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Acontecimentos

1807/1811 Invasões napoleónicas.


1822 A independência do Brasil.
1832/1834 Guerra civil entre absolutistas e liberais.

Desorganização e empobrecimento do reino


Copia e responde às seguintes questões relacionadas com o vídeo:

- Como era a agricultura portuguesa em meados do séc. XIX?


R.: A agricultura portuguesa era bastante atrasada.

- A quem é que os governos liberais retiraram terras? A


quem é que as venderam?
R.: Os governos liberais retiraram terras à nobreza e ao clero e
venderam-nas aos burgueses ricos.

- Quais as vantagens da introdução de novas técnicas e


instrumentos de cultivo?
R.: Permitiu aumentar a produção recorrendo a um menor
número de trabalhadores.
- Quais os alimentos que contribuíram para a melhoria da
alimentação?
R.: Arroz, milho grosso, batata, vinho e fruta.
Os primeiros governos liberais acabaram com os inúmeros tributos
e obrigações a que os camponeses estavam sujeitos e dividiram a
terra por um maior número de proprietários.

Medidas tomadas pelos governos liberais para dividir a terra:

• venderam terras, que eram de alguns nobres e de ordens


religiosas que foram extintas, para que fossem melhor
aproveitadas;
• acabaram com o “direito de morgadio” – direito que o filho
mais velho tinha de herdar todos os terrenos dos pais;
• dividiram muitos “baldios” (terrenos incultos) em parcelas e
entregaram-nas a camponeses.

Com estas medidas, as áreas cultivadas aumentaram para


o dobro.
Mapa do solo cultivado em Portugal na
segunda metade do século XIX
A agricultura começou a modernizar-se com:
• a aplicação de novas técnicas de cultivo: a utilização de “sementes selecionadas”,
o uso de “adubos” e a “alternância de culturas”;
• a utilização de novas máquinas agrícolas.

Antigas e novas técnicas de cultivo (alternância de culturas) Ceifeira mecânica puxada a cavalos
Documento- O estado da indústria em 1820

É lastimoso o estado em que nos achamos a respeito


de máquinas. Fazemos tudo à força de braços e de
animais, enquanto nos outros países (…) quase
dispensam a mão do homem nos trabalhos mais
pesados. Enquanto não melhorarmos muito a esse
respeito, não resultarão os esforços para competir com
os estrangeiros. Convêm pois que Vossa Majestade (…)
introduza o uso destas máquinas.
José Acúrsio das Neves, Memórias Sobre os Meios de Melhorar a
Indústria Portuguesa, 1820, lisboa, Ed. Querco, 1893.
A modernização da indústria

• A grande “revolução” da
indústria deu-se com a utilização
de máquinas movidas a vapor.
Assim, passou-se a produzir mais
e melhor.

• Por isso, em muito menos tempo


e com o trabalho de menor
número de pessoas, conseguia-se
uma produção em grande
quantidade.

Máquina a vapor
No final do século XIX, destacavam-se
apenas duas zonas industriais:
• a zona do Porto/Braga/Guimarães, onde
predominava a indústria têxtil e de
confeções;
• a zona de Lisboa/Barreiro/Setúbal, onde
predominava a indústria química e
metalúrgica.

Mapa das principais zonas industriais


na 2.ª metade do Séc. XIX
O desenvolvimento das vias de comunicação e dos meios de transporte

Em Portugal, só na segunda metade do século


XIX é que se deram os grandes melhoramentos
e a modernização das vias de comunicação e
dos meios de transporte.

Fontes Pereira de Melo, ministro de D.


Maria II, D. Pedro V e D. Luís I, foi o maior
impulsionador dessa modernização.

Fontes Pereira de Melo


Gráfico da evolução da rede de estradas
Mala-posta
Documento- A primeira viagem de comboio

Finalmente, avistamos ao longe um fumozinho branco, na frente de


uma fita escura que lembrava uma serpente a avançar devagarinho. Era o
comboio? Quando se aproximou, vimos que trazia menos carruagens do
que supúnhamos. Vinha festivamente embandeirado o vagão em que
viajava D. Pedro V. O comboio parou um momento na estação, de onde se
ergueram girândolas estrondosas de foguetes[…].
[…] Só no dia seguinte ouvimos meu pai contar as várias peripécias
dessa jornada de inauguração. A máquina […] não tinha força para puxar
todas as carruagens que lhe atrelaram; fora-as largando pelo caminho.
Creio que se o carregado fosse mais longe e a manter-se uma tal
proporção, chegava lá a máquina sozinha ou parte dela. […]
Livro de Memórias da Marquesa de Rio maior (que à data era criança)
A pouco e pouco, as “linhas de caminho de ferro”
espalharam-se pelo país e, no final do século XIX,
já existiam 2070 Km de “via-férrea” em território
português.

Anos Mercadorias N.º passageiros

1880 673 483 2 124 604

1887 1 101 745 3 679 198

1890 2 316 058 5 953 855


Evolução do transporte de mercadorias e de transporte e passageiros em comboio

Mapa da evolução da rede ferroviária


Para servir quer a “rede viária” quer a “rede ferroviária”,
construíram-se túneis, viadutos e novas pontes.
Durante este período contruiu-se o porto artificial de Leixões e
aumentou-se o porto de Lisboa.

Ponte de D. Maria, Porto Construção do porto artificial de Leixões


Os meios de comunicação de ideias e informações

Apareceu o primeiro selo postal adesivo, reorganizaram-se os correios e surgem os primeiros


marcos postais. Foi neste período que se inaugurou a primeira rede pública de telefones e
entrou em funcionamento o telégrafo elétrico que permitiu uma ligação imediata com outros
países.
Também se verificou um aumento pela leitura dos jornais diários.

Selo Postal Marco do Correio Telégrafo Telefone


Medidas tomadas pelos liberais na educação e na justiça

Durante a segunda metade do século XIX, os vários governos


da monarquia liberal fizeram importantes reformas no ensino:

• aumentaram o número de escolas primárias;


• alargaram o “ensino liceal”, criando um liceu em
todas as cidades capitais de distrito;
• fundaram as primeiras escolas do “ensino técnico”
(escolas comerciais, industriais e agrícolas).

Passos Manuel ministro de D.


Maria II
Gráfico do número de escolas do Percentagem de analfabetos
ensino primário oficial
Medidas tomadas pelos liberais na educação e na justiça

Os governos da monarquia liberal puseram leis


para acabar com algumas situações consideradas
degradantes e desumanas:

• abolição da pena de morte ;


• extinção das “rodas dos enjeitados” e sua
substituição pelos hospícios;
• abolição da escravatura em todos os domínios
portugueses.

A abolição da escravatura
Na segunda
metade do século
XIX, o número de
pessoas aumentou
em Portugal.
O crescimento da população, a vida de miséria que os
camponeses viviam e a sua dependência dos donos
das terras, levaram a que muitos fugissem das suas
aldeias para irem trabalhar nas grandes cidades ou
emigrassem.

O destino dos emigrantes


Alguns emigrantes “brasileiros” conseguiram
regressar com verdadeiras fortunas. E a
primeira preocupação desses “brasileiros”
era comprar uma casa luxuosa.

CASA DO BRASILEIRO (FAFE).


Gráfico da evolução da emigração no século XIX
O bem estar material e a escolha do tipo de vida são
elementos que distinguem a burguesia do resto da
população. A habitação, o mobiliário, as roupas de
casa, o vestuário, os utensílios domésticos, os livros,
os instrumentos musicais, espelham os seus usos e
valores e refletem a diferença.
Maria Antonieta Cruz, Facetas do quotidiano burguês no Portugal de Oitocentos
A vida nos Campos

As pessoas que viviam no campo eram, na sua maioria,


gente do povo, tais como os rendeiros ou caseiros,
jornaleiros, criados, moços de lavoura e outros assalariados.
Todos trabalhavam terras que não eram suas:

• uns trabalhavam nas grandes propriedades de


burgueses, que tinham conseguido comprar
muitas terras ao Estado;
• outros trabalhavam nas propriedades de
alguns nobres, que continuavam a manter as
suas quintas e solares.

Cozinha de camponeses
A vida nos Campos

A agricultura e a criação de gado continuavam a ser as principais atividades da gente do


campo. Trabalhavam de sol a sol nas inúmeras tarefas que se sucediam ao longo das
estações do ano.

Trabalho agrícola Camponeses a fazer a poda das videiras


A vida nos Campos

Os divertimentos de que o povo gostava estavam muito ligados a certos trabalhos e


às festas da igreja: a ida à feira e às esfolhadas, assistir às corridas de touros, participar
nas procissões e romarias eram os mais apreciados.

Procissão, século XIX, de José de Brito A festa na aldeia


Documento- Uma esfolhada no Minho

A esfolhada fez-se na eira espaçosa e desafogada de José das Dornas e


por formosíssima noite de luar. […]
Um enorme monte de espigas ocupava o meio da eira .
Sentados em círculo, à volta daquela alta pirâmide, trabalhavam
azafamados parentes, criados, vizinhos, amigos e conhecidos que sempre
afluem aos serões desta natureza, ainda quando não convidados.
[…] Às vezes saltava do meio do círculo uma criança com grandes
bigodes, feitos de barba de milho.
As raparigas e rapazes atiravam uns aos outros o gorgulho* que por
acaso encontravam nas espigas.

Júlio Dinis, As Pupilas do Senhor Reitor [romance publicado em 1867].


A vida nas grandes cidades

Na segunda metade do século XIX deu-se um grande desenvolvimento nas


cidades portuguesas.

As principais cidades do país – Lisboa e Porto-


foram as que mais cresceram e se
modernizaram, com novas construções:

• abriram-se avenidas,
pavimentaram-se ruas, fizeram-se
passeios e arranjaram-se jardins;

• Construíram-se novos edifícios públicos-


mercados, tribunais, teatros, escolas,
hotéis, estações de comboio, pavilhões
de exposições;
Avenida da Liberdade, Lisboa, nos finais do século XIX
Desenvolveu-se um conjunto de serviços públicos de apoio à vida quotidiana na cidade, tais como os transportes
públicos coletivos

O chora, em Lisboa
Desenvolveu-se um conjunto de serviços públicos de apoio à vida quotidiana na cidade, tais como os transportes
públicos coletivos, a recolha de lixo

O chora, em Lisboa

Carro de recolha de lixo


Desenvolveu-se um conjunto de serviços públicos de apoio à vida quotidiana na cidade, tais como os transportes
públicos coletivos, a recolha de lixo, a instalação de redes de esgotos e de iluminação pública

O chora, em Lisboa Carro de recolha de lixo

A iluminação pública em Lisboa


Desenvolveu-se um conjunto de serviços públicos de apoio à vida quotidiana na cidade, tais como os transportes
públicos coletivos, a recolha de lixo, a instalação de redes de esgotos e de iluminação pública, o corpo de
bombeiros

O chora, em Lisboa Carro de recolha de lixo A iluminação pública em


Lisboa

Bombeiros da Real Fábrica de Fiação, Tomar, 1900


A vida nas
grandes cidades
•Havia grandes diferenças
na forma de vida da
população da cidade. Os
burgueses e os nobres
viviam em luxuosas
moradias, faziam uma
alimentação abundante e
variada e tinham uma
vida social intensa.
Palacete Pinto Leite, Porto, século XIX
A vida nas grandes cidades

• Os burgueses e os nobres eram os principais frequentadores dos


jardins – o Passeio Público, em Lisboa ou o jardim de S. Lázaro, no
Porto -, do teatro, da ópera, dos jogos de salão, dos bailes dos
clubes, dos cafés.

O Passeio Público, em Lisboa A ida ao Teatro de S. Carlos


A vida nas grandes cidades

• As classes populares
desempenhavam as inúmeras
profissões e serviços necessários à
vida na cidade.

• Muitos eram vendedores


ambulantes que iam de rua em rua
a apregoar os seus produtos.

Vendedores ambulantes e varredor de rua


As classes populares viviam em bairros miseráveis. Tinham uma alimentação pobre e usavam
um vestuário simples adaptado à sua profissão. Os seus locais de convívios eram as romarias, as
feiras, as festas religiosas, a rua e a taberna do bairro em que viviam.

Bairro de Lisboa no século XIX Os miúdos na rua Na taberna


Copia e responde às seguintes questões relacionadas com o vídeo:

- Qual o novo grupo social que surgiu no século XIX?


R.: O grupo social que surgiu no século XIX foi o proletariado.

- Quem fazia parte deste grupo social?


R.: Este grupo social era constituído pelos operários que
trabalhavam nas fábricas.
- Como era o local de trabalho?
R.: O local de trabalho era sujo e barulhento.

- O que fizeram para reivindicar os seus direitos?


R.: Começaram a organizar as primeiras associações, sindicatos,
partidos e greves.

- Em que ano ocorreu o primeiro surto de greves?


R.: O primeiro surto de greves ocorreu em 1872.
A vida nas grandes cidades

Foi também nos finais do século XIX que os operários que trabalhavam nas fábricas de Lisboa e do
Porto começaram a organizar as primeiras associações de operários e as primeiras greves.

Pretendiam melhorar as suas condições de trabalho e lutar


por melhores salários.

Greve das operárias têxteis em Lisboa


Documento- A miséria

De inverno, ao romper da manhã, já os pequenitos


esperavam, às escuras, debaixo de chuva, ou enregelados
pelo frio, que se lhes abrisse o portão da fábrica […]. E de
6 e 7 anos de idade!
[…] À hora das refeições nunca vi nenhum deles tomar
um caldo. Pão e uma sardinha frita: era o inevitável
menu. Quando as manhãs eram mais frias, eu ouvi-as da
minha cama chorar na rua, debaixo da minha janela, à
espera que se abrisse o portão.
Silva Pinto, Noites de vigília (século XIX)

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