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COLETÂNEA DE REDAÇÕES

VUNESP
2022
INSCRIÇÕES ABERTAS!

CURSO PRESENCIAL (SÃO PAULO)

1º DE SETEMBRO A 13 DE OUTUBRO

CLIQUE AQUI E SE INSCREVA!

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Aos/às estudantes e professores/as,
Este material foi elaborado em parceria entre o curso Contexto – Redação para Vestibulares e o grupo de
estudantes responsável pelo drive unificado @desempenhosmed.

A iniciativa do Contexto, assim como a dos estudantes, parte do princípio de democratizar o acesso à
informação sobre vestibulares. Aqui, foram compiladas as redações das cartilhas disponibilizadas no
@desempenhosmed das turmas de Medicina de 2022 cujas instituições adotam a banca avaliadora Vunesp .

Os textos estão organizados por ordem de nota normalizada em porcentagem, em uma razão entre a nota
informada na cartilha e a nota total da prova de redação.

Esperamos que essa Coletânea de Redações Vunesp 2022 seja de grande valia para o melhor entendimento
sobre as bancas de vestibulares.

Prof. Arthur Medeiros.

Este material não possui qualquer vínculo com a Fundação Vunesp ou com as Instituições de Ensino aqui mencionadas.

CARTILHAS UTILIZADAS
• FAMERP – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (2022)
Produzido pela Turma LV
Consulte a cartilha completa

• ALBERT EINSTEIN – Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (2022.1)


Produzido pela Turma XIII
Consulte a cartilha completa

• FMABC – Faculdade de Medicina do ABC (2022)


Produzido pela Turma LIV
Consulte a cartilha completa

• FMJ – Faculdade de Medicina de Jundiaí (2022)


Produzido pela Turma LIV
Consulte a cartilha completa

• SANTA CASA – Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2022)
Produzido pela Turma LX
Consulte a cartilha completa

• UNIFESP – Escola Paulista de Medicina


Produzido pela Turma 90
Consulte a cartilha completa

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Redação Vestibular Nota informada Total Aproveitamento
1 FAMERP 20 20 100%
2 FMABC 20 20 100%
3 UNIFESP 50 50 100%
4 SANTA CASA 20 20 100%
5 SANTA CASA 20 20 100%
6 UNIFESP 47,727 50 95%
7 SANTA CASA 19 20 95%
8 SANTA CASA 19 20 95%
9 UNIFESP 45,455 50 91%
10 UNIFESP 45,455 50 91%
11 UNIFESP 45,455 50 91%
12 UNIFESP 45,455 50 91%
13 UNIFESP 45,455 50 91%
14 UNIFESP 45,455 50 91%
15 UNIFESP 45,455 50 91%
16 UNIFESP 45,455 50 91%
17 UNIFESP 45,455 50 91%
18 UNIFESP 45,455 50 91%
19 UNIFESP 45,455 50 91%
20 UNIFESP 45,455 50 91%
21 FMABC 18,182 20 91%
22 FMABC 18,182 20 91%
23 FMABC 18,182 20 91%
24 FAMERP 18,18 20 91%
25 FMJ 18,18 20 91%
26 FMJ 18,18 20 91%
27 FMJ 18,18 20 91%
28 EINSTEIN 18,18 20 91%
29 EINSTEIN 18,18 20 91%
30 SANTA CASA 18 20 90%
31 SANTA CASA 18 20 90%
32 SANTA CASA 18 20 90%
33 FMABC 17,273 20 86%
34 FMJ 17,27 20 86%
35 FMJ 17,27 20 86%
36 FMJ 17,27 20 86%
37 FMJ 17,27 20 86%
38 FMJ 17,27 20 86%
39 FMJ 17,27 20 86%
40 FMJ 17,27 20 86%
41 FMJ 17,27 20 86%
42 FMJ 17,27 20 86%
43 FMJ 17,27 20 86%
44 FAMERP 17,27 20 86%
45 FAMERP 17,27 20 86%

4
46 SANTA CASA 17 20 85%
47 UNIFESP 43,182 50 86%
48 UNIFESP 43,182 50 86%
49 UNIFESP 43,182 50 86%
50 UNIFESP 43,182 50 86%
51 UNIFESP 43,182 50 86%
52 UNIFESP 17,27 20 86%
53 FAMERP 16,98 20 85%
54 FMJ 16,98 20 85%
55 UNIFESP 40,909 50 82%
56 FMJ 16,36 20 82%
57 FMJ 16,36 20 82%
58 FMJ 16,36 20 82%
59 FMJ 16,36 20 82%
60 FAMERP 16,36 20 82%
61 SANTA CASA 16 20 80%
62 FMJ 15,45 20 77%
63 FMJ 15,45 20 77%
64 FAMERP 15,45 20 77%
65 FAMERP 15,45 20 77%
66 FAMERP 15,45 20 77%
67 SANTA CASA 15 20 75%

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VESTIBULAR: Famerp 2022
TEMA: Os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 20/20

“A tecnologia move o mundo”. A frase proferida em uma das palestras de Steve Jobs, fundador da
empresa Apple, alude à importância que a tecnologia possui na contemporaneidade. Nesse contexto, o
avanço tecnológico ameaça posições laborais desde o período da Revolução Industrial. Cargos antes
ocupados por humanos progressivamente estão sendo substituídos por máquinas. Com efeito, dentre os
principais impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho contemporâneas, destacam-se: o
desemprego estrutural e a marginalização de indivíduos.
O avanço da inteligência artificial tem impacto direto no desemprego estrutural. O pensamento
neoliberal do mundo contemporâneo usa o princípio capitalista da busca pelo lucro. Nesse sentido, os
empresários geralmente tomam atitudes com foco na redução de custos e no aumento de vendas. Assim, o
desenvolvimento de tecnologias que substituem o trabalho humano e potencializam o lucro são ferramentas
extremamente atrativas para os donos de corporações. Como resultado dessa postura dos patrões, os
funcionários ficam submetidos a relações de trabalho voláteis e podem, a qualquer momento, ser trocados,
somando números ao índice de desemprego estrutural.
Por consequência do desemprego em larga escala, a marginalização de indivíduos tornar-se-á comum.
Apesar de trazer benefícios como a realização de tarefas perigosas, o uso da inteligência artificial impacta as
desigualdades sociais, visto que os então desempregados ficam financeiramente desamparados. Na tentativa
de se reinventarem, passam a exercer ofícios massantes e de baixa remuneração que ainda não foram
ocupados por máquinas. Esse fenômeno já acontece no mundo contemporâneo e é chamado pelo filósofo
Byung Chul-Han como a uberização do trabalho. Segundo Han, na sociedade hodierna muitas pessoas
recorrem a fontes de renda degradantes por falta de escolha. Desse modo, aqueles que usam a inteligência
artificial a seu favor, como grandes empresários, são beneficiados, mas o restante da população sofre com o
agravamento das desigualdades sociais e é marginalizada.
Portanto, ficam nítidos os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho contemporâneas
após a análise do desemprego estrutural e do aprofundamento das desigualdades sociais. Dessa maneira,
nota-se que embora, de fato, mova o mundo, as inovações tecnológicas são motivos de preocupação para
muitos indivíduos. Então, o assustador cenário trabalhista evidenciado por Byung, se nada for feito, será o
futuro de uma sociedade automatizada.

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VESTIBULAR: FMABC 2022
TEMA: Videogames: entre os benefícios à saúde dos jogadores e o controle do vício
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 20/20

A obra cinematográfica “Elefante” retrata como era o cotidiano dos dois jovens estudantes que
cometeram o “Massacre de Columbine”, o assassinato em massa de alunos numa escola estadunidense no
início do século XXI. Tal filme evidencia o vício que os atiradores tinham em videogames violentos como GTA
e de que forma isso impactava as relações sociais dos jovens com os pais e com os colegas de classe
negativamente, já que isolavam-se na escola e não estabeleciam diálogos com os familiares. Fidedigno à
realidade, esse documentário salienta os danos à saúde mental que o vício em videogames desencadeia em
cidadãos em formação, sendo o controle desse distúrbio fundamental para a vida em sociedade. Desse modo,
embora os games provoquem alguns benefícios à saúde, principalmente à memória, quando utilizados como
ferramenta de estudos, o seu uso excessivo é sintoma de um vício criado pela modernidade e coloca em xeque
a integridade física da criança.
Em primeiro lugar, é preciso analisar como a destruição das tradições trazida pela modernidade e pela
pandemia de covid-19 corroboram o uso excessivo de videogames. Nesse sentido, o filósofo britânico Anthony
Giddens afirma que a modernidade, Era iniciada após a Guerra Fria, é um período no qual as tradições e os
valores do certo e errado foram destruídos e, em meio a tal destruição, há um vazio de valores, o que abre
brecha para a repetição de hábitos antes considerados errados, os chamados vícios. Nessa lógica, as crianças
e adolescentes que não têm mais a tradição de brincar na rua e socializar através de esportes ao ar livre,
valores enfraquecidos pela urbanização trazida pela modernidade e pelo isolamento social que combate a
pandemia de covid-19, ficam vulneráveis a um vazio, que é preenchido pelo vício em jogos eletrônicos, por
exemplo. Assim, há a ascensão do número de crianças e adolescentes viciados em videogames em resposta
ao tédio provocado pela ausência de socialização, seja pela falta de brincadeiras tradicionais, seja pelo
isolamento social necessário para frear o vírus.
Em segunda análise, é evidente como o uso excessivo de games eletrônicos intensifica problemas
relacionados à saúde física da criança. Isso é exemplificado pelo fato de que tais jogos eletrônicos não
demandam gastos energéticos, visto que são comandados por controles remotos ou tablets que não exigem
a movimentação do indivíduo. Essa ausência de movimentação favorece um acúmulo de gordura no tecido
adiposo e desfavorece o ganho de massa muscular, pois os músculos não são incentivados sem movimentação
corporal. Não obstante, a proximidade dos olhos com as telas de smartphones ou tablets são grandes
responsáveis pelo aumento nos casos de miopia, de acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Logo,
o vício em videogames, além de trazer danos psíquicos de socialização, interferem negativamente na saúde
física, aumentando riscos de obesidade e problemas oculares.
Os videogames, por conseguinte, apesar de favorecerem a memorização de assuntos, desencadeiam
vícios endossados pela ausência de tradições e pela pandemia de covid 19, além de degradarem a integridade
ocular e muscular dos adolescentes, algo sofrido pelos atiradores do Massacre de Columbine.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Matheus Veloso Tiago (@_matheusveloso)
NOTA INFORMADA: 50/50

A necessidade de edificar, com solidez, uma mentalidade social crítica


"No filme “Esquadrão 6", é apresentada a realidade de um governo ditatorial, em um país imaginário
na Asia, cujo líder vive no luxo e na riqueza, ao passo que seu povo convive com a carestia e a miséria social e
como o declínio de valores e a indiferença existem com expressividade a ponto de o ditador possuir estátuas
com dimensões consideráveis de si, como símbolo de poder e vanglória. Contudo, no desenvolver do longa-
metragem, quando o arbitrário governante é deposto, seus inúmeros monumentos são demolidos,
metaforizando o término de um período inóspito e opressor sobre aquela população. Aquém da prerrogativa
cinematográfica, o debate acerca de derrubarem-se monumentos oscila entre os dilemas de relembrar e
apagar o passado, posto que causa questionamentos acerca da efetividade da remoção de estátuas e a
resolução de dramas históricos da sociedade e sobre o incômodo renitente em ter de ser lembrado das
atitudes incoerentes que figuras públicas fizeram em outros momentos da Humanidade. De qualquer maneira,
cabe analisar essas vertentes de pensamento e abordar os dilemas inerentes a cada uma, de modo a refletir,
com criticidade, suas interpretações para com os monumentos históricos controversos.
Nessa perspectiva, a lógica de entender monumentos como objeto de estudo e de recordação crítica
encontra respaldo nas reflexões acerca de como os relacionamentos interpessoais ocorrem hoje, em uma
contemporaneidade, cada vez mais, cética e de pensamento fluido. Isso porque a construção de obras com
indivíduos polêmicos na evolução da História deve ser compreendida com base nos valores e estruturas
socioculturais de séculos passados, como as estátuas de Cristóvão Colombo, alcunhado de “Descobridor da
América" e explorador mor do continente, o que significaria a competência de possuir uma edificação, como
homenagem. Nesse âmbito, contudo, hoje, a permanência e o juízo crítico sobre seus comportamentos e de
outros sujeitos históricos contribuem para o debate social da natureza e da motivação de suas ações, de modo
a propiciar o conhecimento do que foi realizado no passado, o qual não deve ser replicado nos dias atuais. À
medida que esse processo é feito, o espaço público torna-se ambiente para o crescimento intelectual e
humano dos indivíduos, conforme analisa a filósofa Hanna Arendt na obra "A Condição Humana", na qual
expõe a importância do convívio público entre os Homens como meio de despertar a crítica acerca da
realidade na qual se vive e apreender como o outro é fundamental na sua construção como sujeito social.
Deste modo, a permanência dos monumentos controversos é salutar de acontecer para que a memória e a
vida dos que foram vítimas de momentos nevralgicos não mais ocorram, para isso, a prática da lembrança é
imprescindível de ser feita.
Nesse sentido, porém, essa ação encontra resistência acerca das opiniões que sugerem a derrubada
inconteste dos monumentos controversos, dado que os identificam como verdadeiras afrontas aos conceitos
do Estado Democrático de Direito e aos valores da vida humana. Acerca disso, entretanto, a simbólica retirada
ou os ataques de cunho ilegal, como pichações, aos monumentos não alteram com profundidade a
mentalidade dos Homens e a perene decisão por ações coerentes com as normas de convívio e de respeito,
norteadas com genuíno espírito republicano. Isso se justifica, como exemplo, com a expressiva quantidade de
manifestações pela derrubada de estátuas de traficantes de escravos negros, nos Estados Unidos, após a
morte arbitrária e desumana de George Floyd, por um policial branco, dado que atitudes racistas continuaram
a se presentificar, o que indica a necessidade impreterível de modificar-se a estrutura opressora histórica
sobre as minorias sociais e não a banal subtração de estátuas com figuras racistas. Dessa forma, a colocação
do pensador Walter Benjamin de que "nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um
monumento de barbárie" promove o questionamento, no cenário contemporâneo, de até que ponto a
sociedade repudia e escandaliza-se com a "barbárie cotidiana", como na seletividade penal contra negros, na

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desigualdade social que macula a existência de milhares de pessoas e na cultura da violência sistêmica, pois
estes "monumentos” sim urgem de serem derrubados.
Visto que os dilemas sobre a derrubada dos monumentos se presentificam na sociedade atual, é sabido
que independente do posicionamento que o indivíduo adote, a obra contribui para a compreensão do passado,
com o fito de superar mentalidades perversas e ideologias que ataquem à vida humana. Sendo assim, cabe a
comunidade civil vir engajada por transformações sociais concretas e plurais a todos, para que haja o
aprimoramento entre os Homens e se observe um convívio pacífico e fraterno."

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VESTIBULAR: Santa Casa 2022
TEMA: O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país
e a necessidade da preservação ambiental
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 20/20

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VESTIBULAR: Santa Casa 2022
TEMA: O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país
e a necessidade da preservação ambiental
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 20/20

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 47,727/50

Luís, o Rei Sol, é guilhotinado em meio à Revolução Francesa; Hitler é encurralado e se suicida no fim
da Segunda Guerra Mundial; Osama Bin Laden é perseguido e morto após o atentado de 11 de Setembro. No
intuito de se combaterem instituições e ideologias durante a História, o ser humano associou a eliminação de
personificados símbolos ao combate de suas perpetuações, embora hoje ainda existam autoritários governos
tirânicos, defensores do neonazismo e grupos jihadistas terroristas. Da mesma forma, a destruição de
monumentos também não encerra a continuidade de valores não mais compartilhados nas sociedades atuais.
Não são legítimas suas derrubadas, as quais não encerram significados: os esquecimentos de pessoas e de
pedras não realizam a reparação histórica de um passado que precisa ser permanentemente relembrado.
A manutenção de estátuas erguidas em antigos contextos históricos socioculturais leva, nesse
contexto, à contínua revitalização de um debate moral que, diferentemente de uma derrubada, mantém vivo
um questionamento social eficiente. Postas como fotografias tridimensionais que documentam o passado,
monumentos conservam a memória de povos antigos, que buscavam perpetuar suas visões de mundo
culturais. Sejam no Egito as faraônicas esfinges, que protegiam tumbas de múmias e que fomentam, hoje, um
turismo regional, seja na China o gigante Exército de Terracota, que demonstra - por meio de milhares de
soldados esculpidos em pedra - o respeito que se tinha com os imperadores, inclusive após a morte, diversos
símbolos se mantêm inquestionavelmente conservados, preservando a História da humanidade. Entretanto,
caso fossem alvo de derrubadas e de ininterruptas problematizações a respeito da dominação de povos e de
inúmeras expansões e conquistas militares, não teriam mais os originários da Península dos Tibet memórias
culturais que, além de servirem como identidade histórica de seus ancestrais, relembram os perigosos poderes
que tinham governantes outrora não questionados. Assim, não se repetem os mesmos imperadores, visto que
nos dias atuais é inadmissível a submissão de pessoas à escravidão ou a condições deploráveis de trabalho na
realização de obras públicas: coisas relembradas por esses monumentos.
Embora, nesse cenário, a derrubada de monumentos seja associada, por minorias sociais, a um
protagonismo maior na sociedade, por acreditarem que a "justiça com as próprias mãos" esmigalhaça
ideologias antigas, junto com os fragmentos rochosos gerados a partir do impacto momentaneamente
prazeroso associado ao fim de uma figura, ingênuos são aqueles que acreditam em um apagamento definitivo
do passado. Se a morte em si de colonizadores e bandeirantes, por exemplo, já nãos os fazem serem negados
juntamente com suas ideologias, também não seria a derrubada de estátuas dessas mesmas figuras o som de
um martelo jurídico definitivo que encerraria a discussão promovida por elas. Além de estenderem pela
História valores de sua época a serem entendidos de forma não anacrônica - os bandeirantes, por exemplo,
são considerados símbolos nacionais de interiorização brasileira, entre os séculos XVII e XVIII, de forma a
ampliar o território do país, monumentos concretizam o diálogo. Como uma ininterrupta chama acesa que
percorre feito pira olímpica vários lugares e populações, esse estímulo é feito a diversas gerações que se unem
socialmente ao debaterem o passado: uma monumental força dada à continuidade de um dinamismo social
reflexivo.
A derrubada de monumentos é, pois, um ineficaz apagamento anacrônico da História. A manutenção
desses símbolos torna o debate do passado ainda mais presente, estimulando-se o desenvolvimento de
sensos-críticos que impedem as pessoas de permitirem a volta de outras figuras opressoras, como Luíses,
faraós e escravocratas.

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VESTIBULAR: SANTA CASA 2022
TEMA: O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país
e a necessidade da preservação ambiental
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 19/20

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VESTIBULAR: SANTA CASA 2022
TEMA: O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país
e a necessidade da preservação ambiental
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 19/20

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Pedro Elisei Gonçalves Silva (@apedroo_elisei)
NOTA INFORMADA: 45,455/50

Derrubada de estátuas e ressignificação do passado


Em junho de 2020, milhares de pessoas em todo o mundo foram às ruas defender a igualdade entre os
povos e lutar contra símbolos de racismo e violência. Esses protestos tiveram como marco a derrubada de
estátuas de colonizadores e genocidas, ato que desencadeou intensas discussões por parte da sociedade.
Embora exista quem seja contrário à derrubada de monumentos, é evidente que essa é uma atitude
necessária, já que não apaga o passado, mas permite que o relembrem de um novo modo. Isso se justifica pois
tais monumentos ainda violentam minorias e sua retirada possibilita novas impressões da História.
Em primeira análise, é válido ressaltar que os monumentos de figuras controversas devem ser
derrubados pois a sua manutenção corresponde à constante opressão das minorias. Isso ocorre porque as
tratadas estátuas foram esculpidas a fim de glorificar homens de expressivos feitos para sua época, como o
genocídio de um grande número de nativos ou a escravização de um grande número de pessoas. Ou seja, esses
são objetos públicos que ressaltam a figura de um opressor, que obteve sua glória às custas de uma violência
sistemática contra outros povos. Esses povos, contudo, tiveram sua história marcada pelo sofrimento e ainda
têm resquícios, no presente, dessa opressão: tal como ocorre com minorias negras, herdeiras - muitas vezes
pobres - de uma história que segregou seus antepassados escravos e libertos. Desse modo, as pessoas que
pertencem aos grupos oprimidos sofrem violência simbólica quando se deparam, no espaço público, com
monumentos que glorificam dominadores, já que se lembram de quem causou o sofrimento de suas famílias
e a miséria de seu presente. Não à toa, muitos grupos de negros apoiaram, em 2020, a derrubada da estátua
de Edwar Colston, o qual foi um traficante de escravos africanos. Destarte, a presença de monumentos de
dominadores ainda exerce coerção sobre minorias.
Além disso, é preciso derrubar os monumentos de figuras controversas para relembrar o passado a
partir de novas perspectivas. Essa necessidade se dá pois as estátuas públicas são estruturas simbólicas que
traduzem eventos e ideais relevantes à história de uma comunidade. As esculturas de dominadores, todavia,
reproduzem apenas a perspectiva de quem venceu um conflito, de modo a silenciar a experiência de quem o
perdeu. Dessa forma, ao destruir estruturas que valorizam os dominadores e colocar no lugar estátuas de
oprimidos, abre-se espaço para que se ressignifique o passado, difundindo a visão dos dominados, a qual já foi
amplamente estudada pela historiografia e sociologia. Isso também pode ser visto com base na recente
discussão que ocorreu na cidade de Baltimore, em que se sugeriu substituir o "Dia de Cristóvão Colombo" pelo
"Dia dos Povos Indígenas", de forma a relembrar-se o primeiro contato de europeus e americanos sob a visão
dos nativos. Logo, a destruição deis estátuas controversas possibilita a formação de novos olhares do período
anterior.
Evidencia-se, portanto, que é necessário derrubar monumentos. Apesar de haver quem seja contrário
a tal atitude, alegando que essa pode apagar o passado, é notável que a derrubada impede a violência
simbólica e permite o entendimento da história a partir de novas perspectivas. Sendo assim, enquanto houver
estátuas controversas, haverá opressão.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Isadora Rego Edwards (@isadoraedwards)
NOTA INFORMADA: 45,455/50

O estado de São Paulo é sempre um foco nas notícias do dia-a-dia, porém, nos últimos dois anos, o que
mais se observa nas manchetes é a vandalização de monumentos de figuras históricas, como os bandeirantes,
hoje vistos como opressores. Esse comportamento não está ocorrendo só no Brasil, como também no mundo
inteiro, pois questiona-se a valorização e o significado desse tipo de monumento e a sua derrubada.
Entretanto, após breves análises conjunturais, constata-se que derrubar os monumentos não é uma ação
adequada, já que apaga o passado, o que impede a ressignificação e leva do esquecimento.
Nesse contexto, é possível afirmar que a derrubada de monumentos e danosa do homem, pois impede
a fluidez das interpretações e, por conseguinte, a ressignificação histórica. Segundo o sociólogo Zygmunt
Bauman, a modernidade é líquida, ou seja, a sociedade é muito fluida e volátil, o que a deixa sujeita a
mudanças constantes e rápidas, envolvendo, principalmente, o modo de interpretar fatos socioculturais
dentro de sua história. Dessa forma, apesar dos monumentos terem sido criados, inicialmente, para relembrar
e vangloriar certas figuras, hoje em dia isso mudou, eles são vistos com olhos mais críticos, foram
ressignificados e agem como lembrete da luta dos oprimidos contra seus dominadores. Assim, fica claro que
os questionamentos sobre os monumentos expostos ao público auxiliam na sua ressignificação, de modo que
a sua derrubada interromperia esse processo.
Ademais, a derrubada dos monumentos é prejudicial à sociedade, pois apaga a memória histórica.
Perante as diversas atrações histórico-culturais espalhadas pelo mundo, tem-se, principalmente, aquelas
provenientes de momentos terríveis, como a Segunda Guerra Mundial, marcada pela xenofobia, violência e
Holocausto. Nesse caso, preservam-se os campos de concentração, cujo intuito não é homenagear ou celebrar
os nazistas, mas relembrar, de modo palpável, as atrocidades cometidas ali. Desse modo, os monumentos de
figuras opressoras, como bandeirantes, escravistas e ditadores, servem, a partir das interpretações críticas
atuais, para que não haja o esquecimento dos erros realizados durante a história humana, garantindo que
jamais sejam repetidos.
Portanto, é evidente que os monumentos não devem ser derrubados, mas expostos aos olhos da
sociedade para serem interpretados e ressignificados, de acordo com o pensamento contemporâneo. Dessa
maneira, não haverá homenagem e nem celebração de figuras que hoje são tidas como opressoras, mas um
constante lembrete dos absurdos cometidos e sofridos pelo homem ao longo da história. Essa transformação
de visão histórica e de pensamento só foi possível a partir dos questionamentos levantados pela publicidade
dessas figuras, o que comprova que sua derrubada seria negativa, pois levaria do apagamento da história e,
consequentemente, permitiria a repetição dos erros esquecidos pelo tempo.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Maarten Hageman (@amaarten_hageman)
NOTA INFORMADA: 45,455/50

Desde que a história passou a ser analisada e estudada a partir da perspectiva do oprimido ao invés
daquela do opressor, inúmeros personagens históricos que anteriormente eram enaltecidos pela sociedade
começaram a ser questionados, em razão de suas dubiedades éticas. Cristóvão Colombo, Edward Colston e
Borba Gato são algumas figuras que, na atualidade, permaneceram sendo edificadas e celebradas, apesar de
serem símbolos de um passado colonial violento. Como consequência disso, diversos monumentos, os quais
representam essas figuras e a violência a elas atrelada, têm sido derrubados, decapitados e grafitados, visto
que se acredita ser necessário apagar o passado e somente privilegiar a memória dos verdadeiros heróis. No
entanto, relembrar o passado é essencial para o progresso do presente, uma vez que a permanência dos
monumentos permite tanto discutir quanto estudar o perigoso poder das imagens a da mitificação de
personagens históricos nas sociedades. Diante disso, torna-se de suma importância não derrubar monumentos
para, então, relembrar o passado e entender o presente.
Primeiramente, monumentos possuem a finalidade de perpetuar a memória de pessoas ou
acontecimentos relevantes na história de uma comunidade, ou seja, são importantes para que a população
aprenda sobre o passado que construiu o presente, pois representam um período com uma mentalidade
diferente da contemporânea. Sendo assim, a existência de monumentos é importante para que a população
relembre um evento histórico e possa analisá-lo criticamente, de modo que os monumentos permaneçam
como uma lembrança do que não se pode repetir e do que jamais pode ser esquecido. Isso se deve ao fato de
que a manutenção de monumentos provoca a consciência permanentemente, de tal maneira que a população
consiga entender não só a cultura como também a barbárie do momento histórico, assim, desmistificando
personagens históricos anteriormente enaltecidos. Por exemplo, por mais que os campos de concentração de
Auschwitz representem a perda de milhões de vidas inocentes, a permanência do local e sua transformação
em um museu permite, então, que a sociedade perceba tanto a violência quanto a tristeza envolvida nessa
construção, de tal maneira que perpetua para as futuras gerações a memória de uma situação que jamais
deve não só ser esquecida como também repetida. Dessa forma, a manutenção de monumentos não deve ser
feita como tentativa de somente enaltecer figuras históricas, mas, na realidade, possui como propósito a
evocação de um passado violento, assim, possibilitando a análise crítica de sua importância para o contexto
atual.
Ademais, o apagamento do passado ao derrubar monumentos é perigoso para não só o presente como
também o futuro. Isso se deve ao fato de que ao apagar o passado, a população desconsidera a sua
importância para a formação do presente, assim, há uma diminuição da lembrança tanto daquilo que a
sociedade era quanto daquilo que ela não deve ser. Por exemplo, a lembrança do período da escravidão é
essencial para entender o contexto da sociedade contemporânea de desigualdade racial e,
consequentemente, de desigualdade social, de tal forma que estudar a sociedade da época como um todo é
essencial para entender o presente. Além disso, lembrar somente os heróis do passado faz com que a
população não perceba a profundidade da violência, a ideologia da época envolvida e sua relevância para o
presente. Logo, os monumentos não devem servir somente como uma edificação que desperte admiração,
sendo também importantes para rememoração de uma passado violento e cruel, entretanto, para isso é
essencial a mudança da perspectiva da sociedade em relação aos monumentos e sua função social.
Depreende-se, portanto, que monumentos não devem ser derrubados, pois são essenciais para
relembrar o passado. Sua presença na sociedade é importante para perpetuar a memória e, assim, permitir

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que a sociedade compreenda o passado de maneira crítica, de tal modo que não seja desconsiderada a sua
importância para a formação do presente, além de desmistificar personagens históricos da sociedade.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Marcus Vinicius Rabelo (@marcusyr10)
NOTA INFORMADA: 45,455/50

Desde as primeiras grandes civilizações, no Antigo Egito ou na Grécia, a construção de monumentos é


bastante utilizada para eternizar a memória ou os feitos de suas figuras mais importantes. Tal prática ajudou
historiadores em seu trabalho de redescobrir o passado, mas, nos últimos anos, questiona-se a exposição
pública de esculturas de personalidades que praticaram atos altamente condenáveis para o contexto atual,
como a escravidão. Com isso, surge o debate quanto à derrubada de tais monumentos, se eles realmente
servem apenas para relembrar o passado ou se perpetuam ideias obsoletas que deveriam ser apagadas.
Em 2020, estátuas de colonizadores, exploradores e traficantes de escravos foram derrubadas por
manifestantes em várias cidades do mundo. No contexto histórico em que esses símbolos do passado vivera,
a escravidão e a colonização eram vistas com uma certa normalidade pelos habitantes da época. Com o passar
dos anos, porém, essa mentalidade finalmente mudou e pôde-se constatar o genocídio de indígenas e negros
escravizados, bem como seu impacto negativo, o qual perpetua até hoje. Sendo assim, não é coerente manter
erguidos os monumentos em homenagem a essas pessoas que cometeram tais atrocidades.
Mesmo com esses aspectos levantados, há pessoas contrárias à retirada dessas esculturas do espaço
público, alegando que não se deve julgar o passado com o olhar do presente. No entanto, elas não observam
que os impactos negativos da história ainda são sentidos atualmente. Por exemplo, indígenas ainda perdem
suas terras para o agricultor branco e negros sofrem racismo, tendo desvantagens quanto à disponibilidade
de emprego bem remunerado ou a moradia bem localizada. Assim, percebe-se que várias condições atuais são
reflexo de um passado escravagista e explorador dos povos não brancos, não podendo, então, desvincular os
dois períodos.
Portanto, perpetuar monumentos de líderes políticos e outras figuras históricas problemáticos é sinal
de um passado não superado e de um presente que privilegia a memória de homens brancos em detrimento
de outros povos. Com isso, faz-se necessária uma mudança, na qual se valorize mais a história dos explorados,
a fim de minimizar as desigualdades seculares.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Laura Fernandes Nunes Rehder do Amaral (@laurarehder)
NOTA INFORMADA: 45,455/50

Após a derrota alemã durante a 2ª Guerra Mundial, placas de ruas que homenageavam Hitler foram
trocadas por outras que não fazem apologia ao nazista. Ainda assim, o estudo sobre as atrocidades praticadas
por ele continuam vivas nos estudos históricos. Atualmente, de forma análoga, a derrubada de monumentos
sobre agentes de opressão social gera dilemas entre seu potencial de apagar e relembrar a história. Contudo,
ainda que retire patrimônios culturais dos locais onde foram instalados, esse feito faz com que a história seja
relembrada sob uma nova perspectiva de resistência e sem celebrações aos que dizimaram minorias sociais.
Em princípio, a derrubada de monumentos sobre os responsáveis por sofrimentos coletivos revitaliza
a memória do passado. Apesar de muitas pessoas considerarem que essa ação apaga parte da história de um
povo, ela faz com que os períodos retratados por esses bens materiais sejam estudados com maior frequência
e intensidade, pois gera discussões e pesquisas em busca das razões pelas quais as obras em questão causam
incômodo a determinados grupos sociais. De acordo com o pensador Leandro Karnal, a destruição de um
patrimônio cultural é um feito histórico tão relevante quanto sua construção. Com isso, a queimada, em 2021,
da estátua de Borba Gato em São Paulo cria uma memória imaterial da resistência de pretos e indígenas
contra a escravidão, mesmo que não tenha a destruído de fato. Dessa forma, a desconstrução gera um novo
elemento de estudo histórico sob a mentalidade do oprimido, seja ela simbolica ou concreta.
Ademais, esses movimentos de derrubada rompem a idolatria aos que dizimaram grupos minoritários.
Nesse sentido, monumentos, além de elementos históricos, são objetos de adoração. Isso se explica pelo fato
de, geralmente, apresentarem grandes dimensões e de serem instalados em locais de ampla circulação
humana, onde são notados cotidianamente. Por esse motivo, a imponência transmitida por eles ofende
minorias sociais ao abordarem o passado sob uma perspectiva hostil, prestando homenagem aos que
dizimaram inúmeros indivíduos durante a vida. Sob essa ótica, retirá-los de locais de destaque desfaz a
celebração unilateral presente nesses patrimônios e abre espaço para manifestações culturais respeitosas e
diversas.
Em suma, derrubar monumentos não apaga o passado, e sim, o relembra sob novas perspectivas
históricas. Consequentemente, minorias sociais ganham espaço para elaborar memórias de acordo com seus
pontos de vista. Além disso, agentes de atrocidades humanas deixam de ser prestigiados.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Henrique Yoshiki Nakamura Tano (@henrique.tano)
NOTA INFORMADA: 45,455/50

Em junho de 2020, uma estátua de um dos principais traficantes de escravizados do Reino Unido foi
retirada, arrastada e, por fim, depositada em um lago, para que sua imagem nunca fosse mais vista. Esse
movimento ganhou forças ao redor do globo, inclusive no Brasil. Com isso, há quem diga que tais atos não
devem ser realizados, uma vez que são verdadeiros atentados contra o passado, na medida em que artefatos
históricos são destruídos. A realidade, no entanto, é que a derrubada de monumentos é benéfica para a
historiografia e para a sociedade, pois acaba com uma interpretação tendenciosa do que aconteceu e marca
na linha do tempo um evento que relembrará para sempre o verdadeiro passado.
A princípio, certos monumentos passam uma mensagem errônea dos seres que estão sendo
representados. Normalmente, somente se faz uma estátua com o intuito de homenagear e de perpetuar a
memória de alguém. Nesse sentido, a população é programada socialmente para apreciar tais símbolos. O
problema, contudo, é que a História já foi muitas vezes reescrita a fim de promover as vontades das elites
políticas e econômicas. Por exemplo, o estado de São Paulo, com a intenção de criar um orgulho paulista,
resgatou a figura dos bandeirantes como heróis. Porém, tal grupo era conhecido por sua violência:
capturavam indígenas para escravizá-los, destruíam quilombos e estupravam mulheres. Com esse tipo de
conduta, é nítido que não se deve venerá-los. Dessa forma, a queda dessas obras arquitetônicas impede a
perpetuação de uma História manipulada.
Além disso, percebe-se que a tendência mundial iconoclasta ainda terá desdobramentos no presente
e no futuro, o que rememorará o passado. Tal constatação é verdadeira, visto que hodiernamente o assunto
é bastante abordado na mídia e debatido nas escolas, principalmente em tempos em que essas ações
acontecem. Nesse viés, o público em geral terá ciência das causas da remoção desses objetos e, por
conseguinte, revisitará o passado. Ademais, é inegável que tais episódios serão contemplados nos livros de
História, dada a sua tamanha relevância. Consequentemente, as futuras gerações terão todas as informações
e fatos salvaguardados. Portanto, acabar com algumas estátuas ou símbolos permite “voltar” ao passado
Em suma, monumentos transgressores devem ser derrubados, dado que transmitem uma narrativa
artificial falsa. Um outro ponto de destaque é que essa conduta permite que o verdadeiro passado seja
relembrado hoje e no futuro.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Pedro Nicolas Brito (@pedrobritomed)
NOTA INFORMADA: 45,455/50

Em meados do século XX, o sociólogo francês Michel Foucault, em sua obra "Microfísica do Poder",
descreveu como relações de poder são estabelecidas de modos diversos na sociedade, inclusive por meio de
imagens - como, por exemplo, as estátuas. Sob esse raciocínio, hodiernamente, discutem-se os dilemas
envolvidos na derrubada de monumentos de figuras que, outrora relevantes, têm sua dúbia marca moral
histórica e atual influência social questionados por setores da sociedade. Dessa forma, torna-se indispensável
investigar esse impasse, por meio da análise tanto da acusação de apagamento do passado e da utilização de
outros meios para se relembrar a história, quanto da necessidade inquestionável de retirada personagens de
espaços públicos.
Diante desse cenário, vale notar que o argumento de que os monumentos devem ser mantidos, devido
ao seu suposto papel de recordação do passado, não se sustenta. Nesse sentido, embora tenham sido criados
em contextos socio-políticos marcantes, não é fundamentada a possibilidade de esquecimento de
experiências históricas na derrubada dessas estátuas. Essa constatação é possível ao se observar que a
memória de tais fatos não se relaciona à exibição pública dessas figuras, na medida em que livros, museus e
até artigos "online" podem garantir a permanência da difusão de informações históricas. Portanto, conclui-se
que não há apagamento do passado na retirada desses monumentos.
Ademais, cabe afirmar que a função de propagação de determinada mentalidade dominante -
intrínseca à instalação de estátuas - demanda a sua retirada de locais públicos. Nesse sentido, o sociólogo
espanhol Manuel Castells afirmou que a luta fundamental pelo poder se manifesta por meio da tentativa de
se construir significado na mente das pessoas. De tal maneira, aplicando-se tal pensamento à ótica de
Foucault, compreende-se que os monumentos, muito mais do que instrumentos de recordação do passado,
são verdadeiros objetos de poder criados para legitimar e enaltecer pensamentos e valores vigentes em
determinada época, propagando-os para as gerações seguintes. Sob esse ponto se vista, então, é aceitar a
disciplinação da mentalidade social a manutenção de assassinos e escravistas em pedestais, já que promove
a valorização e afirmação de comportamentos intoleráveis.
Em suma, a ideia de que monumentos devem ser mantidos para que se relembre a história é
claramente superada pela diversidade de meios pelos quais a experiência histórica pode ser transmitida,
muito além da exibição de imagens em vias públicas. Por fim, a derrubada dessas figuras é necessária, pois
foram construídas em um contexto de valorização de comportamentos moralmente condenáveis e podem
colaborar, por meio de seu poder imagético, para a permanência de pensamentos éticamente intoleráveis na
sociedade contemporânea.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Guilherme Araujo dos Santos (@_guilhrm)
NOTA INFORMADA: 45,455/50

A história do Estado de São Paulo, principalmente após a proclamação da República do Brasil, foi
fortemente marcada pela criação de um imaginário paulista pautado no enaltecimento de figuras históricas
que, teoricamente, teriam sido responsáveis pela origem e grandiosidade do Estado. Nesse contexto, foram
erguidos diversos monumentos valorizando os bandeirantes, por exemplo, como o Borba Gato e o monumento
aos bandeirantes, ambos na cidade de São Paulo. No entanto, conforme os estudos da história avançam, são
reveladas características dessas figuras que não condizem com o idea civilizatório vigente nos dias atuais.
Atualmente, sabe-se da grande violência da atuação dos bandeirantes, visto que dizimavam povoados
indígenas, quilombolas e estupravam mulheres em seu caminho de destruição. Dessa forma, não há como
permitir a manutenção desses monumentos na posição de enaltecimento que ocupam hoje, mas não devem
ser derrubados, e sim realocados e ressignificados, pois a lembrança desses acontecimentos deve continuar
viva.
Em primeiro lugar, os monumentos são objetos políticos de determinada época, utilizados com um
valor simbólico para engrandecer a história de um povo, sendo a representação da mentalidade de um
contexto histórico e social distinto dos dias atuais. Nesse sentido, eles foram erguidos justamente para cultuar
a imagem da figura ali representada, atribuindo os valores dela à sociedade daquele período histórico.
Entretanto, os ideais de civilidade atuais são incompatíveis com os transmitidos por essas figuras históricas.
Hoje, prega-se muito mais por uma sociedade igualitária que respeite a diversidade e repulse a discriminação
e eventos de genocídio. Sendo assim, é inaceitável a manutenção dessas estátuas com valores tão
antagônicos aos atuais na posição de grandeza que ocupam hoje, visto que representam justamente a
destruição de diversos povos, segundo estudos atuais.
Contudo, esses monumentos não devem ser derrubados ou destruídos com o intuito de serem
apagados da história. O problema reside, na verdade, no modo como são apresentados, pois, desde que foram
erguidos, estes ocupam a mesma posição de enaltecimento. Por causa disso, devem ser removidos e levados
a museus que confiram a interpretação adequada a essas figuras, como uma representação de um momento
histórico que pode permitir a reflexão sobre momentos que influenciaram no período atual e despertar a
consciência do público sobre horrores que não podem se repetir. Assim foi feito, por exemplo, nos campos de
concentração de Auschwitz, que permanecem até hoje com locais de visitação que são lembranças que não
podem passar em branco na história da humanidade.
Fica evidente, portanto, a inviabilidade da continuidade desses monumentos na posição em que se
encontram atualmente, visto que representam valores retrógrados sendo engrandecidos, que não condizem
com o momento atual. Todavia, é importante ressaltar que eles devem ser realocados e ressignificados, uma
vez que contêm um importante valor histórico que evidencia a mentalidade de uma sociedade remota no
tempo."

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Bianca Portela Costa
NOTA INFORMADA: 45,455/50

O estudo da história humana e de suas minúcias permite a elucidação de fatos passados e de como
eles eram compreendidos em seu determinado contexto. Nesse sentido, é possível realizar uma comparação
entre a mentalidade contemporânea e a visão de mundo presente em diferentes momentos. Assim, figuras
como grandes colonizadores, bandeirantes ou famosos escravocratas, que outrora foram homenageados com
imponentes monumentos, hoje, possuem sua imagem e atuação contestadas frente às barbaries cometidas
em relação a minorias históricas. Nesse viés, a derrubada dessas representações estáticas se faz necessária,
não como tentativa de apagamento do passado, mas como ressignificação da mentalidade social e como
reconstrução da história de sua memória.
Em primeiro lugar, é preciso compreender as razões que culminaram na elaboração das homenagens
em forma de estátua e os porquês da inadequação da manutenção dessas construções. Essa compreensão
permite visualizar as dinâmicas sociais que possibilitaram a alteração da mentalidade social, de um passado
colonialista e escrayocrata para um presente que tende a aceitar e valorizar outros povos e culturas além da
branca e europeia. De acordo com a teoria do Materialismo Histórico, proposto pelo sociólogo alemão Karl
Marx, a consciência humana é histórica e social, sendo definida por condições concretas de existência.
Portanto, com a mudança de contexto histórico, mudam-se também a consciência coletiva e a noção de quais
elementos são dignos de homenagem e destaque, o que torna a derrubada de monumentos um ato de
resistência e de compreensão da complexidade das relações humanas.
Além disso, a remoção desses elementos imagéticos contribui para uma reformulação da memória
através do debate e da ampliação do entendimento histórico da coletividade. Se por um lado, a presença
dessas estátuas transforma as figuras representadas em herois atemporais, minimizando ou até mesmo
negando as brutalidades cometidas, por outro, seu questionamento permite compreender de forma completa
e humanizada o papel daquela imagem e o que ela representa, principalmente, para as minorias negras e
indígenas. Dessa forma, é possível considerar que a manutenção dessas estátuas é, essencialmente, a
materialização do apagamento da história e da cultura de diversos povos que foram massacrados,
escravizados e torturados, e sua derrubada configura, não um apagamento do passado, mas um processo de
desconstrução que permite a reconstrução de uma memória coletiva mais ampla, crítica e dinâmica.
Por fim, fica evidente que a derrubada de monumentos representativos de figuras moralmente dúbias
é uma ferramenta poderosa para relembrar e ressignificar o passado sem apagá-lo, permitindo que sejam
dadas voz e visibilidade para povos e culturas que foram silenciados e oprimidos por essas personagens e suas
estátuas.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Evandro Naoto Niwa
NOTA INFORMADA: 45,455/50

Recentemente, vários monumentos e estátuas foram derrubados pelo mundo, visando,


principalmente, apagar o passado, a fim de esquecê-lo. Por outro lado, alguns desses objetos, ao invés de
serem destruídos, mantiveram-se preservados para que os acontecimentos históricos não fossem esquecidos
e sim, ressignificados. Assim, entre apagar o passado com a derrubada e a destruição de monumentos e a
manutenção deles para serem relembrados, este deve prevalescer, seja com o intuito de evitar que
atrocidades do passado se repitam no futuro, seja para a construção da memória sob um novo viés, diferente
do prisma dos dominantes.
Mormente, os monumentos não devem ser derrubados, visto que, principalmente, preservam a
memória coletiva e proporcionam a reflexão. O campo de concentração de Auschwitz, por exemplo, remonta
a uma das maiores atrocidades hitórico-mundiais já ocorridos: o holocausto nazista. Difícil, portanto, é não se
espantar com a imponente arquitetura desse local de massacre em massa. Com enormes grades e câmaras de
gás, questiona-se como foi possível a humanidade chegar nesse caos de assassinatos em larga escala. Assim,
como muitos outros lugares que preservam a memória de períodos sombrios, tal qual o cais de Valongo
remonta à mácula da escravidão africana no Brasil e a cúpula de Genbaku, gos horrores da bomba atômica de
Hiroshima, os campos de concentrações funcionam como um guia do que a humanidade não pode, de maneira
alguma, repetir e dos caminhos que não devem ser tomados. Visto que, dessarte, pelo contrário da derrubada
de monumentos que apenas apagam o passado, a manutenção deles mantém a memória coletiva acesa e
promove a contínua reflexão sobre atrocidades que não devem ser reincidentes, esta deve ser privilegiada.
Ademais, durante muito tempo, de fato, as grandes construções e estátuas funcionaram como símbolo
de louvor e respeito para reforçar o viés dos dominantes: por exemplo, monumentos dos bandeirantes
paulistas, de jesuítas e de Cristóvão Colombo. Assim, embora muitas se utilizem desse argumento para
defender a derrubada dessas figuras, esse ideal é equivocado. Isso porque, como supracitado, é justamente
mantendo-as que a memória social permanece viva. Essas estatuas remetem a períodos passados
importantes, como a colonização portuguesa no Brasil e a escravidão africana, que explicam muitas das
problemáticas nacionais hodiernas. Com isso, não de deve, realmente, manter essas figuras, sob a lógica
dominante, como símbolo de respeito. É necessário reconstruí-las sob um novo viés, colocando-os como
opressores, que fortaleciam a lógica colonialista e escravista.
Destarte, depreende-se que entre relembrar e apagar o passado, aquele deve prevalescer, para que
atrocidades do passado não sejam reincidentes no futuro e, também, com o intuito de reconstruir as memórias
sob, agora, o viés dos oprimidos. Acerca disso, os monumentos não devem ser derrubados, a fim de preservar
o ideal coletivo e proporcionar a contínua reflexão sobre épocas e acontecimentos sombrios que não podem
se repetir.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Maria Augusta Terra de Moura Barbosa (@maryaugustt)
NOTA INFORMADA: 45,455/50

A história da civilização ocidental foi construída, em boa parte, por meio de elementos visuais como
as estátuas e os monumentos. Na Grécia Antiga, vários deuses, guerreiros e figuras importantes tiveram seus
rostos marcados em algum material resistente ao tempo com o objetivo de eternizar a relevância e a grandeza
de cada um deles. Esse hábito foi mantido por muitas sociedades e, assim, várias obras foram erguidas com o
intuito de contemplar a lógica de um período e seus agentes. Contudo, a resistência física desses objetos não
os garante resistência aos questionamentos e às críticas cabíveis a qualquer realização humana. Por essa
razão, a discussão sobre derrubar ou não monumentos faz-se relevante atualmente. Entre o dilema de apagar
ou relembrar o passado cabe a discussão sobre a importância do pensamento crítico para conhecer a história
e a importância da história (em forma de monumento) no desenvolvimento do pensamento crítico.
De início, é importante frisar que a construção de uma obra grandiosa envolve uma percepção
enviesada que justifique sua elaboração e sua importância. Se por um lado, é possível utilizar-se de um
monumento para esboçar os valores de um período histórico, por outro, há o fato de que, na maioria das
vezes, o intuito desse monumento é engrandecer alguém que já possui alguma forma de poder social. Uma
das estátuas depredada recentemente foi a do rei Leopoldo, na Bélgica, que foi conhecido por torturar e
desumanizar os habitantes do Congo que este estava sob seu domínio colonial. Seu busto estampado na rua,
por si só, não serve como precursor para o pensamento crítico, pelo contrário, sua existência apenas como
símbolo eternizado possibilita a conclusão de que sua participação na história foi digna e louvável. Isso
porque, para o senso comum, essa é a função de uma estátua. Por esse motivo, a criticidade que envolve a
queda de um monumento não é algo negativo, pois ela indaga e se revolta contra uma lógica que, por anos,
silênciou e violentou minorias.
A história, entretanto, não pode trabalhar com maniqueísmos e radicalizações. Por isso, a queda de
monumentos também deve ser questionado. É importante notar que a manifestação subversiva e anti-
colonial que envolve derrubar uma obra só é possível porque a presença dela é física e incomoda, como se o
próprio monumento, intencionalmente ou não, servisse como despertador da revolta em parte da sociedade
e a levasse a refletir e agir. O museu de Auschwitz, na Alemanha, não serve para apenas indicar de o Nazismo
existiu, mas também para enfatizar sua crueldade, o seu desenvolvimento e mostrar criticamente porque
aquele cenário não deve se repetir. Dessa forma, percebe-se que o monumento, quando usado como elemento
para uma leitura social é um grande aliado.
Depreende-se, portanto, que a temática sobre derrubar monumentos é complexa. Se não houver
reflexão, debate e senso crítico por parte da sociedade, derrubar ou manter uma estátua terá o mesmo efeito.
Sabendo-se que cada obra se completa a partir da percepção do indivíduo, é importante que este esteja
munido de conhecimento para agir e pensar sobre esse assunto.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Roberta Oliveira Alves Lima (@ro.oliveira.sz)
NOTA INFORMADA: 45,455/50

A Comissão da Verdade, iniciada em meados de 2012, foi uma série de estudos e análises de dados
acerca da Ditadura militar brasileira, realizada a fim de manter ativa a memória dos trágicos acontecimentos
e favorecer o reconhecimento de possíveis sinais antidemocráticos na sociedade atual. Análogo a isso, os
monumentos históricos também carregam consigo um viés memorialista que, entretanto, está cercado de
dilemas no que tange a manter essas representações intactas: Deixá-las pode significar, aos grupos afligidos,
relembrar e viver a constante lembrança do martírio, enquanto derrubá-las pode culminar no apagamento do
passado e na consequente repetição de atitudes ultrapassadas.
A princípio, cabe pontuar que os monumentos históricos podem ser muito prejudiciais à autoimagem
de uma nação, o que é uma parte negativa de deixá-los expostos. Sob essa lógica, é lícito referenciar o muro
de Berlim, que, semelhante a esse tipo de representação, exercia uma triste influência aos alemães, até que,
por eles, foi derrubado, em 1989. Tal forma de rememorar as tensões geopolíticas da Guerra Fria afetava o
povo alemão, de modo que o caráter imponente de sua edificação os lembrava, constantemente, da
segregação socioespacial do conflito e do sofrimento causado por quem o construiu. Assim, a respeito desse
exemplo, é possível ver o papel da memória e do significado da construção na vida dos grupos atingidos pelo
que o monumento representa
Entretanto, é necessário ressaltar que as esculturas históricas, diferentemente do muro de Berlim, não
oferecem prejuízos físicos, como a segregação dos povos, haja vista que são apenas representações
imagéticas do passado. Nesse sentido, é importante dar ênfase ao caráter simbólico destas construções, já
que representam momentos da história que, mesmo que ruins, ajudam a construir a existência de uma nação
e fazê-la entender seu momento atual. Esses monumentos são formas marcantes de não esquecer o que
aconteceu na vida de um país e são essenciais para a hodiernidade, pois um povo que desconhece seu passado
está fadado a repeti-lo.
Portanto, constata-se que, apesar de o momento histórico simbolizado pelas esculturas ser sombrio
aos grupos afetados, mantê-las expostas é de suma importância para que a sociedade não volte a tal período.
Com isso, infere-se que não derrubar monumentos públicos não significa homenageá-los, mas sim fazer com
que os indivíduos atuais reconheçam o passado e se tornem capazes de perceber sinais de retorno a ele, como
propõe a Comissão da Verdade. Assim, ao tornar essas construções apenas memoriais, o dilema será resolvido
e a sociedade poderá seguir sempre rumo ao futuro e distante do que já passou.

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VESTIBULAR: FMABC 2022
TEMA: Videogames: entre os benefícios à saúde dos jogadores e o controle do vício
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18,182/20

No mundo contemporâneo, um dos mais famosos meios de entretenimento é o videogame, o qual


permite que os jovens adultos aproveitem os momentos de lazer. Nesse contexto, o uso moderado de
aparelhos de jogos on-line é saudável, uma vez que estimulam o raciocínio dos jogadores e fazem com que
estes se sintam menos solitários. O gasto exagerado de horas com videogames, no entanto, representa um
grande risco à saúde física e mental dos jovens, pois pode ocasionar problemas de visão, sedentarismo e falta
de convívio social. Portanto, a supervisão dos pais e responsáveis é fundamental para que as crianças e
adolescentes façam o uso devido e saudável de jogos on-line.
Diante do exposto, o aumento no número de usuários de videogames foi um dos impactos da pandemia
no ano de 2020, já que o isolamento social impedia o contato físico e fez com que os jovens buscassem
maneiras de se manterem entretidos. Tal crescimento de jogadores, somada às condições impostas pelo
distanciamento, afetou o modo como esses adolescentes e crianças interagem socialmente com as pessoas
em sua volta, visto que, ao jogarem, mantêm-se em seus quartos, sozinhos, e têm menos convivência com os
outros. A perda de algumas habilidades sociais e uma maior introversão podem ser notadas em indivíduos que
são viciados em videogame e afetam o convívio em sociedade desses.
Ademais, o curta metragem “Escravos da Tecnologia” de Steve Cutts apresenta uma crítica ao vício
dos indivíduos no mundo virtual e tecnológico, do qual os videogames fazem parte, por meio de um
personagem que é sedentário e alienado da realidade na contemporaneidade, um dos maiores riscos à saúde
dos jogadores é o sedentarismo, o qual, muitas vezes, tem a obesidade como consequência devido ao fato de
deixarem de praticar atividades físicas ao ar livre e passarem a ficar em frente aos computadores e aparelhos
de jogos. Nesse sentido, o desempenho nos estudos também pode ser afetado pelo uso descontrolado de
videogames, resultando em gerações cada vez menos interessadas em um bom futuro acadêmico e mais
alienados. A juventude e a adolescência são as fases em que o organismo humano apresenta grande
desenvolvimento, tanto fisicamente, quanto psicologicamente, e o excesso de tais jogos pode influenciar
diretamente na formação de crianças e adolescentes.
Em suma, os videogames podem ser inseridos de maneira controlada e saudável na rotina de jovens,
e, para que isso aconteça, é mister que adultos responsáveis supervisionem ou aconselhem os usuários. O uso
moderado dos aparelhos de jogos on-line evita não somente o vício, como também as diversas consequências
negativas que isso pode gerar à saúde física e mental dos adolescentes e crianças. Além disso, em uma
sociedade marcada profundamente pela tecnologia e cada vez mais novidades nesse ramo, é importante
manter os jovens informados sobre o papel fundamental de atividades ao ar livre e o contato físico para uma
vida saudável.

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VESTIBULAR: FMABC 2022
TEMA: Videogames: entre os benefícios à saúde dos jogadores e o controle do vício
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18,182/20

Os videogames configuram como tema de interesse social devido à sua relevância para o contexto
presente. Essa questão dialoga com as ideias de Jeremy Benthan, em “Introdução aos princípios da moral e
da legislação”, obra na qual filósofo postula que ação boa é aquela que gera resultados positivos. Ao tomar
como base essa perspectiva, pode-se inferir que os videogames são fundamentais para trazer benefícios à
saúde dos jogadores, no entanto há entraves, como a ausência do controle do vício, que atrapalha a
efetivação dessas vantagens.
Os jogos virtuais são essenciais para a saúde física dos jogadores, já que há games em que o indivíduo
deve realizar movimentos com o corpo para jogar, como o jogo de dança Zumba. Além disso, os videogames
são primordiais para a saúde mental, visto que podem melhorar o humor e estimulam a capacidade lógica do
jogador, desenvolvendo a técnica de raciocínio. Conforme Benthan, na obra supracitada, o objetivo de uma
ação deve ser a maximização dos prazeres da maioria. Sendo assim, pode afirmar que a prática de videogames
é uma ação positiva, pois a saúde física e mental da maioria dos jogadores tende a fortalecer. Contudo, há
impasses que impedem os benefícios proporcionados pelos jogos, como a falta de controle do vício.
Por conseguinte,o descontrole do vício pode perpetuar graves consequências aos jogadores, uma vez
que a pessoa que joga videogame em excesso pode confundir a realidade com o mundo virtual. Como
resultado, sobrevêm quadros de distúrbios psíquicos, pois existe a ilusão do indivíduo, que prejudica sua
capacidade de distinguir as duas dimensões. A título de ilustração, têm-se episódios de assassinatos
cometidos por pessoas que pensam estar em realidade virtual nos Estados Unidos. Sendo assim, pôde-se
compreender que o vício em videogames pode acarretar malefícios não só para o jogador, mas para todo o
corpo social.
Observa-se, portanto, que os jogos virtuais são importantes, uma vez que podem proporcionar
benefícios para a saúde mental e física dos jogadores. Todavia, o descontrole do vício impede que essas
vantagens sejam concretizadas, já que o vício pode desencadear malefícios para o jogador e para a sociedade.

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VESTIBULAR: FMABC 2022
TEMA: Videogames: entre os benefícios à saúde dos jogadores e o controle do vício
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18,182/20

A série de televisão “black mirror” faz uma crítica ao uso excessivo da tecnologia pelas pessoas, pois
retrata diversas consequências negativas que o meio digital pode oferecer à sociedade. Em analogia isso, os
videogames, apesar de apresentarem alguns benefícios à saúde, são extremamente perigosos, já que, se
usufruídos em excesso, possuem um enorme risco de gerar dependência. Assim, O controle familiar do tempo
de acesso a jogos on-line por seus filhos é crucial para evitar o vício, visto que ele pode comprometer tanto a
saúde do adolescente, como também a vida social deste.
Mormente, o controle do vício gerado por jogos eletrônicos é fundamental para preservar a saúde dos
jogadores. Nesse sentido, o excesso de tempo gasto em telas jogando videogames pode provocar danos à
saúde mental dos indivíduos, uma vez que o ambiente é muito competitivo e, consequentemente, causa
frustrações, ansiedade e até depressão. Além disso, a dependência de jogos on-line pode levar ao
sedentarismo, por falta de atividade físicas, e comprometer o som dos jovens, já que a luz proveniente de
aparelhos digitais atua como inibidora da produção de melatonina, hormônio responsável por induzir ao sono.
Dessa maneira, evitar o vício dos adolescentes joguei me faça necessário para uma boa saúde física e mental
dessas pessoas.
Não restrito a isso, conter o vício provocado por videogame é essencial para o desenvolvimento da
vida social de crianças e adolescente. Sob esse prisma, jogos eletrônicos prendem os jovens a telas dentro de
casa, ao invés de saírem para brincar e se distraírem com outras pessoas, o que é importante para fazer
amizade e estabelecer laços mais duradouros e verdadeiros. Ademais, quando o tempo on-line não é
controlado, as pessoas deixam de fazer coisas mais produtivas interessantes, pois preferem jogar a estudar
ou a realizar outro tipo de atividade lúdica, como leitura, fundamental para formação do indivíduo. Isso é
prejudicial para as relações interpessoais e para o desenvolvimento de habilidades tanto cognitivas quanto
emocionais desse jovens. Logo, o controle o tempo gasto em videogames deve ser feito pelos pais dos
jogadores, com o fito de estimular a convivência presencial entre as pessoas e a prática de outras atividades
recreativas.
Portanto, no que tange aos jogos eletrônicos, o controle do vício deve ser priorizado, por meio da
intervenção familiar. Isso é necessário para preservar a saúde física e mental dos jogadores, além de estimular
a construção de relações sociais entre os jovens e diversificar os seus meios recreativos. Sendo assim, o bem-
estar das crianças e adolescente será preservado, evitando, então, a manifestação de malefícios, como
retratado na série “Black Mirror”.

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VESTIBULAR: Famerp 2022
TEMA: Os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18,18/20

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18,18/20

A última década foi marcada pelo avanços das redes sociais que permitiu uma mistura de pensamentos
jamais vista. Porém, o convívio entre os internautas gerou uma dualidade de comportamentos, de um lado
pessoas buscam o diálogo para a construção de sua opnião, por outro lado, lacradores procuram likes por
meio do monólogo da lacração. Diante desses lados opostos, infere-se que o convívio saudável entre as
pessoas na internet existe somente quando há a prevalência do diálogo, visto que todo conhecimento é
formado pela dúvida e pela pluralidade de ideias.
Primeiramente, vale ressaltar que a dúvida é a etapa inicial da construção do conhecimento. Na
produção do pensamento crítico, a dúvida deve estar presente desde o início até o fim do processo para que
não haja a criação de verdades absolutas. Nesse sentido, a ação de "lacrar" prejudica o convívio nas redes
sociais, tendo em vista que o lacrador sempre cria verdades absolutas para evitar qualquer tipo de diálogo.
Dessa maneira, a cultura da lacração não abre espaço para incertezas e, por isso, impede a criação do
pensamento crítico saudavel.
Ademais, o comportamento lacrador fere uma das principais características da internet: a pluralidade
de ideias. A rede de contatos que o advento da internet gerou permitiu que milhares de pessoas discutam de
maneira plural diversos assuntos. Assim, à medida que um indivíduo cria ideias lacradoras formadas por
pensamentos isolados e individuais, o convívio na internet torna-se menos plural. Desse modo, o discurso
lacrador faz-se tóxico para os internautas.
Em suma, o diálogo é a base de qualquer tipo de interação humana saudável. A necessidade de lacrar
impede a construção do diálogo, pois cria verdades absolutas, além de atrapalhar a formação de ideias plurais.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18,18/20

O papel do diálogo na época da lacração o mundo digital está cada dia mais presente no cotidiano dos
indivíduos e, com isso, as formas de interagir e de se relacionar são continuamente transformadas para que
ocorra uma adequação a essa nova realidade. Dessa forma, termos como "lacrar" passam a estar cada vez
mais presentes, dado que representam uma resposta instantânea e imediata nas redes sociais sobre
determinado assunto e que encerram a discussão por trazerem uma verdade incontestável que gera muita
audiência na forma de "curtidas". Contudo, apesar de tais comentários muitas vezes proporcionarem
visibilidade para demandas de minorias historicamente marginalizadas, a melhor forma de conquistar os
direitos negados é através do diálogo, no qual ambos os lados participam ativamente para construir um
raciocínio e, então, compreendê-lo. Assim, em um mundo no qual grande parte do convívio entre as pessoas
é digital, por meio da internet, a necessidade de lacrar para receber audiência imediata deve dar lugar ao
diálogo para que as demandas sociais sejam realmente compreendidas e para a manutenção da democracia.
Em primeiro lugar, é necessário entender o papel do diálogo na compreensão das requisições sociais.
Nessa lógica, para que um preconceito que gera a exclusão de uma minoria e, consequentemente, origina
demandas sociais seja desconstruído, é imprescindível que o indivíduo questione a origem do conceito
excludente que traz consigo, em vez de a partir de outro ataque, como comumente ocorre na lacração virtual.
Isso porque, assim como defendia o filósofo da Idade Antiga "Sócrates" a partir do método socrático de
diálogo, o questionamento de conceitos previamente estabelecidos induz à dúvida sobre o fundamento de
tais certezas, o que, então, desestabiliza determinada convicção, abrindo espaço para a compreensão de um
assunto a partir de outros pontos de vista. Portanto, o diálogo é a forma mais eficaz de desestruturar
paradigmas para que demandas antes negligentes sejam debatidas e atitudes de reparação, tomadas.
Ademais, é importante relacionar a prática do diálogo com a manutenção da democracia. Sob essa
perspectiva, o Estado Democrático de Direito só é possível a partir do debate, dado que para que as
necessidade do povo sejam representadas, levando em consideração uma sociedade heterogênea com
demandas e opiniões divergentes, a conversa entre indivíduos com argumentos opostos é essencial, pois gera
ativamente ideias divergentes, convencimento de um lado frente ao outro e concessão de uma das partes.
Com isso, é garantido que atitudes políticas sejam tomadas em concordância com o que for requisitado pelo
povo a partir de um acordo estabelecido através do diálogo. Logo, o ato de dialogar é fundamental para a
manutenção da democracia.
Em suma, a vida contemporânea está marcada pela influência do meio digital, isto é, da internet, nas
relações interpessoais. Dessa maneira, a lacração em redes sociais predomina nas discussões, o que é
extremamente prejudicial visto que o diálogo é a forma mais eficiente de debater ideias de forma a gerar
consenso de ambas as partes a partir de diferentes formas de compreender um assunto. Assim, a falta de
diálogo leva ao não entendimento de parte da população sobre as demandas de camadas sociais
historicamente negligenciadas e ameaça o regime político democrático.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18,18/20

A lacração consiste em um conceito originado a partir da interação entre os indivíduos no meio digital.
Nesse sentido, embora alguns grupos considerem a ocorrência de tal fenômeno um aspecto de luta em favor
das minorias, a lacração, na realidade, representa o fracasso da busca por diálogo nas redes sociais. Dessa
forma, o convívio entre as pessoas na internet passa a ser marcado pela ausência de debates, culminando em
um meio social que nega a pluralidade de ideias e favorece a polarização e os extremismos.
Inicialmente, é importante destacar como a lacração obstaculiza o estabelecimento de diálogo no
meio digital. Seguindo esse viés, a partir da necessidade de estabelecer apenas seu próprio ponto de vista
como uma verdade absoluta, indivíduos restringem o debate e a contraposição de ideias. Divergindo desse
cenário, Sócrates, filósofo da Grécia Antiga, afirmava que o diálogo, por meio da dialética, era o único fator
que possibilitava ao ser humano se aproximar da verdade. Por conseguinte, analogamente ao pensamento
supracitado, em um ambiente no qual não há o estímulo ao debate, o alcance de um meio social plural e
diverso revela-se inviável.
Ademais, como consequência da conjuntura citada, há a formação de uma coletividade polarizada e
conflituosa, na qual apenas os extremos são possíveis. Desse modo, a partir da formação de "bolhas" - locais
que aglutinam indivíduos com similaridade de ideias - , nas mídias sociais, há a composição de grupos
fechados, os quais antagonizam com outros sujeitos, de posicionamentos diferentes. Exemplificando esse
aspecto, durante as eleições presidenciais brasileiras, em 2018, houve uma intensa polarização nas redes
digitais. Dessa forma, além de discussões ofensivas e desrespeitosas, grupos com divergências políticas
rivalizavam entre si, resultando em um convívio tenso e agressivo. Fica evidente, portanto, o potencial
destrutivo das lacrações e da ausência de diálogo.
Por fim, a partir da análise da circunstância abordada, é inegável a necessidade de cultivar o embate
de ideias, na internet, e combater a lacração. Isso porque um ambiente no qual o diálogo não é valorizado,
culmina na composição de um meio crítico pouco plural e muito polarizado. À vista disso, talvez apenas uma
atitude mais reflexiva e aberta parte dos usuários digitais possibilite o alcance da dialética defendida por
Sócrates.

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VESTIBULAR: EINSTEIN 2022
TEMA: A liberdade de expressão na internet: entre o direito de criticar e os impactos
negativos nas pessoas
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18,18/20

Não é novidade que a Internet, principalmente através das redes sociais, tornou-se um espaço repleto
de discussões, opiniões e críticas diversas, graças ao seu poder de influência e alcance. No entanto, muitas
vezes essas plataformas são utilizadas para ameaçar, difamar e ofender pessoas, o que levanta a discussão
sobre a questão da liberdade de expressão em rede. Diante desse cenário, fica claro que os impactos negativos
nas pessoas devem prevalecer sobre o direito de criticar, uma vez que esses impactos corrompem a função
social da internet e que a crítica não consiste em ameaças e ofensas.
Vale destacar, antes de tudo, que ao ferir a dignidade humana, comentários destrutivos vão contra o
princípio da internet de conectar as pessoas de maneira harmônica e saudável. Nesse sentido, como disse o
filósofo Pierre Bourdieau, "Aquilo que foi citado para ser instrumento de democracia absoluta, não pode ser
convertido em mecanismo de violência simbólica", ou seja, se a internet surgiu para ser um espaço
democrático de discussões e de informação, ela não deveria ser transformada em um arma por indivíduos com
más intenções para causar danos morais a seus alvos. Apesar disso, a realidade mostra a falta de empatia nas
relações sociais em rede, por meio da ignorância dos possíveis traumas psicológicos que podem surgir diante
de ataques discriminatórios, recheados de racismo e homofobia, por exemplo, que podem trazer
consequências para a vida toda. Assim, a função social da internet é corrompida.
Ademais, o direito à crítica é legítimo apenas quando ela é feita de forma construtiva, sem ofender ou
ameaçar o outro. Nessa óptica, é preciso compreender que o problema tem origem no momento em que esse
direito, associado à liberdade de expressão, é usado como mero pretexto para justificar discursos de ódio e
apologia à violência e ao preconceito. A exemplo disso, a cantora Karol Conká foi fortemente criticada pela
crítica especializada de jornais e revistas online, ao mesmo tempo em que sofreu ameaças de morte e ataques
racistas em suas redes sociais, o que mostra que existem discursos completamente distintos em convivência
na internet. Dessa forma, a diferença entre eles se torna crucial para determinar sua legitimidade.
Portanto, é evidente que o direito de criticar não pode prevalecer sobre os impactos negativos nas
pessoas. Apoiar-se no discurso da liberdade de expressão na Internet para justificar discursos de ódio é ignorar
a verdadeira função social da internet e o valor da crítica construtiva,

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VESTIBULAR: EINSTEIN 2022
TEMA: A liberdade de expressão na internet: entre o direito de criticar e os impactos
negativos nas pessoas
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18,18/20

A dualidade das críticas


A cantora norte-americana Taylor Swift, em seu álbum denominado "Reputation", descreve, por meio
das letras das músicas, como as duras críticas destinadas às suas composições afetaram negativamente sua
auto-estima e sua opinião acerca do próprio trabalho. No cenário atual, a obra da cantora pode ser
relacionada com a questão da liberdade de expressão na internet que, embora garanta legalmente o direito
à crítica, impacta e prejudica diversos indivíduos. Tal problemática é intensificada em uma sociedade pautada
pelo individualismo e pela falta de empatia e, portanto, é importante debater suas consequências.
Em primeiro lugar, é necessário analisar as motivações das críticas presentes na Internet. No livro
"Revolução dos Bichos", observa-se uma sociedade distópica na qual cada animal deseja argumentar para que
seu ponto de vista seja considerado o único verdadeiro, desconsiderando as opiniões de qualquer um que
discordante dele. De maneira análoga, fora da ficção, o ser humano contemporâneo vive em uma sociedade
onde há a ascensão e predomínio do individualismo e crescente diminuição da empatia. Dessa forma, os
indivíduos utilizam o direito à liberdade de expressão para realizar críticas acerca de tudo aquilo que não está
de acordo com suas opiniões, sem que haja preocupação com a reação ou com os sentimentos do criticado.
Ademais, é fato que são expressivas as consequências geradas pelo problema supracitado. Em um dos
episódios da série "Black Mirror", é retratada uma população em que cada indivíduo possui uma nota criada
pelas opiniões de outras pessoas e que simboliza sua importância na sociedade. Ao longo da trama, são
demonstrados os efeitos negativos desse sistema na vida dos indivíduos, que se sentem inúteis quando são
mal avaliados. Já na contemporaneidade, as críticas em redes sociais atuam desodorante semelhante,
fazendo com que as pessoas criticadas duvidem de suas próprias qualidades e absorvam apenas o conteúdo
negativo. Assim, surge um cenário no qual a autoimagem é cada vez mais negativa, além de serem crescentes
os problemas com falta de confiança e desânimo constante.
Em suma, evidencia-se que a liberdade de expressão, direito assegurado por lei, perpetua uma
dualidade entre o direito de criticar e os impactos negativos exercidos sobre as pessoas. Dado o exposto,
conclui-se que urge a necessidade social de diminuição do individualismo e crescimento do pensamento
empático a fim de que seja possível entender as consequências das críticas na internet , direcionado ao
indivíduo apenas aquelas que sejam, de fato, construtivas. Desse modo, os efeitos vivenciados por Taylor Swift
não serão repetidos e a liberdade de expressão poderá ser usada de maneira benéfica na sociedade.

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VESTIBULAR: Santa Casa 2022
TEMA: O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país
e a necessidade da preservação ambiental
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18/20

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VESTIBULAR: Santa Casa 2022
TEMA: O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país
e a necessidade da preservação ambiental
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18/20

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VESTIBULAR: Santa Casa 2022
TEMA: O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país
e a necessidade da preservação ambiental
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 18/20

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VESTIBULAR: FMABC 2022
TEMA: Videogames: entre os benefícios à saúde dos jogadores e o controle do vício
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,273/20

Dictomia tecnológica
Segundo o estudioso Marshall Maclehan, o homem cria as ferramentas e as ferramentas recriam o
homem. Sob essa óptica, o desenvolvimento de tecnologias para entretenimento, como videogames,
remoldou o comportamento humano em âmbitos diversos. Cabe, portanto, discutir a dicotomia entre os
benefícios à saúde e os danos do vício em videogames, considerando a importância do equilíbrio e o papel
familiar no combate ao excesso.
A priori, deve-se ater à relevância do equilíbrio quanto ao consumo dos jogos virtuais. Nesse sentido,
é válido citar o pensamento do filósofo Aristóteles, expoente da Antiguidade Clássica, o qual refere-se à
virtude como ponto intermediário entre dois extremos de uma questão. Assim, infere-se que não ter acesso
aos “games” é prejudicial, ao passo que podem estimular o raciocínio lógico e inserir habilidades modernas
relevantes para com o uso da tecnologia, bem como o uso sem limites que pode subverter as vantagens ao
gerar dependência, principalmente no grupo infanto-juvenil.
Ademais é importante destacar o pape parental no controle dos excessos do uso de videogames por
menores. Nessa perspectiva pôde-se referir ao pensamento de Freud, pai da psicanálise, sobre a importância
dos eventos ocorridos na infância para construção de valores e princípios daqueles os quais serão,
futuramente, cidadãos da sociedade. Desse modo, seguindo a linha do filósofo, o uso excessivo de jogos
eletrônicos por jovens é a dependência dessa tecnologia pode acarretar em danos não apenas individuais, mas
sociais, demonstrando a função parental de impor limites os cidadãos em formação.
Tendo em vista o exposto, fica clara a dicotomia tecnológica acerca do uso dos videogames, os quais
precisam ser usados de forma equilibrada, tal qual propõe Aristoteles, para garantir que os benefícios se
sobreponham às desvantagens. Para isso, é fundamental que a ação familiar no combate aos vícios
tecnológicos preservem a época mais decisiva para formação cidadã, segundo o pensamento freudiano: a
infância. Por fim, com essa postura em relação aos jogos, essas ferramentas tão modernas e úteis poderão
recriar comportamentos humanos em direção a ganhos na saúde, no comportamento e desempenho de
raciocínio, sem danificar a plenitude mental dos usuários.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

Na clínica psicanalítica, há a importância de respeitar os três tempos básicos da psique humana:


enxergar, compreender e concluir. A psicanálise entende que só é possível haver a desalienação individual
quando nenhumas dessas instâncias é ignorada. Entretanto, quando adentramos na realidade da internet, é
possível observar que o "compreender" não é praticado, logo, cria-se uma facilitação em alienar os indivíduos
- em si mesmos e em relação ao que interagem. Assim, tendências no convívio entre pessoas na internet são
propulsionadas: a necessidade de lacração pela falta de potencialidade para dialogar - ambos que se auto
alimentam e são oriundos, principalmente, do esvaziamento mental e do medo da não compreensão de si
próprio.
Em primeira instância, é necessário entender que o sistema capitalista usufri de pautas importantes -
como as minoritárias - para apopriar-se e obter lucro via propagandas. Com isso, há um enorme esvaziamento
dos discursos que, supostamente, mobilizariam uma mudança estrutural para maior equidade e dignidade
social. Assim, entende-se que a cultura da lacração advém exatamente disto: a superficialidade na
comunicação de narrativas essenciais, no intuito de gerar uma "performance" individual de virtude e sistêmica
de lucro. Portanto, a de lacração, principalmente na internet, é nativa. Ela esvazia e desapropria discursos
coletivos para aproveitamento pessoal - o que não modifica a estrutura de casta social existente.
Por conseguinte, o dialógo é esquecido, não só pela exponencial polarização da sociedade pós-
moderna mas também pelo excesso de medo dos indivíduos na defesa das próprias ideias. A cultura do
cancelamento soterra a comunicação por meio de um uso autoritário de discursos e pelo apelo à insegurança
dos sujeitos um relação aos seus próprios conhecimentos. Esse ódio como política é o "cortem as cabeças"
que emergiu do mundo de Alice para o mundo contemporâneo, explorando a alienação e a politização social
existentes para hierarquizar diálogos. A cultura do cancelamento é um sirtame da lacração e dos medos
individuais, que inibe a troca entre pessoas e inviabiliza, por meio de uma lógica punitivista, mudanças.
Pode-se dizer que o convívio de pessoas na internet está caminhando, cada vez mais, para uma
necessidade de lacração - proveniente do medo do diálogo. Esse que requer conhecimento e desalienação.
Freud difunde a ideia de que o narcisismo é diminuído pela relação do "eu" com o "outro". O que é possível
visualizar, hoje, é a potencialidade de um narcisismo sistêmico, que fragiliza o contato e transforma o
diferente em espelhos de si.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

Desde a Revolução técnico-informacional estabelecida no início do século XXI, as formas de


relacionar-se mudaram muito. Atualmente, a principal forma de convívio virtual é por meio das redes sociais,
as quais servem de plataformas para a discussão de assuntos relevantes como o racismo e o machismo.
Contudo, a maneira com que esses debates ocorrem gerou uma dicotomia de pensamentos: se por um lado o
diálogo pode trazer efeitos positivos, por outro, a necessidade de lacrar evidencia o caráter narcisista da
sociedade. Assim, torna se preciso analisar ambas as atitudes.
Primeiramente, vale destacar a importância do diálogo em uma era de extremismos ideológicos.
Assim, como a nítida briga entre posicionamentos políticos presente no mundo todo, essa mentalidade
dualista extende-se em diversos ramos sociais. Ou seja, a prática de diálogar é um recurso imprescindível para
a contrução do bem comum, pois expõe ideias contrastantes e suscita o desenvolvimento do pensamento
crítico. Para comprovar, o movimento "Black Lives Matter", criado durante a pandemia, alcançou proporções
tremendas ao estimular o debate mundial sobre o racismo. Dessa forma, o compartilhamento de ideias
harmonicamente pode gerar consequências excelentes.
Entretanto, em meio à cultura do espetáculo contemporâneo, a busca por visibilidade supera a busca
pelo bem comum. Dessa maneira, em o que pode ser considerada uma performance, os usuários das redes
publicam suas opiniões estrategicamente, visando obter "likes" e fama. Consequentemente, os debates são
realizados de forma rasa, utilizando frases de efeito e não exploram a complexidade do tema. Desse modo,
ocorre uma reafirmação dos valores supérfluos endeusados por uma sociedade líquida.
Portanto, tendo em vista a relevância da troca de pensamentos para a construção da sociedade atual,
é preciso adotar medidas de incentivo a essa prática. Por exemplo, a promoção de debates virtuais entre
especialistas, os quais podem servir de espelho para a população. Assim as redes sociais poderão tornar-se
um espaço mais produtivo.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

No século XXI, com o aprimoramento da internet, diversas parcelas da população, como negros e
homossexuais, ganharam voz. No entanto, muitas vezes, o uso de tais vozes se deu por meio da lacração, ou
seja, com a fala da última palavra com sucesso. Porém, essa ação - que não se restringe às minorias,
acontecendo, também, com brancos e héteros, por exemplo - impede a fala do outro, excluindo, assim, uma
construção argumentativa no mundo online. Nesse modo, o convívio entre as pessoas na internet necessita
de diálogo, pois esse é necessário para se construir pensamentos críticos e, também, ao desenvolvimento do
ser humano.
SEO diálogo cria pensamentos críticos. A internet, por ser um ambiente vasto e de alcance global,
reúne em si opiniões distintas. Nesse sentido, ela é um ambiente propício para o aprendizado com o outro,
possibilitando uma interlocução múltipla, que atua na construção do pensamento crítico. A lacração, por sua
vez, age de maneira contrária, já que vive à espera do erro do próximo, para, então, expressar sua visão
unilateral, visando visibilidade e relevância no mundo online. Logo, o diálogo entre pessoas na internet causa
repertório intelectual.
Além disso, a necessidade de dialogar é importante para o desenvolvimento do ser humano. Isso pode
ser observado por meio de diversos eventos mundiais, como guerras, fundamentalismos e extremismos
políticos, que por recusarem o diálogo, resultaram em violência e em retrocesso de direitos civis, por exemplo,
o que não contribui ao desenvolvimento humano. Dessa forma, o diálogo entre indivíduos no mundo online
gera evolução humana.
Portanto, apesar de a lacração existir na atualidade, ela não é o caminho para o convívio entre as
pessoas na internet. Assim, o diálogo é imprescindível, visto que ele ocasiona pensamentos críticos e
desenvolvimento do ser humano.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

Com o fim da maioria dos regimes ditatoriais, vive-se, desde o final do século XX, uma era de
valorização da democracia. Contudo, essa é também uma das épocas de maior repressão a grupos minoritários
devido à tentativa de padronização dos comportamentos próprios de uma sociedade democrática tradicional.
Nesse contexto, o convívio na internet originou a necessidade de lacrar como forma adquirir visibilidade,
porém, a construção de estruturas sociais não excludentes ainda depende do diálogo, capaz de pluralizar os
pensamentos do senso comum. Em primeiro lugar, é pertinente ressaltar que os movimentos sociais e suas
lutas por direitos iguais são legítimas e visam a convivência pacífica em uma sociedade sem privilégios e
preconceitos. Nesse sentido, o filme "Infiltrado na Klan"retrata a importância das mobilizações em torno de
questões sociais e da resistência perante desigualdades para a melhoria da vida dos negros nos Estados
Unidos. Analogamente, hoje, as lacrações em redes sociais buscam obter grande alcance para as causas das
minorias, evidenciando as dificuldades pelas quais elas passam diariamente
Diante disso, entretanto, entende-se que dialogar pode auxiliar essas lutas, desconstruindo os padrões
sociais e as narrativas preconceituosas vigentes. Isso porque, na sociedade, impera o que Friedrich Nietzsche
chamou de “Moral de Rebanho". Segundo o filósofo, a população tende a seguir os valores morais da classe
dominante, que, sendo detentora dos poderes político e econômico, propaga-los a fim de massificar os
pensamentos. Assim, o diálogo na internet pode facilitar a desmistificação das ideias conservadoras, além de
ensinar os internautas a debaterem os dilemas sociais por perspectivas distintas, motivando os a apoiar as
minorias.
Em suma, lacrar é uma necessidade contemporânea por ser uma nova forma de obter ampla
visibilidade. Apesar disso, o diálogo pode somar ao convívio online respeitoso, de modo que toda a sociedade
possa ter empatia, fazendo com que os movimentos das minorias ganhem força.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

Entre fama e direitos inalienáveis


Desde o "boom" da internet no começo do século XXI, quando houve o aparecimento das redes sociais,
discute-se sobre a convivência entre os usuários no meio "online". Se, por um lado, críticos proferem que há
necessidade de que haja lacração- atitude em que um cidadão publica algo que finaliza um debate não iniciado
em busca de curtidas, pois, sem ela, não haveria uma sociedade plural como a que existe; por outro,
articulistas afirmam que, para haver o bem estar virtual, os seres devem dialogar para chegar em um acordo,
mesmo que existam muitas diferenças de opinião entre eles. De qualquer forma, pode-se dizer que o convívio
entre as pessoas na internet pede a necessidade de diálogo, uma vez que a lacração existente seja,
majoritariamente, a fama, o que pode levar à perda de direitos inalienáveis dos indivíduos prejudicados por
ela.
Em princípio, de acordo com o crítico Andersonshon, em sua "Falar sobre lacração é lacração?",
pensamentos retrógrados e conservadores como racismo e homofobia estariam presentes em maior escala
caso o espírito lacrador não existisse na internet. Todavia, ainda que essa ação virtual apresente algum
benefício à sociedade, o que se percebe, de fato, na contemporaneidade, é que os conhecidos "posts“
lacradores, na maior parte das vezes, não visam a quebra de estigmas maléficos à população, mas sim a fama
individual. Como prova de que isso acontece basta observar a quantidade de pessoas que, diariamente, ficam
conhecidas na internet por falar mal- e lacrar- a respeito do relacionamento ou da posição política de alguém.
Dessa maneira, nota-se que o diálogo se faz necessário nas redes sociais, visto que o lacre, em muitos casos,
associa-se à busca de fama, atuando, portanto, negativamente.
Consequentemente, têm-se direitos inalienáveis que são suprimidos. Para John Locke, filósofo
iluminista do século XVII, o homem é dotado de direitos à liberdade e à vida. No sentido desse ideal do
pensador, ao relacioná-lo às lacrações recorrentes, observa-se que os indivíduos que as recebem são capazes
de ter seus seguintes direitos retirados: à liberdade de fala, pois a lacração, comumente, leva o cancelamento
do acusado na internet, o que o impede de emitir a própria opinião; e à vida, porque, em caos extremos, a
pessoa rechaçada nas redes, por conta da elevada pressão social, isola-se e se deprime, podendo vir a cometer
suicídio.
Enfim, é possível afirmar que, desde a criação das redes sociais, debate-se sobre o convívio entre
"users“ nesse meio virtual. Sendo assim, a partir das informações mencionadas, torna-se visível que tal
questão exige a necessidade de diálogo, tendo em vista que a lacração objetiva o ganho de repercussão e de
seguidores, o que possibilita a supressão dos direitos lockeanos à liberdade e à vida.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

Nas redes sociais, a cultura do cancelamento leva os usuários à tentativa de sempre apresentarem
opiniões aclamadas pelas pessoas, mesmo que não haja embasamento. Dar a última palavra com sucesso, a
serviço de curtidas e visibilidade, equivale a "lacrar“ na internet, o que previne o internauta de ser alvo do
cancelamento. Nesse contexto, a cultura da lacração precisa ser substituída pela valorização do diálogo, para
que haja desenvolvimento do pensamento crítico e de um convívio mais harmônico entre as pessoas.
Enquanto a cultura do cancelamento e da lacração guiarem as atitudes dos usuários da internet, as redes
sociais serão um local de ódio e desrespeito. A necessidade de parecer superior, de ser popular e de estar
sempre certo cria um ambiente de ansiedade, em que as pessoas são rudes e desrespeitosas com as outras.
Comunicam-se de maneira performática e egoísta, sem refletirem sobre o que dizem, apenas como objetivo
de lacrar, "tombar"e de "pisar“, como define a cultura da lacração pop. Dessa forma, a necessidade de sempre
apresentar opiniões populares, intrínseca à cultura da lacração e do cancelamento, faz com que a convivência
entre os usuários da internet seja marcada pelo ódio e pelo egoísmo.
Em oposição à busca por popularidade e por performances vazias, baseadas em supostas certezas
absolutas, o diálogo cede espaço para a dúvida. Através do ato de duvidar, o ser humano é capaz de
desenvolver um pensamento crítico e reflexivo, assim como Sócrates o fez por meio de sua retórica, na Grécia
Antiga. O diálogo, marcado pela ausência de convicções inquestionáveis, permite que as pessoas possam
expressar as suas opiniões e aprender, sem a necessidade de estarem sempre certas. Portanto, por meio do
diálogo, a habilidade de refletir criticamente permite que as pessoas convivam de maneira mais respeitosa e
menos performática, combatendo-se o ódio e a cultura da lacração.
Em suma, a cultura do cancelamento e a busca por lacrar, leva os usuários da internet a expressarem
suas opiniões de forma rude e sem verdadeiro embasamento, criando um ambiente de ódio nas redes sociais.
Entretanto, através do diálogo, o convívio entre as pessoas na internet é caracterizado pelo respeito à
diversidade de opiniões e pelo desenvolvimento do pensamento crítico. Assim, para que o convívio entre os
usuários da internet seja mais harmônico e saudável, a cultura da lacração deve ser combatida através do
incentivo ao diálogo e à reflexão.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

No reality show Big Brother Brasil 2021, a participante Karol Conká foi eliminada com a maior rejeição
da história do programa após suas falas xenofóbicas contra outra jogadora nordestina. Ao abrir suas redes
sociais, Karol encontrou vários ataques de ódio e mensagens de lacração -apontamento de erros e
preconceitos com o uso de frases de efeito- pela sua atuação no reality fazendo com que ela desenvolve-se
ansiedade e depressão. Nesse prisma, o debate acerca das formas de interação dos usuários no ambiente
digital cresce exponencialmente na atualidade. Destarte, é preciso entender que no convívio entre as pessoas
na internet existe uma necessidade de lacrar, mas que a necessidade de dialogar deve ser mais importante.
Sob tal perspectiva, a utilização de frases prontas para a sinalização de erros nas redes sociais é nociva.
De acordo com o pensador Zeggmunt Bauman, com o advento da globalização e das tecnologias da
informação, a sociedade contemporânea tornou-se líquida pois tudo nela é momentâneo e passageiro. Nesse
contexto, a lacração no ambiente digital é problemática, uma vez que o apontamento do preconceito é
efêmero e não gera uma mudança efetiva, apenas promove a exposição e o constrangimento do acusado.
Logo, a necessidade de lacrar no convívio entre as pessoas na internet é negativa, pois não garante a
conscientização do indivíduo que comete o erro.
Outrossim, a discussão pacífica entre os internautas é benéfica ao tecido social. Segundo o filósofo
Immanuel Kant, o home apenas atingirá a sua maioridade intelectual por intermédio do debate de ideias entre
os indivíduos. Nesse viés, o diálogo lúcido nas redes sociais é a melhor maneira de mitigar o preconceito,
porque fomenta a reflexão profunda e conscientiza a população acerca disso, promovendo a superação das
opressões sofridas pelas minorias, por exemplo. Desse modo, a necessidade de dialogar no convívio entre as
pessoas na internet é positiva à sociedade, já que só ela concretiza a elucidação do erro a fim de que ele não
ocorra de novo.
Portanto, percebe-se a importância da discussão sobre as formas de interação dos internautas. Assim,
no convívio entre as pessoas na internet, existe uma necessidade de lacrar que é negativa, pois é incapaz de
gerar uma conscientização sólida dos indivíduos, só o diálogo consegue fazer isso. Dessa maneira, é essencial
que o diálogo prevaleca sobre o lacre no ambiente digital, com o efeito de que histórias semelhantes a de
Karol Conká não se repitam mais.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

“lacração" = falta de diálogo?


Recentemente, é possível notar nas redes sociais um intenso movimento de minorias sociais em busca
de seus direitos e como forma de mostrar o ambiente opressor em que vivem. Tais minorias estão
representadas em todas formas de ser e viver que não se adequam ao padrão de uma sociedade branca, liberal
em sua economia e conservadora em seus valores, como a brasileira. Então, quando esses grupos
marginalizados se manifestam criticamente no ambiente virtual, eles são categorizados imediatamente como
“lacradores" e como quem não sabe dialogar pelos conservadores. Nesse contexto, em um cenário marcado
pela intolerância de gênero, raça, classe e religiosa, demandas que vão de encontro com a lógica pré-
estabelecida são banalizadas e diminuídas. O efeito disso é a perpetuação da exclusão das minorias.
Nesse sentido, quando as demandas sociais não correspondem às expectativas de uma sociedade
intolerante, elas são imediatamente vistas de maneira negativa e, consequentemente, banalizadas. Isso
ocorre sobretudo na internet, tendo em vista a facilidade e rapidez de propagação de opiniões. Dessa maneira,
quando valores opostos se chocam, não há espaço para diálogo. Um fato atual foi o jogador Maurício que foi
desligado do time de vôlei mineiro, em decorrência de postagens homofóbicas na internet. Essa atitude foi
vista como extrema por seus apoiadores, utilizando-se do argumento que aqueles que foram ofendidos não
querem escutar opiniões- sendo essa crime- contrárias, alegando que só almejam "lacrar" e acabar com a vida
de um "cidadão de bem". Assim, é possível depreender que a sociedade não quer dar espaço, ouvir e acatar
aquilo que a minoria tem a dizer contestar, sendo vistos, geralmente, como "mimizentos",
Por consequência, aqueles que já não aguentam mais injustiças são desprezados e excluídos por esse
corpo social conservador. Este grupo, no entanto, argumenta que esses "Conservadores“ não querem dialogar
e sim impor suas visões de mundo a uma sociedade cuja dinâmica é machista, racista e LGBTfóbica. Tal fala
apenas é pretexto para esses "cidadãos de bem“ não refletirem e admitirem suas parcelas de culpa do cenário
caótico brasileiro. Por conseguinte, ao banalizarem tais contestações, aqueles que diariamente são
injustiçados e oprimidos se perpetuam em estados de exclusão, visto que suas vozes não são ouvidas pelo
Brasil preconceituoso.
Portanto, fica evidente que o termo "lacração" é utilizado como forma de banalizar o sofrimento das
minorias sociais. Além disso, tal termo não deve ser entendido como falta de diálogo e sim como uma maneira
de mostrar que essa minoria existe e que ela quer mudanças.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

Desenvolvimento do diálogo na era digital No ano de 2020, a influenciadora digital Gabriela Pugliesi
sofreu linxamento virtual após comparecer a uma festa em meio à pandemia do coronavírus. Analogamente
a esse fato, diariamente, diversas questões são trazidas à tona na internet, porém de modo a estimular o ódio
e não de acrescentar algo de bom, já que a necessidade de lacrar de muitas pessoas supera a capacidade de
manter um diálogo saudável. Assim, é evidente que, para que ocorra um intercâmbio de opiniões e,
consequentemente, acabe a cultura do cancelamento do século XXI, a necessidade de dialogar na esfera
digital deve prevalecer.
Mormente, a troca de opiniões é fundamental para a construção de uma sociedade plural e
diversificada. Nesse contexto, as conversas na internet devem ocorrer de modo respeitoso, para que pessoas
de locais e culturas diferentes possam expor seus pontos de vista e dialogar com as demais de forma tolerante.
Isso é imprescindível para que todos os cidadãos se escutem, mesmo que com opiniões divergentes, e possam
refletir acerca de diversos temas de relevância, estimulando o surgimento de um pensamento crítico e,
consequentemente, de uma mudança na sociedade contemporânea. Então, a necessidade de dialogar é
importante para derrubar barreiras e tornar os indivíduos mais próximos uns dos outros.
Não restrito a isso, o diálogo nas redes sociais e demais plataformas de comunicação online é crucial
para erradicar o cancelamento que está cada vez mais forte na internet. Sob esse prisma, a fim de construir o
bem comum, as conversas entre os indivíduos devem superar a necessidade de lacrar que está enraizada em
muitas pessoas, as quais buscam apenas "likes" e visibilidade, por meio de uma performance que julga e utiliza
termos de deboche ao referir-se ao outro. Ademais, o diálogo permite a discussão respeitosa de assuntos que
precisam ser analisados e refletidos, como a pauta das minorias sociais. No entanto, essas questões devem
ser abordadas com o fito de produzir uma interlocução múltipla, como ocorreu durante o programa de
televisão "Big Brother Brasil" em 2021, no qual a participante Camila de Lucas defendeu a causa racial de
modo construtivo e pelo diálogo. Logo, o fim da cultura B do cancelamento depende da ampliação das
conversas na internet.
Não restrito a isso, o diálogo nas redes sociais e demais plataformas de comunicação online é crucial
para erradicar o cancelamento que está cada vez mais forte na internet. Sob esse prisma, a fim de construir o
bem comum, as conversas entre os indivíduos devem superar a necessidade de lacrar que está enraizada em
muitas pessoas, as quais buscam apenas "likes" e visibilidade, por meio de uma performance que julga e utiliza
termos de deboche ao referir-se ao outro. Ademais, o diálogo permite a discussão respeitosa de assuntos que
precisam ser analisados e refletidos, como a pauta das minorias sociais. No entanto, essas questões devem
ser abordadas com o fito de produzir uma interlocução múltipla, como ocorreu durante o programa de
televisão "Big Brother Brasil" em 2021, no qual a participante Camila de Lucas defendeu a causa racial de
modo construtivo e pelo diálogo. Logo, o fim da cultura do cancelamento depende da ampliação das
conversas na internet.
Portanto, o convívio na internet deve vir seguido do diálogo e não da lacração. Nesse sentido, a
pluralidade de opiniões e a discussão respeitosa no mundo digital contribuem a erradicar os discursos de ódio
e o cancelamento na internet, como ocorrido com a influenciadora digital Gabriela Pugliesi.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

Desde movimentos como o "Mee too" com denúncias de assédio sexual contra mulheres, lutas
LGBTQIA+ e antiracistas, a internet promoveu uma revolução ao dar voz à minorias historicamente
negligenciadas. Por outro lado, aspectos como a "cultura da lacração" , que priorizam o engajamento e
negligenciam o diálogo crítico, prejudicam o convívio entre as pessoas na internet e a construção do bem
comum, fundamentais para a sociedade.
A necessidade de lacrar é estimulada pela busca por curtidas e compartilhamentos nas redes sociais,
que por sua vez, apresentam o imediatismo como consequência da alta dinamicidade e velocidade com que
as informações circulam. Nesse contexto, o pensamento crítico e fundamentado que demanda tempo e
reflexo é posto de lado, reduzindo discussões complexas à frases curtas com pensamentos rasos que podem
ser facilmente compartilhados. A partir disso, debates fundamentais para o convívio deixam de acontecer,
favorecendo preconceitos, intolerância e polarização política.
Tido esse cenário, os indivíduos são incluídos na " menoridade intelectual" proposta por Immanuel
Kant, em que o pensamento crítico não é exercido, tornando-os facilmente suscetíveis a manipulações e
pouco preparados para o diálogo. Sendo assim, a democracia - tal como na pólis grega onde as decisões
precisavam ser debatidas na ágora - é ameaçada pela carência de decisões coletivas eficientes que
promoveriam um consenso, atrasando o desenvolvimento social e a busca por interesses relacionados ao bem
comum.
Portanto, tendo em vista o imediatismo da internet e a "menoridade intelectual", a necessidade de
lacrar prejudica o diálogo e o convívio entre as pessoas, que são fundamentais para a democracia e a
prosperidade em uma sociedade.

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VESTIBULAR: Famerp 2022
TEMA: Os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

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VESTIBULAR: Famerp 2022
TEMA: Os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17,27/20

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VESTIBULAR: Santa Casa 2022
TEMA: O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país
e a necessidade da preservação ambiental
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 17/20

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Vanessa Rodrigues Farias (@vnessardgs)
NOTA INFORMADA: 43,182/50

"Harry Potter, personagem principal da saga literária homônima, carrega consigo uma cicatriz em
forma de raio, fruto de um atentado de morte realizado pelo temido Lorde Voldemort - o bruxo mais perigoso
do universo mágico ficcional. Nesse enredo, a marca deixada em Harry atrai constantemente olhares
apavorados dos habitantes do vilarejo bruxo, os quais se recordam diariamente das mazelas sofridas desde a
ascensão de Voldemort e de seus seguidores, os comensais da morte. Para além da ficção, de maneira análoga,
os monumentos históricos conservados na sociedade hodierna, ainda que perpetuem memórias dolorosas,
constituem ferramentas indispensáveis à formação de uma consciência coletiva, e a manutenção desses
patrimônios reforça a reflexão que evita a repetição de problemáticas do passado.
Em primeira análise, é lícito pontuar que a memória coletiva de acontecimentos históricos fornece
uma visão mais ampla e crítica das situações do presente. Nesse sentido, Michel de Montaigne compreende a
experiência como um mecanismo alternativo à razão, e afirma que essa pode proporcionar resultados
positivos quando aplicada de forma correta. Sob essa perspectiva, as experiências trágicas vivenciadas por
populações minoritárias, a exemplo dos indígenas tupiniquins, são conservadas em monumentos, tal como a
estátua do Padre Antônio Vieira, em Lisboa. As imagens que emergem a partir desse personagem não são
dignas de admiração, contudo devem ser perpetuadas a fim de manter a memória do corpo social acesa. Desse
modo, é possível aplicar a experiência na reflexão, impedindo que as minorias atuais sejam tratadas com a
mesma mentalidade eurocêntrica direcionada aos indígenas no século XVI.
Ademais, há quem afirme que a manutenção de monumentos cujas memórias são vinculadas a
barbáries históricas é uma afronta àqueles que sofreram. Todavia, vale ressaltar que apagar essas imagens
não repara os danos provocados pelos eventos de crueldade, tampouco impede que tais situações se repitam.
Sob esse viés, destruir os campos de concentração de Auschwitz, por exemplo, não recuperaria as milhões de
vidas dizimadas pela intolerância da doutrina nazista de Hitler no século XX. A conservação desses espaços,
por outro lado, permite uma consciência permanente dos males promovidos por um líder autoritário, e essa
recordação torna os cidadãos alemães mais críticos em relação às suas decisões políticas futuras.
Destarte, infere-se que a derrubada de monumentos, apesar de apagar o passado, é ineficaz na
reversão e na prevenção de danos. Além disso, os monumentos constituem cicatrizes capazes de relembrar
acontecimentos anteriores, desenvolvendo nos indivíduos contemporâneos uma consciência que permite
alterar os caminhos da humanidade."

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 43,182/50

"No livro “1984”, de George Orwell, é retratada uma realidade distópica na qual o limitado acesso ao
conhecimento sobre o passado da sociedade atua como uma das armas do regime para manter a população
sob as rédeas do totalitarismo. Não obstante, tal questão transcende a ficção e nutre o debate sobre a
derrubada de monumentos históricos, os quais, além de representarem uma valiosa fonte de informações
sobre o período em que foram erguidos, atuam, paradoxalmente como motores da superação de um hediondo
passado.
A princípio, é válido destacar, como principal contribuição das esculturas, sua influência no estudo dos
tempos pretéritos. Nesse contexto, pode ser citada a estátua, localizada em São Paulo, do bandeirante Borba
Gato, explorador que ajudou não só no desbravamento do território nacional, mas também na captura e no
extermínio de inúmeros indígenas. Tal fato evidencia a visão extremamente preconceituosa da época, sendo
possível, inclusive, traçar um paralelo com a fictícia teoria do Humanitismo, ironizada pelo escritor Machado
de Assis em sua obra "Quincas Borba", a qual se baseava no conceito de que o fracasso de uns é a vitória de
outros, pensamento esse que condiz com o de indivíduos que, em prol da “Formação do País" auxiliada por
Borba Gato, parecem ignorar as cruéis atitudes do explorador contra os nativos da região que hoje é o Brasil.
Ademais, a permanência de monumentos que remetem a um passado alicerçado na brutalidade atua
como uma lembrança de que esse jamais deve voltar a ocorrer. Consoante o filósofo Edmund Becke, "Um povo
que não conhece sua história está fadado a repeti-la." Logo, a destruição dessas esculturas levaria a gradual
esquecimento dos fenômenos a serem evitados, os quais, ao não encontrarem resistência, continuariam a
praguejar o tecido social, atuando como uma ameaça à integridade da população.
Conclui-se, então, que, ao contrário do que se propõe o senso comum, a destruição de imagens atua
não como um ato de resistência, mas uma atitude que, ao ofuscar certos fatos históricos, impede o
desenvolvimento do pensamento crítico pelos indivíduos, que, inconscientes das barbáries que ocorreram,
tornando-se passivos à restituição e à permanência desses ameaçadores acontecimentos e ideologias, assim
como a população do governo totalitário apresentado em "1984"."

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 43,182/50

"Monumentos são construídos em um dado contexto, buscando enaltecer e perpetuar a memória de


uma pessoa ou de um acontecimento. Nesse contexto, há um dilema posto entre relembrar e apagar o
passado ao realizar a retirada de monumentos públicos. Sob esse viés, fica evidente a importância de se
derrubar monumentos que vanglorizem figuras controversas na história, uma vez que esse ato não representa
a anulação do passado, mas confere a lembrança e o respeito pelos trágicos acontecimentos causados por
essas pessoas - erroneamente postas em um pedestal.
Em primeira análise, é válido retratar o que alguns monumentos representam. De fato, estátuas dos
bandeirantes, traficantes de escravos e de tantas outras figuras responsáveis pelo sofrimento e morte de
outros povos estão espalhadas pelas ruas das cidades ao redor do mundo. Isso evidencia o enaltecimento da
barbárie, visto que esses monumentos foram construídos em um cenário de aprovação de pensamentos e
ações que não são mais tolerados nos dias atuais - como o conceito de inferioridade dos negros e índios -, mas
ainda continuam expostos. Dessa forma, nota-se a necessidade de substituição dessas figuras pelos
verdadeiros merecedores de um pedestal: aqueles injustiçados pelos atos bárbaros e desumanos.
Cabe considerar, em segunda análise, que existem outras maneiras de relembrar o passado. A casa de
Anne Frank - uma judia vítima do nazismo alemão - se tornou um espaço de memória de algo que nunca
poderá se repetir e simboliza o respeito pela história de Anne e de todos os que foram sujeitos às condições
desumanas e ao preconceito promovidos pelo nazismo. Além disso, por meio da oralidade e da literatura, é
possível preservar a história. Desse modo, conclui-se que existem outras vias para se manter a memória sem
que seja preciso manter monumentos que exaltem as figuras erradas nos acontecimentos.
Portanto, pode-se inferir que, ao derrubar estátuas construídas no passado com o intuito de se
perpetuar a memória de uma figura responsável por propagar a intolerância e o preconceito, surge a
possibilidade da reparação de pensamentos não mais pertencentes às mentes atuais. Ademais, esse ato
contribui com a construção de uma memória que valoriza, acima de tudo, o respeito por aqueles que foram
vítimas no passado."

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 43,182/50

"Com o assassinato de George Flooyd em 2020, nos Estados Unidos, o movimento "Black Lives Matter”
(“Vidas Negras Importam") tomou as ruas com protestos e manifestações antirracistas. A partir disso, entre
os atos, tornou-se comum o ataque contra estátuas de líderes escravistas da Guerra-Civil americana. Com
isso, o debate acerca da derrubada de monumentos tornou-se um destaque nas atuais discussões, uma vez
que essas imagens podem envolver interpretações relacionadas tanto a uma conscientização do passado
quanto uma exaltação imprópria de personagens históricos, o que evidencia os dilemas entre o apagar e o
relembrar do passado.
Em princípio, é fundamental mencionar os argumentos daqueles que veem monumentos como uma
forma de conscientizar, os quais acabam alegando que a presença de estátuas e imagens proporciona uma
discussão material acerca do passado. Assim, diante das representações, seria possível que mecanismo de
lembrança histórica promovessem desmistificações de tais figuras e relembrassem das lutas sociais e da
resistência de minorias vítimas de atos passados. No entanto, quando se assume a perspectiva de defesa de
monumentos, é descartado todo o contexto de desigualdade educacional na sociedade, já que, para relembrar
do passado, são necessários incentivos de reflexão e senso crítico que não são presentes à maioria da
população.
Dessa forma, destaca-se a defesa da derrubada de monumentos de personagens que cometeram
atrocidades no passado, que se fundamenta principalmente no fato de que muitos dos artefatos foram feitos
com o intuito de exaltar e criar falsas histórias para figuras criminosas. Um dos maiores exemplos dessa
prática é a construção de estátuas e esculturas de bandeirantes desde a proclamação da República, em que
criou-se um contexto de heroísmo para líderes que foram responsáveis por crimes à humanidade, como o
genocídio indígena brasileiro. Com isso, quando se destaca a imagem de opressores, sem uma
conscientização, é colocado em risco todo o passado dos oprimidos, que perdem seu espaço na história em
detrimento da figura daqueles que condicionam princípios humanos.
A questão da derrubada de monumentos, portanto, quando analisada de forma crítica, aponta para
sua efetivação quando a conscientização histórica não é garantida, uma vez que esculturas públicas são a
representação material da história de um país. Nesse contexto, torna-se necessária a ação da educação na
lembrança do passado para que, assim, seja possível refletir a história conscientemente e baseando-se na
criticidade."

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 43,182/50

Os monumentos, a consciência e a humanidade


"Karl Marx, conhecido sociólogo do século XIX, cunhou o termo “materialismo histórico", que define
a consciência de um povo como um fenômeno político e social, ou seja, resultado de elementos concretos de
suas vivências (organização social, regime vigente). Uma maneira encontrada pelos homens para perpetuar
tais fatos foi a construção de monumentos físicos, que servem de homenagem a figuras que se sobressaíram
em determinados contextos históricos. Porém, apesar da intenção aparentemente positiva dessas
construções públicas, é iminente na sociedade atual certo interesse por derrubar algumas delas, sob a
justificativa de que não representam a todos, além de rememorarem parcialmente os fatos. Assim, a
derrubada desses monumentos se mostra imersa em dilemas, posto que, por um lado, relembrar permite a
reflexão acerca dos fatos, e, por outro, apagar o passado é mais confortável aos oprimidos.
De fato, a existência de alguns monumentos traz à tona eventos ocorridos no passado e impede a sua
repetição, uma vez que provoca o pensamento do público. No ano de 1968, ocorreram as Olimpíadas da
França, marcadas pelo protesto de dois jogadores que, na hora de receberem as medalhas, ergueram seus
punhos à favor dos Panteras Negras, grupo que lutava em defesa de direitos básicos a negros estadunidenses.
Anos depois, foi inaugurada uma estátua em homenagem a eles, que colocaram em risco suas carreiras em
nome de seu grupo historicamente subjugado. Em casos como esse, a presença do monumento impede que o
acontecimento seja esquecido e, principalmente, que as injustiças contra as quais eles lutavam persistam, já
que a sociedade que lembra se torna consciente político e racionalmente. Dessa maneira, a retomada da
memória - proposta por alguns monumentos - impulciona a construção de uma humanidade mais disposta a
não cometer os mesmos erros do passado.
Em contrapartida, há também os monumentos que gloriam a personagens controversas da história
mundial, os quais agridem a descendentes dos que participaram desses momentos. A exemplo, há estátuas a
escravagistas e assassinos dos mais variados cargos do período de colonização do Brasil, os quais trocaram
por sangue a imposição de suas regras e culturas. Do ponto de vista de negros e indígenas, essas homenagens
assumem caráter contraditório, pois, se eles usaram de tamanha violência e impiedade, não merecem ser
lembrados como heróis. Somado a isso, essa memória de exaltação alimenta a concepções errôneas de que
suas atuações foram corretas. Eis o motivo da demanda pela derrubada desses objetos simbólicos: culturas
que foram mutiladas por homenageados deixaram remanescentes que são ofendidos.
Infere-se, portanto, que o ato de derrubar monumentos debate-se em uma dicotomia, não só por esses
objetos evocarem a reflexão das pessoas a respeito da história, como, também, por alguns causarem
desconforto e revolta de grupos específicos. É notável que há monumentos que resgatam a contextos
importantes, os quais corroboram a reflexão e, consequentemente, o desenvolvimento de pessoas mais
conscientes. Todavia, há também aqueles que exaltam a personalidades que disseminaram dor e sofrimento
no passado, períodos aos quais muitos preferem esquecer. Afinal, a consciência de um povo reflete fielmente
quem ele é e os monumentos representam um jeito de materializá-la, mesmo com alguns conflitos."

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 43,182/50

"Quincas Borba, célebre personagem de obras de Machado de Assis, como "Memórias póstumas de
Brás Cubas" e "Quincas borba", era um filósofo rico e burguês possuidor de escravizados. Nas narrativas, o
contraditório personagem teve seus atos de selvageria e violência ironicamente eufemizados, como se
aceitável fosse escravizar e violentar a outrem. Em consonância, na realidade, também são normalizados os
comportamentos errôneos de considerados heróis nacionais eternizados em mármore. Assim, o ato de levar
do chão monumentos significa a resistência de minorias a anos de opressão, os quais são incompatíveis com
o state quo contemporâneo.
Primeiramente, derrubar monumentos que remetem a um passado inglório é edificar uma sociedade
mais justa. Se, por um lado, é dever do poder público em conjunto com a sociedade preservar os Patrimônios
Históricos, de acordo com a Constituição Federal, a manutenção de imagens de personagens reprováveis é
transgredir os grupos por elas atacados. Além disso, é falacioso o argumento de que tais esculturas devem
ser preservadas para fomentar a consciência coletiva, visto que, na maioria dos casos, tais obras são
acompanhadas de dizeres de exaltação e heroificação. Consequentemente, não há aprendizado e
reconstrução do imaginário popular quanto aos equívocos do homenageado, a observar o ícone da
Inconfidência Mineira Tiradentes que, apesar de conhecido por grande parte da população brasileira, poucos
sabem que o mesmo possuía escravos.
Ademais, o mundo está em constante transformação, não havendo motivo para eternizar em praças e
avenidas figuras que, para alguns, representam dor e violência. Sob essa ótica, cabe analisar o conceito de
Karl Marx "Materialismo Histórico", que entende a consciência como fruto do meio social, histórico e cultural
do grupo analisado. De tal maneira, a concepção do que é socialmente aceitável é volátil, visto que, até 1888,
era legal ter um semelhante como propriedade e hoje é inaceitável. É incoerente, dessa maneira, manter
esculturas que representam o racismo, mesmo que de forma velada, como as inúmeras de Tiradentes (ilegível)
na nação, já que aquilo que tais pessoas representam não faz mais parte do meio sociocultural.
Conclui-se, portanto, que é uma legítima forma de protesto ao racismo e às demais desigualdades
derrubar estátuas que remetem a indivíduos idealizados, mas que consigo carregam memórias de violência.
Sendo a realidade líquida, não devem ser sólidos e imutáveis os memoriais. Espera-se que, com tal medida, a
crítica machadiana, finalmente, torne-se defasada e que pare de ser relativizado o racismo e outras
desigualdades."

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VESTIBULAR: Famerp 2022
TEMA: Os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 16,98/20

REDAÇÃO
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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 16,98/20

Diálogo: menos curtidas, mais conhecimento


Na contemporaneidade, a internet ganha cada vez mais espaço no cotidiano, permitindo o contato de
inúmeras vozes mais fácil e velozmente. Contudo, o espaço virtual, marcado pelo convívio entre as pessoas
nas redes sociais; põe em debate o respeito nas relações pois, coma falsa necessidade de lacrar- afirmar que
seu ponto de vista sobre o de outrem, a todo custo- há uma aparente visibilidade e poder, mas benefícios da
convivência só surgem através do diálogo. Isso se dá pela ação dialógica construir ideias e afastar posturas
autoritárias.
Inicialmente, o bom convívio na internet deve se atrelar ao diálogo já que ele leva à síntese de novas
ideias, contribuindo para o conhecimento dos internautas. Isso ocorre uma vez que a lógica dialética, utilizada
desde a filosofia de Kant, filósofo iluminista, parte de teses, passa por uma refutação, antítese e chega, por
fim, em uma síntese. Analogamente, na realidade cibernética, quando as pessoas dialogam, confrontam seus
pontos de vistas iniciais e argumentam, refutando uma a outra, até que concluam, amistosamente, ou não,
formam novas opiniões e certezas. Desse modo, o convívio que deixa de lacrar, autoafirmando-se sem debate,
abre espaço para refutações e construções de novos consensos, o que resulta em maior visão crítica para
coma realidade, e consequentemente, novas ideias e conhecimento.
Ademais a necessidade de diálogo se faz importante no espaço cibernético já que afasta
posicionamentos autoritários da realidade dos indivíduos. Pode-se valer, para isso, da necessidade de posturas
autoritárias reforçarem seu poder a todo custo, como governos ditatoriais fazem, a exemplo da Ditadura
Militar, que, no Brasil, perseguia a oposição e censurava-a. Analogamente, a lacração na internet se assemelha
à força de autoafirmação desses governos ditatoriais, e, impedir a refutação se torna semelhante à censura.
Assim, o diálogo surge como mecanismo para ampliar a variedade de opiniões, da mesma forma que debates
o fazem em democracias, indo contra a afirmação autoritária de quem apenas busca lacrar e ganhar uma fama
passageira visto que frases de impacto ganham mais curtidas, enquanto reforçam a superioridade do usuário.
Logo a contribuição do diálogo se dá ao afastar posturas que reforçam autoritarismos.
Portanto, a necessidade do diálogo no convívio entre pessoas na internet traz mais benefícios ao
indivíduo do que o simples ato de lacrar. Em uma realidade que traz redes sociais, dialogar trabalha
características da democracia e garante maior criticidade aos indivíduos que estabelecem um contato. Dessa
maneira, os benefícios do convívio social na internet só são atingidos quando usuários abrem mão de mais
curtidas, em prol de um debate saudável, democrático e respeitoso.

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VESTIBULAR: UNIFESP 2022
TEMA: Derrubar monumentos? Os dilemas entre relembrar e apagar o passado
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 40,909/50

"Patrimônio histórico cultural é tudo que se pode usar para representar alguma cultura ou também
como instrumento de um povo. Nesse sentido, monumentos históricos expostos em locais públicos possuem
uma riqueza de cultura material. Assim, esses edifícios representam, não só a rememoração de um coletivo,
como também a possibilidade de ressignificação da própria história.
De início, é inegável o valor que alguma estátua de grande porte carrega consigo e tudo que ela
representa. Diante disso, ao levar em consideração edifícios que remetem e valorizam o bandeirante, por
exemplo, no Brasil, é errôneo hostilizá-las com a justificativa de deturpação histórica. Nesse contexto, uma
vez que a mentalidade histórica é fruto de seu tempo, a preservação de monumentos - decorrentes de
tragédia ou não - inspirados em acontecimentos ou pessoas marcantes, asseguram a memória da biografia de
uma sociedade acerca de sua própria história. Então, quando se fala em desfazer de monumentos, significa
esquecer tudo que um povo vivenciou, seja trágico, seja glorioso.
Além disso, ter acesso ao passado é fundamental para o entendimento do presente. Sob esse viés, não
existem construções históricas despidas de parcialidade, isto é, toda construção monumental expõe o ponto
de vista de quem a construiu. Nesse sentido, ao poder estudar as subjeções da história por meio de
monumentos, é deixado para trás, não só a relevância de determinados acontecimentos, como também a
oportunidade de ressignificar o acesso histórico. Assim, edificações não devem ser extintas, e sim propagar
consigo as diferentes facetas da história.
Portanto, os monumentos possuem o mesmo valor de um patrimônio histórico material, ao relembrar
tudo o que se passou de importante em uma nação e, de forma alguma, merecem ser derrubado. Assim, esse
tipo de herança merece a importância de um patrimônio - porque são - e merecem ser preservados tal qual
obras de arte protegidas em museus."

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 16,36/20

O desenvolvimento histórico das sociedades demonstrou que os indivíduos usaram a comunicação


interpessoal pelo diálogo para promover avanços, como a democracia de Atenas, na Grécia Antiga, em que se
usava as Ágoras, espaço público, para o debate construtivo de ideias. Já nos dias atuais, vive-se a cultura
digital, em que a comunicação foi facilitada pelas redes sociais e promove novos mecanismos de interação
social como as postagens públicas em redes como o twitter ou o facebook, o que simplifica a disseminação
de formas de expressar o ódio pelo outro ou mesmo pela opinião alheia. Dessa forma, o convívio entre as
pessoas na internet tornou-se preenchido por indivíduos entre a necessidade extrema e negativa de "lacrar",
que é a ação de extinguir o diálogo para que a própria opinião seja considerada como a correta a qualquer
custo, e os que buscam expor suas opiniões para dialogar e construir ideias.
Primeiramente, a cultura da lacração tornou-se, no mundo atual da internet, uma forma violenta de
desejo pela retórica em um diálogo, como é o caso dos cancelamentos atuais, em que uma vez é calado ao
invés do uso do diálogo para ensinar o que é correto. Com isso, lacrar deve ser um ato que possua certas
limitações, pois é prejudicial para o desenvolvimento social e promove diversas formas de violência, como a
verbal, em prol da promoção de uma "sociedade do espetáculo", conceito do sociólogo Guy Debord, em que
a finalidade das ações é o aplauso e a espetacularização de atitudes negativas. Assim, o convívio entre as
pessoas na internet é prejudicado pela necessidade da lacração.
Além disso, essa cultura violenta da lacração deve ser substituída pelo estímulo à construção da
cultura do diálogo e dos debates, que pode, ao mesmo tempo, dar voz a todos os indivíduos, inclusive as
minorias que se valem do meio da lacração. A partir disso, a sociedade encontraria formas de solucionar as
diversas reivindicações sociais por meio das exposições de opiniões, sem que a violência seja a base da
interação. Desse modo, o convívio pacífico e construtivo das pessoas pelas redes digitais é estimulado pelos
debates com mais respeito e pelo diálogo sem cancelamento de vozes.
Portanto, o convívio entre as pessoas na internet deve ser preenchido pelo estímulo ao diálogo
positivo e construtivo ao invés de uma extrema necessidade de vencer o duelo fictício do debate pela
lacração. Assim, a sociedade se desenvolve para o bem estar coletivo.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 16,36/20

A cultura da busca por poder


A atual cultura da lacração, completamente difundida pelas redes sociais, consiste em ser a última
pessoa a falar em uma conversa, silenciando a outra a produzir uma resposta extremada. Essa prática promove
uma discussão sobre a importância do debate, ou seja, se é necessário ou não lacrar ao invés do debate. Se,
por um lado, a minoria marginalizada acredita que a lacração garante visibilidade e voz ao denunciar
preconceitos; por outro lado, alguns indivíduos argumentam que o diálogo é um modo de compreender os
diferentes pontos de vista, uma vez que ambos os lados argumentam e escutam. Dessa maneira, torna se
óbvio que, para o convívio das pessoas na internet, é necessário que haja o diálogo, já que ele proporciona a
conquista da reciprocidade e a superação da cultura da lacração.
Indubitavelmente, o diálogo faz com que haja a reciprocidade, tanto de argumentação quanto de
compreensão, ou seja, promove a conquista da empatia e busca gerar uma solução agradável às duas partes.
Segundo o filósofo da Grécia Antiga, Aristóteles, toda tese possui uma antítese, que, quando debatidas, geram
uma síntese, assim como ocorria nos espaços públicos de Atenas. Esse pensamento permite compreender que
o debate, que deve ser realizado no espaço público da atualidade, a internet, necessita ser utilizado para que
haja um bom convívio entre os indivíduos, já que gera reciprocidade e a busca da síntese. Logo, a discussão
que existe entre tese e antítese, a qual não existe com a lacração, demonstra a necessidade do diálogo, uma
vez que proporciona a reciprocidade.
Ademais, atrelada à conquista dessa característica, está a superação da cultura da lacração. Segundo
a escritora Marta Picchioni, o ato de lacrar existe por conta da sede de aplausos e poder, o que cria um
obstáculo para a cultura do pensamento crítico. Tal questão pode ser observada em movimentos LGBTQIA+,
por exemplo, uma minoria que possui maior preocupação em ter visibilidade, criar manifestações, ter "likes"
nos movimentos nas redes sociais e em lacrar na internet e menos em relação a difusão de ideais do
movimento, diálogos construtivos com homofóbicos sobre a necessidade de aceitação. Assim, evidencia-se a
necessidade do diálogo para a superação da cultura que busca apenas poder ao invés de formar pensamento
crítico.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 16,36/20

Durante o "Encontro", programa de televisão, a convidada Kéfera, personalidade da internet, foi


chamada para falar de feminismo mas, ao responder uma pergunta feita por um homem da plateia, ela fez o
que é popularmente conhecido como lacração, fenômeno conhecido como uma performance para encerrar
um debate sem a possibilidade de conversa. O trecho do programa viralizou nas redes sociais, onde essa
cultura está fortemente presente, gerando comentários tanto a favor quanto contra a postura da influencer.
Embora muitos acreditem que o convívio das pessoas na internet depende da necessidade de lacrar, na
verdade, ele deve ser baseado em dialogar uma vez que promove a desconstrução de preconceitos e cria a
aversão aos movimentos sociais.
O diálogo favorece a superação de ideias ultrapassadas. A conversa pressupõe a exposição dos dois
pontos de vista sem a imposição de um lado, considerado certo, sobre o outro, visto como errado. Por conta
disso, nenhum dos lados se sente atacado, criando um ambiente confortável para compreender o porquê das
ideias serem problemáticas e, assim, diminuindo o preconceito e tornando a convivência na internet mais
agradável. Exemplo disso é a série de vídeos no youtube "Mude a minha ideia" em que pessoas com opiniões
diferentes sobre um assunto sentam para chegar em consenso, promovendo reflexão e aprendizagem e
lutando contra o ódio e desinformação. Nesse sentido, a conversa em ambiente respeitoso torna o convívio
online pacífico.
Além disso, essa interação impede o ódio pelas lutas sociais. Com a ampliação do acesso a internet o
contato com pessoas com pensamentos diferentes, fenômenos como o cancelamento e o linchamento virtual,
que consistem na interrupção de apoio seguido por xingamentos de pessoas cujas posturas são consideradas
inadequadas, surgiram, excluindo pessoas das redes sociais sem qualquer possibilidade de conversa. Esse
movimento, por ser extremamente violento e trazer diversas consequências para a vida pessoal e profissional
do cancelado, cria um sentimento de aversão, impedindo qualquer mudança de comportamento. Tal fato é
evidenciado por Taylor, produtor de conteúdo na internet que, mesmo após ser cancelado por sua postura
machista e gordofóbica, continua a fazer comentários regressivos para provocar os grupos ofendidos. Dessa
forma, a falta de diálogo cria resistência de mudança por parte dos indivíduos preconceituosos, prejudicando
a interação nas redes.
O convívio entre pessoas na internet, portanto, deve se pautar no diálogo para desconstruir ideias
problemáticas e evitar a oposição aos movimentos sociais. Sendo assim, enquanto lacrar for mais importante
que promover compreensão, a internet se tornará cada vez mais tóxica.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 16,36/20

Na era digital, a internet possibilitou como nunca o fluxo de ideias e a expressão de liberdade entre as
diversas camadas sociais. No entanto, essa reunião de pessoas em um só lugar não necessariamente resultou
em um bom convívio, considerando que a maioria ainda não discerne o diálogo da ”lacração”. Há quem diga
que essa "lacração" incomoda, pois possibilita a expressão das minorias, contudo, o ato de lacrar", além de
possuir fins egocêntricos causados pela “cultura do eu", impede a construção da tolerância e do
conhecimento, proporcionados pelo diálogo.
A princípio, a necessidade egoísta de "lacrar" é uma evidente resposta da "cultura do eu", promovida
pelas redes sociais. A "cultura do eu", fundamentada por filósofos contemporâneos, parte do pressuposto de
que as redes sociais criam uma visão autocentrada nos indivíduos. O próprio ato de criar perfis e postar
conteúdos em troca de likes e engajamentos, fomenta a ideia de a validação social é essencial, e estar a um
passo a frente, ser melhor, ser mais inteligente, é a chave para o sucesso. Entretanto, o problema dessa ideia
nasce quando o valor pessoal é sobreposto ao valor do próximo, ou seja, quando a maioria da comunidade
digital se considera superior ao próximo e, por isso, jamais cederá em discussões. Com isso, dar a última
palavra ou vencer o duelo se torna a fórmula para o sucesso e realização pessoal. Nesse sentido, a lacração,
sendo decorrente de uma cultura autocentrada, possui fins egocêntricos.
Ademais, ato de "lacrar" prejudica a construção de da tolerância e do conhecimento, que são frutos
do diálogo. Dizer que a lacração permite a revolução das minorias conforta a ideia de que qualquer um pode
fazer o que quiser, mesmo não estando apto. A falta de base argumentativa e discernimento, em geral,
adquiridas pela habilidade do diálogo corroboram para a disseminação da ignorância. Segundo Sócrates, o
raciocínio e a verdade só podem ser encontrados por meio do desenvolvimento dialogal, o qual cabe, para
ambos os lados, empatia e tolerância. Em contrapartida, a mentalidade sofista, amplamente criticada por
Sócrates, se assemelha atualmente à famigerada lacração, à medida que busca, por meio da intensa
persuasão, o convencimento do outrem visando o sucesso pessoal. Com isso, o ditado “o sábio sabe quando
se calar” mostra positivamente a ideia de que falar não é sinônimo de proferir conhecimento, mas sim, saber
como e o que falar. Dessa forma, “lacrar“ impede o processo do desenvolvimento do diálogo, sendo este
fundamental para a tolerância e empatia que regem o bom convívio.
Portanto, a necessidade de lacrar nasce de uma cultura egocentrica e não visa o bem coletivo, em
contrapartida com o diálogo, que fomenta a visão crítica e a troca de conhecimento, gerando o bom convívio
digital.

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VESTIBULAR: Famerp 2022
TEMA: Os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 16,36/20

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VESTIBULAR: Santa Casa 2022
TEMA: O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país
e a necessidade da preservação ambiental
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 16/20

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 15,45/20

Na existência do lacre, o predomínio do diálogo é fundamental


Propostas atuais de criação de personagens LGBTQIA+ para a Turma da Mônica confirmam uma tese
de Andersonshon de que o século XXI é a era das minorias sociais. A internet é um espaço fundamental para
os debates sobre a necessidade de ampliação dos direitos e da inclusão social desse grupo na sociedade. Esses
questionamentos se deram muitas vezes por meio de diálogos nas redes, mas também, a partir da lacração.
Nesse sentido, o convívio das pessoas na internet, embora seja marcado tanto pelo lacre quanto pelo diálogo,
é necessário que o último predomine.
Apesar de a lacração nas redes sociais ser uma tentativa de defender as minorias, ela não é eficaz, pois
não educa. Para que haja aprendizado, é fundamental a argumentação e a análise crítica sobre determinado
tema; porém, ao lacrar, apenas um ponto de vista é defendido, como se essa visão fosse única e verdadeira.
Isso é problemático a medida filósofos contemporâneos, como Nietzche, tiveram defendido que a
humanidade experimentava da crise da verdade, em que tudo que é assumido como verdadeiro pode ser
questionado. Em contraposição ao lacre, tem-se o diálogo. Ao contrário da outra tese de Andersonshon;
"Quem não lacra não muda", a conversa, sem lacração, é necessária para a mudança no pensamento, já que
esta, sim, é capaz de educar. Por meio do diálogo é possível raciocinar, argumentar e ser analítico, e, como
consequência, alcançar um consenso. Desse modo, o bem comum pode ser construído, assim como Rousseau
defendeu a vontade geral para o convívio em sociedade, e, caso não ocorra, ao menos algum conhecimento
será adquirido sobre diferentes perspectivas e argumentos, o que é importante para as relações sociais,
principalmente na internet, em que há uma enorme diversidade de culturas e opiniões.
Portanto, na era das minorias sociais é necessário o diálogo entre as pessoas para o convívio nas redes
sociais e para a defesa dos direitos desses grupos. Embora a lacração exista, ela não é capaz de educar, nem
mesmo de ampliar o repertório sociocultural do usuário, já que assume a perspectiva do falante como
verdadeira, em um contexto de crise da verdade. Assim, o predomínio do diálogo no convívio entre as pessoas
na internet é fundamental para a construção do bem comum e para a educação dos cidadãos.

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VESTIBULAR: FMJ 2022
TEMA: Convívio entre as pessoas na internet: entre a necessidade de lacrar e a de dialogar
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 15,45/20

No modelo democrático da Grécia Antiga, valorizava-se o debate público pacífico acerca dos
problemas políticos das pólis, contudo, tal discussão era restrita à elite intelectual. Não obstante, com o
advento da internet, as discussões públicas e sociais estenderam-se à totalidade da população; entretanto,
tal universalização do acesso aos debates cedeu frente à construção de um ambiente virtual violento,
problemática decorrente da popularização da "militância", a qual inviabiliza um debate democrático entre os
usuários da internet. Dessa maneira, observa-se que a necessidade de lacrar dificulta o convívio pacífico entre
as pessoas da internet, evidenciando-se, portanto, a indispensabilidade do diálogo no ambiente virtual, uma
vez que este contribui com a discussão democrática e com a construção de pensamento crítico dos seres.
Em primeiro plano, cabe ressaltar que a impessoalidade da internet cede frente a um cenário de
discussões violentas, conjuntura decorrente, em grande parte, da cultura da “lacração". Diante disso, nota-se
que o ambiente virtual encontra-se em um estado de anomia- conceito desenvolvido pelo sociólogo
Durkheim-, isto é, ausente de instituições regulatórias para intermediar conflitos na internet,
consequentemente, os usuários, escondidos pelo véu da anonimidade, propagam a lacração", a qual impede
o diálogo democrático entre os indivíduos. Desse modo, é válido analisar que o avanço da necessidade de
lacrar, ao suprimir o diálogo na internet- responsável pela elaboração de uma discussão democrática e
respeitosa-, contribui com o aumento do convívio e falas odiosas nas redes sociais.
Sob outro prisma, é pertinente ressaltar que o diálogo- pautado na argumentação e no domínio de
repertório intelectual- é imprescindível na constituição do pensamento crítico dos seres. Todavia, a crescente
cultura de "lacração"- ao se pautar em fundamentos rasos e conhecimentos pré estabelecidos- posiciona os
seres na inércia da menoridade- conceito ? pelo filósofo Kant-; isto é, indivíduos permanecem em uma "zona
de conforto" intelectual e não buscam o conhecimento próprio. Diante do supradito, o diálogo torna-se
indispensável na formação de uma sociedade mais crítica.
Por último, fica evidente a importância do diálogo na construção de um convívio menos violento entre
os indivíduos da Internet. Somente através de um posicionamento crítico e respeitoso será possível atenuar
a anonimidade da Internet, cuja impessoalidade abre palco a necessidade de lacrar; conjuntura que prejudica
uma discussão não violenta e o pensamento críticosocial.

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64
VESTIBULAR: Famerp 2022
TEMA: Os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 15,45/20

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VESTIBULAR: Famerp 2022
TEMA: Os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 15,45/20

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VESTIBULAR: Famerp 2022
TEMA: Os impactos da inteligência artificial nas relações de trabalho
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 15,45/20

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VESTIBULAR: Santa Casa 2022
TEMA: O agronegócio no Brasil: entre a importância para o crescimento econômico do país
e a necessidade da preservação ambiental
AUTORIA: Desconhecida
NOTA INFORMADA: 15/20

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