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CRÉDITOS
Conteudista
Evandro Aléssio Rodrigues Pereira - Ten Cel DENT
Design Educacional
Renata Lopes Machado Romanholi - 2º Ten PED
De acordo com Moran (2002, pp. 10), Alfred Thayer Mahan, um oficial da
marinha americana, “procurou fazer para a guerra naval o que Jomini havia feito para a guerra
terrestre: definir seus princípios básicos, dos quais os métodos operacionais poderiam ser
derivados.”
Moran (2002, pp. 10), ao analisar a obra de Mahan, citou que “(…) um
beligerante que dominasse o mar poderia militarmente fazer o que quisesse, continuando a
proporcionar ao seu povo os bens materiais necessários.” E ainda complementa o autor:
“comandar o mar significava expulsar dele o inimigo, tarefa que só poderia ser realizada por
uma frota naval composta pelos navios mais poderosos disponíveis” (MORAN, 2002, pp. 10).
Mahan baseou-se na observação histórica, principalmente da grande disputa
pela supremacia global travada entre a França e a Inglaterra entre a ascensão de Luís XIV e a
queda de Napoleão. Mahan atribuiu o triunfo final da Inglaterra à sua capacidade consistente
de derrotar a frota francesa na batalha.
Na análise de Moran (2002), enquanto algumas frotas inglesas se
estabeleceram para bloquear as principais bases navais francesas - Antuérpia, Brest, La
Rochelle, Toulon - outras varreram os mares do comércio francês. Outras ainda transportaram
pequenos exércitos de tropas britânicas para conquistar as colônias da França e seus aliados,
neutralizando-as, assim, ao mesmo tempo como bases inimigas potenciais e acrescentando-as
aos recursos da Inglaterra. Os benefícios de curto prazo foram consideráveis. O vital comércio
colonial – o centro do bem-estar financeiro da Inglaterra – foi protegido da interferência
francesa e recebeu um estímulo considerável. Além disso, a Inglaterra também se beneficiou
economicamente pelo acesso ilimitado às colônias americanas da Espanha.
Como reforçado por Freedman (2013), no século XIX, a Inglaterra desfrutou
do domínio do mar, conseguindo extrair o máximo benefício de seus recursos navais, criando
uma aura de força irresistível, despachando navios de guerra para lembrar as potências
menores dos interesses do país, transmitindo ameaças, fornecendo garantias e criando uma
posição de barganha ou infligindo golpe. Ao mesmo tempo, garantiu que as linhas imperiais
de comunicação pudessem ser sustentadas e reforçadas.
O exemplo da Inglaterra foi objeto de análise de Mahan, que dentro de seus
postulados, defendeu a importância do mar para o desenvolvimento das nações e expôs isso à
classe política dos Estados Unidos, procurando despertá-la para a importância das políticas
navais para o desenvolvimento do país. Para isso, era necessário compreender os princípios
que governavam a guerra no mar desde a antiguidade.
A supremacia de uma grande potência, para Mahan, seria obtida por um
governo que tivesse caráter expansionista, conservador e de visão hegemônica. Aspectos
como economia forte e produtiva que pudesse alavancar a capacidade de produzir bens,
capacidade logística para o transporte desses bens por via marítima e a existência de colônias
como pontos de trocas de produtos e bases para seus navios, eram fundamentais para alcançar
o caráter de grande potência. A esses aspectos Mahan deu o nome de trindade de aspectos
político-econômicos essenciais.
A forma como um Estado interpreta a utilização do seu espaço marítimo tem
relação direta com o seu declínio ou progresso, de acordo com Mahan. Os Estados com
vocação marítima, que souberam aproveitar essa condição, foram exitosos em suas
histórias(COSTA, 2018).
Para Corbett, o exercício do controle do mar não dependia somente dos navios
de linha, mas sim das atividades de supervisão, controle, comunicação,patrulhamento,
regulação e proteção das LCM.
O teórico afirmou que não é possível conquistar o mar, porque ele não é
suscetível de propriedade. Isso levou a uma de suas mais importantes contribuições para as
primeiras teorias da guerra naval. O que mais importava não era o conceito de Mahan de
destruição física do inimigo, mas o ato de passagem no mar. Para ele, portanto, o comando
no mar significava o controle das LCM para fins comerciais ou para propósitos militares.
3. O CONTORLE DO MAR EA IMPORTÂNCIA DOS
CHOKEPOINTS NAS LINHAS DE COMUNICAÇÃO
MARÍTIMAS
O controle do mar envolve o controle das comunicações marítimas, o que
significa essencialmente que um lado possui superioridade sobre seu oponente em uma
determinada área. Ao obter o controle do mar, podemos mover navios, continuar a conduzir o
comércio marítimo ultramarino, interromper ou impedir o comércio marítimo do inimigo e, se
necessário, projetar poder na costa inimiga. Em mar aberto, o controle do mar raramente, ou
nunca, foi completo. Geralmente significa apenas o controle das comunicações marítimas
sobre um determinado mar ou área oceânica por um lado em um conflito(VEGO, 2003, p.
110).
Fonte: www.stratfor.com
Mahan acreditava que, com uma base terrestre suficiente, os poderes
marítimos, como a Inglaterra e os EUA, alcançariam uma supremacia estratégica podendo
adquirir bases seguras no mar, controlando “mares estreitos” (chokepoints estratégicos) e as
linhas de comunicação (SEMPA, 2002, p. 105).
Na perspectiva da estratégia militar, um chokepoint é definido
como“ umapassagemouumcanalestreitoosuficienteparaserfechadoporsimplesaçãomilitare
nvolvendoartilharia,poderaéreoe ou naval” (JOFFÉ, 2007, p. 103).
Nos casos de canais marítimos, o controle sobre estreitos tidos como chave,
em tempo de paz, dá corpo a pré-requisitos prudenciais apostados em cenários
prospectivos.
Não é difícil compreender o porquê.Trata-se de linhas que, em tempos de
guerra, constituem as seções potencialmente mais vulneráveis das comunicações
marítimas e que podem ser usadas principalmente para bloquear forças navais hostis
(VEGO, 2003, p. 120-121).
Conforme (KELLY, 2016, pp. 113-114), apesar dê ser uma área delimitada
em termos geográficos, “a posse de um chokepoint tem um impacto significativo sobre
um território alargado de terra, mar ou região, pelo que se assumem como áreas de
competição”.
Controlar as designadas linhas estratégicas de comunicação, que são
responsáveis por cerca de 99% do comércio marítimo global (JOFFÉ, 2007), representa,
por isso, uma vantagem geopolítica significativa nas dinâmicas de poder das grandes
potências (ALEXANDER,1992).
Sendo considerado um dos principais responsáveis por convencer a
administração norte americana da época a reforçar a capacidade da Marinha e para a
necessidade de ser feita uma passagem marítima na América Central (NOGUEIRA, 2015), o
Canal do Panamá imaginado por Ferdinand de Lesseps, para estabelecer a ligação entre os
Oceanos Atlântico e Pacífico, Mahan identificou sete estreitos: Dover, Gibraltar, Malaca,
Canal do Suez, Cabo da Boa Esperança, a ilha de Malta e a Baía de St. Lawrence, os quais são
de importância capital para o comércio mundial e para a projeção de poder militar das grandes
potências da época. (Dias, 2018),
A generalização a outros exemplos como que legitimava a argumentação que
Mahan usou, um fato que não deixou de ser compreendido por analistas subsequentes que
sobre ele se debruçaram. Nesse preciso sentido, e tal como é relevado por Dolman (2002), o
controle destas áreas geográficas por parte de um Estado garantiria o domínio dos
movimentos militares e do comércio global.
Em termos comerciais, os pontos de estrangulamento têm um significado
específico: são estreitos com uma largura reduzida e que restringe o número de navios que
possam por eles simultaneamente transitar (Smith et al. 2011; Emmerson e Stevens 2012;
ROGER 2012), tornando-se, assim, num espaço capaz de ser fechado para o transporte
comercial a exigir uma rota marítima alternativa prontamente disponível para ser usada em
caso de encerramento (ALEXANDER, 1992).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos verificar que Mahan destacou a importância das zonas costeiras e
ilhas oceânicas como pontos logísticos para a obtenção da supremacia naval.
Julian Corbett defendia que a principal tarefa da Marinha era manter as LCM
livres e seguras para o uso de um país, impedindo que outros as usassem com o mesmo
objetivo.Como já abordamos, para ele o comando no mar significava o controle das LCM
para fins comerciais ou para propósitos militares.
Embora a teoria de Mahan de que vencer batalhas navais possa ser o caminho
mais rápido para alcançar o objetivo de dominar o mar, como mostra a história, é
simplesmente um método para atingir esse objetivo (O´LAVIN, 2009).
Mahan era entusiasta de Antoine Henri Jomini; já Corbett apoiava-se em Carl
Von Clausewitz, ambos teóricos da guerra terrestre e que naõ chegaram a pensar sobre as
particularidades da guerra no mar. Ao lançar, em 1890, “The lnfluence of Sea Power Upon
History”, Mahan procurou discutir a história naval britânica e entender os instrumentos de
açaõ empregados pelo estado que possibilitaram o predomiń io dos mares por mais de
trezentos anos.
Corbett, contemporâneo de Mahan, também desenvolveu ideias sobre a
concepçaõ do poder marítimo ao final do século XIX. Sua obra fundamental “Some
Principles of Maritime Strategy” (1911) tinha como propósito formalizar uma teoria que
agregasse as teorias e preceitos já existentes da guerra naval, entretanto, sob uma ótica
clausewitziana, que o livrava das simplificações e dos reducionismos da época.
Para saber mais sobre o Poder Naval e seus teóricos (Mahan e Corbett), leia o
material recomendado. Além disso, não deixe de realizar suas pesquisas sobre o tema, além
do material de leitura proposto. Compartilhe o conhecimento!
Bons estudos!
5. REFERÊNCIAS
ALEXANDER,L.M.Theroleofchokepointsintheoceancontext.GeoJournal,26,5
03–509.Disponível em:https://doi.org/10.1007/BF02665750. 1992
FREEDMAN, L. Strategy: A history . EUA: Oxford University Press, 2013. Disponível em:
https://pt.br1lib.org/book/2285738/51fb0a?dsource=recommend. Acesso em: 3 Jul. 2022.
KELLY,P.L.EscalationofRegionalConfiict:TestingtheShatterbeltConcept.PoliticalGeogra
phyQuarterly5,161-180. 1986
MAHAN, A. T. The Influence of Sea Power upon History, 1660-1783 . [S. l.: s. n.], 1890.
Disponível em: https://pt.br1lib.org/book/16546521/daec41. Acesso em: 6 Jul. 2022.
O´LAVIN, B. Mahan and Corbett on Maritime Strategy. [S. l.: s. n.], 2009. Disponível
em: https://apps.dtic.mil/sti/citations/ADA509453. Acesso em: 10 Jan. 2023.
SEMPA, F. P. Geopolitics from the Cold War to the 21st Century. New
Brunswi-ck(U.S.A.)andLondon(U.K.):TransactionPublishers. 2002
VEGO, M. N. Naval Strategy and Operations in Narrow Seas. Naval Strategy and
Operations in Narrow Seas, , p. 1–335, 31 Jan. 2003. DOI
10.4324/9780203010334/NAVAL-STRATEGY-OPERATIONS-NARROW-SEAS-MILAN-
VEGO. Disponível em:
https://www.taylorfrancis.com/books/mono/10.4324/9780203010334/naval-strategy-
operations-narrow-seas-milan-vego. Acesso em: 20 Jul. 2022.