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Urbanização e Metropolização

Prof. Me. José Ilânio Chaves


Uma breve Introdução
• No início do século XX pela primeira vez a
população urbana mundial é maior que a rural.
• Nos países desenvolvidos, o processo de
transição demográfica já está praticamente
finalizado.
• Nos países em desenvolvimento, como é o caso
do Brasil, as taxas de urbanização já são altas,
muitas delas impulsionadas pela
industrialização ocorrida na segunda metade
do século XX.
• Em países menos desenvolvidos,
principalmente nos da Ásia e África, o processo
de saída da população do campo para as
cidades é mais recente e apresenta um
crescimento acelerado.
Para Refletir

• Ao mesmo tempo em que algumas cidades dos países mais ricos se


consolidam como importantes centros que controlam os fluxos globais,
proliferam nos países pobres, grandes cidades que abrigam milhões de
pessoas e que são polos econômicos, a partir dos quais o espaço desses
países se estrutura.
A Urbanização Moderna

• O processo de urbanização pelo qual o mundo passa hoje teve início na


Revolução Industrial Inglesa, em meados do século XVIII.
• A Inglaterra foi o berço da Revolução Industrial, e suas cidades, as
primeiras a abrigarem atividades industriais.
• As indústrias faziam uso da máquina a vapor e tinham o carvão mineral
como fonte de energia.
• Essas unidades fabris foram instaladas próximas às grandes jazidas
carboníferas inglesas.
• A Revolução Industrial iniciada há cerca de 300 anos, estendeu-se pelo
mundo e foi o divisor de águas entre o mundo rural e o mundo urbano.

• Até então, o campo determinava o modo de produzir, o modo de vida e


as relações entre os homens, a cultura, a política e a sociedade.

• A urbanização é um processo não somente relacionado ao número de


habitantes de uma cidade, mas sim, uma mudança referente às
técnicas de produção e às relações sociais
Os Feudos, as Rotas Comerciais e o Desenvolvimento das Cidades

• Antes da Revolução Industrial no século XVIII, a Europa viveu um período


conhecido como Idade Média, do século V ao XV, no qual ocorreu a
ruralização desse continente.
• Continente europeu organizado a partir do feudo.
• Feudo: unidade de produção agrícola autossuficiente.
• O campo garantia a subsistência dos proprietários de terras, de seus
exércitos e daqueles que nele trabalhavam.
• A nobreza feudal tinha no campo sua fonte de poder econômico e político.
• No período medieval, as cidades existentes funcionaram como centros
de poder político local dos senhores feudal.
• O rural predominava sobre o urbano
• Algumas cidades se mantiveram ativas como centros financeiros e
comerciais de destaque (Florença, Gênova e Veneza na Itália).
• O desenvolvimento do capitalismo comercial surge na Europa no início
da idade moderna.
• As cidades começam a se desenvolver.
A Revolução Industrial e a Nova Função das Cidades

• A Revolução Industrial redirecionou as funções do campo e da cidade.


• A crescente população urbana pressionou o campo para o aumento da
produção de alimentos e de matérias-primas que seriam utilizadas nas
nascentes unidades fabris (lã e o algodão).
• O campo começou a ser regulado pelas necessidades das zonas urbanas,
por suas atividades industriais e comerciais.
• Zona rural passou a ser produtora de matéria-prima, e as cidades
desenvolvia atividades secundárias e terciárias.
• Implantou-se uma nova forma de organização da produção (alguns
fabricavam produtos que eram consumidos por terceiros).

• Desenvolvia-se a ideia de mercado – produção voltada para um


mercado consumidor específico e a divisão social do trabalho.

• As cidades passam a acumular a riqueza, e o capital passou a ser


reinvestido nos próprios negócios para gerar mais lucros.

• A burguesia industrial detinha a riqueza e controlavam os recursos


advindos da zona urbana.
A Expansão Urbana Mundial
• Em 1950, logo após a Segunda Guerra Mundial,
apenas 29,1% da população do mundo vivia nas
cidades. Foi nessa época que a expansão urbana
irradiou-se por diversos países, atrelada à
industrialização.
• Segundo dados da ONU, a população urbana
passou de 50% da população mundial. Em 2050,
a população urbana mundial deve alcançar 70%.
• Nos países ricos, a urbanização passou a se
desenvolver, principalmente, no século XIX, o que
fez com que as cidades crescessem de maneira
mais planejadas, podendo oferecer serviços de
infraestrutura pública para seus habitantes.
• Nas últimas décadas, a estrutura das grandes metrópoles dessas
nações passou por grandes transformações. Muitas empresas fabris de
grande porte, ligadas aos setores de siderurgia, metalurgia, química,
entre outros deixaram o centro dessas aglomerações urbanas e
instalaram-se em locais mais distante.
• As áreas centrais foram ocupadas pelo setor de serviços e são
conhecidas como Central Business District – CBD, ou Down-Toun, nos
Estados Unidos. (Ex: Escritórios, Shoppings, Igrejas, Bares, Cinema,
etc.).
• Nessas áreas centrais, os terrenos são muito valorizados, edifícios são
muito altos.
• As cidades de países industrializados e ricos possuem taxas de
urbanização muito altas e essa é a tendência dos países pobres.
A Urbanização nos Países em Desenvolvimento e menos Desenvolvidos

• Na América Latina e na Ásia foram poucos os países que tiveram o crescimento


da urbanização ligado à industrialização. A exceção fica o Brasil e a Coreia do Sul
que desenvolveram fortes parques industriais.

• Hoje, a taxa de urbanização de grande parte da América Latina é comparada à


dos países ricos, em que se destaca Argentina, Uruguai e Venezuela todos com
mais de 90% de urbanização, segundo a ONU.

• África e grande parte da Ásia essa taxa de urbanização fica em torno de 40%.
Vamos Refletir

• O que atraía (e atrai) as pessoas para que


saíssem do campo e se dirigissem às
cidades?

• Urbano X Rural = Rural X Urbano


• No mundo globalizado, o modelo urbano de vida se sobrepõe ao rural.
✓A cidade oferece possibilidades diversas.
• O desenvolvimento tecnológico oportuniza as zonas rurais:
✓ Mecanização agrícola.
• Nos países pobres, de baixa industrialização e com poucas
disponibilidades de serviços, ocorre um intenso êxodo rural.
• O êxodo rural se dá basicamente pelas precárias condições de vida
encontradas nas áreas rurais.
✓A terra não é distribuída de forma equitativa;
✓O grau de modernização agropecuária tende a ser baixíssimo.
• Nos países com pequena infraestrutura industrial, também ocorreu
aumento das taxas de urbanização nas últimas décadas.
• As cidades crescem sem planejamento, sem os serviços mínimos
essenciais.
• O crescimento urbano nos países pobres acaba acentuando as
desigualdades sociais.
• A velocidade das transformações associada à falta de planejamento
altera as paisagens urbanas, tornando-as degradadas e difíceis de
serem administradas, carentes de investimentos em políticas
públicas.
• O crescimento acelerado não é acompanhado pelo aumento dos
serviços de saúde, escolas, transportes e infraestrutura urbana, além
de aliar a falta de empregos ao alto custo de vida, o que obriga uma
grande parte da população a se instalar em estruturas precárias de
moradias.

• Favelas e Subúrbios X Ilhas de alto padrão dentro da área metropolitana


• Mais da metade da população mundial ( de 3 a 4 bilhões de pessoas
não tem acesso sustentável à água potável, nem a saneamento básico:
40% da população mundial não tem acesso a banheiro, constatou a
ONU.
• Temos um sério problema conhecido como segregação espacial.
✓Definição de segregação espacial: é um processo caracterizado pela
diferença socioeconômica das populações que é expresso pela
questão habitacional.
• A população de grande poder aquisitivo está integrada ao mundo
globalizado, usufruindo de seus benefícios, enquanto a maior parte da
população é social e economicamente excluída.
• Nesses países, a carência de políticas de conscientização coletiva e a
fragilidade de leis ambientais fazem com que as ações que agridem o meio
ambiente sejam mais frequentes.
• Nas nações pobres, o crescimento desordenado das áreas da periferia tem
sido um dos maiores problemas causados pela urbanização desordenada.
• Na periferia as condições de vida são precárias, os terrenos muitas vezes
são ocupados de forma clandestina.
• A ONU admite que mais de 1 Bilhão de pessoas vivem em favelas.
• Muitas dessas favelas são quase “cidades”, e alguns países diante desse
quadro irreversível, estão implantando em determinadas regiões,
programas de reurbanização dessas áreas, dotando-as de serviços de
infraestrutura.
Rede Urbana e a Hierarquia das Cidades

• Nem todas as cidades tiveram o mesmo desenvolvimento, e algumas


cidades cresceram mais do que outras, tanto em população como também
na quantidade dos serviços.
• Geógrafos e urbanistas começaram a trabalhar com o conceito de rede
urbana, considerando a distribuição espacial das cidades e as trocas e
relações mantidas entre elas.
✓Rede urbana: Resultado do equilíbrio instável de massas e de fluxos “cujas
tendências à concentração e à dispersão, variando no tempo,
proporcionam as diferentes formas de organização e de domínio do espaço
pelas aglomerações”. (SANTOS, 1989, p. 165).
As redes urbanas são mais complexas em áreas
com economias mais desenvolvidas e dinâmicas,
por intensificar o fluxo de trocas e aumentar a
interligação entre elas.

Em países com economia fraca, normalmente a


rede urbana é tímida, pois suas cidades são
distribuídas de forma irregular no território,
havendo pequena interconexão entre elas.

Dentro das redes urbanas, as cidades, em função


dos serviços que oferecem acabaram exercendo
influências (econômicas, política, cultural) umas
sobre as outras, criando uma hierarquia urbana.
Níveis de Hierarquização Urbana
• Metrópole Mundial ou Cidade Global – Exerce influência no mundo todo ou em
parte dele. Ex.: Nova York; Londres.
• Metrópole Nacional – Exerce influência em todo o território nacional, sendo
muitas vezes identificada como a própria capital do país.
• Metrópole Regional – Exerce influência sobre diversas cidades de determinada
região, apresenta serviços mais especializados, atraem populações para além
dos limites territorial estadual.
• Capital Regional – Serve de polo para diversos centros regionais menores, seu
raio de ação não ultrapassa os limites estaduais ou provinciais.
• Centro Regional – Tem sobre sua influência cidades menores e vilas dentro de
um limite determinado pela influência de outros centros regionais.
• Atualmente, a hierarquização urbana está mais flexível. A revolução
tecnológica permitiu uma rapidez inacreditável nas comunicações:
serviços de telefonia, serviços on-line, trocas de informações, permitiu o
encurtamento das distâncias, promovendo a interligação entre as
cidades, independentemente de seu porte.
• Hoje em dia, muitas pessoas e empresas optam por se instalar em
cidades de pequeno porte, ou mesmo em áreas rurais.

Essas empresas afastadas dos grandes centros perde a


conexão com eles?
- Modernos meios de comunicação transportes.
• Essas áreas mais afastadas são contempladas com inúmeros serviços que
permitem o desenvolvimento normal das atividades.
• No entanto, essas facilidades estão disponíveis apenas para aqueles de renda
mais altas, que podem adquirir esses bens e têm à sua disposição os serviços
de comunicação
• O contato direto entre as cidades de diferentes portes dá uma nova dinâmica à
relação e a interação entre elas.
• A economia mundial está centrada e organizada em torno das grandes
metrópoles mundiais. As mais importantes são: Londres, Nova York, Hong
Kong, Cingapura, Paris, Berlim, Xangai, Moscou, Roma, Dubai, Vancouver e
Tóquio.
• Nelas encontramos as sedes de grandes e importantes empresas
transnacionais, principais bolsas de valores, importantes centros financeiros
etc.
As Cidades na Era da Globalização

• No fim dos anos 1960, assistimos a uma importante modificação no


caráter das cidades. As cidades passaram por um processo de
metropolização.
• Metropolização: uma cidade principal passa a centralizar e a concentrar
população e atividades, configurando-se como polo de funções essenciais
para os diversos segmentos econômicos, sociais, culturais e de serviços.
• Nesse processo de expansão das cidades que resultou na metropolização,
há também a conurbação.
• Conurbação: junção física das cidades, não sendo mais visualmente
possível distinguir os limites físicos entre elas.
• Isso não significa necessariamente que em áreas conurbadas não
existam zonas rurais.
• A metropolização foi acompanhada pelo aumento dos serviços e das
funções tipicamente urbanas.
• Nesses espaços há a valorização dos terrenos, das construções e
aluguéis, além de impostos mais altos.
• Os serviços passam a ser a característica mais importante dessas
cidades.
Megalópoles
• Expansão das áreas metropolitanas, ou seja, a
conurbação de metrópoles.
• Qual a diferença entre metrópole e
megalópole?
- Metrópole é a cidade de maior influência
sobre os espaço geográfico em diversas áreas –
regional, nacional, global – por meio de
estruturas econômicas, tecnológicas e de
transporte. (Ex.: Nova York e São Paulo –
Global; Brasília – Nacional).
- Megalópole: conjunto de duas ou mais regiões
metropolitanas interligadas e conurbadas por
intenso fluxo de pessoas, mercadorias e
serviços.
• A questão do crescimento das
metrópoles e do aparecimento das
megalópoles impõe uma realidade
bastante complexa para o século
XXI.

• Pensar soluções para equacionar a


expansão das redes de transportes,
distribuição de água, saneamento
básico e modernização dos portos.
Principais Megalópoles do Mundo

• Boswash – no nordeste americano;

• Chipitts – nos grandes lagos dos Estados Unidos;

• San-San – na Califórnia (Estados Unidos);

• Japonesa – de Tóquio a Nagasaki;

• Renana – desde Amsterdã, na Holanda, até Stuttgart, no sudoeste da


Alemanha.
As Cidades Globais e as Megacidades
• Tratam-se de cidades que são de grandes empresas e
que apresentam alta densidade de elementos técnicos
conectados a uma série de fluxos globalizados – cidades
globais.
• O conceito de cidade global foi utilizado pela primeira
vez em 1996 por Saskia Sassen, em seu livro “A Cidade
Global: Nova York, Londres e Tóquio”.
• Por sua importância econômico-financeiro e técnica, e
por serem grandes prestadores de serviços
especializados – e não pelo tamanho de sua população
– as cidades globais exercem influência nacional e
também supranacional.
• A Europa é o continente que mais possui cidades
globais.
• As cidades mais influentes do mundo foram classificadas em três
diferentes classes: alfa, beta e gama.
• A classe alfa são as cidades de maior influência no planeta. EX: Londres,
Nova York, Paris, Tóquio, Los Angeles, Chicago, Frankfurt, Milão, São
Paulo.
• A classe beta são as cidades intermediárias. EX: Roma, Santiago, Lima,
Houston.
• A classe gama são as cidades globais de menor expressão mundial. EX:
Guaiaquil, Osaka, Glasgow, Guadalajara.
• Essas cidades são os centros vitais da dinâmica capitalista atual, de
ondem partem as diretrizes da economia mundial.
• Nesses poucos centros com influência mundial traça-se o destino de bilhões
de pessoas, pois nelas concentra-se o fluxo internacional do capital e,
consequentemente, da economia planetária.
• A grande maioria das cidades globais está situada nos países ricos.
• Segundo levantamento feito pelo GaWC (Globalization and World Cities),
importante grupo de estudos sobre globalização e cidades globais, Londres e
Nova Iorque são as cidades mais integradas à rede de cidades globais.
• Ao longo da década de 2000 Pequim, Xangai, Dubai e Sydney se tornaram
mais conectadas aos fluxos globais, na qual já estavam Hong Kong, Paris,
Tóquio e Cingapura.
• Até o levantamento de 2000, São Paulo era a única representante de
mercados emergentes fora da bacia do pacífico a aparecer na categoria das
cidades que ligam grandes regiões econômicas à economia global.
• Além das cidades globais, temos as megacidades, que segundo a ONU
são as que tem mais de 10 milhões de habitantes.

• Muitas delas localizam-se em países pobres. Atualmente, existe quatro


megacidades na América Latina e Caribe (duas brasileiras): São Paulo,
Cidade do México, Buenos Aires e Rio de Janeiro.

• As projeções apontam que dentro de poucas décadas, entretanto,


deveremos ter mais megacidades nas nações pobres que nas ricas.

• Assim, as megacidades deixarão de ser as mais ricas do planeta e serão


aquelas que apresentarão maiores problemas sociais e econômicos.
As Cidades Tecnopolos
• A revolução tecnocientífica que marcou o século XX, em especial a segunda
metade, trouxe consequências também na organização espacial das cidades,
dando origem àquelas conhecidas como Tecnopolos.
• Hoje a tecnologia é vital, e o principal subsídio para as relações econômicas.
• Nas últimas décadas tem ocorrido um fenômeno importante: antigos centros
universitários de pesquisa avançada passaram a ter uma inter-relação ativa com
empresas de alta tecnologia, como as de informática, telecomunicações e
biotecnologia. Esses centros de excelência tornaram-se polos de atração para
industrias dessas áreas.
• Os Tecnopolos situam-se, normalmente próximos a grandes centros urbanos.
• Os Tecnopolos apoiam-se, com frequência, na infraestrutura urbana das
grandes cidades próximas. Embora esse tipo de aglomeração urbana seja
típico de países ricos (dados os altíssimos investimentos em pesquisas que a
tecnologia de ponta necessita), a Índia e a Coreia do Sul têm investido em
educação e em pesquisa para desenvolver seus Tecnopolos.
• Não podemos falar de Tecnopolos sem citar o mais antigo deles: o vale do
silício, na California, costa oeste norte-americana. Essa região tem como
centro as cidades de São Francisco, Palo Alto e Santa Clara. Desenvolveu-se
no pós guerra a indústria de microeletrônica, fundamental no auge da
guerra fria, para abastecer e dá suporte como transistores, ao arsenal militar
norte-americano.
• O governo norte-americano incentivou a implantação de industrias nessa
área, como também a pesquisa, e foi, simultaneamente o maior comprador
dos produtos por elas fabricados.
• Com o passar dos anos, a indústria da microinformática também se
estabeleceu na região, tornando o Vale do Silício a área de vanguarda
da indústria norte americana. Ainda hoje é a área mais importante na
produção da informática e microeletrônica do planeta.

• Também merece destaque Cambridge, na Inglaterra, Tsukuba e Kansai,


no Japão, Taedok, na Coreia do Sul, Paris Axesud (em torno de Paris),
na França, e Munique, no sul da Alemanha.
As Cidades Dormitórios
• São cidades que abrigam uma população que trabalha em grandes centros
urbanos e se deslocam diariamente para ir trabalhar nas grandes cidades,
voltando apenas para “dormir” em casa.
• Essas comunidades urbanas não apresentam grande rede de serviços, áreas
industriais ou centros comerciais importantes e estão ligadas a áreas
economicamente dinâmicas por rede ferroviária (principalmente) ou
rodovias.
• São exemplo desse tipo de cidade: Caravaggio, próximo a Milão, na Itália,
como também Arujá e Itaquaquecetuba, próximas a São Paulo.
A Vida nas Grandes Cidades

• Viver nas grandes cidades do planeta significa ter de enfrentar uma série de
problemas: tráfego intenso, a falta de áreas de lazer e de espaço para crescer
horizontalmente, graves efeitos da poluição, em especial a da atmosfera e do lixo
sólido.
• Há, entretanto, uma diferença brutal na maneira como tais problemas atingem as
populações das nações ricas e pobres.
• Esses problemas são muito mais graves e de difícil solução nos países pobres:
- Limitações de recursos;
- Crescimento acontece de forma acelerada e desigual.
• O crescimento acelerado das cidades nos países pobres é fruto de uma
equação onde a pressão demográfica é maior do que o crescimento
econômico e portanto, a demanda por empregos é maior do que a oferta de
colocações profissionais no mercado – As cidades incham – aumenta os
problemas sociais – exclusão de seus habitantes
• Os migrantes que chegam às cidades grandes dos países pobres são atraídos
por melhores condições de vida e maiores oportunidades de trabalho.
• O trabalhador fixa-se nos bairros periféricos onde a moradia é mais barata, os
serviços urbanos são precários ou inexistentes. As construções não obedecem
aos padrões urbanísticos.
• Se não se dirigirem à periferia, os migrantes vão se alojar em áreas públicas,
ou em litígio (área de conflito de interesse ou judicial), Outras vezes se
instalam em áreas centrais decadentes, em velhas construções chamados
cortiços.
• Numa economia instável, a busca por empregos bem remunerados nem
sempre é satisfatória e, assim, muitos são obrigados a se submeter ao
subemprego, à falta de registro em carteira ou, pior, ficam
desempregados.

• O déficit de estrutura e políticas públicas atinge a educação, a saúde e o


lazer para essas famílias, comprometendo a qualidade de vida.

• Esse quadro caótico vem produzindo alguns paradoxos de difícil solução:


as classes média e alta, sentindo-se ameaçadas pelos índices alarmantes
de violência vivem reclusas em verdadeiras “ilhas-fortalezas” – são os
condomínios de luxo.
O Meio Ambiente nas Grandes
Cidades
• Não faz muito tempo, pouco importava o
destino final daquilo que consumíamos.
Ninguém parava para pensar onde ia parar o
lixo produzido em cada moradia. Anda hoje,
toneladas de lixo entopem bueiros e boiam nos
rios das maiores cidades do mundo.

• Por que a questão ambiental tornou-se um dos


maiores desafios do século XXI?
Consumo, Desperdício e Meio Ambiente

• Vivemos em uma sociedade do consumo, onde impera o desperdício.

• Quantas vezes as pessoas compram coisas por impulso, sem perceber a sua
inutilidade?

• Quantas vezes adquirimos um produto novo, recém-lançado, descartando


precocemente aquele que ainda era útil e estava em perfeitas condições de
uso?
• A maior parte dos habitantes de grandes áreas urbanas, principalmente
nos países pobres, acreditam que o problema de poluição ambiental
seja culpa das indústrias ou do governo, que não impõe (ou não cobra
de forma eficiente) regras e normas, tais como filtros industriais e
tratamento de esgotos, para diminuir a poluição do ambiente no qual
vive.
• Um dado interessante é que a consciência ecológica tende a se
manifestar de forma coletiva, apoiando reinvindicações e ações
propostas por terceiros.
• EX: Apoiam a redução do dióxido de carbono na atmosfera, porém, a
ação individual que contribui para a diminuição dos níveis de poluição
não é praticada.
• Você joga lixo na rua?
• Você sabe se existe em sua cidade coleta seletiva de lixo?
• Quando você vai à praia, preocupa-se em não jogar lixo na areia?
• Você coloca o lixo em lixeiras apropriadas?
• Vocês abre mão do automóvel, mesmo para pequenos deslocamentos?
• Ao escovar os dentes você se preocupa em fechar a torneira, evitando
desperdício de água?

• Essas ações aparentemente inócuas, podem contribuir para ajudar e


preservar o meio ambiente?
A Questão do Lixo
• O lixo sólido pode ser produzido pelas residências, pelo comércio, pelos
hospitais, pelas indústrias, além da construção civil e tecnológica (pilhas e
computadores etc).

• Quanto mais desenvolvido o país, maior a quantidade de lixo gerado.

• A composição do lixo pode nos dar uma ideia da sociedade que o produz:
- Países da América do Sul constata-se desperdícios de alimentos, devido a
grande quantidade de matéria orgânica presente no lixo – desperdícios de
alimentos.
- Países Europeus a composição do lixo reflete os fatores culturais, onde se
privilegiam o uso intensivo de embalagens.
• A solução para esse
crescente problema é a
diminuição do uso de
materiais descartáveis e a
reciclagem de lixo.
• Muitos municípios do
Brasil já adotam parcerias
com cooperativas e
associações de coletores
de materiais reciclados.
Uma Questão de Saúde

• Os países pobres obviamente acumulam


menos quantidade de lixo, dado o poder
aquisitivo mais baixo da população.
• Embora o volume seja menor, esse
problema se agrava, pois uma grande
porcentagem dele não é recolhida, e a
maior parte do que é coletado vai parar
em lixões a céu aberto.
• Esses espaços são foco de uma série de
doenças, além de ser uma área
disseminadora de contaminação do lençol
freático em virtude da decomposição do
material orgânico que produz um líquido
escuro e ácido – o chorume.
As Águas Poluídas
• As indústrias, principalmente químicas e de
metais, produzem esgoto industrial, muitas das
vezes sem tratamento adequado que poluem
rios e represas aptas ao abastecimento
humano.
• Temos o esgoto residencial que, principalmente
nos países pobres, não recebe tratamento e
também é lançado nas represas e rios.
• De acordo com os dados mais recentes
divulgados pelo IBGE, a rede coletora de esgoto
abrange apenas 57,6% dos domicílios no país.
• A região Norte é a que possui menos
tratamento, abrangendo apenas 12,9% dos
domicílios, e a região Sudeste a que possui mais
redes de coletas, totalizando 85,4% dos
domicílios.
Enchentes

• Quando há enchentes em centros urbanos, normalmente elas são devastadoras,


a água invade todos os espaços.
• As enchentes são um fenômeno natural, porém elas vêm tomando grandes
proporções em áreas urbanizadas:
- Retirada da cobertura vegetal;
- Construções em locais inadequados;
- Solo recoberto por asfalto que diminui a infiltração da água;
- Resíduos sólidos descartados de forma inadequada;
- Atividades antrópicas que compromete os recursos naturais.
Mas as enchentes são
insolucionáveis?
• Atitudes que podem evitar enchentes ou
inundações:
- Permitir a infiltração da água da chuva e a
retenção destas nas folhas das árvores,
além de manter os córregos limpos e
abertos para facilitar a passagem da água;
- Tratar os esgotos domésticos;
- Não jogar lixo a céu aberto;
- Preservar áreas de mananciais, rios e
córregos;
- Evitar construção de moradias em áreas
inadequadas – encostas de morros.
Poluição do Ar

• Os problemas urbanos não se restringem ao


lixo proveniente do consumo da população.
• Os resíduos industriais (sólidos, líquidos e
gasosos), gerados pelas fábricas ao processar
matérias-primas, poluem o ambiente.
• A grande emissão de gases tóxicos, como o
monóxido de carbono (CO), dióxido de
enxofre (SO2), material particulado e dióxido
de carbono (CO2), substância já existente no
ar.
• A grande emissão desses gases e partículas
desequilibra a composição da atmosfera,
afetando a qualidade do ar e a vida dos
habitantes das cidades.
Inversão Térmica
• Na maioria das vezes, o fenômeno conhecido
como inversão térmica é apresentado na
mídia como sendo um problema ambiental.
Isto não é verdade: trata-se de um fenômeno
natural.
• O problema ambiental relacionado à inversão
térmica está na concentração crescente de
poluentes em suspensão na atmosfera.
• Inversão térmica é uma alteração da
circulação normal das camadas de ar
próximas a superfície (quente e fria).
• A inversão térmica é a condição climática que
ocorre quando uma camada de ar quente se
sobrepõe a uma camada de ar frio,
impedindo o movimento ascendente do ar
atmosférico.
• Em ambientes industrializados, ou grandes
centros urbanos, a inversão térmica leva à
retenção dos poluentes nas camadas mais
baixas, próximo ao solo, podendo ocasionar
problemas de saúde em casos de alta
concentração e período de duração excessivo.
• Essa condição só se altera quando ocorrem
perturbações atmosféricas (entradas de
massas de ar), ou mudança nas temperaturas
das camadas.
• Cidades erguidas em regiões rodeadas por
montanhas, como São Paulo e a Cidade do
México, que são altamente urbanizadas e
industrializadas com emissão de grandes
quantidades de poluentes, são áreas onde a
inversão térmica deixa de ser um simples
fenômeno natural e cria condições para
graves problemas.
Ilhas de Calor
• O clima das regiões urbanas sofreu várias mudanças com o crescimento das
cidades. As áreas mais urbanizadas apresentam normalmente uma temperatura
média elevada que as áreas vizinhas e um índice pluviométrico maior.
• O aumento da pluviosidade em áreas urbanas está relacionado à poluição
atmosférica local: o número de micropartículas no ar facilita a condensação da
água e a formação de nuvens.
• Já o aumento de temperatura nos centros urbanos ocorre devido à presença de
asfalto, concreto, poluição, falta de áreas verdes e construções de edifícios que
dificultam a microcirculação do ar local.
• Assim nos centros urbanos parecem ilhas térmicas com sensações climáticas
desagradáveis.
Cidades Brasileiras: a passagem do rural para o urbano

• As cidades brasileiras conheceram, nos últimos 80 anos, um acelerado


processo de expansão.
• O Brasil foi um país essencialmente agrícola até 1930, quando o café,
sustentáculo de nossa economia, e em fase de superprodução, foi
duramente atingido pela quebra da Bolsa de Nova York, em outubro de
1929, despencando seu valor internacional.
• A partir daí, novos vetores direcionaram os investimentos do capital
nacional, migrando da agricultura para a indústria.
• Os grandes polos urbanos industriais foram São Paulo e Rio de Janeiro que
concentraram o capital produtivo e financeiro do país.
• Em 1970, a nossa população urbana já era maior que a população rural.
• Em meados dessa década, a chegada das relações capitalistas no campo,
com a introdução das leis trabalhistas para os empregados rurais,
provocou uma evasão da população em direção às cidades.
• Esse processo intensificou-se com a mecanização e com o processo de
concentração terras, expulsando os pequenos produtores.
• As cidades cresceram aceleradamente, sem qualquer planejamento.
• As economias regionais não foram capazes de gerar tantos empregos.
• As cidades brasileiras ficaram inchadas, com problemas gigantescos.
• O sonho da cidade grande para a maioria dos migrantes rurais, não se
concretizou da maneira esperada.
• O resultado é que no início do século XXI mais de 5 milhões de
pessoas moram no Brasil em favelas, sendo a maioria em São Paulo e
no Rio de Janeiro.
• Houve a degradação do espaço urbano: poluição, miséria, o
desemprego, precarização dos transportes...
• O processo de urbanização brasileiro foi extremamente acelerado, se
compararmos com a Inglaterra, que demorou mais de 250 anos para
ter 97% de sua população vivendo nas cidades.
• Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo são as unidades da
federação com maiores taxas de urbanização – em torno de 96%.
As metrópoles Nacionais e Regionais

• Até a década de 1970, São Paulo e Rio de Janeiro eram as únicas grandes
metrópoles do país.
• Com o desenvolvimento da malha rodoviária que possibilitou a integração
regional, as capitais estaduais e algumas cidades do interior dos estados
mais desenvolvidos economicamente começaram a ser polos de atração da
população:
- Empregos;
- Serviços; Alteram os vetores do fluxo interurbano.
- Comércio
• Metrópoles regionais exercem influências na macrorregião onde se
encontram;
• Entre essas metrópoles destacam-se: Belém, Belo Horizonte, Curitiba,
Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife e Salvador.
• O desenvolvimento urbano levou ao aumento da marcha urbana, com a
integração de várias cidades no entorno de uma central, criando novas
áreas metropolitanas, entretanto com influência regional.
• Esse processo de conurbação e metropolização redirecionou o fluxo
migratório a partir dos anos 1980:
- Houve um decréscimo percentual da contingente populacional que se
dirige as metrópoles nacionais e um aumento do deslocamento
intrarregional.
As Regiões Metropolitanas

• Em meados da década de 1970, o Congresso Nacional aprovou uma lei que


instituiu as regiões metropolitanas brasileiras, definidas como “um conjunto
de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade
central, com serviços públicos e infraestrutura comum.
• Com o Censo de 2010, o IBGE reconhecia 36 regiões metropolitanas e três
RIDes (Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno) no Brasil, que
juntas somavam quase 90 milhões de habitantes, ou cerca de 47% da
população total do país.
A Rurbanização ou a Urbanização do Campo

• A urbanização do campo é um fenômeno que vem ganhando destaque no


Brasil.
• Entende-se por rurbanização o processo de pessoas que trabalham no
campo em atividades não agrícolas, como aquelas ligadas à indústria do
lazer e do turismo.
• Muitas indústrias tem feito a opção de sair das áreas metropolitanas muito
valorizadas e se instalar em áreas rurais, próximas aos grandes centros,
onde os custos industriais são muito mais baixos.
Problemas Urbanos Brasileiros

• O rápido crescimento das cidades sem planejamento provocou graves


problemas:
• A Violência urbana grande responsável pela mortalidade de jovens no país;
• O índice da criminalidade, embora seja um fenômeno nacional, foi muito
maior nas áreas metropolitanas.
• Nessas áreas encontramos os maiores índices de pobreza, desemprego,
rede escolar e hospitalar precárias, falta de serviços e infraestrutura urbana
e de segurança pública.
• As áreas periféricas das metrópoles abrigam cerca de 35% da população
brasileira, mas respondem pela maior parte das mortes por agressão e
homicídios.
• O aumento da violência urbana mostra a falência do Estado brasileiro
no setor;
• O crime organizado vai crescendo assustadoramente, impondo regras
sobre diferentes territórios;
• Nas áreas controladas pelas quadrilhas organizadas, muitas vezes os
líderes determinam a ajuda à população local, suprimindo a ausência do
poder público, o que é, no mínimo, uma inversão dos valores de
cidadania.
A Falta de Moradias
• Embora a maioria dos brasileiros, aproximadamente 74% da população,
more em residências próprias, sejam elas quitadas ou em aquisição, muito
deles têm uma moradia precária, sem os serviços básicos urbanos.
• Nas áreas urbanas há um déficit habitacional, fruto da rápida e
desordenada urbanização dos últimos 80 anos.
• O IBGE define as favelas como um conjunto de, no mínimo, 51 unidades
habitacionais que ocupam ou ocupavam, até o período recente, um terreno
de propriedade alheia (pública ou particular).
• As favelas estão localizadas em áreas periféricas e menos valorizadas e são
fonte de forte desigualdade social nas grandes cidades.
Transporte público e Congestionamento
• O Trânsito nas metrópoles são intenso, com forte congestionamentos e
reflete a precariedade dos transportes públicos.
• O excesso de veículos, a malha viária que não se expande e o transporte
público inadequado causam fortes problemas a rotina de quem vivem em
grandes cidades.
• O uso do transporte individual vem crescendo rapidamente nas últimas
décadas, superando os meios de transportes coletivos, fator que torna o
trânsito ainda mais caótico.
• O aumento das linhas de metrô são uma solução ideal para as grandes
cidades, assim como a implantação das vias de ciclovias.
As cidades no Século XXI

• Apesar das projeções pouco otimistas acerca do futuro das grandes cidades,
alguns indicadores apontam para mudanças que talvez possam trazer
outras formas de ocupação e reaproveitamento dos espaços urbanos.

• As inovações trazidas pela revolução nas telecomunicações e pela


modernização nos transportes, introduziram novas formas na instalação
física das empresas.
Referências

• MORAES, Paulo Roberto. Geografia Geral e do Brasil. 5. Ed. São Paulo:


HARBRA, 2017.

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