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Disciplina: Libras

Curso: Química Licenciatura


Docente: Profª. Tânia Aparecida Martins
Acadêmica: Isabela Gonçalves Sotana

RESENHA: Estudos Surdos II – Capítulo 1: Histórias dos surdos:


representações “mascaradas” das identidades surdas

O livro é constituído de nove capítulos que trazem a surdez como tema central
em diversos cenários. Visando socializar as pesquisas nesse campo de investigação,
trazendo questões relacionadas com os saberes e os poderes que permeiam a
educação de surdos no Brasil e escrevem sobre o ser intelectual surdo, ser surdo, ser
professor surdo, o currículo de língua de sinais na perspectiva surda e outros cenários
da identidade surda na sociedade. Assim, a presente resenha tratará do Capítulo 1
“Histórias dos surdos: representações “mascaradas” das identidades surdas”.
A autora deste capítulo é Karin Lilian Ströbel, mulher surda, doutora na área
da educação e sempre muito envolvida com as discussões acerca da surdez. Suas
ideias para compor o livro transita pela história cultural, refere- se às vidas e
experiências de alguns dos sujeitos surdos que se destacam na história cultural,
vestígios históricos que não são visibilizados pela sociedade.Sujeitos conhecidos
através de vários discursos, fatos que marcaram a história da humanidade nada
referem à invenção de surdos.
O sujeito que não “fala” e “ouve” como o esperado pela sociedade acaba
sendo rotulado como incapaz, incompetente, dignos de pena, doente e anormal.
Talvez, a mais “sofrida” de todas as representações no decorrer da história
dos surdos é a de “modelar” os surdos a partir das representações dos ouvintes. A
representação ouvintista ainda está presente atualmente e é comum a perspectiva de
que os surdos sejam “curados”, direcionando-os para a ilusão e esperança da
“normalização”. Essa perspectiva predominou historicamente dentro do modelo
clínico, levando á táticas de caráter reparador e corretivo da surdez, considerado-a
como defeito e doença, sendo necessários tratamentos para “normalizá-la”.
Para MOSCOVICI, as representações sociais se formam principalmente
quando as pessoas estão expostas às instituições, aos meios de comunicação de
massa e à herança histórico-cultural da sociedade.
Com isto, passou-se a estimular que os sujeitos surdos aprendessem a falar e
a ouvir, fazendo com que aparentam ser “ouvintes”, isto é, usarem identidade
mascarada de “ouvintes”. Como essas identidades mascaradas podemos citar vários
casos, como o famoso inventor do telefone, Alexander Graham Bell, cuja mãe e a
esposa eram surdas e tinham a identidade da surdez negada.
O inventor da luz elétrica, Thomas Edison, era mau aluno na escola, pouco
assíduo e desinteressado. Saiu da escola e foi alfabetizado pela mãe. Aos 12 anos,
vendia jornais, livros e foi telegrafista numa ferrovia. Aos 31 anos, propôs a si o
desafio de obter luz a partir da energia elétrica. Perdeu a audição por conta de uma
série de infecções de infecções no ouvido que não foram tratadas, artrite também foi
mencionada como causa e, além disso, teve escarlatina.
Lou Ferrigno, fisiculturista e ator que ficou mundialmente famoso por participar
da série de televisão “O incrível Hulk”, sendo o primeiro Hulk na televisão. Ele teve
uma grave infecção auditiva na infância, causando a perda de 85% da audição, sendo
que foi descoberto apenas aos 3 anos de idade.
Gastão de Orléans, o Conde d’Eu, era um nobre nascido na França, tornou-se
um dos fortes motivos da deposição de D. Pedro II e da proclamação da República do
Brasil. Conde d’Eu casou-se com a Princesa Isabel, herdeira do trono de Pedro II,
adotou a nacionalidade brasileira e ambos se empenharam na abolição do regime
escravagista.
O que é ser diferente? Não seria igual ou não gostar das mesmas coisas? Com
isto, muitas vezes os sujeitos surdos ficam com vergonha de suas identidades surdas
na sociedade e têm medo de contar a alguém para não prejudicar a si próprio, pois
não querem ser vistos como “doentes” ou “anormais”.
Quando se pensa em cultura, o conceito recorrente é de um conjunto de
práticas simbólicas de um determinado grupo: língua, artes (literatura, música,
dança, teatro etc.), religião, sentimentos, idéias, modos de agir e de vestir. O
povo surdo tem sua cultura, a cultura surda, que é representada pelo mundo
visual, a sociedade em geral não a conhece e por esse motivo nada deve-se
dizer sobre ela (cultura ouvinte).
Para representação social precisamos nos submeter à cultura do
colonizador, neste caso a cultura ouvinte, na forma de como ela é. Segundo a
sociedade colonizadora, nascemos num mundo que já existia antes de deparar
com a existência de povo surdo, e deste modo, devemos nos adaptar a este
mundo e aprender com ele. A representação está associada à identidade
pessoal de cada sujeito.

A aceitação do termo surdo como mais apropriado (...) representa


também uma tentativa de minimizar o processo de estigmatização
dessas pessoas, (...) através do qual a audiência reduz o indivíduo
ao atributo gerador do descrédito social. A expressão surdo, como
vem sendo empregada, tem favorecido identificar a pessoa como
diferente, sendo esta diferença particularizada por ser decisiva para
o desempenho. (DORZIAT, 2002, p.2)

MCCLEARY (2003) alega que o orgulho de ter identidade surda é um ato


político. É porque o sujeito surdo começa a agitar o mundo do ouvinte. O ouvinte
começa a ter menos controle sobre o povo surdo.
A identidade e a diferença estão estreitamente condicionados à
representação, que dá o poder de definir e determiná-las. Antigamente, os sujeitos
surdos eram aprisionados pela representação social com muitos estereótipos
negativos, entretanto o povo surdo cresceu a tal ponto que já não é mais possível
"tapar o sol com a peneira”.

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