismo Financeiro (Século XX)


O capitalismo financeiro se inicia no século XX, depois do final da segunda guerra mundial.
Essa nova fase tem seu início quando bancos e empresas se unem para obter maiores lucros.
É nesse momento que surgem as empresas multinacionais e transnacionais, e se
fortalecem as práticas monopolistas. Esse modelo, vigente até hoje, é baseado nas leis
das instituições financeiras e dos grandes grupos empresariais presentes no mundo todo.
É um período caracterizado por elevada concorrência internacional, monopólio comercial,
evolução tecnológica, globalização e elevadas taxas de urbanização. É chamado de
capitalismo financeiro, pois as grandes empresas passaram a vender parcelas de seu capital
na bolsa de valores(...)

Guerra Fria e a vitória do sistema capitalista


Apesar de ser adotado em grande parte do mundo hoje, a hegemonia do sistema capitalista
esteve em disputa durante décadas após a segunda guerra mundial. O outro sistema
econômico era o comunismo, que defendia o fim da propriedade privada em prol da
construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Ao longo do conflito, Estados Unidos – defensor do capitalismo – e União Soviética –
defensora do comunismo – disputavam a hegemonia mundial e buscavam o apoio de outros
países para fortalecer seu posicionamento ideológico.
(...)

Capitalismo informacional
O capitalismo informacional não é uma nova fase do capitalismo, mas um novo momento da
fase do capitalismo financeiro. (...) O capitalismo informacional é caracterizado pela
globalização e pelos avanços nas tecnologias de informação, na aceleração e crescimento dos
fluxos de informações, pessoas, capitais e mercadorias. (...)
Fonte: (CARVALHO, [2018])

22
Professor(a), após a leitura compartilhada do texto “A origem do sistema capitalista” solicite
que os/as estudantes pesquisem em dicionários sobre eventuais palavras desconhecidas,
promovendo o debate sobre as fases do sistema capitalista. Após a realização do debate
demande a realização de um exercício de síntese, dos principais tópicos que apareceram no
texto. Professor(a), pode orientar o estudo a partir de questionamentos como: O que
caracteriza o capitalismo? O que há no mercantilismo que se assemelha ao capitalismo?
Como foi a passagem do mercantilismo para o capitalismo? Professor(a), proponha novamente
o questionamento: “Como foi a passagem do mercantilismo para o capitalismo? ” e verifique se
o entendimento mudou. A discussão deve ser mediada pelo(a) professor(a), e sua conclusão
registrada pelos(as) estudantes.

RECURSOS:
Projetor ou reprodução de imagem, quadro branco, canetão, folhas em braço, caderno, lápis
ou canetas.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO:
A avaliação deverá ser processual, contínua, diagnóstica e formativa, permeando todas as
atividades desenvolvidas pelo professor. Desta forma, ao longo das propostas apresentadas, o
professor poderá avaliar o estudante segundo sua participação nas atividades realizadas: na
leitura compartilhada, na participação, na feitura do mapa mental e na produção da síntese
final.

23
ATIVIDADES
1 – Agora você já sabe que as origens do Estado Moderno se encontram no final da Idade
Média. Leia o texto abaixo, que apresenta uma explicação para o termo “Estado”. Em seguida
observe a charge.
“Estado, entidade abstrata que comanda e organiza a vida em sociedade. [...] É bastante
controverso tentarmos estabelecer uma definição geral para o Estado. Mas, podemos pelo
menos definir algumas das funções do Estado Nacional fixadas historicamente no Ocidente:
cabe ao Estado o domínio da força e da repressão, a proteção do território e do povo, o
estabelecimento da lei, a manutenção da infraestrutura da sociedade.” SILVA, 2005.

Imagem 2 – Direito à Moradia.

(RICO, [2023])

a) De acordo com o texto, quais são as principais funções do Estado?


b) Segundo a Constituição Brasileira de 1988, todo brasileiro tem direito à moradia,
condição necessária para ele se desenvolver como cidadão. Analise a charge acima que
critica o descumprimento desse direito social.
c) O que você pensa sobre essa lei?
d) Você concorda com a ideia de que o Estado brasileiro deva garantir moradia a todos os
cidadãos? Justifique.
e) Você acredita que os Estados Nacionais que se formaram na Europa no final da Idade
Média também tinham essa função social, voltada para a formação da cidadania?

2 – Leia a reportagem abaixo e faça o que se pede.

Donald Trump, mais próximo do mercantilismo do que do protecionismo

O presidente americano Donald Trump, frequentemente acusado de ser


protecionista, é também considerado um mercantilista pelos economistas, que
não hesitam em se remontar ao século XVII para encontrar influências de sua
política econômica. “Do ponto de vista comercial, sim, sua visão é mercantilista,
mas um mercantilismo recondicionado”, explica à AFP James Galbraith, professor

24
de Economia da Universidade do Texas, referindo-se à ambição de Trump de
reequilibrar a balança comercial de seu país. O presidente americano estabeleceu
como meta reduzir o déficit comercial de seu país, e acusou os países que
vendem muitos produtos aos Estados Unidos enquanto compram pouco.
A China, classificada por Trump de "maior ladra da história" durante sua
campanha eleitoral, lidera essa lista negra, onde também estão México e
Alemanha, cujos superávits comerciais batem recordes.
Para isso, o presidente americano faz ameaças, como as impôr fortes tarifas
alfandegárias às importações.
"Precisamente, o mercantilismo consiste em favorecer as exportações e proteger
as fronteiras para limitar as importações e evitar que a riqueza deixe o país",
ressalta Eric Berr, professor na Universidade de Burdeo

(ESTADO DE MINAS, [2017])

A partir da leitura da reportagem, identifique as práticas econômicas do século XVII que estão
sendo aplicadas na atualidade.

25
REFERÊNCIAS
ABREU, Marta; SOIHET, Rachel (Orgs.). Ensino de história, temáticas e metodologias.
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.
BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula. Contexto: São Paulo,
1998.
BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História sociedade & cidadania. FTD: São Paulo, 2015.
CARVALHO, Talita de. A origem do sistema capitalista. Politize! 05 jun. 2018. Disponível em:
https://www.politize.com.br/sistema-capitalista-origem/ Acesso em: 07 jun. 2023
COTRIM, Gilberto, RODRIGUES, Jaime. Historiar. 6°ano: ensino fundamental anos finais.
3°ed. São Paulo. Saraiva. 2018.
DONALD Trump, mais próximo do mercantilismo do que do protecionismo. Estado de Minas.
Belo Horizonte 17 mai. 2017. Disponível em:
https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2017/03/17/interna_internacional,855083/d
onald-trump-mais-proximo-do-mercantilismo-do-que-do-protecionismo.shtml . Acesso em: 16
jun. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:
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