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Capítulo 8 - Crescimento Econômico I: Acumulação de Capital e Crescimento

Populacional.

A Acumulação de Capital
Modelo de crescimento de Solow - relação interna entre o crescimento do estoque do
capital, o crescimento da força de trabalho e os avanços tecnológicos, bem como entre estes e
a produção total de bens e serviços de uma nação.

A oferta de bens e a função de produção


Para Solow, a oferta de bens baseia-se na função de produção, que depende do estoque
de capital e da força de trabalho.
Y = F(K,L).
Solow, então, parte do pressuposto de que a função de produção apresenta retornos
constantes de escala, sendo um pressuposto realista e que ajuda a simplificar a análise, de
modo que:
zY = F(zK,zL).
Assim, se o capital e mão de obra forem multiplicados por z, a produção também o
será. Logo, se tomarmos 1/L como z, perceberemos que o montante de produção por
trabalhador é a função do capital por trabalhador - de modo que não importando o tamanho da
economia, podemos representar todos os valores em termos de cada trabalhador individual,
escrevendo a função de produção sob a forma:
Y = F.(K).
Logo, a inclinação dessa função de produção mostra a quantidade de produção
adicional (marginal) gerada por um trabalhador quando considerada uma unidade adicional de
capital, sendo chamada de produtividade marginal do capital (PMgK). Assim:
PMgK = f.(k+1) - f.(k)
Conclui-se que quando K é baixo, qualquer aumento leva à uma alta produção
marginal - todavia quando K já é alto, vê-se somente um pequeno aumento da produtividade
por trabalhador.

A demanda por bens e a função de consumo


De acordo com Solow, a demanda por bens deriva do consumo e do investimento, de
modo que a produção por trabalhador (y), é dividida entre consumo por trabalhador (c) e
investimento por trabalhador (i). Assim:
y=c+i
Como todo ano, as pessoas poupam uma fração s de suas respectivas rendas, podemos
expressar a função consumo como:
c = (1-s).y
Sendo a taxa de poupança (s) um valor entre zero e um, podemos ver que:
y = (1-s).y + i
y = y - sy + i
y - y = -sy + i
sy = i
i = sy
Assim, concluímos que o investimento é igual a poupança.

Crescimento do Estoque de Capital e o Estado Estacionário


O estoque de capital é um determinante fundamental da produção da economia,
podendo mudar ao longo do tempo de acordo com dois fatores: o investimento e a
depreciação. Logo, temos que:
i = sf (k).
Essa equação relaciona o estoque de capital existente k à acumulação de novo capital
i. Todavia, precisamos incorporar a depreciação ao modelo, partindo do pressuposto de que
uma fração δ do estoque k de desgasta a cada ano. Sendo δ a taxa de depreciação. Por
exemplo, se o capital dura uma média de 25 anos, a taxa de depreciação corresponde a 4% ao
ano (δ = 0,04). Logo, a variação no estoque do capital é o investimento menos a
depreciação
Δk = i - δk
Δk = sf(k) - δk
Quando o investimento e a depreciação são iguais, há um estado estacionário, pois o
estoque de capital não varia. Vale ressaltar que o estado estacionário representa o equilíbrio
da economia no longo prazo, para o qual todas as economias se direcionam.
O caso da Alemanha e do Japão no pós-guerra demonstram o crescimento do modelo
de Solow, uma vez que a depreciação do estoque de capital foi gigantesca, mas a poupança
para o investimento manteve-se no seu mesmo patamar. Logo, o crescimento para o estado
estacionário mostra-se rápido e, na visão de alguns, milagroso.

Como a Poupança Afeta o Crescimento


Em uma economia, quando a taxa de poupança se eleva, o investimento excede a
depreciação e o estoque de capital passa a aumentar gradativamente até que a economia
alcance o novo estado estacionário. Assim, o modelo de Solow traz discussões relacionadas a
políticas fiscais - o déficit orçamentário do governo reduz a poupança nacional, reduzindo o
investimento. É por isso que os economistas criticam os déficits orçamentários
persistentes.
Assim, de acordo com este modelo, os países são mais ricos ou mais pobres de acordo
com a fração da renda destinada à poupança e ao investimento, visto que isto definirá a
quantidade do estoque de capital, o respectivo nível no estado estacionário e o nível de renda
da população.

O Nível de Capital da Regra de Ouro


Qual é o montante ideal de acumulação de capital do ponto de vista do bem-estar
econômico, visto que de nada adianta poupar toda a renda se nenhuma parte jamais for
consumida. Assim, uma vez que os indivíduos estão preocupados somente com a quantidade
de bens e serviços que podem consumir, um formulador de políticas econômicas optaria pelo
estado estacionário com o mais elevado nível de consumo, sendo o valor de k neste estado de
maximização de consumo conhecido como nível de capital da Regra de Ouro, representado
por meio de k* ouro.
Para determinar se uma economia está no nível da Regra de Ouro, é preciso encontrar
o consumo por trabalhador, no estado estacionário. Assim:
y=c+i
c=y-i
Substituindo a produção para a produção no estado estacionário [f(k*)] e, uma vez que
o estoque de capital não varia no estado estacionário, o investimento é igual a depreciação,
logo pode-se entender que:
c* = f(k*) - δk*
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