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A definição do tema

Nascida em 1905, com Kjellen, pode ser definida a partir dos conceitos de Zbigniew
Brzezinski: geopolítica como a combinação de fatores geográficos e políticos que determinam
a condição de um Estado ou região, enfatizando o impacto da geografia sobre a política; e
estratégica como a aplicação ampla e planejada de medida para alcançar um objetivo basilar
ou a recursos vitais de importância militar.
O texto apresenta o pioneirismo da teoria geopolítica de Mahan acerca do poder
marítimo frente à hegemonia britânica que se viu durante o Concerto Europeu (1815-1914),
todavia ressalta a importância copernicana de Mackinder ao fortalecer a relevância do poder
terrestre, especialmente na teoria do Heartland (Pivot Area) e dos perigos do Império Russo
se tornar uma potência anfíbia. Contudo, como Aron aponta, a teoria de Mackinder foi
subjugada três vezes no século passado: em 1918, 1945 e 1991.

Mahan
Sendo o primeiro entre os clássicos, Mahan nunca se auto-intitulou como geopolítico,
porém efetivamente construiu uma teoria geopolítica, baseada no fardo do homem branco e na
inevitabilidade das guerras por entre a história. Para o almirante estadunidense, a hegemonia
mundial seria conquistada por quem controlasse as rotas marítimas, descritas por ele como as
“veias por onde circulam os fluxos do comércio internacional”.
Dentre as ações práticas tomadas acerca das sugestões de Mahan destaca-se a
construção do canal do Panamá, inaugurado em 1914, mesmo ano de seu falecimento.

Harold Mackinder e a Geopolítica do Heartland


Para compreender a teoria do Heartland, é preciso compreendê-la como uma
concepção histórico-geográfica (a visão do mundo como sistema político fechado, a ideia de
história universal baseada na causalidade geográfica e o postulado da luta pela supremacia
entre os poderes marítimo e terrestre).
Mackinder via em 1904 o fim da época colombiana, marcada por um lado pela
expansão marítima das potências ocidentais, por outro pela expansão continental russa.
Assim, com o advento do barco a vapor e dos canais interoceânicos, da locomotiva e das
ferrovias transcontinentais, todo o mundo estava conectado em um sistema político fechado.
Logo, dado um sistema interligado mundialmente e dada a característica anárquica do
sistema, uma crise local poderia tornar-se rapidamente um conflito de proporções mundiais.
Assim, Mackinder foi o pioneiro em apontar o que hoje parece óbvio: a noção de sistema
político fechado, na era pós-colombiana.
Portanto, Mackinder, de forma similar à Marx, enxergava a história a partir de uma
perspectiva materialista, unicausal e teleológica, baseando-se no condicionamento exercido
pelas realidades geográficas sobre os processos históricos, no confronto secular entre as
potências oceânicas e as potências continentais, prevendo o declínio do poder marítimo e o
fortalecimento do poder terrestre. Logo, por mais que o homem apresente sua virtú, ele está
submetido à fortuna dos fatos geográficos.
Assim, os países insulares ou possuidores de alto coeficiente de maritimidade estavam
condicionados às atividades navais e mercantis. Por sua vez, os países mediterrâneos ou de
conformação predominantemente terrestre apresentavam tendências mais expansionistas. Por
fim, existem povos com caráter nacional híbrido e anfíbio que apresentavam desenvolvimento
alternado ou simultâneo de ambas as vocações, como os romanos, franceses e norte-
americanos.
Para Mackinder, poderia-se entender, então, os processos históricos à luz da oposição
oceanismo versus continentalismo. Assim, a tese de Mackinder era de que o poder terrestre
poderia conquistar as bases do poder marítimo, caso conseguisse uma frente oceânica
que lhe possibilitasse tornar-se um poder anfíbio, simultaneamente terrestre e marítimo.

A teoria do Heartland
Para Mackinder, existia apenas um Grande Oceano (Great Ocean) e quatro
continentes (Eurásia-África, América do Norte, América do Sul e Oceania). Para o autor, a
Eufrásia, ao ser rodeada por um oceano único, constituía uma grande Ilha Mundial.
Mackinder via então a Europa não mais como uma área central, mas como uma
península da Eurásia-África, juntamente com a Índia, China e Oriente Médio (Oriente
Próximo), de modo que a posição axial seria a Pivot Area (Ásia Central).
O autor vê o povoamento das áreas peninsulares da Eurásia como uma reação
às constantes invasões dos povos belicosos da Ásia Central e apresenta os mongóis como o
ápice destes ao formarem o Império Mongol. A reação consequente das invasões provenientes
do Leste teve como reações a expansão continental russa e a expansão marítima ibérica.
Em 1919, Mackinder mudou o termo Pivot Area para Heartland, o qual se
refere ao núcleo basilar da grande massa eurasiática que coincidia geopoliticamente com as
fronteiras russas do início do século XX. Para o autor, o Heartland possui três características
físicas essenciais: a mais extensa região de planícies de todo o globo, o isolamento quase que
total do mundo exterior e a topografia plana de estepes meridionais que ofereciam condições
ideais à mobilidade dos povos nômade-pastoris da Ásia Central.
As penínsulas que circundam o Heartland compõe um grande arco interior,
chamado de Inner Crescent, um conjunto de zonas amortecedoras que constituíam pontos de
fricção ou áreas de disputa onde se chocavam os poderes terrestre e marítimo. Assim,
constituía o espaço natural de expansão do poder terrestre em vista de uma saída para o
oceano, buscando construir um poder marítimo; como também a barreira física de contenção
do poder marítimo inimigo. Para além do Inner Crescent, existia o Outer Crescent, formado
pelos fossos do Grande Oceano, nos quais estavam inclusos as grandes potências marítimas
(Inglaterra, EUA, Japão, Canadá, África do Sul e Austrália).
O autor apresenta os acontecimentos que marcaram a disputa entre os poderes
terrestre e marítimo do Império Russo e do Reino Unido, respectivamente. Mackinder
demonstra como estes tiveram de abandonar suas diferenças para lutar contra um inimigo em
comum, o qual ameaçava tornar-se uma potência anfíbia: o Império Alemão.

O cordão sanitário mackinderiano


Mesmo após o fim da 1° Guerra Mundial (1914-1918), quando o poder naval
inglês venceu o poder terrestre alemão, Mackinder não abriu mão de sua teoria, argumentando
que a prevalência inglesa se deu pelo combate russo, na maior parte do conflito.
Em continuidade, Mackinder defendia abertamente a necessidade de se evitar
uma aliança entre o Império Alemão e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS),
pois quem domina a Europa Oriental controla o Heartland, por sua vez controla a World
Island, e então controla o mundo. Mackinder então propôs, como assessor da diplomacia
britânica nas negociações de paz a criação de Estados tampões para isolar o Império Alemão
da URSS. Entre estes estavam: Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Iugoslávia, Bulgária,
Romênia e Grécia (posteriormente, somaram-se a esses os Estados bálticos e a Finlândia).
Após o fim da 2° Guerra Mundial (1939-1945), se percebeu que a aviação não se
sujeitava mais como uma arma tática auxiliar do exército ou da marinha, mas constituía um
poder militar independente.

O testamento intelectual de Mackinder


Por fim, em seu último artigo de 1943, Mackinder reduziu a extensão do
Heartland, como instituiu o conceito de Midland Ocean, o que seria o Atlântico Norte.
Mackinder apontava para a arregimentação de coisas nos EUA e Canadá, a concentração no
Reino Unido e o desembarque na França.

Karl Haushofer e a Geopolitik alemã


Para se estudar a Geopolitik alemã, é preciso relembrar que embora oriunda da
geopolítica, ela transformou-se numa pseudociência ou, mais precisamente, numa ideologia
geográfica, constituindo um subproduto espúrio e ilegítimo da geopolítica.

A conexão Mackinder-Haushofer
Atualmente, entende-se que Haushofer poderia ser um dos mentores
intelectuais de Hitler, na tomada das decisões do III Reich. Todavia, a visão de Haushofer não
era sempre condizente com a perspectiva de Hitler acerca da política externa nazista, visto que
muito de sua teoria provinha das contribuições de Mackinder.
Haushofer, ao tomar contato com a obra de Mackinder, lançou sobre ela um
olhar germânico e procurou defender a aliança entre o Império Alemão e a URSS, de modo a
dominar a Heartland, por conseguinte a World Island e, por sua vez, o mundo. Haushofer
então defendia uma aliança com a URSS e o Império Japonês, de modo que a Euráfrica
(Europa, África e Oriente Médio) estaria submetida ao Império Alemão; a Pan-Ásia (China,
Coreias, Sudeste asiático e Oceania) sob domínio japonês e, entre ambas, a Pan-Rússia (Zona
tampão, formada pela Rússia, Irã e Índia). Por fim, as Américas seriam dispostas sob domínio
dos EUA.

A conexão Haushofer-Hitler
Ao contrário de Haushofer, não há indícios de que Hitler possuía
conhecimento da obra de Mackinder ou de qualquer outro teórico geopolítico, de modo que
sua relação com o Reino Unido buscava que essa abandonasse sua posição de árbitro do
equilíbrio europeu e aceitasse a hegemonia alemã. Para o líder alemão, o Estado inimigo era a
França, que disputava a hegemonia continental com o Império Alemão.
Para Hitler, o Império Alemão deveria primeiramente conquistar a França no
ocidente e depois voltar-se em direção à Europa Oriental para conquistar e colonizar tais
regiões, como os cavaleiros teutônicos medievais fizeram. Assim, via-se uma vocação
continentalista e anti-oceânica de sua política externa. Objetivava-se um império continental
às custas da URSS e coexistente com o império marítimo britânico.
Logo, vê-se que apesar de ser um líder próximo de Hitler, a influência de
Haushofer sobre este ainda era mínima.

Nicholas Spykman e a Geopolítica do Rimland


Durante o entreguerras, o debate público nos Estados Unidos centrou-se em dois temas
que dividiram as elites políticas e intelectuais do país: a preservação da paz e a política
externa americana. Assim, tais debates formaram o perfil intelectual de Spykman, cujas ideias
o relevam como adepto do realismo em relações internacionais e do intervencionismo em
matéria de política externa americana.
Para Spykman, apesar de anárquico, o sistema internacional apresenta uma ordem
garantida por um grupo seleto de grandes potências que, pela diplomacia ou pela força,
controlam e subordinam as médias e pequenas potências.
Bebendo da obra de Mackinder, Spykman entendia que qualquer modificação na
relação de forças afeta sempre a posição relativa dos grandes atores internacionais e que, por
isso, estes não podem permanecer indiferentes às oscilações do equilíbrio de poder mundial.
Ademais, tal afirmação se apresentava ainda mais latente pelo desenvolvimento da aviação, a
qual reduzia a vantagem insular dos Estados Unidos em frente à Eurásia. Logo, não existia
um pleno isolamento, visto que em um sistema fechado, as relações políticas, econômicas
e militares são inteiramente globalizadas. Portanto, o isolacionismo era uma estratégia
suicida, sendo necessário se lançar na política mundial de maneira intervencionista, buscando
acumular uma margem de poder residual que pudesse ser aplicada no exterior para cercar a
outra ilha-continente.
Em relação à teoria de Mackinder, Spykman adotava quase todas as concepções, com
exceção da World Island: para Spykman, existiam duas ilhas continentais: a Eurásia, no
hemisfério norte, e a África, no hemisfério sul. Para além destas, existiam a América do
Norte, a América do Sul e a Oceania.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Spykman compreendia que caso o
Eixo vencesse, seria necessária uma reunião dos Estados Americanos sob liderança dos EUA
para se manterem independentes em relação à hegemonia nipo-germânica. Assim, o objetivo
basilar da estratégia americana deveria ser a organização de poderes divididos e equilibrados
na Eurásia.

A geografia da paz
Spykman substituiu o termo Inner Crescent por Rimland para definir com
maior precisão as regiões costeiras. Spykman defendia que o Rimland era fisicamente uma
área-tampão entre o poder marítimo e o poder terrestre, impedindo que quem dominasse o
Heartland (no caso, a URSS) se tornasse uma potência anfíbia.
Assim, Spykman defende que não se trata de um poder marítimo versus um
poder terrestre, mas o sistema internacional é sim definido por três circunstâncias: um poder
do Rimland aliado à Grã-Bretanha; um poder do Rimland aliado à Rússia ou uma aliança entre
a Rússia e a Grã-Bretanha contrária a algum poder do Rimland. Logo, quem controla o
Rimland domina a Eurásia, quem domina a Eurásia controla os destinos do mundo.
A Guerra Fria se deu, então, pela URSS apoiada por países do Rimland contra
os EUA, apoiados por outros países do Rimland. Via-se então, na Guerra Fria, a necessidade
dos EUA de fortalecer os Rimland que ainda não haviam caído para a URSS (Índia,
Paquistão, Japão e Filipinas).

A Retomada da Geopolítica
Após seu ostracismo, no pós 2° Guerra Mundial (1939-1945), por ser identificada
como uma disciplina dos vencidos, a Geopolítica foi retomada por Yves Lacoste e seu grupo,
em 1976, com a revista Hérodote. Tal movimento, diferentemente do visto no início do século
XX, foi identificado como uma geopolítica crítica, denunciando o papel estatal e, sobretudo,
bélico da geopolítica nos conflitos bélicos globais vistos na primeira metade dos novecentos.

Luttwak e Thurow: a geoeconomia e a ideia de competição/cooperação


Luttwak foi o primeiro pensador a afirmar que, após a queda da URSS, os conflitos
bélicos seriam, paulatinamente, substituídos por conflitos econômicos - os quais não
ignorariam, por completo, a área militar, todavia a primazia dada a essa no passado seria
entregue agora à economia. De acordo com o pensador, a disputa econômica não é mais
conforme as observadas no passado: com a crescente globalização, não há sentido em
promover uma crise ou recessão em outro Estado, visto que o fenômeno do spill over pode
levar respingos de uma crise em um Estado rival ao seu próprio - assim trata-se de buscar a
ampliação da produtividade, do nível tecnológico e educacional e do padrão de consumo
da população. Thurow, por sua vez, se auto-intitula como um novo Colombo, mostrando ao
seu país, os EUA, as placas tectônicas que têm constituindo os grandes problemas atuais, de
forma que este possa, em seu jogo cooperativo e competitivo, manter sua hegemonia: o fim do
comunismo; uma era de indústrias de poder cerebral feito pelo homem; os fenômenos
demográficos; a globalização econômica e a multipolaridade global.
Para além destes, J. Taylor, bebendo da teoria do sistema-mundo de Immanuel
Wallerstein, buscou argumentar a necessidade da coerência na abordagem do local, do
nacional e do mundial - de modo que os três estão conectados e os fatores econômicos
internos determinam a posição política externa exercida por um Estado.
Também relevante na discussão da globalização econômica é Kenichi Ohmae, que
defendeu a tese de que os mercados nacionais e seus respectivos componentes (fronteiras,
barreiras alfandegárias, moedas nacionais) tornarão-se, paulatinamente, menos importantes
para o comércio internacional - sendo substituídos pelos “Estados-regiões”, ou seja,
economias regionais. Para ele, a economia global estaria alicerçada em quatro “is” -
investimentos, indústrias, informações e indivíduos - os quais, atualmente, seriam
internacionais e não mais dependeriam dos governos nacionais. Logo, o aparelho estatal
nacional seria, sobretudo, uma burocracia que obstaculiza o crescimento econômico regional.
Semelhante ao autor japonês, John Naisbitt argumenta que, paradoxalmente, a globalização
favorece os pequenos atores (as pequenas e médias empresas, os Estados menores e os
indivíduos) ao invés dos grandes. Para Naisbitt, os pequenos atores não precisam mais
competir contra as economias de escala de grandes empresas e Estados, pois o comércio
internacional não seria mais piramidal, mas sim em forma de redes. Tal fato é reforçado pelos
dados do fim do século XX, em que as pequenas e médias empresas são as maiores
responsáveis pelas exportações dos Estados Unidos - buscando a coligação em joint-ventures,
que permitam a manutenção de sua autonomia. Assim, Naisbitt não prevê apenas a ascensão
das pequenas e médias empresas, mas também a paulatina desintegração dos Estados em
países ainda menores, mais democráticos e eficazes na gestão econômica.
Por outro lado, existem estudiosos que definem a maior problemática global como a
disparidade entre o Norte e o Sul. Dentre estes, destaca-se Paul Kennedy que, ao descrever
uma possível futura “nova revolução industrial”, previa o aumento da produtividade associado
ao aumento do desemprego; a biotecnologia e seus problemas; a nova explosão demográfica;
a globalização; o enfraquecimento do Estado Nacional e os perigos para o meio ambiente
global. Para Kennedy, a explosão demográfica em países pobres causaria uma crise
imigratória para países desenvolvidos, onde haveria o recrudescimento do racismo e da
xenofobia. Além dos problemas culturais, o aumento populacional impediria também o
avanço das biotecnologias nos países emergentes, pois o lobby dos empregos prevaleceria.
Todavia, tal situação não seria duradoura, pois rapidamente a produção global de alimentos
seria aumentada, concomitantemente com a redução das terras utilizadas - tornando inúteis as
economias de inúmeros países agroexportadores. Por fim, a cultura de massa espalhada pelas
telecomunicações tornaria as regiões menos idiossincráticas, bem como atacaria os
tradicionais valores de solidariedade.

Os choques culturais marcarão o século XXI?


A tese de Samuel P. Huntington consiste na substituição dos conflitos ideológicos e
econômicos por conflitos culturais de diferentes civilizações. Para Huntington, a civilização é
a identidade cultural mais ampla de um povo, sendo sete delas ainda presentes na
hodiernidade.
Para o autor, após a Paz de Westfália (1648), a humanidade teria vivido num padrão
ocidental de história, que após o fim da Guerra Fria (1945-1991) e o declínio do Ocidente,
estava se esvaindo. Assim, com a história retornado ao seu rumo “normal”, haveria linhas de
cisão entre as civilizações, onde os choques ocorreriam com maior intensidade. Assim, as
conclusões do autor acerca do Ocidente, paulatinamente fragilizado, são: a necessidade de
união entre os Estados Unidos e a Europa - inclusive comercialmente; e a necessidade de se
afastar de conflitos que ocorrem em outras civilizações, visto que a democracia não é a forma
de governo escolhida nestas regiões.
A principal crítica enfrentada por tal teoria é a abstenção em violações de direitos
humanos em civilizações não ocidentais - permitindo que os países centrais de cada
civilização possam agir conforme desejarem em suas zonas de influência. Ademais, também
há a crítica do exclusivismo do secularismo e da modernidade apenas no ocidente - visto que
tais valores têm florescido também em outras regiões culturais.

A democracia liberal tende a dominar todo o mundo?


Francis Fukuyama publicou, em 1989, um artigo identificando o fim da Guerra Fria
(1945-1991) como o destino teleológico, discutido por Hegel e Marx. Para o autor, a
democracia liberal teria se tornado a alterna política exclusiva após o fracasso do marxismo-
leninismo.
Fukuyama entende que Hegel estava correto, em 1806, quando declarou que os ideais
das revoluções francesa e americana constituíam o fim da história - o qual, mesmo desafiado
pelas visões materialistas de Marx e Engels, mostrou-se efetivo com a queda da URSS. Para o
autor, existiam apenas dois importantes desafios à democracia liberal: o fundamentalismo
religioso - que apesar de relevante, estava restrito ao circulo islâmico - e o nacionalismo, mais
presente em países emergentes.
Para Fukuyama, o avanço da democracia liberal, pautado na teoria da paz democrática,
assegura o fim de conflitos e ações imperialistas no cenário internacional. Para o autor, o
homem moderno então deveria lidar com a reconstrução dessa ordem democrática, malfadada
com o declínio das relações familiares, o aumento da desconfiança, a cultura individualista, o
crescimento da criminalidade, entre outros.
Logo, o fundo da tese de Fukuyama não é a resolução social e moral, mas a
universalização da ordem política e econômica - com a democracia e os direitos humanos
sendo alçados ao patamar de valores universais a serem buscados por todos os povos.

A Geopolítica na virada do Milênio: logística e desenvolvimento sustentável.


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