Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
___________________________
Major do Exército Brasileiro, Oficial-Aluno do Curso de Comando e Estado -Maior do
Exército 2023/2024 da Escola de Comando e Estado Maior do Exército.
2
ator global, ao longo do século XX, o que contribuiu para a formação de seu
pensamento sobre a geopolítica do Brasil, pensando o país de forma clara e
objetiva.
Exerceu importantes funções que corroboraram na construção de suas
características de líder militar, professor e pesquisador. Cursou a Escola de
Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e a Escola Superior de Guerra
(ESG). Foi instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), como
Instrutor-Chefe do Curso de Infantaria, de 1950 a 1952. No exterior, comandou o
Destacamento Brasileiro da Força Interamericana da Organização dos Estados
Americanos (OEA), na República Dominicana, foi Adido Militar na Bolívia, nos idos
de 1957. Posteriormente, como Oficial General, comandou a AMAN, foi nomeado
Vice-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, além de Vice-Diretor do Colégio
Interamericano de Defesa em Washington.
Em 1977, deixou o serviço ativo, já no posto de General-de-Divisão,
momento em que pode dedicar-se com mais afinco aos estudos de geopolítica,
vindo a ser diplomado como Doutor em Ciências Políticas pela Universidade
Mackenzie, em São Paulo - SP, com sua tese “Geopolítica e trópicos”, em 1984.
A obra “Geopolítica e modernidade” foi um de seus últimos escritos, na qual
o autor avalia os impactos das inovações tecnológicas, que deixam a estrutura do
Estado vulnerável em um mundo globalizado, sendo capazes de desestabilizar
economias inteiras. Com essa proposta o autor conduz o leitor a repensar a
definição da geopolítica baseada no poder estatal e sustentada por seu espaço
geográfico. (MATTOS, 2011c).
O autor estruturou seu livro em duas partes bastante distintas, sendo a
primeira denominada “Fundamentos e Modernização”, na qual os principais
pensadores geopolíticos são abordados, demonstrando a percepção quanto ao
modo como os fatores geográficos, políticos e da história moderna são capazes de
influenciar a Ordem Mundial e a disputa por poder global. Em sequência, na “Parte
II: Geopolítica brasileira – predecessores e geopolíticos”, o General Meira Mattos
conduz o leitor a uma visão panorâmica sobre o espaço territorial brasileiro e seu
processo de colonização e independência, fundamentais para a inserção geopolítica
brasileira no início do século XXI.
Inicialmente, são abordadas as raízes da geopolítica, onde o General Meira
Mattos desenvolve seu pensamento particular a cerca da geopolítica mundial,
3
máquinas a vapor, ferrovias e comunicação por meio fio, até expor seu enfoque a
respeito de como o fator tempo foi alterado pelo homem por meio dos avanços
tecnológicos, que permitem o controle do espaço aéreo, estratosférico e,
atualmente, a exploração do sideral, estabelecendo o conceito dos “lugares em
rede”, que o fluxo de informações, interligam territórios descontínuos, verticalizando
o conceito geográfico de território.
O General Meira Mattos deixa explícita a transformação ocorrida sobre o
conceito de espaço, em razão da globalização que se apresentava à época. Assim,
cabe aos especialistas entenderem as novas formas de aplicação de poder sobre o
espaço geográfico, que agora, passou a ser potencializado pela verticalização
informacional.
A discussão mostrou-se sobremaneira pertinente nos anos vindouros, haja
vista o processo de produção estratificada que passou a ser adotado por empresas
multinacionais, separando as diversas plantas industriais. Os mais diversos bens,
tanto de baixo, quanto de alto valor agregado, passaram a ser produzidos em partes
diferentes do mundo, reduzindo custos e aumentando lucros.
O fator político também contribuiu para a formulação da geopolítica
contemporânea, marcando o século XX pela significativa capacidade de intervenção
na soberania por meio da avançada tecnologia dos sistemas informacionais. As
nações mais poderosas tornaram-se aptas a interferir verticalmente sobre outros
Estados, projetando sua cultura, economia e política.
A relativização do conceito de soberania também ganhou vulto no século
passado. A autodeterminação dos povos sempre pautou a narrativa geopolítica das
nações. O autor discorre que esse princípio fundamental, impedia que tropas
militares estrangeiras estacionassem em outro país, exceto em caso de um conflito
armado. Tal realidade foi totalmente modificada ao longo da Guerra Fria e dos anos
que se seguiram, com nações poderosas como os EUA firmando alianças, a fim de
projetar poder e estabelecer bases militares em praticamente, todos os demais
continentes do mundo.
Partindo da preocupação francesa expressa com a publicação de seu Livre
blanche sur la defense em 1994, sobre a preservação da identidade nacional, o
autor induz o leitor a perceber que a tese de Samuel Huntington, pautaria os
conflitos vindouros, uma vez que a globalização permitiu a aproximação de diversas
culturas e permeou as fronteiras, conduzindo ao choque de civilizações.
5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MATTOS, Carlos de Meira. Geopolítica, v.I. Ed. Fundação Getúlio Vargas (FGV) em
coedição com a Bibliex. 316p. Rio de Janeiro, 2011a.
MATTOS, Carlos de Meira. Geopolítica, v.II. Ed. Fundação Getúlio Vargas (FGV) em
coedição com a Bibliex. 416p. Rio de Janeiro, 2011b.
MATTOS, Carlos de Meira. Geopolítica, v.III. Ed. Fundação Getúlio Vargas (FGV)
em coedição com a Bibliex. 424p. Rio de Janeiro, 2011c.