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Do meio natural ao meio técnico-científico-informacional

● Problemas da periodização:
○ Apesar da dificuldade de se estabelecer um fator para orientar a periodização,
Milton Santos opta pelo território, de modo a apresentar a sucessão de meios
geográficos no Brasil.
○ Três momentos:
■ Meio Natural: tempos lentos da natureza comandando as ações
humanas de diversos grupos indígenas e pela instalação dos europeus.
■ Meio técnico: diversos meios técnicos, que gradualmente buscam
atenuar o império da natureza. Brasil como um arquipélago de
mecanização incompleta. Integração do país, no pós-guerra, e uma
nova industrialização.
■ Meio técnico-científico-informacional: difusão do meio técnico, pelo
que, no Brasil, foi chamado de revolução das telecomunicações.
Agravamento das diferenças regionais.

● A sucessão dos meios geográficos no Brasil.


○ Os meios “naturais”:
■ Também chamado de pré-técnico, todavia com a problemática de que
toda ação supõe uma técnica, assim um meio geográfico não poderia
ser chamado de não técnico.
■ Precariedade das técnicas disponíveis constituía o corpo humano como
o principal agente de transformação na produção e no enfrentamento de
distâncias - de modo que a natureza impõe o meio que o homem se
adapta.
● Apesar de existir desmatamento, a região utilizada da floresta se
recuperava antes de ser usada novamente.
■ Os instrumentos e as técnicas eram de, certa maneira semelhantes -
sendo uma universalidade das técnicas, nascidas espontaneamente e
não devido a contatos.

○ Os sucessivos meios técnicos:


■ O Brasil arquipélago: a mecanização incompleta:
● Formação de zonas econômicas separadas entre si.
● Primeiro momento - serviços do governo (fiscalização de
atividades rentáveis)
● Posteriormente - organização dos engenhos, bem como de
povoados no interior devido à mineração e à criação de gado
nas fazendas.
● Desenvolvimento paulatino de maiores rotas de navegação entre
as zonas produtivas (ferrovias, estradas de rodagem e usinas de
eletricidade). Todavia, via-se certas regiões que, apesar de seu
crescimento, ainda vinham-se sob domínio do meio natural,
como a Amazônia.
● Não havia uma rede urbana verdadeiramente nacional, visto que
a vida urbana praticamente não existia fora das zonas litorâneas
e sublitorâneas. Ademais, sendo essas cidades detentoras de
economias de produção voltada para o estrangeiro.
● Posteriormente, com a modesta industrialização no início do
século XX, via-se que tal fenômeno demonstrava a
preponderância de certas regiões (especialmente em caráteres
demográfico, econômico e político).
● Preponderância de São Paulo ao expandir, de forma máxima, a
produção de café, permitindo o crescimento dos salários, bem
como o investimento na industrialização.

■ O meio técnico da circulação mecanizada e dos inícios da


industrialização:
● Período de transição entre o período anterior, herança da época
colonial pré-mecânica, e a verdadeira integração nacional.
● Começo de integração nacional, início da hegemonia de São
Paulo, crescimento industrial do país e a formação de um
esboço de mercado territorial localizado no Centro-Sul.
Aumento da população do país, mas manutenção das velhas
estruturas sociais.
● Mineração + monoculturas de exportação - portos litorâneos +
estradas e ferrovias.
● Industrialização crescente - Aumento vertiginoso das usinas
elétricas - processo de interligação e padronização das linhas de
transmissão e distribuição - centralização estatal das empresas
elétricas.
● O avanço na saúde pública e na educação (mesmo que neste
último seja modesto) eleva a população vertiginosamente - ~
1940 a 1960.
○ Redistribuição da Amazônia e do Nordeste para a
Concentrada.
○ Êxodo Rural.
● Protagonismo de São Paulo - necessidade de concretizar a
integração nacional - extinção das barreiras à circulação de
mercadorias entre os estados da união (1932) - falta de uma rede
nacional de transportes.
○ Drenagem dos recursos e investimentos para SP e RJ -
criação da Sudene no fim dos anos 50.
● Surgimento de cidades no interior para absorver o crescimento
populacional e pela elevação dos níveis de vida e da demanda
de serviços em número e frequência maiores que anteriormente.
● SP se diversifica na pauta da indústria, enquanto RJ estaciona.
● Entrada maior de capital internacional - Golpe de 1964.

○ Meio técnico-científico-informacional:
■ O período técnico-científico:
● 2° GM - exposição das dificuldades da ausência de uma rede
nacional de transportes no Brasil - ideologia do consumo, do
crescimento econômico e do planejamento como fios
condutores.
● Fortalecimento de SP, com a manutenção das migrações
(especialmente BA, PE e MG).
● Ampliação das redes de transporte e modernização das
comunicações. Instalação de uma rede de aeroportos.
● Expansão da fronteira agrícola - trabalhadores “volantes”.
● Ampliação do setor terciário, devido ao aumento de fluxos
comerciais.
● Sobrevalorização das grandes empresas (produtoras de bens de
capital que não tem mercado) sob as massas pobres e
descontentes.

A constituição do meio técnico-científico-informacional e a renovação da materialidade


no território.

● Construções, irrigação e barragens:


○ Proeminência do Sudeste na área da agricultura.

● Aeroportos e portos:
○ Intensificação das construções nas décadas de 1970 e, especialmente, na de
1980.
○ Predomínio no Sudeste e Sul, por conta do avanço agrícola e comercial.
○ Poder público comandando a modernização dos portos (1960 - Ministério dos
Transportes - Companhia Siderúrgica Paulista - Cosipa).. Criação de Novos
portos.
■ Exportação de cítricos e cana-de-açúcar de SP.
○ Rede de portos comandados pela Petrobras para escoar a produção petrolífera.
○ Portos da Região Norte - ocupações precisas e monofuncionais (até 2 tipos de
construções de estocagem). Os plurifuncionais possuem 3 ou mais construções
de estocagem (Belém, Nordeste e Sudeste).
○ Custo econômico grande (incentivos fiscais e afins), mas benefício
monopolizado por poucas empresas.

● Ferrovias, rodovias e hidrovias:


○ Nordeste - sistema paralelo à costa marítima.
○ Sudeste - sistema concêntrico, confluindo aos portos de SP e RJ.
○ Devem garantir a circulação fluida dos produtos, em escala comercial.
○ Norte - surgimento de sistemas com hidrovias. Hidrovias menores vistas no
Sul e Sudeste (Rio Tietê).
○ Rodovias de melhor qualidade - SP e Sudeste. Pior qualidade e menor tamanho
- Norte.

● Energia elétrica:
○ Transmissão e organização centralizada em torno da Eletrobrás, com dois
subsistemas: Norte/Nordeste (maior parte de termoelétricas) e
Sul/Sudeste/Centro-Oeste (maior parte de hidrelétricas).

● Refinarias e dutos:
○ Refinamento aconteceu a exploração (Época de Vargas).
○ 1950 - oleodutos; 1970 - gasodutos. Existem minerodutos em MG e GO.

● Bases materiais das telecomunicações:


○ Revolução das telecomunicações - 1970.
■ Protagonismo inicial do telex até a década de 1990.
■ Alcance nacional das redes de televisão comercial - com o Sistema
Brasileiro de Televisão (SBT).
■ Criação da Embratel (1965) e Telebrás (1972).

● Semoventes e insumos ao solo:


○ Protagonismo do Centro-Oeste.

Capítulo XII - As diferenciações no território

Zonas de densidade e de rarefação.


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