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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INFLUENCIA DAS TEORIAS DO PODER TERRESTRE, MARÍTIMO E ESPACIAL


PARA OS ESTUDOS GEOPOLÍTICOS GLOBAIS

Discentes

Amarildo Basílio
Filomena Amina Alves
Nigaba Dieudonne

Nampula, Junho

2022
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INFLUENCIA DAS TEORIAS DO PODER TERRESTRE, MARÍTIMO E ESPACIAL


PARA OS ESTUDOS GEOPOLÍTICOS GLOBAIS

Trabalho referente a cadeira de Geopolítica e


Estratégia, para fins avaliativo sob orientação do
docente: Aboochama Oliveira Vontade.

Nampula, Junho

2022
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Índice
Introdução...................................................................................................................................4

Tema: Influência das Teorias do Poder Terrestre, Marítimo e Espacial para os Estudos
Geopolíticos Globais...................................................................................................................5

A evolução do conceito de Espaço.............................................................................................7

As teorias Geopolíticas clássicas e o pensamento geopolítico Marítimo...................................7

2. Teoria do Poder terrestre.........................................................................................................8

Teorizadores dos Poderes Conjugados.......................................................................................9

Estabilidade Geopoliticas Globais............................................................................................10

Factores que influenciam as relações entre espaço e poder no mundo contemporâneo...........10

O Estado como o principal ator no sistema internacional.........................................................11

O domínio e o controle de territórios........................................................................................11

Factores na Geopolítica Contemporânea..................................................................................11

5. As inovações tecnológicas e o território...............................................................................11

A questão ambiental e o território.............................................................................................11

A nova definição do valor estratégico dos territórios...............................................................12

A importância dos actores sociais.............................................................................................12

A percepção do enfraquecimento do Estado.............................................................................12

Implicações sobre a geopolítica................................................................................................12

Conclusão..................................................................................................................................13

Referencias Bibliográficas........................................................................................................14

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Introdução
O presente trabalho é referente a cadeira de Geopolítica e Estratégia, e visa abordar a cerca de
Influência das Teorias do poder Terrestre, Marítimo e Espacial para os Estudo Geopolíticos
Globais. No entanto, é de extrema importância referir que, a geopolítica refere-se às
implicações que as relações sociais e de poder estabelecem com diferentes dimensões da
categoria espaço, de forma multitemática e interdisciplinar. Pensar a Geopolítica é considerar,
de forma dialógica, as relações geográficas entre factos e fenômenos espaciais em diferentes
escalas de organização e planeamento de políticas públicas e acções governamentais com
impactos locais, regionais, nacionais e internacionais dos diversos países. Para a realização do
trabalho foi possível com o auxílio de diversas obras de autores que abordam assuntos
relacionados com o Tema, sites e documentos em formato PDF, detalhados nas Referências
Bibliográficas.

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Tema: INFLUÊNCIA DAS TEORIAS DO PODER TERRESTRE, MARÍTIMO E
ESPACIAL PARA OS ESTUDOS GEOPOLÍTICOS GLOBAIS
O termo geopolítica tem como essência uma conotação estratégica, acerca de acções
envolvendo controlo de territórios dos Estados Nacionais, criação de organizações, como a
ONU, interpretando o que está acontecendo na política dos dias actuais a partir de
informações geográficas. Com suas pesquisas sobre as interações entre as grandes regiões e
zonas do mundo, a geopolítica se interessa naturalmente na política internacional e seus
aspectos diplomáticos.

Define-se geopolítica como um conjunto de estratégias traçadas por um Estado como


forma de se conquistar distintos objectivos em diferentes momentos históricos, a exemplo da
expansão territorial.

Geopolítica é um ramo autônomo da ciência política que tem por objecto de


estudo as relações e as mútuas interações entre o Estado e sua geografia. Esta
disciplina possuiu um acervo de conhecimentos teóricos e empíricos que
pode ser utilizado no planeamento da política de segurança de um país no
tocante a seus factores geográficos. MELLO (1999, p: 74).
Surgiram várias escolas e correntes de pensamento que desenvolveram teorias distintas, o
cientista político sueco Rudolf Kjellén foi quem cunhou o termo "geopolítica" no início do
século XX, baseado na obra do geógrafo alemão Friedrich Ratzel, "Politische Geographie", de
1897.

A evolução do capitalismo e mais recentemente a globalização é um factor que


influenciou as relações entre espaço e poder. Dentro deste cenário destaca-se a evolução da
ciência e tecnologia, resultando na aceleração dos fluxos de informação, mercadoria,
financeiro e de pessoas;

Os actores que influenciam as relações entre espaço e poder são os mesmo que vem
transformando as relações econômicas num cenário de globalização: Estados (desde os mais
desenvolvidos até os subdesenvolvidos), as multinacionais, os organismos internacionais
(ONU, FMI e Banco Mundial), as ONG, setor financeiro (bancos e financeiras e bolsas de
valores), as grupos paramilitares de motivação ideológica ou religiosa.

i. Factor geográfico para formulação da geopolítica

Por espaço geográfico compreende-se o espaço natural e todas as transformações advindas da


acção do homem. Foi o factor que recebeu o maior impacto modificador provocado pelos

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avanços tecnológicos (principalmente nas áreas de transportes, telecomunicações e
informática);

 O desenvolvimento da ciência e da tecnologia tem proporcionado ao homem


ferramentas cada vez mais poderosas na transfomação do meio ambiente;
 Mas não foi apenas o espaço geográfico que tem sido transformado. Os novos meios
de transporte e de comunicação modificaram a dimensão temporal das atividades;
 Apensar de toda as transformações sofridas pelo espaço geográfico, a sua extensão,
forma e posição não mudou;
 O valor da extensão territorial tem peso quantitativo em função da população e dos
recursos naturais existentes; Já a posição do território tem peso qualitativo em função:
das condições climáticas e natureza do solo. Além de suas caracteríticas de
marítmidade e/ou continetalidade;
 O crescimento da população, a falta de preocupação com a preservação do meio
ambiente, o surgimento de técnicas e tecnologias poluidoras, tornou as questões
ambientais fatores decisivos na tomada de decisões.
i. Factor político para formulação da geopolítica

Aplicação do poder à arte de governar. Na área política as relações entre espaço e poder têm
sido influenciadas pelo poder extraterritorial. Exercido por Estados dotados de supremacia
econômica e tecnológica. É uma espécie de invasão territorial virtual, pois não há ocupação
física, apenas as redes são bonbardeadas com informações de interesse dos países poderosos.

Factor da história moderna para a formulação da geopolítica

Corresponde a revolução no método de estudo da história em que passa a considerar a análise


do ambiente sociológico do local e da época em estudo. Esse novo método fundamenta-se no
princípio da unidade orgânica da história e a consciência do valor da sua interpretação
sociológica. Analisa as razões de êxito ou fracasso no processo históricos das civilizações e
relaciona com sua capacidade de responder aos desafios de sua geografia e coesão interna.

O território

Segundo RAFFESTIN (1993), “território como espaço trabalhado pelos homens. O espaço
seria algo cru e preexistente ao território, pois ainda não sofreu com a ação do homem naquele
ambiente. O que condiz com a definição de territorialização, que é o processo em
que o homem age dentro de um território no caso do Estado, a aplicação da soberania. Em
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uma definição mais ampla, Milton Santos (1986) define o território como um dos três
elementos constitutivo de um Estado-Nação, juntamente com a população e a soberania.
Logo, o espaço existe sem o território, mas este coexiste com aquele em uma relação estrita
dentro da aplicação da soberania do Estado.

A evolução do conceito de Espaço


Ao reflectir-se sobre o território de um Estado, ocorre de imediato a sua Geografia, ciência
que começou por ter uma atitude desinteressada, do tipo contemplativo, limitando-se em
consequência a sistematizar o conhecimento do mesmo.

No início do século XIX, com os geógrafos alemães Humboldt e Ritter (Gallois, 1990;
206), se iniciaram trabalhos geográficos explicativos e não só descritivos como até então.
Com este progresso conceptual, procuraram-se levantar as causas da distribuição espacial dos
fenómenos físicos, biológicos e humanos, ou pela procura das relações de causa-efeito, em
realidades de fenómenos interdependentes, ou através da observação das condições em que
esses fenómenos ocorriam noutras áreas.

As teorias Geopolíticas clássicas e o pensamento geopolítico Marítimo


O conceito de espaço prende-se com a caracterização da área em termos de dimensão,
relevo, clima, vegetação e hidrografia, enquanto a posição está relacionada com a sua
localização geográfica, posição relativamente aos acidentes geográficos e proximidade ao
mar.

 Poder Marítimo

Os teorizadores do poder marítimo consideravam o mar como a principal fonte estrutural do


poder, uma vez que aquele que a dominasse controlava o mundo. Neste domínio, dois
importantes pensadores são: o americano Alfred Thayer Mahan e o francês Raoul Castex.

O almirante americano Thayer Mahan (1840-1914) valorizava o comércio como um dos


principais elementos para o poder nacional, desta forma era necessário assegurar a liberdade
de circulação marítima nos oceanos e mares; assim, o controlo de “choke points” era
determinante para a livre circulação da marinha mercante, devendo tal assentar no Poder
marítimo, entendido como “a soma de forças e factores, instrumentos e circunstâncias
geográficas, que cooperam para conseguir o domínio do mar, garantir o seu uso, e impedi-lo
ao adversário”. (IAEM, 1982, p. 72)

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Segundo Mahan, o poder marítimo assenta em cinco factores (elementos básicos do poder
marítimo): a posição geográfica, a configuração física e a extensão do território, o efectivo
populacional, a psicologia nacional e as características do governo.

A «posição geográfica» constitui-se como um factor importante, dado que influencia ou


determina o nível de esforço (recursos materiais, recursos económicos, localização de
estruturas) que pode ser dedicado à vertente marítima. Por sua vez, a «configuração física e a
extensão do território» associam-se às dificuldades apresentadas pelos acidentes orográficos,
ao clima, à natureza do solo, aos recursos e à existência de hidrografia navegável, que
permitia a penetração no interior dos territórios, aos conceitos de litoral e de permeabilidade
das fronteiras. (BONFIM, 2005 & RIBEIRO, 2010)

2. Teoria do Poder terrestre


O professor de Geografia Halford John Mackinder (1861-1947) é considerado um geopolítico
do poder terrestre, dada a sua visão global que apresenta nas suas teorias a materialização da
relação entre o espaço e o poder político, construindo à escala do globo modelos de dinâmica
do Poder.

De acordo com DIAS, (2005), “as suas teorias baseiam-se num centro (pivot geográfico
ou heartland), localizado na «eurásia» (europa ásia), em torno do qual se articulam todas as
«dinâmicas geopolíticas» do planeta.

No crescente interior ou europa costeira, encontravam-se todos os países marítimos da


Eurásia (o rimland, de Spykman), como por exemplo, Alemanha, Áustria, França, Espanha,
Portugal, Turquia, Índia e China. Integravam o crescente exterior as ilhas, arquipélagos e
continentes, susceptíveis de serem dominados pelas potências marítimas, como a Austrália, o
Japão, os EUA, o Canadá e a Grã-Bretanha.

Na elaboração das teorias de Mackinder estava subjacente a sua preocupação de


manter os britânicos como potência marítima (assente no comércio); neste racional viu o
aparecimento do caminho-de-ferro, do avião e da artilharia como uma ameaça ao do domínio
dos mares, face ao adversário terrestre.

Prevendo o perigo da emergência de uma potência terrestre, Mackinder (1919) adverte


quando se negociava com o inimigo derrotado, a Paz de Versalhes, que o controlo
do heartland passava, obrigatoriamente, pelo controlo da Europa de Leste (área extensa e que

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permite mobilidade no seu interior, com população numerosa e inacessível ao poder
marítimo), assumindo-se este passo como o primeiro a dar na busca da hegemonia mundial.

A advertência é de grande importância e pertinência, uma vez que o Tratado de Versalhes


configurava as novas fronteiras da Europa e consubstanciava a necessidade de criação de
estados tampão que separassem a Alemanha da Rússia (Figura 4). (Mackinder, 1919)

A cooperação efectiva e permanente entre a América, a Grã-Bretanha e a França permitiria


uma testa-de-ponte em França, um aeródromo protegido por fossos na Grã-Bretanha e uma
reserva de forças bem treinadas e recursos agrícolas e industriais nos Estados Unidos da
América (EUA) e no Canadá (defesa em profundidade). A sua tese antecedeu a organização
formal da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ao evidenciar os motivos
geopolíticos que a impunham, e alertou para a necessidade de uma indispensável cooperação
entre os seus membros, condição «sine qua non» do seu sucesso. (Dias, 2005)

Por outro lado, de acordo com Mackinder, seria necessário que as potências ocidentais
vencedoras e a Rússia também cooperassem, a partir do momento que houvesse sinais
indicadores de ameaça à Paz (cooperação que de facto não foi materializada – pouco tempo
depois teríamos a Guerra Fria).

Influenciado por Ratzel, e atendendo ao pensador britânico, o geopolítico alemão Karl


Haushofer (1869-1956), na sua obra «Geopolítica das Ideias Continentalistas», de 1931,
valorizou, também, o poder terrestre.

Teorizadores dos Poderes Conjugados


NICHOLAS J. Spykman (1893-1943), holandês, naturalizado americano, elaborou o seu
modelo de dinâmica de poder na base geográfica de Halford Mackinder, embora interpretada
de forma diferente, pois sustenta-se nos pressupostos e entendimentos de «equilíbrio de
Poder», «ameaça» e «cerco dos continentes». (DIAS, 2005)

Na teorização de Spykman, assente na ideia geográfica do teorizador britânico, observa-se a


massa terrestre do globo dividida por três regiões concêntricas (heartland, rimland e as ilhas e
continentes exteriores) às quais acresce uma cintura oceânica envolvente, o modelo exclui o
continente americano, designado de Mundo Novo (Figura 8). (Dias, 2005 e Bonfim, 2005)

Para este geopolítico, o heartland tinha como limites a fronteira russo-finlandesa, os


Cárpatos, os Balcãs, o Cáucaso, as fronteiras setentrionais do Irão e do Afeganistão, a

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fronteira da Mongólia e os gelos do Oceano Glaciar Árctico. O rimland corresponde às terras
costeiras da Eurásia, ou seja, a Europa Marítima, o Médio Oriente, a Índia, o Sudeste Asiático
e o Extremo Oriente (região idêntica ao crescente interior de Mackinder). Nas ilhas e
continentes exteriores encontramos regiões como África, Madagáscar, Austrália, Nova
Zelândia, Indonésia, Japão. A cintura oceânica integra os oceanos Atlântico, Índico e Pacifico.
(Dias, 2005) 

A teoria de Spykman valoriza toda a região do rimland, sob o argumento que este espaço seria
objecto de competição e conflitualidade por parte dos poderes terrestre e marítimo e o seu
controlo significaria uma vantagem geopolítica importante, o que lhe confere uma
característica dual. (DIAS, 2005)

Ao nível das regiões geopolíticas, manteve as existentes na Região Marítima


Dependente do Comércio, na Continental Euro-Asiática continua a haver duas, agora
designadas de (1) heartland Russo e Trans-Cáucaso e (2) Ásia Central, e na região
geoestratégicas do Leste Asiático considera duas regiões geopolíticas: China e Indochina.
Mantém como região geopolítica independente a Ásia do Sul (Índia, Paquistão, Bangladesh,
Sri Lanka, Maldivas, Diego Garcia e Myarmar) (Figura 11). (Choen, 2003) 

Estabilidade Geopoliticas Globais


Segundo COHEN (2009), a estabilidade global, no primeiro quarto do século XXI, está
depende das políticas das Grandes Potências do mundo (world´s Great Power) que serão:
EUA, UE, Rússia, China, Japão, Índia e Brasil; e as principais potências regionais: Austrália,
Vietname, Irão, África do Sul e Venezuela. Os destinos geopolíticos das grandes potências
estão entrelaçados, por isso, elas não correrão o risco de entrar em conflito entre si. As
rivalidades económicas marcarão o seu relacionamento, contudo, a interdependência
económica levará a que, juntos, beneficiem da especialização económica, ou seja, do
comércio, da transferência de tecnologia e dos fluxos de investimento. Outro aspecto que os
une é a partilha das principais ameaças, como sejam o terrorismo internacional e a propagação
de armas nucleares. (Cohen, 2009, p. 421).

Factores que influenciam as relações entre espaço e poder no mundo contemporâneo.


      Actualmente, ocorre uma retomada de interesse pela Geopolítica, área do conhecimento
que possui como preocupação central a análise das relações de poder entre Estados Nacionais
levando em consideração a dimensão territorial.

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O Estado como o principal ator no sistema internacional
      Historicamente, a Geopolítica se apoiou no pressuposto do Estado como sendo a única
unidade política do sistema internacional. Nesse caso, o poder do Estado se encontrava
diretamente vinculado às potencialidades e atributos de seu território, condição para o seu
desenvolvimento e exercício de seu poder (BECKER, 2000).

 O domínio e o controle de territórios     


Na história da Geopolítica, o domínio e o controle de territórios sempre representaram
factor fundamental na organização da estrutura do poder entre os países. As disputas por
recursos e posições geográficas estratégicas que representassem vantagens para o controle do
poder mundial constituiu um elemento chave da geopolítica em distintos momentos da
história.

Factores na Geopolítica Contemporânea   


Os factores como a revolução científico-tecnológica e a crise ambiental passaram a
influir na Geopolítica contemporânea e produziram mudanças no papel do Estado e na
estrutura do poder mundial.   Os avanços científicos e tecnológicos trouxeram mudanças na
organização da produção e do trabalho, e a crise ambiental exige limites e novas formas de
relação da sociedade com a natureza. 

5. As inovações tecnológicas e o território


    Com as inovações tecnológicas, o valor econômico e estratégico de um território no mundo
globalizado passa a ser compreendido a partir de sua capacidade de inserção neste novo
sistema produtivo. Centrada nos avanços da microeletrônica e da comunicação, a revolução
científico tecnológica coloca a informação e o conhecimento como principais fatores
da produtividade (BECKER, 2000, p: 287). 

A questão ambiental e o território


Por sua vez, a questão ambiental, o outro factor que influencia a geopolítica
na atualidade, traz a discussão da natureza e do desenvolvimento sustentável para o centro do
debate. O controle da biodiversidade passa a representar um recurso disputado, fonte
de conhecimento sobre os seres vivos e os territórios passam a ser apropriados como reserva
de valor para usos futuros, uma vez que a preservação da natureza passa a representar
potencial econômico (BECKER, 2000, p: 293).

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A nova definição do valor estratégico dos territórios
    Assim, o potencial econômico e estratégico dos territórios passa a ser definido, em grande
medida, por seu conteúdo tecnológico e por sua disponibilidade de biodiversidade. Esses
fatores veem valorizar os territórios de maneira altamente seletiva e a partir de qualquer
escala geográfica, não apenas a do Estado.

A importância dos actores sociais


   Nesse novo contexto, passa a adquirir maior ênfase a ação de atores sociais que atuam em
escalas geográficas distintas das do Estado. De um lado, os bancos e grandes empresas
transnacionais, representando a lógica da acumulação e dos mercados financeiros, retiram do
Estado seu poder de controle sobre o conjunto do processo produtivo. De outro, a sociedade
civil organizada, representando a busca por melhores condições de vida em seus territórios,
atua no fortalecimento de escalas de ação internas ao Estado (BECKER, 2000:297).

A percepção do enfraquecimento do Estado


  Diante de tais mudanças, o papel do Estado parece perder importância e muitos
discursos chegam, até mesmo, a apontar o seu fim. No entanto, o processo que presenciamos
na atualidade não é o do fim do Estado, mas sim, o da redefinição de seu papel e de suas
funções, o de mudança em sua natureza, entendendo-se que ele não é uma forma acabada, é
um processo.

O Estado não é mais a única representação do político nem a única escala de poder,
mas certamente é uma delas, mantendo-se ainda, embora com novas formas e funções. Se o
Estado deixa de ser o executor exclusivo dos processos econômicos e políticos, acumula, em
contrapartida, funções de coordenação e regulação crescentes, para fixar as regras básicas das
parcerias (BECKER, 2000, p: 297).

Implicações sobre a geopolítica


     Essas transformações no papel do Estado vêm trazer novas questões à organização da
geopolítica no mundo. Nesse contexto, adquire destaque uma geopolítica que busca valorizar
tanto o diálogo mais próximo entre os Estados, como entre estes e a sociedade civil
organizada (BECKER, 2000, p: 300). 

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Conclusão
A geopolítica é modo de análise que atingiu grande popularidade entre o fim do século XIX e
meados do século XX. Pode-se concluir que o estudo da Geopolítica é fundamental para se
estabelecer uma política nacional, visando-se conquistar ou manter os objetivos nacionais.
Nota-se que é necessário levar em consideração as concepções geopolíticas dos demais
Estados, principalmente as dos vizinhos e dos que se situam nos centros de poder para
planejar quaisquer posições. Ao longo da história da humanidade, é frequente por partes de
líderes estadistas, diplomatas, militares, filósofos, historiadores e geógrafos de todas as
regiões, a interpretação das características e fenômenos dos espaços geográficos das regiões
visando à formulação de soluções de caráter político para alcançar interesses específicos das
nações ou dos Estados.

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Referencias Bibliográficas
ALMEIDA, Políbio E. A, Ensaios de Geopolítica Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas, Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 1994

BOTELHO, Teixeira. História Militar e Política dos Portugueses em Moçambique, 1º vol,


Centro Tipográfico Col2onial, Lisboa, citado em UEM, 1982.

CASTRO, Josué de (1955). A Geopolítica da Fome, Rio de Janeiro: Livraria Editora.

CHICHANGO, Isac Pedro, A Geopolítica de Moçambique, Instituto de Estudos Superiores


Militares, Lisboa, 2009.

CORREIA, Pedro de Pezarat, “Derivações Semânticas da Geopolítica”, Geopolítica n.º 2.


Aveiro: Centro Português de Geopolítica. 2008.

MELLO, Leonel Itaussu Almeida. Quem tem medo da Geopolítica. São Paulo: Editora
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MOTTE, Martin “Une Défiition de la Géostratégie”. Stratégique n.º 58. Paris, 1995.

NOGUEIRA, José Manuel Freire O Método Geopolítico Alargado: Persistências e


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