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Análise do filme “E seu nome é Jonas”

Cássia Lena Carvalho1

De acordo com o Costa 2020 a surdez institui uma cultura própria, um


olhar diferenciado do mundo, um mundo onde é captado apenas pelo visual, sem
som, sem palavra.
Entretanto, assumir e ter a surdez valorizada por sua diferença e como
parte da identidade do sujeito surdo, bem como o reconhecimento da existência
de sua cultura sempre foi uma luta árdua, já que pela predominância do
“ouvintismo”, uma analogia proposta por Skliar (2013), que evidencia a
subordinação dos surdos em relação aos ouvintes, a surdez por muito tempo foi
associada a uma condição de inaptidão em todas as interpretações possíveis do
termo.
É sob essa perspectiva que se desenvolve o filme “E seu nome é Jonas”,
dirigido por Richard Michaels, cujo cenário retratado é de um período em que a
sociedade considerava os surdos como sujeitos “retardados”, incapazes de falar,
ouvir e pensar, o que, na opinião da maioria, os impossibilitava de agir como
seres humanos “normais”. O filme retrata as dificuldades encontradas no
diagnóstico da surdez, a comparação e confusão dela com doenças mentais, a
falta de apoio adequado às famílias e o despreparo dessas famílias em de dar
com a criança, bem como o choque entre oralização e sinalização tanto para a
criança e sua família quanto para o centro de apoio que oferecia um tratamento
baseado em uma política de oralização e proibição de comunicação por gestos.
Embora o filme tenha sido gravado em meados dos anos 70, retrata temas
polêmicos que ainda são discutidos mais de 40 anos depois. No Brasil, somente
em 2002, que a Lei N° 10.436 oficializou a Língua Brasileira de Sinais libras como
um veículo legal de comunicação e expressão bem como parte da cultura surda.
O reconhecimento de línguas como essa, tanto no Brasil quanto em vários
outros países é uma das iniciativas que se caracterizam como um movimento de
luta e resistência contra a política oralista, ouvintista e a recusa em valorizar a
linguagem e a própria cultura surda como traço identitário.

1 Acadêmica do 8° semestre do curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA


Referências

COSTA, Péterson R. A pesquisa na área da surdez: refletindo conceitos.


Ulbra, 2020. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1lQ6agptlbCX0Bobc
D2HydNeHbVCKqgTS/edit. Acesso em: 07 de jun. 2021.

SKLIAR, Carlos. A surdez: um olhar sobre as diferenças. 6a ed. Porto Alegre:


Medicação, 2013.

1 Acadêmica do 8° semestre do curso de Pedagogia do CEULS/ULBRA

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